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Escola Superior de Gestão e Tecnologia - IPSantarém

Contabilidade de Gestão

Licenciatura em Negócios Internacionais

2º Ano – 1º Semestre

Ano letivo 2022-2023

José Luís Martins

Contabilidade de Gestão

2 Conceitos fundamentais e tratamento de


informação contabilística
2.1. Noção de Gasto, Despesa, Pagamento, Rendimento, Receita e Recebimento;
2.2. Componentes do custo industrial;
2.3. Hierarquia dos custos: custo industrial, custo complexivo e custo económico-técnico;
2.4. Classificação dos custos e dos gastos;
2.5. Custos dos produtos e gastos dos períodos;
2.6. Exercícios de aplicação.
Gasto, Despesa, Pagamento, Rendimento, Receita e
Recebimento

Na aquisição de bens e serviços, nasce a obrigação de efetuar o pagamento correspondente, ou


seja, uma saída presente ou futura de meios líquidos da entidade… A essa aquisição e respetiva
obrigação financeira designa-se DESPESA.
Na venda de bens e prestações serviços, nasce o direito de receber o valor correspondente, ou
seja, uma entrada presente ou futura de meios líquidos para a entidade… A essa venda e
respetivo direito financeiro designa-se RECEITA.

Fornecedor Cliente

Despesa Receita
EMPRESA

Gasto, Despesa, Pagamento, Rendimento, Receita e


Recebimento

Para que os bens e serviços sejam postos à disposição dos clientes, procede-se a um conjunto de
transformações dos meios adquiridos pela empresa geram-se novos fluxos:

Consumos ou utilizações dos meios ou recursos na produção, nas vendas e nas prestações de
serviços;

Obtenção de produtos (bens ou serviços aptos a serem vendidos ou utilizados pelos clientes),
vendas e prestações de serviços.

Gastos Rendimentos
EMPRESA
Gasto, Despesa, Pagamento, Rendimento, Receita e
Recebimento

Para se assegurarem os fluxos reais externos de entrada dos fornecedores (despesas) e de saídas
para os clientes (receitas) torna-se necessário proceder à correspondente contraprestação
pecuniária – Fluxos monetários.

Cliente Fornecedor

Recebimento
Pagamento
EMPRESA

Gasto, Despesa, Pagamento, Rendimento, Receita e


Recebimento

Receita / Despesa • Ótica financeira

Gasto / Rendimento • Ótica económica

Recebimento / Pagamento • Ótica monetária (de caixa)

Resultado na Ótica Económica: Rendimento - Gastos


Ø Se Rendimentos > Gastos => Lucro
Ø Se Rendimentos < Gastos => Prejuízo
Gasto, Despesa, Pagamento, Rendimento, Receita e
Recebimento

GASTO: Utilização, consumo dos bens ou serviços na expectativa de virmos a ter um rendimento (há que
distinguir entre gastos do período, gastos de períodos passados e de períodos futuros – Acréscimo!).
DESPESA: Aquisição de bens e serviços (faturação, aceitação de uma obrigação).
PAGAMENTO: Pagamento da despesa, da aquisição do bem ou serviço (recibo, cumprimento da obrigação).
PERDA: Consumo ou desaparecimento de valor sem a equivalente compensação (sem expectativa de
rendimento). Por exemplo, incêndio, roubo, etc.
RENDIMENTO: Acréscimo no património proveniente da atividade normal, por exemplo, vendas, valor da
produção acabada, trabalhos para a própria empresa, etc.
RECEITA: Venda ou prestação de serviços (nossa faturação, aceitação de um direito).
RECEBIMENTO: Recebimento da venda ou da prestação de serviços (nosso recibo, concretização do direito).
GANHO: Acréscimo extraordinário do património da empresa, não proveniente da atividade normal (subsídio
extraordinário, diferenças cambiais extraordinárias, etc.).

