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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ANA ALICE DE SOUZA


ANNA LÍVIA ALCANTARA DA SILVA RODRIGUES
GEOVANNA MAYUMI POSSIEDE TAIRA
LUIZA ALVES MACHADO
VINÍCIUS MOMM FERRACIOLLI

PESSOA JURÍDICA E DIREITOS DE PERSONALIDADE APLICADOS A PESSOA


JURÍDICA

CURITIBA
2023
ANA ALICE DE SOUZA
ANNA LÍVIA ALCANTARA DA SILVA RODRIGUES
GEOVANNA MAYUMI POSSIEDE TAIRA
LUIZA ALVES MACHADO
VINÍCIUS MOMM FERRACIOLLI

PESSOA JURÍDICA E DIREITOS DE PERSONALIDADE APLICADOS À PESSOA


JURÍDICA

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso


de Graduação em Direito, Departamento de
Direito Privado, Universidade Federal do
Paraná, como requisito parcial da disciplina
de Direito Civil A, sob orientação do
Professor Elimar Szaniawski

CURITIBA
2023
SUMÁRIO

1. PERSONALIDADE JURÍDICA: UM CONCEITO MODERNO 4


1.2.1 PERSONALIDADE NATURAL E SUAS DIFERENCIAÇÕES DO
INSTITUTO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 7
1.2.2. SUBSTANCIALIDADE E ACIDENTALIDADE EM JOSÉ LAMARTINE 9
2. A PESSOA JURÍDICA 11
2.1 CONCEITO 11
2.2 A FORMAÇÃO 12
2.3 CLASSIFICAÇÕES 13
2.4 MODIFICAÇÕES NO ATO CONSTITUTIVO 13
2.5 EXTINÇÃO E DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA 14
3. DIREITOS DE PERSONALIDADE: DISCUSSÕES PRELIMINARES 15
3.1 CONTROVÉRSIAS DOUTRINÁRIAS 16
3.2 CLÁUSULA GERAL DE TUTELA DA PERSONALIDADE E A
TIPICIDADE ABERTA 17
3.3 OS DIREITOS DE PERSONALIDADE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA 18
4. DIREITOS DE PERSONALIDADE E A PESSOA JURÍDICA 19
4.1. ORIGEM DA JURISPRUDÊNCIA DE DANOS MORAIS NA
PESSOA JURÍDICA 20
4.2 CASOS CONCRETOS DE DANOS MORAIS À PESSOA JURÍDICA 21
REFERÊNCIAS 26
4

1.PERSONALIDADE JURÍDICA: UM CONCEITO MODERNO

Às vistas do direito moderno ocidental, não apenas o indivíduo - em sua plena


existência - pode ser considerado pessoa. A união desses indivíduos, constituindo
um grupo organizado com objetivos e intencionalidades próprias, forma também
uma unidade individualizada daqueles que os compõem. Estaríamos falando,
portanto, da pessoa jurídica, que poderia ser definida como “um conjunto de
pessoas ou bens, dotado de personalidade jurídica”1, onde a

(..) razão de ser está na necessidade ou conveniência das pessoas naturais


combinarem recursos de ordem pessoal ou material para a realização de
objetivos comuns, que transcendem as possibilidades de cada um dos
interessados por ultrapassarem o limite normal da sua existência ou
exigirem a prática de atividades não-exercitáveis por eles.2

No entanto, faz-se mister salientar que tal acepção jurídica, acerca da


personificação de um agrupamento de pessoas naturais, nem sempre fora
assimilada de tal maneira. Isto porque, assim como a definição do conceito
“personalidade” está intrinsecamente atrelada a um desenvolvimento
sócio-político-econômico das sociedades, não estaria ela, pois, isenta deste decurso
temporal. Como veremos adiante, só foi possível o seu reconhecimento a partir do
século XIX, dadas as contribuições da doutrina alemã.
À exempli gratia de tal assertiva, temos que durante o período da
Antiguidade, segundo o entendimento de Alexandre Alves (1998), tínhamos um
rearranjo interpessoal específico dos grupos antigos, onde o enfoque estava,
essencialmente, na objetivação da sobrevivência. Nesse contexto, de certo, o grupo
familiar seria aquele que melhor conseguiria cumprir com tal intencionalidade (sendo
considerado, nesse sentido, o primeiro grupo social), já que constituído por entes
conectados consanguineamente e onde a hierarquia, elemento primordial à
existência de uma desigual estrutura das suas relações, era importantíssima à
manutenção da defesa desse instituto.
No entanto, dadas as necessidade do sujeito em constituir outros tipos de
convívio comunitário [para além das suas necessidades preservativas], novos

1
AMARAL, Francisco. Direito civil - Introdução, p. 313
2
op.cit., p. 313-314.
5

modelos de ajuntamentos de sujeitos surgiram no decorrer do tempo. Em Roma, por


exemplo, a universitas personarum nasce no período pré-clássico como agregações
que abarcam tanto “as corporações de direito público como as de direito privado”3-
mesmo que não constituíssem, tais agregações, uma individualidade e unidade de
fato4 - sendo as corporações de direito público “ o Estado5, o fisco, as províncias, as
cidades autônomas, as colônias, os municípios e as prefeituras” (ALVES, 2998, p.
17) e as de direito privado, além dos collegium, “as associações de auxílio mútuo, as
sodalita (agremiações religiosas ou recreativas) e, entre as sociedade comerciais,
apenas as societas publicanorum, que eram concessionárias de serviços públicos ou
arrendatárias de impostos ou bens”6
Ainda nesse contexto romano, podemos dizer que há um grande embate
entre os romanistas que “defendem a personalidade jurídica das corporações,
fundações e da herança jacente”7 e os civilistas que negam a existência desta
categoria. No entanto, o que podemos subsumir de certo desta análise é que a
conceituação de uma coletividade, como uma "pessoa jurídica", não existia por entre
os atores históricos antigos ou medievais (ALVES, 1998).
Já em contrapartida, na Idade Média, a persistência da Igreja como a
instituição de maior relevância cultural, política e econômica do período, chegou a
3
Op. cit., p. 17
4
Mesmo que, na antiguidade romana, existissem juristas que compreendessem a possibilidade de
res corporales e incorporales, sendo isto um grande ganho ao desenvolvimento de uma concepção
mais abstrata do “coletivo” (SILVA, 2016), a compreensão preponderante do populus romanus ainda
era a de que “quando um patrimônio pertencia a várias pessoas, seu titular não era uma entidade
abstrata (a corporação), mas sim as diferentes pessoas que constituíam o conjunto, sendo cada um
proprietário de parcela dos bens” (ALVES, 1998, p. 16)
5
Importante salientar, na intenção de fazer uma ressalva crítica ao autor, que não concordamos com
a sua escolha do termo “Estado” para retratar a realidade política de organização institucional das
coletividades durante a antiguidade, pois receamos os possíveis anacronismos que influem desta
escolha terminológica. Compreendemos, sim, a existência de autores que realizam uma análise a
partir de uma leitura estatal dessas organizações (tal qual Norberto Bobbio [1987] em “Estado,
Governo, Sociedade: para uma teoria geral da política”, quando pensa em um Estado Feudal, por
exemplo), mas somos mais adeptos às conceituações elevadas por Manuel Hespanha em sua
análise historicista do Direito, que influi a existência de um Estado apenas a partir de um movimento
do monismo jurídico, ocorrido no fim da baixa Idade Média “(...) no século XIV, quando a vocação por
um político completo - se preferimos, pelo Estado - representar o fermento das estruturas políticas,
esse momento será o declínio da civilização política medieval e o início de um novo período [o
estatal]” (Paolo Grossi. A Ordem Jurídica Medieval, p. 53)
6
Ibidem, p. 17.
7
(Op. cit.,p. 15). Importante destacar, nesse trecho, que o autor faz referência a José Carlos de Matos
Peixoto (1955), em seu livro Curso de Direito Romano, onde este faz uma defesa da herança jacente
(incluída no rol das universitas rerum) como uma organização de bens que conseguiria constituir uma
unicidade, sendo, pois, condicionantes de direito subjetivo sui generis. Por isso, a adição da
terminologia pelo autor.
6

