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Stated Clearly apresenta:

O que é a hipótese do "mundo de RNA"? Se você voltasse 120


milhões de anos no tempo, você se encontraria no mundo dos
dinossauros. 500 milhões de anos atrás era um mundo de
trilobitas e outras estranhas criaturas marinhas. 3,4 bilhões de
anos atrás era o mundo das primeiras células vivas e se você
voltar mais ainda... Cientistas suspeitam que cadeias de uma
substância química chamada RNA, ou algo similar ao RNA,
iniciaram toda essa bela bagunça que chamamos de vida!
Supõe-se que foi o RNA que deu início à vida por vários motivos:
Correntes de RNA são abundantemente encontradas em todas as
células vivas hoje, RNA é um parente químico do DNA, e com
quase nenhuma ajuda de pesquisadores, cadeias de RNA podem
se replicar, evoluir e interagir com seu ambiente. Enquanto vários
detalhes ainda devem ser descobertos, a hipótese do "mundo do
RNA" é a simples ideia de que em algum lugar no nosso jovem
planeta, talvez em uma poça de maré ou em uma fonte termal, a
química da Terra esteve produzindo longas cadeias aleatórias de
RNA. Assim que formadas, elas começaram a se replicar,
evoluindo e competindo com as outras por sobrevivência. Assim
que essas cadeias evoluíram e se diversificaram. algumas
eventualmente começaram a cooperar para produzir o código
genético, uma grande diversidade de proteínas complexas, e até
células vivas que, da perspectiva do RNA, podem ser
consideradas casas ou máquinas de sobrevivência em que o RNA
vive. Para entender como as cadeias de RNA podem interagir com
seus ambientes, replicar e evoluir; nós precisamos primeiramente
entender o simples processo de emparelhamento de bases.
Cadeias de RNA são feitas de nucleotídeos - pequenas moléculas
de quatro tipos diferentes identificadas por A, C, U, e G. Os átomos
da espinha dorsal de um nucleotídeo, representados aqui por um
retângulo amarelo, podem formar fortes ligações químicas com os
átomos da espinha dorsal de qualquer outro nucleotídeo de RNA.
Isso significa que diferentes cadeias podem ter sequências
completamente diferentes da esquerda para a direita. As partes
que chamamos de bases de nucleotídeos - a forma colorida
identificada por A, C, U ou G - são atraídas por outras bases como
imãs, mas elas são seletivas sobre com quais se juntarão. G se
une seletivamente a C, A se une seletivamente a U. Quando as
bases encontram seus pares e se unem, nós chamamos isso de
"emparelhamento de base". Os pesquisadores descobriram que
com mínima assistência , o emparelhamento de base permite que
cadeias de RNA se repliquem e evoluam.
Funciona assim: Quando uma longa cadeia de RNA é suspensa
em água fria com grande concentração de nucleotídeos livres, a
cadeia pode agir como um modelo para a sua própria replicação.
Nucleotídeos automaticamente se emparelham com seus
correspondentes na corrente existente. Se os átomos da espinha
dorsal formam ligações químicas um com o outro, (e, a propósito,
esta é a parte que por enquanto necessita de assistência de
pesquisadores; nós ainda não temos certeza de como isso teria
acontecido naturalmente) uma fita complementar de RNA é
formada - com a exata sequência inversa da original! Se a água é
então aquecida, as bases emparelhadas se soltam, permitindo
que ambas as cadeias ajam como modelos quando o ciclo se
repete. O interessante deste processo é que cada sequência
subsequente é produzida como uma cópia da original, mas às
vezes mutações ocorrem. Isto significa que essas cadeias
competem pela sobrevivência e reprodução, verdadeira evolução
- linhagens com modificações postas em prática por seleção –
pode ocorrer em cadeias de RNA. Por mais incrível que é a
replicação, o emparelhamento de bases também dá às cadeias de
RNA uma segunda abilidade especial. Quando deixadas em água
fria o bastante para que o emparelhamento de bases mas sem
nucleotídeos livres suficientes para a replicação, as cadeias
dobram e emparelham consigo mesmas! O resultado final é uma
forma complexa com algumas bases apontando para fora pois
elas não puderam encontrar parceiros. Estas bases livres
apontando para fora podem causar reações químicas especiais ao
interagir com outras moléculas no ambiente. Uma cadeia dobrada
de RNA capaz de realizar uma reação química específica é o que
chamamos de "ribozima". Algumas ribozimas quebram certas
moléculas, outras juntam certas moléculas umas com as outras, A
função específica de uma ribozima é determinada por sua forma
específica, e sua forma é determinada por sua sequência. Se uma
mutação muda a sequência de uma ribozima, a forma pode ser
modificada assim como sua função. Quando as ribozimas foram
descobertas inicialmente, os cientistas se perguntaram o quão
difícil seria para cadeias aleatórias de RNA evoluírem legítimas
funções de sobrevivência. Imagine, por exemplo, uma ribozima
que possa construir nucleotídeos a partir de moléculas que acha
no ambiente. Após múltiplas gerações, a seleção natural poderia
promover e refinar essa ribozima porque a cadeia teria acesso a
mais nucleotídeos livres do que seus rivais, permitindo que se
replique mais frequentemente. Para explorar esta ideia,
pesquisadores da Universidade de Simon Fraser produziram um
grande grupo de cadeias aleatórias de RNA e as examinaram para
ver se alguma por acaso podia construir nucleotídeos.
Surpreendentemente, algumas podiam, mas elas não eram tão
eficientes. Os pesquisadores selecionaram as cadeias mais bem-
sucedidas e então usaram uma técnica de laboratório chamada
PCR para rapidamente replicá-las com sutis mutações aleatórias.
Após apenas 10 aplicações de PCR seguidas de seleção,
ribozimas altamente eficientes em construir nucleotídeos
evoluíram.
Estas eram moléculas com a abilidade semelhante à vida de
participar ativamente em sua sobrevivência! Estas ribozimas, e
várias outras produzidas através de experimentos similares, estão
começando a quebrar os paradigmas que separam seres viventes
e química simples! Resumindo, a hipótese do mundo do RNA é a
simples ideia de que as primeiras coisas a se replicar e evoluir em
nosso planeta podem ter sido cadeias de RNA ou algo similar a
elas.
A ideia básica do mundo do RNA parece nos dar um rumo
promissor à origem da vida; entretanto, ainda é uma ideia sendo
em desenvolvimento. Como mencionado, um dos vários
problemas não resolvidos é: como a natureza fez com que o
ajuntamento das espinhas dorsais dos nucleotídeos funcionasse
sem as enzimas especiais or técnicas de laboratório que usamos
hoje? Enquanto muitos pesquisadores continuam a focar no RNA,
outros estão investigando moléculas alternativas: sistemas
químicos que podem se replicar e evoluir sem assistência e
podem ter concebido o RNA. Novas descobertas estão ocorrendo
em ambos lados da pesquisa.
Eu sou Jon Perry, e esta foi a hipótese do mundo do RNA "Stated
Clearly" (dita claramente). Este vídeo foi financiado pelo Centro
para Evolução Química, a Fundação Nacional de Ciência e pela
NASA! Apesar de recebermos patrocínios de vez em quando,
Stated Clearly só é possível graças às contribuições financeiras
de espectadores como você. Para nos ajudar, visite nosso site em
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que agora você também pode nos ajudar em
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