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Gonçalo Aleixo Nunes

Assistente Convidado

AULAS PRÁTICAS

DIREITO PROCESSUAL CIVIL I

ST 11, 13 e 15

CASO N.º 8

“Grândola…”

António, português, domiciliado em Évora e casado com Beatriz, segundo o regime da comunhão
de adquiridos, após ocupar sem qualquer título legítimo e durante 25 anos um imóvel situado em
Beja avaliado em EUR 250,000.00, decidiu propor no Juízo Central Cível de Évora, a 01.12.2022,
contra Carlos, proprietário do imóvel segundo o registo da Conservatória do Registo Predial, uma
ação de reconhecimento do direito propriedade de António sobre o referido imóvel com fundamento
na aquisição do mesmo por usucapião. Carlos é português, casado com Denise, segundo o regime
de separação de bens e ambos residem no Porto.

Na contestação apresentada por Carlos, em 01.01.2023, este veio alegar as seguintes exceções:

(a) O Juízo Central Cível de Évora é incompetente para conhecer a ação;


(b) António é parte ilegítima, por preterição de litisconsórcio necessário;
(c) Carlos é parte ilegítima, na medida em que só pode estar na ação em litisconsórcio com
Denise;
(d) Em todo o caso, Carlos e Denise nunca seriam partes legítimas, na medida em que Carlos
transmitiu o imóvel a Eduardo, em 09.11.2022, através de um contrato de compra e venda
celebrado entre Carlos e Gustavo, por escritura pública, no âmbito do qual ambos
acordaram que com a transmissão do imóvel a favor de Eduardo, Gustavo perdoaria todas
as dívidas de Carlos. O pedido de registo da aquisição de Eduardo no registo comercial já
tinha dado entrada a 10.11.2022, não tendo sido promovido o registo apenas por negligência
da Conservatória do Registo Predial.

No mesmo dia 01.01.2023, Gustavo apresentou um requerimento ao processo a peticionar:

(a) A sua constituição como réu, por ter um interesse paralelo ao de Carlos;
(b) A sua adesão total à contestação apresentada por Carlos; e
(c) Adicionalmente, a admissão da sua própria contestação, através da qual Gustavo alega que
acordou com Carlos a transmissão do imóvel a favor de Eduardo, na medida em que através
deste negócio Eduardo acordou doar uma casa na Lapa a Gustavo, no valor de EUR
1,000,000.00.

Finda a fase dos articulados, o juiz proferiu a seguinte decisão no despacho saneador:

(a) Julgou o pedido de António totalmente procedente, ignorando as exceções dilatórias


invocadas por Carlos com fundamento no artigo 278.º n.º 3 do CPC; e
(b) Julgou o requerimento de Gustavo totalmente improcedente, com fundamento na falta de
legitimidade processual e de interesse em agir, na medida em que considera que a parte
com interesse em contradizer seria Eduardo.

1. Analise a decisão do juiz no despacho saneador, analisando: (i) as exceções dilatórias


invocadas por Carlos; (ii) a admissibilidade do requerimento apresentado por Gustavo; (iii)
a admissibilidade da decisão do juiz com fundamento no artigo 278.º n.º 3 CPC.
2. Determine o pedido, a causa de pedir, o tipo de ação e a forma do processo.

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