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Quinta-feira, 17 de Março de 2022 I Série – N.

º 48

DIÁRIO DA REPÚBLICA
ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA
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ARTIGO 2.º
SUMÁRIO (Definição)
Assembleia Nacional O Tribunal Supremo é a instância judicial superior da
Lei n.º 2/22: hierarquia dos Tribunais da Jurisdição Comum.
Orgânica do Tribunal Supremo. — Revoga a Lei n.º 13/11, de 18 de
Março — Lei Orgânica do Tribunal Supremo. ARTIGO 3.º
Lei n.º 3/22: (Sede)
Orgânica dos Tribunais da Relação. — Revoga a Lei n.º 1/16, de 10 de
Fevereiro — Lei Orgânica do Tribunal da Relação.
O Tribunal Supremo tem a sua sede na Cidade de Luanda.
Lei n.º 4/22: ARTIGO 4.º
Das Secretarias Judiciais e Administrativas. (Jurisdição)
O Tribunal Supremo tem jurisdição em todo o território
ASSEMBLEIA NACIONAL nacional.
ARTIGO 5.º
(Poderes de cognição)
Lei n.º 2/22
de 17 de Março O Tribunal Supremo conhece, em regra, matéria de
A organização judiciária angolana ganhou nova dinâ- direito, excepto nos casos previstos por lei.
mica, do qual resultou um mapa judiciário do País totalmente ARTIGO 6.º
reconfigurado, tornando-se necessário proceder à conforma- (Competência em razão da hierarquia)
ção dos diplomas legais a essa nova realidade; 1. O Tribunal Supremo é a instância superior da jurisdi-
Torna-se assim imperioso fazer uma adequação da Lei ção comum.
Orgânica do Tribunal Supremo a esta nova realidade da 2. O Tribunal Supremo funciona como Tribunal de 1.ª ins­
organização judiciária, uma vez que a Lei n.º 13/11, de 18 de tância, nas respectivas Câmaras, nos casos especialmente
Março, se mostra desajustada; previstos na lei.
A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, ARTIGO 7.º
ao abrigo das disposições combinadas das alíneas b) do (Garantias estatutárias dos Juízes)
artigo 161.º, d) e h) do artigo 164.º e b) do n.º 2 do artigo 166.º, O Estatuto dos Magistrados Judiciais regula as garantias
todos da Constituição da República de Angola, a seguinte: de independência, imparcialidade, inamovibilidade e define
os direitos e deveres, impedimentos, avaliação e disciplina
LEI ORGÂNICA DO TRIBUNAL SUPREMO dos Juízes Conselheiros.
ARTIGO 8.º
CAPÍTULO I (Publicações dos Acórdãos)
Disposições Gerais 1. Os Acórdãos do Tribunal Supremo são de conheci-
ARTIGO 1.º
mento público, devendo ser divulgados na sua página de
(Objecto) internet, assim como em publicações oficiais do Tribunal.
A presente Lei estabelece e regula a competência, a 2. Os Acórdãos devem ser publicados na sua versão inte-
composição, a organização e o funcionamento do Tribunal gral, assim como as respectivas declarações de voto, caso as
Supremo. haja, e salvaguardar a identidade das partes, após notificação.
2084 DIÁRIO DA REPÚBLICA

3. São publicados em Diário da República ou na página ARTIGO 13.º


(Requisitos de ingresso dos Juízes no Tribunal Supremo)
de internet, nos termos da Lei Processual, os Acórdãos de
uniformização de jurisprudência, os Acórdãos de recurso de 1. Podem concorrer paro o Tribunal Supremo, sem pre-
cassação ou de revisão, bem como todas as decisões com juízo dos requisitos gerais e específicos previstos no Estatuto
força obrigatória geral. dos Magistrados Judiciais:
ARTIGO 9.º
a) Juiz Desembargador com, pelo menos, 5 anos de
(Autonomia administrativa e financeira) exercício efectivo de funções e com avaliação
1. O Tribunal Supremo é dotado de autonomia admi- mínima de bom;
nistrativa e financeira, dispondo de orçamento inscrito no b) Procurador Geral da República, Vice-Procurador
Orçamento Geral do Estado. Geral da República e os Procuradores Gerais-
2. No âmbito da sua autonomia administrativa e finan- -Adjuntos da República;
ceira, o Tribunal Supremo tem competência para: c) Magistrado do Ministério Público junto dos Tribu-
a) Elaborar os regulamentos internos necessários ao nais da Relação há, pelo menos, 10 anos e com
seu funcionamento, nos termos da lei; avaliação mínima de bom;
b) Elaborar e aprovar a proposta de orçamento anual; d) Juristas de Mérito.
c) Contratar pessoal e serviços com os limites defini- 2. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, na
dos por lei. composição do Tribunal Supremo reservam-se sempre 2/3
das vagas para Magistrados Judiciais de carreira, sendo que
CAPÍTULO II para os restantes 1/3 das vagas concorrem todos os demais
Composição, Nomeação e Ingresso no Tribunal candidatos previstos no n.º 1 do presente artigo.
ARTIGO 10.º 3. Os candidatos indicam por ordem decrescente de pre-
(Composição) ferência, a jurisdição a que concorrem.
1. Os Juízes do Tribunal Supremo têm a categoria de 4. Com base na avaliação curricular, que consiste na
Juízes Conselheiros. atribuição de uma classificação, são seleccionados os con-
2. O Tribunal Supremo é constituído pelo Presidente, correntes admitidos pelo júri.
pelo Vice-Presidente e pelos demais Juízes Conselheiros. 5. As demais regras para o preenchimento de vagas
ARTIGO 11.º
para o Tribunal Supremo são reguladas no Estatuto dos
(Quadro de Juízes) Magistrados Judiciais.
1. O Tribunal Supremo é composto por um máximo de ARTIGO 14.º
(Requisitos do concurso)
31 Juízes Conselheiros, incluindo o Presidente e o Vice-
-Presidente, nos termos estabelecidos no presente artigo. Sem prejuízo do disposto no artigo anterior, são requisi-
2. A alteração do quadro de Juízes do Tribunal Supremo tos prévios de admissão ao concurso de ingresso:
é definida por lei, ouvido o Plenário do Tribunal Supremo. a) Ser cidadão angolano;
3. O provimento das vagas de Juiz Conselheiro para o b) Ter idade não inferior a 35 anos;
preenchimento do número do quadro previsto no n.º 1 do c) Ter idoneidade moral;
presente artigo é feito de forma gradual, e desde que dos e) Não ter sido condenado por crime doloso, punível
dados estatísticos do serviço de distribuição resulte que o com pena de prisão superior a 3 (três) anos.
volume ou o movimento processual da Câmara determine ARTIGO 15.º
o aumento do limite de processos previsto na contingenta- (Regras do concurso)
ção fixada no n.º 2 do artigo 52.º do presente Lei e mediante 1. O concurso público de ingresso de Juízes para o
deliberação por maioria de 2/3 dos Juízes em efectividade de Tribunal Supremo obedece ao seguinte:
funções, em sessão plenária para o efeito convocada. a) Existência de vaga no quadro de Juízes que com-
4. Na composição do Tribunal, reservam-se 2/3 das põem o Tribunal Supremo;
vagas para Magistrados Judiciais de carreira. b) Deliberação do Conselho Superior da Magistratura
ARTIGO 12.º Judicial para a realização de concurso curricular
(Nomeação dos Juízes do Tribunal Supremo) de ingresso.
Os Juízes Conselheiros do Tribunal Supremo são nomea- 2. O concurso curricular de ingresso é realizado pelo
dos pelo Presidente da República, sob proposta do Conselho Conselho Superior da Magistratura Judicial.
Superior da Magistratura Judicial, após concurso curricular 3. O provimento por nomeação dos candidatos apurados
de entre Magistrados Judiciais, Magistrados do Ministério é efectuado mediante deliberação do Conselho Superior da
Público e Juristas de Mérito. Magistratura Judicial, nos termos da Constituição.
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ARTIGO 16.º do Tribunal Supremo, aprovado por deliberação de 2/3 dos


