1

RELATÓRIO MACROECONOMIA

Inverno e a inflação na Europa,

crise nas criptomoedas e o
cheque em branco brasileiro

POR ADRIANO VERMOLHEM DEZEMBRO DE 2022

 Indicadores de Mercado
Dados de fechamento do dia 01-dezembro-22.

Taxa de juros Inflação Ações Ações EUA Taxa de Câmbio Ações China Criptomoedas

SELIC IPCA IBOV S&P 500 Dólar SSE Index Bitcoin

Último Fechamento 13,75% a.a. 6,47% a.a. 110.988 pts 4.079 pts 5,19 R$/US$ 3.165 pts 88.011 R$

Variação no mês +0,00%* -0,70%* -4,97% +8,51% +1,02% +5,40% -16,46%

Variação em 2022 +4,50%* -3,91%* +6,90% -14,94% -6,73% -12,85% -66,91%

Variação em 12 meses +6,00%* -3,59%* +6,34% -9,60% -8,77% -11,43% -72,98%

3,25%
%*

*Variação em pontos percentuais.

Fonte: Banco Central do Brasil e BTG Pactual

3
Resumo do Cenário Global
Mercado de cripto abalado pela quebra
da FTX
A FTX, até então a terceira maior corretora de cripto ativos
do mundo, foi mais um abalo no mercado cripto, gerando
mais uma forte queda no setor, que apenas no Bitcoin já
acumula mais de 73% de queda em 1 ano.
Fonte: bbc.com
Desaceleração econômica na Europa e
Estados Unidos
Após o registro do 5º mês seguido na Europa de contração
no PMI, que mede a atividade econômica da indústria e
serviços, a segunda maior contração em 10 anos, se
ignorando os efeitos imediatos e diretos do COVID.
Fonte: S&P Global
Inflação de 80% na Argentina
Impressão de dinheiro desenfreada e tabelamento de
preços de produtos são só dois dos motivos pelos quais a
moeda argentina está desvalorizando mais de 80% e
elevando a taxa de pobreza em nossos vizinhos em mais de
40% e 10% na miséria.
Fonte: ElPaís e trandingview.com
Plano fiscal e econômico do novo
governo complicam o cenário de 2023;
A PEC de transição proposta pelo time de Lula e a
confirmação dessa direção com as suas falas das últimas
semanas, pode gerar gastos que podem elevar a dívida
pública, que irão acelerar novamente a inflação e galgando
um caminho econômico semelhante ao da Argentina antes
da pandemia.
Fonte: Pesquisa Macro BTG Pactual
4
Colapso da corretora
de criptomoedas FTX
contamina o mercado
de criptos ativos
O mercado de cripto ativos ainda é muito volátil e essa
volatilidade tem sido sinônimo de quedas assombrosas nas
criptomoedas, mesmo nas mais sólidas, como é o caso do
Bitcoin que caiu mais de 70% em apenas um ano.

Apesar de não ser o motivo de toda a queda das criptos, a

falência da corretora FTX por falta de liquidez foi o degrau
mais recente dessa escada abaixo que o setor vem sofrendo.

Pelas investigações iniciais já feitas após o pedido de falência

da FTX, já é notícia que a crise de liquidez foi causada pelo
roubo das moedas por seus fundadores, principalmente o
CEO e fundador, Sam Bankman-Fried, que usaram os cripto
ativos para benefício próprio, como a compra autênticas
mansões para vários dos executivos da corretora.

