Você está na página 1de 35

Administração de Materiais

Márcia Ferreira Braz Passos

Curso Técnico em Secretaria Escolar


Educação a Distância
2018
EXPEDIENTE

Professor Autor
Márcia Ferreira Braz Passos

Design Educacional
Deyvid Souza Nascimento
Renata Marques de Otero

Revisão de Língua Portuguesa


Eliane Azevêdo

Diagramação
Fernanda Paiva Furtado da Silveira

Coordenação
Manoel Vanderley dos Santos Neto

Coordenação Executiva
George Bento Catunda
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).

Novembro, 2016
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISDB

P289a
Passos, Márcia Ferreira Braz.
Administração de Materiais: Curso Técnico em Secretaria Escolar: Educação a distância /
Márcia Ferreira Braz Passos. – Recife: Secretaria Executiva de Educação Profissional de
Pernambuco, 2018.
31p.: il.

Inclui referências bibliográficas.


Material produzido em novembro de 2016 através de convênio com o Ministério da
Educação (Rede e-Tec Brasil) e a Secretaria de Educação de Pernambuco.

1. Administração escolar. 2. Gestão de pessoas. 3. Gestão de materiais. I. Passos, Márcia


Ferreira Braz. II. Título.
CDU – 371.11

Elaborado por Hugo Carlos Cavalcanti | CRB-4 2129

Índice para catálogo sistemático:

1. Administração de materiais
2. Administração de recursos patrimoniais
Sumário
Introdução .............................................................................................................................................. 4

1.Competência 01 | Conhecer a diversidade de conceitos relacionados à administração de materiais


e o significado da gestão pedagógica de materiais: cultura do uso racional e do não desperdício:
reduzir, reutilizar e reciclar .................................................................................................................... 6

1.1 Conceito ....................................................................................................................................... 6

1.1.1 Administração ........................................................................................................................... 8

1.1.2 Gestão ....................................................................................................................................... 9

1.2 Gestão pedagógica de materiais ................................................................................................. 9

1.3 Racionalização do uso de materiais na escola .......................................................................... 13

1.3.1 Reduzir, reciclar e reutilizar .................................................................................................... 13

2.Competência 2 | Compreender as Exigências sobre a Aquisição de Materiais – Licitação, Além de


Cuidar e Manter a Conservação do Patrimônio Público. ..................................................................... 19

2.1. Licitação .................................................................................................................................... 19

2.2. Edital ......................................................................................................................................... 21

2.3. Modalidades de licitações ........................................................................................................ 22

2.4. PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola ............................................................................ 23

2.4.1. Aplicação do recurso ............................................................................................................. 24

2.4.2. Onde não pode ser aplicado o recurso.................................................................................. 25

2.5. Conselho escolar ....................................................................................................................... 25

2.5.1.O papel do conselho escolar .................................................................................................. 26

2.5.2. O conselho escolar na conservação e preservação do patrimônio ....................................... 27

Conclusão ............................................................................................................................................. 29

Referências ........................................................................................................................................... 30

3
Introdução
Olá, caro estudante!
Seja bem-vindo a mais uma etapa do Curso Técnico de Secretaria Escolar!
Neste módulo vocês aprenderão sobre um importante elemento para o bom
funcionamento da escola: a administração de materiais.
A administração de materiais é uma atividade primordial ao bom funcionamento escolar.
Seu principal objetivo é determinar o quê, quando, quanto e como adquirir, ao menor custo, materiais
para uso cotidiano na escola, otimizando assim a organização e a reposição. Porém, é importante
ressaltar que a administração de materiais não visa apenas ao controle de estoques, mas também a
reutilização e reciclagem.
Para a administração de materiais dentro do ambiente escolar, atingir o equilíbrio ideal
entre estoque e consumo é a meta primordial. Por isso, sempre deve existir uma integração das
atividades de compras, recepção e estoque. Podemos dizer que essas tarefas possuem a finalidade
de assegurar o contínuo abastecimento de materiais necessários, para atender a demanda da escola,
sendo esta definida como um conjunto de atividades, que se destinam a suprir as suas diversas
necessidades.
Na perspectiva de possibilitar que cheguem às escolas os materiais necessários ao seu
pleno funcionamento, os sistemas educacionais dispõem de um instrumento criado para
financiamento da educação em busca de uma boa qualidade: o CAQI (Custo Aluno Qualidade Inicial)
estabelecido por meio do Parecer CNE/CEB nº 8/2010, aprovado em 5 de maio de 2010, que define
normas para aplicação do inciso IX do artigo 4º da Lei nº 9.394/96 (LDB), que trata dos padrões
mínimos de qualidade de ensino para a Educação Básica Pública. Ele é um indicador que mostra
quanto deve ser investido ao ano por aluno de cada etapa e modalidade da educação básica.
O CAQi considera condições como o número de alunos nas turmas, o tamanho das salas
de aula, a formação inicial e continuada, os salários e carreira compatíveis com a responsabilidade
dos profissionais da educação, as instalações, equipamentos e infraestrutura adequados, e insumos
como laboratórios, bibliotecas, quadras poliesportivas cobertas, materiais didáticos e pedagógicos.
Dessa forma, o CAQi busca atender as condições e os insumos materiais e humanos necessários para
que os professores consigam ensinar e para que os estudantes possam, de fato, aprender.

