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UNIVERSIDADE DE CABO VERDE

FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS, HUMANAS E ARTES

Filosofia, Política e Relações internacionais

Filosofia da linguagem e comunicação

Docente: José Sanches


Discente: Victor dos Reis

2023
Índice

Conteúdo
Índice.............................................................................................................................2
Introdução........................................................................................................................3
Descrições definidas.........................................................................................................4
Nomes próprios: A teoria descritiva..............................................................................5
Nomes próprios: referencia direta e a teoria descritiva...............................................6
Teoria do significado.......................................................................................................7
Teorias tradicionais do significado................................................................................8
Teorias de uso..................................................................................................................9
Teorias psicológicas: o programa de Grice...................................................................9
Verificacionismo............................................................................................................10
Teorias verdadeiro-condicionais: o programa de Davidson......................................10
Conclusão.......................................................................................................................13
Referência bibliográfica................................................................................................14

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Introdução
O livro " Filosofia da linguagem: uma introdução contemporânea " é escrito por
William Lycan, um filósofo americano conhecido por sua contribuição na área da
filosofia da mente, lógica e linguagem. Ele é professor emérito da Universidade da
Carolina do Norte em Chapel Hill, e o livro foi publicado pela Routledge. Este livro
fornece uma introdução abrangente às principais questões e teorias na filosofia da
linguagem, incluindo a representação de significado, a natureza da referência, a
estrutura da sentença, a relação entre mente e linguagem, e a relação entre linguagem e
realidade. Ele também discute aplicações da filosofia da linguagem para outras áreas,
como filosofia da mente, lógica e epistemologia.
Lycan é conhecido por sua teoria da "comunicação-condicional" e "condições de
adequação da verdade" e ele argumenta que a comunicação é possível quando as
condições de adequação são atendidas, e essas condições variam dependendo do
contexto da comunicação. Ele contribuiu de forma significativa para a compreensão da
filosofia da linguagem como um campo interdisciplinar.
A filosofia da linguagem é uma área da filosofia que se concentra na natureza da
linguagem, do significado e da comunicação. Ele tem sido um campo importante de
estudo desde a antiguidade, mas se tornou especialmente relevante na filosofia
contemporânea, com desenvolvimentos teóricos e técnicos na lógica, filosofia da mente,
e ciências cognitivas. O livro de Lycan fornece uma introdução atualizada e acessível
para estudantes e profissionais interessados em filosofia da linguagem, e se encaixa bem
no contexto histórico e teórico da área.
Além disso, é importante mencionar que William Lycan tem uma formação acadêmica
diversificada, ele é graduado em Filosofia, psicologia e matemática e tem doutorado em
filosofia pela Universidade de Massachusetts em Amherst. Ele é reconhecido por sua
contribuição em áreas como representação de significado, mente e linguagem e
epistemologia. Ele tem publicado vários livros e artigos sobre esses assuntos e sua obra
"Philosophy of Language" é considerada como um ponto de referência importante na
área.
Neste trabalho tenciono fazer uma resenha da obra de forma mais simples e sucinta
possível.