5
A falta de liquidez da FTX gerou um desespero em massa
em milhares de investidores que logo pensaram em sacar
ou liquidar suas criptomoedas, o que motivou muitas
corretoras a segurarem saques por tempo limitado para
evitar suas falências por falta de liquidez e, claro, evitar um
efeito manada e consequente derrocada ainda maior das
moedas digitais.
Após sua fortuna despencar cerca de 95%, o jovem bilionário
pegou um jatinho particular e fugiu para a Argentina. O país
de destino do CEO da FTX em fuga não foi não foi à toa, já
que o rapaz possui parentes no país e deve tentar cidadania
argentina.
Os impactos dessa falência são enormes, começando para
os investidores que possuem ativos na corretora e que
muito dificilmente conseguirão reaver seu patrimônio, já
que agora é público que os executivos torravam esse
dinheiro.
O outro impacto é institucional, com relações políticas dos
executivos sendo expostas com seus interesses e lobbies,
assim como fundos e investidores institucionais vendo
pares e concorrentes com investimentos na corretora FTX
quebrando. Espera-se que daqui para frente esses fundos e
investidores institucionais sejam mais diligentes para
identificar operações sólidas.
O principal valor - não confundir com preço - das
criptomoedas é a independência delas do controle estatal,
ideologias e da volatilidade das economias.
A mais recente derrocada das criptomoedas não é o fim dos
ativos, mas uma correção necessária num setor jovem. Não
deixa de ser uma oportunidade para investidores alinhados
aos seus riscos, papel tático na carteira e os potenciais de
ganho no longo prazo.
Fonte: The Economist, jornal.usp.br e aeroflap

A escolha também deve ter relação com o fato do atual
presidente argentino, Alberto Fernández, ter revogado um
decreto que facilitava a deportação de estrangeiros com
antecedentes criminais, assinado por Mauricio Macri em
2017.
O último e o mais importante, é um amadurecimento
necessário do investidor. Espera-se que este fique mais
crítico sobre a qualidade e segurança de seus ativos digitais
e os movimentos das empresas das quais tem seu
patrimônio. Não é por menos que maneiras de tirar e
guardar criptomoedas fora das corretoras de cripto é uma
busca que disparou em todo o mundo e tem sido tópico de
muitos youtubers que falam com o público investidor.

6
Inflação, contração do PMI e
tabelamento de preços na Europa
Se retirar "Europa" do título, parece o título de outra aventura
de Alberto Fernández na economia da Argentina, que gerou
83% de inflação anual, mas, sim, é a Europa.
Após o registro do 5º mês seguido na Europa de contração
no PMI, que mede a atividade econômica da indústria e
serviços, a segunda maior contração em 10 anos, se
ignorando os efeitos imediatos e diretos do COVID.
O destaque ficou pela força que o setor de serviços, que
representa cerca de 70% do PIB da zona do euro, que teve um
peso grande na queda do último PMI publicado.
Com a 5ª queda no PMI, o peso que o setor de serviços teve e
o aumento da taxa de juros, o PIB europeu deve ter uma forte
contração nos próximos trimestres, confirmando a
expectativa de uma recessão em 2023.
Países em recessão tendem a consumir menos, isso
significa forte potencial de queda na sua importação, logo,
queda de exportações para seus parceiros comerciais.
Para o investidor brasileiro, isso deve gerar uma luz amarela
em sua carteira caso tenha exposição a empresas na Europa
ou empresas brasileiras que têm exportações para este
mercado como parte relevante do faturamento.
Enquanto isso, Bruxelas propõe intervenções estatais no
preço do gás nos países que fazem parte da União Europeia,
demonstrando desespero pela inflação da commodity que
ainda não deu trégua, e provando que os "cases de sucesso"
de inflação da Argentina, do Brasil, na era Sarney, e da
Venezuela não ensinaram nada aos europeus. América
latina não deve existir no mapa-múndi econômico da
Europa.
A Alemanha, para decepção da Greta Thunberg, adia a
desativação de suas 3 últimas usinas nucleares para cobrir a
dependência do gás russo que a Angela Merkel,
ex-chanceler alemã, criou para a economia do seu país. O
Isso aconteceu com empresas exportadoras de minério de
atual Chanceler alemão, Olaf Scholz, determinou ainda em
ferro e outras commodities aqui no Brasil quando o caso
outubro que os reatores sigam funcionando até abril de
Evergrande estourou na mídia internacional, apesar da crise
2023. Medida é uma das várias que buscam garantir energia
do setor imobiliário da China já dar sinais há muitos meses.
para o inverno europeu diante do corte do fornecimento do
gás russo e a consequente inflação que assola a zona do
A França, forte crítica das políticas ambientais brasileiras,
euro.
reabre usina de energia termoelétrica, que é alimentada a
carvão, e segue na contramão dos ambientalistas, seu
Fonte: S&P global e euronews
próprio discurso e, claro, das metas ESG no desespero de
gerar e baratear a energia num momento que a Europa
inteira fica olhando o preço do gás disparar após a guerra no
leste europeu e a chegada do inverno.
7
Política de Covid ZERO de Xi
Jinping gera convulsão social
na China e impactos
econômicos globais
Xi Jinping, que tem como marca forte a política de Covid ZERO, famoso lockdown
forçado da população, foi reeleito líder do Partido Comunista Chinês por mais 5 anos.
Sua reeleição o coloca como líder supremo da China, superando até mesmo o tempo
no poder de Mao Tsé-Tung após a revolução comunista no país.

