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O PROFESSO
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I N O
ENS n o
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1/6/22 AM
2:27 PM
Presidência: Mario Ghio Júnior
Vice-presidência de educação digital: Camila Montero Vaz Cardoso
Direção executiva: Gustavo Alves da Silva
Direção editorial: Lidiane Vivaldini Olo
Direção pedagógica: Fabrício Vieira de Moraes
Autoria: Paulo de Moura (Análise Linguística e Literatura), Larissa Giacometti Paris
(Produção de Texto), Maria Ângela de Camargo e Willian Seigui Tamashiro
(Álgebra e Geometria), João Paulo Fernandes da Silva (Geografia), Bárbara Tostes
Machado e Aluísio Brandão (História), Maria de Fátima Ferreira e Juliana
Peixoto Bicalho (Biologia), Rodrigo Luiz Faria Gomes e Felipe Martins Gomes
Pereira (Física), Maria Cláudia Costa e Ríveres Almeida (Química)
Gerência de conteúdo e design educacional: Renata Galdino
Gerência pedagógica: Aparecida Costa de Almeida
Coordenação editorial: Denise de Barros Guimarães e Tatiane Godoy
Planejamento e controle de produção: Flávio Matuguma (ger.),
Juliana Batista (coord.) e Suelen Ramos (analista)
Revisão: Letícia Pieroni (coord.), Aline Cristina Vieira,
Anna Clara Razvickas, Brenda T. M. Morais, Carla Bertinato,
Daniela Lima, Danielle Modesto, Diego Carbone, Kátia S. Lopes Godoi,
Lilian M. Kumai, Malvina Tomáz, Marília H. Lima, Paula Rubia Baltazar,
Paula Teixeira, Raquel A. Taveira, Ricardo Miyake, Shirley Figueiredo
Ayres, Tayra Alfonso e Thaise Rodrigues
Arte: Fernanda Costa da Silva (ger.), Catherine Saori Ishihara (coord.)
Iconografia e tratamento de imagem: Roberta Bento (ger.),
Claudia Bertolazzi (coord.) e Fernanda Crevin (tratamento de imagens)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Roberta Bento (ger.),
Jenis Oh (coord.), Liliane Rodrigues, Raísa Maris Reina e
Sueli Ferreira (analistas de licenciamento)
Cartografia: Eric Fuzii (coord.) e Robson Rosendo da Rocha
Design: Erik Taketa (coord.) e Gustavo Natalino Vanini (projeto de capa e miolo)
Foto de capa: Fabio Colombini

Produção: Obá Editorial


Equipe editorial: Obá Editorial, Gabrielle Cunha Oliveira, Luciana Marinho
da Silva Fontes, Lilian Ferreira de Souza, Verônica Albano Viana Costa
Edição: Obá Editorial
Assistência editorial: Obá Editorial
Arte: Obá Editorial
Revisão: Obá Editorial
Ilustrações: Bruna Ishihara, Carlos Jorge Nunes, Casa de Tipos, Editorial
5, Luca Navarro, Paulo Manzi, Vera Almeida

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São Paulo – SP – CEP 01310-200
http://www.somoseducacao.com.br

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação


Moura, Paulo de
Maxi : Ensino médio : 1ª série : Literatura : Caderno do professor /
Paulo de Moura. – 1. ed. – São Paulo : SOMOS Sistemas de Ensino, 2021.
(Trajetórias - Formação Geral Básica)

ISBN 978-85-539-0125-8

1. Literatura (Ensino médio) I. Título

21-1830 CDD 808.07


Angélica Ilacqua – Bibliotecária – CRB-8/7057

2021
2a edição
1a impressão
De acordo com a BNCC.

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Literatura
Caderno do
Professor
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Unidade 1 A linguagem literária ________________ 5


Unidade 2 Gêneros literários e multimodalidade ___ 6
Unidade 3 Relação entre textos ________________ 7
Unidade 4 A literatura medieval e seus legados ____ 7

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Parte específica
A BNCC e a Literatura e a viabilização de seus projetos de vida, por meio da articulação dos co-
nhecimentos da área com as dimensões socioemocionais.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define o conjunto das Para o componente Língua Portuguesa, que inclui a Literatura e a
competências específicas e habilidades para o Ensino Médio articulado Produção de textos, a BNCC propõe quatro grandes eixos: a leitura/a es-
às competências gerais da Educação Básica. Especificamente para a área cuta, a produção (escrita e multissemiótica), a oralidade e a análise lin-
de Linguagens, que inclui o componente Língua Portuguesa, o documen- guística e semiótica (reflexão sobre a língua, norma-padrão e sistemas
to propõe a progressão de aprendizagens essenciais, objetivando a con- de escrita). A partir desses eixos e da competência de leitura e escrita, os
solidação, o aprofundamento e a ampliação do currículo do segmento estudantes deverão ampliar sua capacidade de usar diferentes lingua-
anterior. Na BNCC, a Literatura aparece integrada ao componente Língua gens em práticas situadas, valorizando a diversidade de gêneros textuais
Portuguesa, mas, nesta coleção, mantemos a separação, porque, nas es- e linguagens, a heterogeneidade de vozes enunciativas e a interatividade.
colas, há aulas específicas para Literatura. A BNCC de Língua Portuguesa para o Ensino Médio, diante da pro-
A BNCC da área de Linguagens e suas Tecnologias, no Ensino Médio, gressão das aprendizagens, ainda leva em conta: a complexidade das
prioriza cinco campos de atuação social: vida pessoal (que possibilita refle- práticas de linguagens e dos fenômenos sociais; a consolidação do domí-
xões sobre as condições que cercam a vida contemporânea e a condição ju- nio de gêneros do discurso/gêneros textuais, que supõem um grau maior
venil no Brasil e no mundo); das práticas de estudo e pesquisa (que abran- de análise, síntese e reflexão; o aumento da complexidade dos textos
ge pesquisa, recepção, apreciação, análise, aplicação e produção de discur- lidos e produzidos em termos de temática, estruturação sintática, vo-
sos/textos expositivos, analíticos e argumentativos); jornalístico-midiático
cabulário, recursos estilísticos, orquestração de vozes e semioses; o foco
(caracterizado pela circulação dos discursos/textos da mídia informativa –
maior nas habilidades envolvidas na reflexão sobre textos e práticas; a
impressa, televisiva, radiofônica e digital – e pelo discurso publicitário); de
atenção maior nas habilidades envolvidas na produção de textos multis-
atuação na vida pública (que inclui os discursos/textos normativos, legais
semióticos mais analíticos, críticos, propositivos e criativos; o incremen-
e jurídicos, assim como discursos/textos propositivos e reivindicatórios) e
to das práticas da cultura digital e das culturas juvenis, considerando a
o artístico-literário (que contribui para a construção da apreciação estéti-
diversidade cultural; a inclusão de obras da tradição literária brasileira
ca, a vivência de processos criativos, o reconhecimento da diversidade e da
multiculturalidade, assim como a expressão de sentimentos e emoções). e de suas referências ocidentais – em especial da literatura portuguesa
–, assim como obras mais complexas da literatura contemporânea e das
O campo que mais se relaciona com os objetos de conhecimento
literaturas indígena, africana e latino-americana.
de Literatura é o artístico-literário; por isso, a maioria das habilidades a
ser desenvolvidas durante as aulas desse componente pertencem a esse Dessa forma, o componente Literatura, seguindo as orientações da
campo. O objetivo geral é favorecer aos alunos a ampliação do seu reper- BNCC para o Ensino Médio, está em sintonia com a afirmação de que
tório de leitura, a fruição e a apreensão crítica dos discursos subjacentes No Ensino Médio, devem ser introduzidas para fruição e
aos sentidos das obras. De acordo com a BNCC, conhecimento, ao lado da literatura africana, afro-brasileira,
A prática da leitura literária, assim como de outras lingua- indígena e da literatura contemporânea, obras da tradição li-
gens, deve ser capaz também de resgatar a historicidade dos terária brasileira e de língua portuguesa, de um modo mais
textos: produção, circulação e recepção das obras literárias, sistematizado, em que sejam aprofundadas as relações com
em um entrecruzamento de diálogos (entre obras, leitores, os períodos históricos, artísticos e culturais. Essa tradição,
tempos históricos) e em seus movimentos de manutenção da em geral, é constituída por textos clássicos, que se perfilaram
tradição e de ruptura, suas tensões entre códigos estéticos e como canônicos – obras que, em sua trajetória até a recepção
seus modos de apreensão da realidade. contemporânea, mantiveram-se reiteradamente legitimadas
como elemento expressivo de suas épocas.
BNCC, p. 523.