4
O planejamento das ações e da gestão dos recursos financeiros das redes estaduais e
municipais de educação deve ser cuidadosamente pensado e executado, e para que se obtenha êxito
neste processo é fundamental a participação, compromisso, seriedade, responsabilidade e a busca
pela autonomia das unidades escolares.
Infelizmente, nem todos os sistemas de ensino conseguem cumprir esse objetivo, por
diversos motivos. Isso traz, por vezes, um grande sacrifício às escolas que se veem diante de um
grande desafio em mãos que é o de unir o possível ao desejável, racionalizando o uso dos recursos,
precisando fazer escolhas das ações que precisam ser realizadas e evitando, ao máximo, qualquer
tipo de desperdício.
Neste caderno conheceremos a diversidade de conceitos relacionados à administração
de materiais e o significado da gestão pedagógica de materiais através da cultura do uso racional e
do não desperdício, utilizando as estratégias de reduzir, reutilizar e reciclar.
Abordaremos os recursos necessários para aquisição de materiais e contratação de
serviços através dos procedimentos legais, que instituem as normas para licitações e contratos na
administração pública.
Apresentaremos a interrelação entre os equipamentos físicos, os materiais pedagógicos,
a educação e a aprendizagem, pois quando ocorre a adequação desses elementos, gera-se mais
qualidade ao processo de ensino e aprendizagem.
A partir do conceito de patrimônio público, apresentaremos ainda formas de manutenção
e conservação do patrimônio escolar através de estratégias que visam a sensibilização dos estudantes
e dos profissionais, para o bom uso desses bens.
Desta forma, buscaremos, juntos, construir conhecimento e as habilidades necessárias
para a boa administração dos materiais, dos recursos e equipamentos, mantendo o cuidado com o
patrimônio público e traçando metas para a organização do ambiente escolar, a partir do bom uso e
preservação do mesmo.

Bons estudos!

5
Competência 01

1.Competência 01 | Conhecer a diversidade de conceitos relacionados à


administração de materiais e o significado da gestão pedagógica de
materiais: cultura do uso racional e do não desperdício: reduzir, reutilizar
e reciclar

1.1 Conceito

Sabemos que, para a construção de conhecimento, a partir da apropriação de conceitos,


é necessário termos diferentes visões sobre um dado objeto. Para efeito da Administração de
Materiais, consideraremos aqui a definição de Francischini e Gurgel, 2002, que a referem como um
sistema organizado de conhecimentos que visa à utilização e à preservação dos equipamentos e
materiais de uma empresa ou escola, assim como a conscientização dos usuários sobre a importância
da preservação dos mesmos. Consideram ainda que ela constitui uma atividade que planeja, executa
e controla, nas condições mais eficientes e econômicas, o fluxo de material, partindo das
especificações dos artigos e compras até a entrega do produto terminado para o cliente.
Material é uma designação genérica de tudo o que possa ser contabilizado e
transformado em unidade monetária. (MESSIAS S. B., 1971).
A Administração de Materiais apresentada neste caderno irá cuidar especificamente
destes bens e serviços quando relacionados à escola.
Para que haja uma boa administração de materiais no âmbito escolar, é necessário estar
ciente da necessidade real da demanda, do processo de compra e controle de saída do estoque dos
suprimentos, usados cotidianamente na escola para o seu funcionamento.
Cada uma das atividades relacionadas à administração de materiais possui repercussões
imediatas na vida escolar e, portanto, precisam ser monitoradas com esmero, para que não
influenciem negativamente no funcionamento da escola!
Nos coloquemos agora em uma sala de aula onde uma professora motivada a trabalhar,
em sua turma, uma atividade diferenciada, facilitando o aprendizado necessita, simplesmente, de 40
folhas de papel filipinho em cores diferentes. Então, ela solicita o material à escola, mas é informada
que o papel não está disponível e não existe previsão de quando chegará.

6
Competência 01

As consequências de uma situação como essa podem levar à falta de estímulo no trabalho
da professora e no potencial de aprendizagem dos alunos, causando um baixo rendimento na
escola.

Figura 1 – A professora
Fonte: http://1.bp.blogspot.com
Descrição: ilustração de uma professora fazendo a chamada em sala. Chamando por giz, papel e apagador. A resposta
para cada chamada é ˝faltou˝.

Observe a figura. Esta cena pretende revelar o cotidiano de uma sala de aula onde faltam
recursos básicos para a aula. Você já viu algo parecido na sua escola, como profissional ou como
estudante? Reflita um pouco sobre essa dificuldade na hora em que o professor vai desenvolver uma
atividade. O que pode ter provocado essa situação?
Observe que uma das causas da falta de material na escola pode ser a ausência ou
dificuldade do planejamento. Você concorda?
Considerando que, quando não há uma organização mínima, podem faltar materiais para
a execução de atividades pedagógicas, por exemplo, ressaltamos a importância de um planejamento
bem feito e bem direcionado para as necessidades básicas da escola em todas as suas necessidades,
partindo do entendimento da organização do fluxo de materiais em um determinado período de
tempo, bem como esclarecendo as diferenças entre gestão e administração de materiais.
Para continuarmos nossa reflexão acerca da administração de materiais, apresentaremos
agora a diferença entre os dois conceitos.

7
Competência 01

1.1.1 Administração

Figura 2 - Organizando estoque


Fonte: http://msalx.revistaescola.abril.com.br
Descrição: fotografia de duas educadoras guardando folhas de papel madeira na prateleira de papéis em estoque no
almoxarifado escolar.

Como você percebe na figura 02, a administração de materiais visa na prática também à
organização do ambiente e do estoque, gerindo e zelando pelos mesmos.
Deriva do latim, administrare, gerir; ação de administrar; função de administrador;
gestão, gerência.
Então,

A administração é vista “[...] como processo de planejar para organizar, dirigir e


controlar recursos humanos, materiais, financeiros e informacionais, visando à
realização de objetivos” (MARTINS, 1999, p.24).

Portanto, a Administração consiste em um processo racional de manutenção de controle


sobre um determinado grupo, situação ou organização, garantindo os melhores resultados ou
visando alcançar um determinado objetivo, envolvendo uma fase importante que deve ser
ressaltada: a conscientização dos usuários sobre a importância na preservação dos bens públicos.
Podemos visualizar a administração de materiais na escola como um processo de
organização que facilita a aquisição e dispensa de materiais, para um bom funcionamento da
estrutura escolar.

8
Competência 01

Vejamos agora o conceito de Gestão, relacionado a essa questão dos materiais, que
acrescenta fatores interessantes e fundamentais à ampliação e aprofundamento da ação no âmbito
da escola.