A reeleição de Xi Jinping vinha acompanhada da expectativa de um relaxamento na

política de Covid ZERO, aguardada pela população chinesa e pelo mercado. A
realidade foi outra, com a política sendo ainda mais dura, com portas de prédios
sendo soldadas para evitar saída de seus moradores e o controle de circulação de
pessoas sendo feita através de celulares, impedindo ou dificultando que boa parte da
população consiga comprar comida e remédios.

A pressão causada por essas ações estatais estourou na forma de protestos nos
últimos dias por vários pontos da China após a morte de 10 pessoas em um incêndio
que aconteceu em um prédio residencial na capital de Xinjiang, Urumqi, por não
conseguirem sair do prédio devido a ações da política de Covid ZERO. O governo
chinês, sem surpresa, negou a relação.

8
O controle estatal chinês sobre a população reverberam na indústria,
logística e serviços da China, causando queda de produção, atraso das
entregas e serviços que não são entregues.
Essa queda da capacidade produtiva das empresas, por terem seus
funcionários presos em casa pelo governo chinês e somado à inflação
global, faz as empresas com sede na China tirarem suas plantas de
produção do país e levar para países mais próximos da cadeia de
consumo de seus produtos. Nesse cenário, a Índia vem tomando espaço e
a China perdendo muitas empresas valiosas para seu PIB.
Um exemplo de empresa que está sofrendo com isso é a Apple, que teve a
Foxconn, conhecida como "iPhone city", por ser responsável pela
produção da maior parte dos dispositivos da Apple. A empresa foi
colocada em lockdown restrito, prendendo centenas de funcionários nas
instalações da empresa por pelo menos 2 semanas.
Na Europa e em alguns países das américas já se fala em compra de
iPhone 14 para receber em 2 semanas, sem garantia de entrega do
produto ao cliente no prazo.
Enquanto o mercado dá bastante atenção às publicações dos PMIs da
Europa e Estados Unidos, com razão, o movimento mais importante no
cenário macro global é a redução da repressão social da China e
reabertura do seu mercado. Isso terá um enorme impacto sobre a inflação
em diversas economias e devemos sentir uma redução generalizada de
preços.
O mercado fala sobre esse tema ainda com muita cautela, como se
tentasse evitar o elefante branco na sala. Isso ocorre porque muitas casas
de análise, bancos e economistas de botequim tem clientes que atolaram
suas carteiras com posições em empresas chinesas ou empresas muito
expostas ao mercado chinês.
Artigos e notícias falando do "vôo do dragão chinês" eram abundantes e
profissionais no mercado só falavam de ETFs, fundos e outros índices
para colocar na carteira do brasileiro desavisado da macroeconomia
chinesa. Até parece que esqueceram que a China é um país comunista
em que o estado é responsável por 39% do PIB - Fonte: Banco Mundial.
Neste cenário nada agradável, a China vive um momento turbulento e
confuso, gerando insatisfação em sua população que vai às ruas para
protestar e pedir a cabeça do líder comunista. Enquanto isso, o investidor
brasileiro mais desatento do contexto político e econômico chinês citado
acima acha uma loucura impensável o que está acontecendo.
Enquanto este relatório é escrito, o mercado reagiu positivamente a
novos rumores do afrouxamento das políticas de Covid ZERO. Rumores
de alívio dessa política já ecoam desde o início de abril. Quando o
investidor vai aprender com seus erros, não existe certeza ou mesmo
garantia de que vai acontecer em algum dia.
Fonte: Bloomberg, TradeMap e Banco Mundial
9
Estados Unidos na mira da
recessão econômica
Assim como na Europa, nos Estados Unidos tivemos as prévias dos
dados do PMI de novembro, confirmando uma contração na atividade
econômica, já esperada pelo mercado. A surpresa, porém, ficou para o
tamanho dela, que foi a segunda pior desde maio de 2020, durante um
dos piores períodos da pandemia.