Nesse sentido, a tradição literária tem importância não só


Se, no Ensino Fundamental, o processo de ensino e aprendizagem es-
por sua condição de patrimônio, mas também por possibilitar
teve centrado no conhecimento, na compreensão, na exploração, na aná-
a apreensão do imaginário e das formas de sensibilidade de
lise e na utilização de diferentes linguagens (visuais, sonoras, verbais, cor-
uma determinada época, de suas formas poéticas e das for-
porais), visando estabelecer um repertório diversificado sobre as práticas
mas de organização social e cultural do Brasil, sendo ainda
de linguagem e desenvolver o senso estético e a comunicação com o uso
hoje capazes de tocar os leitores nas emoções e nos valores.
das tecnologias digitais, no Ensino Médio o foco estará na ampliação da
Além disso, tais obras proporcionam o contato com uma lin-
autonomia, do protagonismo e da autoria nas práticas de diferentes lin-
guagem que amplia o repertório linguístico dos jovens e opor-
guagens; na identificação e na crítica aos diferentes usos das linguagens,
tuniza novas potencialidades e experimentações de uso da
explicitando seu poder no estabelecimento de relações; na apreciação
língua, no contato com as ambiguidades da linguagem e seus
e na participação em diversas manifestações artísticas e culturais; e no
múltiplos arranjos.
uso criativo das diversas mídias. Nesse sentido, o trabalho com a área de
Linguagens privilegia a formação integral dos estudantes, a construção BNCC, p. 513.
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Literatura

