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PREPARATÓRIO CONCURSO RAPS – FORTALEZA 2018

COTROLE SOCIAL

ESPECIALIDADE: SERVIÇO SOCIAL

Profª. Nina Girão

Introdução e Referencial Teórico

Tendo na sociologia a origem na expressão controle social, principalmente utilizada para


definir os mecanismos de ordem social, aqueles responsáveis por disciplinar a sociedade,
fazendo com que os sujeitos tenham determinados princípios morais e adotem padrões sociais.
De forma que certas regras e preceitos sejam aprovados e adotados.
“conjunto de métodos pelos quais a sociedade influencia o comportamento humano, tendo em vista manter
determinada ordem”. Mannheim (1971, p. 178)

A expressão controle social pode ser duplamente interpretada segundo a teoria política,
podendo assumir sentidos distintos das Na teoria política, o significado de controle social é
ambíguo, podendo ser concebido em sentidos diferentes a partir de diferentes visões de Estado
e de sociedade civil. Assim pode representar o controle exercido pelo Estado sobre a sociedade,
como do controle exercido pela sociedade, ou no caso do controle social da saúde por
movimentos sociais, sociedade civil organizada, ONG’s entre outras que agem coletivamente
sobre as ações do Estado.
Diante desses aspectos, Mannheim deixa claro que a garantia da soberania popular está
diretamente ligada ao controle social exercido pela população sobre o Estado.
De acordo com Iamamoto & Carvalho e para outros autores de linha marxistas, dentro da
economia capitalista, o Estado além de impor regras e comportamentos padrão, atua
diretamente através da sua intervenção na implementação de políticas sociais visando a
manutenção da ordem social, atuando sobre os conflitos sociais que emergem reprodução do
capital. Tendo como objetivo principal atuar em prol dos interesses das classes dominantes.
“a burguesia tem no Estado, enquanto órgão de dominação de classe por excelência, o
aparato privilegiado no exercício do controle social” (Iamamoto & Carvalho, 1988, p. 108).
Partindo de uma análise Gramsciana, devemos considerar que não há oposição entre Estado
e Sociedade, mas sim o estabelecimento uma relação orgânica entre as mesmas, visto que as
disputas são travadas entre as classes sociais, que competem pela hegemonia tanto no Estado
como na sociedade civil. Diante desse processo, podemos afirmar de acordo com Coutinho,
2002, que o controle social se dá através de uma forma contraditória, podendo ser exercido por
diferentes classes sociais. Dessa forma, para determinar qual classe exerce o controle social
sobre a sociedade, faz-se necessária uma análise das correlações de forças exercidas por elas
em determinado período histórico.
O controle social exercido pelas classes subalternas se faz a partir da formação de consensos
dentro da sociedade civil direcionado ao seu projeto de classe, quando essas classes unidas
passam a ser protagonistas da história, em luta pela superação dos modelos comportamentais
impostos. Devem adotar a tática de controle das ações do Estado, objetivando a incorporação
de seus interesses na mesma intensidade que vem representando e atendendo aos anseios da
classe dominante. Nessa perspectiva torna-se primordial a sociedade civil organizada
desempenhar seu papel representativo perante a gestão das políticas públicas, interferindo e
norteando as ações e gastos do Estado, no sentido de dar resposta aos interesses e as demandas
das classes a que representam, contribuindo no seu processo hegemônico.
Tendo como referência o estudo de Bravo e Souza (2002) que destaca quatro principais
posicionamentos teórico político dos estudos relacionados ao controle social, podemos elencar
os relacionados as teorias de Gramsci, anteriormente citado, os neo-habermasianos que
apontam os conselhos como lugar de formulação de consensos, onde diferentes opiniões devem
ser discutidas e unificadas e pactuadas, de acordo com as teorias de Habermas. Outro
posicionamento teórico parte da análise de Estado e as instituições como aparelhos de
repressão das classes dominantes advinda da visão estruturalista althusseriana do marxismo,
que parte da negativa da historicidade e desconsidera a dimensão objetiva do real. Por último,
os estudos que questionam a democracia participativa, elegendo como modelo único a
democracia representativa, sendo esses de tendência neoconservadora.
No Brasil, as discussões e práticas há cerca da expressão controle social tiveram sua ascensão
maior durante o período da Ditadura Militar, sendo exercido por um Estado autoritário por meio
da repressão, o que implicava na total falta de diálogo entre os setores da sociedade e o Estado,
que agiu para coibir e tornar ilegal os movimentos sociais e diversas formar de organização
social, bem como a liberdade de expressão inclusive individual quando instituída a lei da
censura. Sendo essa a maneira adotada pelas classes dominantes para proporcionar o
crescimento do capitalismo monopolista no país, e exercer o controle social.
Ainda segundo Coutinho, em contrapartida as relações de poder estabelecidas pelo governo
vigente, aflorou de forma acelerada o combate ao autoritarismo imposto e as lutas por
democracia como emerge uma intensiva busca por mudanças no âmbito das políticas públicas.
O que é caracterizado como uma pseudodicotomia na relação Estado e sociedade civil, além de
uma pseudo-homogenização desta última, onde se é tratada como composta apenas pelas
classes subalternas e por progressistas. Sendo a partir dessas premissas o uso corriqueiro da
expressão controle social como a necessidade de regulação da sociedade civil sobre o Estado.
Na década de 80 retomamos o debate a respeito da participação social, fruto do período de
grande efervescência política e do processo de democratização da nação, novamente com o
entendimento de que cabe aos setores organizados da sociedade civil exercer o controle social
sobre o Estado. Começa a se tecer os moldes para a participação social no que cerne a
formulação, acompanhamento da execução e financiamento das políticas públicas por parte do
Estado, como forma de garantir os interesses da coletividade.
A participação social e o controle social foram instituídas na área da saúde de forma pioneira,
desde a 8ª Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, a primeira que contou com a
participação dos movimentos sociais e usuários, e que trouxe em um de seus eixos de trabalho
o debate sobre o controle social. Sendo esta conferência um momento fruto dos embates
travados pelo Movimento de Reforma Sanitária que cominou na criação do SUS a partir da
Constituição de 1988.
Diversos autores brasileiros analisam o Controle Social no SUS, e discorrem sobre a
importância da inserção desses atores no processo de construção de uma política de saúde
democrática.

