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ENSAIOS DE VOLUME PARCIAL MOLAR

Agatha W.¹, Bruna R.1, Ellen G.1, Nathuani A.1 , Lucas D.1, Ana Paula
Capelezzo 2
1
Alunos do ACEA/UNOCHAPECÓ 2 Professor ACEA /UNOCHAPECÓ
Universidade Comunitária da Região de Chapecó

Resumo
Definir o volume parcial molar tem como objetivo determinar as propriedades de misturas
binárias, sendo que nesse experimento avaliou-se a mistura binária água-etanol, para assim
verificar como a quantidade que o volume total de uma mistura é alterado, devido a porção de
um elemento existente nesta solução. O experimento foi realizado nas temperaturas a 29 ºC e
45 ºC, sendo que pode ser percebida uma variação dos volumes em função da temperatura, a
qual ocorre devido às forças intermoleculares, é notável que quanto maior a temperatura, menor
a força intermolecular que prende uma molécula a outra, o que acarreta um aumento do volume
da solução pois as moléculas ocupam um volume maior.

Palavras-chave: Volume Parcial Molar, Misturas Binárias, Água-Etanol.


1. Introdução acordo com a variação da fração molar dos
componentes e da temperatura.
Na engenharia química é necessário
conhecer o comportamento das propriedades 2. Equipamentos e Materiais
termodinâmicas em misturas pois são Para a realização do experimento
empregadas em inúmeros processos na utilizou-se água destilada e álcool etílico para
indústria. o preparo de soluções. Também foram
O volume de excesso é a diferença utilizados picnômetros, pipetas, béqueres,
entre entre o volume molar real e ideal. Isso erlenmeyers e banho termostático.
ocorre pois a diferença entre as forças
intermoleculares dos elementos que compõe 3. Procedimento Experimental
uma solução pode expandir ou contrair o O procedimento com o banho
volume (VASCONSELOS, 2014). termostático foi realizado sob pressão
Para observar a não idealidade, são atmosférica em temperaturas de 29 °C e 45 °C
utilizadas as propriedades parciais molares que utilizando misturas binárias de Água/Etanol.
descrevem o comportamento de uma solução Foram preparadas 10 soluções
em função da sua composição molar à conforme a tabela abaixo:
temperatura e pressão constantes. O volume
parcial molar dos compostos varia de acordo Volume de Volume de
com as frações molares de cada componente Solução
Água Etanol
pois trata-se de uma variação de volume total
0 100 0
da mistura provocada pela adição de um mol
deste mesmo componente (ATKINS, 1999). 1 50 3
Embora o volume parcial molar de um 2 50 5
componente se refira apenas a ele mesmo, este 3 50 7,5
também reflete a influência das interações com
4 50 15
os demais componentes da mistura,
dependendo não só de si mesmo mas também 5 50 27,5
da natureza de todos os componentes presentes 6 40 40
na mistura. (CAPELEZZO, 2023) 7 20 40
O objetivo deste experimento foi
encontrar os volumes parciais de uma solução 8 10 50
binária e analisar seu comportamento de 9 5 65
10 0 100

1
Tabela 1. Volumes das misturas binárias. um gráfico da densidade em função do da
fração molar do etanol. Estes gráficos podem
As soluções foram transferidas para ser observados abaixo:
picnômetros previamente pesados e
identificados de forma a transbordar e
fechados com a sua respectiva tampa.
Após fechados, os picnômetros foram
colocados no banho termostático a 29 °C por
30 minutos até que atingissem o equilíbrio
térmico. Em seguida, foram retirados do banho
termostático e ajustado o volume no menisco
com o auxílio de uma seringa.
Com o volume dos picnômetros Figura 1: Densidade em função da fração molar do
etanol à 29°C.
ajustados realizou-se a pesagem dos mesmos
com a solução.
O mesmo procedimento experimental
foi realizado para a temperatura de 45 °C.

4. Resultados e discussões

4.1. Densidade em função da fração molar


do etanol
Figura 2: Densidade em função da fração molar do
Através dos dados de massa coletados etanol à 45°C.
experimentalmente, realizou-se os cálculos
para encontrar os valores das frações molares Ao observar os gráficos acima, é
de etanol e de água para cada uma das possível identificar um desvio no terceiro
soluções. Esses dados podem ser observados ponto. Analisando os dados experimentais
nas tabelas abaixo percebe-se que a massa de solução para este
ponto que apresentou desvio é muito maior que
Massa total Massa total os outros pontos que possuem este mesmo
(g) a 29 °C (g) a 45 °C volume.
49,79 23,46 4.2. Volume molar parcial em função da
50,27 24,07 fração molar de etanol
52,02 40,74 O volume molar médio parcial foi
encontrado através da relação entre o volume
49,64 24,75
do picnômetro (25 cm³) e o número total de
53,09 24,47 mols de cada solução. O gráfico que apresenta
52,97 23,72 o volume molar médio parcial em função da
47,46 22,97 fração molar de etanol pode ser visualizado nas
figuras abaixo:
49,98 21,98
52,89 21,05
45,54 20,44
43,85 18,9
Tabela 2. Massa total à 29°C e 45°C

Com estes valores foi possível calcular


a densidade da solução e após isso projetou-se

2
Figura 3: Volume molar parcial em função da fração Figura 6: Volume molar do etanol em função da fração
molar do etanol a 29°C. molar do etanol a 29 °C e 45°C.

