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Isadora Aparecida Delpasso de Souza

PORT
FOLIO
PIBID

___________________ 2023/2024_____________________

INTRODUÇÃO
O presente documento pretende apresentar reflexões sobre os apoios que sustentam o projeto PIBID,
um projeto de iniciação a docência que estende uma ponte entre alunos de graduação e escolas de
ensino básico, facilitando trocas que estimule uma aprendizagem criativa, onde o aluno pbidiano
possa levar práticas e assuntos que confiou de dentro da universidade, bem como trazer da escola
para a universidade. Reconhecendo que a produção do conhecimento não está restrita a universidade.

APRESENTAÇÃO DA ALUNA

Sou estudante do último ano de Artes Visuais na Pontifica Universidade Católica de Campinas
e desde que ingressei no curso tenho me interessado pela educação. Acredito muito nas escolas como
terrenos verdes para semearmos com uma visão expandida que favoreça a vida. Através do ensino de
artes mediar práticas que transpirem sensações em imagens.

Na graduação, meus maiores interesses têm se aproximado da cerâmica e do desenho e ficado


mais distante dos trabalhos com tecnologia. Com isso, pretendo aproveitar das minhas afinidades para
desenvolver projetos junto aos ateliês, guiados pela sensibilidade e pelo conhecimento.

CONTEXTUALIZAÇÃO DA ESCOLA

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Emilio Miotti está localizada no bairro Santa Luzia, região
Sul de Campinas. O espaço oferece uma estrutura em condições regulares, porém acredito que possa
ser ser lutado por muito mais melhorias, como uma horta para o terreno acima da tenda, mais arvores
em espaços dentro e em calçadas externas da escola, um corredor de entrada mais florido e uma
reforma para um espaço mais acolhedor em volta da amoreira.

Os professores da escola, sempre interagem com alunos com muito carinho, em especial a Camila,
Will, Pierce, Felipe e Nicolas. Com isso, também sinto que os alunos ganham uma segurança afetiva
para aprender.

Na escola, além das aulas regulares, nos dois últimos horários acontecem os projetos ateliês,
com assuntos variados, como matemática aplicada as obras de artes, investigações na ciência,
autoconhecimento, elaboração de heróis e vilões e até atêlie aberto as curiosidades. O assunto do
ateliê é escolhido pelo aluno através de uma votação, dispondo assim de uma composição de alunos
de diferentes anos em um mesmo ateliê/sala. Já os temas são escolhidos em liberdade pelos
professores.

A inserção dos ateliês na escola é conquista de um grupo de professores que há dez anos
atrás pensou em um projeto que contribuísse ao combate da violência entre os alunos. A
interdisciplinaridade é um dos pilares mais forte do projeto, uma vez que se abrindo para diversos
assuntos, consegue conectar a interesses de mais alunos.

ATUAÇÃO
SALAS DE AULAS

Sinto que dentro das salas de aulas, nossa atuação como pbidiano fica muito limitada, muitas vezes,
contribuímos apenas com uma atenção primária a um aluno que apresente alguma dificuldade
durante alguma atividade de sala. Sendo que na maior parte do tempo, se arquiteta mais pela
observação.

ATELIÊ

O primeiro ateliê que participei foi "Educação Anti Racista" conduzido pelos professores Ronaldo e
Cláudio. Gostei bastante do assunto debatidos, pois acredito que são assuntos que não podem ficar
restritos apenas as aulas de história ou a eventos específicos. Porém acredito que a apresentação dos
assuntos ficou muito próxima a uma didática de uma aula convencional, onde tudo começa e termina
na superfície do papel. Foram abordados conceitos de discriminação e preconceito e também
manifestações na música e na dança como o samba, o coco, o jongo. Acredito que as atividades
poderiam ter estendido a outros espaços da comunidade, como participar de uma roda de capoeira,
a uma roda de jongo na Fazenda das Roseiras, visitar a um centro cultural, experimentar os
instrumentos de percussão.

No ateliê "Adolessencias" orientada pela supervisora Maria Cristina e pela professora Julia, fiquei
instigada pela curiosidade dos alunos em saber do próprio nome do ateliê. Contribui como em todas
outras demandas, com uma escuta mais particular a cada aluno. As propostas passaram de a
elaboração de um desenho de um animal que te representasse a mapas com medida de emoções e
sentimentos, objetos que contariam de sua história, aula experimental com argila no laboratório de
cerâmica da PUC e post it para escrever sobre considerações sobre belo e feio.

