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CURITIBA
2023
ANA ALICE DE SOUZA
ANNA LÍVIA ALCANTARA DA SILVA RODRIGUES
GEOVANNA MAYUMI POSSIEDE TAIRA
LUIZA ALVES MACHADO
VINÍCIUS MOMM FERRACIOLLI
CURITIBA
2023
SUMÁRIO
1
AMARAL, Francisco. Direito civil - Introdução, p. 313
2
op.cit., p. 313-314.
5
8
Op. cit., p. 20-21
9
A título de medição qualitativa da influência deste termo nas doutrinas civilistas brasileiras, a ideia
jusnatural pessoa moral será tão marcante que José Lamartine (1964), no seu A personalidade
Jurídica da Sociedade Irregular, o utilizará conceitualmente como forma de delimitar o lapso de
não-reconhecimento estatal desses agrupamentos.
10
Op. cit., p. 25-26
11
Op. cit., p. 26
7
(...) o termo pessoa vem de persona (...) A palavra passou a ser usada
como sinônimo de personagem. E como na vida real os indivíduos
desempenham papéis, à semelhança dos atores no palco, o termo passou a
significar o ser humano nas suas relações sociais e jurídicas12
Nesse sentido, foi-se tendo, sob a vista das contribuições romanas13, a ideia
de que a personalidade seria, apenas, um atributo da pessoa natural, ou seja, do ser
humano em suas qualidades únicas. Isso dará às disputas teóricas, travadas de
maneira secular, uma basilar cognição da centralidade do antropos no sistema
jurídico14.
No entanto, com o avanço das interpretações alemãs acerca do direito civil e
seu instituto de personalidade, iniciou-se longa discussão sobre a receptividade da
pessoa em sua qualidade jurídica - isto é, enquanto a consideração da
personalidade para além da categoria natural.
Para Rodrigo Xavier Leonardo (2007) temos três teorias que podem ser
incluídas nesses debates. Na teoria da ficção legal15 [elaborada em grande parte por
Savigny], reverbera-se que a liberdade, um atributo exclusivo do sujeito, é
impossível de ser desvinculada do Direito. Nesse sentido, seria inimaginável pensar
em um coletivo de indivíduos como algo independe destes, capaz de constituir
12
AMARAL, Francisco. Direito Civil - Introdução, p. 253
13
Ibidem
14
“Assim, todo o direito, seja qual for a categoria jurídica da qual se esteja tratando, possui,
inegavelmente, um radical antropocêntrico, ou seja, se vincula profundamente com a pessoa humana
em sua dignidade e em seus valores” (SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de Personalidade e sua Tutela,
p. 57)
15
Teoria muito utilizada para justificar o porquê do Estado se valer de algumas políticas-jurídicas sem
ser, para isso, uma pessoa natural.
8
16
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de Personalidade e sua Tutela, p. 43.
9
Temos, por outro lado, uma logicidade que parte da incontestável presença
dos grupos de pessoas como um fato do mundo fático, e das relações que estes
travam com os demais entes sociais, sendo essa lógica algo que pretende, por
exato, questionar: negar ou afirmar a personalidade, um instituto até então próprio
das pessoas naturais, às coletividades que elas formam?
É dentro desse contexto tão acirrado e penumbroso das teorias civilistas que
o brasileiro José Lamartine (2001), em “A Dupla Crise da Personalidade Jurídica”,
aventura-se nessa complexa problemática. Já partindo das teorias que afirmam a
personalidade jurídica, alocando-nas como teorias individualistas; doutrinas que
afirmam a existência de realidades coletivas; e doutrinas normativistas18, Lamartine
se colocará como um crítico das concepções e teorias sobre a personalidade jurídica
no Brasil (LEONARDO, 2007), porém inova ao demonstrar uma sutil dissemelhança
entre a pessoa natural e a pessoa jurídica: o fator substancialidade e acidentalidade
das personalidades.