Diferente do que foi avaliado na Figura


5, o volume parcial molar do etanol não
apresentou diferenças significativas ao variar a
temperatura.

4.4. Volume molar em excesso em função da


fração molar do etanol
O volume molar em excesso é
Figura 4: Volume molar parcial em função da fração
molar do etanol a 45°C.
calculado através da diferença entre o volume
molar real e ideal. Na figura abaixo é possível
4.3. Volume parcial molar da água e do visualizar o volume molar em excesso em
etanol função da fração molar de etanol:
O volume parcial molar da água pode
ser visualizado na figura abaixo:

Figura 7: Volume molar em excesso em função da


fração molar do etanol a 29 °C e 45°C.

Figura 5: Volume molar da água em função da fração


molar do etanol a 29 °C e 45°C.
É possível visualizar no gráfico acima
Através do gráfico é possível visualizar que a maior parte das soluções preparadas está
um pequeno aumento no valor do volume de acordo com a idealidade, pois o volume em
parcial molar quando a temperatura é maior. excesso está próximo de zero.
Isso ocorre pois quando há um aumento de
temperatura, as forças intermoleculares se 4.5. Volume molar da água e etanol em
tornam mais fracas e assim as moléculas função da fração molar do etanol
ocupam um volume maior. O volume molar da água e do etanol foi
O volume parcial molar do etanol pode obtido através do volume molar em excesso e
ser visualizado na figura abaixo: pode ser visualizado nas figuras a seguir:

3
tendência de acordo com os dados encontrados
na literatura. Conforme a fração molar do
etanol aumenta, o volume molar de água reduz,
enquanto o volume molar de etanol se mantém
constante.

5. Conclusão
Por meio do experimento realizado foi
Figura 8: Volume molar da água e etanol em função da
possível obter os volumes molares parciais
fração molar do etanol a 29 °C.
para cada componente da solução binária.
Através dos gráficos obtidos é possível
observar uma falha experimental ao calcular a
massa da solução 2. Este desvio afetou grande
parte dos resultados, principalmente porque os
cálculos dependem de todos os valores
envolvidos no experimento.
De forma geral o comportamento dos
gráficos não foi completamente alterado,
Figura 8: Volume molar da água e etanol em função da possibilitando a visualização dos resultados e
fração molar do etanol a 45 °C. comparação com a literatura. As variações
avaliadas nos gráficos de acordo com as
Abaixo gráfico apresentando o temperaturas mostraram que temperaturas
comportamento do volume molar da água e do elevadas diminuem as forças intermoleculares,
etanol em função da fração molar de etanol na aumentando o volume ocupado pelas
temperatura ambiente encontrado na literatura. moléculas.

6. Referências

ATKINS, P. W. Físico-química. 6. ed. Rio de


Janeiro: LTC, 1999.

VASCONCELOS, S. F. ; CHAVES, F. J. F;
FERNANDES, C. V.; SILVA, N; BISPO, H.
Estudo e análise da mistura de água e etanol
através de equações de estado. 20°
Congresso Brasileiro de Engenharia Química.
Florianópolis, 2014.

CAPELEZZO, A. Roteriro ensaio de volume


É possível observar que, por mais que parcial molar, Unochapecó, 2023.
os gráficos elaborados a partir dos dados
experimentais apresentam desvios, existe uma

4
7. Memoria de cálculo

Para encontrar a fração mássica de água e etanol foi necessário encontrar a massa molar para cada
solução conforme a equação abaixo:
𝑚𝑖
𝑁𝑖 =
𝑀𝑀𝑖
Para a solução 1 tem-se para a água:
51,02
𝑁𝐻2 𝑂 =
18
𝑁𝐻2 𝑂 = 2,834444 𝑚𝑜𝑙𝑠
E para o etanol:
2,58
𝑁𝐶2 𝐻6 𝑂 =
46,07
𝑁𝐶2𝐻6 𝑂 = 0,056002 𝑚𝑜𝑙𝑠
Para o cálculo do número de mols total basta somar o número de mols de água com o número
de mols de etanol, desta forma:
𝑁𝑇 = 2,834444 + 0,056002
𝑁𝑇 = 2,890446 𝑚𝑜𝑙𝑠
Para calcular a fração molar é necessário utilizar a equação abaixo:
𝑁𝑖
𝑥𝑖 =
𝑁𝑇
Portanto para a água na solução 1, tem-se:
2,834444
𝑥𝐻2 𝑂 =
2,890446
𝑥𝐻2 𝑂 = 0,980625
E para o etanol:
0,056002
𝑥𝐶2𝐻6 𝑂 =
2,890446
𝑥𝐶2𝐻6 𝑂 = 0,019375
Com as frações molares é possível calcular a massa molar média utilizando a equação abaixo:

𝑀𝑚é𝑑𝑖𝑜 = (𝑥𝐴 ∗ 𝑀𝑀𝐴 ) + (𝑥𝐵 ∗ 𝑀𝑀𝐵 )
Desta forma, para a solução 1, tem-se:

𝑀𝑚é𝑑𝑖𝑜 = (0,980625 ∗ 18) + (0,019375 ∗ 46,07)
∗ 𝑔
𝑀𝑚é𝑑𝑖𝑜 = 18,543850
𝑚𝑜𝑙
Para realizar o cálculo do volume molar real é necessário calcular a densidade da solução,
para isso utiliza-se a equação abaixo:
𝑚𝑠𝑜𝑙𝑢çã𝑜
𝜌=
𝑉
Para a solução 1, tem-se:
24,18
𝜌=
25
𝑔
𝜌 = 0,9672
𝑐𝑚³
Para o cálculo do volume molar utiliza-se a equação abaixo:
𝜌
𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 = ∗
𝑀𝑚é𝑑𝑖𝑜
Para a solução 1, tem-se:
0,9672
𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 =
18,543850
𝑐𝑚³
𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 = 19,172715
𝑚𝑜𝑙
Para realizar o cálculo do volume molar em excesso, além do volume molar real também
precisa-se encontrar o volume molar ideal conforme equação abaixo:
𝑉𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = (𝑥𝐴 ∗ 𝑉𝑚𝐴 ) + (𝑥𝐵 ∗ 𝑉𝑚𝐵 )
Para a solução 1, tem-se:
𝑉𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = (0,980625 ∗ 18) + (0,019375 ∗ 56)
𝑐𝑚³
𝑉𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙 = 18,736241
𝑚𝑜𝑙
Para encontrar o volume molar em excesso utiliza-se a equação abaixo:
𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = 𝑉𝑟𝑒𝑎𝑙 − 𝑉𝑖𝑑𝑒𝑎𝑙
Para a solução 1, tem-se:
𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = 19,172715 − 18,736241
𝑐𝑚³
𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = 0,436474
𝑚𝑜𝑙
A partir do volume molar em excesso e a fração molar de etanol é necessário gerar um gráfico
para obter a equação polinomial. Para a temperatura de 29°C a curva obtida está apresentada na Figura
x.

V excesso x Xb (29°C)
10,00
y = 66,26x4 - 105,3x3 + 47,821x2 - 2,4327x - 1,2743
5,00
V excesso

0,00
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2
-5,00

-10,00
Xb

Figura x. Gráfico de volume em excesso x XB à 29°C


A equação polinomial obtida a partir deste gráfico é:
𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = 66,26𝑥 4 − 105,3𝑥³ + 47,821𝑥² − 2,4327𝑥 − 1,2743
Para encontrar a variação do volume em excesso é necessário derivar a equação polinomial
acima, desta forma:
∆𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = 265,04𝑥³ − 315,9𝑥² + 95,642𝑥 − 2,4327
Para cada solução é necessário substituir a fração molar de etanol para encontrar a variação
do volume em excesso. Para a solução 1, tem-se:

6
∆𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = 265,04 ∗ 0,0193753 − 315,9 ∗ 0,0193752 + 95,642 ∗ 0,019375 − 2,4327
∆𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 = −0,696314
Com este valor é possível calcular o volume molar para cada um dos componentes da mistura
conforme abaixo:
𝑉𝐻2𝑂 = 𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 − (𝑥𝐵 ∗ ∆𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 ) + 𝑉𝑚𝐻2𝑂
𝑉𝐶2𝐻6 𝑂 = 𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 + (𝑥𝐴 ∗ ∆𝑉𝑒𝑥𝑐𝑒𝑠𝑠𝑜 ) + 𝑉𝑚𝐶2𝐻6 𝑂
Para a solução 1, tem-se:
𝑉𝐻2𝑂 = 0,436474 − (0,019375 ∗ −0,696314) + 18
𝑐𝑚³
𝑉𝐻2𝑂 = 18,449964
𝑚𝑜𝑙
𝑉𝐶2𝐻6 𝑂 = 0,436474 + (0,980625 ∗ −0,696314) + 56
𝑐𝑚³
𝑉𝐶2𝐻6 𝑂 = 55,753651
𝑚𝑜𝑙

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