agregar importantíssimas concepções à égide dos estudos da personificação. Isso


porque:
A doutrina católica medieval concluiu que a igreja não era, de modo algum,
a coletividade dos fiéis, tampouco possuía uma organização corporativista.
Os fiéis pertenciam à igreja, mas esta não se confundia com eles, era um
entidade espiritual, um corpus cysticum ou persona fista (...) Partindo destas
conclusões, os canonistas imaginaram a possibilidade de certas
organizações coletivas terem uma personalidade abstrata, que permanece
distinta de seus membros momentâneos e a eles é superior8 - destaque
nosso.

Vemos, por conseguinte, a insurgência dos termos corpus mysticum ou


persona fista como denominações particulares ao ideal de uma “entidade religiosa”,
isto é, de um corpo compreendido em sua unidade. Posteriormente ainda, no
Período Absolutista do século XVIII, a ideia de pessoa moral substitui o termo
pessoa ficta, para “identificar as comunidades ou corporações já consideradas pelos
alemães como ‘realidades’ ao lado de pessoas físicas” 9 (ibidem, p. 27).
Salienta-se ainda, com sucinta e equânime importância neste capítulo, o
papel das sociedades com fins lucrativos10 para o instituto da personalidade durante
os períodos mercantis das monarquias absolutistas, pois mesmo que não fossem
consideradas pessoas, eram reputadas como reuniões, ou seja, “parcerias de
comerciantes, encaradas exclusivamente sob o aspecto contratual associativo”11.
Finalizada essas disposições mais gerais acerca da historicidade do conceito
de personalidade jurídica, o que inevitavelmente acaba por nos chamar a atenção
está na conclusão que podemos tirar deste percurso histórico: o ser humano,
enquanto um ser social, visa uma constante necessidade em determinar um
elemento que identifique e unifique um coletivo constituído por ele mesmo sem que,
com isso, haja o completo apagamento do indivíduo deste coletivo. É por isso que o
aprofundamento em questões como: o que torna a personalidade, efetivamente,
jurídica? Ou o que a difere da personalidade natural? Fazem-se tão importantes e
latentes durante este nosso estudo.

8
Op. cit., p. 20-21
9
A título de medição qualitativa da influência deste termo nas doutrinas civilistas brasileiras, a ideia
jusnatural pessoa moral será tão marcante que José Lamartine (1964), no seu A personalidade
Jurídica da Sociedade Irregular, o utilizará conceitualmente como forma de delimitar o lapso de
não-reconhecimento estatal desses agrupamentos.
10
Op. cit., p. 25-26
11
Op. cit., p. 26
7

1.1 PERSONALIDADE NATURAL E SUAS DIFERENCIAÇÕES DO INSTITUTO DA


PERSONALIDADE JURÍDICA

A personalidade natural é, desde muito tempo, uma questão fortemente


discutida dentro da égide dos estudos civilistas. Nos escritos de Francisco Amaral
(2008), temos sua construção significativa acerca da personalidade, segundo a qual
a doutrina consolidada consideraria a terminologia “pessoa” como uma clara
influência do conceito grego persona

(...) o termo pessoa vem de persona (...) A palavra passou a ser usada
como sinônimo de personagem. E como na vida real os indivíduos
desempenham papéis, à semelhança dos atores no palco, o termo passou a
significar o ser humano nas suas relações sociais e jurídicas12

Nesse sentido, foi-se tendo, sob a vista das contribuições romanas13, a ideia
de que a personalidade seria, apenas, um atributo da pessoa natural, ou seja, do ser
humano em suas qualidades únicas. Isso dará às disputas teóricas, travadas de
maneira secular, uma basilar cognição da centralidade do antropos no sistema
jurídico14.
No entanto, com o avanço das interpretações alemãs acerca do direito civil e
seu instituto de personalidade, iniciou-se longa discussão sobre a receptividade da
pessoa em sua qualidade jurídica - isto é, enquanto a consideração da
personalidade para além da categoria natural.
Para Rodrigo Xavier Leonardo (2007) temos três teorias que podem ser
incluídas nesses debates. Na teoria da ficção legal15 [elaborada em grande parte por
Savigny], reverbera-se que a liberdade, um atributo exclusivo do sujeito, é
impossível de ser desvinculada do Direito. Nesse sentido, seria inimaginável pensar
em um coletivo de indivíduos como algo independe destes, capaz de constituir