Com clara influência aristotélica-tomista, o autor vai partir da acepção de que
há uma realidade anterior ante qualquer ação estatal - construída por pessoas
humanas que possibilitam a existência da pessoa jurídica [causas materiais] e a
presunção dos fins desta última [causas formais] - e uma realidade posterior - que se
realizaria pela subsunção da pessoa jurídica como real ao Estado19. Isso constrói
uma teoria da personalidade jurídica que compreende a ontologia desta pessoa,
visto que a sua existência não derivaria de uma criação fictícia, mas sim da sua
analogicidade à condição da pessoa natural, sendo esta: a teoria
ontológica-institucional da pessoa jurídica20. Representa tal tese os próprios dizeres
do autor em obra variada:
17
Op. cit., p. 57
18
CÔRREA DE OLIVEIRA, José Lamartine. A Dupla Crise da Personalidade Jurídica, p.
10-11.
19
Op. cit., p. 14-15.
20
LEONARDO, Rodrigo Xavier. Revisando…, p. 133.
10
Em resumo, seus escritos vão indicar que a pessoa humana teria uma forma
substancial (existe por si só), enquanto a pessoa jurídica teria uma forma acidental
(existe porque depende de outros seres de substância). Em outras palavras, os
agrupamentos de pessoas seriam pessoas jurídicas por possuírem qualidades
análogas às pessoas naturais (individualidade, objetivos e autonomia, por exemplo),
mas seriam diferentes substancialmente.
É assim, pois, que dentro dos termos de Kant, não conseguiríamos falar em
uma “dignidade da pessoa jurídica”23, uma vez que, diferente da pessoa natural,
aquela não possui uma finalidade em si-mesma como possui esta, mas uma
dependência necessária do extrato substancial humano.
Todavia, perante tais digressões, tornou-se latente pensar se, pela
divergência da equiparação de alguns direitos fundamentais que estruturam a
personalidade natural e a jurídica [como a proteção específica à dignidade da
pessoa humana], seria a personalidade jurídica uma estrangeira no que se refere à
garantia de direitos de caráter íntimo, como os morais - tão tipicamente associados à
pessoa humana. É isso, portanto, que acabará por se tornar o objeto primordial dos
nossos estudos no capítulo 5: seria, em face da pesquisa aqui já exposta, a pessoa
jurídica apta à restituição de danos morais, no liames do art. 5224 do Código Civil
brasileiro?
21
CÔRREA DE OLIVEIRA, J. Lamartine. Personalidade Jurídica da Sociedade Irregular,
p.155-156.
22
Op. cit., p. 17.
23
LEONARDO, Rodrigo Xavier. Revisando…, p. 129.
24
“Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade”
11
2.1 CONCEITO
2.2 A FORMAÇÃO
De acordo com Francisco Amaral (2014), para dar início a formação da pessoa
jurídica é necessário elementos materiais, como a pluralidade de pessoas (mais de
uma pessoa natural com a vontade de união), o conjunto de bens (patrimônio que se
tornará próprio da pessoa civil e que servirá de garantia do cumprimento dos
deveres e obrigações) e o fim específico (que deverá ser lícito e possível),
elementos formais, que é o ato constitutivo, um estatuto com o que é requerido pelo
artigo 46 do Código Civil de 200225 e o registro em órgão competente.
Porém, há uma modificação no modo de operação da personalidade jurídica de
acordo com o seu destino, em direito público e privado. Nas pessoas jurídicas de
direito público é resultado de lei ou ato administrativo enquanto que no direito
privado exige-se um ato constitutivo e o seu registro. Sem a obtenção do registro
não há existência legal da pessoa moral que, conforme Carlos Gonçalves (1998),
não passará de uma “sociedade de fato, comparada ao nascituro da pessoa natural,
que já foi concebido, mas somente poderá obter personalidade ao seu nascimento
com vida, no caso da pessoa jurídica, ao obter o registro do ato constitutivo.