1.1.2 Gestão

Deriva do latim, gerere, administrar; ato de gerir; gerência; administração; administração


ou gerência.
O termo gestão surgiu da necessidade de um novo conceito de administrar, através de
um modelo democrático que incorpora a cultura, a política e os fatores sociais, reconhecendo a
importância da participação efetiva e consciente das pessoas envolvidas nos processos decisórios.
Neste sentido, a gestão está associada ao fortalecimento da idéia de democratização do
processo pedagógico, através da participação da comunidade em todas as decisões da escola.
Gerir, então, é algo mais que administrar. Se apresenta como um sentido mais amplo da
administração, evitando a centralização das ações e permitindo a participação em processos
decisórios de toda a equipe.
Em relação ao espaço educacional, gerir implica dizer que, ao contrário da centralização
do poder na esfera da direção, a administração se constitui em um processo coletivo, no qual pais,
alunos, funcionários e professores discutem e deliberam sobre as necessidades e a identidade da
escola.

1.2 Gestão pedagógica de materiais

Figura 3 - Desorganização
Fonte: http://1.bp.blogspot.com
Descrição: ilustração de um homem serrando ao meio, em uma bancada de marceneiro, a palavra desorganização.

9
Competência 01

Observem a figura acima


Vamos começar a pensar em como podemos traçar estratégias para a organização do
espaço escolar?
Que tal iniciar esse trabalho a partir da racionalização de recursos?
A organização do trabalho pedagógico requer planejamento e, tratando-se de recursos
financeiros e patrimoniais, necessita ser bastante cuidadosa devido ao compromisso com a
sociedade. Assim, a gestão pedagógica de materiais se apresenta como elemento primordial no
trabalho da escola e deve existir de forma racional.
Segundo Paro (1999, pp.18-19):
“a administração é a utilização racional de recursos para a realização de fins
determinados”. E complementa que “a administração pode ser vista tanto na teoria
quanto na prática, como dois amplos campos que se interpenetram: a racionalização
do trabalho e a coordenação do esforço humano coletivo”.

Para que uma boa gestão atenda adequadamente as exigências da escola, é necessário
fazer um planejamento para levantar as necessidades de forma criteriosa. Assim, um bom
funcionamento do fluxo de materiais e as rotinas escolares devem ser previamente planejados. A
ausência ou a falta de organização de normas, rotinas, responsabilidades e planejamento interferem
diretamente na organização e dispensa de materiais.
A racionalização do uso de materiais no ambiente escolar então se apresenta na
organização das ações internas através de um planejamento estratégico, visando:
 A demanda da necessidade em um certo período de tempo - bimestral, semestral ou
anual;
 O uso adequado dos espaços físicos, preenchidos de bens móveis necessários;
 O aproveitamento dos espaços, e
 O desenvolvimento das ações de conscientização da comunidade escolar para a sua
preservação.

Leia e reflita sobre a situação do texto a seguir:

10
Competência 01

Figura 4 - A porta
Fonte: http://st.de positphotos.com
Descrição: ilustração de uma professora abrindo uma porta.

A PORTA
Dona Eunice! Ôpa, a senhora me desculpa!
Toda vez é a mesma coisa. A porta abria, derrubava a
cadeira no chão, e a diretora dava um berro de susto.
A porta ficava bem no meio da parede, na frente da
mesa, uma porta empenada, feia. A maçaneta, torta e
emperrada, não fechava direito, deixando sempre um
vão entreaberto. E os móveis, grandes, antigos, não se
encaixavam de outro jeito. Eunice não tinha privacidade
nenhuma. Todo mundo que passava no corredor olhava
para ela, ali escancarada, e a interrompia. Céus! Já era
tempo de resolver aquilo!
É engraçado, pensou. Antes, quando não tinha reparado na
porta, aquilo não era um problema. Mas, agora… aquela porta
incomodava, irritava. Tinha que sair dali e ir para o canto da
sala. Mas é claro! Era tudo culpa dela. Dela? É. Dela. Da porta.
Nunca tinha pensado em enfrentar uma… porta, assim, de frente,
cara a cara. E ia precisar de verba para reformar. Quanto ia
precisar? Resolveu fazer umas consultas. Bom, portas são de

11
Competência 01

madeira. Madeira, marceneiro. Conhecia um. Pegou o telefone.


– Posso fazer, dona Eunice. Mas a senhora já falou com o pedreiro?
Eu só posso colocar a porta depois que ele abrir o vão.
Vou até o fim, ela pensou, ligando para o pedreiro. Ou essa
porta pensa que vai me vencer?
– Dona Eunice, terei que demolir, retirar os entulhos, fechar o
buraco da outra porta, dar arremate. Vou precisar de material, tijolo, cimento,
areia e os batentes, claro. Ah, e a senhora não
esqueça de comprar um pouco de piso, para colocar onde teremos
a porta nova. Depois a senhora vê com o marceneiro o material dele.
Ligou para o marceneiro, de novo. Do que ele precisava?
– Bom, deixa ver. Guarnições, rodapés para arrematar, fechadura,
máquina nova, dobradiças parafusos e maçaneta. Essa daí,
da senhora, não presta mais não. Cheia de cupim, empenada.
Aquilo era muito mais complicado do que ela havia imaginado.
Quanta coisa, uma lista enorme. Mas ele não estava esquecendo
de nada? Ah, não! A pintura! Aquela brincadeira estava virando
uma tremenda encrenca. Ligou para o pintor, suspirando.
– Quê? Precisamos de dois tipos de tinta? Ah, entendi. Um para
a porta, outro para as paredes, pincel, rolo… Eunice olhou para
a porta. Ali, na sua frente. Provocante. Ah, seria uma batalha
difícil, mas aquilo se tornou um desafio. Era ela ou… a porta.
Conseguiu a verba, depois de enviar um relatório, explicando
tim-tim por tim-tim. Pediu até um pouco mais, para trocar alguns
móveis também. Recebia muita gente, queria tudo em ordem.
Bom, foi uma semana de reforma, nas férias. Parecia que demoliam
a escola toda, uma hecatombe nuclear. Mas ela ia vencer.
A cada martelada, sorria, vendo os destroços sendo removidos.
E a sala ficou linda, novinha. Chegaram os móveis, menores,
“modernérrimos”. Agora ela ia trabalhar em paz. Ufa! Afinal.

12
Competência 01

Toc. Toc. Toc.