(Posse e juramento)
Juízes Conselheiros em efectividade de funções, devendo
Os Juízes Conselheiros do Tribunal Supremo tomam obedecer ao seguinte:
posse perante o Presidente da República e prestam o seguinte a) A elegibilidade de todos os Juízes;
juramento:
b) Terem os candidatos o mínimo de 5 (cinco) anos
«Eu, (nome completo), juro por minha honra ser fiel à
na categoria de Juiz Conselheiro e com classifi-
Pátria Angolana, cooperar na realização dos fins superiores
do Estado, desempenhar com toda a dedicação as funções de cação no mínimo de bom na avaliação de mérito
que sou investido; nos últimos 5 (cinco) anos, nos termos do Esta-
Cumprir e fazer cumprir a Constituição da República de tuto dos Magistrados Judiciais;
Angola e as leis do País; c) Terem os candidatos exercido as funções de Presi-
Defender a independência, a soberania, a unidade da dente de uma das Câmaras do Tribunal Supremo;
Nação e a integridade territorial do País; d) Proibição de campanha eleitoral, sob pena de
Defender a Paz e o progresso social de todos os ango- exclusão do candidato do processo de eleição;
lanos».
e) A eleição é por voto secreto.
CAPÍTULO III 5. O Plenário do Conselho Superior da Magistratura
Órgãos, Funcionamento e Competência Judicial deve assegurar que a eleição se realize entre 30 (trinta)
a 90 (noventa) dias antes do termo do mandato do Presidente e
ARTIGO 17.º
(Órgãos) do Vice-Presidente.
6. Em caso de empate na votação, considera-se eleito o
1. São órgãos do Tribunal Supremo:
Juiz mais antigo na categoria e em efectividade de funções.
a) O Plenário;
ARTIGO 20.º
b) O Presidente.
(Eleição e nomeação do Vice-Presidente)
2. O Tribunal Supremo tem as seguintes Câmaras, sem
1. O Vice-Presidente do Tribunal Supremo é nomeado
prejuízo do disposto nos números seguintes do presente
pelo Presidente da República, de entre os restantes dois can-
artigo:
didatos referidos no n.º 1 do artigo anterior.
a) Câmara Criminal;
2. Em caso de impedimento definitivo do Vice-Presidente
b) Câmara do Cível;
é nomeado para o substituir o terceiro candidato referido no
c) Câmara do Contencioso Administrativo, Fiscal e
n.º 1 do artigo 19.º da presente Lei.
Aduaneiro;
ARTIGO 21.º
d) Câmara do Trabalho; (Duração do mandato)
e) Câmara da Família e Justiça Juvenil.
1. O mandato do Presidente e do Vice-Presidente do
3. O Plenário do Tribunal Supremo pode, sempre que o
Tribunal Supremo tem a duração de 7 (sete) anos, não
volume de trabalho o exija e sob proposta do Presidente,
renovável.
determinar o desdobramento das Câmaras em Secções.
2. O Presidente e o Vice-Presidente cessantes mantêm-
ARTIGO 18.º -se em funções até à tomada de posse dos seus substitutos.
(Funcionamento do Tribunal)
ARTIGO 22.º
O Tribunal Supremo funciona sob a direcção das deli- (Competência do Presidente)
berações do Plenário, das decisões do Presidente, e por
Compete ao Presidente do Tribunal Supremo:
Câmaras, nos termos da lei. a) Representar o Tribunal Supremo;
SECÇÃO I b) Assegurar o normal funcionamento do Tribunal,
Presidente e Vice-Presidente
dirigir os seus órgãos e serviços, emitindo as
ARTIGO 19.º ordens de serviço que tenha por necessárias;
(Eleição e nomeação do Presidente) c) Convocar e presidir às sessões do Plenário do Tri-
1. O Presidente do Tribunal Supremo é nomeado pelo bunal;
Presidente da República, de entre os três candidatos mais d) Presidir as conferências das Câmaras e respectivas
votados pelos seus pares do Plenário. Secções, sem direito a voto, nos termos da lei;
2. O Presidente do Tribunal Supremo é coadjuvado por e) Preparar, auxiliado pelo Secretário Geral, e sub-
um Vice-Presidente. meter à aprovação do Plenário, a proposta de
3. A eleição dos candidatos referidos no n.º 1 deste artigo orçamento anual, bem como o programa anual
deve ser feita com a presença de pelo menos 2/3 dos Juízes de actividades do Tribunal;
Conselheiros em efectividade de funções. f) Preparar, auxiliado pelo Secretário Geral, os rela-
4. O regulamento do processo de eleição dos candidatos tórios de execução orçamental e de balanço
a Presidente e a Vice-Presidente é aprovado pelo Conselho das actividades do ano anterior e submetê-los à
Superior da Magistratura Judicial, sob proposta do Plenário aprovação do Plenário;
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g) Preparar e submeter à aprovação do Plenário a 2. Sem prejuízo do disposto no número anterior, os Juízes
proposta de criação de Câmaras e respectivas Conselheiros Jubilados do Tribunal Supremo podem partici-
Secções; par nas sessões do Plenário, sem direito a voto, mediante
h) Preparar e submeter à aprovação do Plenário a convite do Juiz Presidente ou por proposta de 1/3 dos Juízes
proposta de distribuição dos Juízes Conselheiros em efectividade de funções.
pelas Câmaras do Tribunal, bem como qualquer ARTIGO 26.º
mudança ou permuta de Juízes das Câmaras, (Funcionamento)
atendendo a razões de conveniência de serviço, 1. As sessões do Plenário têm lugar de acordo com
ao grau de especialização de cada Juiz Conse- a respectiva agenda, devendo a data e hora ser fixadas na
lheiro e às preferências manifestadas; convocatória.
i) Designar Juízes para intervir nos julgamentos em 2. A convocatória deve ser distribuída com a antecedên-
substituição; cia mínima de 5 (cinco) dias úteis para as sessões ordinárias
j) Propor os turnos dos Juízes Conselheiros, a ser e de 48 horas para as sessões extraordinárias, devendo fazer-
aprovado pelo Plenário; -se acompanhar dos documentos necessários.
k) Conferir posse aos Presidentes das Câmaras; 3. O Plenário reúne-se ordinariamente uma vez por mês
l) Nomear e conferir posse aos Secretários Judiciais, e extraordinariamente sempre que for convocado por ini-
ao Secretário Geral, e aos demais funcionários ciativa do Presidente ou a requerimento fundamentado de,
do Tribunal Supremo;
pelo menos, 1/5 dos seus Juízes, em efectividade de funções,
m) Designar os funcionários em substituição do
endereçado ao Juiz Conselheiro Presidente.
Secretário Judicial e do Secretário Geral;
4. O Presidente do Tribunal não pode recusar-se a convo-
n) Orientar a tarefa do Secretário Judicial, sem pre-
car a reunião requerida nos termos da parte final do número
juízo dos poderes próprios deste, nos termos da
anterior.
lei processual;
5. O Plenário reúne-se em sala próprio, devendo os
o) Exercer acção disciplinar sobre os funcionários
Juízes Conselheiros ter assento personalizado.
administrativos e judiciais do Tribunal Supremo;
6. Os Juízes tomam assento, alternadamente, à direita e
p) Assinar contratos em representação do Tribunal,
à esquerda do Presidente do Tribunal, do Vice-Presidente e
nos termos da lei, sem prejuízo da delegação de
dos Presidentes das Câmaras segundo a ordem de antigui-
poderes;
dade na categoria.
q) Exercer as demais funções conferidas por lei.
ARTIGO 27.º
ARTIGO 23.º
(Sessões solenes)
(Substituição do Presidente)
O Plenário reúne-se em sessão solene para:
1. O Presidente do Tribunal é substituído, nas suas ausên-
cias e impedimentos, pelo Vice-Presidente. a) Receber titulares de órgãos estrangeiros em visita
2. Faltando ou estando impedido o Vice-Presidente, o oficial à República de Angola;
Presidente é substituído pelo Presidente de uma das Câmaras b) Celebrar acontecimentos de alta relevância quando
que há mais tempo exerça funções no Tribunal. convocado por deliberação do Plenário;
ARTIGO 24.º
c) Sessões de homenagem aprovadas pelo Plenário.
(Competências do Vice-Presidente) ARTIGO 28.º
(Deliberações e decisões)
O Vice-Presidente do Tribunal Supremo tem as seguin-
tes competências: 1. As deliberações e as decisões do Plenário são toma-
a) Substituir o Presidente nas suas ausências e impe- das por unanimidade ou por maioria dos membros presentes.
dimentos; 2. O Presidente do Tribunal, ou quem o substitua, dispõe
b) Exercer as demais competências estabelecidas por de voto de qualidade, em caso de empate.
lei ou determinadas superiormente pelo Presi- 3. Os Juízes podem fazer lavrar declaração de voto,
dente do Tribunal. quando divirjam apenas dos fundamentos da deliberação e
SECÇÃO II voto de vencido quando tenham votado em sentido diverso.
Plenário 4. A declaração de voto e o voto de vencido a que se
ARTIGO 25.º refere o número anterior é sempre fundamentado até ao
(Composição e quórum) momento da votação do respectivo acórdão.
1. O Plenário é constituído pelos Juízes que compõem ARTIGO 29.º
as Câmaras e só pode funcionar com a presença da maioria (Distribuição no Plenário do Tribunal Supremo)

