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FERIDAS: AVALIAÇÃO E TERAPIA TÓPICA

 Disciplina ENC240 – Bloco Pele

Profa Dra Paula Cristina Nogueira


pcnogueira@usp.br
Profa Dra Vera Lúcia Conceição de
Gouveia Santos
veras@usp.br
MAGNITUDE DAS LESÕES DE PELE
Problema no
processo de
atenção à saúde

Evento adverso Transtornos


físicos e
Indicador de emocionais ao
qualidade 1 paciente

Fonte de Transtornos
preocupação familiares
para os serviços
de saúde
mundiais1
Custo para o
sistema de
saúde1

Précoma HF, Caudouro, FLF. Eventos adversos notificados em unidade de terapia intensiva: análise
documental. Anais do EVINCI-UniBrasil, v. 1, n. 4, p. 1527-1539, 2016.
Assistência de enfermagem ao paciente com ferida

 Cada paciente e ferida apresenta aspectos específicos a serem observados no decorrer


da avaliação:
 Qual é a etiologia?
 É classificável?
 Quais fatores presentes podem retardar a cicatrização?
 Qual é a terapia mais adequada?
 Há algum fator de risco corrigível?
 Além disto, é necessário avaliar e monitorar a condição geral do paciente e da ferida
sistematicamente.
 Reavaliar e mensurar a ferida, considerando o local, tipo de tecido, tamanho, presença
de túneis, exsudato, presença/ausência de infecção, bordas da ferida, pele peri-ferida,
dor e adesão ao tratamento e prevenção
Fatores que compromete a função barreira da pele podem levar o individuo a ter danos
teciduais:
o Outros fatores
Insumos de risco:
Umidade adesivos o Idade
o Nutrição
Fricção/ o Hidratação
cisalhamento/
Pressão
Trauma/cirur
gia
Danos prolongada o Sabões
à o Doenças: DM,
DAOC, IVC
pele o Medicamentos

(ZULKOWSKI, 2017; CONSUEGRA; WILMAR; LIZCANO, 2017)


Para avaliação e tratamento de feridas, considerar:

O PACIENTE

A FERIDA
O AMBIENTE

Slide da Enfa Ms Jaqueline Betteloni


Mas o que deve ser avaliado na ferida?
Avaliação da ferida
 Tipo/etiologia
 Localização
 Classificação
 Dimensão (comprimento, largura,
profundidade)
 Aparência/aspecto:
• Tecido: tecido desvitalizado (escara,
esfacelo); tecido de granulação
• Exsudato/odor
• Descolamento
• Fistulas
• Bordas
 Dor
 Fatores de risco modificáveis
Ferida: conceito

 Qualquer ruptura da integridade de um tecido ou


órgão, podendo atingir desde a epiderme, até
estruturas mais profundas como fáscias, músculos e
órgãos cavitários.

Meneghin, 2003
Tipos de feridas - Etiologia

Feridas Crônicas Feridas Agudas


 Lesão por pressão  Cirúrgicas
 Úlcera venosa  Traumáticas - Lesão por fricção
 Úlcera arterial  Dermatite Associada à Incontinência (DAI)
 Úlcera diabética  Lesão de pele relacionada a adesivo
médico
 São aquelas que não são  Resultantes de cirurgias e traumas, cuja
reparadas em tempo adequado e reparação ocorre em sequência e tempo
apresentam complicações. adequado, sem complicação, levando à
restauração da integridade anatômica e
funcional.
FERIDAS AGUDAS
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
LESÃO POR FRICÇÃO – LF: CONCEITO

• Skin Tears – termo em inglês

• Lesão traumática provocada por fricção, cisalhamento ou força bruta que resulta na
separação da camada epidérmica da dérmica (lesão de espessura parcial) ou na separação
de ambas das demais estruturas da pele (lesão de espessura total).

• Ocorrem principalmente nas extremidades e em idoso. (LEBLANC, 2018.)

• Prevalência mundial: 3,3 a 22%

• No Brasil: 3,3%
(STRAZZIERI-PULIDO et al, 2015; CONSUEGRA; WILMAR; LIZCAO, 2017; CHANG; CARVILLE; TAY, 2016; LEBLANC et al, 2018)
LESÃO POR FRICÇÃO – LF: CLASSIFICAÇÃO

Sistemas de Classificação

• 1993: Payne-Martin Classification System for Skin Tears (PAYNE, MARTIN, 1993)

• 2007: STAR - Skin Tear Classification System (CARVILLE et al., 2007)

• 2015: Adaptação cultural e validação do sistema de classificação STAR para o Brasil (STRAZZIERI-
PULIDO, SANTOS, CARVILLE, 2015)

• 2011: International Skin Tear Advisory Panel (ISTAP) (LEBLANC, BARANOSK, 2011)

• 2018: Adaptação cultural e validação do ISTAP no Brasil (SILVA et al., 2018)


LESÃO POR FRICÇÃO – LF: CLASSIFICAÇÃO

• Classificação: Skin Tear Classification System – STAR (2015)

Strazzieri-Pulido, KC. Adaptação cultural e validação do instrumento “STAR Skin Tear Classification System” para a língua portuguesa no Brasil
[tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem, Mestrado em Enfermagem na Saúde do Adulto; 2010.
LESÃO POR FRICÇÃO – LF: CLASSIFICAÇÃO

• Classificação: International Skin Tear Advisory Panel - ISTAP


(2011)

FONTE: Google Imagens

SILVA, C.V.B.; CAMPANILI, T.C.G F.; FREITAS, N.O.; LEBLANC, K.; BARANOSKI, S.; SANTOS, V. L.C.G . ISTAP classification for skin tears: Validation for Brazilian
Portuguese. International Wound Journal v. 1, p. 1-7, 2019.
LESÃO DE PELE ASSOCIADA À UMIDADE: CONCEITO

• “Inflamação e erosão da pele causada por exposição prolongada ou crônica a várias fontes de
umidade, incluindo urina ou fezes, transpiração, exsudato da ferida, efluentes das estomias, muco ou
saliva”.

• Termo em inglês: Moisture Associated Skin Damage (MASD).

• Tipos:

 Dermatite associada à incontinência (DAI),

 Dermatite intertriginosa (DIT),

 Dermatite por umidade periferida e,

 Dermatite periestoma associada à umidade. (GRAY et a, 2011; BEECKMAN et al., 2015)


DERMATITE ASSOCIADA À INCONTINÊNCIA – DAI: CONCEITO

• Inflamação da pele ocasionada pelo contato com urina e fezes. A exposição prolongada da barreira
da pele com umidade (fezes e urina) provoca uma irritação química e física desencadeando
inflamação e, consequentemente, lesões cutâneas.

• Manifesta-se com eritema, com ou sem formação de bolhas, erosão, desnudação (ulcerações) e
com risco de infecções secundárias.

(GRAY et al, 2012; BEECKMAN et al., 2015)

• Prevalência mundial: 7,6 a 46%

• No Brasil: 20,4% - 40,9%; Pacientes incontinentes : 94,1%.


(BRANDÃO, 2017; BARAKAT-JOHNSON et al, 2018; DAMME et al, 2018; CHIANCA et al, 2017)
CLASSIFICAÇÃO - DAI

Ghent Global IAD


Categorisation –
GLOBIAD (2017)

Beeckman D., Van den Bussche K., Alves P., Beele H., Ciprandi G.,
Coyer F., de Groot T., De Meyer D., Dunk A.M., Fourie A., García-
Molina P., Gray M., Iblasi A., Jelnes R., Johansen E., Karadağ A.,
LeBlanc K., Kis Dadara Z., Long M.A., Meaume S., Pokorna A.,
Romanelli M., Ruppert S., Schoonhoven L., Smet S., Smith C.,
Steininger A., Stockmayr M., Van Damme N., Voegeli D., Van
Hecke A., Verhaeghe S., Woo K. and Kottner J. The Ghent Global
IAD Categorisation Tool (GLOBIAD). Skin Integrity Research Group
- Ghent University 2017. Available to download from
www.UCVVGent.be
Incontinência: Consequências

DAI

Fotos cedidas pela Enfa Aline de Oliveira Ramalho


Dermatite Periestoma

Fonte: Hollister
Lesão de Pele Relacionada a Insumos Adesivos: CONCEITO

• “Lesões cutânea que permanecem na pele por um período superior a 30 minutos, decorrentes
de um trauma no tecido após a remoção de um produto com adesivo”.

• Manifesta-se pela presença de eritema e/ou outra manifestação de anormalidade cutânea,


incluindo vesículas, bolhas, erosão e ruptura da pele”.

• Termo em inglês: Medical Adhesive Related Skin Injury (MARSI) – 2013.

• Prevalência internacional: 19,7% (China) e 13% (Estados Unidos)

• Prevalência nacional: desconhecida

• Estudo realizado em SP: 22,7% (28/123 pacientes de UTI cardiológicas).


Lesão de Pele Relacionada a Insumos Adesivos: CLASSIFICAÇÃO

FONTE: www.3m.com.br

(YATES et al, 2017; MCNICHOL et al, 2013)


FERIDAS CRÔNICAS
CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO
ÚLCERAS DE PERNA
ÚLCERA DIABÉTICA (UD); ÚLCERA VENOSA (UV); ÚLCERA ARTERIAL (UA)

• Úlcera crônica de perna é definida como qualquer ferimento abaixo do joelho, incluindo o pé
que não cicatriza em um período menor que seis semanas.