Já no ateliê Vilões e Heróis, guiado pelos professores Pierce, Will, Felipe e Roberto, os alunos
escreveram histórias para os professores da escola como personagens de heróis e vilões. Muito
engraçado como eles observaram os comportamentos dos professores para imaginar vivencias do seu
passado antes de professor. Dessas atividades eles elaboraram desenhos com referência aos
personagens da Marvel, criando figurinos. No dia da mostra, organizamos a sala com diferentes
ambientes, como um clã de herói e uma artilharia para vilões, fazendo com que eles reconhecessem
através do espaço as funções de cada personagem.

RELATÓRIOS SEMANAIS SEGUNDO SEMESTRE – 2023

9/agosto: As duas aulas de história começam na tenda, onde os alunos são propostos a pesquisar no
livro didático respostas para as questões escritas na lousa pelo professor. Questões sobre as
navegações pelos portugueses e o comércio de mercadorias. Na aula de matemática, o assunto são a
potenciação de números inteiros com bases positivas e negativas. Nas aulas de português são
corrigidos exercícios do livro didático, onde os alunos precisavam descrever as expressões e gestos
dos personagens das tirinhas. Penso com isso pode se estender ao ateliê "adolessências" para
trabalharmos com o mapeamento e nomeação das emoções e sentimentos de cada aluno. A
professora intervém na aula depois dos alunos não pararem de discutir sobre o grupo esplanada, um
grupo de instagram que dissemina preconceitos e discriminações a alunos da escola. Gostei muito da
posição da professora que afirmou que se eles se sentem incomodados com as publicações, a primeira
atitude é deixar de seguir o grupo para que o responsável perceba que não tem pessoas interessada
em suas falas. Acredito ser muito importante a orientação do professores nesses assuntos. No ateliê,
é proposto aos alunos desenharem um círculo ao qual chamaram de roda da autoconsciência, para
que pintem em diferentes cores e tamanhos os assuntos de cada repartição desse círculo, que dizem
sobre saúde e bem estar; felicidade; entre outros. Converso com Maria Cristina para que pudéssemos
desdobrar o mesmo exercício e alcançar outras questões dentro desses mesmos assuntos trazidos no
desenho, para que o desenho não seja somente um mero registro, como eu enxerguei na proposta.
Penso em propor aos alunos a pensarem quem está levando essas emoções e sentimentos, com
perguntas, como: algum acontecimento familiar?; algum acontecimento na escola?; quais situações
te deixam tristes?.

16/agosto: Recebemos os alunos no ateliê de cerâmica da PUC para que com a proposta da estagiária
Olívia pudéssemos fazer um pote a partir da técnica de cordões. Foi muito curioso assistir os alunos
construindo o pote e investigando diante do fazer como se resolver alguns problemas que vão se
revelando. Depois de mais de uma hora com a mão na argila, os alunos já vão pedindo para comer e
conhecer a faculdade. E das coisas mais bonitas que assisti nessa proposta, foi a ocupação deles em
espaços que nós quase não atrevemos. Fomos até a praça de alimentação e achei muito interessante
como alguns deles associaram o espaço a um shopping, isso diz do quanto o espaço está sem
referência educadora, é mesmo só um espaço para consumo. Fiquei pensando com esse comentário,
em como promovermos ali, um espaço mais cultural com referências da culinária africana, indígena,
nordestina, paulista .Com desenhos de alimentos ancestrais, como o milho, a mandioca, a batata doce
nos seus mais variados preparos.

22/agosto: O dia começa com as aulas de ciência com a professora abordando sobre o reino monera,
propondo a elaboração de um desenho para ilustrar o assunto. Na aula de português também se
corrige exercícios do livro didático. E nas aulas de matemática, a professora dita algumas expressões
que envolvem cociente, produto, incógnita para que os alunos escrevam a expressão. Depois do
intervalo a aula de artes vai para a tenda para que os alunos investiguem diferentes tipografias para
se desenhar os nomes dos formandos na parede da escola. No ateliê, segue com a atividade de pintura
das mandalas feitas com formas orgânicas em papel panamá. A sugestão que fiz na aula do dia 09 em
desdobrarmos a roda da autoconsciência ficou abandonada

com as novas atividades. Os alunos pintam coletivamente a mandala, e é interessante como eles se
organizam para que possam pintar todos juntos no mesmo tempo. Curioso como a forma circular
facilita essa organização.
30/agosto: O dia dentro da sala começa com prova de história. Poucos alunos conseguem fazer a
prova inteira. Questionam o professor onde encontraria as respostas para as perguntas, mesmo com
consulta os cadernos. E se sentem abandonados nesse momento avaliatório. Na aula de matemática,
a professora expõe na lousa expressões algébricas e junto aos alunos, vão resolvendo em voz alta. Na
aula de português, também corrige exercícios do livro didático, colocando as respostas na lousa para
que os alunos tenham o registro no caderno. No ateliê é entregue as cerâmicas feitas no dia 16 para
que os alunos pintem e acrescentem outros significados nela junto da cor.