absoluta dos Juízes em efectividade de funções, incluindo o 1. No Plenário os processos são distribuídos segundo as
Presidente do Tribunal ou quem o represente, nos termos da espécies, na primeira sessão, por sorteio entre os Juízes que
presente Lei. compõem as respectivas Câmaras.
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2. Na distribuição de processos no Plenário que tenham f) Julgar os recursos das decisões dos processos cau-
por objecto o recurso de decisões das Câmaras é excluído da telares relativos aos processos para os quais as
distribuição o Juiz Relator e os adjuntos da decisão objecto Câmaras do Tribunal Supremo são competentes
do recurso.
em 1.º grau de jurisdição;
ARTIGO 30.º
g) Julgar os recursos das decisões dos processos rela-
(Competências jurisdicionais do Plenário)
tivos à execução dos acórdãos proferidos pelas
Compete ao Plenário, no domínio jurisdicional, deliberar
sobre as seguintes matérias: Câmaras do Tribunal Supremo em 1.º grau de
1. Tribunal Pleno em 1.º grau de Jurisdição: jurisdição;
a) Conhecer e julgar os processos de uniformização h) Julgar os recursos das decisões proferidas pelas
de jurisprudência nos termos da Lei do Processo; Câmaras do Tribunal Supremo nos processos
b) Conhecer dos conflitos de competência entre as de conflitos de competência entre os Tribu-
Câmaras do Tribunal Supremo; nais da Relação e entre estes e os Tribunais de
c) Conhecer dos conflitos de jurisdição cuja aprecia- 1.ª Instância;
ção não pertença ao Tribunal de Conflitos;
i) Julgar os recursos de revisão e cassação interpos-
d) Julgar os incidentes de suspeição contra os Juízes
tos das decisões proferidas pelas Câmaras do
em processos de competência do Plenário;
Tribunal Supremo e ordenar a suspensão da sua
e) Conhecer o pedido de extradição de cidadãos
estrangeiros. execução, nos termos da Lei do Processo;
2. Tribunal Pleno de Recurso: j) Julgar os recursos interpostos das decisões proferi-
a) Julgar os recursos interpostos de decisões pro- das pela Câmara do Contencioso, Administrativo
feridas pela Câmara ou Secções Criminais do Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo nos
Tribunal Supremo, quando estas julguem em processos relativos às impugnações das delibe-
1.ª instância; rações do Conselho Superior da Magistratura
b) Julgar os recursos ordinários das decisões da Judicial;
Câmara ou Secções do Contencioso Adminis-
k) Exercer as demais competências conferidas por lei.
trativo, Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo
ARTIGO 31.º
proferidas em acções de impugnação de regula-
(Competências não jurisdicionais do Plenário)
mentos e actos administrativos, a condenação à
prática de acto devido, impugnação de normas e 1. Compete ao Plenário, no domínio interno, deliberar:
a declaração de ilegalidade por omissão, quando a) Sobre os regulamentos internos necessários ao
estas julguem em 1.ª instância; bom funcionamento do Tribunal;
c) Julgar os recursos ordinários das decisões da b) Sobre a criação de novas Câmaras e Secções, nos
Câmara ou Secções do Contencioso Adminis- termos da presente Lei;
trativo, Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo c) Sobre a distribuição dos Juízes Conselheiros pelas
proferidas em acções relativas a contratos e de Câmaras, sob proposta do Presidente do Tribu-
responsabilidade civil extracontratual, quando nal, bem como a mudança ou permuta de Juízes;
estas julguem em 1.ª instância; d) Sobre o modelo da beca, insígnias e anel do Tri-
d) Julgar os recursos ordinários das decisões da bunal;
Câmara ou Secções do Contencioso Adminis-
e) Sobre o modelo de carimbo e o logótipo do Tri-
trativo, Fiscal e Aduaneiro do Tribunal Supremo
bunal;
proferidas em processos especiais, urgentes e
f) Sobre as questões de natureza administrativa ou
cautelares, quando estas julguem em 1.ª instân-
outras apresentadas pelo Juiz Presidente do
cia;
e) Julgar os recursos das decisões dos processos rela- Tribunal e velar pelo cumprimento das mesmas;
tivos ao pedido de suspensão do cumprimento g) Sobre o mapa de férias dos Juízes Conselheiros;
ou das causas legítimas de inexecução dos h) Sobre quaisquer outros assuntos inerentes à sua
acórdãos proferidos pela Câmara ou Secções do organização e funcionamento e que não sejam
Contencioso Administrativo, Fiscal e Aduaneiro da competência do Presidente do Tribunal.
do Tribunal Supremo, quando estas julguem em 2. O Plenário exerce as demais competências previstas
1.ª instância; na Constituição e por lei.
2088 DIÁRIO DA REPÚBLICA