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Caderno do Professor

Orientações gerais das aulas Em seguida, faça uma leitura dinâmica das diferentes manifestações da
literatura, distinguindo prosa, poesia e poema por meio dos exemplos apre-
por semana sentados no caderno. Aproveite os textos para o exercício da leitura oral, para
a percepção das diferenças entre os textos, de acordo com seu contexto de
produção, da linguagem e dos recursos utilizados pelos autores.
Unidade 1 – A linguagem literária Analise efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos da lin-
guagem, a partir do exemplo de um texto primordial para a literatura
Aula 1 portuguesa e universal: Os lusíadas. Por meio dessa obra, em sua versão
Habilidades: original e em uma adaptação, trabalharemos conceitos importantes para
(EM13LP06) Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos a diferenciação entre prosa, poesia e poema. Conclua a aula com a apre-
da linguagem, da escolha de determinadas palavras ou expressões e da orde- sentação de um exemplo de prosa poética.
nação, combinação e contraposição de palavras, dentre outros, para ampliar Concluídas as explicações, solicite que façam as atividades da seção Faça
as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico da língua. em sala, corrigindo-as ainda durante essa aula. Oriente os alunos a resolve-
(EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de rem as questões da seção Faça em casa para comentários na aula seguinte.
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as for-
mas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o Aula 2
diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. Habilidades:
(EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no (EM13LP06) Descrito anteriormente.
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua tra-
(EM13LP45) Analisar, discutir, produzir e socializar, tendo em vista
jetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone
temas e acontecimentos de interesse local ou global, notícias, fotode-
ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historici-
núncias, fotorreportagens, reportagens multimidiáticas, documentários,
dade de matrizes e procedimentos estéticos.
infográficos, podcasts noticiosos, artigos de opinião, críticas da mídia,
(EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras e de
vlogs de opinião, textos de apresentação e apreciação de produções cul-
outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a
turais (resenhas, ensaios etc.) e outros gêneros próprios das formas de
latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura
expressão das culturas juvenis (vlogs e podcasts culturais, gameplay etc.),
da composição, estilo, aspectos discursivos) ou outros critérios relaciona-
em várias mídias, vivenciando de forma significativa o papel de repórter,
dos a diferentes matrizes culturais, considerando o contexto de produção
analista, crítico, editorialista ou articulista, leitor, vlogueiro e booktuber,
(visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos
entre outros.
estéticos e culturais etc.) e o modo como dialogam com o presente.
(EM13LGG103) Descrito anteriormente.
(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para inter-
pretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses
(visuais, verbais, sonoras, gestuais). Planejamento
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da seção Faça
Planejamento em casa, evidenciando os efeitos de sentido do uso da conotação nos tex-
Inicie a aula apresentando o sumário do caderno, para que os alunos tos. Isso ajudará a fazer conexão com o conteúdo sobre “figuras de lingua-
compreendam o percurso que vão realizar neste início dos estudos so- gem”. Realize uma leitura comentada da introdução, utilizando o excerto
bre a literatura. Chame a atenção para o título da unidade 1, pedindo que da canção de Djavan. Para ampliar a compreensão do texto, dirija a atenção
observem a imagem de abertura. Leia com eles a relação dos objetos de dos alunos para o ícone Oralidade, para que possam expressar seu grau
conhecimento que serão estudados nesta unidade. de entendimento do sentido figurado das principais expressões do trecho.
Em seguida, indague os alunos sobre o que eles sabem a respeito de Concluídos os comentários dos alunos, prossiga com a leitura dos
literatura. Permita que troquem algumas impressões e solicite a leitura apontamentos sobre duas figuras de linguagem muito utilizadas nos tex-
oral do texto “O conceito de literatura”. Durante a atividade, peça que su- tos literários: a metáfora e a comparação. Explore os sentidos produzidos
blinhem as palavras e expressões mais importantes. Logo depois, reforce pelas metáforas e pelas comparações apontadas nos exemplos e chame
o caráter da literatura como uma manifestação artística relacionada ao atenção para a forma como se apresentam no texto. Em seguida, comen-
uso criativo da palavra escrita. Comente a origem do termo littera e o re- te as diversas figuras relacionadas no quadro de figuras de linguagem,
lacione com o conceito estudado. Depois disso, chame a atenção para a reforçando os conceitos por meio dos exemplos. Cite outros, se achar
indicação do ícone Click, que traz a sugestão de um filme que ilustra bem conveniente.
o processo de aprendizagem do fazer poético. Comente sobre a importância de conhecer os períodos da literatura
Continue a aula, relembrando que, da mesma forma que a lingua- brasileira (e também os da literatura portuguesa); isso para melhor situar
gem possui suas funções, a literatura, como uma linguagem artística, um texto no tempo, de acordo com suas características. Explore a sugestão
também as possui. Faça uma leitura dinâmica de cada função, exemplifi- do ícone Click, que traz o endereço do Instituto Camões, referência na di-
cando com obras conhecidas. vulgação da língua portuguesa.
Prossiga a aula esclarecendo a diferença entre sentido denotativo Convide os alunos para uma rápida roda de conversa sobre blog e
e sentido conotativo, para caracterizar a literatura como uma expressão vlog. Permita que exponham suas experiências com essas mídias, em es-
que utiliza preponderantemente o sentido figurado, que tenha múltiplos pecial, com os espaços dedicados à literatura e ao estímulo à leitura. Em
significados. Reforce essa explicação com os exemplos de gêneros textu- seguida, solicite a leitura do texto teórico que acrescenta o conceito de
ais que usam a denotação, para confrontar as concepções. flog.
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Para concluir a aula, solicite que façam as atividades da seção Faça em
sala, corrigindo-as em seguida. Para finalizar o trabalho com a unidade, su-
Planejamento
gira aos alunos a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realização Inicie a aula com a correção e comentário das questões da seção
das duas questões propostas nela. Oriente os alunos para que resolvam as Faça em casa. Em seguida, leia o texto teórico que caracteriza o gênero
questões do Faça em casa, para comentários e correção na aula seguinte. dramático, evidenciando a diferença entre o texto teatral e a peça teatral.
Peça que os alunos sublinhem as palavras e os termos importantes para
a compreensão do gênero. Conclua essa primeira parte da aula com o co-
Unidade 2 – Gêneros literários e mentário do texto do boxe Vá além e do ícone Click.
multimodalidade Logo depois, explique o conceito de multimodalidade, esclarecendo
que o texto não é apenas aquele que está escrito. Reforce a natureza mul-
Aula 3 timodal dos textos em geral. Em seguida, faça uma leitura dinâmica das
Habilidades: considerações sobre ciberpoema, sondando a experiência dos alunos com
(EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/ esse gênero textual. Se for possível, exiba exemplos encontrados na indica-
escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico ção do ícone Click, para facilitar a compreensão por parte dos alunos.
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e pers- Repita a mesma dinâmica de explicação e leitura do texto que apre-
pectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso etc.), de forma a senta o audiolivro, também sondando a experiência dos alunos com essa
ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de análise crítica e mídia. Conclua a aula com a leitura da curiosidade sobre o tempo de pro-
produzir textos adequados a diferentes situações. dução de um audiolivro, reforçando a sugestão dos sites que trazem exem-
(EM13LP06) Descrito anteriormente. plos de ciberpoemas e audiolivros. Se for possível, mostre o site da bibliote-
(EM13LP46) Descrito anteriormente. ca de São Paulo, cujo endereço também está indicado no ícone Click, para
(EM13LP52) Descrito anteriormente. que os alunos tenham uma experiência concreta com essa tecnologia.
Oriente os alunos para que resolvam as questões da seção Faça em
Planejamento aula, coordenando a leitura dramatizada do excerto do texto Eles não
usam black tie. Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a re-
Inicie a aula com a correção e os comentários das questões da seção alização das atividades propostas, assim como as da seção Faça em casa,
Faça em casa e da seção Junte os pontos. Em seguida, apresente o título para correção e comentários na aula seguinte.
da unidade e os aspectos que serão tratados no estudo de gêneros lite-
rários, bem como em gêneros literários digitais e em multimodalidade.
Chame a atenção para a imagem de abertura, solicitando aos alunos que Unidade 3 – Relação entre textos
descrevam a cena e expliquem sua relação com o tema das aulas.
Prossiga com a aula, explicando o conceito de gênero lírico a partir Aula 5
do excerto do poema de Carlos Drummond de Andrade, pedindo aos alu- Habilidades:
nos que sublinhem as palavras e expressões que considerem essenciais (EM13LP01) Descrito anteriormente.
para o entendimento do poema. Solicite a leitura oral do texto para que (EM13LP03) Analisar relações de intertextualidade e interdiscursivi-
os alunos percebam sua musicalidade. Durante a explicação, evidencie dade que permitam a explicitação de relações dialógicas, a identificação
as sugestões apresentadas no boxe Vá além, para que ampliem sua expe- de posicionamentos ou de perspectivas, a compreensão de paráfrases,
riência com o conteúdo. paródias e estilizações, entre outras possibilidades.
Depois, leia oralmente o texto que caracteriza o gênero épico, reto- (EM13LP04) Estabelecer relações de interdiscursividade e intertex-
mando a experiência de leitura dos versos iniciais da epopeia Os lusíadas. tualidade para explicitar, sustentar e conferir consistência a posiciona-
Faça o mesmo com o quadro que sintetiza os elementos da narrativa, re- mentos e para construir e corroborar explicações e relatos, fazendo uso
forçando a caracterização de cada um deles. Conclua a explicação com a de citações e paráfrases devidamente marcadas.
informação do boxe Vá Além. (EM13LP14) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas e
Para concluir a aula, solicite que façam as atividades da seção Faça culturais, efeitos de sentido decorrentes de escolhas e composição das
em sala, corrigindo-as em seguida. Sugerimos, durante a correção, imagens (enquadramento, ângulo/vetor, foco/profundidade de campo,
a leitura oral do texto do moçambicano Luiz Carlos Patraquim, para iluminação, cor, linhas, formas etc.) e de sua sequenciação (disposição e
evidenciar os efeitos de sentido do texto e as diferenças de contexto de transição, movimentos de câmera, remix, entre outros), das performances
produção em relação à nossa literatura. Se possível, possibilite que os (movimentos do corpo, gestos, ocupação do espaço cênico), dos elemen-
alunos comentem suas experiências com a leitura de literatura africada tos sonoros (entonação, trilha sonora, sampleamento etc.) e das relações
de língua portuguesa. Oriente os alunos a resolver as questões da seção desses elementos com o verbal, levando em conta esses efeitos nas pro-
Faça em casa para correção e comentários na aula seguinte. duções de imagens e vídeos, para ampliar as possibilidades de constru-
ção de sentidos e de apreciação.
Aula 4 (EM13LP50) Analisar relações intertextuais e interdiscursivas entre
Habilidades: obras de diferentes autores e gêneros literários de um mesmo momento
(EM13LP01) Descrito anteriormente. histórico e de momentos históricos diversos, explorando os modos como a
(EM13LP06) Descrito anteriormente. literatura e as artes em geral se constituem, dialogam e se retroalimentam.
(EM13LP13) Analisar, a partir de referências contextuais, estéticas
e culturais, efeitos de sentido decorrentes de escolhas de elementos Planejamento
sonoros (volume, timbre, intensidade, pausas, ritmo, efeitos sonoros, Inicie a aula com a correção e o comentário das questões das seções Faça
sincronização etc.) e de suas relações com o verbal, levando-os em conta em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da unidade, lendo a
na produção de áudios, para ampliar as possibilidades de construção de relação do que será estudado, para que os alunos compreendam a relação dia-
sentidos e de apreciação. lógica que ocorre entre os textos. Chame a atenção para a imagem de abertura,
(EM13LP46) Descrito anteriormente. solicitando aos alunos que comentem a conexão com o tema das aulas.
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Caderno do Professor