12
AMARAL, Francisco. Direito Civil - Introdução, p. 253
13
Ibidem
14
“Assim, todo o direito, seja qual for a categoria jurídica da qual se esteja tratando, possui,
inegavelmente, um radical antropocêntrico, ou seja, se vincula profundamente com a pessoa humana
em sua dignidade e em seus valores” (SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de Personalidade e sua Tutela,
p. 57)
15
Teoria muito utilizada para justificar o porquê do Estado se valer de algumas políticas-jurídicas sem
ser, para isso, uma pessoa natural.
8

relações jurídicas próprias e, pois, de possuir personalidade se não em virtude da lei


ou de doutrina.
Já para as teorias que afirmam a existência orgânica dessas coletividades
[um grande avanço pautado nas ideias de Otto von Gierke], é possível falar na
“pessoa jurídica” não somente de modo ficcional. Assim, para essa teoria, só há
personalidade jurídica quem possui a faculdade de expressar vontade. Assim, a
pessoa natural teria personalidade, já que seus agrupamentos formariam uma
vontade comum entre seus membros, sendo essa vontade expressa por meio de
órgãos vivos e autônomos.
Por fim, à teoria da realidade técnica [que abrange nomes como os de Hans
Kelsen e Francesco Ferrara], fortemente enraizada nos estudos positivistas do
século XIX, o conceito de pessoa deveria ser analisado de modo sui generis dentro
dos debates jurídicos. Isso pois, quando falamos de “pessoa”, estaríamos também
falando do seu significado pelo viés do direito - e não pelos filtros da essência da
sua significação. Em outras palavras, se é inegável [e, pois, um fato] considerar, na
realidade concreta, agregações de pessoas naturais que se expressam segundo
suas próprias intencionalidades, possuindo para tal objetos legítimos ao universo
jurídico, resta ao direito subsumir essa realidade dentro da sua particular lógica.
Nesse contexto, se “o positivismo jurídico e a teoria dos direitos inatos
contribuíram decisivamente para a bipartição da tutela do homem e de sua
personalidade em dois grandes ramos, em direitos públicos de personalidade e em
direitos privados de personalidade”16, esse mesmo positivismo contribuiu
decisivamente para uma adição fundamente às reanálises das teorias
personificadoras: a ideia de que o instituto da personalidade jurídica existe enquanto
uma técnica jurídica.
Dentro dessa conjuntura, podemos averiguar, por meio das explanações
supracitadas, que enquanto a evolução da pessoa natural segue uma lógica pautada
na essencialidade do sujeito enquanto um fim-em-si mesmo, como expõe
lucidamente o civilista Elimar Szaniawski,

A personalidade humana consiste no conjunto de características da pessoa,


sua parte mais intrínseca (...) protegendo sua dignidade e garantindo-lhe o

16
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de Personalidade e sua Tutela, p. 43.
9

livre desenvolvimento da sua personalidade. Daí consisti[ndo] o direito de


personalidade em um direito subjetivo de categoria especial, de proteção e
de respeito a todo ser humano17

Temos, por outro lado, uma logicidade que parte da incontestável presença
dos grupos de pessoas como um fato do mundo fático, e das relações que estes
travam com os demais entes sociais, sendo essa lógica algo que pretende, por
exato, questionar: negar ou afirmar a personalidade, um instituto até então próprio
das pessoas naturais, às coletividades que elas formam?

1.1.2. SUBSTANCIALIDADE E ACIDENTALIDADE EM JOSÉ LAMARTINE

É dentro desse contexto tão acirrado e penumbroso das teorias civilistas que
o brasileiro José Lamartine (2001), em “A Dupla Crise da Personalidade Jurídica”,
aventura-se nessa complexa problemática. Já partindo das teorias que afirmam a
personalidade jurídica, alocando-nas como teorias individualistas; doutrinas que
afirmam a existência de realidades coletivas; e doutrinas normativistas18, Lamartine
se colocará como um crítico das concepções e teorias sobre a personalidade jurídica
no Brasil (LEONARDO, 2007), porém inova ao demonstrar uma sutil dissemelhança
entre a pessoa natural e a pessoa jurídica: o fator substancialidade e acidentalidade
das personalidades.
Com clara influência aristotélica-tomista, o autor vai partir da acepção de que
há uma realidade anterior ante qualquer ação estatal - construída por pessoas
humanas que possibilitam a existência da pessoa jurídica [causas materiais] e a
presunção dos fins desta última [causas formais] - e uma realidade posterior - que se
realizaria pela subsunção da pessoa jurídica como real ao Estado19. Isso constrói
uma teoria da personalidade jurídica que compreende a ontologia desta pessoa,
visto que a sua existência não derivaria de uma criação fictícia, mas sim da sua
analogicidade à condição da pessoa natural, sendo esta: a teoria
ontológica-institucional da pessoa jurídica20. Representa tal tese os próprios dizeres
do autor em obra variada:

17
Op. cit., p. 57
18
CÔRREA DE OLIVEIRA, José Lamartine. A Dupla Crise da Personalidade Jurídica, p.
10-11.
19
Op. cit., p. 14-15.
20
LEONARDO, Rodrigo Xavier. Revisando…, p. 133.
10

Num plano de anterioridade lógica ao direito estatal, existem os


agrupamentos e instituições aptos a serem tratados como pessoas. Na
realidade, no plano ontológico, são verdadeiras pessoas (...) Num plano
distinto, lógica e cronologicamente posterior, o Estado reconhece, declara
realidade que preexiste tal declaração(...)21

Em resumo, seus escritos vão indicar que a pessoa humana teria uma forma
substancial (existe por si só), enquanto a pessoa jurídica teria uma forma acidental
(existe porque depende de outros seres de substância). Em outras palavras, os
agrupamentos de pessoas seriam pessoas jurídicas por possuírem qualidades
análogas às pessoas naturais (individualidade, objetivos e autonomia, por exemplo),
mas seriam diferentes substancialmente.

Ao contrário da pessoa humana, realidade substancial, a pessoa moral é


realidade acidental. Trata-se, portanto, de uma pessoa. Não de uma pessoa
fictícia, mas real. Não porém substancial. Realidade idêntica à pessoa
humana? Não. Análoga, porém22.

É assim, pois, que dentro dos termos de Kant, não conseguiríamos falar em
uma “dignidade da pessoa jurídica”23, uma vez que, diferente da pessoa natural,
aquela não possui uma finalidade em si-mesma como possui esta, mas uma
dependência necessária do extrato substancial humano.
Todavia, perante tais digressões, tornou-se latente pensar se, pela
divergência da equiparação de alguns direitos fundamentais que estruturam a
personalidade natural e a jurídica [como a proteção específica à dignidade da
pessoa humana], seria a personalidade jurídica uma estrangeira no que se refere à
garantia de direitos de caráter íntimo, como os morais - tão tipicamente associados à
pessoa humana. É isso, portanto, que acabará por se tornar o objeto primordial dos
nossos estudos no capítulo 5: seria, em face da pesquisa aqui já exposta, a pessoa
jurídica apta à restituição de danos morais, no liames do art. 5224 do Código Civil
brasileiro?

21
CÔRREA DE OLIVEIRA, J. Lamartine. Personalidade Jurídica da Sociedade Irregular,
p.155-156.
22
Op. cit., p. 17.
23
LEONARDO, Rodrigo Xavier. Revisando…, p. 129.
24
“Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de personalidade”
11

Mas antes, precisamos retomar alguns conceitos basilares à doutrina e à


legislação brasileiras acerca do que é, como se forma, quais as classificações, como
se modifica, como se extingue e se desconsidera o instituto da pessoa jurídica [o
que seŕa devidamente feito no capítulo 2], para depois compreendermos o que
podemos entender por direitos de personalidade [capítulo 3] e qual a aplicabilidade
desses direitos à figura da pessoa jurídica [capítulo 4].