ARTIGO 32.º ARTIGO 35.º


(Competências relativas ao orçamento) (Presidência das Câmaras e duração dos mandatos)
O Plenário tem as seguintes competências relativas ao 1. A função de Presidente da Câmara é exercida pelo
orçamento: Juiz mais antigo na categoria na Câmara respectiva, para um
a) Aprovar a proposta do orçamento anual do Tribu- mandato de 2 (dois) anos, não renovável.
nal Supremo e o plano de actividades para o ano 2. O exercício da função de Presidente da Câmara é rota-
seguinte; tivo entre todos os Juízes, nos termos do número anterior.
b) Deliberar sobre o destino a dar às receitas próprias, 3. Os Presidentes da Câmaras tomam posse perante o
nomeadamente das custas e multas, o da venda Presidente do Tribunal Supremo.
de publicações por si editadas, dos serviços 4. Os Presidentes das Câmaras são substituídos, nas suas
prestados pelo núcleo de apoio documental ou ausências, pelo Juiz mais antigo na categoria, na Câmara
de quaisquer outras que lhe sejam atribuídas por respectiva.
lei, contrato ou outro título; 5. O Presidente da Câmara cessante mantém-se em fun-
c) Aprovar os relatórios de execução do orçamento e ções até à tomada de posse do seu substituto, que deve
deles dar conhecimento ao Conselho Superior da ocorrer no prazo máximo de 30 dias a contar da data do fim
Magistratura Judicial; do mandato.
c) Autorizar as despesas que, pela sua natureza ou
ARTIGO 36.º
montante, ultrapassem as das competências do (Julgamento nas Câmaras)
Presidente do Tribunal, nos termos estabelecidos
na presente Lei. 1. O julgamento nas Câmaras e Secções é efectuado por

SECÇÃO III
3 (três) Juízes, cabendo a um Juiz a função de relator e aos
Câmaras do Tribunal Supremo outros Juízes a função de adjuntos, decidindo por maioria,
ARTIGO 33.º sendo o acórdão definitivo lavrado de harmonia com a orien-
(Composição) tação que tenha prevalecido.
A Câmara é composta por um Presidente e por um 2. A intervenção dos Juízes de cada Câmara ou Secção
mínimo de 2 (dois) Juízes.
no julgamento faz-se nos termos da Lei de Processo segundo
ARTIGO 34.º
(Colocação de Juízes nas Câmaras)
a ordem dos vistos.

