Você está na página 1de 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Pesquisa sobre um ato unilateral transnacional apresentada na disciplina de Direito


Internacional Público em 01 de setembro de 2022
Docente: Jahyr-Philippe Bichara
Discente: Tatiane Emanuele Brito de Oliveira Rodrigues (20200063287)
Atos unilaterais transnacionais e a Lei 11.638/07
A crescente aceleração da integração econômica, social e cultural gerou uma
necessidade de regular o fluxo de capitais, mercadorias, pessoas e informações. Isso
resultou em uma intensificação da procura por uniformização global e confiança. A partir
daí, de forma evolutiva e inevitável, surgem normas de alcance global elaboradas por
sujeitos privados, transnacionais, no âmbito internacional que são chamados de atos
unilaterais transnacionais.
Em se tratando de atos unilaterais, são aqueles praticados por apenas uma parte e
geram efeitos jurídicos. Carreau e Bichara (2016) declaram que as entidades
transnacionais também geram normas globais e, dessa forma, constituem fontes
contemporâneas do direito internacional e do direito interno. Elas possuem quatro
características principais: é fundamental o respeito pelas regras que já existem no direito
internacional; só se aplica a determinadas pessoas a serem observadas na norma; é um
direito que pertence à grupos profissionais; e é coercitivo. Ainda, é possível destacar o
fenômeno da padronização internacional conhecido como standard e sua consequente
influência no direito interno levando a uma fusão ou absorção da norma internacional
para o cenário nacional.
Para conseguir visualizar essa aplicação dos atos unilaterais transnacionais no
âmbito interno pode-se observar a mudança na legislação contábil brasileira com
alterações da Lei nº 6.404, de 1976, a partir da entrada em vigor da Lei nº 11.638, de
2007, em 2010. Isso se deu para adequação das normas brasileiras de contabilidade ao
cenário mundial com a adoção de normas transnacionais do International Financial
Reporting Standards (IFRS). O IFRS, em seu sítio eletrônico, se intitula como “uma
organização de interesse público sem fins lucrativos criada para desenvolver padrões de
divulgação de contabilidade e sustentabilidade de alta qualidade, exequíveis e
globalmente aceitos [...] e para promover e facilitar a adoção de padrões”. Dessa forma,
pode-se afirmar que se trata de uma entidade transnacional geradora de padrões aceitos
em todo o mundo por meio de atos que são incorporados no direito local.
Especificamente para este caso, entende-se que ocorreu uma mudança sobre quais
demonstrações contábeis deveriam ser emitidas por determinados grupos empresariais
incluindo empresas de grande porte, além da extinção de alguns grupos de contas e o
acréscimo de outros grupos. Tudo isso com o objetivo de facilitar tanto a análise do
investidor estrangeiro que precisa avaliar indicadores no mercado global para saber o
melhor lugar para investimento, quanto empresas nacionais que pretendem expandir suas
fronteiras ou empresas estrangeiras que pretendem adentrar no mercado local.
Depreende-se, portanto, que os atos unilaterais transnacionais possuem tamanha
influência no mercado internacional que geram uma pressão mundial para a inserção no
ordenamento jurídico local mostrando sua aplicação em caráter de primazia.

Referências Bibliográficas
BRASIL, Lei 11638, de 28 de Dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no
6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei no 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende
às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de
demonstrações financeiras. de Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso
em: 01 de set. de 2022.
BRASIL, Lei 6404, de 15 de Dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações.
Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, 17 DEZ. 1976. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L6404consol.htm>. Acesso em: 01 de set.
de 2022.
CARREAU, Dominique; BICHARA, Jahyr-Philippe. Direito Internacional – 2. Ed. – Rio
de Janeiro: Lumen Juris, 2016. Pág. 335 a 349.
IFRS. Disponível em: <https://www.ifrs.org/about-us/who-we-are/>. Acesso em: 01 de
set. de 2022.

Você também pode gostar