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Informe Técnico

005/DVE/2019
Prefeitura do Município de São Paulo
Secretaria Municipal da Saúde
Coordenadoria de Vigilância em Saúde - COVISA

Riscos e Cuidados
com a saúde após
enchentes

14 de março
Município de São Paulo

2019
Riscos e Cuidados com a saúde após enchentes
O contato com a água de enchentes pode causar diversas doenças como diarreias,
hepatite A, leptospirose, acidentes com animais peçonhentos, tétano acidental, entre outras.
A água e o lixo acumulados também propiciam a proliferação de animais que transmitem
doenças, como o Aedes aegypti, mosquito transmissor das aboviroses.

Hepatite A
A Hepatite A é causada por um vírus que pode ser transmitido pela ingestão de
água ou alimentos contaminados com esgoto/dejetos humanos, o que ocorre durante as
enchentes. O período de incubação médio é de 4 semanas e pode ter sintomas entre 15 e 45
dias após o contato. Muitas pessoas podem não apresentar sintomas, sendo mais frequente
a medida que aumenta a faixa etária. Afeta o fígado, causando mal-estar, prostração, febre
baixa, náuseas, vômitos e icterícia (pele e olhos amarelados).

A vacina Hepatite A está disponível no SUS, sendo oferecida no Calendário


Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos (4 anos,
11 meses e 29 dias) e também no CRIE, para pessoas de qualquer idade que
apresentem condições clínicas específicas como: hepatopatias crônicas de
qualquer etiologia incluindo as Hepatites virais B e C e pessoas vivendo com HIV.

Devido a forma de transmissão no surto observado em São Paulo, a vacinação para

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hepatite A foi ampliada para populações específicas com prática sexual oral-anal.

Não há recomendação específica para população exposta às águas de enchente.

Para mais informações sobre a doença, clique aqui!

Tétano

O tétano acidental pode ocorrer pela contaminação de ferimentos de pele ou em


mucosas com terra, poeira, fezes de animais ou humanas que contenham esporos da bactéria
que ocasiona a doença.
O contato com os entulhos e os destroços durante os desastres podem provocar
lesões na pele e, conseqüentemente, o adoecimento por tétano acidental.
Os sintomas apresentados podem ser febre baixa, dificuldade de deglutição hipertonia
muscular, hiperreflexia, espasmos e contraturas musculares generalizadas, com o paciente lúcido.
O período de incubação varia em média de 3 a 21 dias.

Quando se acidentar e tiver uma lesão na pele, procurar com urgência o serviço
de saúde mais próximo, comunicar os detalhes do acidente ao profissional de
saúde e levar sua carteira de vacina junto, se possível.

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Riscos e Cuidados com a saúde após enchentes
A vacina contra o tétano é a melhor forma de prevenção e ela está disponível no
SUS, sendo oferecida no Calendário Nacional de Vacinação para crianças a partir
de 2 meses de idade, como um dos componentes da vacina Pentavalente, sendo
necessárias 3 doses e 2 reforços com a vacina DPT para a completa imunização.

A seguir necessita-se 1 dose de reforço, com a vacina Dupla Adulto, a cada 10


anos, no decorrer de toda a vida , para se manter imune contra a doença.
Em caso de ferimentos graves, antecipar a dose de reforço para cinco anos após
a última dose.

Em caso de exposição a enchentes, procurar a unidade de saúde mais próxima


para avaliação dos ferimentos e para verificar a necessidade de vacinação
contra o tétano.

Leptospirose

A leptospirose é uma doença infecciosa febril, de início abrupto, podendo ter quadros leves até
formas mais graves, que podem evoluir para óbito. É causada por uma bactéria do gênero Leptospira,
presente na urina de ratos e outros animais. A ocorrência desta doença está relacionada a condições
precárias de infraestrutura sanitária associadas à alta infestação de roedores infectados. As inundações
propiciam a disseminação do agente causal no ambiente, facilitando a ocorrência de casos.
A contaminação pela bactéria Leptospira se dá por exposição direta à urina de animais
infectados (ratazanas, ratos e camundongos), ou, de forma mais frequente, através do contato indireto,