1. O Plenário, sob proposta do Presidente do Tribunal, 3. Quando não seja possível obter o número de Juízes ou
fixa a distribuição dos Juízes Conselheiros nas Câmaras e número de votos exigido para decidir o processo são chama-
respectivas Secções de acordo com a hierarquia estabelecida dos a intervir como adjuntos os demais Juízes da Secção ou
nas seguintes alíneas: da Câmara, nos termos da Lei de Processo.
a) A preferência manifestada pelo Juiz, obedecendo 4. As Sessões têm lugar de acordo com a respectiva
a ordem de graduação estabelecida na lista final
agenda, devendo a data e a hora das audiências, bem como
do concurso de provimento de vagas para o Tri-
o número de cada processo a julgar na respectiva sessão,
bunal Supremo;
b) O grau de especialização; constar de tabela afixada no átrio do Tribunal e divulgada
c) A conveniência de serviço. electronicamente na página web do Tribunal, com antece-
2. Entende-se como Grau de Especialização o tempo de dência mínima de 48 horas.
serviço no exercício de funções numa jurisdição de compe- 5. Os projectos de Acórdãos para julgamentos devem ser
tência especializada ou na área de especialização no caso apresentados na Secretaria com antecedência mínima de até
dos Juristas de Mérito.
48 horas da data do julgamento, sob pena de o processo em
3. Entende-se por Conveniência de Serviço a necessi-
dade de mudança ou de aumento do número de Juízes nas tabela para julgamento.
Câmaras ou Secções derivado do volume ou complexidade 6. A versão do projecto de acórdão é facultada aos Juízes-
de processos. -Adjuntos com antecedência mínima de 48 horas, mediante
4. Sob proposta do Presidente do Tribunal, o Plenário cópia ou correio electrónico oficial.
pode autorizar a mudança de Câmara ou de Secção e a 7. Na conferência participam apenas os Juízes que nela
permuta entre Juízes, nos casos em que os interessados
devam intervir.
requeiram e por conveniência de serviço.
5. Quando o relator mudar de Câmara ou de Secção, 8. A discussão é dirigida pelo Presidente Câmara respec-
mantém-se a sua competência e a dos seus adjuntos que tiva e na ausência deste pelo Juiz que o substitui nos termos
tenham dado visto para o julgamento. previstos na presente Lei.
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ARTIGO 37.º q) Julgar os Presidentes dos Conselhos de Adminis-


(Turnos)
tração dos Institutos Públicos e das empresas
1. No Tribunal Supremo organizam-se turnos para asse- públicas de grande dimensão;
gurar o serviço que deva ser executado durante as férias r) Presidir a instrução contraditória e proferir Des-
judiciais ou quando o serviço o justifique. pacho de Pronúncia ou de Não Pronúncia, nos
2. São ainda organizados turnos para assegurar o serviço processos referidos nas alíneas anteriores;
urgente previsto por lei que deva ser executado aos sábados, s) Conhecer das providências de habeas corpus em
virtude de detenção e prisão ilegal das entidades
nos feriados que recaiam em segunda-feira e no segundo dia
cujo julgamento é da competência da Câmara
de suspensão do trabalho, em caso de feriados consecutivos.
Criminal.
3. Os turnos são organizados pelo Presidente do Tribunal
2. Em recurso:
com prévia audição dos Juízes Conselheiros e sempre que
possível, com antecedência de 60 (sessenta) dias. a) Julgar os recursos das decisões proferidas pelos
4. O mapa dos turnos deve ser comunicado ao Conselho Tribunais da Relação em processos de natureza
Superior da Magistratura Judicial. criminal;
5. Os turnos dos Magistrados do Ministério Público são b) Exercer as demais competências conferidas por lei.
organizados pelo Procurador Geral da República, devendo ARTIGO 39.º
adequar-se ao espírito do presente artigo. (Juiz de Garantia)

SUBSECÇÃO I 1. No Tribunal Supremo, o exercício das funções de


Competências das Câmaras Juiz de Garantia, previstas na lei, são exercidas pelos Juízes
ARTIGO 38.º Conselheiros da Câmara Criminal.
(Câmara Criminal) 2. O exercício das funções de Juiz de Garantia é rotativo
Compete à Câmara Criminal: entre todos os Juízes da Câmara por mandatos de 1 (um)
1. Em 1.ª instância: ano.
3. Em cada ano judicial são sucessivamente designados,
a) Julgar o Presidente da República por actos de
pelo menos, 2 (dois) Juízes de Garantia, tendo em conta a
natureza criminal, nos termos da Constituição e respectiva antiguidade.
da lei; ARTIGO 40.º
b) Julgar o Vice-Presidente da República, por actos (Câmara do Cível)

de natureza criminal, nos termos da Constituição Compete à Câmara do Cível:


e da lei; a) Julgar os recursos das decisões proferidas pelos
Tribunais da Relação em processos de natureza
c) Julgar o Presidente da Assembleia Nacional;
cível e os que não sejam atribuídos por lei a
d) Julgar os Presidentes dos Tribunais Superiores;
alguma jurisdição especial;
e) Julgar os Magistrados Judiciais; b) Julgar os recursos das decisões proferidas pelos
f) Julgar os Deputados à Assembleia Nacional; Tribunais da Relação em processos de natureza
g) Julgar o Procurador Geral da República; Familiar e Justiça Juvenil enquanto a respectiva
h) Julgar os Magistrados do Ministério Público; Câmara não for criada;
c) Exercer as demais competências conferidas por lei,
i) Julgar os Membros dos Conselhos Superiores das
nomeadamente as que forem estabelecidas no
Magistraturas Judicial e do Ministério Público;
regulamento da presente Lei.
j) Julgar os Auxiliares do Titular do Poder Executivo; ARTIGO 41.º
k) Julgar os Secretários de Estado e Vice-Ministros; (Câmara do Contencioso Administrativo, Fiscal e Aduaneiro)

l) Julgar o Governador e Vice-Governadores do Compete à Câmara do Contencioso Administrativo,