“o conjunto de intervenções que as diferentes forças sociais realizam para influenciar a formulação, a execução
e a avaliação das políticas públicas para o setor saúde” (Machado, 1987, p. 299)

“controle social é expressão de uso recente e corresponde a uma moderna compreensão de relação Estado-
sociedade, onde a esta cabe estabelecer práticas de vigilância e controle sobre aquele” Carvalho (1995, p. 8)

“ao longo de décadas, os governos submeteram os objetivos de sua ação aos interesses particulares de alguns
grupos dominantes, sem qualquer compromisso com o interesse da coletividade” (Barros, 1998, p. 31).

Tendo como base o aparado teórico de Gramsci, Abreu (1999) nos traz a categoria de Estado
ampliado onde analisa a relação orgânica entre sociedade civil e sociedade política, levantando
a discussão sobre o caráter político dos conselhos de direitos que em sua conjuntura atual,
levando em consideração as transformações das correlações de força, se aproximam mais do
controle do capital do que com a luta da classe trabalhadora.
Já outro pesquisadora de base Gramsciana, Correia (2002), diz que através das políticas
sociais o Estado exerce seu controle sobre a sociedade, ao mesmo tempo em que acolhe
algumas de suas demandas, o que torna o campo dessas políticas contraditório. E entende o
controle social como o mecanismo de força utilizado pelos movimentos sociais emergentes da
sociedade civil para intervir na gestão pública, norteando o financiamento e as ações
desenvolvidas pelo Estado para ir de encontro com as necessidades da população.
Assim, em meio a diferentes referenciais teóricos, ressaltamos o consenso existente entre as
distintas análises que tratam das relações de Estado e sociedade civil, colocando os conselhos
como instancias participativas, fruto dos embates travados no Brasil em prol da democracia.
Salientamos que os conselhos e conferências configuram fundamentais mecanismos dentro
do processo de gestão participativa, mas que não são os únicos meios de participação social e
garantia de direitos. Podemos também destacar, a atuação do ministério público, a Promotoria
dos Direitos do Consumidor (Procon), os conselhos profissionais, além das comissões setoriais
do Congresso Nacional, das Assembléias Leegislativas e das Câmaras de Vereadores. Ao mesmo
tempo em que podemos nos utilizar dos meios de comunicação como ferramentas de denúncia
e mobilização social.

