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Talvez seria importante lembrar também o tradutor deste artigo, o filosofo congolês
Albert Kasanda Lumembu.
O livro reúne sob forma de colectânea uma serie de artigos de filósofos africanos, com a
intenção de tentar afirmar um outro tipo de discurso: autónomo, não eurocêntrico,
independente e vertical. Entre os problemas debatidos se encontram: o diálogo
intercultural, o uso das línguas vernaculares, a implicação social, a necessidade de uma
consciência africana crítica.
Proposta do trabalho
Introdução
As primeiras escritas, por mais bens estruturadas, que forem não podem já transformar-se
e definir-se como uma filosofia africana. O autor também aponta muito bem que sem
uma tradição filosófica e um aproveitamento das culturas africanas qualquer pensamento
emergido no período colonial se torna questionável. Segundo o autor a filosofia, tal como
ela existe hoje, em vários lugares do mundo, e em várias culturas é interligada e definida
através daquelas particularidades linguísticas e composições sociais. Portanto, seguindo
a línea deste racionamento, só se pode falar de uma filosofia africana contemporânea na
medida em que ela vai apropriar as próprias línguas e as próprias esferas culturais e
desenvolverá desta maneira as próprias reflexões filosóficas diferentes, não inspiradas
das ocidentais. As próprias reflexões filosóficas surgirão, assim como Wiredu mostra, em
uma língua vernacular, e quem não sabe assumir isto, mostra um pensamento colonial. É
muito importante salientar que, o que Wiredu propõe, não é um apagamento total de tudo
que vem através do colonialismo, mas o questionamento através da própria língua,
cultura, de tudo que as circunstâncias coloniais, e neo-coloniais ensinaram. Ele identifica
este processo como uma descolonização conceptual ou mental. Com a ajuda da teoria da
relatividade de Einstein, tenta mostrar como uma teoria é universal, na medida em que
faz sentido para todos, tem a ver com a natura do mundo, e pára de ter relevância, quando
só é importante para o grupo no meio de qual foi formada. A mentalidade subjacente a
colonização intelectual é a mesma que permite o diálogo intercultural.
Ironicamente o autor explica a ambiguidade do pensamento proposto: ‘un bon
philosophe africain devrait avoir une base dans sa culture(…)’(Wiredu:2003)
enfatizando que um conceito pode ser enquadrado em uma filosofia africana, mas a
filosofia em sim, não necessariamente pode ser avaliada como uma filosofia africana de
boa qualidade:
Mais cela nimplique pas que tout concept, pour être considéré comme relevant de la
philosophie africaine, doit satisfaire à cette exigence, car tout philosophie africaine n´ést
pas nécessairement une bonne philosophie africaine.
Nesta parte Wiredu define a filosofia africana como sendo, de um ponto de vista
descritivo, o discurso filosófico tradicional e contemporâneo produzido principalmente
pelo Africanos. Na maior parte do espaço africano esta tradição é praticamente uma
doutrina oral, transmitida de geração em geração. Em contra partida o autor indica o caso,
quase isolado do canadense por nascimento, etiopiano por escolha Claude Summer, da
Universidade de Addis Abeba que publicou um trabalho em vários volumes sobre a tal
tradição oral, também como uma obra intitulada: ‘Classical Ethiopian Philosophy’.
Uma condição primordial do diálogo supõe que mesmo não escrevendo na própria língua
o filósofo, precisa, pelo menos pensar, na medida do possível, na língua vernacular,
também como do ponto de vista do seu posicionamento social. Praticamente este
pensamento representa uma saída de um modo de pensar colonial e ocidental, mas não
rejeitando o conhecimento recebido, mas procedendo a uma síntese com as tradições
autóctones. É assim que o diálogo intercultural surge. Qualquer tipo de diálogo parte do
pressuposto que existem pelo menos duas partes envolvidas, e que estas se reconheçam,
escutam, e respeitam reciprocamente. Graças às várias e diversas componentes do mundo
africano o diálogo intercultural, através da filosofia africana foi sempre presente, mas
contado de uma certa maneira, de formas erradas, por antropólogos, especialistas de
religiões, menos filósofos. A ideia de diálogo, como processo discursivo que encoraje a
comunicação, o conhecimento do outro, com tudo que isso envolve surgiu bem mais
tarde.
A conclusão
Ao fim do texto Wiredu salienta que o trabalho oferece apenas uma visão geral sobre as
questões, lançando desta forma um convite a diálogo intercultural entre todos os
interessados por estes temas.