25
“Art. 46. O registro declarará:I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo
social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos
diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;VI - as condições
de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.” Código Civil de 2002.
13
2.3 CLASSIFICAÇÕES
26
Na atualidade são denominadas sociedades simples após a vigência do código civil de 2002.
14
27
“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”
28
Paulo Lôbo, Direito Civil: parte geral, p. 138
29
“Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são intransmissíveis
e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”
16
ligação íntima com a personalidade e ser eficácia irradiada por essa. Se o direito é
direito de personalidade, irrenunciável é”30.
Quanto à natureza dos direitos de personalidade há divergência doutrinárias
sobre sua natureza em si e se são ou não englobados pelos direitos subjetivos.
30
Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, v.7, p. 8
31
Segundo Francisco Amaral, o direito objetivo é aquele “posto na sociedade por uma vontade
superior”, sendo exterior ao sujeito e positivo. Já no direito subjetivo o “direito designa um poder que o
sujeito tem de agir e de exigir de outrem determinado comportamento” o qual é reconhecido e
protegido pelo direito objetivo.
32
SAVIGNY apud FRANÇA, Limongi. Manual de Direito Civil. p. 323
33
“Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.”
17
34
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de Personalidade e sua Tutela, p. 80.
35
PUERCHE, José Henrique Bustos. Manual sobre bienes y derechos de la personalidad, p. 42.
36
BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade, p. 05
37
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de Personalidade e sua Tutela, p.87.
18
38
LÔBO, Paulo. Direito Civil Parte Geral, p. 142-143
39
SZANIAWSKI, Elimar, Direitos de Personalidade e sua Tutela, p.123-124
40
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade
19
41
SZANIAWSKI, Elimar, Direitos de Personalidade e sua Tutela, p.137
42
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil, p. 13
20
43
LÔBO, Paulo. Direito Civil Parte Geral, p.171
44
LÔBO, Paulo. Direito Civil Parte Geral, p.172
21
indevida e sem qualidade, criando assim uma ofensa à imagem pública da empresa,
que iniciou um litígio. No primeiro momento, a 6ª Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro julgou improcedente o pedido, mas
posteriormente a empresa apelou e conseguiu a nulidade da sentença e o
pagamento de 50 salários mínimos (R$ 26.765,53 em valores atuais), com base na
Constituição Federal, que não faz distinção entre pessoa física e jurídica ao tratar de
danos morais.
A ré manifestou recurso especial e o caso subiu ao STJ, que decidiu pela
condenação a danos morais, tendo como base a honra objetiva das pessoas
jurídicas, que consiste no respeito, admiração, apreço e consideração que os outros
dispensam à pessoa, de acordo com o Relator Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar.
Essa pessoa jurídica teve sua honra objetiva abalada, pelo fato de os seus
serviços serem prejudicados pela propaganda negativa feito pelo préu, Leonardo de
Souza Viana, deu a seus serviços, prejudicando sua imagem e afetando-a
financeiramente. Por conta disso, o réu foi condenado a R $3.000,00 de danos
morais e 500,00 de multa caso a postagem persista em sua página. O réu pediu
recurso, mas esse foi negado, por conta da súmula 227 do STJ, citada
anteriormente.
Um caso que chegou ao STJ sobre o tema foi da pessoa jurídica COTEMIG
EMPRESARIAL S/A e SOCIEDADE TECNICA EDUCACIONAL DE MINAS GERAIS
LTDA , sigla cotemig, contra o CENTRO DE EDUCAÇÃO TÉCNICA E
PROFISSIONAL DE CONTAGEM LTDA - EPP, que utiliza a sigla cetemig. O litígio
ocorreu por conta da utilização da sigla cetemig pela ré, que acarretou em prejuízos
comerciais para ambas as recorrentes, que tinham os acessos aos seus respectivos
endereços eletrônicos por conta da semelhança entre as siglas.