Banco Nacional de Angola; Fiscal e Aduaneiro:
1. Em 1.ª instância:
m) Julgar os Oficiais Generais das Forças Armadas
a) Julgar os processos de impugnação dos actos
Angolanas;
administrativos praticados pelo Presidente da
n) Julgar os Oficiais Comissários da Polícia Nacional; República, Presidente da Assembleia Nacional,
o) Julgar os Governadores e Vice-Governadores Pro- dos Presidentes dos Tribunais Superiores, do
vinciais; Procurador Geral da República e os demais pre-
p) Julgar os Embaixadores; vistos por lei;
2090 DIÁRIO DA REPÚBLICA

b) Julgar os processos de impugnação dos regula- ARTIGO 42.º


(Câmara do Trabalho)
mentos que sejam da competência do Tribunal
Compete à Câmara do Trabalho:
Supremo;
a) Julgar os recursos das decisões proferidas pelos
c) Julgar os processos relativos a contratos adminis-
Tribunais da Relação em processos de natureza
trativos que sejam da competência do Tribunal laboral;
Supremo; b) Exercer as demais competências conferidas por
d) Julgar os processos de responsabilidade civil lei, nomeadamente as que forem estabelecidas
extracontratual de natureza administrativa, fiscal no regulamento da presente Lei.
e aduaneira que sejam da competência do Tribu- ARTIGO 43.º
(Câmara da Família e Justiça Juvenil)
nal Supremo;
e) Julgar os processos de suspensão do cumprimento Compete à Câmara da Família e Justiça Juvenil:
a) Julgar os recursos das decisões proferidas pelos
e reconhecimento da existência de causas legí-
Tribunais da Relação em processos de natureza
timas de inexecução de acórdãos que sejam da
familiar e de justiça juvenil;
competência do Tribunal Supremo;
b) Exercer os demais competências conferidas por
f) Julgar os processos especiais que sejam da compe-
lei, nomeadamente as que forem estabelecidas
tência do Tribunal Supremo; no regulamento da presente Lei.
g) Julgar os processos cautelares que sejam da com-
CAPÍTULO IV
petência do Tribunal Supremo;
Serviços de Apoio Judicial, Administrativo
h) Julgar os processos urgentes que sejam da compe- e de Apoio Técnico aos Magistrados
tência do Tribunal Supremo;
ARTIGO 44.º
i) Julgar os processos de execução que sejam da com- (Serviços de apoio judicial, administrativo e técnico)
petência do Tribunal Supremo; 1. O Tribunal dispõe dos seguintes serviços de apoio
j) Julgar em 1.º grau de jurisdição os processos de judicial:
impugnação das deliberações do Conselho a) Secretaria Judicial do Tribunal Supremo e do Tri-
Superior da Magistratura Judicial. bunal Pleno e de Recursos;
2. Em recurso: b) Secretaria Judicial das Câmaras;
a) Decidir os recursos ordinários das decisões das c) Contadoria;
Câmaras do Contencioso Administrativo, d) Gabinete de Apoio aos Advogados;
Fiscal e Aduaneiro dos Tribunais da Relação e) Gabinete de Apoio ao Cidadão.
proferidos em acções de impugnação de actos 2. O Tribunal Supremo tem os seguintes serviços de
administrativos, a condenação à prática de acto apoio administrativo e técnico:
devido, impugnação de normas e a declaração de a) Gabinete do Juiz Conselheiro Presidente;
ilegalidade por omissão; b) Gabinete do Juiz Conselheiro Vice-Presidente;
b) Decidir os recursos ordinários das decisões das c) Gabinete dos Juízes Conselheiros;
Câmaras do Contencioso Administrativo, Fiscal d) Secretaria de Apoio aos Juízes Conselheiros Jubi-
e Aduaneiro dos Tribunais da Relação proferidas lados;
em acções relativas a contratos e de responsabi- e) Gabinete do Cerimonial, Protocolo, Intercâmbio e
lidade civil extracontratual; Relações Públicas;
c) Decidir os recursos ordinários das decisões das f) Gabinete de Comunicação Institucional e Imagem;
Câmaras do Contencioso Administrativo, Fiscal g) Gabinete de Sistemas e Tecnologias de Informação;
e Aduaneiro dos Tribunais da Relação proferidas h) Gabinete de Estudos, Assessoria e Jurisprudência;
em processos especiais, urgentes, cautelares e de i) Secretaria Administrativa.
execução; 3. O Tribunal Supremo possui, igualmente, os seguintes
d) Exercer as demais competências conferidas por serviços de apoio técnico e administrativo:
lei, nomeadamente as que forem estabelecidas a) Direcção de Administração, Orçamento e Finanças;
no regulamento da presente Lei. b) Direcção de Património e Transportes;
I SÉRIE –– N.º 48 –– DE 17 DE MARÇO DE 2022 2091