2. A PESSOA JURÍDICA SEGUNDO CARLOS GONÇALVES, ORLANDO GOMES


E FRANCISCO AMARAL

2.1 CONCEITO

No que tange a nomenclatura, Carlos Gonçalves (1998) expõe que ela se


diferencia em determinados países. No direito francês, importante para o direito civil
brasileiro, a denominação usada é “pessoa moral”; em Portugal utiliza-se a “pessoa
coletiva"; já no Brasil e Alemanha, é utilizada a nomenclatura “pessoa jurídica" para
designar esta categoria de sujeito de direito. Logo, não há uma denominação única,
podendo ser utilizada pessoas morais, pessoas civis, pessoas sociais e pessoas
jurídicas.
Conforme Orlando Gomes (1989), não são somente as pessoas naturais que
podem ser consideradas sujeitos de direito, pois entes que são resultado da união
de pessoas naturais para determinados fins podem constituir personalidade distinta
dos seus membros.
Esta união então surge com o fenômeno da personificação de alguns grupos da
sociedade que, de acordo com Gomes, é um resultado causal do fato associativo,
onde ocorre a associação de esforços ou bens de indivíduos que compartilham de
um objetivo em comum difícil ou impossível de ser realizado por somente uma
pessoa. Pela necessidade deste determinado grupo de proceder como unidade, a
personificação para os direitos próprios dos sujeitos de relações jurídicas se faz
necessário pela sua participação como individualidade, formação e proteção do seu
patrimônio comum.
12

Contudo, Francisco Amaral (2014) destaca que há uma diferenciação


importante nesta personalidade jurídica. Das pessoas naturais, ela é autônoma e
inerente ao ser humano como importância para sua dignidade pessoal, já em
pessoas jurídicas ela é meramente instrumental, como um fim de somente
realização dos objetivos que a constituíram, sem autonomia deste fim. Logo, com
esta dualidade em personalidade e seu surgimento, houve teorias que tentaram
auxiliar e compreender de onde surge a pessoa civil perante o ordenamento jurídico,
como as teorias da ficção e da realidade objetiva - expostas anteriormente.

2.2 A FORMAÇÃO

De acordo com Francisco Amaral (2014), para dar início a formação da pessoa
jurídica é necessário elementos materiais, como a pluralidade de pessoas (mais de
uma pessoa natural com a vontade de união), o conjunto de bens (patrimônio que se
tornará próprio da pessoa civil e que servirá de garantia do cumprimento dos
deveres e obrigações) e o fim específico (que deverá ser lícito e possível),
elementos formais, que é o ato constitutivo, um estatuto com o que é requerido pelo
artigo 46 do Código Civil de 200225 e o registro em órgão competente.
Porém, há uma modificação no modo de operação da personalidade jurídica de
acordo com o seu destino, em direito público e privado. Nas pessoas jurídicas de
direito público é resultado de lei ou ato administrativo enquanto que no direito
privado exige-se um ato constitutivo e o seu registro. Sem a obtenção do registro
não há existência legal da pessoa moral que, conforme Carlos Gonçalves (1998),
não passará de uma “sociedade de fato, comparada ao nascituro da pessoa natural,
que já foi concebido, mas somente poderá obter personalidade ao seu nascimento
com vida, no caso da pessoa jurídica, ao obter o registro do ato constitutivo.

25
“Art. 46. O registro declarará:I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo
social, quando houver; II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos
diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;VI - as condições
de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.” Código Civil de 2002.
13

Contudo, alguns passos deste processo para a obtenção da personalidade se


modificam de acordo com a classificação da pessoa jurídica, questão abordada no
próximo tópico.

2.3 CLASSIFICAÇÕES

Carlos Gonçalves expõe que as pessoas civis são distintas pela


nacionalidade, podendo ser nacional ou estrangeira e pela estrutura interna,
constando como corporações (união de pessoas com fim voltado aos seus membro)
e fundações (união de bens com fim externo estabelecido pelo instituidor)
As corporações obtêm patrimônio, mas tem o papel secundário de
possibilitar as suas ações, e são divididas em associações e sociedades. As
associações não têm fim lucrativo além dos religiosos, morais, recreativos, entre
outros, todos incluídos no artigo 62 do CC/2002. As sociedades civis26 e comerciais
têm fim econômico e metas de lucro para seus membros.
Já as fundações são compostas pelo seu patrimônio e seu fim não lucrativo,
sendo civis e com formação diferenciada ao passar por ato de dotação, para a
reserva dos bens e definição do seu fim por - meio de escritura pública ou
testamento - e pela elaboração do estatuto, podendo ser uma elaboração direta
(pelo próprio instituidor) ou fiduciária (por pessoa designada pelo instituidor), sendo
que na ausência de ambos, poderá ser instituída pelo Ministério Público.
Há classificações perante a função da pessoa jurídica, de direito público
interno e externo, criados pela legislação e com personalidade própria para as suas
atividades que visam o interesse público, e de direito privado, demonstradas no
artigo 44 do Código Civil.

2.4 MODIFICAÇÕES NO ATO CONSTITUTIVO

Segundo Francisco Amaral (2014), as modificações que ocorrem na


alteração do ato constitutivo devem ter respaldo legal e averbação em seu estatuto
registrado. Nas sociedades empresariais, as mudanças podem compreender

26
Na atualidade são denominadas sociedades simples após a vigência do código civil de 2002.
14

transformações (na sua classificação), incorporações (onde uma ou mais


sociedades são absorvidas por outra) e fusões (união de uma ou mais sociedades
para o surgimento de uma nova). Contudo, as sociedades simples não podem ser
transformadas, devendo elas manter a sua forma específica.

2.5 EXTINÇÃO E DESCONSIDERAÇÃO DA PESSOA JURÍDICA

Como a personalidade natural extingue-se com a morte do indivíduo,


conforme Amaral (2014), a pessoa jurídica também pode ser extinta, porém por
vontade dos associados, por causas previstas em lei ou pelo próprio estatuto. Em
seu processo de extinção ocorre a dissolução e a liquidação, encerrando a inscrição
da pessoa jurídica.
Importante salientar que, no caso das fundações, estas poderão ser extintas
quando ilícitas, inúteis a sua finalidade ou com o vencimento do prazo de sua
existência. Nestas ocasiões, os bens serão incorporados a outra fundação com a
mesma finalidade ou semelhante a ela, menos em casos de imposição contrária no
ato constitutivo.
Consoante ao Amaral (2014), a noção de independência relacionada ao
patrimônio, as relações jurídicas e a responsabilidade civil que a pessoa jurídica
obtém sobre os seus membros podem levar a práticas abusivas ou ilícitas, pois as
pessoas naturais que a compõem podem aproveitar do isolamento da vida interna
da entidade para lesionar terceiros em suas relações ou realizar um exercício
irregular ao seu instaurado. Sobre isso é aplicado a teoria da desconsideração -
responsabilizando os sócios pelos atos ilícitos - instituída no artigo 28 do CDC
(Teoria Menor ) e no artigo 50 do CC/2002.
“Art. 28 (CDC). O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da
sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito,
excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação dos estatutos
ou contrato social”