A corte condenou a Cotemig por danos materiais, que serão fixados após
análise da liquidação por artigos e a danos morais, fixados em R$ 50.000,00
reajustados conforme a taxa selic, além dos custos dos processos e honorários
advocatícios.
Diante do exposto, é possível perceber que a aplicação da personalidade
jurídica é concreta, especialmente quando se trata da aplicação da súmula 227 do
STJ, sobre danos morais, é passível de uma aplicação mais frequente,
diferentemente dos outros direitos da personalidade jurídica, que são protegidos,
mas dificilmente vão à corte.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
principalmente, das obras dos civilistas Elimar Szaniawski, Francisco Amaral, José
Lamartine Côrrea de Oliveira, Orlando Gomes, Carlos Gonçalves e Paulo Lôbo.
No que diz respeito à primeira parte deste trabalho, foi exposto sobre a
historicidade do conceito de pessoa jurídica na intenção de separar a personalidade
jurídica da personalidade natural. Nesse sentido, a personificação dos grupos de
pessoas naturais só foi assimilada como é hoje a partir do século XIX, em virtude
das contribuições da doutrina alemã, visto que, segundo Alexandre Alves, a pessoa
jurídica como conceituação de uma coletividade não existia entre os atores
históricos antigos e medievais — a única instituição que chega perto disso é a Igreja,
reconhecida como uma personalidade abstrata, separada e superior aos seus
membros. Assim, é, para o ser humano, essencial determinar um elemento que
identifique e unifique um coletivo, mas que não apague a individualidade dos
membros.
Quanto aos motivos para justificar a existência de uma personalidade
jurídica, existem três teorias: da ficção legal, — de Savigny, em que a liberdade é
um atributo exclusivo do sujeito dotado de personalidade, não podendo se atribuir
essa a algo coletivo independente deles e, então, a pessoa jurídica seria apenas
uma ficção criada pela lei e pela doutrina — da existência orgânica — por Otto von
Gierke, em que, pela coletividade conseguir expressar vontade, existiria, de fato, a
pessoa jurídica como órgão vivo — e da realidade técnica, incluindo Hans Kelsen,
em que a ideia da personalidade seria algo que existe em virtude da necessidade
dessa para a técnica jurídica.
Para responder a questão sobre negar ou afirmar a personalidade a pessoa
jurídica e diferenciá-la da pessoa natural, utilizamos as ideias de José Lamartine em
“A Dupla Crise Da Personalidade Jurídica”. Para ele, a existência da pessoa jurídica
não é uma ficção, mas vem da analogia que se faz com a pessoa natural — a teoria
ontológica-institucional da pessoa jurídica — que possui uma forma substancial,
tendo, por isso, a pessoa jurídica uma forma acidental, não podendo ser
independente da substância humana.
Seguindo para a segunda parte do trabalho, já afirmada a personalidade
jurídica e explicada sua historicidade, conceitos mais objetivos da pessoa jurídica
são apresentados com base em Carlos Gonçalves, Orlando Gomes e Francisco
24
Amaral. Para Gomes, a união das pessoas naturais surge como um fenômeno de
personificação - resultado causal do fato associativo - onde um objetivo é
compartilhado pela não possibilidade deste de ser alcançado individualmente. Em
adição, Amaral expõe que a personalidade jurídica é meramente instrumental,
diferente da natural, a qual é inerente ao ser humano, necessária para realizar os
objetivos e proteger o patrimônio dessa coletividade.
A respeito da formação da pessoa jurídica, são necessários elementos
materiais - pluralidade de pessoas, conjunto de bens e fim específico - e elementos
formais - o ato constitutivo, o estatuto e o registro. Enquanto nas pessoas jurídicas
de direito público a formação é resultado da lei, é a pessoa jurídica de direito privado
que necessita do ato constitutivo e registro, somente assim obtendo sua
personalidade.