c) Direcção de Recursos Humanos; CAPÍTULO VI


d) Direcção de Documentação Judiciária, Expediente Regime Financeiro do Tribunal Supremo
e Arquivos Gerais. ARTIGO 49.º
(Orçamento)
4. A composição, a organização e o funcionamento dos
1. O Plenário do Tribunal apresenta a sua proposta de
serviços previstos no número anterior são regulados na Lei
orçamento ao Conselho Superior da Magistratura Judicial,
das Secretarias Judiciais ou por regulamento próprio apro-
que a discute com o Executivo, nos prazos determinados
vado pelo Plenário do Tribunal Supremo. para a elaboração da proposta de Lei do Orçamento Geral
5. O Gabinete de Apoio aos Advogados e o Gabinete de do Estado.
Apoio ao Cidadão estão integrados na Secretaria Judicial. 2. O Tribunal Supremo propõe para o seu orçamento a
previsão de receitas a arrecadar nos seus serviços.
SECÇÃO I
Apoio Técnico aos Juízes Conselheiros ARTIGO 50.º
(Receitas)
ARTIGO 45.º 1. O Tribunal Supremo recebe dotações financeiras ins-
(Gabinetes de Apoio aos Juízes Conselheiros)
critas no Orçamento Geral do Estado.
1. O Juiz Conselheiro Presidente, o Juiz Conselheiro Vice- 2. São igualmente receitas do Tribunal Supremo o pro-
-Presidente e os Juízes Conselheiros do Tribunal Supremo duto de custas e multas, nos termos previstos no Código das
dispõem de Gabinetes de Apoio Técnico e Administrativo, Custas Judiciais, o produto da venda de publicações por ele
editadas ou de serviços prestados pelo seu núcleo de apoio
integrado por assessores e pessoal administrativo, nos ter-
documental e ainda quaisquer outras que lhe sejam atribuí-
mos definidos no Regulamento Geral do Tribunal Supremo,
das por lei, contrato ou outro título.
sem prejuízo dos limites definidos nas normas de execução 3. As receitas próprias referidas no número anterior são
orçamental em matéria de despesas com pessoal. inscritas no Orçamento Geral do Estado, nos termos da
2. Os membros dos Gabinetes são nomeados e exonera- legislação em vigor sobre a matéria e pode ser aplicado na
dos pelo Presidente do Tribunal Supremo, mediante proposta realização de despesas correntes e de capital que, em cada
ano, não possam ser suportadas pelas verbas inscritas no
do Juiz interessado.
Orçamento Geral do Estado.
CAPÍTULO V ARTIGO 51.º
Ministério Público (Gestão financeira)
1. Cabe ao Tribunal Supremo, relativamente à execução
ARTIGO 46.º
(Representação do Ministério Publico) do seu orçamento, a competência ministerial comum em
matéria de administração financeira, nomeadamente a pre-
1. O Ministério Público é representado junto do Tribunal vista nas normas de execução orçamental.
Supremo pelo Procurador Geral da República. 2. Cabe ao Presidente do Tribunal Supremo autorizar a
2. Os Procuradores Gerais-Adjuntos da República repre- realização de despesas até aos limites estabelecidos nas nor-
mas de execução orçamental, podendo delegá-la, quanto a
sentam, por delegação do Procurador Geral da República, o
certas despesas e dentro dos limites fixados no correspon-
Ministério Público junto do Tribunal Supremo. dente Despacho, no Secretário Geral ou Administrativo do
ARTIGO 47.º
Tribunal.
(Serviços de Apoio ao Ministério Público) 3. As despesas que, pela sua natureza ou montante, ultra-
passem a competência referida no número anterior e, bem
O Ministério Público dispõe de um Gabinete de Apoio
assim, as que o Presidente entenda submeter-lhe, são autori-
Técnico, Jurídico, Processual e Administrativo, provido
zadas pelo Plenário do Tribunal.
pelo Procurador Geral da República e que fica na dependên-
cia directa do Procurador Geral-Adjunto da República. CAPÍTULO VII
Instrumentos de Gestão Processual
ARTIGO 48.º
(Quadro de Magistrados do Ministério Público) SECÇÃO I
Contingentação
O quadro de Procuradores Gerais-Adjuntos junto do
ARTIGO 52.º
Tribunal Supremo é definido na proporção de um repre- (Contingentação processual)
sentante do Ministério Pública para cada 2 (dois) Juízes 1. A cada Juiz Conselheiro deve ser distribuído um
Conselheiros, sem prejuízo do disposto por lei. número limite de processos.
2092 DIÁRIO DA REPÚBLICA

2. Sem prejuízo do que dispõe a Lei do Conselho 8. Aos Juízes destacados nos termos do n.º 4 do presente
Superior da Magistratura Judicial sobre a matéria, o número artigo não lhes são distribuídos processos, enquanto durar o
máximo de processos distribuídos a cada Juiz Conselheiro destacamento.
é o seguinte: 9. O destacamento previsto nos termos do n.º 4 do pre-
a) Na Câmara do Cível, 200 processos; sente artigo é feito em regime de comissão de serviço.
b) Na Câmara Criminal, 200 processos; 10. Para os termos do disposto no n.º 1 do presente
c) Na Câmara Laboral, 250 processos; artigo, o serviço de distribuição respectiva, bem como
d) Na Câmara do Contencioso Administrativo, Fiscal o Juiz Conselheiro que tenha a seu cargo um número de
e Aduaneiro, 250 processos; processos superior a 40% do número previsto na contin-
e) Na Câmara da Família e Justiça Juvenil, 250 pro- gentação, devem informar de imediato o Juiz Presidente do
cessos. Tribunal Supremo e este deve dar conhecimento imediato
ao Conselho.
SECÇÃO II
Juiz Itinerante ARTIGO 54.º
(Diagnóstico, acompanhamento, controlo e sancionamento)
ARTIGO 53.º
(Regime jurídico) O regime de diagnóstico, acompanhamento, controlo e
1. Sempre que um Juiz Conselheiro tenha a seu cargo um sancionamento das infrações das regras de gestão processual
número de processos superior a 50% do número previsto na referidas neste capítulo é definido em Regulamento da Lei
contingentação estabelecida no n.º 2 do artigo anterior, e as Orgânica do Conselho Superior da Magistratura Judicial.
circunstâncias não justifiquem a movimentação ou o recru- CAPÍTULO VIII
tamento de novos Juízes nos termos estabelecidos na Lei Disposições Finais e Transitórias
Orgânica do Conselho Superior da Magistratura Judicial,
ARTIGO 55.º
o Conselho destaca um número determinado de Juízes (Requisitos para o concurso de ingresso no Tribunal Supremo)
Itinerantes, pelo período de tempo necessário, com vista a
1. Em caso de abertura de concurso para o preenchimento
reduzir o número de processos pendentes até atingir a cifra
prevista na contingentação. de vagas no Tribunal Supremo, no decurso dos primeiros
2. A função de Juiz Itinerante no Tribunal Supremo é 5 (cinco) anos a contar da data da tomada de posse dos pri-
exercida pelos Juízes Conselheiros do mesmo Tribunal. meiros Juízes Desembargadores dos Tribunais da Relação
3. Sempre que o número de processos a cargo do Juiz de Luanda, de Benguela e da Huíla, excepcionalmente,
Conselheiro a intervencionar exija a intervenção de um podem concorrer para Juízes Conselheiros:
número superior aos disponíveis, o Conselho Superior da a) Os Juízes Desembargadores;
Magistratura Judicial destaca, de entre os Juízes com menor b) O Procurador Geral da República, o Vice-Pro-
pendência ou menor volume processual, o número de Juízes
curador Geral da República e os Procuradores
necessários para reforçar o corpo de Juízes Itinerantes a
Gerais-Adjuntos da República;
intervir na concreta situação.
4. Alcançado o número de processos previsto na contin- c) Os Magistrados do Ministério Público que exer-
gentação, cessa a intervenção dos Juízes Itinerantes. çam funções nos Tribunais da Relação ou para o
5. Os Juízes Itinerantes têm plena jurisdição nos proces- qual tenham sido nomeados;
sos que lhes forem redistribuídos, podendo praticar todos os d) Os Advogados e Professores Catedráticos e Asso-
actos processuais previstos por lei. ciados da Faculdade de Direito.
6. Os Juízes com menor pendência a destacar nos ter- 2. Os requisitos para o concurso que se realize nos ter-
mos do n.º 4 do presente artigo têm direito, enquanto durar mos do número anterior são excepcionalmente os seguintes:
o destacamento, a mais 50% do valor do salário-base, e a) Ser Juiz Desembargador com a classificação no
os com menor volume processual a 40%, sem prejuízo do
mínimo de Bom nos últimos três anos, e apresen-
direito a ajudas de custos nos termos previsto no Estatuto
tará acórdãos em que tenha exercido as funções
Remuneratório dos Magistrados Judiciais.
de Relator no Tribunal da Relação, podendo
7. O Juiz tem menor pendência quando julgue, num
completar com sentenças ou acórdãos proferi-
ano, um número de processos superior a 50 % da cifra pre-
vista para a avaliação para efeitos de atribuição do subsídio dos na qualidade de Juiz de Direito, quando não
de estímulo. O Juiz tem menor volume processual quando reúna aquele número de acórdãos, que consti-
tenha a seu cargo um número de processos inferior a 30% tuem o objecto da avaliação curricular;
do número previsto na contingentação referida no n.º 2 do b) Ser Procurador Geral da República, Vice-Procurador
artigo anterior. Geral da República e apresentar o seu currículo;
I SÉRIE –– N.º 48 –– DE 17 DE MARÇO DE 2022 2093