A demanda de pedidos por novos contratos de produção de produto ou

serviço também caiu, como esperado, mas a queda foi muito superior à
expectativa, que excluído a pandemia, é a pior desde 2009, época da
contração após a crise dos subprimes.

As quedas já eram esperadas devido à inflação que segue crescendo, sem

dar sinais de chegar ao pico, e a alta da taxa de juros, que já bateu 4%, que
estão desacelerando a economia.

Em uma semana mais curta nos Estados Unidos devido ao feriado de

Ação de Graças, as prévias dos PMIs de novembro, citadas acima,
contribuíram para uma queda em toda a curva de juros norte-americana.
Enquanto uma parte dos membros do FOMC, comitê responsável pela
definição da taxa de juros americana, considera apropriada a
desaceleração do ritmo de elevação da taxa de juros, os PMIs recentes
abaixo do esperado e abaixo da faixa dos 50 pontos reforçaram os sinais
de recessão para o início de 2023.

10
A confirmação sobre essa possível recessão virá com o
fechamento do PMI de novembro, que acontece no início de
dezembro, e a publicação do payroll, relatório do FED sobre
criação de novas vagas de emprego, balança comercial e o
salário médio por hora do americano.

O payroll deve ser publicado na sexta-feira - 02/12 - e a

expectativa é apontar para a desaceleração da criação de
novas vagas, com expectativa de 200 mil novos postos. Caso
este resultado se concretize, será a menor criação de vagas
desde dezembro de 2020.

O Estados Unidos está sofrendo mais do que o necessário,

com uma inflação histórica e uma taxa de juros que poderia
ser menor e de manutenção mais curta, porém o FED
segurou tanto a elevação da taxa que prejudicou sua própria
economia.

Como disse o próprio Jerome Powell, presidente do FED, em

uma conferência dos bancos centrais europeus em Sintra,
Portugal - “Agora entendemos melhor o quão pouco
entendemos sobre inflação”.