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Descrições definidas
Para Lycan a teoria atual de definições descritivas propõe que o significado de uma
palavra ou expressão é composto por significados genéricos e não por um significado
específico. A verdade de uma sentença é determinada pela verdade de suas palavras
individuais. No entanto, essa abordagem gera controvérsias, como a questão da verdade
independente da realidade e a importância do contexto na determinação do significado.
A crítica de Lycan à teoria Russell-Fregeana argumenta que ela simplifica demais o
processo de significação e sugere o uso de um referencialismo contextual para abordar
essa questão. As definições descritivas são especialmente relevantes para termos
singulares, como nomes próprios e pronomes, pois não podem ser consideradas
verdadeiras por convenção.
Gotllob Frege (1848- 1925) e Bertrand Russell (1872-1970), como afirma Lycan,
formularam quatro problemas sobre termos singulares.
O problema da referência aparente a não-existentes propõe uma definição descritiva
simples como “uma coisa é algo”. É inconsistente ou logicamente contraditório afirmar
simultaneamente que a sentença “é significante” e que “é uma sentença sujeito-
predicado” e que ”uma sentença sujeito-predicado é significante (somente) em virtude
de seu apego a uma coisa individual e de atribuir alguma propriedade à coisa” e que, da
sentença, “o termo subjetivo falha em se apegar ou denotar alguma coisa que existe” e
que se a sentença “é significante somente em virtude se apegar a uma coisa e atribuir
propriedade a essa coisa” e se, da sentença, “o termo subjetivo falhar a se apegar a algo
que existe”, então a sentença “não é significante” ou “se apega a uma coisa que não
existe”: mas “não há nenhuma coisa como uma coisa não-existente”.
O problema dos existenciais negativos propõe uma definição descritiva simples como
“uma coisa inexistente nunca existiu”. A verdade de uma sentença como esta é
problemática porque, para ser verificada, ela precisa se referir a algo que não existe,
sendo, apesar disso, compreensível. Esta sentença de verificação contraditória afirma a
exclusão de um objeto da realidade, declarando que tal objeto, aludido à realidade, não
faz parte da realidade. O problema de Frege sobre identidade propõe uma definição
descritiva simples como “uma coisa é outra coisa”. Dois nomes próprios são
confundidos de forma que um se refere a outro, referindo-se, assim, a si mesmo. Cada
um dos termos da sentença pode ser considerado como peça informativa ou
desnecessária.
O problema da substitutividade propõe uma definição descritiva complexa como
“alguém acredita que outrem foi algo”. Como termos singulares servem para
individualizar uma coisa na sequência de um discurso, é possível que a um sinônimo se
verificaria o mesmo valor de verdade. Porém, é possível que, proposta outra sentença
sinonimada como” alguém acredita que outra pessoa foi algo”, apesar de significar a
mesma coisa, uma afirmação pode ser considerada falsa por alguém que não entende o
significado relacionado.
A teoria das descrições de Russell ousa atribuir significância até mesmo a artigos
definidos como “o” e “a”, como uma definição descritiva simples como “a coisa é
algo”. “A”, nesta conceção, serve como termo definidor de três significados intrínsecos:

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no mínimo uma coisa é algo; no máximo uma coisa é algo; qualquer que seja a coisa,
ela é algo.
Ao utilizar o modelo proposto pelo filósofo-matemático, é possível observar que o
problema da referência aparente a não-existentes pode ser enfrentado quando se aplica a
definição descritiva "uma coisa é algo", pois essa definição pode se tornar falsa devido à
inexistência de "uma coisa". Dessa forma, as três definições genéricas, falseadas, não
podem formar uma sentença específica verdadeira, mesmo que gramaticalmente, fora de
contexto, a sentença, em si, não apresente nenhum elemento que a torne falsa, exceto
segundo uma determinada presunção contextual. Além disso, o problema dos
existenciais negativos também é abordado, pois as definições genéricas primeiramente
afirmam a particularidade de algo que não existe e em seguida negam a existência dessa
particularidade, o que leva Lycan a observar que nesta visão, a presença do termo de
negação serve como um dispositivo categórico de escopo para transformar o significado
das definições genéricas, mesmo quando elas, em si, não textualizam a negação, mas
sim a própria afirmação
O problema de Frege sobre identidade é complicado, pois envolve a ideia de usar
palavras diferentes para se referir a mesma coisa. Isso é compreensível devido a como a
linguagem funciona, mesmo que a realidade seja simples; O problema da
substitutividade" se refere a questão de quando é possível substituir uma palavra por
outra palavra sinônima sem alterar o significado da frase. O filósofo Lycan argumenta
que, mesmo que duas palavras sejam sinônimas, alguém pode não entender o
significado de uma delas e negar o significado dela, enquanto afirma o significado da
outra. Ele usa isso como exemplo para mostrar que as definições não estão
necessariamente ligadas à realidade, mas ainda fazem referência a algo individual.
A teoria de Russell sobre o significado das palavras é contestada por Strawson, que
acredita que o significado de uma frase depende do contexto em que ela é usada e não
apenas do significado das palavras isoladamente. Além disso, outros filósofos, como
Donnellan e Evans, também discutem problemas relacionados ao significado das
palavras e frases, como o uso de termos anafóricos que podem mudar o significado de
uma frase.

