Você está na página 1de 8

1.

INTRODUÇÃO
Em 15 de Novembro de 1884 tem início a Conferência de Berlim, convocada
pela França e Grã-Bretanha e organizada pelo Chanceler da Alemanha. O Chanceler
Bismarck, como “continentalista” que era, estava mais interessado nas questões da
Europa Central, mas também estava sob forte pressão dos grupos industriais e
comerciais alemães. Só depois da demissão de Bismark, a Alemanha iniciou uma
política expansionista colonial. Bismark abre a conferência definindo como objectivo da
mesma o estabelecimento do direito no acesso de todas as nações ao interior de África.

1|Página
2. HISTÓRIA DE BERLIM
O primeiro documento histórico de Berlim remonta a 1237, aludindo às
povoações de Cölln e Berlim, situadas em cada uma das margens do rio Spree,
envolvendo o local onde hoje se situa Nikolaiviertel. As duas localidades aliaram-se em
1307, tendo constituído um município comum.

Alguns séculos A.C., a zona onde hoje se situa Berlim começou a ser habitada
por diversas tribos que se estabeleceram nas margens dos rios Spree e Havel. No século
VI, diversas tribos eslavas construíram fortificações nas actuais zonas suburbanas de
Spandau e Köpenick. Por volta do século XI, Albrecht, guerreiro saxão da Casa dos
Ascânios, derrota as tribos eslavas e torna-se o primeiro Markgraf (conde) de
Brandenburgo. Por essa altura, estabeleceram-se, nas margens do rio Spree, imigrantes
de outras regiões, nomeadamente do vale do Reno e da Francónia.

Com a morte, em 1319, do último governante ascânio, Brandenburgo foi


disputado pelas casas de Luxemburgo e Wittelsbach, o que originou lutas sangrentas.
Em 1414, os habitantes de Berlim, cansados de tanto sofrimento, solicitaram o auxílio
do imperador do Sacro Império Romano-Germânico que lhes enviou, como protector,
Friedrich von Hohenzollern, dando origem a 500 anos de domínio da Casa de
Hohenzollern.

Em 1432, Cölln e Berlim consolidam a aliança de 1307, tendo-se unificado


formalmente. Em 1486 tornou-se na sede do eleitorado de Brandemburgo.

Com a subida, em 1640, de Friedrich Wilhelm von Hohenzollern ao trono de


Brandeburgo, a cidade de Berlim desenvolveu-se enormemente, tanto em extensão
como em quantidade de habitantes, atingindo, no final do século XVII, o número de 20
000. Na segunda metade desse século, Berlim foi fortificada, rasgou-se um canal
ligando os rios Spree e Oder e foram plantadas tílias na Unter den Linden hoje uma das
mais importantes artérias da cidade, em cujo extremo poente se situa o mais conhecido
monumento de Berlim: a Porta de Brandeburgo.

No início do século XVIII, Frederich III, sucessor de Friedrich von Hohenzollen,


transforma Brandeburgo num Reino, tendo sido coroado como Friedrich I da Prússia.
Berlim passa, então, à categoria de capital prussiana, vendo nascer as Academias de
Belas Artes e da Ciência. Imponentes edifícios surgem por todos os lados, sendo de
destacar a Zeughaus e o castelo de Verão (Charlottenburg).

2|Página
2.1 A abolição das barreiras comerciais e as indemnizações
pagas pela França
A abolição das barreiras comerciais e as indemnizações pagas pela França,
permitiram um grandíssimo desenvolvimento industrial, com o consequente aumento
populacional da cidade de Berlim e uma melhoria significativa das infra-estruturas
urbanas: novo sistema de esgotos (1876), iluminação eléctrica (1879) e instalação de
telefones e da primeira linha férrea urbana (1881).

No início do século XX, a cidade atingia 1,9 milhões de habitantes, duplicando


esse número volvidos 20 anos.

A Primeira Guerra Mundial não teve um reflexo muito grande sobre a estrutura
da cidade.