Fonte: Bloomberg e euronews

11
Recessão já chegou para
Big Techs globais
Demissões em massa somam mais de 137 mil
funcionários na rua de 850 empresas de tecnologia
no último ano em todo o globo. Se fizer a relação
entre eles não parece muita coisa. Porém, ao isolar
grandes empresas como a Meta, só ela, mandou
mais de 11 mil funcionários para a rua.
A pandemia de Covid-19 forçou uma mudança
abrupta de rotina da população global ao longo de
um pouco mais de um ano, gerando uma demanda
ao setor de tecnologia inimaginável, que realmente
só uma pandemia e os discutíveis lockdowns
poderiam gerar.
Esse aumento de demanda por serviços de
streaming, compras online, redes sociais,
videoconferência e outros serviços de tecnologia,
fez CEOs de muitas delas injetarem montantes
gigantescos de investimentos e mais tecnologia,
serviços e pessoas para dar conta da demanda a
fim de manter a qualidade de serviços ou
potencializar lucros.
Mais de 2 anos depois, grande parte da população
global, com exceção da China, já retornou para uma
rotina próxima da pré-pandemia e não convive
mais com lockdowns. Isso gerou uma redução na
demanda e a consequente queda de receita dessas
empresas.
A queda da receita também é justificada pela
inflação, que está dando uma surra nas grandes
economias, que até então pareciam inabaláveis, e
motivando milhões de empresas em todo o mundo
a cortar gastos com publicidade, principal canal de
receita de algumas das grandes big techs que
vamos abordar mais para frente.
O que sobrou, além da decepção com a queda
da receita, foram operações inchadas para
lidar com uma demanda que não existe mais.
A conta é simples, queda significativa
na margem de lucro.
12
Essa diferença entre as expectativas de lucro do mercado e
o resultado entregue foi sentido pelo investidor, que
rapidamente reagiu, gerando uma perda de valor de
mercado de mais de 3 trilhões de dólares - sim, trilhões de
dólares - no mercado americano apenas da Apple, Netflix,
Amazon, Microsoft, Meta e Alphabet (Google).
A solução?! Desinchar para que suas operações se
mantenham saudáveis e recuperar suas margens de lucro.
Desinchar significa em grande parte das vezes o corte de
pessoal.
Nessa direção, apenas Meta, Amazon, Twitter e Netflix Em última análise, essas empresas estão se adaptando à
demitiram mais de 25 mil funcionários no último ano, com mudança da dinâmica com seus usuários, clientes e
maior intensidade neste último trimestre de 2022. A queda anunciantes para se manterem saudáveis num contexto
de receita das empresas é equilibrada com cortes de macroeconômico de inflação e potencial recessão. Quanto
investimentos e pessoal. antes dizerem esses movimentos, melhor.
Mesmo com a queda de receita dessas empresas, inflação e Fonte: BBC News Brasil
operações inchadas, essas empresas seguem sendo
lucrativas e bem geridas. Meta, do Mark Zuckerberg, lucrou
4.4 bilhões de dólares apenas entre julho e setembro, a
Alphabet lucrou 14 bilhões de dólares no mesmo período e a
Amazon lucrou 2.9 bilhões de dólares no terceiro trimestre.
13
Argentina alcança 83% de inflação
e 40% da população na pobreza
A Argentina é uma nação que deve ter suas políticas
econômicas estudadas em todas as escolas do Brasil, assim
como nossa própria história com hiperinflação na década
de 90.
Os argentinos tiveram a paciência e a precisão para sair de
uma economia forte, com moeda forte, sinônimo de luxo,
uma nação rica, considerada a Europa da América Latina e
ir para o buraco econômico, com uma moeda em frangalhos
e com inflação que superou 80% a.a. O brasileiro precisa
prestar atenção em seus vizinhos para não cometer os
mesmos erros.
A Argentina já vinha com problemas de inflação, aumento
da dívida externa e instabilidade política desde os
peronistas Néstor Kirchner e Cristina Kirchner, não que esse
caminho fosse novidade.
Porém, os vizinhos argentinos tiveram uma oportunidade
com Mauricio Macri, presidente entre 2015 e 2019, de tentar
algo novo na economia, pelo menos sem tanto
intervencionismo estatal e uma economia mais livre,
independente de ideologia política.
Nos primeiros três anos de governo, Macri não andou com
as privatizações, não fez as reformas prometidas e manteve
a alta emissão de moeda, agravando uma inflação que não
baixava de 20% ao ano.
Como a desgraça na Argentina nunca é pouca, Macri, em
abril de 2019, último ano de seu governo, seguiu a cartilha da
falência econômica, anunciando o congelamento de preços
em 2500 estabelecimentos por 6 meses. O impacto, como o
brasileiro já conhece, foi a falta de produtos nas prateleiras.
Com a subida de Alberto Fernández ao poder da Argentina e
o estouro da pandemia no início de 2020, a impressão de
moeda, congelamento de preços e a intervenção estatal no
câmbio e em outras áreas da economia, levou o peso
argentino para um buraco que parece não ter mais fim.
Em setembro de 2020, o dólar oficial - com intervenção
estatal - já estava em 75,00 pesos e o dólar comercializado
no mercado paralelo, conhecido como Dólar Blue, que é o
câmbio real sem intervenção, já tinha superado os 140,00
pesos por 1 dólar.
14
Enquanto este relatório é escrito, o
câmbio oficial - com intervenção
estatal - está em 167 pesos por 1 dólar e
o dólar blue está em 311,00 pesos por 1
dólar.

Como parte do desespero do governo

argentino com a disparada do dólar,
foram criados câmbios artificiais para
determinados setores da economia,
como no caso do setor de eventos e
cultura que teve a criação do Dólar
Coldplay, em referência à banda
britânica que fez uma apresentação
em outubro deste ano.
A causa originária desse
econômico na Argentina vem do
descontrole fiscal, elevação da dívida
pública, e da impressão de moeda para
dar conta dos gastos
recorrentes. A lógica econômica é
bastante simples, quanto maior a
oferta de moeda, menos ela vale para o
mercado. Oferta e demanda pura e
simples.
O volume de moeda do peso argentino no mercado,
como é possível ver no gráfico histórico de 2017 a
2022, subiu mais de 5 vezes, com maior intensidade
após o início da pandemia, no início de 2020.
Esse descontrole fiscal e a dívida pública, que já em
caos 2019 era mais de 90% do PIB, crescem por ser um
governo populista, intervencionista e
assistencialista, que tenta controlar ou amenizar a
inflação para os mais pobres, mas não tem
públicos condições de cobrir esses custos e precisa emitir
moeda mais uma vez para cobrir sua dívida.
Fonte: TrandingView, elpais e TradingEconomics