Nomes próprios: A teoria descritiva


Os nomes próprios são diferentes de palavras comuns, eles são considerados simples e
não compostos. No entanto, a análise dos problemas relacionados aos nomes próprios
gera várias interpretações. Frege tentou resolver esses problemas sugerindo que os
nomes próprios não apenas se referem a algo, mas também têm um significado ou
sentido. De acordo com ele, um nome não se refere a algo, mas sim expressa um sentido
que é o exemplo específico de um sujeito e um atributo. Russell discordou dessa
perspetiva, argumentando que os nomes próprios são simplesmente descrições
abreviadas, e que a solução para esses problemas é simplesmente usar a descrição
completa em vez do nome próprio. Ele afirma que uma frase que contém um nome
próprio envolve automaticamente três partes e juntas formam uma frase específica. Ele
argumenta que, naturalmente, quando mencionamos um nome de alguém desconhecido,

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começamos um processo de esclarecimento que inclui descrevendo quem é essa pessoa.
John Searle tentou expandir a teoria de Russell testando se os nomes próprios são
equivalentes as descrições. Sua perspetiva mostrou a dificuldade de definir descrições
apropriadas para um nome e a possibilidade de confusão na comunicação entre duas
pessoas que tenham descrições diferentes para o mesmo nome, impedindo a
compreensão mútua. Resumindo, Russell argumentou que um nome não se relaciona
com uma única definição exata, mas com várias descrições vagas. Saul Kripke tentou,
no entanto, criticar esses dois modelos. Ele observou que, na verdade, uma pessoa
referenciada por descrições genéricas pode nunca ter praticado as ações e situações
associadas ao seu nome e ainda assim ser referenciada por ele. Ele também mostrou que
é possível que a pessoa desminta as características associadas ao seu nome e que
palavras sinônimas produzem frases totalmente desnecessárias. Além disso, ele mostrou
como é comum as pessoas associarem nomes diferentes a descrições diferentes e nomes
diferentes a uma única descrição. Nomes fictícios, segundo o modelo de Russell, nunca
poderiam ser considerados verdadeiros, pois não têm referências reais, apesar de serem
conhecidos na cultura popular.

Nomes próprios: referencia direta e a teoria descritiva


A ideia de nomes próprios está relacionada com a noção de mundos possíveis. Esta
perspetiva sugere que existem verdades que não estão ligadas à realidade conhecida.
Uma frase pode ter sido verdadeira no passado ou pode ser verdadeira no futuro. Cada
uma dessas possibilidades alternativas pode ser potencialmente considerada verdadeira
sem qualquer relação com a realidade atual. Assim, há uma diferença entre um
designador fraco, que muda de mundo para mundo, e um designador forte, que é único
universalmente. Os nomes próprios têm uma certa fixação que os coloca na categoria de
designador forte, normalmente por manter o mesmo significado de referência entre
universos alternativos, sem, contudo, serem equivalentes descritivamente. No entanto,
existem exceções, como quando objetos são mencionados para se referir a uma de suas
características e não a eles mesmos. Kripke oferece uma forma de testar se um
designador é fraco ou forte: se "N pode não ter sido N" pode ser considerado
verdadeiro, o designador é fraco; se "N pode não ter sido N" não pode ser considerado
verdadeiro, o designador é forte. Um nome próprio forte é levado de um mundo
possível para outro, ainda que contenha predicados diferentes. Nesse sentido, os nomes
próprios, embora sejam psicologicamente associados a definições descritivas corretas na
mente de uma pessoa, nunca podem ser equiparados aos referenciais descritivos por
natureza. John Stuart Mill propôs que o nome não contribui para a frase, mas sim se
refere a um indivíduo para introduzi-lo no discurso. Um nome milleano é forte, mas um
nome forte não é necessariamente milleano.
A teoria de Mill é chamada de teoria da referência direta de nomes. Ela afirma que
nomes podem ser trocados sem mudar o significado da frase. Essa teoria é positiva, ao
contrário da noção de que nomes não têm significados além do contexto em que são
usados. Kripke, por outro lado, apresenta uma visão histórica e causal dos nomes,
mostrando como a ideia de um nome está ligada a uma conexão recente entre as
referências nominais. Assim, a ideia de um nome não depende de crenças sobre sua
verdade ou como foi adquirido, mas simplesmente no ato da comunicação que indica o
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nome entre membros de uma comunidade capazes de estabelecer o nome como
referência a descrições da identidade. A conexão histórica e causal coloca o significado
do nome no contexto dos interlocutores capazes de entender o substantivo. Esse
contexto permite identificar informações conhecidas como válidas e invalidar
informações sem ligação coerente com a realidade. Os nomes próprios estão
relacionados com a ideia de mundos possíveis e a teoria da referência direta de nomes.
A teoria de John Stuart Mill diz que nomes se referem diretamente a um indivíduo e são
chamados de "nomes milleanos". Já Kripke propõe uma teoria histórico-causal para os
nomes, onde a ideia de um nome se liga a uma conexão recente na sequência de
referências nominais. Isso significa que o significado de um nome não depende de
crenças ou informações, mas sim do contexto em que é usado. No entanto, essa teoria
também aponta problemas como nomes surgindo para se referir a algo que não existe e
a ambiguidade dos nomes próprios. Hilary Putnam exemplifica isso com a ideia de um
planeta idêntico a Terra, mas com nomes diferentes para as coisas, mostrando como isso
pode causar confusão na comunicação.