“Art. 50 (CC). Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado


pelo desvio de finalidade ou pela confusão patrimonial, pode o juiz, a
requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir
no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares de
administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso”
15

3. DIREITOS DE PERSONALIDADE: DISCUSSÕES PRELIMINARES

A priori, para a compreensão dos direitos de personalidade, é necessário o


entendimento do conceito de personalidade por si só. Adotando a teoria de Amaral
(2014), trata-se de uma qualidade inerente ao ser humano que o possibilita realizar
negócios jurídicos assim como contrair direitos e deveres. Em outros termos,
personalidade é o ser humano como sujeito de direitos. Há divergências doutrinárias
quanto ao momento de aquisição da personalidade jurídica, entretanto para fins
deste trabalho tais discussões não serão abordadas.
Então sendo um conjunto de características próprias do ser humano, a
personalidade é intrínseca à pessoa “sendo um bem, no sentido jurídico, sendo o
primeiro bem pertencente à pessoa, sua primeira utilidade” (SZANIAWSKI, 2005, p.
70). A proteção desses bens, da personalidade, é denominada direitos de
personalidade. Portanto, são direitos de caráter não patrimonial e por isso sofreram
resistência da doutrina em relação ao seu reconhecimento como objetos autônomos
do direito, contudo tiveram sua ratificação jurídica na Constituição Federal de 1988
que trata os direitos de personalidade em conjunto com o instituto dos danos morais
em seu artigo 5°27. Portanto, percebe-se que na trajetória brasileira há um inegável
vínculo entre direitos de personalidade e danos morais pois, como ambos têm
essência não patrimonial, os primeiros mostram-se como excelentes campos de
aplicação do segundo. Ou seja, os danos morais seriam um mecanismo viável de
tutela jurídica dos direitos de personalidade, a partir do entendimento que a violação
dos direitos de personalidade enquadram-se no âmbito dos danos28.
Tais direitos possuem características específicas que os diferem de outros
direitos, a saber: intransmissibilidade, indisponibilidade, irrenunciabilidade,
inexpropriabilidade, imprescritibilidade e vitaliciedade, vide artigo 11 do Código Civil
de 200229. Renunciar a um desses direitos seria o mesmo que converter o sujeito em
objeto, o que se mostra inadmissível na atualidade, pois ao encontro de Pontes de
Miranda “a razão da irrenunciabilidade é a mesma da intransmissibilidade: ter

27
“X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação”
28
Paulo Lôbo, Direito Civil: parte geral, p. 138
29
“Art. 11. Com exceção dos casos previstos em lei, os direitos de personalidade são intransmissíveis
e irrenunciáveis, não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária”
16

ligação íntima com a personalidade e ser eficácia irradiada por essa. Se o direito é
direito de personalidade, irrenunciável é”30.
Quanto à natureza dos direitos de personalidade há divergência doutrinárias
sobre sua natureza em si e se são ou não englobados pelos direitos subjetivos.

3.1 CONTROVÉRSIAS DOUTRINÁRIAS

Aqueles que são contrários a ideia dos direitos de personalidade como


direitos subjetivos, partem do pressuposto que esses são o direito de alguém sobre
si mesmo, sendo portanto um reflexo do direito objetivo31. A preocupação dos
adeptos dessa teoria pode ser evidenciada por Savigny, pois “os direitos de
personalidade são os considerados como direitos que teriam por objeto a
própria pessoa”32. Dessa forma, admitiria-se a possibilidade da pessoa de dispor de
si de qualquer maneira, abrindo a possibilidade para a aceitação e justificação de
ações como o suicídio. Entretanto, o Código Civil brasileiro de 2002 faz ressalvas
referentes à disposição dos direitos de personalidade à exemplo do artigo 1333.
Hodiernamente, tal discussão encontra-se superada pela doutrina nacional e
pelo direito comparado com a aceitação dos direitos de personalidade como direitos
subjetivos por se tratar de valores essenciais intrínsecos à pessoa humana
aproximando-se aos postulado de Francisco Amaral conforme o qual:

Os direitos da personalidade, como direitos subjetivos, conferem ao seu


titular o poder de agir na defesa dos bens ou valores essenciais da
personalidade, que compreendem, no seu aspecto físico o direito à vida e
ao próprio corpo, no aspecto intelectual o direito à liberdade de
pensamento, direito de autor e de inventor, e no aspecto moral o direito à
liberdade, à honra, ao recato, ao segredo, à imagem, à identidade e ainda, o
direito de exigir de terceiros o respeito a esses direitos. (AMARAL, 2014, p.
302)

30
Pontes de Miranda, Tratado de direito privado, v.7, p. 8
31
Segundo Francisco Amaral, o direito objetivo é aquele “posto na sociedade por uma vontade
superior”, sendo exterior ao sujeito e positivo. Já no direito subjetivo o “direito designa um poder que o
sujeito tem de agir e de exigir de outrem determinado comportamento” o qual é reconhecido e
protegido pelo direito objetivo.
32
SAVIGNY apud FRANÇA, Limongi. Manual de Direito Civil. p. 323
33
“Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando
importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes.”
17

Em seguida, é necessário abordar a segunda controvérsia doutrinária: a


natureza dos direitos de personalidade. Tal discussão parte das diferentes
interpretações de direitos de personalidade: alguns autores, de uma corrente mais
antiga, como supracitado, os entendem como o direito do indivíduo sobre sua
própria pessoa; outra visão é de serem direitos relativos a uma parte ou algumas
partes da pessoa humana; ou mesmo de que seriam direitos externos a pessoa,
devendo ser respeitados pela coletividade34. Assim, evidencia-se a dificuldade de
estabelecer um entendimento coeso acerca do tópico.
Ademais, observa-se que a contrariedade a ideia de direitos de
personalidade baseia-se na ideia de que o ser humano não pode ser tanto sujeito
quanto objeto do direito, havendo indistinção entre ambos35. Porém tais objeções
são frutos de certo apego aos direitos patrimoniais, transpondo a necessidade de
uma relação jurídica externa com o bem analogamente ao direito da propriedade, o
que não é aplicável aos direitos da personalidade - como notório na teoria de Bittar
na qual os direitos de personalidade “são direitos ínsitos na pessoa, em função de
sua própria estruturação física, mental e moral. Daí, são dotados de certas
particularidades, que lhes conferem posição singular no cenário dos direitos
privados”36.
Na contemporaneidade, teorias negativas são predominantemente
contestadas. Então, prevalece que o objeto dos direitos de personalidade não são
nem a própria pessoa nem exterior a ela ou em uma obrigação universal, mas sim
em bens que caracterizam-se como atributos físicos, morais e intelectuais
intrínsecos ao homem e individualizados pelo ordenamento jurídico37.