15
Dívida pública bruta do Brasil
cai, mas o cheque em branco
da economia chegou
No final de novembro, o Banco Central do Brasil
publicou os resultados da dívida pública,
registrando uma queda da dívida bruta de 77,1%, em
setembro, para 76,8% do PIB em outubro. Porém,
com estabilização da dívida líquida em 58,3% do
PIB no mesmo mês.
Em outubro, as contas públicas fecharam com
superávit primário de 27 bilhões de reais, acima da
expectativa geral do mercado. Mesmo positivo,
chamou a atenção pelo saldo positivo ser inferior
ao superávit de 35,4 bilhões de reais registrado em
outubro de 2021.
Em um período de publicações de resultados das
contas públicas, o que vem chamando a atenção do
mercado não é o superávit atual, mas o risco de
furo do teto de gastos, que representa risco de
inflação e consequente agravamento da dívida
pública interna para cobrir o assistencialismo
viciado do Brasil com uma elevação permanente
de despesas de R$200 bilhões nos próximos 4 anos.
Estar fora do teto de gastos significa que não existe
uma fonte fiscal destinada para cobrir esse custo
de 200 bilhões de reais. Em suas devidas
proporções é como dar um cartão de crédito com
limite de 20 mil reais para alguém que já
endividado até o pescoço, sem muita margem na
sua renda atual para pagar a dívida já existente, e
ainda dizer que a fatura e seus juros irão ser pagos
com base no amor.
Só existem duas formas de cobrir esse rombo.
A primeira opção, que é uma marca
histórica dos dois mandatos de
Lula, é o aumento de impostos
em algum setor da economia
que vai pagar a conta primária,
mas que vai alcançar o bolso da
população quando esse custo
for repassado ao preço do
produto ou serviço.
16
A segunda opção é a impressão de moeda, assim como fez
a Argentina dos peronistas Alberto Fernández e Cristina
Kirchner. O impacto dessa pseudo-solução demora um
pouco mais para chegar, mas sempre chega na forma da
inflação, degradando o poder de compra dos brasileiros.
Se aprovada, a PEC representa uma deterioração grave do
cenário fiscal brasileiro, elevando a incerteza sobre a
estabilidade da dívida pública, fazendo o dólar e os juros
futuros dispararem já no curto prazo, e a inflação batendo
na porta do brasileiro como já citado acima.
Em relatório, o Banco BTG Pactual, estima que essa
elevação de gastos permanente nessa magnitude,
combinada com o cenário macroeconômico adverso no
longo prazo, tem potencial de elevar a dívida bruta dos
74,4% do PIB projetados para o final de 2022, para 103% ao
final de 2030.
Se isso acontecer, o próximo presidente da república vai
pegar uma bomba fiscal maior do que foi a deixada por
Dilma e Michel Temer no final de 2018.
O Copom confirmou as expectativas e, mais uma vez, optou
por manter a taxa Selic em 13,75% a.a. em sua reunião de
outubro. A manutenção é compreensível como parte de um
esforço vigilante sob a inflação e o risco de depreciação do
real frente ao dólar gerada pela evasão de investidores
estrangeiros com a tentadora alta de juros dos Estados
Unidos e Europa, economias mais confiáveis e estáveis.
Dívida cai para 76,8% do PIB
Passou de 82,4% em outubro de 2021 para
76,8 do PIB em outubro de 2022
Dívida bruta do governo geral em % do PIB
A dívida bruta chegou a R$7,3 trilhões
em outubro
A PEC de transição e as falas públicas de Lula e Haddad na
direção da expansão fiscal, dificultariam um cenário de
cortes de juros, gerando uma Selic parada no próximo ano e
discussões a respeito de um eventual novo ciclo de alta caso
a deterioração fiscal se acentue de forma mais intensa. Se
isso acontecer, podemos esperar uma pressão negativa
sobre investimentos, emprego e no final o PIB.
Nessa complexa e intrincada máquina que é a economia, a
independência do banco central sobre a definição da taxa de
juros é um alento para nossa economia, que reduz as
chances de uma taxa de juros artificial e de cair no mesmo
buraco onde estão as economias da Argentina e Venezuela.
Isso está muito longe de ser uma garantia, mas é um freio.
Lula está com 77 anos, sem uma liderança forte na esquerda
para o substituir nas próximas eleições, com a relação entre
seus antigos apoiadores bastante desgastada, como o caso
de Ciro, um senado e uma câmara dos deputados mais
centro direita, em teoria, e um cenário global muito longe da
moeda forte e da bonança das commodities que recebeu do
Fernando Henrique Cardoso.
Lula está num momento da macroeconomia global
pós-pandemia muito diferente e, para dificultar, com uma
oposição muito mais forte nas duas casas. Lula é o mesmo
político de mesmos ideais de 2002, mas o Brasil que ele vai
assumir a partir de janeiro é outro país.
Fonte: Poder360, Investing.com, Banco Central do Brasil e Brasil
Relatório Macro
17
Mercado de investimentos / Renda Fixa
Renda Fixa Pós-fixada
Ainda vemos a subclasse como essencial para um
ambiente de maior volatilidade. O juro real dos
próximos 12 meses segue como maior atrativo. Além
disso, liquidez da classe facilita rotação caso o
mercado abra espaço para maior apetite ao risco, como
fizemos inicialmente neste mês de novembro (leve
redução).
Renda Fixa Inflação
Aumentamos nossa exposição em Inflação, reflexo da
melhora do cenário de carrego e das taxas ainda
elevadas como ponto de entrada. Como consequência, a
duration média da subclasse aumentou, dado nossa
escolha por vencimentos intermediários - entre 2028 e
2033.
Renda Fixa Prefixado
Os prêmios de inflação nos vencimentos entre 2024 e
2025, tem apresentado oportunidades com taxas em
níveis atrativos, mas balanço de risco para taxas
elevadas por mais tempo, seja por pressão de taxas dos
mercados de moeda forte ou por riscos de bagunça
fiscal.
18
Mercado de investimentos / Renda Variável
Renda Variável Brasil
A bolsa brasileira segue como destino de muitos
estrangeiros por uma economia entregando bons
resultados e com controle da inflação melhor do que
economias desenvolvidas, tornando o Brasil uma
excelente opção entre os mercados emergentes e com
taxa de juros atrativa.
Renda Variável Internacional
O mercado global está bastante volátil com inflação
ainda descontrolada, sem perspectiva sólida de alta na
taxa de juros e dados de geração de empregos sendo
destaque para confirmação ou não de uma eventual
recessão nos mercados americano e europeu. O
investidor ainda vai ver muita volatilidade nos ativos
globais. Não deixa de ser uma boa opção para o
investidor que quer se proteger em moedas fortes.
Fundos Imobiliários
Fundos Imobiliários possuem excelentes oportunidades
avaliando a relação de risco e retorno dessa classe.
Com manutenção de taxa de juros alta, o valor das
contas de FIIS tendem a ser pressionados para baixo,
gerando boas oportunidades para possível valorização
futura no caso da queda da taxa de juros, além do yield
de muitos estarem superando a inflação oficial atual.
19
Carteira de investimentos Amur Capital
Conservador Moderado Agressivo
Classes Outubro ▲% Novembro Classes Outubro ▲% Novembro Classes Outubro ▲% Novembro