Teoria do significado
Fatos significantes são base para a teoria do significado. Ademais, a significância de
objetos físicos, as expressões distintas que se definem por um significado comum, as
sentenças singulares que podem ter significados plurais, etc, são tópicos de extrema
relevância para a avaliação de uma teoria do significado.
O significado está ligado à ideia de individualidade de coisas. Ele não é apenas uma
ideia na mente de alguém, mas algo semelhante a uma ideia abstrata. A lógica e a
linguística permitem formalizar o significado em uma plataforma ainda mais abstrata. A
significância, a univocidade dos sinônimos e a equivocidade dos termos ambíguos, a
abreviatura e a implicação são elementos naturais do conceito. Lycan afirma que é
importante evitar a formalização excessiva do conceito de significado, pois isso pode
desnaturalizar a realidade do significado.
As teorias ideacionais tratam os significados como entidades independentes. De
acordo com John Locke, o significado das expressões linguísticas são ideias presentes
na mente. Nesta perspetiva, a comunicação é realizada através de uma correspondência
entre a expressão e a ideia contida na mente do recetor. No entanto, essas ideias mentais
podem variar no tempo e espaço, levando a problemas como o dos sinônimos (quando
as ideias são diferentes, mas unívocas) e o da ambiguidade (quando as ideias são iguais,
mas equívocas). A defesa ideacional argumenta que a ambiguidade é resolvida pela
univocidade das ideias, ou seja, que elas carregam um único conteúdo, mas em
diferentes formas, alusão à confusão temática da linguagem.
As teorias ideacionais tratam os significados como entidades independentes, como
ideias contidas na mente. No entanto, essa abordagem enfrenta algumas críticas, como a
dificuldade de se definir e compreender a natureza dessas entidades mentais, bem como
o problema de algumas expressões linguísticas não terem uma referência concreta no
mundo real. Além disso, imagens mentais não podem ser confundidas com as próprias
entidades significantes, e a linguagem é um fenômeno público e não está sujeita a

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normas estabelecidas. Por fim, sentenças formais válidas podem ser verdadeiras em si
mesmas, mesmo sem estarem ligadas à realidade
A teoria proposicional é baseada na ideia de que as expressões linguísticas são
entidades autônomas, desvinculadas da realidade e que a lógica da linguagem pode ser
estudada de maneira formal, independente de qualquer subjetividade. Ela afirma que os
termos são entidades autônomas que não precisam estar associados à realidade e que a
ambiguidade é um problema que pode ser resolvido pela lógica. A teoria proposicional é
baseada na introdução de uma sentença proposicional para análise, e o valor de verdade
da sentença não depende do significado dos termos, mas sim de sua validade formal e
verificação de correspondência. O contexto é considerado como um fator importante
para a estipulação do valor da sentença, mas a verdade das sentenças é permanente de
acordo com as regras da teoria. Além disso, os termos isolados em uma proposição não
são considerados como representantes de uma ideia completa, mas como unificadores
de várias ideias. Estas características qualificam a teoria proposicional como uma teoria
da entidade significante.
"A teoria proposicional é criticada por alguns por sua abordagem formalista, que
impede a adequação da teoria à realidade. Alguns argumentam que os resultados obtidos
formalmente nem sempre são significativos para a vida real e que a distância entre o
plano formal e o mundo real é ampliada. Outra crítica é que as proposições expressam
realidades, em vez de serem nomes para coisas, o que as torna eternas e sem ligação
causal com o mundo real. Além disso, alguns afirmam que as proposições não explicam
qualquer realidade e que a teoria proposicional adiciona apenas tecnicidade à
linguagem. Alguns argumentam também que a teoria proposicional se desvia da
natureza da experiência humana e que o alheamento da lógica da linguagem em relação
ao linguajar comum desnaturaliza o sentido da linguagem como instrumento de
comunicação."