05/setembro: Mostra dos ateliês. Os alunos ficam bastante agitados com organização diferente do
dia. Ainda assim, muitos se entusiasmam em querer ajudar a expor os trabalhos pela sala. É um
momento importante para eles reconhecer o que é de cada um no meio do todo. Observar e ser
observado. Sinto que é nesse momento de apresentação que as coisas ganham sentido para eles.
Sentido esse que ficava abandonado durante o trabalho contínuo do ateliê. É também nesse momento
apresentação que muitos se sentem desafiados, ao tentar encontrar um jeito para falar daquilo que
fizeram.
retratos de liderenças negras no combate ao racismo, atividade do atêlie anti racista
maquete de uma favela no ateliê som das periferias
tubos de ensaios para apresentar as notas musicais no ateliê aprendiz de cientista

13/setembro: O dia começa com as aulas de história, o professor propõe aos alunos que copiem um
texto do livro didático e depois elaborem questões que possam ser respondidas com ele. Na aula de
matemática, a professora Yara pede para os alunos resolverem contas de multiplicação exposta na
lousa e eles aguardam até perto do sinal para que comecem a copiar. Depois do intervalo, Maria
Cristina nos reúne para comentarmos sobre a mostra e nos orientar sobre o plano de aula que
precisaremos desenvolver para serem aplicados nas quatro primeiras aulas antes do ateliê, junto aos
alunos que apresentam dificuldade com leitura e escrita. E nas salas, acontecem as votações para os
ateliês.

20/setembro: Dia de reunião de pais, com isso não acontece as aulas regulares. Pedimos aos pais que
chegavam a escola para a reunião, para que façam a avaliação da escola através do formulário
disponível pelo qr code. Muitos nem conhece o EPA e os grupos de encontro. Sinto que se a avaliação
não for feita dentro da escola, ficara esquecida em casa. Muito interessante presenciar os alunos com
seus responsáveis, onde a maioria vem acompanhado das mães e irmãos mais novos; e conhecer
visualmente as pessoas do seu relacionamento familiar. A coordenadora Silvana nos informa que após
uma reunião com a diretora, não será aceito a sugestão de ficarmos com alguns alunos escolhidos
para as quatro primeiras aulas da quarta-feira, onde elaboraríamos aula com assuntos mais curiosos
aproximaria eles da escrita e leitura. Esperamos por uma reunião com as supervisoras do PIBID para
que elas conversem mais com a diretora sobre a importância dessa sugestão.
27/setembro: As quatro primeiras aulas, história, matemática e português seguem seu fluxo com
correções de exercícios. No ateliê "Com grandes poderes, vem grandes responsabilidades: Heróis e
Política" acompanho os alunos a elaborem os personagens vilões, os quais foram sugeridos que sejam
os professores, junto eles escrevem uma gênese com poderes e fracassos desses vilões. É interessante
como a escrita fica mais fluída depois do desenho feito. Para os heróis foram escolhidos personagens
mais comerciais, personagens de desenho com algumas mudanças no físico e nos seus
comportamentos e poderes. Vou contando mitologias de alguns deuses e deusas hindus para trazer
mais elementos que podem se associar.

04/outubro: Nas primeiras aulas antes do ateliê conversamos com a supervisora, pensando em
projetos que possam contribuir mais com as aulas, sem ficarmos como um observador dentro das
salas. No ateliê, o professor Pierce pede para os alunos seguirem com a atividade já proposta nos
dias anteriores, que é o desenho de uma capa de gibi e um trailer de filme com os personagens
vilões e herois. Vamos para a quadra e noto os alunos, muitas vezes estando fora da sala,
abandonam mais fácil a tarefa. Outra observação para hoje é o material. Muitos alunos ficam a
desenhar em folhas de caderno com linhas e não são oferecidos pela escola e pelos professores,
outros materiais mais interessantes a eles, como uma folha sulfite de maior gramatura para resultar
em um trabalho mais bonito.