Renda Fixa 81,5% 0,0% 81,5% Renda Fixa 61,0% 0,0% 61,0% Renda Fixa 45,0% 0,0% 45,0%
Caixa¹ 30,0% 0,0% 30,0% Caixa¹ 16,0% 0,0% 16,0% Caixa¹ 10,0% 0,0% 10,0%
Pós-fixado² 40,0% 0,0% 40,0% Pós-fixado² 20,0% 0,0% 20,0% Pós-fixado² 15,0% 0,0% 15,0%
Inflação² 7,0% 0,0% 7,0% Inflação² 15,0% 0,0% 15,0% Inflação² 8,0% 0,0% 8,0%
Crédito Privado² 2,5% 0,0% 2,5% Crédito Privado² 6,0% 0,0% 6,0% Crédito Privado² 7,0% 0,0% 7,0%
Pré-fixado² 2,0% 0,0% 2,0% Pré-fixado² 4,0% 0,0% 4,0% Pré-fixado² 5,0% 0,0% 5,0%
Retorno Absoluto 7,5% 0,0% 7,5% Retorno Absoluto 12,5% 0,0% 12,5% Retorno Absoluto 17,0% 0,0% 17,0%
Renda Variável 8,5% 0,0% 8,5% Renda Variável 18,5% 0,0% 18,5% Renda Variável 25,0% 0,0% 25,0%
Nacional³ 6,0% 0,0% 6,0% Nacional³ 15,5% 0,0% 15,5% Nacional³ 20,0% 0,0% 20,0%
Internacional³ 2,5% 0,0% 2,5% Internacional³ 3,0% 0,0% 3,0% Internacional³ 5,0% 0,0% 5,0%
Alternativos 2,5% 0,0% 2,5% Alternativos 8,0% 0,0% 8,0% Alternativos 13,0% 0,0% 13,0%
Fundos Imobiliários³ 2,5% 0,0% 2,5% Fundos Imobiliários³ 6,0% 0,0% 6,0% Fundos Imobiliários³ 10,0% 0,0% 10,0%
Outros 0,0% 0,0% 0,0% Outros 2,0% 0,0% 2,0% Outros 3,0% 0,0% 3,0%