Teorias tradicionais do significado


Qualquer teoria do significado deve levar em conta os fatos relevantes: Alguns objetos
físicos têm significado, diferentes expressões podem ter o mesmo significado, uma
única expressão pode ter mais de um significado e que o significado de uma expressão
pode estar contido no de outra. Tendemos a falar de significados como objetos
individuais. Pensa-se que os significados sejam ideias particulares na mente das
pessoas, mas isso foi desmascarado com várias objeções. Os significados devem ser
mais abstratos, os tipos de ideias que podem estar ocorrendo na mente de algum
indivíduo em algum lugar.
Significados e objetos abstratos às vezes são chamados de proposições
“A neve é branca” Frase que significa que a neve é branca. Ao mesmo tempo expressa a
proposição de que “a neve é branca”. Outras frases em outras línguas dizem a mesma
coisa e são, portanto, sinônimos. A proposição é, de fato, outra palavra de significado e,
portanto, a teoria da proposição se ajusta bem aos fatos sobre os significados. Certas
sequências de signos, sons... são apenas sequências de signos ou sons, enquanto outras,
como enunciados inteiros, são dotadas de significado.

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Às vezes é dito que duas expressões diferentes são sinônimos. Às vezes se diz que
determinada expressão é ambígua, ou seja, tem mais de um significado.
Teoria da entidade é a teoria que trata os significados como objetos individuais.
Entidades mentais ou teorias ideais dizem respeito a uma sequência de sinais ou sons
que realmente expressam ou correspondem adequadamente a um estado mental dotado
de conteúdo no qual o falante se encontra. Pode-se dizer que duas expressões são
sinônimas se expressam o mesmo pensamento e uma expressão é ambígua quando pode
expressar mais de um pensamento.

Teorias de uso
Ao contrário da teoria proposicional, o autor realça que Wittgenstein argumentou que
palavras e sentenças não são objetos abstratos, elas dependem do papel que a expressão
desempenha no comportamento social humano. Saber o significado de uma expressão
significa saber usá-la adequadamente em uma conversa. De acordo com Wittgenstein e
Austin, a ideia de Russell de examinar a proposição tratando-a como um objeto de
interesse como tal e tentando entender sua estrutura está errada. Porque as entidades
linguísticas não são objetos abstratos desprovidos de vida. Segundo eles, a linguagem
tem mais a forma de um comportamento, uma atividade, especificamente uma prática
social. Para um indivíduo, pronunciar uma afirmação significa fazer algo e, portanto,
um comportamento que se tornou uma prática social regida por regras.
Wittgenstein e Austin desenvolveram a ideia do comportamento social de maneiras
diferentes:
A visão wittgensteiniana, para lidar com o significado que em si é misterioso, deve-se
partir do lado da receção, da apreensão do significado, da compreensão. Você tem que
olhar para a compreensão enquanto aprende uma língua. O que aprendemos é uma
forma complicada de comportamento social. A prática da linguagem é um conjunto
complexo de regras que muitas vezes não são explícitas; na verdade, as crianças
aprendem fácil e rapidamente sem perceber o que estão fazendo.
Segundo Wittgenstein, a linguagem é algo que é produzido pelas pessoas de uma forma
profundamente convencional e regulada. As expressões linguísticas são como peças de
jogo, peões que são definidos pelas regras do jogo e regem suas posições iniciais e
movimentos subsequentes. Expressões como “valha-me Deus”, “desculpe”, “amém” …
eles têm papéis funcionais socialmente definidos e há ocasiões apropriadas e
inapropriadas para usá-los. Wittgenstein denominou o termo de "jogo de linguagem".