3.2 CLÁUSULA GERAL DE TUTELA DA PERSONALIDADE E A TIPICIDADE


ABERTA

Diante da óbvia impossibilidade de prever todas as hipóteses de direitos


inerentes à personalidade, debate-se a existência de uma cláusula geral de direitos

34
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de Personalidade e sua Tutela, p. 80.
35
PUERCHE, José Henrique Bustos. Manual sobre bienes y derechos de la personalidad, p. 42.
36
BITTAR, Carlos Alberto. Os Direitos da Personalidade, p. 05
37
SZANIAWSKI, Elimar. Direitos de Personalidade e sua Tutela, p.87.
18

de personalidade, na qual se concentrariam todos os tipos previstos ou não pelo


ordenamento jurídico.
Essa questão relaciona-se com o tipo de tipicidade: aberta ou fechada. A
doutrina tradicional, quando admite os direitos de personalidade, tende a considerar
apenas aqueles expressos na lei positiva, devido à concepção patrimonialista das
relações civis. Ou seja, preocupam-se com o crescimento da tutela da pessoa por
essa não ter fundamento econômico. De encontro à tipicidade fechada,
predomina-se na doutrina a adoção da tipicidade aberta para a qual a tutela jurídica
da personalidade pode ir além do enunciado na legislação. Portanto, são direitos de
personalidade os exemplificados e previstos na legislação civil e na Constituição,
assim como os tipos reconhecidos socialmente ao encontro do princípio da
dignidade humana38.
O entendimento da tipicidade fechada fracassa por cometer os equívocos de
manter a distinção dogmática de direito público e direito privado, dividindo os direitos
de personalidade em direitos privados e públicos de personalidade, e de exigir a
positivação desses direitos no Código Civil o que impediria a efetiva tutela dos
direitos de personalidade, não aceitando a positivação casuística39.

3.3 OS DIREITOS DE PERSONALIDADE NA LEGISLAÇÃO BRASILEIRA

O grande avanço na proteção jurídica da personalidade no direito brasileiro


ocorre com a promulgação da Constituição Federal de 1988 a qual dentre seus
princípios fundamentais traz o princípio da igualdade em seu artigo 5° e estabelece o
princípio da dignidade da pessoa em seu artigo 1°, inciso III40. E esses princípios
funcionam como substrato para a derivação dos demais direitos.
Portanto apesar da Constituição não possuir um mecanismo expresso
destinado a tutelar os direitos de personalidade, reconhece-se que o princípio da

38
LÔBO, Paulo. Direito Civil Parte Geral, p. 142-143
39
SZANIAWSKI, Elimar, Direitos de Personalidade e sua Tutela, p.123-124
40
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios
e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III - a dignidade da pessoa humana;
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade
19

dignidade age como uma cláusula geral de proteção da personalidade pois, é a


partir da dignidade como princípio fundamental que o ordenamento jurídico brasileiro
deve ser interpretado, tendo em vista que a pessoa natural é “o primeiro e o último
destinatário da ordem jurídica”41.
Além disso, através do artigo 5°, a tutela da personalidade é fortalecida
arrolando diversos direitos especiais de personalidade. Em seu caput protege-se a
vida, a liberdade, a segurança, a propriedade e a igualdade. Todavia também se
firma como direitos de personalidade o direito à integridade física e psíquica (inciso
III), direito à livre manifestação do pensamento (inciso IV), direito de resposta e de
imagem (inciso V), direito à intimidade e honra (inciso X), direito ao segredo (inciso
XII), entre outros.
Nesse ponto, deve-se destacar que a tutela dos direitos de personalidade
não está reservada à Constituição, sendo também feita pelo Código Civil de 2002.
Em seu Capítulo II, do Título I, Livro I, da Parte Geral, artigos 11 a 21. O conteúdo
dos artigos pode ser dividido em dois: o artigo 12 constitui-se a cláusula geral
protetora do direito geral de personalidade enquanto os artigos 13 a 21 trazem
algumas tipificações casuísticas.

4. DIREITOS DE PERSONALIDADE E A PESSOA JURÍDICA

Após delimitar os direitos de personalidade enquanto “direitos absolutos,


desprovidos, porém, da faculdade de disposição. Destinam-se a resguardar a
eminente dignidade da pessoa humana, preservando-a dos atentados que pode
sofrer por parte de outros indivíduos”42, nos resta discutir a aplicação desse conjunto
de direitos à pessoa jurídica.
Primeiramente, os direitos de personalidade buscam resguardar a
personalidade, uma qualidade inerente ao ser humano. Por isso, uma primeira
análise superficial pode nos levar a crer na falácia de que tais direitos são apenas
aplicáveis à pessoa humana. Todavia, apesar de não ser dotado de personalidade

41
SZANIAWSKI, Elimar, Direitos de Personalidade e sua Tutela, p.137
42
GOMES, Orlando. Introdução ao Direito Civil, p. 13
20

natural, a pessoa jurídica é dotada de um outro tipo de personalidade: a


personalidade jurídica.
E é justamente devido a isso que o Código Civil de 2002 também outorga
tutela dos direitos de personalidade às pessoas jurídicas, ratificando em seu artigo
52 que “aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos de
personalidade”. Contudo, o Código Civil não se aprofunda no assunto estabelecendo
quais são os direitos aplicáveis ou em quais situações. Porém, compreende-se que
a aplicação, no que couber, não torna as pessoas jurídicas titulares de direitos de
personalidade, mas sim a equipara a pessoa física para o exercício de alguns deles.
Em outras palavras, a titularidade dos direitos de personalidade é exclusiva da
pessoa física ou humana, pois são características que não são inerentes à pessoa
jurídica, mas, visando a resolução de casos práticos, o direito usa do instituto da
equiparação43.
Evidentemente certos direitos de personalidade não são exercitáveis pela
pessoa jurídica - seria inviável tratar de violação do direito à vida, ou a liberdade (no
sentido de privação), ou a integridade física ou psíquica da pessoa jurídica. Não
obstante, outros direitos como o direito à intimidade e à imagem podem ser
aplicados à pessoa jurídica, com sua violação acarretando a indenização
compensatória por danos morais. Em suma, a doutrina analisa como cabíveis à
pessoa jurídica de direito privado a honra objetiva e a reputação ou imagem social44.