Em 30 de Janeiro de 1933, Adolf Hitler foi nomeado chanceler, tendo iniciado,


com a invasão da Polónia, a 1 de Setembro de 1939, a Segunda Guerra Mundial que se
estenderia até 1945, altura em que a Alemanha perde a contenda e Berlim é invadida
pelas tropas soviéticas. A partir de 1940, Berlim sofreu inúmeros bombardeamentos,
especialmente no último ano da guerra, tendo a maioria dos edifícios ficado em ruínas.
Após o fim da guerra, as tropas americanas, britânicas, francesas e soviéticas, reunidas
em Potsdam, dividem a cidade em quatro sectores.

Em 1949 nasce, nos territórios controlados pelos soviéticos, a República


Democrática Alemã, tendo por capital a zona oriental de Berlim. Os restantes sectores
de Berlim ficam, assim, a constituir um enclave dentro do território da RDA. Para evitar
a fuga dos berlinenses para os sectores ocidentais, o governo comunista construiu, em
1961, um muro com cerca de 150 Km de extensão, envolvendo os restantes sectores.
Quem tentasse ultrapassá-lo, era imediatamente morto.

A partir de 1989, as mudanças políticas que ocorrem na Europa Oriental levaram


à queda do muro de Berlim e à abertura das fronteiras entre a RDA e o restante território
da Alemanha (RFA).

Em 1990, a Alemanha reunifica-se e Berlim volta a ser a capital, depois de Bona


ter sido capital provisórica da parte ocidental da Alemanha desde os finais da Segunda
Guerra Mundial. De então para cá, a cidade tem vindo a sofrer uma completa
transformação urbanística, com a reconstrução e reabilitação de edifícios históricos e a
edificação de novos bairros voltados para o século XXI, aproveitando, especialmente, as
zonas anteriormente ocupadas pelo Muro.

3|Página
2.2 A Conferência de Berlim
A Conferência de Berlim foi realizada entre 15 de Novembro de 1884 e 26 de
Novembro de 1885 teve como objectivo organizar, na forma de regras, a ocupação de
África pelas potências coloniais e resultou numa divisão que não respeitou, nem a
história, nem as relações étnicas e mesmo familiares dos povos do Continente.

Na conferência, que foi proposta por Portugal e organizada pelo Chanceler Otto
von Bismarck da Alemanha - país anfitrião, que não tinha ainda colónias em África,
mas tinha esse desejo e viu-o satisfeito, passando a administrar o “Sudoeste Africano”
(actual Namíbia) e o Tanganhica - participaram ainda a Grã-Bretanha, França, Espanha,
Itália, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Estados Unidos da América, Suécia, Áustria-
Hungria, Turquia e Abissínia.

Os Estados Unidos não possuíam colónias em África, mas eram uma potência
em ascensão e tinham passado recentemente por uma guerra civil (1761-1765)
relacionada com a abolição da escravatura naquele país; a Grã-Bretanha tinha-a abolido
no seu império em 1834. A Turquia também não possuía colónias em África, mas era o
centro do Império Otomano, com interesses no norte de África.

A Abissínia (actual Etiópia) era um dos dois países independentes de África,


respeitada pelo resto do mundo ocidental e desejava, evidentemente, manter a sua
independência (o outro era a Libéria, fundada em 1822 por escravos libertos dos EUA).
Os restantes países europeus que não foram “contemplados” na partilha de África,
também eram potências comerciais ou industriais, com interesses indirectos naquele
continente.

4|Página
2.2.1 Resultado da conferência de Berlim
Como resultado da conferência, a Grã-Bretanha passou a administrar toda a
África Austral, com excepção das colónias portuguesas de Angola e Moçambique e o
Sudoeste Africano, toda a África Oriental, com excepção do Tanganhica e partilhou a
costa ocidental e o norte com a França, a Espanha e Portugal (Guiné-Bissau e Cabo
Verde); o Congo que estava no centro da disputa, o próprio nome da Conferência em
alemão é “Conferência do Congo” continuou como “propriedade” da Companhia
Internacional do Congo, cujo principal accionista era o rei Leopoldo II da Bélgica; este
país passou ainda a administrar os pequenos reinos das montanhas a leste, o Ruanda e o
Burundi.