Nesse sentido, além da diferenciação entre público e privado, existem as
diferenças com relação ao fim dessas: as corporações e as fundações. Entre as
corporações estão as sociedades e as associações, não possuindo a última um fim
lucrativo. Enquanto isso, as fundações possuem um fim social e não visam lucro,
além de serem instituídas de modo diferenciado: por meio da dotação dos seus
bens; definição de seu fim; e do seu estatuto. É importante salientar que poderá ser
elaborado o estatuto por terceiro, ocorrendo de forma fiduciária ou pelo Ministério
Público. O ato constitutivo pode ser alterado, mas deve, obviamente, ter respaldo
legal e averbação no estatuto registrado.
Por fim, sobre a extinção e desconsideração da pessoa jurídica, a primeira
pode acontecer por vontade dos associados, causa prevista em lei ou pelo estatuto,
e a da extinção se inicia com o processo de dissolução e liquidação dos bens.
Quanto à desconsideração, essa poderá acontecer se for necessária à
responsabilização de um dos sócios, seja pelo desvio de finalidade, seja pela
confusão patrimonial ocorridas na condição da pessoa jurídica. Todos os pontos
expostos são apresentados nos artigos 40 a 78 do Código Civil Brasileiro de 2002.
Já na terceira parte, se estende a discussão sobre a personalidade jurídica a
partir do estudo mais aprofundado dos direitos da personalidade, seguindo as ideias
de Amaral e Elimar Szaniawski. Segundo Szaniawski, a personalidade é um bem —
vitalício, irrenunciável, intransmissível, indisponível, inapropriável e imprescritível —
25
de Justiça. Em resumo, a súmula partiu de uma disputa entre uma tinturaria e uma
jornalista, em que a empresa se sentiu prejudicada por conta de uma matéria
produzida por Liane Gonçalves, tendo o STJ decidido por condenar a comunicadora,
tendo como base a honra objetiva das pessoas jurídicas.
Demais casos são apresentados na exposição, onde em todos eles vê-se a
aplicabilidade dessa mesma súmula. Isso nos levou a depreender que a aplicação
dos danos morais, quando resultado da responsabilização civil aos danos causados
contra determinados direitos da pessoa jurídica, realmente acontece dentro do
cenário judicial brasileiro.
Portanto, podemos concluir que a pessoa jurídica é uma agrupamento de
pessoas e (ou) bens com um objetivo em comum, cuja existência acidental, ligada à
substancialidade exclusiva da pessoa humana, lhe assegura por analogicidade à
pessoa natural direitos de personalidade, no que diz respeito à imagem e a honra,
podendo estes serem protegidos pela indenização por danos morais.
REFERÊNCIAS
AMARAL, Francisco. Direito civil, Introdução. 8 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2014.
BOBBIO, Norberto. Estado, Governo, Sociedade.- 14 ed.- São Paulo: Editora Paz
e Terra, 1988.
FRANÇA, Rubens Limongi. Manual de Direito Civil. 2.ed. São Paulo: RT, 1980.
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil, Parte Geral. 2.ed. São Paulo: Editora
Saraiva, 1998.
GROSSI, Paolo. A Ordem Jurídica Medieval. São Paulo: Editora WMF Martins
Fontes, 2014.
27
SILVA, Austréia Magalhães Candido da. Da “Lex Iulia de collegiis” e Seus Efeitos
Sobre a Responsabilidade Patrimonial das Corporações Romanas. 186 p.
Doutorado – Faculdade de Direito, Universidade de São Paulo, 2016.
LÔBO, Paulo. Direito Civil: Parte Geral. 6.ed. São Paulo: Saraiva, 2017. 407 p.
OLIVEIRA. José Lamartine Correia de. A Dupla Crise da Pessoa Jurídica. São
Paulo: Saraiva, 1979.
PEIXOTO, José Carlos de Matos. Curso de Direito Romano.- 3.ed-. Rio de Janeiro:
Haddad Editores, 1955.