CONFERÊNCIA DE SAÚDE » (Convocada a cada 4 anos)

» Representatividade: - Gestores e Prestadores de Serviço. 25%


(PARIDADE) - Profissionais de Saúde. 25%
- Usuários. 50%

Nas Conferência há ampla participação da sociedade, mas


somente os delegados tem poder de voto.

» Finalidade: 1- Avaliar a situação de saúde. (Relatório de Gestão)


2- Propor diretrizes para a formulação da política de saúde.

» Condução: Regra – Convocada a cada 4 anos pelo poder executivo. (Ordinária)


Exceção - 1 – Convocada pela própria conferência.
- 2 – Convocada pelo Conselho de Saúde. (Extraordinária)

CONSELHOS DE SAÚDE » (Caráter permanente e deliberativo)

» Órgão Colegiado Representativo: - Gestores e Prestadores de Serviço. 25%


(PARIDADE) - Profissionais de Saúde. 25%
- Usuários. 50%

» Finalidade: 1 – Formulação de estratégias de execução da política e diretrizes de saúde.


2 – Controle e fiscalização da execução da política e diretrizes de saúde.

CARÁTER DELIBERATIVO: As decisões tomadas em plenária dos conselhos de saúde,


devem ser homologadas pelos chefes de poder legalmente constituído em cada esfera
de governo, através das resoluções. Devidamente publicadas em diário oficial.

CARÁTER PARITÁRIO: A representação dos Usuários será paritária aos demais


seguimentos, ou seja, 50% da representação nos Conselhos de Saúde deve ser de
Usuários. Os outros 50% serão igualmente representados pelos demais seguimentos,
ou seja, 25% de Profissionais de Saúde e 25% de Gestores e Prestadores de serviço.

Cada Conselho de Saúde deve ter seu regimento interno (devidamente discutido e
aprovado em plenária do mesmo), homologada e publicada em diário oficial.

As Conferências de Saúde terão sua organização e funcionamento previstos em


regimento, devidamente discutido e aprovado na mesma. (1º Momento da
Conferência)

A alocação dos recursos do Fundo Nacional de Saúde – FNS, sendo esse o maior
responsável pelo investimento e custeio na área da saúde. O financiamento federal
das ações e serviços de saúde serão repassados fundo a fundo de aos municípios,
estados e distrito federal. Esse repasse é condicionado a implantação e pleno
funcionamento dos Conselhos de Saúde.

 Conferências Nacionais de Saúde Mental.