Comece o tratamento da relação entre literatura, filmes, histórias


em quadrinhos e desenho animado, sondando com os alunos suas ex-
Unidade 4 – A literatura medieval e seus legados
periências com a adaptação de textos literários para essas linguagens. É
provável que comentem sobre a saga de Harry Potter, por exemplo. Per- Aula 7
gunte sobre a fidelidade da adaptação ao original e deixe que os alunos Habilidades:
exponham suas percepções. (EM13LP01) Descrito anteriormente.
Em seguida, leia o texto de abertura da aula, que apresenta a obra (EM13LP46) Descrito anteriormente.
Morte e vida severina, de João Cabral de Melo Neto. Pergunte aos alunos (EM13LP48) Descrito anteriormente.
se conhecem a obra e se viram alguma de suas adaptações. Logo depois, (EM13LP52) Descrito anteriormente.
promova uma leitura dramatizada do excerto da obra em questão, expli- (EM13LGG202) Analisar interesses, relações de poder e perspectivas
citando o contexto e a situação de produção, a situação denunciada pelo de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas,
texto, o papel social do autor, entre outros aspectos. corporais e verbais), compreendendo criticamente o modo como circu-
Os ícones Click trazem endereços eletrônicos para que se possam ver lam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias.
as várias adaptações do poema de João Cabral de Melo Neto. Se possí- (EM13LGG203) Analisar os diálogos e os processos de disputa por
vel, exiba em sala de aula ou indique para que vejam em casa. Apresente legitimidade nas práticas de linguagem e em suas produções (artísticas,
o excerto original da obra em questão, enfatizando a proposta do ícone corporais e verbais).
Oralidade, para que se preparem para uma rápida roda de conversa so-
bre criatividade. Prosseguindo, faça uma leitura comentada do texto “In-
tertextualidade como recurso literário.”
Planejamento
Antes do fim da aula, oriente os alunos para que realizem as ativida- Inicie a aula com a correção e o comentário das questões das seções Faça
des da seção Faça em sala. Assim que terminarem os exercícios, corrija- em casa e Junte os pontos. Em seguida, leia o texto de apresentação da uni-
-os, solucionando as dúvidas que surgirem. Solicite que façam os exercí- dade, evidenciando seu título. Chame a atenção para a imagem de abertura,
cios indicados como atividade de casa. solicitando aos alunos a descrição da cena em questão e sua relação com o
tema das aulas.
Aula 6 Prossiga lendo o texto da seção Inicie a jornada, para conceituar Trova-
dorismo e situá-lo no contexto de produção da Idade Média, quando Portu-
Habilidades:
gal se torna uma nação. Reforce os principais aspectos para a compreensão
(EM13LP03) Descrito anteriormente. do contexto histórico e cultural da época com a proposta do boxe Relacione,
(EM13LP04) Descrito anteriormente. para que, com a colaboração de outros professores, como os de História, Arte,
(EM13LP14) Descrito anteriormente. Geografia, Filosofia e Sociologia, comentem aspectos relevantes do período
em estudo. Não deixe de comentar as sugestões do ícone Click.
(EM13LP50) Descrito anteriormente.
Em seguida, apresente as cantigas de amor e de amigo, fazendo uma
leitura comentada dos textos teóricos e dos exemplos. Alerte os alunos para
Planejamento a dificuldade da linguagem de alguns textos, que originalmente foram escri-
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da seção tos em galego-português, já que, somente a partir do século XIII, o português
Faça em casa. Aproveite para reforçar o conceito e a identificação da in- passou a ser uma língua independente. Explore bem os exemplos e as expli-
tertextualidade. Em seguida, apresente os poemas “Nova canção do exí- cações desses dois tipos de cantiga, porque eles são essenciais para a compre-
lio”, de Ferreira Gullar; e “Canto de regresso à pátria”, de Oswald de Andra- ensão do contexto da época.
de. Solicite aos alunos a leitura silenciosa e oral. Sugerimos, no boxe Vá além, uma nova visita ao portal da Faculdade de
Depois, possibilite uma rápida troca de impressões sobre os dois Ciências Sociais e Humanas, da Universidade Nova de Lisboa, para que en-
poemas, para que comentem acerca da relação entre eles e outro texto trem em contato direto com textos originais dos diversos cancioneiros portu-
de origem, já que ambos são produções intertextuais. Leia o poema origi- gueses, em versões escritas e gravadas das cantigas. Reserve um tempo para
nal “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias, situando-o em seu contexto de essa exploração, porque pode ser uma experiência única para os alunos.
produção. Em seguida, proceda à leitura dinâmica dos textos que apre- Antes do fim da aula, oriente os alunos a realizar as atividades da seção
sentam a paráfrase e a paródia, identificando suas diferenças. Comente Faça em sala, que traz novos textos. Isso demandará tempo de leitura e aná-
sobre a perspectiva ufanista do texto romântico e apresente a proposta lise. Assim que terminarem os exercícios, corrija-os, solucionando as dúvidas
da seção Relacione, para que os alunos ampliem seus conhecimentos a dos alunos. Solicite que façam os exercícios indicados como atividade de casa.
partir da contribuição de outras disciplinas, como Geografia e Arte.
Na sequência, elucide os conceitos de epígrafe, alusão, pastiche e ci- Aula 8
tação para concluir a parte teórica da aula, reforçando que o recurso da Habilidades:
intertextualidade também é usado por vários gêneros textuais. Em segui-
(EM13LP01) Descrita anteriormente.
da, oriente os alunos na resolução das questões do Faça em sala e corrija-
-as em seguida, sempre possibilitando a leitura oral dos textos. (EM13LP46) Descrita anteriormente.
Não deixe de comentar o caso do “Poema de sete faces”, de Carlos (EM13LP52) Descrita anteriormente.
Drummond de Andrade, como outro exemplo de texto com ampla utili- (EM13LGG301) Participar de processos de produção individual e co-
zação intertextual. Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos laborativa em diferentes linguagens (artísticas, corporais e verbais), le-
e a realização das atividades propostas, assim como as da seção Faça em vando em conta suas formas e seus funcionamentos, para produzir senti-
casa, para correção e comentários na aula seguinte. dos em diferentes contextos.
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ao cinema, como Os cavaleiros da Távola Redonda, Rei Arthur, entre outras,
Planejamento
relacionando seus personagens e a trama das histórias.
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da seção
Em seguida, apresente o gênero textual “repente”. Se possível, repro-
Faça em casa. Em seguida, apresente a cantiga de escárnio de João Garcia
duza algum vídeo ou áudio com um exemplo desse gênero, para que os
de Guilhade, pedindo aos alunos que a leiam, buscando uma compre- alunos identifiquem sua manifestação e possam comentar o conheci-
ensão geral, sem apegar-se demasiado à linguagem. Se possível, mostre mento que têm a respeito dessa expressão artística que tem origem na
alguns áudios de cantigas, disponíveis em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/ cultura popular, como as cantigas satíricas.
cantiga.asp?cdcant=1520&pv=sim&p=5. Acesso em: 9 jun. 2021.
Leia o texto teórico sobre o gênero em estudo, evidenciando sua rea-
Prossiga solicitando a leitura do quadro comparativo, que apresenta lidade atual, que encontra, nas grandes cidades, espaço de manifestação.
as principais características e diferenças entre as cantigas de escárnio e de Se tiver oportunidade, mostre alguma composição dos artistas citados no
maldizer. Ao final da leitura, ajude os alunos a analisarem a classificação final da explicação, com aproveitamento do repente. A partir dessa expe-
da cantiga lida como cantiga de escárnio, ressaltando que os nomes das riência, conduza a atividade oral, possibilitando que os alunos se posi-
pessoas a quem a provocação era dirigida eram uma característica mais cionem sobre a pergunta expressa no ícone Oralidade: “É possível haver
comum à cantiga de maldizer. Não deixe de esclarecer que essa distinção repentistas no século XXI?”.
nem sempre é fácil; por isso, é muito comum a classificação geral de “can- Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realização
tiga satírica” ou “cantiga de escárnio e maldizer”. das atividades propostas, assim como as do Faça em casa. Comente tam-
Para concluir a exposição teórica, comente sobre a manifestação da bém a proposta da seção Você é o protagonista!, a partir da visita ao blog
prosa, por meio das novelas de cavalaria. Para usar exemplos mais pró- da autora Ana Elisa Ribeiro. No final da atividade, os alunos deverão es-
ximos à experiência dos alunos, relembre algumas histórias adaptadas crever um pequeno texto, respondendo à pergunta.