2.2.3 As causas da Conferência de Berlim

No século XV, os portugueses começaram a estabelecer na costa africana


pequenos fortes para servirem de apoio aos seus navegadores e comerciantes; durante
muito tempo, as relações destes exploradores com os povos africanos eram puramente
comerciais e, muitas vezes, amistosas.

Mas a sua ganância em controlar rotas comerciais levou também várias vezes a
conflitos e à ocupação forçada de territórios que tinham a sua administração própria,
como foram os casos da destruição de Kilwa Kisiwani e a ocupação de Mombaça pelos
portugueses logo no início do século XVI e, em meados do século XVII, o
estabelecimento da colónia holandesa do Cabo, no extremo sul do continente.

O processo de colonização foi relativamente lento mas, em meados do século


XIX, os europeus lá tinham estabelecido colónias ao longo de toda a costa de África e
competiam ferozmente pelo seu controlo.

A Revolução Industrial levou à necessidade de força de trabalho barata,


matérias-primas e novos mercados e aquela competição levava frequentemente a
violentos conflitos. Ao mesmo tempo, levou também à abolição da escravatura que era
o principal “produto” das colónias africanas até esse tempo.

A maior parte do interesse concentrava-se na região do Congo, que era um


território explorado por várias potências, incluindo Portugal e França, mas o rei
Leopoldo II da Bélgica tinha-o declarado “propriedade” da Companhia Internacional do
Congo.

5|Página
2.2.4 Pontos principais constituíram a agenda da
Conferência
Três pontos principais constituíram a agenda da Conferência:

1º A liberdade de comércio em toda a bacia do Zaire e sua foz;

2º A aplicação dos princípios do Congresso de Viena quanto à navegação nos


rios internacionais (entre outros, do Níger);

3º A definição de “regras uniformes nas relações internacionais relativamente às


ocupações que poderão realizar-se no futuro nas costas do continente africano”; (4)
estatuir sobre o tráfico de escravos.

2.2.5 Titulares da Conferência


Os representantes portugueses da Conferência de Berlim foram António Serpa
Pimentel, António José da Serra Gomes (Marquês de Penafiel), Luciano Cordeiro,
Carlos Roma du Bocage (adido militar), José P. Ferreira Felívio (adido) e Manuel de
Sousa Coutinho (segundo secretário).

2.2.6 Observações
Em 20 de Setembro de 1845 o Reino Unido reconheceu os direitos portugueses
sobre os territórios de Ambriz, Molembo e Cabinda.

Em 1855 o Governo português mandou ocupar militarmente o Ambriz, o que


provocou protestos por parte do Governo britânico.

Em 1861, os ingleses, temendo que os boers ocupassem Lourenço Marques,


desembarcaram nas ilhas de Inhaca e dos Elefantes. Na sequência do protesto do
Governo de Lisboa, acabaram por retirar, sendo substituídos por tropas portuguesas.

Em 24 de Junho de 1875 é conhecida a decisão arbitral do Presidente francês


MacMahon sobre o território de Bolama.

Em 1876, o Rei Leopoldo da Bélgica convoca a Conferência Internacional de


Geografia, sem que Portugal fosse convidado, que deu origem à “Associação
Internacional Africana”, destinada a patrocinar a exploração científica do continente
africano, estabelecer vias de comunicação e abolir a escravatura.

6|Página
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que no início do século seguinte, Napoleão Bonaparte vence os
prussianos, ocupa Berlim e leva para Paris a Quadriga que encima a Porta de
Brandeburgo, orgulho da cidade. Com a derrota de Napoleão, a quadriga volta a ser
colocada no mesmo local, com grande júbilo da população. Inicia-se, nesta época, a
industrialização de Berlim: surge uma fábrica de locomotivas em 1837 e, no ano
seguinte, é inaugurada a linha ferroviária entre a capital e Potsdam. Berlim enche-se de
edifícios grandiosos concebidos, na maior parte, por Karl Friedrich Schinkel. Em 1850
Berlim já tinha 300 000 habitantes.

7|Página
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MAGNOLI, Demetrio. História da Paz. São Paulo: Editora Contexto, 2008. 448p. «Ata Geral da
Conferência de Berlim» (PDF). Consultado em 6 de Novembro de 2014.

www.wikipedia/Berlim.org

8|Página

Você também pode gostar