O principal precursor da participação na saúde mental é o Movimento de Reforma


Psiquiátrica. Este movimento surge na esteira dos movimentos de restauração democrática no
Brasil na década de 1970, e tem como particularidade a luta pela cidadania dos sujeitos
obrigatoriamente tutelados em asilos psiquiátricos, os loucos (Tenório, 2002).
O Movimento de Reforma Psiquiátrica tem seus ideais expressos na I Conferência
Nacional de Saúde Mental, em 1987 que foi um desdobramento da VIII Conferência Nacional
de Saúde. Os temas discutidos neste evento foram: Economia, Sociedade e Estado: impactos
sobre saúde e doença mental; Reforma Sanitária e reorganização da assistência à saúde mental;
Cidadania e doença mental: direitos, deveres e legislação do doente mental (Brasil, 1988).
O Relatório Final explicita a discussão sobre as implicações sócio-político e econômicas
que resultaram em uma sociedade desigual, marcada pela precariedade das condições
materiais de vida da maioria da população. Este contexto influenciou as políticas adotadas pelo
Estado na área da saúde mental, situando-a no bojo da luta de classes, já que as ações tomadas
consistem na classificação e exclusão dos incapacitados para a produção e para o convívio
social. Assim, é proposta a adoção do conceito ampliado de saúde, para orientar as diversas
políticas sociais, conforme a Reforma Sanitária. Ainda apresenta a discussão sobre cidadania e
doença mental, direitos deveres e legislação do doente mental. Propõe o reordenamento
jurídico com mudanças no Código Civil, Código Penal, legislação sanitária e trabalhista, visando
garantir a cidadania do louco conforme o paradigma defendido pelo Movimento de Reforma
Psiquiátrica (BRASIL,1988).
Através do Relatório Final desta Conferência pode-se perceber os pontos de
convergência entre o projeto do Movimento de Reforma Sanitária e do Movimento de Reforma
Psiquiátrica, que tratam a saúde a partir de um paradigma que visa à transformação da
sociedade, reconhecendo que os interesses de classe perpassam a saúde de forma
contundente, que a sociedade brasileira é desigual e fazem uma ampla defesa pela oferta de
serviços públicos de saúde pelo Estado.
Em meio ao debate para a regulamentação do Projeto de Lei do deputado Paulo
Delgado e da implementação do SUS, durante a IX Conferência Nacional de Saúde é convocada
a II Conferência Nacional de Saúde Mental em 1992. Durante a II Conferência Nacional de Saúde
Mental as proposições centraram-se nos seguintes 3 temas: rede de atenção em Saúde Mental;
transformação e cumprimento de leis; direito à atenção e direito à cidadania. O Relatório Final
desta Conferência foi publicado e tornou-se diretriz oficial para a reestruturação da saúde
mental. É a partir deste documento que os marcos conceituais Atenção Integral e cidadania são
estabelecidos, o que referenciou os direitos, a legislação e o modelo de atenção municipalizada
(TENÓRIO, 2002).
O Relatório propõe também, a implementação de um conjunto de dispositivos
sanitários e socioculturais que partam de uma visão integrada das dimensões da vida do
indivíduo, nos diferentes espaços de intervenção e que rompam o modelo hospitalocentrico.
O plenário propôs a municipalização da assistência em saúde, a implementação dos Conselhos
de Saúde paritários, o reconhecimento dos recursos informais (família, comunidade), a
capacitação dos profissionais. Recomenda a adoção do conceito de território, investigações
epidemiológicas e sócio-antropológicas, com vista a possibilitar modelos que respeitem as
realidades locais.
O Relatório exige o cumprimento da Lei Orgânica da Saúde (Lei 8080/90) e a sua
complementação (Lei 8142/90), e ressalta a necessidade de se regulamentar o artigo 35 da Lei
8.080/90 que dispõe sobre o estabelecimento de valores a serem transferidos a Estados e
Municípios. O Relatório propõe que um percentual mínimo de 3% dos orçamentos municipais
sejam destinados para a área da saúde mental. No capitulo final é apresentado a Carta de
Direitos dos Usuários do Brasil, aprovada como pacto entre as entidades civis, movimentos
sociais e associações implicadas.
A III Conferência Nacional de Saúde Mental ocorreu em 2001 e teve como Tema
“Cuidar, sim. Excluir, não. – Efetivando a Reforma Psiquiátrica com acesso, qualidade,
humanização e controle social”. Os debates se organizaram através dos subtemas:
financiamento; recursos humanos; controle social, acessibilidade; direitos e cidadania.
O Relatório Final reafirma a importância do controle social para garantir a continuidade
da Reforma Psiquiátrica brasileira, através dos mecanismos institucionalizados e de outros
mecanismos, com a perspectiva de participar de uma ação de acompanhamento e da
construção das políticas estaduais e nacional de saúde mental. O documento reforça a natureza
dos Conselhos, enquanto órgãos de regulação do SUS, e que, portanto, devem lutar em defesa
deste, na busca pela efetivação da política de Saúde Mental, exercendo o seu papel de controle
e fiscalização das políticas públicas, inclusive do orçamento e da destinação de verbas a todos
os níveis da saúde mental com transparência no processo. O Relatório indica que cabe ao
Conselho Nacional de Saúde conjuntamente com a Comissão de Saúde Mental à gestão junto
aos Conselhos Municipais e Estaduais incentivando a implantação da Reforma Psiquiátrica. O
documento propõe também a criação de Comissões de Saúde Mental Estaduais e Municipais,
paritárias. (BRASIL, 2002). É proposto no Relatório também a criação de Conselhos Gestores a
serem instituídos em todos os serviços de saúde, inclusive de saúde mental, de composição
paritária, garantindo assento para familiares e usuários.
A IV Conferência Nacional de Saúde Mental - Intersetorial aconteceu em Brasília no ano
2010, contou com a presença de 1200 delegados, 102 observadores e 200 convidados. Os
debates dividiram-se entre os eixos:

a) políticas sociais e políticas de Estado: pactuar caminhos intersetoriais;


b) consolidar a Rede de Atenção Psicossocial e fortalecer os movimentos sociais;
c) Direitos Humanos e cidadania como desafio ético e intersetorial.

O Relatório Final desta Conferência é consideravelmente mais extenso do que os


Relatórios anteriores, em vários pontos são reafirmadas proposições das outras Conferências
com propostas que tentam subsidiar a implementação das reivindicações que não se
efetivaram nos processos anteriores. O Relatório aborda várias áreas como a organização e
consolidação da rede, financiamento, gestão de trabalho em saúde mental, política de
assistência farmacêutica, gestão de informação, gestão intersetorial, políticas sociais,
formação, educação permanente e pesquisa em saúde mental. Esta diversidade de questões
pode explicitar que os envolvidos na plenária reconhecem a multiplicidade de fatores que
envolvem a saúde, o que está de acordo com o conceito ampliado de saúde, que reconhece a
importância dos determinantes sociais. Assim, o documento reforça a importância da Reforma
Sanitária. Mas a diversidade de propostas (1021) pode revelar também a fragmentação dos
diferentes sujeitos sociais envolvidos no processo, que tem dificuldades de articular as suas
reivindicações em um contexto maior em torno dos fundamentos da Reforma Psiquiátrica.
Desta forma o documento ao detalhar em demasia as propostas perde a objetividade e
desconfiamos que deixa de dar a direção política da saúde mental.
Há uma inovação referente à participação expressa na IV Conferência Nacional de
Saúde Mental, em que é proposta a capacitação para o exercício do controle social, que
contemplem a temática de saúde mental, a serem feitas em parceria com as universidades. Há
também o incentivo a divulgação dos espaços de participação para que os usuários e seus
familiares conheçam os seus direitos e a política de saúde mental. É também reiterada à
importância da participação nestes espaços por profissionais de saúde mental e dos outros
atores que compõem esta rede como os movimentos sociais, sindicatos, entre outros.
As quatro Conferências Nacionais de Saúde Mental foram fundamentais eventos de
ampla participação social nos últimos 20 anos na área da saúde mental. Os representantes do
seguimento de usuários desta área, assim como os trabalhadores e intelectuais tem tido
inserção significativa nos espaços gerais de participação social da saúde como nos Conselhos e
Conferencias de Saúde nos âmbitos municipal, estadual e nacional. Para além dos espaços
institucionalizados de participação dos representantes da saúde mental junto a gestão, pode-
se considerar que a área da saúde mental, no âmbito da saúde pública, é uma das áreas com
grande representação de associações e organizações de seus usuários, familiares e
trabalhadores.

QUESTÕES:
01- Correa (2006) sustenta que a temática do controle social tomou vulto no Brasil a partir do
processo de democratização na década de 80 e, principalmente, com a institucionalização dos
mecanismos de participação nas políticas públicas na Constituição de 1988. A autora afirma
que foi pioneira neste processo a seguinte área:
2013 - CEPERJ - SEPLAG-RJ

a) da assistência social
b) da saúde

c) da criança e do adolescente

d) do idoso

e) da Previdência Social

02 - O controle social ganhou força no Brasil no contexto das reformas durante a década de
1980.
2014 - FGV - SUSAM

A esse respeito, analise as afirmativas a seguir.