5. ORIGEM DA JURISPRUDÊNCIA DE DANOS MORAIS NA PESSOA JURÍDICA

O ponto de partida jurisprudencial para se considerar a pessoa jurídica apta


a receber danos morais foi a súmula 227 do STJ, que parte da disputa entre a
Tinturaria e Lavanderia Estrela do Matoso Ltda e a jornalista Liane Gonçalves do
jornal “O Globo”, julgada em 22 de março de 1998.
O caso consistiu na empresa se sentindo prejudicada por conta de uma
matéria que afirmava que os serviços de limpeza de roupas hospitalares perante
órgãos públicos de âmbito Municipal, Estadual e Federal eram realizados de forma

43
LÔBO, Paulo. Direito Civil Parte Geral, p.171
44
LÔBO, Paulo. Direito Civil Parte Geral, p.172
21

indevida e sem qualidade, criando assim uma ofensa à imagem pública da empresa,
que iniciou um litígio. No primeiro momento, a 6ª Câmara Cível do Tribunal de
Justiça do Estado do Rio de Janeiro julgou improcedente o pedido, mas
posteriormente a empresa apelou e conseguiu a nulidade da sentença e o
pagamento de 50 salários mínimos (R$ 26.765,53 em valores atuais), com base na
Constituição Federal, que não faz distinção entre pessoa física e jurídica ao tratar de
danos morais.
A ré manifestou recurso especial e o caso subiu ao STJ, que decidiu pela
condenação a danos morais, tendo como base a honra objetiva das pessoas
jurídicas, que consiste no respeito, admiração, apreço e consideração que os outros
dispensam à pessoa, de acordo com o Relator Sr. Ministro Ruy Rosado de Aguiar.

5.1 CASOS CONCRETOS DE DANOS MORAIS À PESSOA JURÍDICA

Na apelação cível 0030542-84.2017.8.16.0001, encontra-se um exemplo de


direitos da personalidade da pessoa jurídica, especificamente o direito a danos
morais. O caso em questão trata do litígio entre Cruz & Assunpção Indústria e
Transporte de Alimentos Ltda. e Gladino Comércio de Cafés, como interessado,
Banco Bradesco S/A. Na apelação em questão, a empresa Cruz & Assunpção
Indústria e Transporte de Alimentos Ltda. havia sido condenada ao cancelamento do
protesto por conta de um negócio jurídico que era inexistente e uma indenização por
danos morais fixada em R$15.000,00. A empresa recorreu da decisão afirmando
que a pessoa jurídica não poderia ter direito a danos morais.
Aqui é demonstrado o direito da personalidade da pessoa jurídica aos danos
morais, já que a apelação teve seu provimento negado, baseando-se na súmula 227
do STJ, citada anteriormente, e no artigo 52 do Código Civil.
Já no recurso inominado cível 0002657-31.2019.8.16.0129, trata de um
recurso que foi negado, em que o réu Leonardo de Souza Viana afirma não ser
possível afirmar que a pessoa jurídica Adriano de Rossi Galani ter sofrido danos
morais por conta de sua condição de pessoa jurídica. Os danos morais foram
causados por uma postagem na rede social Facebook feita pelo réu, que ofendia a
honra objetiva da pessoa jurídica, a qual oferecia serviços de elétrica.
22

Essa pessoa jurídica teve sua honra objetiva abalada, pelo fato de os seus
serviços serem prejudicados pela propaganda negativa feito pelo préu, Leonardo de
Souza Viana, deu a seus serviços, prejudicando sua imagem e afetando-a
financeiramente. Por conta disso, o réu foi condenado a R $3.000,00 de danos
morais e 500,00 de multa caso a postagem persista em sua página. O réu pediu
recurso, mas esse foi negado, por conta da súmula 227 do STJ, citada
anteriormente.
Um caso que chegou ao STJ sobre o tema foi da pessoa jurídica COTEMIG
EMPRESARIAL S/A e SOCIEDADE TECNICA EDUCACIONAL DE MINAS GERAIS
LTDA , sigla cotemig, contra o CENTRO DE EDUCAÇÃO TÉCNICA E
PROFISSIONAL DE CONTAGEM LTDA - EPP, que utiliza a sigla cetemig. O litígio
ocorreu por conta da utilização da sigla cetemig pela ré, que acarretou em prejuízos
comerciais para ambas as recorrentes, que tinham os acessos aos seus respectivos
endereços eletrônicos por conta da semelhança entre as siglas.
A corte condenou a Cotemig por danos materiais, que serão fixados após
análise da liquidação por artigos e a danos morais, fixados em R$ 50.000,00
reajustados conforme a taxa selic, além dos custos dos processos e honorários
advocatícios.
Diante do exposto, é possível perceber que a aplicação da personalidade
jurídica é concreta, especialmente quando se trata da aplicação da súmula 227 do
STJ, sobre danos morais, é passível de uma aplicação mais frequente,
diferentemente dos outros direitos da personalidade jurídica, que são protegidos,
mas dificilmente vão à corte.

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo do trabalho apresentado é estudar a pessoa jurídica através da


leitura de diferentes doutrinadores acerca de vários aspectos: o que é, quais suas
características, a personalidade, como se constitui, como nasce o termo, quais as
teorias e as classificações que a compreendem e, posteriormente, apresentar os
direitos da personalidade atribuídos a essa, deixando clara a principal aplicação
dos direitos morais nos casos concretos. Para que isso pudesse ser feito, usamos,
23

principalmente, das obras dos civilistas Elimar Szaniawski, Francisco Amaral, José
Lamartine Côrrea de Oliveira, Orlando Gomes, Carlos Gonçalves e Paulo Lôbo.
No que diz respeito à primeira parte deste trabalho, foi exposto sobre a
historicidade do conceito de pessoa jurídica na intenção de separar a personalidade
jurídica da personalidade natural. Nesse sentido, a personificação dos grupos de
pessoas naturais só foi assimilada como é hoje a partir do século XIX, em virtude
das contribuições da doutrina alemã, visto que, segundo Alexandre Alves, a pessoa
jurídica como conceituação de uma coletividade não existia entre os atores
históricos antigos e medievais — a única instituição que chega perto disso é a Igreja,
reconhecida como uma personalidade abstrata, separada e superior aos seus
membros. Assim, é, para o ser humano, essencial determinar um elemento que
identifique e unifique um coletivo, mas que não apague a individualidade dos
membros.
Quanto aos motivos para justificar a existência de uma personalidade
jurídica, existem três teorias: da ficção legal, — de Savigny, em que a liberdade é
um atributo exclusivo do sujeito dotado de personalidade, não podendo se atribuir
essa a algo coletivo independente deles e, então, a pessoa jurídica seria apenas
uma ficção criada pela lei e pela doutrina — da existência orgânica — por Otto von
Gierke, em que, pela coletividade conseguir expressar vontade, existiria, de fato, a
pessoa jurídica como órgão vivo — e da realidade técnica, incluindo Hans Kelsen,
em que a ideia da personalidade seria algo que existe em virtude da necessidade
dessa para a técnica jurídica.
Para responder a questão sobre negar ou afirmar a personalidade a pessoa
jurídica e diferenciá-la da pessoa natural, utilizamos as ideias de José Lamartine em
“A Dupla Crise Da Personalidade Jurídica”. Para ele, a existência da pessoa jurídica
não é uma ficção, mas vem da analogia que se faz com a pessoa natural — a teoria
ontológica-institucional da pessoa jurídica — que possui uma forma substancial,
tendo, por isso, a pessoa jurídica uma forma acidental, não podendo ser
independente da substância humana.
Seguindo para a segunda parte do trabalho, já afirmada a personalidade
jurídica e explicada sua historicidade, conceitos mais objetivos da pessoa jurídica
são apresentados com base em Carlos Gonçalves, Orlando Gomes e Francisco
24