• Representam cerca de 95% da totalidade das úlceras crônicas de pernas.

• Problema de saúde pública

• Impacto econômico e social

• Tempo de cicatrização elevado

(BORGES, CALIRI, 2011)


ÚLCERA DIABÉTICA (UD)

• Ferida crônica do pé de pessoas que apresentam complicação do Diabetes Mellitus.

• Estima-se que uma em cada quatro pessoas com DM pode ter problemas nos pés ao longo da
vida. A polineuropatia diabética (PND), uma complicação que afeta 50% dos pacientes, é o
fator causal mais importante para as úlceras diabéticas, que precedem 85% das amputações. A
PND leva a insensibilidade e nos estágios mais avançados, deformidades. A tríade PND +
Deformidades + Trauma são fatores determinantes para o chamado “pé diabético”,
caracterizado por ulceração complicada por infecção e que pode evoluir para amputação,
principalmente se há má circulação - a doença arterial obstrutiva crônica (DAOP).

Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017-2018


Classificação da UD

CLASSIFICAÇÃO DE
WAGNER

• No Brasil, são estimadas,


em um modelo
hipotético para uma
população de 7,12
milhões de indivíduos
com DM2, 484.500
úlceras, 169.600
admissões hospitalares e
80.900 amputações, das
quais 21.700 teriam
como desfecho a morte.
• Prevalência: de 4 a 10%.

(Sociedade Brasileira de Diabetes, 2017-2018)


Fonte: guia rápido Coloplast
Fonte: Google images
ÚLCERA VENOSA (UV)

• É uma lesão de pele aberta, localizada na parte inferior da perna, entre o tornozelo e joelho,
geralmente na região do maléolo medial, e que mostra pouco progresso para a cura no período de
quatro a seis semanas do início de sua ocorrência.

• Caracteriza-se como a complicação mais séria da IVC, estando relacionada à presença de


hipertensão venosa prolongada, devido à incompetência das válvulas, podendo surgir também em
consequência da TVP e outras causas que interferem no retorno venoso. (Borges, 2017)

• Prevalência nacional: 1,5% (Borges, 2016) a 48,8% (Wachholz, 2014)

• 60% do total das úlceras dos MMII.


Fotos cedidas pelo Enf Thiago Silva
ÚLCERA ARTERIAL (UA)

• É uma lesão isquêmica. Isquemia é definida como sendo o fluxo arterial insuficiente para manter as
funções normais teciduais, isto é, há diminuição de nutrientes (glicose, oxigênio, proteínas,
vitaminas, enzimas) para os tecidos.

• 30% do total das úlceras dos MMII.

• Dor de moderada a intensa; piora ao repouso.

(Borges, 2017)

• Prevalência nacional: 1,5% (Borges, 2016) a 48,8% (Wachholz, 2014)


ÚLCERA ARTERIAL (UA)

Fonte: http://www.lava.med.br/livro
ÚLCERA VENOSA X ÚLCERA ARTERIAL

INDICADOR UV UA
Localização No 1/3 inferior, face medial da perna Dedos, pé, calcâneo e lateral perna
Evolução Lenta Rápida
Profundidade Geralmente rasa Profunda
Leito Vermelho Pálido seco
Bordas Irregulares Definidas
Exsudato Presente Pouca quantidade
Edema Presente Ausente
Dor Pouca ou moderada (melhora com Extrema (piora com repouso)
repouso)
Pulso Presente Diminuídos ou ausentes
*ITB 0,9 – 1,3 mmHg *ITB ≤ 0,9 mmHg

*ITB: exame para detecção de Doença Arterial Oclusiva dos MMII. ITB = PAS tornozelo/PAS braço
FERIDA OPERATÓRIA COMPLICADA (FOC)

• Ferida Operatória: abertura da pele, criada intencional e controladamente numa sala de cirurgia
por um instrumento de corte, que pode atingir desde os tecidos superficiais até cavidades e
órgãos no plano anatômico profundo; posteriormente suas margens são aproximadas por
primeira intenção.
(WHO, 2016; Gamba MA et al., 2016)

• FOC: Caracterizada por complicações podem surgir após o procedimento cirúrgico, como
hematomas, seromas, deiscência, infecção do sítio cirúrgico (ISC) e fístulas, podendo se
apresentar como imediatas (1ªs 24h), mediatas (até o 7º dia) ou tardias (após a retirada de
pontos e alta hospitalar).
(Bryant e Nix, 2016; Yao, Bae e Yew, 2013)
Fonte:
rrferidas.com

Fonte: www.famema.br/gallery2
LESÃO POR PRESSÃO - LP
Terminologia, conceito e classificação - NPUAP - 13 de abril de 2016

Nomenclatura e conceito

É um dano localizado na pele e/ou tecidos moles subjacentes, geralmente sobre uma
proeminência óssea ou relacionada ao uso de dispositivo médico ou a outro artefato. A lesão
pode se apresentar em pele íntegra ou como úlcera aberta e pode ser dolorosa. A lesão ocorre
como resultado da pressão intensa e/ou prolongada em combinação com o cisalhamento.

NPUAP 2016: http://www.npuap.org/resources/educational-and-clinical-resources/pressure-injury-staging-illustrations/


SOBEST, SOBENDE; Classificação das lesões por pressão - Consenso NPUAP 2016 - Adaptada culturalmente para o Brasil. Disponível em:
http://www.sobest.org.br/textod/35. Published 2016.
CLASSIFICAÇÃO

LP Tissular profunda Estágio 3


Estágio 1 Estágio 4
Estágio 2 LP Não Classificável

Relacionada a Dispositivo Médico* Membranas Mucosas*

NPUAP 2016: http://www.npuap.org/resources/educational-and-clinical-resources/pressure-injury-staging-illustrations/


SOBEST, SOBENDE; Classificação das lesões por pressão - Consenso NPUAP 2016 - Adaptada culturalmente para o Brasi. Disponível em: http://www.sobest.org.br/textod/35. Published 2016.
CLASSIFICAÇÃO

Estágio 1
Pele íntegra com eritema
que não embranquece
Pele íntegra com área localizada de
eritema que não embranquece e
que pode parecer diferente em pele
de cor escura. Presença de eritema
que embranquece ou mudanças na
sensibilidade, temperatura ou
consistência (endurecimento)
podem preceder as mudanças
visuais. Mudanças na cor não
incluem descoloração púrpura ou
castanha; essas podem indicar dano
tissular profundo.
(www.eerp.usp.br/projetos/feridas/upressao)

(NPUAP 2016; Caliri et al 2016)


CLASSIFICAÇÃO

Estágio 2
Perda da pele em sua espessura
parcial com exposição da
derme.

O leito da ferida é viável, de coloração


rosa ou vermelha, úmido e pode
também apresentar-se como uma
bolha intacta (preenchida com
exsudato seroso) ou rompida.
Esse estágio não deve ser usado para
descrever as lesões de pele associadas
à umidade, incluindo a dermatite
associada à incontinência (DAI), a
dermatite intertriginosa, a lesão de
pele associada a adesivos médicos ou (www.eerp.usp.br/projetos/feridas/upressao)
as feridas traumáticas (lesões por
fricção, queimaduras, abrasões). (NPUAP 2016; Caliri et al 2016)
CLASSIFICAÇÃO

Estágio 3

Perda da pele em sua


espessura total

Perda da pele em sua espessura


total na qual a gordura é visível e,
frequentemente, tecido de
granulação e epíbole (lesão com
bordas enroladas) estão
presentes. Esfacelo e /ou escara
pode estar visível. A profundidade
do dano tissular varia conforme a
localização anatômica.

www.eerp.usp.br/projetos/feridas/upressao

(NPUAP 2016; Caliri et al 2016)


CLASSIFICAÇÃO

Estágio 4
Perda da pele em sua
espessura total e perda
tissular

Perda da pele em sua espessura total e


perda tissular com exposição ou palpação
direta da fáscia, músculo, tendão,
ligamento, cartilagem ou osso. Esfacelo e
/ou escara pode estar visível. Epíbole (lesão
com bordas enroladas), descolamento e/ou
túneis ocorrem frequentemente. A
profundidade varia conforme a localização
anatômica. Quando o esfacelo ou escara
prejudica a identificação da extensão da
perda tissular, deve-se classificá-la como
Lesão por Pressão Não Classificável. www.eerp.usp.br/projetos/feridas/upressao
(NPUAP 2016; Caliri et al 2016)
CLASSIFICAÇÃO

LP Não Classificável

Perda da pele em sua espessura total e


perda tissular não visível

Perda da pele em sua espessura total e


perda tissular na qual a extensão do
dano não pode ser confirmada porque
está encoberta pelo esfacelo ou escara.
Ao ser removido (esfacelo ou escara), LP
em Estágio 3 ou Estágio 4 ficará
aparente. Escara estável (isto é, seca,
aderente, sem eritema ou flutuação) em
membro isquêmico ou no calcâneo não
deve ser removida.

