Você está na página 1de 17

Direito do Consumidor

Carmen Caroline
Aula 7 – Das práticas Comerciais

Práticas são costumes, e nada mais importante no campo do comércio além dos costumes. Se há
um direito que respeita muito os costumes é o direito comercial, por isso se fala em práticas
comerciais. São costumes que há décadas vem se repetindo e que muitas vezes eram em
detrimento do consumidor.

Art. 29 CDC - Importância deste dispositivo: ele abre o capítulo V, que trata das práticas
comerciais. Esse artigo é um daqueles 2 que ampliam extraordinariamente o campo de incidência
do CDC. Ele fala que para efeito de proteção contra essas práticas comerciais abusivas, qualquer
pessoa (natural ou jurídica) equipara-se a consumidor. Isso significa dizer que até o comerciante
que adquire o produto/serviço para revendê-lo, que não seria portanto o destinatário final, até
este pode invocar o CDC se estiver sujeito a uma dessas práticas abusivas.
A oferta vincula: A importância da fase pré-contratual

Art. 30 CDC: Explica que toda informação ou publicidade constante da


oferta desde que suficientemente clara obriga o ofertante. E mais
importante, tudo que se contiver na oferta ou publicidade considerar-se-á
implícito no contrato que vier a ser firmado. Portanto não é necessário que
se reproduza no contrato de consumo todos os itens da oferta, porque eles
se considerarão ali implícitos. Por isso é sempre conveniente ao
consumidor guardar o instrumento da oferta ou publicidade, para poder
depois reclamar o seu integral cumprimento.
Art. 31 CDC: Estabelece que essa oferta deve ser clara, concisa, com todas
as informações técnicas, inclusive quanto aos riscos do produto para que o
consumidor tenha como decidir se lhe convém ou não aceitar a oferta.
Responsabilidade por atos dos prepostos

Art. 34 CDC: O ofertante responde pelos atos


do seu preposto, ou do seu representante
autônomo. O art. 34 estabelece a
responsabilidade solidária do fornecedor pelos
atos do seus prepostos, e até mesmo de seus
representantes autônomos. Vai se
fortalecendo cada vez mais a oferta.
Dolus Bonus x Dolus Malus: No CDC não pode!

Art. 35 CDC: permite ao consumidor compelir o fornecedor a


cumprir a oferta, celebrar o contrato, podendo inclusive usar
os meios conducentes, a execução forçada da obrigação de
contratar.
O CDC percebeu que na sociedade massificada de consumo
que vivemos, a publicidade tem papel importantíssimo, não
há como se chegar rapidamente a milhões de consumidores
em potencial senão através de maciça campanha publicitária.
Então esses produtos/serviços são em grande parte
oferecidos a eventuais consumidores através da publicidade.
Publicidade Enganosa x Abusiva

Art. 37 § 1º: É enganosa a publicidade que seja capaz mesmo por


omissão de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza,
características, qualidade, quantidade, propriedade, origem,
preço. O princípio da boa-fé exige que essa publicidade seja
verdadeira, real.
§ 2º: Também proíbe a publicidade abusiva, que já é outra
modalidade, pois abusiva é a que explora superstição, o medo, a
discriminação racial, religiosa, ou coloca em risco a saúde ou
segurança do consumidor.
Obs: Resol. 163/ 2014 CONAMA.
Facilitação da defesa do consumidor

Art. 38 CDC: Quando falamos sobre os direitos básicos do


consumidor, um deles é a facilitação da sua defesa. O consumidor
tem direito de ter a sua defesa facilitada, e quando fala defesa,
não é no sentido técnico de resistência à pretensão, não é a
defesa quando o consumidor é réu na ação, defesa aí está no
sentido amplo, a defesa do consumidor é inclusive quando ele é
autor da ação, é a defesa dos seus direitos, e não a defesa contra
uma pretensão deduzida em face do consumidor.
Assalto em ônibusFORTUITO INTERNO x EXTERNO
Assalto em ônibus

FORTUITO INTERNO x EXTERNO


Das práticas abusivas:

art. 39 CDC: elenca nos incisos as práticas


abusivas, eles são auto-explicativos.
- venda casada;
- limitar quantidades sem justa causa;
etc.
Exemplos de práticas abusivas:

• Cobrança de consumação mínima:


art. 39, I, CDC
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas
abusivas:
I - condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro
produto ou serviço, bem como, sem justa causa, a limites quantitativos;

• Cobrança de taxa de serviço: facultativo pagar de 10% a 30%

Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas


abusivas:
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
Exemplos de práticas abusivas:

Taxa pela perda da comanda ou ticket de estacionamento:


art. 39, V, CDC C/C art. 71 CDC
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas:
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
Art. 71. Utilizar, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação,
constrangimento físico ou moral, afirmações falsas incorretas ou
enganosas ou de qualquer outro procedimento que exponha o
consumidor, injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu
trabalho, descanso ou lazer:
Exemplos de Práticas Abusivas:

Cobrança de taxa de desperdício : art. art. 39, V, CDC C/C


art. 71 CDC
Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas:
V - exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva;
Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços
que:
IV - estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;
Exemplos de Práticas Abusivas:

Proibição de dividir o prato: art. 39, II e IX CDC


Art. 39. É vedado ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre
outras práticas abusivas:
II - recusar atendimento às demandas dos consumidores, na
exata medida de suas disponibilidades de estoque, e, ainda, de
conformidade com os usos e costumes;
IX - recusar a venda de bens ou a prestação de serviços,
diretamente a quem se disponha a adquiri-los mediante pronto
pagamento, ressalvados os casos de intermediação regulados
em leis especiais;
Exemplos de Práticas Abusivas:

Obrigatório pagar o ‘couvert’?


Art. 6º São direitos básicos do consumidor:
III - a informação adequada e clara sobre os
diferentes produtos e serviços, com especificação
correta de quantidade, características, composição,
qualidade, tributos incidentes e preço, bem como
sobre os riscos que apresentem;
Orçamento

Art. 40 CDC: Era uma prática abusiva conhecidíssima a elaboração de


orçamentos irreais, para conquistar o consumidor.
ex.: você faz orçamento com 4 empresas sobre uma obra na sua casa, e
uma delas reduziria o preço propositadamente para conquistar o cliente.
Iniciado o serviço, seria paralisado no meio sob a alegação de que não mais
seria possível manter o preço por causa do aumento dos custos, etc., e já
que estava tudo pela metade o consumidor acaba aceitando, e o preço
acabava mais alto do que todos os outros.
Só que agora não, pois o orçamento vincula o seu autor, e o risco pelo
prejuízo pelo mau dimensionamento do custo recai sobre os ombros do
fornecedor, que antigamente recaia sobre os ombros do consumidor.
Cobrança de Dívidas:

Art. 42 CDC: Era muito freqüente que o fornecedor diante do


inadimplemento do consumidor quanto ao preço do produto ou do
serviço procedesse à cobrança de maneira violenta, constrangedora,
submetendo o consumidor inadimplente ao ridículo.
O próprio CDC não veda os bancos de dados, só que o CDC criou
também um cadastro de fornecedores inadimplentes que não
merecem confiança, e esta deve ser divulgada de tempos em tempos
dos que tiverem mais reclamações. (arts. 43 à 44 CDC).
Bibliografia

CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Direito do Consumidor. 3


ed. São Paulo: Atlas, 2011.

MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor. 6 ed. ver.


atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2016.

Você também pode gostar