– Puxa vida! Dona Eunice… mas que sala linda! – a professora
de ciências olhou em volta – ué… Mas, com esses móveis novos,
tão pequeninos… a senhora nem precisava trocar a porta de lugar,
não é? Caberiam direitinho na sala do jeito que estava!
CARVALHO, Lúcia. Livro do diretor: Espaços e pessoas. São Paulo: Cedac/MEC, 2002.

E aí?! Alguma vez você já presenciou uma situação como essa na sua escola,
seja como profissional ou como estudante? O problema da sala da gestão
poderia ser resolvido de outra forma? E o que seria necessário para isso?

Perceba que o texto acima, com base em uma realidade fictícia da sala da gestão, nos leva
a uma reflexão sobre a organização do espaço escolar, onde a falta de organização do espaço e de
um planejamento prévio trouxe uma série de transtornos para a gestora. O caso poderia ser resolvido
apenas com uma nova arrumação do espaço físico com a sugestão de troca de alguns móveis ou
reutilização dos mesmos.
O uso funcional do espaço físico também faz parte de nossa discussão sobre
administração de materiais, através da cultura do uso racional e do não desperdício, como veremos
a seguir.

1.3 Racionalização do uso de materiais na escola

Compreendendo que o trabalho pedagógico requer organização e planejamento, uma


escola precisa, necessariamente, de um fortalecimento no uso racional dos materiais.
Esse uso racional diz respeito, além da distribuição correta de material de consumo a fim
de evitar o desperdício, também à utilização dos 3R (reduzir, reciclar e reutilizar).

1.3.1 Reduzir, reciclar e reutilizar

A política dos 3 Rs (Reduzir, Reciclar e Reutilizar) é um conjunto de ações sugeridas


durante a Conferência da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, e o 5° Programa Europeu para

13
Competência 01

o Ambiente e Desenvolvimento, realizado em 1993 com o objetivo do desenvolvimento de ações em


prol da preservação do meio ambiente, através da redução e reaproveitamento de resíduos. No
entanto, visando a uma consciência ambiental mais ampla, focada na mudança de comportamento
de cada indivíduo, posteriormente foi desenvolvida a política dos 5R (Repensar, Reduzir, Reutilizar,
Reciclar e Reaproveitar), chegando até a política dos 7R (Reutilizar, Reduzir, Reaproveitar, Reciclar,
Repensar, Recusar e Recuperar).
Observe a evolução no quadro abaixo:

Evolução dos R

1º MOMENTO 2º MOMENTO 3º MOMENTO

3R 5R R
1- Reduzir
1- Reduzir 2- Reutilizar
1.Reduzir 2- Reutilizar 3- Reaproveitar
2. Reutilizar 3- Reaproveitar 4- Reciclar
3. Reciclar 4- Reciclar 5- Repensar
5- Repensar 6- Recusar
7- Recuperar

A questão tem despertado o interesse de educadores, especialmente por ser cotidiana e


estar presente na realidade de todas as escolas. Nas escolas são utilizados os conceitos dos 3R na
prática, porém nada impede que os 5 ou 7 também sejam utilizados na sensibilização para o dia a dia.
Ao final desta competência, caro cursista, preparamos uma relação de sites em que você
pode ver com maior detalhe os processos de 5R e 7R, caso você necessite utilizar processos mais
complexos, para atender a realidade de sua escola.
Vejamos a seguir como podemos utilizar a política mais comum dos 3R no ambiente
escolar.

Reduzir
Este é um tema que preocupa a nossa sociedade pois o acúmulo de dejetos é uma
preocupação para as futuras gerações. Quando falamos em reduzir, estamos nos referindo ao ato de

14
Competência 01

diminuir o lixo e também a emissão de poluentes através de um consumo mais consciente, poupando
também os recursos naturais.

Figura 5 – Copo e caneca


Fonte: http://www.cbcambiental.com.br
Descrição: fotografia de um copo descartável e uma caneca de porcelana.

E então, você já parou para refletir na quantidade de lixo, produzido por uma escola no
período de um dia? Isso pode se tornar um problema para a escola? Pense em soluções para a
redução desse lixo.
Geralmente utilizamos material descartável por sua praticidade, porém, muitas vezes,
não nos damos conta de que esses constituem uma das maiores causas de acúmulo de dejetos.
Mas como resolver este problema na escola?
Deveremos observar o cotidiano escolar e seguir algumas dicas, como:
 preferir copos e materiais reutilizáveis ao invés dos descartáveis. Cada funcionário
possuir seu próprio kit de material de uso particular;
 consertar móveis e objetos ao invés de jogá-los fora e comprar novos;
 conter o consumismo desenfreado de produtos não úteis e incompatíveis com a
necessidade da escola;
 utilizar piloto recarregável, para uso em quadro branco;
 entre outras alternativas que possam ser pensadas e implementadas.

15
Competência 01

Reutilizar
A ação de reutilizar um produto é poder dar uma nova utilidade para algo que,
normalmente, seria jogado fora. Assim, evitamos que mais lixo seja produzido e também que outro
produto seja comprado, reduzindo, dessa maneira, tanto o descarte quanto o consumo.

Figura 6 - Latinhas recicladas.


Fonte: https://encrypted-tbn2.gstatic.com
Descrição: fotografia de três latinhas de legumes recicladas em forma de porta lápis, cheias de lápis coloridos.

Observe, então, na figura que apresenta a reutilização de uma latinha, mantendo a sua
forma original, apenas sendo utilizada agora com outro fim. É desse modo que ocorre o processo da
reutilização. E de que forma podemos realizá-lo na escola?
Exemplos:
 aproveitamento de latas para a confecção de um porta-lápis, como visto;
 utilização de garrafas plásticas, para fabricação de pequenos assentos para a
biblioteca ou para o pátio;
 uso de latões de tinta ou, ainda, resíduos de computadores, para serviço de recolha
de lixo;
 entre outros.