c) Ser Procurador Geral-Adjunto da República e 6. Sem prejuízo do disposto nos números anteriores, em
apresentar 6 (seis) peças elaboradas no exercício cada concurso de ingresso para o Tribunal Supremo, reser-
dessas funções, ou ser Magistrado do Ministé- vam-se 2/3 das vagas para Magistrados Judiciais de carreira,
rio Público, que exerça funções no Tribunal da sendo que para os restantes 1/3 das vagas concorrem todos
Relação ou para o qual tenha sido nomeado, os candidatos.
com a classificação de Bom ou Muito Bom nos 7. As regras para o preenchimento de vagas para o
últimos três anos, e apresentar 8 (oito) peças pro- Tribunal Supremo nos termos do n.º 1 são apenas as regula-
cessuais elaboradas no exercício das funções nos
das na presente Lei.
Tribunais da Relação, podendo completar com
ARTIGO 56.º
peças elaboradas no exercício de funções nos (Revogação)
Tribunais Provinciais ou de Comarca, quando É revogada a Lei n.º 13/11, de 18 de Março — Lei
não reúna aquele número de peças, que consti- Orgânica do Tribunal Supremo.
tuem o objecto da avaliação curricular;
ARTIGO 57.º
d) Ser Advogado e apresentar 8 (oito) peças pro- (Dúvidas e omissões)
cessuais elaboradas no exercício das funções
As dúvidas e as omissões que resultarem da interpre-
forenses.
tação e da aplicação da presente Lei são resolvidas pela
3. Os candidatos indicam por ordem decrescente de pre-
Assembleia Nacional.
ferência a jurisdição a que concorrem.
4. Com base na avaliação curricular, que consiste na ARTIGO 58.º
(Entrada em vigor)
atribuição de uma classificação, são seleccionados os con-
A presente Lei entra em vigor à data da sua publicação.
correntes admitidos pelo Júri, com a seguinte composição:
a) Presidente do Júri — o Presidente do Tribunal Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda,
Supremo; aos 17 de Novembro de 2021.
b) Presidentes das Câmaras que compõem o Tribunal O Presidente da Assembleia Nacional, Fernando da
Supremo — Vogais; Piedade Dias dos Santos.
c) Um membro do Conselho Superior da Magistra- Promulgada aos 23 de Fevereiro de 2022.
tura Judicial com categoria de Juiz Conselheiro, Publique-se.
indicado por deliberação do Conselho Superior
O Presidente da República, João Manuel Gonçalves
da Magistratura Judicial — Vogal;
Lourenço. (22-1723-C-AN)
d) Um Advogado membro do Conselho Superior da
Magistratura Judicial — Vogal;
Lei n.º 3/22
e) Um Professor Universitário de Direito com a cate- de 17 de Março
goria de Professor Catedrático, indicado pelo
A Constituição da República de Angola, ao aprofundar o
Conselho Científico da Universidade que for desígnio do Estado de direito democrático, impôs alterações
escolhida pelo Conselho Superior da Magistra- à Lei do Sistema Unificado de Justiça e ao quadro legisla-
tura Judicial — Vogal. tivo vigente em matéria de organização e funcionamento dos
5. Em caso de empate, a repartição de vagas faz-se, Tribunais Judiciais, estabelecendo directrizes para um novo
sucessivamente, do seguinte modo: modelo de organização e funcionamento da justiça, onde se
a) Prefere-se o Magistrado Judicial; evidencia a existência de Tribunais da Relação.
b) Entre Magistrados Judiciais prefere-se o mais As alterações feitas à Lei Orgânica sobre a Organização
antigo; e Funcionamento dos Tribunais da Jurisdição Comum ao
reajustar o mapa judicial, consolida o cumprimento do prin-
c) Entre Magistrados do Ministério Publico prefere-
cípio do acesso ao direito e à justiça, reforçando a defesa de
-se o mais antigo;
direitos e de garantias dos cidadãos e tornando, deste modo,
d) Entre Magistrado do Ministério Público e Juristas
a justiça geograficamente mais próxima dos cidadãos e dos
de Mérito dá-se preferência àquele que faz cum- agentes económicos.
prir a quota de 2/3 ou 1/3, conforme o caso; A Assembleia Nacional aprova, por mandato do povo, nos
e) Entre Juristas de Mérito prefere-se o mais antigo termos das alíneas b) do artigo 161.º, d) e h) do artigo 164.º e b)
no exercício da profissão ou de idade mais avan- do n.º 2 do artigo 166.º, todos da Constituição da República
çada. de Angola, a seguinte:

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