Teorias psicológicas: o programa de Grice


Grice argumenta que uma expressão linguística tem significado apenas porque é uma
expressão, introduz o conceito de "significado do falante" que é equivalente ao que o
falante pretende comunicar ao ouvinte com a emissão de um enunciado em uma ocasião
particular. Mas os falantes nem sempre querem dizer o que seus enunciados significam,

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e é por isso que Grice introduz a distinção entre o significado do falante e o significado
padrão do enunciado.
Enunciados são tipos de sinais e sons que as pessoas produzem ocorrências em
ocasiões particulares para um propósito particular. Quando algo é dito, é feito com o
objetivo de comunicar, algo é expresso com o objetivo de produzir algum efeito para
que algo se siga.
O fundamento real da expressão significativa está no estado de espírito que ela
expressa. Grice pensa que o significado de uma declaração está fundamentado na mente.
A noção de significado de Grice é diferente daquela de enunciados.
“Esta vermelha é muito boa” Um orador segurando uma maçã poderia entender que a
frase se refere a ela. Enquanto outro para um carro próximo. Varia de acordo com o
contexto, Grice chama isso de “o significado de proferir/falar”.
A explicação do significado de um enunciado em termos psicológicos segundo Grice
consiste em duas etapas distintas: Tentativas de reduzir o sentido do enunciado ao
sentido do falante e ideia plausível porque é estranho pensar que os enunciados tenham
um sentido abstrato e tenta reduzir o significado do falante a um complexo de estados
psicológicos foco no tipo de intenção. O significado do falante deve ser explicado em
termos de estados mentais é uma ideia ainda mais plausível.

Verificacionismo
De acordo com a teoria da verificação (décadas de 1930-40), uma afirmação é dotada
de significado apenas se sua veracidade produzir alguma diferença com relação ao curso
da experiência futura. Uma declaração não verificável ou declaração entre aspas não
tem significado. O sentido de um enunciado é dado por sua condição de verificação,
pelo conjunto de experiências possíveis de um sujeito que tenderiam a mostrar que
aquele enunciado é verdadeiro. Ao contrário de outras teorias, a verificacionista teve
muitos efeitos muito bons e ruins na prática da ciência. Isso levou à corrente positivista
que implementou outras disciplinas, como poesia e ciência. Se algo é considerado
significativo, então deve fazer alguma diferença para o pensamento e a ação. Relevante
para experiências futuras.

Teorias verdadeiro-condicionais: o programa de Davidson


Segundo Davidson, substituir a noção de condição de verificação pela de verdade
daria uma melhor teoria do significado. Condição sob a qual a afirmação é realmente
verdadeira ou seria verdadeira, em vez de um estado de coisas que serviria meramente
como evidência em favor da veracidade da afirmação. Davidson propõe a tese da
composicionalidade para explicar como entendemos sentenças longas e novas:
decompomos sintaticamente sentenças em elementos significativos menores e usamos
as regras de composição (gramática/sintaxe) para combinar palavras que geram os
significados de expressões mais complexas. Além da capacidade de entender sentenças

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novas e longas, também temos a capacidade de determinar o valor de verdade dessas
sentenças se não conhecermos um certo número de fatos.

Condições de verdade: A teoria da proposição toma os significados das sentenças e os


reifica sem conectar o objeto ao comportamento e às práticas linguísticas das pessoas.
Grice tenta deslocar a questão para a filosofia da mente sem grandes resultados,
enquanto os positivistas se saem melhor ao propor um teste para o conteúdo.
Davidson argumentou que podemos obter o que queremos se substituirmos a noção dos
positivistas pela de uma condição de verdade. Saber o significado de uma afirmação
significa conhecer as condições sob as quais essa afirmação seria verdadeira, em vez de
saber como determinar se a afirmação é realmente verdadeira.
- Duas afirmações são sinônimas se ambas forem verdadeiras nas mesmas condições
-Uma afirmação é ambígua se for verdadeira e falsa na mesma circunstância, mas sem
autocontradição.
Russell também propôs uma abordagem condicional verdadeira, dando as condições de
verdade de uma sentença contendo descrições e argumentando que essas são as
condições de verdade corretas.