Gasto, Despesa, Pagamento, Rendimento, Receita e


Recebimento

Exemplo:
A Sociedade Q01, Lda. iniciou a sua atividade em maio do Ano N. Em 31 de dezembro do Ano N, encontrava-
se por considerar os seguintes elementos:
Relativamente aos elementos referidos, qual o montante de gastos, despesas e pagamentos que a empresa
deverá considerar relativos ao Ano N?
Compra de Mercadorias (50% a pronto e 50% a crédito) € 15.000
Depreciações € 11.000
Gastos com o pessoal (pagos por transfª bancária) € 5.000
Renda do escritório referente ao mês de Janeiro de N+1 (pagos em Dez/N) € 500
Seguro de incêndio relativo ao período 01/07/N a 30/06/N+1 (pago em Dez/N) € 1.200

a) Gastos de € 24.100; Despesas de € 21.700; Pagamentos de € 25.200.


b) Gastos de € 16.600; Despesas de € 21.700; Pagamentos de € 14.200.
c) Gastos de € 17.200; Despesas de € 29.200; Pagamentos de € 14.200.
d) Gastos de € 16.000; Despesas de € 14.200; Pagamentos de € 25.200.
e) Nenhuma das anteriores.
Custos (Classificação)

Custos Industriais vs Custos Não Industriais

Custos Diretos vs Custos Indiretos

Custos Reais vs Custos Teóricos

Custos Controláveis vs Custos Não Controláveis

Custos Relevantes vs Custos Não Relevantes

Custos (Industriais e Não Industriais)

Custos Industriais Custos Não Industriais

Divisão Clássica: Divisão Clássica:


q Matérias-Primas q Custos Administrativos
q Mão-de-obra Direta q Custos Financeiros
q Gastos Gerais de Fabrico: q Custos Comerciais ou de Distribuição
o Matérias Indiretas q Custos Extraordinários
o Mão-de-obra Indireta
o Outros

Os custos industriais são todos aqueles que estão afetos à função de produção.
Os custos não industriais, são todos os restantes custos, tais como, custos administrativos, custos
de distribuição, custos financeiros e custos extraordinários.
Custos (Diretos e Indiretos)

Custos Diretos e Custos Indiretos

Os custos podem ser agrupados, por exemplo por:


q Contas (classificação por natureza)
q Departamentos, secções, atividades, (…)
q Produtos, encomendas, serviços, (…)

Podemos ter custos diretos ou indiretos aos produtos, custos diretos ou indiretos às
encomendas, custos diretos ou indiretos aos serviços, diretos ou indiretos às secções,
diretos ou indiretos aos departamentos, diretos ou indiretos às atividades, etc.

Custos (Reais e Teóricos)

Custos Reais Custos Teóricos

q Custos históricos; q Determinados “à priori”;

q Determinados “à posteriori”; q Para valorização interna de


produtos e serviços;
q Calculados na contabilidade geral.
q Tipos:
o Custos orçamentados
o Custos padrão ou standard
o Preços de mercado
o Custos históricos (períodos
anteriores)
Custos (Fixos e Variáveis)

Custos Fixos Custos Variáveis

q Muitas vezes conhecidos como q Variam com alterações no volume de


custos de estrutura; produção;

q Não se alteram com alterações no q Podem ser de três tipos:


volume de produção; o Progressivos
o Proporcionais
q Associado à capacidade instalada. o Degressivos

Custos semi-fixos ou semi-variáveis !!!

Custos (Fixos e Variáveis)

Custos Variáveis Progressivos

Custos Variáveis Proporcionais

Custos Variáveis Degressivos

Custos Fixos

Q
Custos (Fixos e Variáveis)

A classificação dos custos em fixos e variáveis é importante, já que:

q Facilita a previsão dos efeitos que as variações da produção têm sobre os custos;
q A existência de custos fixos mais ou menos avultados influencia grandemente a
política de venda das empresas.
q Quanto maior for a importância dos custos fixos, maiores são os inconvenientes
de se fabricarem pequenas quantidades.
q No caso de produções inferiores à capacidade instalada, os custos fixos tornam-
se parcialmente desnecessários.
q É fundamental para a gestão e controlo orçamental.