(NPUAP 2016; Caliri et al 2016)


CLASSIFICAÇÃO

LP Tissular Profunda (LPTP)


Pele intacta ou não, com área localizada e
persistente de descoloração vermelha escura,
marrom ou púrpura que não embranquece ou
separação epidérmica que mostra lesão com leito
escurecido ou bolha com exsudato sanguinolento. A
descoloração pode apresentar-se diferente em
pessoas com pele de tonalidade mais escura. Essa
lesão resulta de pressão intensa e/ou prolongada e de
cisalhamento na interface osso-músculo. A ferida
pode evoluir rapidamente e revelar a extensão atual
da lesão tissular ou resolver sem perda tissular.

(arquivo pessoal)

(NPUAP 2016; Caliri et al 2016)


CLASSIFICAÇÃO

LP Relacionada a Dispositivo Médico


Essa terminologia descreve a etiologia
da lesão. A LP relacionada a Dispositivo
Médico resulta do uso de dispositivos
criados e aplicados para fins
**
diagnósticos e terapêuticos. Essa lesão
deve ser classificada usando o sistema
de classificação de lesões por pressão.

*Fotos ceedidas pela Enfa ETN Rita Bandeira


*(fixação de cânula ** Foto extraída da internet
*(LP Não Classificável)
de traqueostomia)
CLASSIFICAÇÃO

LP em Membrana Mucosa

A LP em membranas mucosas é
encontrada quando há histórico de uso de
dispositivos médicos no local do dano.
Devido à anatomia do tecido, essas lesões
não podem ser classificadas.
Escala de Braden – Avaliação de Risco para LP

Classificação de Risco:
Baixo (escore de 15 a 18); Moderato (escore de 13 a 14); Alto (escore de 10 a 12); Muito alto (escores ≤ 9)
Fatores de risco
FERIDAS: CLASSIFICAÇÃO

LP: Estadiamento - EPUAP, NPIAP, PPPIA 2019

UD: Classificação de Wagner, 1981

LF: ISTAP – Silva et al, 2019


Feridas: Localização geral

Registre a posição anatômica, usando


as seguintes descrições:
•Direita/Esquerda
•Anterior/Posterior
•Medial/ Lateral
•Plantar/Dorsal
•Proximal/Distal
Localização – LP
Localização – LP

Posição lateral
Localização – LP

Posição Sentado
Decúbito
Ventral
DIMENSÃO
COMPRIMENTO, LARGURA E PROFUNDIDADE
Dimensão
 Comprimento, largura, profundidade
Dimensão
Aspecto da Ferida
• SUPERFICAL  INFECTADA • Quantidade de EXSUDATO

 NÃO INFECTADA
• PROFUNDA
ASPECTO DA FERIDA - EXSUDATO

CONCEITOS agente da cicatrização; bálsamo natural (Paracelsius 1493-1541)


componente vital do processo de reparação tecidual
Importante fator de avaliação do status da ferida – evolução (tipo e volume)
“ambiente de umidade balanceada/ equilibrada”
ferida aguda*
atividade mitogênica
citocinas inflamatórias ferida crônica**
proteases atividade mitogênica
mitose competente citocinas inflamatórias
proteases
(*mínimo/ serosanguinolento) células senescentes

(**moderado a grande/ persistente)


(Cutting 2003; Schultz, Sibbald, Falanga et al 2003; WUWHS 2016)
ASPECTO DA FERIDA - EXSUDATO

Ferida aguda
TIMP
• FC (PDGF/ FGF/ EGF)
(proliferação)
COMPOSIÇÃO

• Enzimas proteolíticas e fibrinolíticas MMP


(fase inflamatória organizada e limitada) Ferida crônica
• Mensageiros quimiotáxicos
(re-epitelização) Proteases - MMP
degradação:
vitronectina e fibronectina
FC e citocinas
turnover tissular crônico
MMP TIMP
Citocinas inflamatórias
FC
Glicose
( epitelização/ cicatrização)
(Mast e Schultz 1996; Schultz, Sibbald, Falanga et al 2003; Okan et al 2007; Bates- Jensen WOCN 2016)
ASPECTO DA FERIDA – INFECÇÃO/ BIOFILME
I = Infecção: relação hospedeiro - bactéria

Infecção = No organismos x viruleência


Resistência do hospedeiro

Infecção

 Carga
Equilíbrio bacteriano bacteriana

Equilíbrio bacteriano
Colonização

Contaminação

(Sibbald et al OWM OCT 2001; Sibbald RSM supp 2001; WUWHS 2016; Bates-Jensen WOCN 2016)
ASPECTO DA FERIDA – INFECÇÃO/ BIOFILME

Ferida crônica: contaminação à infecção


 Contaminação: ausência de replicação
 Colonização: replicação sem dano ao hospedeiro
Infecção: continuum

(ex: Staphylococcus epidermidis)


 Colonização crítica: replicação que causa dano tissular local e retarda
a cicatrização.
(sintomas “secundários: mudança na cicatrização, alteração de cor,
tecido de granulação friável, ausência ou presença de tecido de
granulação anormal, odor anormal, aumento de exsudato seroso,
aumento da dor)
 Infecção: replicação que causa dano ao hospedeiro
(sinais clássicos: aumento do eritema, calor, edema, dor, odor e pus)
ASPECTO DA FERIDA – INFECÇÃO/ BIOFILME
Conceito comunidades agregadas de bactérias
multiplicação lenta. Bactérias aderidas a superfícies
encapsuladas em matriz extracelular autoproduzida
tolerante a antimicrobianos
Agregação de bactérias
Componentes Matriz de polissacarídeos, eDNA e proteínas aderentes à
comunidade bacteriana

bactérias aderidas à superfície da lesão


3 estágios
maturação do biofilme
dispersão das bactérias

Prevalencia: 100% das feridas crônicas (?)


manutenção de estado inflamatório
(WUWHS. Position document. Management of biofilm. 2016)
(WUWHS. Position document. Management of biofilm. 2016)
ASPECTO DA FERIDA – INFECÇÃO/ BIOFILME
Aspecto da ferida – Tipo de Tecido
Tecido desvitalizado: escara* • Tecido desvitalizado: esfacelo • Tecido de granulação

*Escara: necrose de coagulação


• Tecido hipergranulação Esfacelo: necrose de liquefação

• Tecido de epitelização
Aspecto da ferida – Descolamentos, túneis, espaço morto

Descolamento de margens.
Aspecto da ferida - Margens/bordas

 Queratose, Maceração, Necrose • Bordas Regulares e Aderidas

2
1
3
• Bordas Irregulares

2
3

1. Úlcera diabética com margens maceradas; 2. Queratose peri-lesão;


3. Úlcera arterial com necrose e crostas em margens.
ATENÇÃO!! DOR – Avaliar:

• No momento da consulta - Frequência


• Pior dor na última semana
- Contínua
• Média da dor na maior parte do tempo
- Intermitente

- Horário

- Durante a troca do curativo

- Após a troca do curativo

- Noite/ repouso
FERIDAS: TRATAMENTO
TRATAMENTO

Figura 1. Componentes da avaliação da pessoa com ferida crônica e etapas para terapia tópica (Rabeh et al., 2012)
Tratamento da ferida - LIMPEZA
 Finalidades:
• Permite a inspeção do leito da ferida, de forma a avaliar o tecido presente.

• Tem como objetivo prevenir o desenvolvimento de infecção.


• Limpar a ferida a cada troca de curativos com solução não-citotóxica. Usar Solução salina
(SF0.9%).

• Usar de preferência SF0.9% aquecido para evitar a queda da temperatura e favorecer


o processo de cicatrização. A temperatura em torno de 37ºC, favorece o nível de
oxigenação no tecido aumentando a atividade dos neutrófilos que tem como função
fagocitar bactérias.
(WOCN, 2010)
Tratamento da ferida - LIMPEZA
 Solução salina (SF0.9%) aplicadas com pressão adequada sobre o leito da ferida é
suficiente para remover detritos e tecido desvitalizado solto no leito da ferida, que possam
abrigar microorganismos.

 O método de limpeza deve prover pressão suficiente para remover detritos, sem causar
trauma no leito da ferida. A pressão ótima para limpeza fica entre 4 e 15 psi. No Brasil,
uma seringa de 20 ml acoplada a uma agulha 40x12 – cria uma pressão de irrigação
fluente que pode ser usada para remover material aderente ao leito da ferida. Feridas
tuneilizadas usar catéter flexível.

 Uma baixa pressão deve ser utilizada ao se limpar o leito da ferida para que o tecido neo-
formado não seja lesionado.
(WOCN, 2010)
Tratamento - Desbridamento
 Desbridamento ou debridamento é a remoção de tecido inviável presente na ferida

 É um processo autolítico e fisiológico da lesão em fase cicatricial. Os neutrófilos e macrófagos agem


na fase inflamatória, digerem e removem detritos celulares.

 O processo natural de desbridamento torna-se insuficiente diante do acúmulo de tecido


desvitalizado.

 O desbridamento é um componente essencial para que a terapia tópica seja bem-sucedida e o


manejo da ferida desenvolva seu potencial.

 Tecidos desvitalizados favorecem o crescimento de bactérias.

