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Roteiro 1

Leitura e práticas letradas

Objetivos

➔ Compreender as práticas de letramento como instrumentos para a


apropriação progressiva das habilidades de leitura e escrita.
➔ Compreender que a apropriação das práticas de leitura é heterogênea,
seja em relação ao grau de letramento do grupo familiar, seja em relação
às condições dos indivíduos que as constituem.
➔ Organizar grupos produtivos interativos como estratégia de
aprendizagem.

Momento 1 – Tematização da prática (no máximo 10 minutos)

Algumas provocações...
• Para você, o que são práticas letradas?
• Com relação a seus alunos, que práticas letradas cotidianas você
reconhece em suas participações nas aulas?
• Que práticas letradas são desenvolvidas nas aulas de sua disciplina?

Prezado professor coordenador, os objetivos acima estão voltados para a reflexão


sobre a diferença entre considerar a preparação dos conteúdos e procedimentos
para o desenvolvimento das práticas de leitura e escrita a partir da
ideia/expectativa de atuar com turmas homogêneas, em oposição a atuar com
turmas “reais”, sempre heterogêneas.

A reflexão a seguir é proposta para todos os professores, de todas as disciplinas.


Isto porque as práticas de leitura são realizadas em todas elas, porém nem sempre
essas práticas são sustentadas pelo ensino da leitura dos gêneros que circulam nas
diferentes áreas do conhecimento. Ensinar como se lê uma comanda para a

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realização de uma expressão algébrica em Matemática, por exemplo, é muito
diferente de ensinar a ler imagens nas aulas de Arte etc.

Momento 2 – Leitura e discussão (cerca de 30 minutos)

Práticas de letramento
Segundo Magda Soares, em seu livro Letramento: um tema em três gêneros1, a
palavra letramento é “[...] o resultado da ação de aprender a ler e escrever: o
estado ou condição que adquiriu um grupo social ou um indivíduo como
consequência de ter se apropriado da escrita.”

Segundo a autora, o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita está


associado às práticas letradas cotidianas, dentro e fora da escola. Sobre esse
tema, Magda afirma: “Para responder às novas necessidades sociais (que exigem
um aprendizado de diferentes práticas de leitura e escrita muito além da
decodificação do sistema de escrita alfabético) e compreender o motivo pelo qual
a escola (principal agência de letramento) não consegue oportunizar ao sujeito o
aprendizado das práticas culturais letradas de prestígio social, o conceito de
letramento constitui auxílio para a compreensão dessas questões de ensino-
aprendizagem da linguagem no meio escolar.”

Assim, o grupo social ao qual o indivíduo pertence pode valorizar mais ou menos
o processo de apropriação da leitura e da escrita. E, para a autora, quanto mais
acessíveis forem as práticas letradas apresentadas pelos adultos às crianças,
mais elas terão elementos para considerar relevante a apropriação da leitura
para sua vida. O inverso também é verdadeiro, isto é, caso os adultos presentes
no cotidiano infantil não tenham tido acesso a práticas de letramento,
provavelmente as crianças que com eles convivem terão menores condições de
apropriar-se delas.

1 SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.

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No entanto, o modo de apropriação varia não só em relação ao convívio familiar
maior ou menor com diferentes gêneros de texto, mas a diferentes outros
“agentes provocadores” que podem instigar mais ou menos diferentes crianças.

A expressão “menores condições”, por exemplo, não significa ausência de


condições, uma vez que as relações com a escrita podem instigar leitores
iniciantes ao deparar-se com textos escritos nos meios de comunicação como TV
e internet, nas práticas escolares, nas placas com nomes de rua ou outdoors
publicitários etc. Isso porque a escrita nos provoca continuamente, nos incentiva
a decifrá-la.

Um segundo ponto para reflexão é que o modo de apropriação dessas práticas


varia não somente em relação ao convívio familiar maior ou menor com
diferentes gêneros textuais, mas a diferentes outros “agentes provocadores” que
podem instigar mais ou menos diferentes crianças. Assim, não há
homogeneidade nas práticas sociais de letramento, nem no grau de apropriação
que os indivíduos fazem dela. Mesmo em grupos de adultos com maior grau de
letramento, as crianças apresentam desempenhos variáveis ao longo da
apropriação das habilidades de leitura. São comuns as conversas de pais
semelhantes ao diálogo que se segue: “Ah, o Fernandinho está demorando mais
para alfabetizar-se do que a Isabela. E nem acho que a responsabilidade é da
professora dele, mas é que ele gosta mesmo é das brincadeiras e dos desenhos da
TV, não tem paciência quando leio uma história para os dois.”

Portanto, em qualquer condição social, a heterogeneidade ao longo do processo


de apropriação das práticas letradas, familiares ou escolares, aparecerá. O que
costuma acontecer, porém, é que nas famílias com maior poder aquisitivo, o
aluno que apresenta defasagem na leitura em relação ao seu grupo de escola,
recebe atenção particular, seja para aulas de Língua Portuguesa, seja para as
leituras de gêneros textuais de outras disciplinas.

Outro desafio em relação ao processo de apropriação de práticas de leitura


ocorre quando adolescentes e jovens se inserem no mundo do trabalho e ao

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envolverem-se com esse mundo, nas atuais condições de produção de bens e
serviços, esses adolescentes e jovens com menor grau de apropriação das
habilidades possibilitadas por suas práticas de letramento podem ser instados a
buscar meios para se apropriarem, por exemplo, da fluência em leitura de
gêneros textuais que circulam na área em que se inserem.

Depois desta leitura, reflitam em grupo sobre as questões a seguir:


• Em suas salas, há alunos com defasagem idade/série nas práticas de
letramento?
• Se sim, em que proporção?
• Que estratégias de ensino têm sido usadas por vocês para a superação
dessa defasagem?

Momento 3 – Agrupamentos produtivos (cerca de 10 minutos)

Neste momento, a proposta é que os participantes da ATPC assistam ao vídeo em


que a professora Walkiria Rigolon sugere uma maneira de incentivar os alunos
com menos acesso aos processos de letramento, os chamados agrupamentos
produtivos.
Ao acompanhar o vídeo, observem que a professora discorre sobre princípios
pedagógicos e possibilidades de organização e acompanhamento do trabalho dos
alunos nessa forma de interação.
Clique aqui para assistir ao vídeo.

Momento 4 – Reflexões e fechamento (cerca de 10 minutos)


Retomada, pelo professor coordenador, dos assuntos abordados no vídeo.
1. Princípios pedagógicos
• Levantamento de conhecimentos prévios.
• Problematização.
• Contextualização.
• Sistematização.
• Avaliação.

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2. Agrupamento produtivo: Como organizar?
• Conhecer o que os alunos já sabem.
• Permitir a circulação de informações.
• Levar em conta as interações entre os alunos.
• Possibilitar o compartilhamento de hipóteses e saberes.
• Potencializar as intervenções pedagógicas.

3. Agrupamento produtivo: suas possibilidades


• Possibilitar um papel mais ativo dos estudantes em sala de aula.
• Promover atividades coletivas.
• Fomentar um ambiente mais dialógico.
• Contribuir para a construção da autonomia.

4. Cabe ao professor
• Ajudar a estabelecer o papel de cada um na dupla ou no grupo.
• Mediar o trabalho coletivo.
Promover um clima de respeito, amizade e solidariedade em sala de

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