Referências
AMANCIO, Iris Maria da Costa (org.). África-Brasil-África: matrizes, heranças e diálogos contemporâneos. Belo Horizonte: Ed. da PUC-MG:
Nandyala, 2008.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (org.). Português no Ensino Médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
CASTELLO, José Aderaldo. A literatura brasileira: origens e unidade. v. 1. São Paulo: Edusp, 1999.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: relações e perspectivas. 5. ed. São Paulo: Global, 1999.
ECO, Umberto. Sobre literatura: ensaios. Tradução: Eliana Aguiar. Rio de Janeiro: Record, 2003.
FONSECA, Maria Nazareth Soares; CURY, Maria Zilda Ferreira (org.). África: dinâmicas culturais e literárias. Belo Horizonte: Ed. da PUC-MG, 2012.
MARTINS, Ivanda. A literatura no Ensino Médio: Quais os desafios do professor? In: BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (org.). Português no Ensino
Médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1998.
MOISÉS, Massaud. História da literatura brasileira: origens, Barroco e Arcadismo. São Paulo: Cultrix, 1990. v.1.
NEJAR, Carlos. História da literatura brasileira: da carta de Pero Vaz de Caminha à contemporaneidade. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Copesul:
Telos, 2007.
PEREIRA, Edgard; OLIVEIRA, Paulo Motta; OLIVEIRA, Silvana Maria Pessoa de. Intersecções: ensaios de literatura portuguesa. Campinas: Komedi,
2002.
PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas literaturas: escolha e valor na obra crítica de escritores modernos. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.
PINHEIRO, Hélder. Re�lexões sobre o livro didático de literatura. In: BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, M. (org.). Português no Ensino Médio e formação
do professor. São Paulo: Parábola, 2006.
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura/ensino: uma problemática. São Paulo: Ática, 1981.
URBANO, Hudinilson. Oralidade na literatura (O caso Rubem Braga). São Paulo: Cortez, 2000.
VERON, E. A produção do sentido. São Paulo: Cultrix, 1980.
VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura. São Paulo: EPU, 1990.
ZILBERMAN, Regina. Leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 1988.
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Unidade 1 Humanismo e gêneros textuais orais 2


Unidade 2 Renascimento: história e arte 2
Unidade 3 Lírica camoniana e resenha literária 3
Unidade 4 A épica camoniana e booktube 4

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Parte específica
Orientações para o professor Aula 2
Caro professor, disponibilizamos a seguir orientações nas quais • A atualidade dos autos
constam sugestões de planejamento das aulas para ajudá-lo na promo- • Slam e literatura periférica
ção das aprendizagens dos alunos, por meio da teoria e das atividades de
sistematização e de síntese propostas no material didático. Cabe ressal- Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP01; EM13LP46; EM13LP48;
tar que essas sugestões de planejamento são possibilidades de mediação EM13LP49; EM13LP52; EM13LGG203; EM13LGG301.
das aulas, que podem e devem ser adaptadas de acordo com as especifi-
cidades de seus alunos e da sua escola. Esperamos contribuir para o de-
Encaminhamento
senvolvimento de trabalho ao longo de todo o ano letivo! Inicie a aula com a correção e comentário das questões da seção Faça
em casa. Prossiga abordando a influência da obra de Gil Vicente na litera-
Unidade 1 tura brasileira.
Total de aulas: 2 Possibilite que os alunos comentem suas experiências com Auto da
Compadecida e sugira a visualização da obra completa a partir da indicação
Aula 1 do ícone Click!. Comente com os alunos que, como a obra está inserida em
um projeto de acessibilidade, as legendas são acompanhadas de áudio
• Humanismo: contexto de transição para os espectadores com deficiência visual.
• Características da prosa e da poesia humanista Inicie a parte seguinte convidando os alunos para assistirem ao
vídeo de três minutos indicado no ícone Click!. Em seguida, faça uma
• O teatro de Gil Vicente leitura dinâmica do texto introdutório, possibilitando rápidos comen-
Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP01; EM13LP46; EM13LP48; tários sobre a relação deste com o vídeo e a experiência deles com esse
EM13LP52. gênero textual. Solicite aos alunos a leitura oral do texto “Slam é voz de
identidade e resistência dos poetas contemporâneos” para ampliar os
Encaminhamento conceitos relacionados a essa prática poética. Não deixe de comentar a
Inicie a aula apresentando o sumário do caderno para que os alunos indicação dos boxes Vá além e Relacione, que fecham o tratamento do
compreendam o percurso que vão realizar no estudo do Humanismo e conteúdo da unidade, relacionando-o às variadas disciplinas do currí-
do Classicismo. Chame a atenção para o título da unidade 1, pedindo que culo da primeira série.
observem a imagem de abertura e a relação dos objetos de estudo a se- Para concluir a aula, solicite que façam as atividades da seção Faça
rem estudados. em sala, questões 3 e 4, corrigindo-as em seguida. Para finalizar o tra-
Em seguida, indague os alunos sobre a imagem de abertura e sua le- balho com a unidade, sugira aos alunos a leitura da síntese da seção
genda. Permita que troquem algumas impressões sobre os termos antro- Junte os pontos e a realização das duas questões propostas. Oriente-os
pocentrismo e teocentrismo e solicite a leitura oral dos tópicos “Humanis- para que resolvam as questões 7 a 12 do Faça em casa para comentários
mo: contexto de transição” e “Características da prosa e da poesia humanis- na aula seguinte.
ta”. Durante a atividade, peça que sublinhem as palavras e expressões mais
importantes, principalmente as relacionadas a obras, autores e caracterís- Unidade 2
ticas dos gêneros textuais produzidos na época. Estimule a leitura oral do
Total de aulas: 2
poema “Cantiga, partindo-se”, para evidenciar o ritmo, a métrica e as rimas.
Chame a atenção para a visualização dos vídeos indicados nos ícones Click!
e para a troca de impressões sugerida no ícone Oralidade.
Aula 1
Continue a aula apresentando um dos gêneros mais significativos do • Renascimento: contexto histórico
Humanismo: o teatro popular de Gil Vicente. Explore as imagens dos se- • A arte renascentista
los comemorativos, que evidenciam a importância do autor e de sua obra
no contexto da literatura portuguesa. Faça uma leitura dinâmica do texto, Habilidade trabalhada na aula: EM13LP01.
evidenciando as principais características da obra do autor estudado. Não
deixe de reforçar a sugestão de leitura da adaptação para HQ da obra Auto Encaminhamento
da barca do inferno, uma das mais conhecidas obras teatrais de Gil Vicente. Inicie a aula com a correção e comentário das questões da seção Faça
Concluídas as explicações, solicite que façam as atividades da seção em casa e da seção Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da uni-
Faça em sala, questões 1 e 2, corrigindo-as ainda durante a aula. Oriente os dade e chame a atenção para a imagem de abertura, que traz um detalhe
alunos para que resolvam as questões 1 a 6 do Faça em casa para comentar do rosto de Davi, uma das obras referenciais do Renascimento. Leia a rela-
na aula seguinte. ção dos objetos de conteúdo que serão estudados na unidade.
2
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Caderno do Professor