Comportamento dos Custos Fixos e Variáveis

Em relação á Produção Total Em relação às Unidades


$ $
TOTAL UNITÁRIO
CT

CV

CF CVu
CFu

Q Q

q Os Custos Fixos são Fixos em relação à Produção, mas quanto mais se produzir menor será a sua
influência no custo das unidades produzidas.
q Os Custos Variáveis são Variáveis em relação às quantidades produzidas, mas nas
unidades eles são fixos.
Custos (outras classificações)

Custos controláveis e não controláveis

Há que definir um responsável pelo centro de responsabilidade e definir quais os custos que
controla e sobre os quais pode atuar.

Custos relevantes e não relevantes


Na presença de escolhas alternativas… se existirem custos que não se alteram quer se opte por
uma ou outra alternativa, dizem-se custos irrelevantes.
Os custos relevantes são os que podem ser alterados em função duma decisão.
Por exemplo: Se o responsável se deparar com uma possibilidade de produzir, e ainda não ter
esgotado a capacidade instalada nem tiver alternativa viável, apenas entrará em conta com os
custos variáveis para decidir produzir ou não.

Custos/Resultados (Hierarquia - representação esquemática)


Cts. figurativos

Cts. Não
industriais Custo Outros
Oportunidade Rendimentos Resultado
Resultado Puro
C. Distribuição Líquido
Custo
C. Administ. Resultado
C. Financeiros Custo Bruto
Económico
G.G.F. Complexivo VENDAS
Custo Técnico

M.O.D. Custo
Industrial
Primo
Mat.-primas (Direto)
Consumidas

MP’s
Custo Primo
M.O.D.
Custo Transformação
G.G.F.
Custos do Produto e Gastos do Período

Custo de Produção Inventários

Não consumida
Mat.-Prima Mat.-Prima
Con
sum
ida

Aplicada Produtos não


M.O.D. Fabricação acabados P.V.F.
Ac
os ab
utad ad
os
p
Im
G.G.F. P. Acabada

Custos do Produto e Gastos do Período

Como proceder à valorização dos Produtos Acabados (PA) que se encontram em armazém
no final do período?

De acordo com o SNC (NCRF 18, § 10) “Custo dos inventários: O custo dos inventários
deve incluir todos os custos de compra, custos de conversão e outros custos incorridos
para colocar os inventários no seu local e na sua condição atuais.”

“Os custos de compra de inventários incluem o preço de compra, direitos de importação


e outros impostos (que não sejam os subsequentemente recuperáveis das entidades
fiscais pela entidade) e custos de transporte, manuseamento e outros custos diretamente
atribuíveis à aquisição de bens, de materiais e de serviços. Os descontos comerciais,
abatimentos e outros itens semelhantes devem ser deduzidos na determinação dos
custos de compra”. (NCRF 18, § 11)
Custos do Produto e Gastos do Período

“Os custos de conversão de inventários incluem os custos diretamente relacionados com


as unidades de produção, tais como mão-de-obra direta. Também incluem uma
imputação sistemática de gastos gerais de produção fixos e variáveis que sejam
incorridos ao converter matérias em produtos acabados. Os gastos gerais de produção
fixos são os custos indiretos de produção que permaneçam relativamente constantes
independentemente do volume de produção, tais como a depreciação e manutenção de
edifícios e de equipamento fabris e os custos de gestão e administração da fábrica. Os
gastos gerais de produção variáveis são os custos indiretos de produção que variam
diretamente, ou quase diretamente, com o volume de produção tais como materiais
indiretos”. (NCRF 18, § 12)

Custos do Produto e Gastos do Período

Assim:

1 - Só são gastos do período:


q O custo das unidades efetivamente vendidas no período em causa
q Os custos não industriais
q Os custos industriais não incorporados

2 - Toda a produção do período não vendida nesse período – EFPA - será gasto do(s)
período(s) em que for vendida.

3 - Apenas os custos industriais incorporados são inventariáveis e, como tal, só estes são
considerados na valorização das existências. Por outras palavras, só os custos industriais são
custos do produto. Os custos não industriais não são inventariáveis.

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