 Desbridamento é necessário para cicatrização da ferida


Desbridamento - Recomendações
 O desbridamento só deve ser realizado quando houver uma perfusão adequada da ferida
– não desbridar membros isquêmicos.
 Desbridar o leito da ferida quando houver suspeita ou confirmação da presença de
biofilme.
 Utilizar instrumentos esterilizados nos desbrimentos.
 Realizar cuidadosamente um desbridamento em situações de comprometimento imunológico,
suprimento vascular comprometido.
 Atenção: As contraindicações relacionadas incluem a terapia anticoagulante e problemas
de hemorragias.
 Controlar a dor associada ao desbridamento.
 Áreas de tecido necrótico podem esconder líquidos subjacentes ou abscessos: observe mau
odor, drenagem purulenta, eritema ao redor da necrose.
Tipos de Desbridamento
 autolítico, úlcera neuropática: é vital o
 mecânico, desbridamento criterioso de
calos e calosidades, uma vez
 químico ou enzimático, que agravam e retardam a
 cirúrgico cicatrização
 biológico

 fatores que devem influenciar na escolha: a quantidade de tecido desvitalizado, o


tempo necessário para o desbridamento, as habilidades do profissional para a
realização do procedimento, necessidade de analgesia e o custo.
Desbridamento Mecânico
 Consiste na remoção do tecido necrótico com
aplicação de força mecânica.

Pode ser realizado:


 Esfregar a gaze embebida com solução
salina no leito da lesão em um único sentido.
 Colocar gaze umedecida com soro fisiológico
no leito da ferida e deixar até secar e
depois remover. Este método é doloroso
podendo necessitar de analgesia.
 FIBRAS DE MONOFILAMENTO - Fibras de
Fonte: motherherbs.com; portuguese.alibaba.com
poliéster
Leite AP, Oliveira BGRB, Soares MF, Barrocas DLR. Uso e efetividade da papaína no processo de cicatrização de feridas: uma revisão
sistemática. RevGaúcha Enferm. 2012;33(3):198-207.
Desbridamento Cirúrgico
 Consiste na remoção do tecido necrótico por meio de procedimento cirúrgico.

 Método seletivo de remoção de grande área de tecido aderente não viável,


por instrumental cortante, que não se limita até a fáscia; há necessidade de
anestesia,

 Realizado em centro cirúrgico pelo cirurgião vascular.

 Não há evidência científicas que discuta sobre desbridamento cirúrgico por


enfermeiros.

(Santos et al. 2013)


Desbridamento Cirúrgico
 Nos trabalhos internacionais, os termos: desbridamento cirúrgico,
desbridamento cirúrgico seriado, desbridamento cirúrgico
conservador, cirúrgico ou instrumental são utilizados para designar
o desbridamento cirúrgico.

 Desbridamento com material cortante, método conservador:


• método seletivo de remoção de tecido aderente não viável, por
instrumental cortante, que se limita até a fáscia; não há
necessidade de anestesia e pode ser feito por enfermeiro, médico
não cirurgião e fisioterapeuta.

(Santos et al. 2013)


Desbridamento Autolítico
 Ocorre por autólise, ou seja, auto degradação do tecido necrótico sob ação de
enzimas liberadas por macrófagos.

 Este método pode ser promovido utilizando- se coberturas como hidrogel,


hidrocolóide e mel.

 O processo é lento e não pode ser utilizado em feridas infectadas e colonizadas.


Desbridamento Autolítico
 HIDROGEL
 MECANISMOS:
• Doação de líquido => Desbridamento autolítico
• Absorção de fluido
• Necessita de curativo secundário
 INDICAÇÕES:
• Feridas secas, com esfacelos e necroses.
• Auxilia na diminuição da dor pelo efeito “refrescante”
Desbridamento Autolítico
 HIDROGEL COM ALGINATO
 Indicação:
Feridas secas, com exsudação mínima a moderada, com presença tecidos
desvitalizados , limpas ou infectadas, tais como:
- Úlceras Venosas, arteriais e por pressão;
- Queimaduras de segundo grau;
- Abrasões;
- Lacerações.
Desbridamento Autolítico
 HIDROGEL COM ALGINATO
 Modo de uso:
Irrigar bem a lesão com solução fisiológica a 0,9%. Secar somente a
região periferida; Aplicar Hidrogel com Alginato diretamente no leito
da ferida. Não exceder o nível da pele ao redor da ferida; Ocluir com
uma cobertura secundária e fixar; Para efetuar a remoção de Hidrogel
com Alginato, irrigar bem o leito da ferida com solução fisiológica, se
necessário.
Desbridamento Autolítico
 HIDROCOLÓIDE
 MECANISMOS:
• Conforme há a absorção do exsudato, há a liquefação da massa de hidrocolóide
formando um gel viscoso (favorece o desbridamento autolítico).

 INDICAÇÕES:
• Feridas superficiais com baixa a moderada exsudação.
• Promoção da granulação e epitelização.
• A cobertura deve extender2-3cm além das margens da ferida.
• Pode ser mantido até 7 dias.
Desbridamento Autolítico
 MEL
 COMPOSIÇÃO:
• 12-16% de fenol (FDA)
• Mel de Manuka–metilglioxal

 MECANISMOS:
• Alta osmolaridade atrai o fluido para fora do leito da ferida
• Ampla atividade antibacteriana (variável entre diferentes tipos de mel)
• Desbridamento autolítico

 INDICAÇÕES:
• Feridas crônicas, infectadas, desbridamento autolítico
Desbridamento Químico ou Enzimático
 Realizado a partir da utilização de curativos ou substâncias com propriedades
químicas, que mantém o meio úmido adequado para o desbridamento da lesão.

 obtido pela aplicação tópica de enzimas desbridantes diretamente sobre o tecido


necrótico (KOLLAGENASE e PAPAÍNA).
KOLLAGENASE
 Agente desbridante em lesões superficiais, promevendo a limpeza enzimática das
áreas lesadas, retirando necroses e crostas.

 Indicação:
- Limpeza de lesões independente de sua origem e localização;
- Ulcerações e necroses;
- Lesões pós operatórias, feridas infectadas, deiscência de sutura.
 Modo de uso:
Limpar a lesão com solução fisiológica, não secando totalmente, pois o produto tem sua
ação enzimática aumentada na presença de umidade.
Aplicar a Kollagenase uniformemente, com espessura +/- 2mm. Troca diária ou 2 vezes
ao dia do curativo
PAPAÍNA
 BASE:
• Do látex do mamoeiro Caricapapaya
• Enzimas proteolíticas e peroxidases(proteólise, degradação de proteínas)

 MECANISMOS:
• Desbridamento Seletivo (devido a antiprotease plasmática presente no tecido sadio que
inativa as proteases)
• Desbridamento enzimático de tecido inviável
• Ação anti-inflamatória
• Reduz o pH do leito da ferida estimulando a produção de citocinas(reprodução celular)

 APRESENTAÇÕES:
• Pó, gel, creme associado a ureia, spray
PAPAÍNA
 INDICAÇÕES:
• 2% -tecido de granulação
• 4-6% -necrose de liquefação
• 8-10% -necrose de coagulação após
escarectomia
Pode causar dor e ardência
Fonte: portuguese.alibaba.com

 MANUSEIO: Livre da luz e umidade, refrigerado,


uso imediato, uso de frascos de plástico,
porcelana, vidro, luvas e máscara.

Leite AP, Oliveira BGRB, Soares MF, Barrocas DLR. Uso e efetividade da papaína no processo de cicatrização de feridas: uma revisão sistemática. RevGaúcha
Enferm. 2012;33(3):198-207.
Desbridamento Biológico
 BASE:
• Maggot-Lucilia sericata (desbridamento altamente seletivo)
• Larvas estéreis.

 MECANISMOS:
• Aplicação direta no leito da ferida com necrose ou esfacelo
• Em caso de larvas soltas, usar barreiras/bloqueios.
• Disponibilidade de larvas em BioBag
• Aplicar um curativo secundário altamente absorvente. (trocas a cada 3-5 dias)
• Liberação de enzimas proteolíticas da saliva e glândulas intestinais da larva –digestão de tecido
necrosado
• Não causa sangramento
• Menos dor

DissemondJ et al. Modern wound care –practical aspects of non-interventional topical treatment of patients with chronic wounds 2014 Deutsche
DermatologischeGesellschaft
Desbridamento Biológico

DissemondJ et al. Modern wound care –practical aspects of non-interventional topical treatment of patients with chronic
wounds 2014 Deutsche DermatologischeGesellschaft
Desbridamento – ATENÇÃO!!
 Não desbridar escaras
escuras e secas em
calcanhares que são
insensíveis, endurecidas.

 Escara seca deve ser


perfurada, escarificada
transversalmente, para
proceder ao
desbridamento enzimático.
Desbridamento
Parecer Técnico COREN-SP N.º 013/2009
Assunto: Realização de Desbridamento pelo Enfermeiro

 “[…] o enfermeiro poderá assumir o procedimento de desbridamento de lesões...


seja ele mecânico, enzimático, autolítico e instrumental conservador cuja situação de
necessidade de intervenção cirúrgica esteja descaracterizada. Lembramos que em
caso de desbridamento com a utilização de instrumentais cortantes, poderá ser feita
a remoção de tecidos desvitalizados ao nível do subcutâneo, conforme protocolo da
instituição”.
Tratamento – Curativos e coberturas
 Cobertura: é a aplicação de um agente terapêutico à ferida com objetivo de criar um
micro ambiente local que facilite o processo de reparação tecidual, cicatrização e
substituição de tecido, bem como tratar, limpar e proteger de agentes infecciosos.

