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Abordagem crítica do trecho do Filme Cidade de Deus.

O trecho do filme que anos após virou série em foco, Cidade de Deus -
2002, aborda o cotidiano de adolescentes moradores de uma favela do Rio de
Janeiro, onde é repercutida toda a vivência desses adolescentes refletida numa
sala de aula. O filme retrata o crescimento do crime organizado na Cidade de
Deus, uma favela que começou a ser construída nos anos 1960 e se tornou um
dos lugares mais perigosos do Rio de Janeiro no começo dos anos 1980. Para
contar a trajetória deste lugar o filme narra a vida de diversos personagens e
eventos que se entrelaçam no decorrer da trama. Tudo pelo ponto de vista do
Buscapé, o protagonista-narrador que cresceu em um ambiente muito violento.
Porém, encontra subsídios para não ser fisgado pela vida do crime.
A professora na condição de orientadora da disciplina história, está
explanando referente à história do Brasil, mas, suas falas de início não são muito
absorvidas pelos alunos, gerando até mesmo conflitos na interpretação do que
foi abordado. Enquanto isso, Acerola começa a desenhar em várias folhas de
caderno, trazendo consigo rabiscos e tracejos do que está sendo abordado em
aula.
O que mais chama à atenção, é que no momento em que o conhecimento
da história abordada é transferido em formato de desenhos, o aluno começa a
equiparar os conflitos da independência do Brasil com sua realidade vivenciada
desde os anos iniciais em sua comunidade. Sua imaginação muito fértil, começa
a dar vida a sus desenhos projetando sua mente pra um lugar só seu.
Vale salientar a impaciência da professora em explicar o conteúdo e
esclarecer as dúvidas dos alunos, caracterizado pelo método tradicional, onde,
o professor é a figura central e com pouco recurso didática, como trabalhos em
grupo, discussões, recursos artísticos etc. Por esse motivo, a visão tradicional
de educação tem sido bastante questionada nos últimos anos, embora ainda
seja a opção escolhida por vários profissionais e instituições. A professora até
se esforça em tentar dar sua aula, mas sempre interrompida. Ao final do trecho,
tenta até levar os alunos à um passeio relacionado à temática da aula de história.
Por fim, o que vai destacar, é a intervenção de Acerola, quando a
professora pergunta a classe o que foi abordado na aula passada. Ele se levanta
para explicar na intenção de salvar sua classe da possível punição de não ir para
o passeio de conhecer a coroa. Seu discurso surpreende a todos, pois trata da
retrospectiva da aula anterior atrelada ao seu cotidiano vivenciado na favela.
Termos, gírias, artefatos são utilizados na fala, mas, toda a classe se atenta ao
que está sendo dito por ele com total silêncio. Silêncio esse, que cativou até a
atenção da professora a qual ficou muito satisfeita com tudo que foi dito e sorriu.
Entretanto, não precisamos escolher o meio ao qual lecionar ou se a
instituição dispõe de recursos para enriquecimento da aula. Os educadores
enquanto disseminadores do conhecimento, precisam usar de sua sapiência e
criatividade tornando as aulas um momento de nostalgia e de vasta assimilação.
É preciso inovar e trazer consigo a realidade dos alunos para as salas de aula
na intenção de torna-los inseridos, participantes e pertencentes em meio à uma
sociedade tão separatista em sua maioria.

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