I. O controle social consiste unicamente no acompanhamento das ações sociais


desenvolvidas pela sociedade civil.
II. O campo da saúde foi o último a aderir a esse processo, em função da influência
conservadora da reforma sanitária.
III.O processo de controle social expressa os interesses das classes sociais, seus verdadeiros
sujeitos e protagonistas.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.


b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

03 - A ampliação dos processos democráticos e do controle social nas políticas tem sua
emergência institucional com a Constituição Federal de 1988 que prescreve a participação da
sociedade na gestão das políticas públicas. Entre os pressupostos centrais dos conselhos
gestores pode-se destacar:
2012 - FCC - TRT 6ª Região

A. A constituição de espaços democráticos que busquem, sobretudo, o alargamento da


democracia, a construção da cidadania e com isso possibilite tanto o exercício do controle
social quanto a absorção das demandas da sociedade.
B. A existência de uma larga distância entre a formulação dos conselhos e o controle social,
pois estes são erigidos, na maioria das vezes, por instituições prestadoras de serviços às quais
têm intrínseca relação de dependência com o Estado.
C. A constituição de espaços democráticos fundados na diretriz da descentralização
administrativa, cujo sucesso depende da sua capacidade de compreender em detalhes os
meandros do poder público, nesta linha não se trata de uma composição política, mas sim
técnico/gerencial.
D. O caráter deliberativo dos conselhos e a impossibilidade de exercerem esta função, dada a
sobreposição de atribuições entre o papel de controle exercido pelas instâncias legislativas que
têm a função precípua de exercer o controle sobre a instância executiva do Estado.
E. A presença de mecanismos de participação consultivos, dada sua característica de
acompanhamento dos governos locais e o treino para o controle e captação das demandas da
sociedade.
04 - O estabelecimento de mecanismos institucionais para o exercício do controle social foi
conquistado pelo processo vivenciado no Brasil que culminou na Constituição Federal de 1988.
Essa forma de controle social pode ser compreendida como:
2012 - FCC - MPE/PE

A. Uma estratégia estabelecida pela elite para a reprodução social, bem como o estímulo à
subalternidade dos cidadãos e cidadãs.
B. Estabelecimento de mecanismo de representação destinado à manutenção da ordem e do
status quo.
C. O cumprimento do papel das polícias e dos tribunais que possuem essa atribuição,
exercendo-se de forma vertical e centralizada.
D. Filiada a um modelo de democracia direta e participativa.
E. Influência que o governo exerce na formação da agenda comunitária para determinada
área.

05 - Nos últimos anos, o Brasil assistiu o aumento significativo da criação de conselhos de


políticas sociais setoriais que trazem uma marca de democratização da gestão Pública.
Constituem desafios para essa instância participativa.
2012 - FCC - MPE/AP

A. Tornar-se cada vez mais conselhos consultivos, na medida em que guardam em sua
composição diferentes segmentos populacionais, e excluir a responsabilização do Estado.
B. Superar a participação dos conselhos apenas como espaços de melhoria gerencial do
Estado, e reconstruir os princípios de uma sociedade mais democrática com a
responsabilização do Estado.
C. Modificar suas leis, sucumbindo a modalidade de conselhos por políticas públicas setoriais,
e criar conselhos de desenvolvimento social e econômico.
D. Ampliar sua capacidade de participação e executar ações em parceria com o Estado para
que a desigualdade social possa ser superada.
E. Ampliar a participação dos membros governamentais, sobretudo na função de presidentes
dos referidos conselhos, e torná- los corresponsáveis pela operação das suas deliberações.

06 - A Conferência Nacional de Saúde, precedida por conferências municipais e estaduais, é o


espaço mais importante do mecanismo de participação social na área, e tem por objetivo:
MP-SE- FCC (2009)
a) incentivar a participação comunitária, abordando questões do debate do movimento
sanitário e avaliando as ações em âmbito regional.
b) acompanhar a universalidade das ações e a descentralização com controle social.
c) compreender que saúde é um direito de todos e um dever do Estado, deliberando sobre
assistências eletivas.
d) integrar os serviços de saúde de forma regionalizada e hierárquica, constituindo um
sistema único e formular políticas de saúde.
e) avaliar a situação de saúde e propor diretrizes para a formulação da política no setor.