Reciclar
Promover uma reciclagem é proporcionar a transformação de um produto que não pode
ser mais utilizado em um novo produto ou matéria-prima. Lembre-se de que reciclar é diferente de
reutilizar, pois, neste último, o material reaproveitado continua sendo o mesmo, embora possa ser
usado para diferentes fins.
Observe a figura abaixo:

16
Competência 01

Figura 7 - Reciclando papel


Fonte: http://www.lutepel.com.br
Descrição: Ilustração em 9 passos para a reciclagem de papel:1 – picar papel; 2- liquidificar; 3- colocar em uma bacia com
agua; 4- utilizar uma peneira; 5- espremer o papel na peneira; 6 – deixar secar ao vento; 7 – virar a peneira; 8- dar uma
batidinha para desgrudar; 9- retirar o papel.

Já quando reciclamos, transformamos a matéria prima em outro objeto, dando a ele um


outro fim.
No caso apresentado na imagem acima, transformamos o papel usado em novas folhas
de papel que serão utilizadas para os mais diversos fins.
E de que forma podemos realizar o processo da reciclagem na escola?
Exemplos:
 papéis velhos podem virar um novo papel reciclado, por meio de projeto
interdisciplinar, por exemplo;
 garrafas pet e latas podem fazer parte de um processo de reciclagem de embalagens.
O processo pode ser apresentado aos estudantes em forma de cartazes, destacando
a sua importância e indicando que os objetos provenientes desses processos são
utilizados por eles no cotidiano escolar em forma de réguas, cadernos, pastas etc.

Observe a importância da política dos 3Rs ser utilizada na escola como uma grande aliada
na administração de materiais, ao mesmo tempo em que conscientizamos a todos que o consumo
racional reduz gastos e valoriza o ambiente escolar através da sustentabilidade.

E então? Você já observou se na escola em que você trabalha ou estuda, alguns


desses processos são utilizados? Pense no ambiente físico de sua escola e analise
se o mesmo obedece aos padrões adequados para um consumo consciente.
Os alunos e funcionários da escola evitam o desperdício? A escola poderia se
tornar um ambiente melhor?

17
Competência 01

Que tal, agora, observarmos como são executadas algumas outras tarefas primordiais na
administração de materiais? Veja, a seguir.

• Comprar: Identificação dos fornecedores disponíveis e escolha dos que melhor se


adequam às necessidades da escola. Geralmente as escolas possuem os fornecedores,
que já conhecem as suas necessidades. A sua já possui essa seleção de fornecedores?
Eles se adequam as necessidades da escola?
• Armazenar: Identificação da demanda dos produtos para que se possa ter exata
noção do que comprar, evitando o desperdício. Sua escola faz o levantamento periódico
da necessidade de material? O material supre a necessidade da demanda e do tempo
de uso até o próximo pedido?
• Controlar: Realização do controle de estoque, respeitando a necessidade e a
disponibilidade financeira da escola. Sua escola se ocupa nesta função? Esse controle
ocorre de que forma?
• Distribuir: Fazer a distribuição do material na quantidade correta, a partir de um
controle e de uma dinâmica interna da escola. Existe em sua escola o controle da
distribuição de materiais de expediente, higiene e limpeza? Esse controle é obedecido
na prática ou o material é dispensado de acordo com a necessidade do momento?

Chegamos ao final da primeira semana, na qual pudemos compreender um conceito de


administração de materiais, aplicado a escolas e a diferença entre administração e gestão de
materiais.

Então, agora escolha três problemas relacionados à administração de


materiais em uma escola e, a partir do que estudamos nesta
competência, proponha ações para saná-los. Mãos à obra!

Ficou interessado em conhecer mais sobre a política dos Rs?


Visite os sites:
http://www.mma.gov.br/comunicacao/item/9410-a-pol%C3%ADtica-dos-5-r-s
http://www.idec.org.br/consultas/dicas-e-direitos/pratique-os-7-rs-repense-
respeite-responsabilize-se-recuse-reduza-reaproveite-e-recicle

18
Competência 02

2.Competência 2 | Compreender as Exigências sobre a Aquisição de


Materiais – Licitação, Além de Cuidar e Manter a Conservação do
Patrimônio Público.
Então, caro estudante, você já parou para refletir como ocorre o processo de compra de
materiais na sua escola?
Comumente imagina-se que isso ocorre da mesma maneira como estamos acostumados
a fazer em casa, em que, de posse do dinheiro, compra-se, de acordo com a necessidade. Porém, na
escola, lidamos com o patrimônio público, logo o processo de aquisição de alguns materiais deve ser
feito a partir de um processo formal, denominado licitação.

2.1. Licitação

Licitação é o conjunto de procedimentos administrativos, seguindo regras estabelecidas


pela lei n. 8.666, de 21 de junho de 1993, que estabelece as normas gerais sobre licitações e contratos
administrativos, pertinentes a obras, serviços - inclusive de publicidade - compras, alienações e
locações no âmbito dos Poderes da União, do Distrito Federal e dos Municípios. Assim, a licitação é
um processo formal em que há a competição entre os interessados.

Figura 8 - Unidades licitantes


Fonte: https://portal.conlicitacao.com. br/wp-content/uploads/2012/02/naciona l.jpg
Descrição: imagem do mapa do Brasil com a descrição: Governo Federal; Governos Estaduais (27); Governos Municipais
(5.565), o que representa mais de 34.000 unidades licitantes no país.

19
Competência 02

A Lei nº 8.666/93 determina, em seu Artigo 3º, que a licitação deve garantir o princípio
constitucional da isonomia e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública, em
consonância com os princípios a seguir:
 Princípio da Publicidade: todo o processo deve ser público, devendo ser dada ampla
divulgação ao edital da licitação e a todos os atos de sua realização.
 Princípio da Legalidade: a aquisição de bens ou a contratação de serviços deve
atender estritamente aos mecanismos legais vigentes.
 Princípio da Impessoalidade: interesses particulares não devem ir de encontro, em
nenhuma hipótese, ao interesse público.
 Princípio da Moralidade: os atos administrativos devem ser pautados pela lisura, pela
ética dos agentes envolvidos.
 Princípio da Igualdade: deve ser garantida a igualdade de oportunidade a todos os
interessados em fornecer bens e serviços, não devendo haver nenhum tipo de
favorecimento a qualquer participante.
 Princípio da Probidade Administrativa: não deve haver, em nenhuma hipótese,
prejuízo ao erário e ao patrimônio público.