 Classificação das Coberturas:


• Primárias - São aquelas colocadas diretamente sobre a ferida;

• Secundárias – São aquelas colocadas sobre a cobertura primária com função de


proteção ou fixação

(WONC, 2010)
Tratamento – Curativos e coberturas
 A escolha da cobertura está relacionada à capacidade do produto em manter a
ferida em um ambiente fisiológico, propício ao processo de cicatrização.

 O leito da ferida deve ser mantido úmido. Esta condição é fisiológica, uma vez que
favorece a migração das células no leito da lesão, através do que, ocorre a formação
de tecido de reparação e a reepitelização.

 A umidade da borda deve ser controlada, a fim de evitar maceração do tecido.

 Frequência de trocas de curativo: seguir as recomendações do fabricante.


(WONC, 2010)
Tratamento – Curativos e coberturas
 Curativo úmido – ferida aberta:

• Estimula a epitelização, a formação do tecido de


granulação e maior vascularização na área da ferida.
• Facilita a remoção de tecido necrótico.
• Serve como barreira protetora a microorganismos.
• Promove a diminuição da dor.
• Previne a desidratação tecidual e a morte celular.
• Evita traumas na troca do curativo.
• Promover maior vascularização.

(WONC, 2010)
Tratamento – Finalidades dos Curativos

 Manter a umidade na interface ferida/cobertura


 Remover o excesso de exsudação
 Permitir a troca gasosa
 Promover o desbridamento autolítico
 Promover o isolamento térmico
 Proteger a ferida de traumas
 Ser impermeável à bactérias
 Ser isento de partículas ou agentes tóxicos
 Permitir sua remoção sem danos ao tecido neo-formado

(WONC, 2010)
Coberturas e Finalidades
ODOR
CARVÃO ATIVADO e CARVÃO ATIVADO COM PRATA RECORTÁVEL
CARVÃO ATIVADO

 COMPOSIÇÃO:
• Tecido carbonizado e algumas marcas possuem nitrato de prata 0,15%, envolto por
camada de tecido sem carvão ativado.
• Alguns têm na sua constituição carboximetilcelulose, alginato, espumas e prata.
• Promeve a absorção do exsudato, redução do odor e controle da infecção. O curativo
pode ou não ser cortado para o tamanho que melhor se adapte à lesão.

 INDICAÇÃO:
• Feridas exsudativas limpas ou infectadas, crônicas ou agudas, superficiais ou profundas
e com odor desagradável;
• Pode ser usado tanto como curativo primário ou secundário;
CARVÃO ATIVADO COM PRATA RECORTÁVEL

 Modo de uso:
Uso como curativo primário.
- Irrigar bem o leito da ferida com solução fisiológica 0,9%
- Secar somente a região periferida;
- Colocar Carvão Ativado com Prata Recortável sobre a ferida;
- Ocluir com uma cobertura estéril.
Uso como curativo secundário.
- Irrigar bem o leito da ferida com solução fisiológica 0,9%;
- Secar somente a região periferida;
- Colocar curativo primário sobre a ferida;
- Aplicar e fixar carvão Ativado com Prata Recortável.
Coberturas e Finalidades
ABSORÇÃO
ALGINATO DE CÁLCIO

 COMPOSIÇÃO:
• Extratos de algas marinhas que contém ácidos gulurônico e manurônico (força tênsil)
• Fibras Alginato de Cálcio e/ou Sódio
• Carboximetilcelulose

 MECANISMOS DE AÇÃO:
• Sódio presente no exsudato e no sangue interage com o cálcio presente no curativo
• A troca iônica auxilia no desbridamento autolítico
• Alta capacidade de absorção
• Formação de um gel que mantém o meio úmido para a cicatrização e induz a hemostasia
• Em contato com exsudato ou sangue, forma um gel fibroso, hidrofílico.
ALGINATO DE CÁLCIO
 INDICAÇÃO:
• Feridas superficiais, cavitárias, sangrantes, altamente exsudativas com ou sem infecção.
ALGINATO DE CÁLCIO

 Modo de uso:
• Limpar e irrigar bem o leito da lesão, se necessário fazer o desbridamento para
remoção de tecidos inviáveis.
• Limpar a pele ao redor e secar bem.
• Escolher o tamanho e/ou apresentação do curativo que melhor se adapte, de modo
que seja mínima a sobreposição na região ao redor da ferida.
• Concluir com uma cobertura secundária estéril.
HIDROFIBRA
 COMPOSIÇÃO:
Fibras de carboximetilcelulose não entrelaçado.

 MECANISMOS DE AÇÃO:
• Absorção vertical de fluido
• Após a absorção do exsudato, as fibras transformam-se em um gel firme

 Exemplo: Aquacel®
ESPUMAS
ESPUMA DE POLIURETANO

 COMPOSIÇÃO:
• Poliuretano, macias, nas formas de placa com ou sem bordas adesivas
• Não aderente ao leito da ferida
• Podendo ser permeável ou impermeável a trocas gasosas
• Pode ter ou não filme de poliuretano (impermeável a água e bactérias)

 MECANISMOS DE AÇÃO:
• Permite uma absorção elevada de fluidos
• Durante a ação do produto a área absorvente expande à medida que absorve o exsudato.
• Mantém ambiente úmido que facilita a cicatrização da ferida e permite a promoção de
condições ideais para a evolução do tecido de granulação.
Espuma de Poliuretano ( Allevyn )

Possui apresentações especiais para Modo de uso:


traqueostomia, gastrostomia e locais de inserções Irrigar a lesão com jatos de solução
de drenos. Pode ser utilizado como curativo fisiológica 0,9 %. Remover o exsudato e
primário e secundário. tecidos desvitalizados, se necessário;
Secar somente a região periferida;
Escolher o tamanho do curativo que
Indicação: melhor se adapte ao tamanho da lesão;
• Proteção mecânica e absorção de exsudato das Aplicar o curativo sobre a ferida e
feridas favorecendo o processo de cicatrização. fixar. A frequência das trocas do
curativo varia de acordo com o grau
• Feridas com moderada a alta grande quantidade de exsudação da ferida e deve ser
de exsudato pela sua capacidade absortiva. substituído assim que atingir a
saturação.
• Feridas cavitárias (apresentação para cavidade)
HIDROCOLÓIDE
Tratamento de feridas com leve a moderada Preparo:
exsudação, como abrasões e lacerações a) Irrigar a lesão com jatos de solução fisiológica a
0,9%;
superficiais.
b) Remover o excesso de exsudato e tecidos
desvitalizados, se necessário;
c) Secar somente a região periferida;
Indicação:
d) Escolher o tamanho e/ou apresentação de
- Úlceras de perna (venosas, arteriais e mistas); Hidrocolóide que melhor se adapte, excedendo a ferida
em pelo menos 3 cm;
- Úlceras diabéticas e LP estágio 2;
- Excisões dermatológicas; Aplicação do curativo:
a) Colocar o curativo sobre a ferida, modelando e
- Incisões cirúrgicas e feridas externas causadas
fixando-o;
por traumas. b) Pressionar levemente o curativo com as mãos para
garantir uma maior durabilidade (conceito de adesivo
por pressão);
c) Descartar qualquer porção de curativo não utilizada.
HIDROCOLÓIDE
Remoção do curativo:
a) Para remover o Hidrocolóide, levantar uma extremidade do
curativo e, delicadamente, removê-lo pressionando a pele
adjacente para evitar traumas ao tecido;
b) Limpar a ferida antes da aplicação o novo curativo

Intervalo de trocas:
O Hidrocolóide deve ser trocado se houver extravasamento de
exsudato e/ou gel, desprendimento das bordas, ou
deslocamento do curativo e pode permanecer na ferida por
até sete dias, dependendo da quantidade de exsudato.
ANTISSÉPTICOS
POLYHEXANIDA(PHMB)
 BASE:
• POLI-HEXAMETILENO-BIGUANIDA(PHMB) –similar aos peptídeos
antimicrobianos do organismo
• Alto teor de arginina
• Inodoro, incolor, não é tóxico para células humanas e animais
• Gel, solução, em gaze

 MECANISMOS:
• Ação antimicrobiana pelo caráter hidrofílico e catiônico das moléculas
(restrita às células da camada superficial).
• Lise da membrana celular bacteriana
• Ação contra bactérias gram-positivas e gram-negativas, fungos, leveduras,
esporos, Pseudomonas
• Diminui a carga bacteriana, redução de biofilme (comunidade de
bactérias em matriz de polissacarídeo extracelular tridimensional)
PHMB and its potential contribution to wound management. Wounds UK, Aberdeen, 2010 .
POLYHEXANIDA(PHMB)
 INDICAÇÕES:
• Em feridas agudas, contaminadas com exsudatos purulentos –solução de 0,04%
• Em feridas clinicamente infectadas –solução de 0,04%
• Para aplicação em sucção/limpeza de drenos –solução de 0,02%
• Contaminação da ferida intraoperatória–solução de 0,01% para descontaminação
• A apresentação em gel visa a disponibilidade de PHMB por longo período para profilaxia e
tratamento de feridas infectadas.
• Infecção com bectériasGram-negativas: usar concentração de 0,1%