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com água contaminada pela bactéria, através da pele lesionada, da pele integra imersa por longos
períodos em água contaminada ou, ainda, através das mucosas.
As principais situações de risco para adquirir a doença são contato com água ou lama de
enchente, limpeza de córregos ou de bueiros ou de locais com roedores, com lixo. Nestas situações,
utilizar botas e luvas. Se não tiver botas ou luvas, coloque em cada mão e em cada pé dois sacos
plásticos amarrados para evitar o contato da pele com a água contaminada.
Os sintomas aparecem, geralmente, 5 a 14 dias após o contato com a urina ou a água
contaminada, mas podem ocorrer até 30 dias após. Os principais sintomas são febre, cefaléia (dor
de cabeça), mialgia (dor no corpo), principalmente na panturrilha, náuseas, vômitos. Nas forma mais
graves, pode ocorrer icterícia (olhos e pele amarelados) e sangramentos.

A pessoa que teve contato com água ou lama de enchente deve ficar atento
ao aparecimento de sintomas da doença, tais como, febre, dor no corpo,
especialmente na panturrilha (batata da perna), náuseas/vômitos, aparecimento
de icterícia (pele e olhos amarelo alaranjados) e procurar atendimento médico,
informando o contato com enchente.

O Ministério da Saúde não indica a realização da quimioprofilaxia contra a


leptospirose, como medida de saúde pública, em situações de enchente.

Para mais informações sobre a leptospirose, clique aqui!

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Riscos e Cuidados com a saúde após enchentes
Acidentes com animais peçonhentos
A ocorrência de chuvas pode deslocar animais peçonhentos, como cobras, aranhas e
escorpiões. Eles podem invadir as residências, aumentado o risco de acidentes, principalmente
em áreas verdes ou próximas a mata.
Deve-se examinar, com cuidado, antes de usar as roupas, sapatos, toalhas e utensílios
domésticos, atrás de móveis, sofás, colchões, etc

Caso ocorra um acidente com animal peçonhento, deve-se:


a- Retirar sapato, anel, pulseira ou fitas que funcionem como torniquete
b- Lavar somente com água e sabão o local da picada
c- Fazer compressas mornas (compressas frias pioram a dor).
d- Procurar atendimento no serviço de saúde mais próximo
e- Se possível, levar o animal para identificação

Acidentes com animais potencialmente transmissores de raiva


(mamíferos)
Com as chuvas e enchentes, animais, especialmente cães e gatos, podem ficar
desalojados ou abandonados, e isto pode facilitar a ocorrência de mordeduras. Em caso
de mordedura ou arranhadura por estes animais, lave bem o local do acidente, com água e
sabão, por no mínimo 15 minutos e procure o serviço de saúde mais próximo. Verifique se há
possibilidade do cão ou gato ser observado por 15 dias e informe o médico.

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Doenças Diarreicas
As doenças diarreicas caracterizam-se pela presença de diarréia (aquosa, com muco
ou sangue), mal-estar geral, dor abdominal, náusea, vômito e febre. Pode ocorrer desidratação.
No verão o aumento significativo dos índices pluviométricos pode causar enchentes
localizadas e expor potencialmente a população às doenças transmitidas pela ingestão de
água contaminada. Durante as enchentes e inundações esses microorganismos, presentes em
esgotos podem se misturar à água e à lama das enxurradas, além de contaminar alimentos,
utensílios e louças. A contaminação da rede pública de abastecimento pode ocorrer pela
entrada de água poluída nos pontos de vazamento da rede, além da interrupção temporária
das atividades das estações de tratamento. Como o consumo de água é uma necessidade
básica, muitas vezes a população acaba utilizando água contaminada, e se expõe ao risco de
doença diarréica.
É nessa época que circula o agente mais frequente da gastroenterite viral, o norovírus,
que atinge todas as faixas etárias.
Os principais agentes causadores da Doença Transmitida por Alimentos (DTA) são
os enterovírus, Rotavírus, Norovírus e as bactérias como Escherichia coli patogênica (vários
tipos), Salmonella não typhi (vários tipos), Shigella, e outras.
As doenças diarréicas não são agravos de notificação compulsória. Apenas os surtos
são notificados para a vigilância epidemiológica, quando duas ou mais pessoas apresentam
sintomas, tendo sido expostas à mesma fonte de contaminação.

