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FUNDAMENTOS PSICANALÍTICOS COM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES

Thalles Azevedo Ladeira – Módulo XV

O objetivo desse trabalho é desenvolver um resumo a respeito do capítulo 39 do livro


Fundamentos Psicanalíticos – Teoria, técnica e clínica, de David Zimerman. O capítulo
introduz salientando a importância de Anna Freud e Melanie Klein para os estudos da
psicanálise com crianças e adolescentes. Em seguida, o autor traz logo à tona a questão se a
psicanálise com o referido público existe de fato, e a resposta trazida pelo autor logo nesse
primeiro momento é sim. Ainda mais considerando os dias atuais, e como a psique humana
está cada vez mais cedo precisando se submeter a intervenções psicanalíticas para lidar com
traumas, síndromes e uma série de atravessamentos plurais, característicos dos tempos
contemporâneos.
O autor aponta o preconceito que é produzido até os dias atuais (mas que advém desde
o início do desenvolvimento da psicanálise) em relação aos estudos que visam promover a
interface entre a psicanálise clínica com o público de crianças e adolescentes. Quem sofreu em
demasiado com tais críticas em sua época foi Melanie Klein, umas das pioneiras a apontar a
importância de se estabelecer análises psicanalíticas com crianças pequenas. Em sua época,
Klein foi julgada e considerada uma pensadora não-Freudiana. Mas seu brilhantismo e potência
não foram abalados e mesmo não sendo bem compreendida por muitos, ela veio a se tornar
uma das figuras mais importantes dentro dos estudos da psicanálise.
Umas das grandes contribuições de Klein, e que provam a sua genialidade, é o
pioneirismo no uso de brinquedos dentro do setting psicanalítico para trabalhar com o público
infantil, por considerar que as crianças expressavam suas fantasias, seus desejos e experiências
de um modo simbólico por meio de brinquedos e jogos.
Desse modo, Klein passou a ressaltar os múltiplos significados que os brinquedos
podem produzir nas crianças e nas formas plurais com que o inconsciente pode se manifestar a
partir da inter-relação dessa criança com o uso de jogos e brinquedos.
Uma das primeiras grandes conclusões a que chegou à pensadora em questão, foi a de
que o brinquedo tem proximidade com o sonho, que também é uma das principais formas do
inconsciente se manifestar. De modo geral, se hoje nós temos a clareza de que o brincar
implica uma expressão legítima das fantasias e desejos das crianças, é graças ao pioneirismo
protagonizado por Klein.
Outro grande pensador da psicanálise que trouxe uma contribuição foi Winnicott, que
trouxe uma dimensão do brincar como uma coisa em si. Com isto, ele propunha que o brincar
precisava ser estudado como um tema em si mesmo.
Ainda sobre Winnicott, particularmente achei muito interessante o conceito apresentado
de corpo imaginário, no qual ele apontava que muito antes de um filho ser concebido, a mãe já
o concebia em sua subjetividade. Com isso, ele traz à tona a ideia de que o primeiro espelho
onde vai se olhar o bebê é a mãe. Portanto, a mãe vai dizer muito a respeito da própria criança
em si.
A esse respeito, o autor apresenta a seguinte citação:

O bebê, como todos sabem, não se separa completamente da mãe com o nascimento.
Não seria exagero dizer-se que continua fazendo parte do corpo materno mesmo não
estando mais no seu interior. Com isso, inicialmente, o corpo da mãe não é um outro
corpo, mas, sim, o seu próprio corpo. (ZIMERMAN, 2007, P. 427).

Achei interessante também o fato de o autor ter discorrido um pouco a respeito de


crianças autistas, e mais especificamente o modo como o seu funcionamento é diferente das
demais crianças, a exemplo do impacto que causa para eles qualquer modificação, por mais
pequena que seja, e que a simples modificação de algo, “implica, já, em uma condição de se
aceitar a passagem do tempo, que algo era assim, que agora não é mais” (ZIMERMAN, 2007,
p. 429). A esse respeito, o autor deu o nome de circularidade temporal.
Uma outra grande contribuição do autor nesse capítulo e que vale a pena ser destacado
é a respeito da fragilidade paterna em relação as suas crianças. A esse respeito, podemos
apresentar a seguinte citação:

No início, por me aperceber da fragilidade deles, de suas intensas culpas e


recriminações, depois, por percebê-los como meus melhores aliados. É comum, quase
voz corrente, ouvir-se das dificuldades que os pais opõem aos tratamentos, suas
resistências às melhoras dos filhos, sua rivalidade e ciúme com quem ousa tomar seu
lugar, suas retrações e obstáculos conduzindo a impasses incontornáveis etc.
(ZIMERMAN, 2007, p. 434).

No que se refere a citação acima, de modo geral, o autor buscou refletir sobre como a
figura paterna interfere no desenvolvimento da criança, em seus aspetos psíquicos, emocionais,
de aprendizagens etc.
Em suma, a leitura foi extremamente importante por trazer de modo muito reflexivo e
crítico aspectos do desenvolvimento da criança e do adolescente que se relacionam com as
bases psicanalíticas. Não é à toa que foi apresentado pensadores importantes da psicanálise,
justamente para justificar a ideia de que os fundamentos psicanalíticos também estão a serviço
para pensarmos a infância (considerado para a psicanálise a fase mais importante da vida do ser
humano) e a adolescência de modo amplo e sistemático.

Referência bibliográfica:

ZIMERMAN, D. E. Fundamentos psicanalíticos: Teoria, técnica e clínica. Editora Artemed.


Porto Alegre. 2007.

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