 CONTRA-INDICAÇÕES:
• lavagem peritoneal, cartilagens, SNC, ouvido médio e ouvido interno, intraocular, primeiros 4
meses de gestação, sensibilidade ao PHMB
PHMB and its potential contribution to wound management. Wounds UK, Aberdeen, 2010 .
IODÓFORO

Remove o excesso de exsudato e fibrina na base da


ferida e reduz a contaminação bacteriana na
superficie.
 Indicação:
- Tratamento tópico de feridas exsudativas crônicas;
- Terapia de compressão;
- Feridas infectadas.
 Efeitos adversos:
• Sensação de queimação ou ardência na aplicação,
irritação local, vermelhidão e eczema.
EXEMPLOS: Inadine®, Iodosorb®empomada, cobertura,

IODÓFORO
 BASE:
• Complexos formados entre o iodo e um agente solubilizante ou carregador que aumenta a sua
solubilidade e sustenta a liberação gradual de iodo.
• Relativamente livre de toxicidade e irritabilidade.
• I2–responsável pela ação antimicrobiana rápida

 MECANISMOS:
• Iodo é carregado em agregados ou micelas que atuam como reservatórios de iodo.
• Em contato com o fluido, as micelas começam lentamente a dispersar, resultando em uma
liberação controlada em baixas concentrações de iodo e evitando a geração de concentrações
indesejáveis de iodo livre.
• Os dois iodóforos mais comumente usados em curativos são iodopovidona(PVP-I), um complexo
ligado quimicamente entre triiodeto e povidona, e iodo o cadexômero, um complexo de iodo e
polissacarídeos.

Guideline for Disinfection and Sterilization in Healthcare Facilities, 2008.


PRATA
 APRESENTAÇÕES COM PRATA: Espumas de poliuretano, alginato, hidrofibra, malha não-tecido

 COMPOSIÇÃO:
• Prata Elementar: metálica ou nanocristalina-liberação de aglomerados de partículas de prata extremamente
pequenas e altamente reativas através da nanotecnologia.
• Ioniza em contato com exsudato - Perde um elétron e torna-se Ag+
• Prata iônica: compostos contém prata iônica Ag+ ligadas a moléculas negativamente carregadas e quando
entra em contato com exsudato, os íons de prata de separam do composto

 MECANISMOS:
• Altamente reativas e afeta múltiplos sítios da célula bacteriana causando a sua morte.
• Liga-se às membranas celulares causando rompimento celular, liga-se à proteína (mitocôndria), afeta a
função enzimática e replicação celular.
• Age contra ampla gama de bactérias.

International consensus. Appropriate use of silver dressings in wounds. An expert working group consensus. London: Wounds International, 2012.
PRATA
 INDICAÇÕES:
• Feridas agudas e crônicas com perda tissular parcial ou total com infecção ou elevada
carga bacteriana.

 Exemplo: Sulfadiazina de Prata: Agente antimicrobiano tópico


• Modo de uso: Após a limpeza da área afetada aplicar uma fina camada do
medicamento sobre a lesão. Utilizar até a cicatrização da ferida.
• Outros exemplos: Biatain Ag®, Physiotulle®, Biatain®Alginato Ag, Acticoat®,
PolymemSilver®, AquacelAg®, Silvercel®, MepilexAg®, AskinaCalgitrolAg

International consensus. Appropriate use of silver dressings in wounds. An expert working group consensus. London: Wounds International, 2012.
DOR
SILICONE
 COMPOSIÇÃO:
• Siloxanos polimerizados –polímeros mistos
• Inertes, sintéticos que pode variar em forma –fluído, resina ou borracha sintética.
• Encontrado em diversos produtos, como ceras, loções de bronzeamento, hidratantes, desodorantes,
sabonetes, alimentos processados, revestimentos à prova d'água, curativos.

 MECANISMOS:
• Tem baixa toxicidade e não são absorvidos pelo corpo
• Mantém aderência suficiente para se manter firme na pele
• Alta flexibilidade
• Permite remoção atraumática e indolor
• Distribui a força de tração na remoção

 INDICAÇÃO: pele periferidafrágil, feridas agudas, crônicas, exsudativasou com baixa exsudação,
proteção
ESPUMA COM IBUPROFENO

 COMPOSIÇÃO:
• Espuma de poliuretano com ibuprofeno
• Concentração de ibuprofeno de 0.5mg/cm2 -inferior a dose oral recomendada.

 MECANISMOS:
• O ibuprofeno alívia a dor, reduz o inchaço e age como um anti-inflamatório tópico.
• Liberação sustentada de ibuprofeno.
• Não ocorre absorção sistêmica.

 INDICAÇÃO:
• Ferida exsudativa com dor nociceptiva
Outras Coberturas
Finalidades
HIDROGEL
 Além de Promover o desbridamento autolítico, Modo de uso:
estimula a cicatrização em feridas secas; superficiais
ou profundas. • Irrigar bem o leito da lesão com
solução fisiológica a 0,9% ou
 Ideal para a manutenção da viabilidade de ossos e
tendões expostos em feridas profundas. conforme protocolo da instituição;
• Limpar a pele ao redor e secar
bem;
Indicação: • Colocar o curativo de forma que o
- Feridas com tecido de granulação; gel seja aplicado dentro da ferida
- Úlceras venosas, arteriais e por pressão; assepticamente, não excedendo o
- Queimaduras de segundo grau de pequena nível da pele ao redor da ferida;
extensão; • Ocluir a ferida com uma cobertura
- Feridas de perda parcial ou total de tecidos; secundária estéril e fixar;
- Áreas pós-trauma. • Para efetuar a remoção do produto
deve-se irrigar o leito da ferida
com solução fisiológica.
AGE – ácido graxo essencial
 COMPOSIÇÃO:
• Destinado a prevenção e ao tratamento de feridas.
• Óleo vegetal composto por ácido
linoleico, ácido caprílico, ácido cáprico, • Indicação:
vitamina A, E electinade soja. •Feridas superficiais que necessitam de umidade

Modo de uso:
 MECANISMO DE AÇÃO: - Irrigar a lesão com SF 0,9%;
• Promove a quimiotaxia e a - Secar a pele ao redor da ferida;
angiogênese, mantém o meio úmido e - Aplicar o óleo diretamente sobre o leito
acelera o processo de granulação da lesão ou umedecer coberturas estéreis
tecidual. A aplicação em pele íntegra e aplicar sobre a ferida;
- Ocluir com uma cobertura secundária
forma uma película protetora na
estéril.
pele, e proporciona nutrição celular - Fixar conforme a necessidade do local
local, previne escoriações. da ferida.
CREME BARREIRA
 COMPOSIÇÃO:
• Podem conter: água, óleo mineral, parafina, petrolato, cera microcristalina, óleo de glicerol, óleo
de lanolina, citratode magnésio, ciclometicone, dimeticona, glicerina, propilenoglicol, terpolímero.

 MECANISMO DE AÇÃO:
• Emoliente
• Umectante
• Ajuste de pH
• Proteção do estrato córneo

 EXEMPLOS:
• Comfeel®Creme Barreira
• Cavilon®Creme Barreira
MALHAS NÃO ADERENTES - GAZES DE RYON

Fonte: Google Images


 COMPOSIÇÃO: • Indicação:
 Malhas impregnadas com: •Para o tratamento de feridas de qualquer etiologia, em
 Parafina que se deve evitar a aderência do curativo, como por
 Petrolatum exemplo, feridas com exposição de ossos e tendões.
 AGE Modo de uso:
- Irrigar bem a lesão com solução fisiológica a 0,9% ou
 MECANISMOS DE AÇÃO: conforme protocolo da instituição de saúde;
• Evitam aderência do curativo à - Remover o excesso de exsudato e tecidos inviáveis, quando
ferida, permitindo o fluxo para o necessário;
curativo secundário absorvente, - Limpar a pele ao redor e secar bem;
não interferindo com o tecido de - Escolher o tamanho (apresentação) da compressa que
regeneração melhor se adapte ao tamanho da ferida. A cobertura
• Evitam dor durante a trocas. também pode ser aplicada dobrada ou cortada para se
adequar a necessidade da ferida.
- Ocluir com uma cobertura secundária estéril e fixar.
FILME TRANPARENTE
 COMPOSIÇÃO: Indicações:
• Elastômeros •Como curativo primário para LP estágio
1, proteção da pele íntegra em
• Fino, espessura de 0,2mm composto de filme de PU,
pacientes em risco para LP, fixação de
transparente, adesivo, impermeável e não absorvente.
curativos primários em geral, fixação de
• Possui permeabilidade à gases como o O2, CO2e curativos primários que requeiram
vapor de água e é impermeável à líquidos e bactérias proteção e sejam barreiras contra
fluidos, fixação de catéteres periféricos
 MECANISMOS: e centrais não contaminados.
• Proteção e fixação
• As películas são produtos barreira que permitem trocas
gasosas de vapor de água e de oxigênio entre a pele
e o exterior e impedem o contato de fluidos e
bactérias com a pele. Fonte: google images
TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA

 INDICAÇÃO: FERIDAS AGUDAS, CRÔNICAS,


ENXERTIAS

 OBJETIVOS:
• Cuidado e proteção da ferida
• Preparo da ferida para fechamento cirúrgico ou
por 2ª intenção
• Melhorar resultado após enxerto de pele parcial
• Melhorar conforto do paciente
 EXEMPLOS: V.A.C.®, RENASYS®, SIMEX®
TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA

 Mecanismo de ação:
• Funciona através da sucção do tecido
• Aplicando uma espuma protetora
• Filmes transparentes para vedação
• Ligados ao motor pelo dreno
• O exsudato fica no compartimento
• Seleciona-se o modo e o valor de pressão
TERAPIA POR PRESSÃO NEGATIVA
Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 2013 Jul-Set; 22(3): 850-6.
Acta Fisiatr. 2013;20(2):106-111 Rosa TJS, Cintra LKL, Freitas KB,
Alcântara PFDL, Spacassassi F, Rosa CDP, et al. Ulceras por pressão:
tratamento

• Câmera Hiperbárica
Recomendação
O Oxigênio Hiperbárico Tópico é indicado para o tratamento de úlceras
necróticas de estágios de 2 a 4, após desbridamento cirúrgico, entre 4 a
16 semanas, 4 horas por dia, 4 dias por semana.

• Terapia por ondas de choque (TOC)


Existem poucos estudos na literatura sobre o papel da TOC no tratamento
de LP. Tais estudos não possuem resultados estatisticamente significantes
principalmente pelo pequeno número de participantes. Porém, a despeito
das limitações dos estudos, os resultados do estudo apontam grande
potencial da TOC no tratamento de LP.
LESÃO POR FRICÇÃO
CURATIVOS
Lesão por Fricção
*Slide Enfa ET Cinthia Bandeira

LeBlanc K et al. Best practice recommendations for the prevention and management of skin tears in aged skin. Wounds International 2018. Available to download from
www.woundsinternational.com
Curativos

• O uso de curativos com silicone, com ou sem camada absorvente


apresentou a cicatrização com 50% do tempo quando comparado a
curativos não aderentes.

*Slide Enfa ET Cinthia Bandeira


ÚLCERA VENOSA
CURATIVOS
UV: Bota de Unna – terapia inelástica
• A publicação de texto sobre a bota
de Unna remonta ao final do século
XIX e esta técnica segue até hoje
indicada, para o tratamento da
úlcera de estase venosa.

• Além da clássica bota de Unna,


descrita no século XIX, hoje já se
dispõe de pastas para aplicação fria
e produtos comerciais que apresentam
bandagens impregnadas pela pasta e Paul Gerson Unna
prontas para a aplicação.

Unna P G - Ueber paraplaste eine neue form


medikamentoser pflaster. Wein Med Wochenschr,
43:1854,1.896
Bota de Unna: Detalhes Importantes

 É fundamental a aplicação com a extremidade completamente sem edema. O


segredo principal é que a bota faça um molde, que corresponda ao da perna em
condições normais.

 O enfaixamento é feito sem compressão, apenas acompanhando suavemente os


contornos anatômicos da extremidade.

 O tempo de permanência da bota é em média de uma semana, porém pode ser


alterado, para mais ou menos dias, em função da evolução do tratamento.
(Luccas, 2007)
UV: Terapia Elástica

Compressão

 Bandagem elástica
l Flexi-Dress
l SurePress
Controle da Infecção

 Suspeitas de infeção local em caso de:


• ausência de sinais de cicatrização após duas semanas;
• mau odor;
• aumento da dor na ferida;
• aumento do calor no tecido ao redor da ferida;
• aumento do exsudato e piora do aspecto do mesmo;
• aumento da quantidade de tecido necrótico no leito da ferida
TRATAMENTO DE FERIDAS

 IMPORTANTE!!

 Fatores que podem retardar a cicatrização de uma ferida: ambiente seco, trauma,
nutrição inadequada, necrose, e idade avançada.

 O tratamento deve ser subsidiado pelas práticas de prevenção, assim como,


educação do paciente, família e cuidador.

 Eliminar fatores de risco


Escala de avaliação de cicatrização

Santos VLCG et al. Adaptação transcultural do pressure ulcer scale for Healing (push) para a língua portuguesaRev Latino-am Enfermagem 2005; 13(3):305-13.
IMPORTANTE – REGISTRO DE ENFERMAGEM
 REGISTRO DE ENFERMAGEM
 Localização anatômica
 Estagiamento (LP, LF, UD)
 Tamanho (comprimento, largura, profundidade)
 Exsudato (quantidade e característica)
 Descrição do leito da ferida
 Descrição da pele peri-ferida, bordas
 Presença de fístula e espaço morto
 Dor
IMPORTANTE - LP!!

 Não há estagiamento reverso


 Reavaliação:
 anotar as melhoras em relação às características: tamanho, profundidade, tecido necrótico,
exsudato

 Uma ferida limpa e com fluxo sanguíneo adequado deve mostrar melhora em 2 a 4 semanas

 Sinais de Piora:
• Aumento do exsudato ou edema
• Perda da granulação
• Surgimento de secreção purulenta
• Febre
IMPORTANTE!!
 A avaliação e a documentação do risco deve ser realizados já na admissão; o
uso do julgamento clínico do profissional assim como de instrumentos de
avaliação de risco precisam ser documentados.

 A documentação da ferida, quanto à sua localização e a descrição da


dimensão e aspecto dos tecidos, irá nortear a seleção do tratamento
adequado, que inclui a elimininação dos fatores de risco e o tipo de curativo
ou cobertura.

(Código de ética – cap III; Cofen 241/2000)


DOCUMENTAÇÃO
Etiologia: LP
Classificação: estágio 4
Localização: trocânter E
Dimensão: 4x3cm
Exsudato: média quantidade

Acervo pessoal de Strazzieri-Pulido


Leito: 40% de necrose de liquefação (esfacelo) e
frouxamente aderida; demais áreas granuladas
Bordas: regulares, aderidas e epitelizadas
Pele ao redor: íntegra
Sinais flogísticos: ausentes
DOCUMENTAÇÃO

Dor:
No momento da consulta: 2
Pior dor na última semana: 6
Na maior parte do tempo: 0
No momento do curativo: 4
Frequência: intermitente
Horário: logo após o curativo e
mudança de decúbito
Acervo pessoal de Strazzieri-Pulido
DOCUMENTAÇÃO – Anotação de enfermagem

Realizado curativo em lesão por pressão (LP) estágio 4 na região do trocânter E, medindo 4x3 cm. Ao
retirar o curativo anterior o mesmo apresentava-se com média quantidade de exsudato amarelado. A
LP apresenta-se com necrose de coagulação (esfacelo) em aproximadamente 40% da área total e o
restante da área com tecido de granulação. Apresenta bordas regulares e aderidas, pele peri-lesão
íntegra, sem sinais flogísticos. Foi realizado limpeza com SF 0,9% utilizando seringa de 20ml e agulha
40x12, aplicado solução de papaína gel 6% sobre a área de esfacelo, pomada de óxido de zinco nas
bordas, ocluído com gaze não aderente impregnada com vaselina, gazes e fixado com micropore.
Paciente referiu dor de intensidade 4 pela ENV durante a realização do curativo e foi medicado com
1g de dipirona IV cpm. Foi posicionado em decúbito dorsal com calcâneos elevados e cabeceira a
30º. Orientado sobre a mudança de decúbito a cada 2 horas e não ficar em decúbito lateral esquerdo.
Enfa Paula C Nogueira. Coren 94087.
SAE

• Quais os problemas de Enfermagem?

• Quais os diagnósticos de Enfermagem (DE)?

• Quais os resultados esperados? (NOC)

• Quais as intervenções de enfermagem a serem prescritas?