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Riscos e Cuidados com a saúde após enchentes
Quais os cuidados básicos para prevenção de doenças?

Evitar o contato com água de enchente. Se for inevitável, utilizar botas e luvas. Se
não tiver botas ou luvas, coloque em cada mão e em cada pé dois sacos plásticos amarrados
para evitar o contato da pele com a água contaminada.

a - Beber sempre água potável. Não usar água de fonte não confiável. Se necessário
ferver a água antes de utilizá-la ou tratar a água para consumo: diluir 2 gotas de hipoclorito
de sódio a 2,5% em 1 litro de água; aguardar 10 minutos antes de consumir;
b - Ter muito cuidado com a água utilizada no preparo da alimentação dos lactentes
(menores de um ano); utilizar água potável no preparo dos alimentos;
c - Não consumir alimentos que tiveram contato com água da enchente; Jogar fora
os medicamentos e alimentos que tiveram contato com lama ou água de enchente; mesmo
aqueles que não foram abertos (garrafa pet, caixa de leite, grãos ensacados)
d- Guardar os alimentos em recipientes bem fechados.
e- Utilizar apenas os enlatados cujas embalagens não apresentem amassamentos,
pontos de ferrugem ou sinais de danos.
f- Em caso de hortas que sofreram inundação, não utilize esses produtos.
g- Os medicamentos de uso contínuo para portadores de doenças crônicas como
diabetes, hipertensão, e saúde mental, ou doenças infecciosas crônicas (tuberculose) devem
ser solicitados na Unidade de saúde mais próxima.
h- Jogar fora tábuas de madeira, chupetas e mamadeiras de crianças que entraram
em contato com água de enchente
i - Lavar panos para secar os utensílios e superfícies que foram atingidos pela

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enchente, antes de usar.
j- Lavar todos os utensílios e superfícies que tenham contato com alimentos;
k - Realizar limpeza da caixa d’água
l- Não utilizar água de poço (a não ser para lavar calçadas,e quintal)
m- Jogar fora os alimentos (rações) dos animais domésticos que tiveram contato
com água de enchente
n- Retirar, acondicionar e descartar o lixo adequadamente
o- Limpar e desinfetar os ferimentos

Em caso de contato com água de enchente ou lama, procure a unidade de saúde


mais próxima para:
a- Atualizar a carteira de vacinação;
b- Avaliar sinais e sintomas das doenças citadas;
c- Verificar possíveis ferimentos;
d- Receber orientação sobre a desinfecção de água para consumo humano.

As Unidades de saúde devem permanecer em alerta após enchentes, monitorando


a população exposta ao risco de doenças de notificação compulsória, como
é caso de hepatite A, leptospirose, surtos de doenças diarréicas, tétano
acidental, acidentes com animais peçonhentos, ou com animais potencialmente
transmissores da raiva.

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Riscos e Cuidados com a saúde após enchentes
Quanto à limpeza do domicílio após enchente:

a- Limpe as áreas e materiais que entraram em contato com água de enchente. Antes
de começar a limpeza, coloque calça comprida, botas e luvas. Se não tiver botas ou luvas,
coloque em cada mão e em cada pé dois sacos plásticos amarrados para evitar o contato da
pele com a água contaminada.
b- Esvazie a caixa d’água caso elas tenham sido invadidas pela água da enchente.
Esfregue suas paredes com escova e pano limpo. Coloque 1 litros de água sanitária para cada
1.000 litros de água. Deixe por um período de duas horas e esvazie.
c- Lave pisos, paredes, bancadas e quintal com água e sabão. Desinfete, em seguida,
com água sanitária na proporção de 400 ml para um balde com 20 litros de água limpa,
deixando agir por 30 minutos.

Saiba Mais:
1. Quanto aos cuidados básicos em relação às enchentes, clique aqui!

2. Consulte a página do Ministério da Saúde clicando aqui!

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