Prossiga com a aula evidenciando, a partir da imagem de abertura, Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP01; EM13LP46; EM13LP48;
outros elementos que caracterizaram a época: o desenvolvimento da EM13LP49; EM13LP52.
bússola e o período das Grandes Navegações. Utilize o texto inicial para
explicar o contexto histórico. Aproveite para sondar o quanto os alunos já Encaminhamento
sabem desse conteúdo, também trabalhado em História. Como são mui- Inicie a aula com a correção e o comentário das questões das seções
tos conceitos, peça-lhes que sublinhem as palavras e expressões-chave Faça em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da unidade
do texto. Conclua a explicação com a sugestão do vídeo sobre o Renasci- e a imagem que a acompanha. Chame a atenção para a relação dos objetos
mento, apontado pelo ícone Click!. de conhecimento que serão estudados.
Depois, apresente as três imagens que abrem o texto sobre a arte Comece a aula apresentando o autor mais representativo do Classi-
do período estudado. Se for possível, projete-as no quadro, para que os cismo português. Relacione essa importância ao fato de existirem estátuas
alunos vejam melhor os detalhes. Leia para todos o texto explicativo e em sua homenagem, como ilustra a imagem da página de abertura. Faça
conclua a abordagem com a sugestão do boxe Vá além e com a sugestão uma leitura dinâmica do texto e, ao final, possibilite aos alunos comentarem
de atividade oral, para que os alunos exponham suas experiências com a sobre a relação de importância do autor e a carência de informação precisa
arte renascentista e façam relações com a vida contemporânea. sobre sua vida. Sugira a visualização dos vídeos indicados no ícone Click! e
Para concluir a aula, solicite que façam as atividades 1 e 2 da seção no boxe Vá além, para apoiar a compreensão e a ampliação do conteúdo.
Faça em sala, corrigindo-as em seguida. Oriente os alunos para que re- Em seguida, apresente a poesia lírica de Camões por meio do tex-
solvam as questões 1 a 6 do Faça em casa para comentar na aula seguinte. to teórico e de exemplos. Leia os poemas com os alunos para que eles
identifiquem suas principais características, a visão do autor, a relação
Aula 2 com a tradição, seus aspectos de inovação, permanência, entre outros.
Como se trata de uma expressão distante cronologicamente e espacial-
• O Classicismo: características
mente da experiência dos alunos, explore as condições de produção e
• Verbete de dicionário e de enciclopédia o contexto sócio-histórico de circulação para facilitar a compreensão
Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP34; EM13LP46; EM13LP48; global dos poemas.
EM13LP49; EM13LP52. Para a evidência de um dos aspectos de continuidade da prática poé-
tica trovadoresca, solicite a leitura oral dos poemas, com atenção às rimas,
Encaminhamento ao ritmo e à escansão silábica. Para facilitar esse aspecto, transcreva algu-
Inicie a aula com a correção e comentário das questões da seção Faça em mas estrofes no quadro e faça a contagem das sílabas métricas junto com
casa. Em seguida, leia pelo menos uma cantiga de amor, de amigo ou satírica os alunos. Solicite também a atenção às partes dos poemas e à sua função
e as compare com um texto lírico de Camões em medida velha. Possibilite para a compreensão do texto.
que os alunos comentem as semelhanças e as diferenças, o que permanece Antes do fim da aula, oriente os alunos para que realizem as atividades
em relação ao Trovadorismo e o que é rompido pelo pensamento renascen- 1 e 2 da seção Faça em sala. Assim que terminarem os exercícios, corrija-os,
tista, debatendo o papel do artista com a mudança de contexto. Depois dessa explorando o poema como fizeram anteriormente. Solicite que façam os
dinâmica, leia o texto que trata das características do Classicismo, reforçando exercícios indicados como atividade de casa.
bem os conceitos abordados em cada característica.
Logo depois, apresente o gênero textual verbete, a partir do texto teó- Aula 2
rico e da exploração das imagens e dos comentários. Escolhemos a mesma • Camões lírico: a medida nova
palavra, “abelha”, para que a comparação fique mais clara. Reforce as carac-
terísticas específicas dos dois tipos de verbete, a partir dos exemplos dados
• Resenha literária
e de outros que contenham outros elementos de análise. Como dinâmica Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP01; EM13LP45; EM13LP46;
para concluir a exploração do tema, solicite que escrevam um verbete de EM13LP48; EM13LP49; EM13LP52.
dicionário para a palavra “verbete”, que contenha a estrutura e os elementos
usados no texto. Se for possível, mostre versões de dicionários e enciclopé- Encaminhamento
dias virtuais para exploração da estrutura textual em sala de aula. Use o Inicie a aula com a correção e comentário das questões da seção
mesmo termo, para que as diferenças fiquem mais nítidas. Faça em casa. Aproveite para reforçar a importância da produção lírica
Oriente os alunos para que resolvam as questões 3 e 4 do Faça em de Camões.
aula. Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realiza- Em seguida, apresente o quadro com outras características da lírica
ção das atividades propostas, assim como das questões 7 a 12 do Faça em camoniana. Depois, leia e analise os poemas feitos com a medida nova,
casa para comentários na aula seguinte. para comprovação dessas características nos textos. Solicite aos alunos a
leitura silenciosa e oral de cada poema, para que percebam a diferença
Unidade 3 de estrutura e ritmo em relação à medida velha. Depois, possibilite a tro-
Total de aulas: 2 ca de impressões sobre os poemas, a partir dos comentários sobre suas
principais características.
Aula 1 Nessa parte da aula, trazemos dois ícones: um com a indicação da
música “Monte Castelo” e outro com indicação de uma atividade de orali-
• O autor Luís Vaz de Camões
dade. Não deixe de comentar as sugestões. Se for possível, explore-as em
• A lírica camoniana: a medida velha sala de aula.
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Na sequência, apresente o gênero textual resenha, evidenciando sua Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP01; EM13LP45; EM13LP46;
utilidade para a vida escolar e para os interessados em literatura. Leia o texto EM13LP48; EM13LP49; EM13LP52.
teórico, comentando as características apresentadas. E, em seguida, oriente
os alunos para a leitura do exemplo de resenha da obra Os lusíadas, de Ca- Encaminhamento
mões. Essa resenha ajudará nos tópicos a serem tratados na unidade 4. Inicie a aula com a correção e comentário das questões da seção Faça
Para concluir a aula, peça a resolução das questões 3 e 4 do Faça em em casa. Em seguida, apresente a estrutura formal do grande poema Os lu-
sala e corrija as atividades em seguida, sempre possibilitando a leitura oral síadas. Detenha-se na análise do mapa apresentado, relacionando os can-
dos textos. Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realiza- tos com a sequência narrativa. Volte às estrofes da parte inicial da epopeia
ção das atividades propostas, assim como das questões 7 a 12 do Faça em para exemplificar melhor alguns dos elementos estruturais comentados.
casa para comentários na aula seguinte. Prosseguindo a aula, solicite a leitura do texto que aborda o book-
tube, relacionando-o ao estímulo à leitura. Conclua esse tópico com a
Unidade 4 sugestão da atividade de oralidade e a indicação do ícone Click!, para
Total de aulas: 2 a visualização de um comentário de uma booktuber sobre Os lusíadas.
Para aprofundar mais a reflexão sobre o tema, sugira que vejam o vídeo
Aula 1 indicado no boxe Vá além.
Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realização
• A épica camoniana: a alma de um povo
das atividades propostas, assim como as atividades 7 a 12 do Faça em casa.
• Os lusíadas: composição temática Comente também a proposta da seção Você é o protagonista!, a partir da
Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP01; EM13LP45; EM13LP46; leitura do texto sobre uma pintora renascentista. Como culminância da
EM13LP48; EM13LP49; EM13LP52. atividade, os alunos deverão escrever um pequeno texto respondendo à
pergunta que aparece ao final da proposta, que evidencia a autonomia e a
Encaminhamento cooperação como valores que podem estar relacionados.
Inicie a aula com a correção e comentário das questões das seções Faça
em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título e os conteúdos
que serão estudados na unidade, chamando a atenção para a imagem de Referências
abertura, que traz o Monumento do Descobrimento, situado em Lisboa e
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
apontado para a América. Chame a atenção para a dramaticidade da cena
e para a simbologia da caravela na mão do personagem que está na pon- CASTELLO, José Aderaldo. A literatura brasileira: origens e unidade. São
ta da embarcação. Se achar conveniente, mostre a imagem completa para Paulo: Edusp, 1999. v. 1.
que os alunos conheçam a obra inteira.
COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: relações e perspectivas. 5. ed.
Prossiga a exploração da imagem do monumento explorando a outra
rev. e atual. São Paulo: Global, 1999.
face dele, que traz o poeta Luís Vaz de Camões com um pergaminho nas
mãos, no centro do detalhe apresentado pela fotografia que abre a aula. MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os desafios do
Apresente o seu título, evidenciando a expressão “a alma de um povo”. Pos- professor? In: BUNZEN, Clecio; MENDONÇA, Márcia (org.). Português no
sibilite que os alunos comentem brevemente suas impressões em relação ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
à expressão. Leia o texto inicial, pedindo-lhes que sublinhem as palavras
MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo:
mais significativas para a compreensão do conteúdo. No final da leitura,
Cultrix, 1998.
sugira a leitura da HQ baseada na obra Os lusíadas e estimule os alunos a
comentarem suas experiências com filmes épicos, como Troia. ________________. História da literatura brasileira. Origens, Barroco e
Em seguida, faça uma leitura dinâmica do texto que trata do tema da Arcadismo. São Paulo: Cultrix, 1990.
obra, com ênfase na leitura oral das estrofes iniciais do primeiro canto de NEJAR, Carlos. História da literatura brasileira: da carta de Pero Vaz
Os lusíadas. Observe a musicalidade, as rimas, a linguagem e o tom grandi-
de Caminha à contemporaneidade. Rio de Janeiro: Relume Dumará;
loquente do texto. Chame a atenção para as partes destacadas, porque elas
Copesul; Telos, 2007.
estão diretamente relacionadas à temática da epopeia. Conclua a leitura
e os comentários com a indicação do link para a leitura completa da obra, PEREIRA, Edgard; OLIVEIRA, Paulo Motta; OLIVEIRA, Silvana Maria
que é de domínio público. Pessoa de. Intersecções: ensaios de literatura portuguesa. Campinas:
Antes do fim da aula, oriente os alunos à realização das atividades 1 e Komedi, 2002.
2 da seção Faça em sala. Assim que terminarem os exercícios, corrija-os, ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura/ensino: uma problemática. São
solucionando as dúvidas dos alunos. Solicite que façam os exercícios indi-
Paulo: Ática, 1981.
cados como atividade de casa.
VERON, Eliseo. A produção do sentido. São Paulo: Cultrix, 1980.
Aula 2 VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura.
• A estrutura formal de Os lusíadas São Paulo: EPU, 1990.
• Booktube e o estímulo à leitura ZILBERMAN, Regina. Leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 1988.
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Caderno do Professor