07 - Os Conselhos de Saúde são colegiados autônomos com papel importante na


universalização dos direitos sociais. As opções a seguir apresentam características desses
órgãos, à exceção de uma. Assinale-a.
2014 – FGV – SUSAM

a) São espaços paritários que discutem, elaboram e fiscalizam as políticas sociais.


b) Têm como base a concepção de participação popular e de cidadania.
c) Exercem o controle social, entendido como controle do Estado de Direito.
d) São estruturados em três níveis de governo: o federal, o estadual e o municipal.
e) Possuem autoridade política e influenciam as deliberações do Poder Executivo.

08 - Um dos eixos estruturantes das políticas públicas brasileiras, a partir da Constituição


Federal de 1988, é a descentralização político-administrativa que garante a participação
popular em seu processo de execução. Qual nome se dá a essa participação?
2017 - UFMT - UFSBA

a) Desenvolvimento Social
b) Gestão Social
c) Controle Social
d) Proteção Social

09 - O controle social é um importante instrumento para o processo de gestão de políticas


públicas. Este instituto de participação social nos processos de formulação e gestão de políticas
governamentais é recente no Brasil. Sua inscrição, como orientação ao processo de gestão
pública, está contemplada no Título da Ordem Social da Constituição brasileira em vigor. O
debate teórico sobre o controle social contempla abordagens que o enquadram em três
diferentes paradigmas democráticos: a democracia direta, a democracia participativa e a
democracia deliberativa. Assinale, a seguir, a alternativa que corresponde ao principal
argumento que inscreve o controle social no paradigma da democracia participativa:
2018 – FADESP - BANPARÁ

a) os instrumentos de controle social estruturam-se em torno de sujeitos coletivos.


b) as instâncias de controle social valorizam a participação dos indivíduos.
c) as arenas de controle social são espaços para a confrontação de projetos.
d) os instrumentos de controle social instituem novos espaços para a participação do eleitor.
e) o controle social é um instituto para o exercício da cooperação social e política.

10 - A institucionalização dos mecanismos de controle social na gestão das políticas sociais tem
como objetivo garantir:
2014 - FGV - DPE-RJ

a) o empoderamento da administração pública e da sociedade diante dos cortes frequentes


de recursos financeiros para a área social.
b) a voz e a interferência dos usuários nos rumos dos programas sociais desde a sua
formulação.
c) a horizontalização das relações sociais por meio do funcionamento de entidades colegiadas
compostas por usuários, profissionais e órgão de controle.
d) a participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das
políticas e no controle das ações em todos os níveis governamentais.
e) o aprofundamento da democratização e da transparência da ação governamental, tendo
em vista garantir a governabilidade.

11 - O estabelecimento de mecanismos institucionais para o exercício do controle social foi


conquistado pelo processo vivenciado no Brasil que culminou na Constituição Federal de 1988.
Essa forma de controle social pode ser compreendida como:
2012 - FCC - MPE-PE

a) uma estratégia estabelecida pela elite para a reprodução social, bem como o estímulo à
subalternidade dos cidadãos e cidadãs.
b) estabelecimento de mecanismo de representação destinado à manutenção da ordem e do
status quo.
c) o cumprimento do papel das polícias e dos tribunais que possuem essa atribuição,
exercendo-se de forma vertical e centralizada.
d) filiada a um modelo de democracia direta e participativa.
e) influência que o governo exerce na formação da agenda comunitária para determinada
área.

12 - O processo constituinte e a promulgação da Constituição Federal de 1988, introduziram


importantes avanços capazes de fortalecer o controle social que pode ser compreendido como:
2010 - FCC - TJ-PI

a) controle do Estado ou do movimento social sobre as massas.


b) desenvolvimento de estratégias e ações de coação social sobre as decisões da população.
c) participação da população na elaboração, implementação e fiscalização das políticas sociais.
d) mobilização da sociedade civil para assumir ações emergenciais nas situações de
calamidade pública.
e) organização da sociedade civil em redes sociais para execução de políticas sociais.

GABARITO
01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12
B C A D B E A C A D D C

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