SAE

 Quais os DE? (NANDA 2018 – 2020)


• Integridade tissular prejudicada
Domínio 11 • Segurança/proteção; Classe 2 • Lesão física; Código do diagnóstico 0044
Definição
Dano em membrana mucosa, córnea, sistema tegumentar, fáscia
muscular, músculo, tendão, osso, cartilagem, cápsula articular e/ou
ligamento.
Características definidoras Fatores relacionados
• Área localizada quente ao toque • Conhecimento insuficiente sobre
manutenção da integridade tissular
• Dano tecidual
• Conhecimento insuficiente sobre proteção
• Dor aguda da integridade tissular
• Tecido destruído • Estado nutricional desequilibrado
Condições associadas • Umidade
• Alteração na sensibilidade
• Circulação prejudicada
• Mobilidade prejudicada
SAE – Prescrição de Enfermagem

Prescrição Horário
Realizar curativo na LP do trocânter E, 1 vez por dia, após o banho: 8
Realizar limpeza com SF 0,9% (seringa 20ml e agulha 40x12)
Secar as bordas da LP e secar delicadamente o leito
Aplicar pomada de óxido de zinco nas bordas para proteção
Aplicar papaína gel 6% na área de esfacelo e sobre a papaína colocar gaze não
aderente impregnada com vaselina (curatec)
Ocluir com gaze seca e fixar com micropore.
Avaliar e registrar: tamanho da LP (comprimento, largura e profundidade), 8
características do tecido, quantidade de exsudato, características da pele peri-lesão e
bordas, odor e intensidade da dor durante o curativo pela ENV.
Trocar o curativo secundário se necessário (excesso de umidade) s/n
Posicionar o paciente em decúbito lateral direito após o curativo 10
Sentar o paciente na poltrona 12
Posicionar o paciente no leito em decúbito lateral direito 14
SAE – Prescrição de Enfermagem

Prescrição Horário
Mudar o paciente de decúbito de 2/2 horas 8 10 12 14 16
Inspecionar a pele diariamente após o banho e em cada mudança de decúbito e registrar Atenção
presença de LP estágio 1 e quaisquer alterações cutâneas
Inspecionar e registrar aceitação alimentar e hídrica Atenção
Oferecer suplemento proteico-calórico nos intervalos das refeições e registrar aceitação
Aplicar creme hidratante (cold cream) em toda pele 1 x/dia após o banho e não 09
massagear proeminências ósseas
Manter calcâneos elevados quando posicionar o paciente em DD Atenção
Usar coxins entre as proeminências ósseas ao posicionar o paciente
Orientar diariamente paciente e cuidador quanto a necessidade de mudança de decúbito Atenção
e inspeção diária da pele
Técnica - Curativos
 Ferida crônica/Lesão aberta:
Materiais básicos:
• Pacote de curativo estéril ou luva estéril

• Luva de procedimentos

• SF 0.9%

• Seringa de 20 ml + agulha 40x12

• Cobertura específica escolhida

• Gazes

• Fita adesiva para fizar: Micropore, película transparente.


Técnica - Curativos Ferida crônica

Procedimento Procedimento
• Lavar as mãos. Reunir o material e levá-lo junto • Montar a pinça com gaze
ao paciente • Limpar a região ao redor da ferida com SF0.9%
• Explicar o procedimento, posicionar o paciente • Lavar o leito da ferida com grande qtde de SF
e expor somente a área afetada garantindo a
privacidade (em jato)
• Abrir o pacote de curativo • Remover o excesso de exsudato do leito da ferida
• Dispor as gazes, seringa e agulha sobre o com gaze embebida em SF, com movimentos
campo estéril circulares
• Umedecer o curativo anterior com SF e retirá-lo • Aplicar o cobertura escolhida
com a luva de procedimento ou com a pinça
dente de rato • Ocluir com gaze e micropore
• Descartar a luva ou separar a pinça dente de • Datar e assinar o curativo
rato das demais, higienizar as mãos com álcool • Acomodar o paciente, lavar as mãos e registrar o
gel procedimento
Técnica - Curativos
 Ferida cirúrgica/ ferida operatória:

 Função do curativo: proteger a lesão contra traumas nas primeiras 24 ou 48 horas e


deve ser mantido seco.

 Materiais básicos:
• Pacote de curativo estéril ou luva estéril
• Luva de procedimentos
• SF 0.9%
• Gazes
• Micropore
Técnica - Curativos Ferida cirúrgica

Procedimento Procedimento
• Montar a pinça com gaze
• Lavar as mãos
• Limpar a região ao redor da ferida com SF0.9%
• Reunir o material e levá-lo junto ao paciente
• Limpar a FO, utilizando as duas faces da gaze
• Explicar o procedimento
embebida em SF, em sentido único
• Posicionar o paciente e expor somente a • Limpar as regiões laterais da FO
área afetada garantindo a privacidade
• Secar o excesso de SF
• Abrir o pacote de curativo
• Cobrir a FO com gaze e micropore
• Dispor as gazes sobre o campo estéril
• Realizar a troca a cada 24h ou qdo úmido
• Umedecer o curativo anterior com SF e
• Assinar e datar o curativo
retirá-lo com a luva de procedimento
• Acomodar o pacte, lavar as mãos e registrar
• Descartar a luva, higienizar as mãos com
álcool gel
Observações !!
 Após realizar o curativo, proceder à desinfecção da bandeja com álcool a
70%

 Encaminhar o material de curativo para o expurgo

 Proteger a ferida durante o banho – para FO, após 48h não é necessário
realizar curativo oclusivo se não estiver saindo secreção, orientar o paciente a
lavar com água e sabão

 Para o registro do curativo, anotar toda avaliação realizada e o curativo


escolhido. Para FO registrar se presença de sinais de infecção, presença de
exsudato e complicações.
Complicações de FO

 Hemorragias
 Deiscência
 Infecção
 Sinus – exsudato drenado através de um ponto da incisão. Apresenta aspecto seroso
e acastanhado (ou sanguinolento). Causada por infecção ou materiais irritantes, como
fio cirúrgico.
 Fístula – canal comunicante existente entre duas vísceras ou entre uma víscera e a
superfície corporal. Está associada à infecções.
Considerações finais
 A identificação dos diversos tipos de feridas, em relação ao grau de acometimento
tecidual e presença de complicações, possibilita ao enfermeiro realizar uma
avaliação criteriosa fazendo uso do raciocínio clínico para tomada de decisão
clínica quanto a escolha do tratamento e os tipos de curativos mais indicados,
evitando assim desperdício de material, iatrogenias e demais complicações para o
paciente.

 Considerar as especificidades de cada ferida. O controle dos fatores contribuintes


para o desenvolvimento da lesão favorece a cicatrização ou restauração da
integridade da pele prejudicada, que deve ser a meta do planejamento da
assistência de enfermagem.
Considerações finais
 Ressalta-se que devemos considerar além da terapia tópica propriamente dita,
a condição geral do paciente –doença de base, comorbidades, estado
hemodinâmico, nível de instrução.

 Orientação aos Cuidadores


Prevenção
Endereços eletrônicos
 http://www.ahrq.gov/
 http://www.npuap.org/

 http://www.epuap.org/

 http://www.wocn.org/

 www.internationalguideline.com

 www.eerp.usp.br/feridascronicas

 www.sobest.org.br
REFERÊNCIAS
BEECKMAN, D., et al. Best practice recommendations for holistic strategies to promote and maintain skin integrity. Wounds
International. 2020. Available online at
www.woundsinternational.com

Conselho Regional de Enfermagem (PE). Parecer n°016/2010, 07/07/2010: Solicitação de parecer quanto ao
desbridamento de feridas por Profissionais de Enfermagem. Recife. COREN-PE, 2010. Disponível em:
http://www.corenpe.com.br

Gamba, M.A; Petri, V.; et al. Feridas - Prevenção, Causas e Tratamento. Grupo Gen Santos Editores. ISBN:
9788527729383, 2016.

European Pressure Ulcer Advisory Panel, National Pressure Injury Advisory Panel and Pan Pacific Pressure Injury Alliance.
Prevenção e tratamento de úlceras/lesões por pressão: guia de consulta rápida. (edição em português brasileiro). Emily
Haesler(Ed.). EPUAP/NPIAP/PPPIA: 2019.
REFERÊNCIAS
Gonçalves MBB, Rabeh SAN, Nogueira PC. Terapia tópica para ferida crônica: recomendações para a prática baseada
em evidências. Estima (Sociedade Brasileira de Estomaterapia). 2014, 12:42-49.

LeBlanc K et al. Prevenção e gerenciamento do cuidado de lesões por fricção em pele envelhecida: recomendações de
melhores práticas. Wounds International 2018. Available to download from www.woundsinternational.com

Oliveira SHS, Soares MJGO, Rocha PS. Uso de cobertura com colágeno e aloe vera no tratamento de ferida isquêmica:
estudo de caso. Rev. esc. enferm. USP [serial on the Internet]. 2010 June [cited 2014 Oct 02] ; 44( 2 ): 346-351.
Available from: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0080-62342010000200015&lng=en.
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342010000200015.

Oliveira, E.L.S. Prevalência e fatores associados de lesão de pele relacionada a adesivos médicos em pacientes críticos:
estudo multicêntrico [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; 2020. Disponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-01032021-101951/pt-br.php

Santos, R.S.C.S. Prevalência e fatores associados à lesão por fricção em pacientes de terapia intensiva: um estudo
multicêntrico [dissertação]. São Paulo: Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo; 2020. Diponível em:
https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/7/7139/tde-25022021-103036/pt-br.php
REFERÊNCIAS
Wound, Ostomy, and Continence Nurses Society (WOCN). Guideline for management of wounds in patients with lower-
extremity neuropathic disease. Glenview (IL): Wound, Ostomy, and Continence Nurses Society (WOCN); 2004.

Wound, Ostomy, and Continence Nurses Society (WOCN). Guideline for management of wounds in patients with lower-
extremity venous disease. Glenview (IL): Wound, Ostomy, and Continence Nurses Society (WOCN); 2005.

Wound, Ostomy, and Continence Nurses Society (WOCN). Guideline for prevention and management of pressure
ulcers. Glenview (IL): Wound, Ostomy, and Continence Nurses Society (WOCN), 2010.
Muito obrigada!!
pcnogueira@usp.br

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