11/0utubro: Dia de Teatro e comemorações a semana da criança. Fico meditando através da


atenção dos alunos pelo espetáculo, em como ficaria mais interessante o processo de aprendizagem
com assuntos de aula através de uma apresentação artística. Deixar os assuntos mais curiosos com
outros elementos mais práticos. Imaginemos uma aula sobre a segunda guerra mundial através de
uma peça de teatro. Um trabalho em arte para uma aula de solos.

18/ outubro: Depois de resolver as questões do livro de história, os alunos recebem o kit de livros, e
começam a me doar, dizendo que não são livros de seu interesse e que em sua casa pode se tornar
lixo. Fico me perguntando
01/novembro: Nas primeiras aulas fico na biblioteca pesquisando assuntos para serem trabalhados
nas aulas que antecedem o ateliê, e pensando em como organizar a biblioteca para tornar um
espaço mais procurado pelos alunos. No ateliê, os alunos são propostas a desenharem um vilão para
o homem, porem muitos com dificuldade do desenhos se desanimam. Juntos vamos assistindo
vídeos para entender algumas técnicas para começar a elaborar um desenho, como proporções e
posições do corpo.

14/novembro: Apresentação de seminários dos alunos da história em inglês. Leitura do livro "A pena
e a lei" pelos alunos de oitavo ano. No ateliê seguem as atividades para a apresentação, é proposto
terminarem de fazer os emblemas dos heróis. Ajudo pessoalmente uma aluna no ateliê a escrever
sobre a morte, o assunto que guia os trabalhos do ateliê. Escrevemos sobre possíveis interpretações
para a morte, um fim ultimo, uma passagem para uma outra experiencia. Trazemos como esse
momento é interpretado por diferentes cosmovisões de povos nativos. Assim como também se
elabora mitologias de criação a partir da morte, como exemplo trazemos a do povo yawalapiti, onde
os olhos de uma onça morta se transformaram em sol e a lua e sua pele, o céu. Abordamos alguns
rituais para morte, como o Kuarup para os povos do Xingu. Até mesmo dos rituais fúnebres e
técnicas de mumificação no Egito Antigo.

15/ novembro: feriado

22/11: Na aula de português, os alunos apresentam seminários sobre novos produtos que poderiam
ser lançados mais criativos no mercado. Trazer uma problemática e oferecer uma solução. Nas
demais aulas acomponhei o professor Nicolas nas turmas de oitavo e nono ano para a leitura da
peça de teatro do livro "A pena e a lei". Muito interessante como os alunos se mantém mais atentos
para não atrasar sua fala e a expressões que se configuram com a simples leitura.

28/11: Mostra dos ateliês. O dia começa com a organização da sala, na vontade de transformar o
espaço em uma surpresa para os visitantes. Os alunos já estão mais eufóricos com a ansiedade em
querer lembrar do que é preciso para se apresentar, mas ainda conseguem conduzir isso com mais
alegria do que em uma avaliação. Depois que os visitantes chegam e se apresentam em mais de uma
vez, já se aliviam e ficam mais distraídos. Propus para que eles perguntassem aos visitantes o que
torna uma pessoa heroína ou vilã e quais poderes gostariam de assumir para sua vida pessoal.

05/12: Última semana de aula, os alunos já estão mais dispersos, muitos dos professores, já não
ficam mais na sala e cede a aula para que eles joguem ou assistam no celular. Sento com eles em
roda e proponho para que contamos uma história que será criada com uma frase espontânea que
complemente a do aluno anterior. Em todas as histórias os alunos acabavam com um desfecho
trágico, em uma situação de morte violenta. Acredito que tragam essas referências das vivências de
dentro da comunidade ou contaminados pelos filmes de terror.

AUTOAVALIAÇÃO E CONCLUSÃO

Gostaria de expor aqui que senti que minha contribuição com o projeto tenha acontecido quase que
invisível, já que grande parte da minha atuação ficava para uma leitura e escuta mais sútil. Aconteceu
de muitas vezes chegar com alguma ideia e compartilhar com o professor sem um projeto prévio,
apenas numa conversa mais espontânea. Também gostava de reservar minha contribuição para uma
atenção mais particular a cada aluno.

Acredito que possamos alinhar mais para uma comunicação direta com a gestão escolar e uma
orientação mais objetiva das supervisoras para a execução de um projeto autônomo, onde
conseguiríamos pensar juntas em propostas criativas. Embora tenha sido concedido a nós a liberdade
para a elaboração, me senti sem muitas referências, considerando essa atuação a minha primeira
regência dentro da escola.

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