E como ocorre o processo de licitação?


A partir da necessidade da administração pública, se inicia o planejamento do
quê e como contratar e comprar, depois o processo de publicação da licitação,
ou seja, a sua divulgação para conhecimento público, terminando com o objetivo
central, o Contrato.

O processo licitatório é regido por algumas leis importantes. Vejamos a seguir:


 A Lei Federal nº 8.666, de junho de 1993, com algumas alterações, é uma lei que deve
ser observada pela União, Estados e Municípios.
 A Lei nº 10.520, de julho de 2002, que rege os pregões.

20
Competência 02

Figura 9 - Leis federais


Fonte: https://portal.conlicitacao.com .br /wp-content/uploads/2012/02/consti tuicao.jpg
Descrição: ilustração de quatro livros, representando as leis federais referentes à licitação. O primeiro livro representa a
Lei 8.666/93, o segundo, a Lei 10.520/02, o terceiro, a Lei Complementar 123 e o quarto, Decretos e Regulamentos.

 Decretos, Regulamentos e Leis Estaduais, permitem que os governos façam seus


regulamentos próprios para que se adequem a sua região, porém nenhuma pode
ferir o que ditam as Leis 8.666 de 1993 e 10.520 de 2002.
 A Lei Complementar 123 traz orientações para a Licitação, quando as empresas forem
de EPP (empresa de pequeno porte) ou ME (Microempresa).

Cada licitação tem o seu respectivo Edital.


Você já ouviu esta palavra? O que você entende por Edital em um processo de Licitação
Pública?
É isso que veremos a seguir.

2.2. Edital

É um documento onde estarão todas as regras que serão observadas pela Comissão de
Licitação (constituída por agentes públicos que irão conduzir as contratações nas licitações
tradicionais) e pelo Pregoeiro (quem conduz o pregão com uma equipe de apoio). O Edital é o que
rege internamente o processo da Licitação. Obrigatoriamente terá que conter uma linguagem clara e
não pode conter cláusulas ou condições que comprometam a competição.

21
Competência 02

Ficou interessado em conhecer o formato de um Edital Licitatório?


Observe o Edital de Chamada em um processo de licitação da SEE/PE disponível no
endereço:
http://www.educacao.pe.gov.br/portal/upload/galeria/8060/CHAMAMENTO_PUBL
ICO_SEE.pdf
Você encontrará também outras informações sobre licitações nesta Secretaria no
endereço:
http://www.educacao.pe.gov.br/portal/?pag=1&men=81

2.3. Modalidades de licitações

As modalidades de licitação são apresentadas na Lei 8666 de 1993. São elas:

Figura 10 - Modalidades licitatórias


Fonte: https://portal.conlicitacao.com.br/wp-content/uploads /20 12/02/modalidades.jpg
Descrição: ilustração que apresenta as modalidades licitatórias, escritas em destaques coloridos. De cima para baixo:
concorrência, tomada de preços, concurso, convite e leilão, referentes à Lei 8.666/1993. Abaixo o Pregão, referente à Lei
10.

De acordo com a legislação apresentada, essas modalidades se apresentam da seguinte


forma:
Concorrência - É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase
inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação, exigidos
no edital para execução de seu objeto.
Tomada de Preços - É a modalidade de licitação entre interessados devidamente
cadastrados ou que atenderem a todas as condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia
anterior à data do recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

22
Competência 02

Convite - É a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu


objeto, cadastrados ou não, escolhidos e convidados em número mínimo de 3 (três) pela unidade
administrativa, a qual afixará, em local apropriado, cópia do instrumento convocatório e o estenderá
aos demais cadastrados na correspondente especialidade que manifestarem seu interesse com
antecedência de até 24 (vinte e quatro) horas da apresentação das propostas.
Concurso - É a modalidade de licitação, entre quaisquer interessados, para escolha de
trabalho técnico, científico ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos
vencedores, conforme critérios constantes de edital publicado na imprensa oficial com antecedência
mínima de 45 (quarenta e cinco) dias.
Leilão - É a modalidade de licitação entre quaisquer interessados para a venda de bens
móveis inservíveis para a Administração ou de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, ou
para a alienação de bens imóveis, a quem oferecer o maior lance, igual ou superior ao valor da
avaliação.
Pregão é considerado a 6ª modalidade e foi criado pela Lei 10.520 em 2002. O pregão
pode ser presencial ou eletrônico, ou seja, presencial como Concorrência e Tomada de Preços,
eletrônico como podem ser os convites e leilão também. Eletrônico sempre via Internet. Presencial
com a presença física do governo e fornecedores no local indicado no edital.
Como podemos observar até aqui, a aquisição de materiais e serviços passa por um
processo bem complexo de licitação. Agora precisamos conhecer a fonte de recurso financeiro
utilizada na aquisição de materiais nas escolas, o Programa Dinheiro Direto na Escola (PDDE).

2.4. PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola

Figura 11 - Aqui tem PDDE.


Fonte: http://www.lavallsescolar. com.br/wp-content/uploads/2016/ 04/Programa-governamental-PDDE .png
Descrição: ilustração de uma escola ao fundo e o rostinho de um aluno e uma aluna sorrindo a frente, abaixo a frase: Aqui
tem PDDE!

23
Competência 02

O Programa foi criado em 1995 com a finalidade de prestar assistência financeira às


escolas públicas da educação básica das redes estaduais, municipais e do Distrito Federal e às escolas
privadas de educação especial mantidas por entidades sem fins lucrativos, registradas no Conselho
Nacional de Assistência Social (CNAS) como beneficentes de assistência social, ou outras similares de
atendimento direto e gratuito ao público. Porém, em 2009, com a edição da Medida Provisória nº
455, de 28 de janeiro de 2009 (transformada posteriormente na Lei nº 11.947, de 16 de junho de
2009), foi ampliado para toda a educação básica, passando a abranger também as escolas de ensino
médio e escolas de educação infantil.