- Teorias verdadeiras-condicionais: mundos possíveis e semântica intensiva


Os mundos de Kripke fornecem uma noção alternativa de condições de verdade.
Condições de verdade reformuladas: Um mundo possível é um universo alternativo
onde as coisas são diferentes das nossas. E, portanto, a verdade de uma determinada
afirmação depende de qual mundo se considera. A afirmação é verdadeira em algumas
circunstâncias possíveis e não em outras, é verdade em alguns mundos e não em outros.
Lógica intensional, um termo singular tem uma extensão e um sentido ou intensão
fregeano (uma afirmação dotada de significado é tal em virtude do fato de identificar
um objeto particular e atribuir-lhe alguma propriedade). Construir a intenção de um
termo como uma função de mundos possíveis. A intenção de “gordo” revê cada mundo
e em cada mundo identifica a classe dos gordos. Mas identifique todos os indivíduos
que seriam gordos em outras circunstâncias possíveis. (hipotético)
A teoria de Frege sobre entidades abstratas, chamadas de "sentidos", é diferente da
teoria de Russell. Ele argumentou que um termo singular tem tanto um referente quanto
um sentido. Ele também defendeu a composicionalidade em sua teoria, que é uma
versão da teoria da proposição. No entanto, Carnap, Montague e Hintikka
desenvolveram a lógica intensional, dando uma explicação dos sentidos fregeanos em
termos de mundos possíveis. Um termo singular ou um predicado tem tanto uma
extensão quanto uma intensão, onde extensão é a classe de objetos aos quais o termo se
aplica e a intensão é uma função de mundos possíveis para extensões. A intenção de um
predicado é uma função de mundos para conjuntos de coisas existentes nesses mundos
que estão nas extensões do predicado nesses mundos. Por exemplo, "gordo" significa
não apenas indivíduos realmente gordos, mas também aqueles que seriam gordos em

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outras circunstâncias. As "intensões individuais" ou as intenções de termos singulares
são funções de mundos para indivíduos que habitam esses mundos. Por exemplo, a
intenção de "O atual presidente dos EUA" varia de mundo para mundo e escolhe quem
é o presidente dos EUA nesse mundo. Essas funções se combinam para criar as
intensões de frases inteiras. De acordo com essa interpretação, uma proposição é um
conjunto de mundos e um "conceito" abstrato é uma função de mundos para extensões.
Lewis sugere que, para compreender o que é um significado, precisamos primeiro saber
o que ele faz. Um significado de uma frase é algo que determina as condições sob as
quais a frase é verdadeira ou falsa, determinando, assim, o valor de verdade da
afirmação em diferentes estados de coisas possíveis.

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Conclusão

Em conclusão, o livro "Filosofia da linguagem: uma introdução contemporânea" de


William Lycan é uma obra importante na área de filosofia da linguagem que oferece
uma abordagem original e única para a compreensão da linguagem. As teorias fornecem
uma nova forma de pensar sobre como a linguagem funciona e como é usada para
comunicar e transmitir informações. As teorias de Lycan fornecem uma nova perspetiva
para a compreensão da filosofia da linguagem e como ela se relaciona com outras áreas,
como filosofia da mente, lógica e epistemologia.
É importante mencionar que o livro é complexo e requer um esforço para compreender
completamente as teorias e os argumentos propostos. Ele pode ser desafiador para
aqueles que não têm uma formação sólida em filosofia da linguagem ou lógica.
Em resumo, as teorias de Lycan são contribuições valiosas para a área de filosofia da
linguagem e oferecem uma nova perspetiva para a compreensão da linguagem e como
ela é usada para comunicar e transmitir informações. O livro é uma boa fonte para
aqueles interessados em se aprofundar na filosofia da linguagem, mesmo que sua leitura
possa ser desafiadora.

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Referência bibliográfica

Lycan, William G. Filosofia da Linguagem: Uma Introdução Contemporânea. 3ª ed.


tradução de Desiderio Murcho. Edições 70, 2019. Lisboa.

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