Amaral. Para Gomes, a união das pessoas naturais surge como um fenômeno de
personificação - resultado causal do fato associativo - onde um objetivo é
compartilhado pela não possibilidade deste de ser alcançado individualmente. Em
adição, Amaral expõe que a personalidade jurídica é meramente instrumental,
diferente da natural, a qual é inerente ao ser humano, necessária para realizar os
objetivos e proteger o patrimônio dessa coletividade.
A respeito da formação da pessoa jurídica, são necessários elementos
materiais - pluralidade de pessoas, conjunto de bens e fim específico - e elementos
formais - o ato constitutivo, o estatuto e o registro. Enquanto nas pessoas jurídicas
de direito público a formação é resultado da lei, é a pessoa jurídica de direito privado
que necessita do ato constitutivo e registro, somente assim obtendo sua
personalidade.
Nesse sentido, além da diferenciação entre público e privado, existem as
diferenças com relação ao fim dessas: as corporações e as fundações. Entre as
corporações estão as sociedades e as associações, não possuindo a última um fim
lucrativo. Enquanto isso, as fundações possuem um fim social e não visam lucro,
além de serem instituídas de modo diferenciado: por meio da dotação dos seus
bens; definição de seu fim; e do seu estatuto. É importante salientar que poderá ser
elaborado o estatuto por terceiro, ocorrendo de forma fiduciária ou pelo Ministério
Público. O ato constitutivo pode ser alterado, mas deve, obviamente, ter respaldo
legal e averbação no estatuto registrado.
Por fim, sobre a extinção e desconsideração da pessoa jurídica, a primeira
pode acontecer por vontade dos associados, causa prevista em lei ou pelo estatuto,
e a da extinção se inicia com o processo de dissolução e liquidação dos bens.
Quanto à desconsideração, essa poderá acontecer se for necessária à
responsabilização de um dos sócios, seja pelo desvio de finalidade, seja pela
confusão patrimonial ocorridas na condição da pessoa jurídica. Todos os pontos
expostos são apresentados nos artigos 40 a 78 do Código Civil Brasileiro de 2002.
Já na terceira parte, se estende a discussão sobre a personalidade jurídica a
partir do estudo mais aprofundado dos direitos da personalidade, seguindo as ideias
de Amaral e Elimar Szaniawski. Segundo Szaniawski, a personalidade é um bem —
vitalício, irrenunciável, intransmissível, indisponível, inapropriável e imprescritível —
25

portanto, protegido pelos direitos de caráter não patrimonial [os direitos da


personalidade] tratados na Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º. Em uma
análise conjunta ao instituto dos direitos morais, verifica-se o quanto, no Brasil, os
danos morais e a garantia dos direitos da personalidade andam conjuntamente, de
modo que o primeiro é o melhor campo para a proteção prática do segundo.
Mesmo após controvérsias doutrinárias, no Brasil, os direitos da
personalidade são compreendidos como subjetivos, por se tratarem de valores
essenciais e intrínsecos à pessoa humana - e o que resta a ser discutido é a sua
natureza. Autores mais antigos entendem que se trata de um direito da pessoa
sobre a própria pessoa, existindo, porém, objeções a respeito da impossibilidade do
ser humano de ser tanto sujeito quanto objeto de direito. Entretanto, na
contemporaneidade, prevalece a ideia de que o objeto dos direitos da personalidade
são os bens que caracterizam-se como atributos físicos, morais e intelectuais
intrínsecos ao homem.
Destarte, o principal ponto, no que diz respeito a esse estudo, é a discussão
acerca dos direitos da personalidade jurídica. A princípio, tais direitos seriam
definidos como aqueles que resguardam a personalidade, o que poderia acabar
levando à conclusão de que somente a pessoa humana seriam asseguradas desses
direitos. Todavia, o Código Civil, em seu artigo 52, define a proteção dos direitos da
personalidade das pessoas jurídicas, mesmo que não se aprofunde sobre os limites
desses.
Por conta disso, verifica-se que a pessoa jurídica é titular desses direitos
apenas no sentido de equiparação à pessoa física para o seu exercício, de modo
que continuam sendo de titularidade exclusiva da pessoa humana. Dessa forma,
alguns desses direitos não são aplicáveis à pessoa jurídica, como o direito à vida e a
integridade física, mas outros como à intimidade e à imagem podem ser aplicados.
Tanto que, se transgredidos, poderão ser seus agentes penalizados por meio dos
danos morais, de modo a proteger a honra, a reputação e a imagem social da
pessoa jurídica.
Para dar respaldo prático à exposição, a quarta e última parte do
trabalho apresenta casos concretos de aplicação da proteção à imagem da pessoa
jurídica no sentido dos danos morais, partindo da súmula 227 do Supremo Tribunal
26

de Justiça. Em resumo, a súmula partiu de uma disputa entre uma tinturaria e uma
jornalista, em que a empresa se sentiu prejudicada por conta de uma matéria
produzida por Liane Gonçalves, tendo o STJ decidido por condenar a comunicadora,
tendo como base a honra objetiva das pessoas jurídicas.
Demais casos são apresentados na exposição, onde em todos eles vê-se a
aplicabilidade dessa mesma súmula. Isso nos levou a depreender que a aplicação
dos danos morais, quando resultado da responsabilização civil aos danos causados
contra determinados direitos da pessoa jurídica, realmente acontece dentro do
cenário judicial brasileiro.
Portanto, podemos concluir que a pessoa jurídica é uma agrupamento de
pessoas e (ou) bens com um objetivo em comum, cuja existência acidental, ligada à
substancialidade exclusiva da pessoa humana, lhe assegura por analogicidade à
pessoa natural direitos de personalidade, no que diz respeito à imagem e a honra,
podendo estes serem protegidos pela indenização por danos morais.

REFERÊNCIAS

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