Para aprofundar o conhecimento, visite os sites:


Medida Provisória nº 455, de 28 de janeiro de 2009:
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPu
blico&sgl_tipo=MPV&num_ato=00000455&seq_ato=000&vlr_ano=2009&sgl_orgao
=NI
Lei nº 11.947, de 16 de junho de 2009:
https://www.fnde.gov.br/fndelegis/action/UrlPublicasAction.php?acao=abrirAtoPu
blico&sgl_tipo=LEI&num_ato=00011947&seq_ato=000&vlr_ano=2009&sgl_orgao=
NI

O objetivo desse recurso é a melhoria da infraestrutura física e pedagógica e a elevação


dos índices de desempenho da Educação Básica. Os recursos do Programa são transferidos de acordo
com o número de alunos, do censo escolar do ano anterior ao do repasse.

2.4.1. Aplicação do recurso

Vejamos, abaixo, como podemos aplicar o dinheiro do PDDE:


Na aquisição de materiais permanentes (como bebedouro, impressora, aparelhos de ar
condicionado etc.);
Na aquisição de itens de uso diário (papel, lápis, caneta, borracha, cartuchos de tinta para
impressora, produtos de limpeza, papel higiênico, sabonete etc.);

24
Competência 02

Na realização de pequenos reparos na infraestrutura física do prédio (como conserto de


torneiras);
Na contratação de mão de obra para esses serviços, nos materiais necessários para a
implementação do Projeto Político Pedagógico.

2.4.2. Onde não pode ser aplicado o recurso

Os recursos do PDDE não podem ser aplicados em:


 Gastos com remuneração de funcionários;
 Pagamento de contas de água, luz, telefone e quaisquer outras taxas;
 Compra de combustível e manutenção de veículos, utilizados para fins
administrativos;
 Despesas com festas e comemorações;

Porém, precisamos ressaltar que a aplicação deste recurso na escola deverá acontecer a
partir de uma escolha democrática, para isso a decisão é tomada não só pela gestão, mas também
pelo Conselho Escolar.
Sua escola possui Conselho Escolar?
De que forma o Conselho Escolar atua no cotidiano da escola?
Você conhece as funções de um Conselho Escolar?
É o que nós veremos a seguir.

2.5. Conselho escolar

Figura 12 - Mesa redonda.


Fonte: http://www2.ea.fe.usp.br/wp-content/ uploads/conselho.png
Descrição: imagem de uma mesa redonda, em que estão acomodados 10 bonequinhos coloridos, cada um segurando
uma peça de um quebra-cabeças com sua respectiva cor. Há um quebra-cabeças no centro da mesa, faltando apenas uma
peça para ser concluído.

25
Competência 02

O Conselho Escolar é o órgão colegiado responsável por debater, acompanhar e deliberar


sobre questões político-pedagógicas, administrativas e financeiras das escolas.
É formado por representantes dos segmentos que compõem a comunidade escolar,
como: alunos, professores, pais ou responsáveis, funcionários, pedagogos, diretores e comunidade
externa. O diretor escolar é o coordenador na execução das decisões do conselho e o articulador das
ações.

2.5.1.O papel do conselho escolar

O Conselho Escolar é responsável por zelar pela manutenção e por participar da gestão
administrativa, pedagógica e financeira da escola. Ele deve contribuir com as ações dos dirigentes
escolares, para assegurar a qualidade de ensino e a gestão democrática na escola.
Cabe aos conselheiros, por exemplo, definir e fiscalizar a aplicação dos recursos
destinados à unidade escolar e discutir o projeto pedagógico com a direção e os docentes.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 14,


estabelece que cada sistema de ensino deve definir suas próprias normas de
gestão democrática do ensino público, de acordo com suas peculiaridades.

“Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do


ensino público na Educação Básica, de acordo com as suas peculiaridades e
conforme os seguintes princípios:

I – participação dos profissionais da Educação na elaboração do projeto


pedagógico da escola;

II – participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou


equivalentes.”

26
Competência 02

2.5.2. O conselho escolar na conservação e preservação do patrimônio

É muito importante que todos os membros da comunidade escolar desenvolvam o


sentimento de cidadania, respeito e conservação do Patrimônio escolar. Para isso, são necessárias
ações e campanhas de conscientização sobre a preservação e conservação deste patrimônio.
O Conselho Escolar tem um importante papel nesse processo e de acordo com a LEI Nº
11.014 DE 28 DE DEZEMBRO DE 1993, que dispõe sobre a criação dos Conselhos Escolares nas Escolas
da Rede Estadual de Ensino, a ele compete o acompanhamento e a fiscalização das medidas de
conservação e preservação do patrimônio escolar. Veja a seguir:

Art. 3º Compete ao Conselho Escolar, preservar e implantar a política


educacional do Estado de acordo com a legislação vigente, e em especial:

I - apreciar e opinar sobre o Plano de Trabalho Anual da Escola;

II - participar da reunião geral de planejamento, avaliação e replanejamento


das ações da escola, no início e ao final de cada semestre letivo;

III - Acompanhar e fiscalizar:


a) o plano de aplicação e a prestação de contas dos recursos financeiros da
escola;
b) os trabalhos de ampliação, reforma e reparos do prédio da escola;
c) o armazenamento, preparação e distribuição da merenda escolar;
d) o recebimento e a distribuição de livros e materiais didáticos destinados a
alunos e professores;
e) as medidas visando à conservação e preservação do patrimônio móvel e
imóvel da unidade escolar.

Além do papel do Conselho na preservação do patrimônio escolar, o corpo docente


também tem um papel primordial, pois cabe aos professores o desenvolvimento de projetos, que
visem ao cuidado do patrimônio público, pois, a escola, por se tratar de um espaço privilegiado de
análise, discussão e reflexão da realidade, tem o potencial de transformar a sociedade, a partir da

27
Competência 02

construção de uma consciência coletiva para a preservação do bem público, tanto dentro quanto fora
da escola.
Observa-se nas escolas públicas a falta de cuidado com o patrimônio escolar. Para
solucionar esse problema, é dever da escola resgatar a valorização e a conscientização dos alunos
quanto à importância da mesma e como é bom viver em um ambiente limpo.

