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ERICK GIMENES
Crédito: Pexels
A tese firmada pela 2ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) sobre o rol de
procedimentos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), prevê que o rol da
ANS é taxativo, de forma que as operadoras somente são obrigadas a cobrir aquilo que
consta na lista definida pela agência reguladora. Mas os ministros previram a possibilidade
de exceções.
A decisão sobre o rol taxativo prevê que as operadoras não são obrigadas a arcar com os
custos de tratamentos de casos em que, para a cura do paciente, exista outro
procedimento “eficaz, efetivo e seguro” entre os referendados pela agência reguladora.
Mas, segundo a decisão, se não existir terapia substituta no rol da ANS, é possível que
pacientes provoquem o Judiciário para buscar a cobertura do tratamento prescrito pelo
médico ou odontólogo.
O ministro Villas Bôas Cueva afirmou que, apesar do caráter taxativo do rol da ANS, não
caberia exclusão tácita dos procedimentos. Diante disso propôs que as excepcionalidades
seguissem os seguintes critérios:
que não seja um tratamento cuja incorporação ao rol não tenha sido indeferida
expressamente pela ANS
que haja comprovação da eficácia do tratamento à luz da medicina baseada em
evidências
que haja recomendações de órgãos técnicos de renome nacionais (como Conitec e
Natjus) e estrangeiros
e que seja realizado, quando possível, o diálogo interinstitucional do magistrado com
entes ou pessoas com expertise técnica na área da saúde, incluída a Comissão de
Atualização do Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde Suplementar, sem
deslocamento da competência do julgamento do feito para a Justiça Federal, ante a
ilegitimidade passiva ad causam da ANS.
Salomão defendeu que o rol da ANS ser taxativo é fundamental para garantir proteção
inclusive aos beneficiários, que, segundo ele, poderiam ser prejudicados caso os planos
tivessem de arcar indiscriminadamente, com ordens judiciais para a cobertura de
procedimentos fora do rol.
“Importante reforçar que ninguém perderá acesso a procedimentos. A decisão traz mais, e
não menos, segurança e assistência aos beneficiários de planos de saúde”, afirma a nota.
Falcão afirma que, para o Idec, as exceções previstas pelos ministros em seus votos
podem assegurar uma via para questionar negativas de atendimento. Mesmo assim, esse
recurso não é plenamente eficaz. “Sabemos que as operadoras têm por diretriz negar
cobertura. Caso haja necessidade de um atendimento emergencial, consumidor pode
recorrer à Justiça. Mas nem todos conseguem percorrer esse caminho. Na prática, a
decisão traz mais um argumento para que operadoras recusem atendimento, muitas
vezes de forma ilegal”, disse.
O advogado afirmou que, com exceção das operadoras, vários setores da sociedade
lamentaram a decisão sobre o rol da ANS. E adiantou que há movimentação em curso
para tentar reverter a decisão de hoje, tanto no Judiciário quanto no Legislativo.