Muitos clientes têm mantido a posição em Inflação por
volta de 7%, com o objetivo de aumentar a duration da
estratégia e capturar o carrego que voltou a ficar atrativo e
o nível das taxas. Com a manutenção da taxa de juros e a
PEC de transição deixando pressionando os juros futuros,
muitos clientes têm mantido sua posição em pós-fixado
na casa dos 40%. Como reserva de oportunidade e posição
em pré-fixado, não percebemos alterações dos
investidores mais maduros.
Muito próximo do que foi o comportamento dos
investidores conservadores, não tivemos grandes
mudanças na alocação de investidores moderados, com
uma procura maior apenas por ativos pré-fixados, mas que
não teve grande impacto na posição consolidada geral da
base.
Em novembro, investidores têm se mantido neutros em
Retorno Absoluto, com cerca de 17%, com os fundos ainda
capturando os movimentos na política monetária global,
bem como a volatilidade das moedas.
Muitos investidores de perfil mais agressivo tem reduzido
suas posições pós-fixadas para próxima de 15%, enquanto
vemos casas de análise ainda com alocação em pós-fixado
perto de 27%, olhando para ativos atrelados à inflação
(12,5%), reflexo do risco fiscal que vem se desenhando e
aproveitando as taxas de rendimento real mais atrativas.

20
drops. Business has only two functions - Marketing & Innovation 21

Fale com Assessor Disclaimer

4003 7747

Este documento é um resumo dos fatos e notícias veiculados por portais de notícia, governos e empresas
privadas. Nada neste resumo constitui indicação de estratégia de investimento ou recomendações e
tampouco constituem uma recomendação pessoal. Este resumo possui caráter informativo, não constitui
material promocional e não foi produzido como uma solicitação de compra ou venda de qualquer ativo ou
instrumentos financeiros relacionados em qualquer jurisdição. Os dados que aparecem nos gráficos
referem se ao passado, a rentabilidade obtida no passado não representa garantia de rentabilidade futura
Link: https://www.btgpactualdigital.com/analises/disclaimer-macro
Feedbacks
Este documento possui caráter informativo, não constitui material promocional e não foi produzido como
comercial@amurcapital.com.br
uma solicitação de compra ou venda de qualquer ativo ou instrumentos financeiros relacionados em
qualquer jurisdição. Os dados que aparecem nos gráficos referem-se ao passado, a rentabilidade obtida no
passado não representa garantia de rentabilidade futura.

Contato do time responsável

Siga-nos no instagram
@amur.capital
pela montagem deste conteúdo
comercial@amurcapital.com.br
drops. Business has only two functions - Marketing & Innovation 22