Figura 13 - Vandalismo
Fonte: https://i.ytimg.com/vi/NQEUdUfsVNA/ hqdefault.jpg
Descrição: fotografia de um quadro negro na parede da sala de aula pichado.

Observe a imagem acima.


Muitas escolas públicas ainda se deparam com este tipo de vandalismo por parte dos
próprios estudantes.
Na sua escola, ocorrem atos de vandalismo?
Como os profissionais lidam com esta situação?
Observe que, na maioria dos casos, esse descaso dos alunos com o patrimônio público se
dá devido à falta de informação quanto aos custos para a construção e manutenção do mesmo e da
falta de consciência de que a boa utilização dos recursos financeiros da escola, também depende da
ação de cada estudante ante a conservação do patrimômio que é de todos. Assim, a escola precisa
traçar metas, para fazer com que o aluno perceba que o zelo pelo ambiente escolar é
responsabilidade de todos e que a utilização responsável dos espaços depende de cada um de nós.
Agora, pensemos o seguinte: na sua escola se desenvolvem projetos de conscientização
a valorização do patrimônio público? Se você não estiver a par, verifique! Questione!
Você também pode contribuir. Que tal sugerir um projeto novo?
Vamos lá! Mãos à obra!

28
Conclusão
Caro estudante,
Chegamos ao final de mais uma disciplina.
Neste caderno aprendemos, ao longo da competência 1, os conceitos de administração e
gestão de materiais, bem como a prática da administração de materiais no ambiente escolar.
Estivemos atentos para a organização dos espaços físicos, pois a distribuição correta do
mobiliário é um fator importante que contribui para a dinâmica da escola.
Compreendemos que a política dos 3Rs é uma forte aliada na racionalização e no
consumo consciente de materiais na escola.
Através de exemplos práticos, entendemos como aplicar essa política na escola e como
mobilizar toda a comunidade escolar para seus benefícios. Por outro lado, vimos a necessidade de
substituição de práticas antigas, como a utilização de objetos ou equipamentos de formas erradas e
a substituição do descartável pelo permanente, contribuindo, assim, para a economia e a organização
do espaço escolar.
Na competência 2, refletimos sobre as exigências na aquisição de materiais,
compreendendo como ocorre o processo da licitação e a sua complexidade. Chegando à fonte direta
de recursos federais, aprendemos sobre o PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola), sua
aplicabilidade e a importância de um órgão colegiado chamado Conselho Escolar, sua função no
controle dos gastos e acompanhamento das ações, bem como a importância do Conselho na
mobilização de toda a comunidade e no desenvolvimento de ações que visam à preservação do
ambiente escolar.
E então? Você percebeu que os conceitos estão todos interligados entre si? Note que a
administração de materiais é uma função a ser executada também por um Técnico em Secretaria
Escolar com base nos recursos direcionados à compra de materiais. De posse desses recursos, um
administrador deverá possuir a consciência da aplicação, distribuição e manutenção correta dos
materiais e serviços adquiridos e contratados. A observação e a organização do espaço físico também
fazem parte da função de um técnico de secretaria escolar, bem como, a preservação do ambiente
físico juntamente com o desenvolvimento de ações que visam à uma manutenção do patrimônio
público.

29
Referências

Assembleia Legislativa de Pernambuco. Disponível em:


<http://legis.alepe.pe.gov.br/arquivoTexto.aspx?tiponorma=1&numero=11014&complemento=0&a
no=1993&tipo=&url>. Acesso em 04 de julho de 2016.

BRASIL. Tribunal de Contas da União. Transferências de recursos e a lei de responsabilidade fiscal:


orientações fundamentais. Brasília: Tribunal de Contas da União, 2000.

________. Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965. Presidência da República, Casa Civil, subchefia para
Assuntos Jurídicos.

________. Lei no 8.666, de 21 de junho de 1993. Presidência da República, Casa Civil, subchefia para
Assuntos Jurídicos.

________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. In: SOUZA, José Vieira de.
Profuncionário – Teorias administrativas. Brasília: Universidade de Brasília, 2006.

CASTRO, Ana Paula Pádua Pires de. A gestão dos recursos financeiros e patrimoniais da
escola.Curitiba: Ibpex, 2008.

LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão da escola. Goiânia: Alternativa, 2004.

LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: teoria e prática. Goiana: Editora Alternativa,
2001.

LOGAREZZI, A. 2006. Educação ambiental em resíduo: o foco da abordagem. In: Consumo e Resíduo.
Cinquetti, H.C.S. e Logarezzi, A. (Eds). p.p. 119-144.

LUCK, Heloíza. A Gestão Participativa na Escola. 8.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010 (Séries Cadernos de
Gestão 3).

__________. Liderança em Gestão Escolar. 3.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2009.

__________. Liderança em Gestão Escolar. 6.ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010 (Séries Cadernos de
Gestão 4).

MARTINS, Ricardo Chaves de Rezende. Gestão de recursos materiais. In: RODRIGUES. Maristela
Marques; GIÀGIO, Mônica (Orgs.). Política educacional: gestão e qualidade do ensino. Brasília: Líber
Livro, 2009. p.21-44.

MENDES, Francisco Coelho e NUNES, Marisandra Neri. Gestão escolar: análise do gerenciamento de
recursos em universidades do rj. Disponível em: <
http://www.estudosdotrabalho.org/anais6seminariodotrabalho/franciscocoelhomendesmarisandra
nunes.pdf>. Acesso em: 10/05/2016

PARO, Vitor Henrique. Gestão Escolar, democracia e qualidade de ensino. São Paulo: Ática 2007.

30
Portal da Conciliação. Disponível em: <https://portal.conlicitacao.com.br/o-que-e-
licitacao/introducao>. Acesso em 03 de julho de 2016.

Portal do FNDE. Disponível em: <http://www.fnde.gov.br/programas/dinheiro-direto-


escola/dinheiro-direto-escola-apresentacao>. Acesso em 10 de agosto de 2016.

WITTMANN, Lauro Cardoso. A prática da gestão democrática no ambiente escolar. Curitiba: Ibpex,
2010.

31

Você também pode gostar