Anotações

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Anotações

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Unidade 1 A literatura do século XVI 2


Unidade 2 A opulência sensorial barroca 3
Unidade 3 Gregório de Matos: o poeta das ruas 5
Unidade 4 A alma dos púlpitos 6

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Parte específica
comentário sobre a comparação das duas obras, chamando a atenção para
Unidade 1 – A literatura do século XVI
a visualização dos originais da Carta de Caminha, indicada no ícone Click!.
Total de aulas: 2
Continue a aula, apresentando a literatura informativa, por meio da
Aula 1 leitura comentada do texto Literatura de Informação. Problematize essa
expressão a partir da observação da intencionalidade do conjunto de
• Quinhentismo: contexto histórico textos produzidos no século XVI e a razão de serem classificados como
• Literatura de informação literatura. Sugira que pesquisem textos de outros cronistas para percebe-
rem as semelhanças e diferenças como conjunto de textos marcados pelo
Habilidades mesmo contexto. Essa pesquisa poderá ser utilizada para a produção de
um texto monográfico na aula 4.
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/
Solicite atenção à citação de José Aderaldo Castello para que os alu-
escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-históri-
nos possam debater rapidamente as intenções evidenciadas já na pri-
co de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista
meira carta escrita ao rei de Portugal na época. Explore as características
e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.),
gerais dos textos informativos quinhentistas e proceda à leitura oral do
de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de
comentário que antecede um novo excerto da Carta do Descobrimento. Ex-
análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
plore o vocabulário e localize, no texto, os aspectos comentados.
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de Sempre solicite que os alunos leiam oralmente os textos apresentados
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as como exemplos para que possam apropriar-se melhor dos aspectos de sua
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- compreensão e reconhecimento de recursos linguísticos. Ao final da aula,
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. problematize com os alunos como eles percebem a herança da perspectiva
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de da terra descoberta na nossa forma de promover o nosso país e na forma
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas como muitos estrangeiros nos veem.
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun- Concluídas as explicações, solicite que façam as atividades 1 e 2 da
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos seção Faça em sala, corrigindo-as ainda durante a aula. Oriente que os
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi- alunos resolvam as questões 1 a 6 do Faça em casa para comentários na
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de aula seguinte.
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
Aula 2
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a • A literatura jesuítica
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica • Texto monográfico
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi- Habilidades
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e • (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/
o modo como dialogam com o presente. escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-históri-
co de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista
Planejamento da aula e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.),
Inicie a aula apresentando o sumário do caderno, para que os alunos de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de
compreendam o percurso que vão realizar no estudo do Quinhentismo análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
e do Barroco. Chame a atenção para o título da Unidade 1, pedindo que • (EM13LP34) Produzir textos para a divulgação do conhecimento e de
observem a imagem de abertura, que apresenta a cena da primeira mis- resultados de levantamentos e pesquisas – texto monográfico, ensaio,
sa rezada no Brasil, em 1500. Então, leia a relação dos objetos de estudo artigo de divulgação científica, verbete de enciclopédia (colaborativa
a serem estudados. ou não), infográfico (estático ou animado), relato de experimento,
Em seguida, apresente o Quinhentismo por meio da leitura do texto relatório, relatório multimidiático de campo, reportagem científica,
inicial e do excerto da Carta do Descobrimento. Indague os alunos sobre a podcast ou vlog científico, apresentações orais, seminários, comuni-
aproximação temática da imagem que abre a aula com o texto lido. Situe as cações em mesas redondas, mapas dinâmicos, etc. –, considerando
duas obras no seu contexto de produção, considerando intenções e o papel o contexto de produção e utilizando os conhecimentos sobre os gê-
social dos autores. Permita que os alunos troquem algumas impressões so- neros de divulgação científica, de forma a engajar-se em processos
bre os conhecimentos que eles têm do período estudado. Leia oralmente o significativos de socialização e divulgação do conhecimento.
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Caderno do Professor

• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de Aproveite as indicações do ícone Click! e da seção Relacione. Am-
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as bos ampliam a experiência com o gênero monográfico. Sugerimos que,
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- a partir da pesquisa sobre cronistas do século XVI, os alunos escrevam
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. um pequeno texto monográfico, expondo suas conclusões das leituras
comparativas que fizeram, apresentando argumentos para sustentar seu
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
ponto de vista. A ideia é que possam experimentar a realidade de escre-
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
ver a partir de um único tema, resultado de análise e pesquisa.
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
Para concluir a aula, solicite que façam as atividades 3 e 4 da seção
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
Faça em sala, corrigindo-as em seguida. Para finalizar o trabalho com a
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
unidade, sugira aos alunos a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de realização das duas questões propostas. Oriente os alunos para que resol-
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas vam as questões 7 a 12 do Faça em casa para comentários na aula seguinte.
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos Unidade 2 – A opulência sensorial barroca
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi- Total de aulas: 2
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura. Aula 1
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras • Barroco: contexto histórico-social
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
• Características artísticas
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
Habilidades
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com • (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es-
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico
o modo como dialogam com o presente. de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de
Planejamento da aula forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná-
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da se- lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
ção Faça em casa. Prossiga, pedindo aos alunos que observem a data • (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
de chegada dos jesuítas no Brasil. A partir dessa observação, chame a textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
atenção para o contexto de produção dos textos catequéticos, compa- formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer-
rando-o com o das crônicas de viagem. Solicite aos alunos que comen- citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
tem as possíveis diferenças e relações entre essas produções.
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
Faça a leitura dinâmica do texto inicial, reforçando a importância processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
de padre Anchieta para o momento estudado. Evidencie a preocupação trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
com a língua como uma das diferenças entre a literatura dos jesuítas e a cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
literatura informativa. Sugira a visita virtual do Museu de Arte Sacra dos ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
Jesuítas, a partir da indicação do ícone Click!. Conclua essa parte da aula
com a leitura oral e comentada dos textos de Anchieta. É importante pre- • (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
parar os alunos para a produção de sentido das leituras feitas, a partir da diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
compreensão da cosmovisão da época e do enfoque católico. crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
Prossiga a aula fazendo a leitura dinâmica dos comentários sobre do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
texto monográfico. Evidencie o prefixo da palavra, para a compreensão romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
do seu sentido e da sua principal característica: ser monotemático e mo- nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
noautoral. É possível que muitos alunos conheçam os termos “monogra- apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
fia”, “tese” e “dissertação”.. Utilize o que eles sabem desses termos para • (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
fixar as principais características do gênero em questão. Pela impossibi- e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
lidade de poder apresentar um excerto de um texto monográfico típico, africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
trazemos um artigo que trata do tema, ao mesmo tempo que apresenta literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
características básicas do gênero acadêmico. Tratamos de manter a for- outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
ma original do excerto para preservar um conjunto de características do derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com
texto monográfico. Se tiver oportunidade, leve exemplos de monografias outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e
para a sala de aula. o modo como dialogam com o presente.

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Planejamento da aula contexto de produção e utilizando os conhecimentos sobre os gêneros
de divulgação científica, de forma a engajar-se em processos significa-
Inicie a aula com correção e comentário das questões da seção Faça
tivos de socialização e divulgação do conhecimento.
em casa e da seção Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da
unidade, problematizando o termo “opulência” e chamando a atenção • (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
para a imagem de abertura, que traz uma obra de Rubens, um dos pin- textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
tores referenciais do Barroco espanhol. Leia a relação dos objetos de con- formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer-
teúdos que serão estudados. citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
Prossiga com a aula, comentando o texto inicial, evidenciando a di- • (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
ferença entre a arte renascentista e a barroca. Reforce a necessidade de processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
os alunos valorizarem os diferentes contextos de produção para a cons- trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
trução de sentido dos textos. Reforce as diferenças gerais, comentando cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
as particularidades de estilo que caracterizam cada autor em particular. ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
Utilize a imagem de abertura da aula para ilustrar algumas das caracte-
rísticas citadas no texto. • (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
Se for possível, projete-a no quadro para que os alunos possam ver diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
melhor os detalhes. Explore a questão temática, o impacto provocado crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
pela oposição de claro e escuro, o uso dramático do vermelho, a linha do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
diagonal da obra, entre outros elementos. Conclua a explicação com a romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
sugestão da página do Museu de Arte Sacra de São Paulo, apontada pelo nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
ícone Click!. apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
Depois, explique as características básicas da expressão barroca • (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
em diferentes manifestações artísticas, como a pintura, a arquitetura, e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena,
a música e, por fim, a literatura. É possível encontrar, na literatura, vá- a africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
rios exemplos que materializam características das artes em geral. Se for literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
viável, projete imagens da arte barroca para enriquecer a aula, seja na outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
pintura, escultura ou arquitetura; faça uma pequena audição de músicas derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com
clássicas barrocas conhecidas; enfim, promova um momento de sensi- outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e
bilização artística em sua aula. Depois, possibilite aos alunos expor suas o modo como dialogam com o presente.
experiências com a arte barroca, ressaltando suas impressões pessoais
sobre essa manifestação artística. Planejamento da aula
Para concluir a aula, solicite que façam as atividades 1 e 2 da seção Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da seção
Faça em sala, corrigindo-as em seguida. Oriente os alunos para que resol- Faça em casa. Em seguida, faça uma leitura comentada do texto sobre
vam as questões 1 a 6 do Faça em casa para comentários na aula seguinte. o Barroco brasileiro e suas características. Esse é um texto fundamental
para a compreensão das obras literárias que serão estudadas posterior-
Aula 2 mente. Apresente rapidamente os dois grandes representantes da litera-
• Barroco brasileiro e características literárias tura barroca no Brasil: Gregório de Matos e padre Vieira.
Em seguida, enfoque sua explicação nas características gerais dessa
• A natureza do ensaio
escola literária, solicitando que os alunos as identifiquem no texto, con-
forme a explicação. É muito importante que os alunos entendam clara-
Habilidades
mente o contexto que gera essa literatura, associando-a às outras mani-
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es- festações artísticas, conforme foi estudado.
cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico Logo depois, apresente o gênero textual “ensaio”, a partir do excerto
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e do texto “Construir portas abertas”, do escritor Eucanaã Ferraz. Como se
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de trata de um gênero um pouco distante da realidade dos alunos, anteci-
forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná- pamos o exemplo para que facilite a compreensão de suas características,
lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações. a partir do modelo. Sugerimos que você leia o ensaio na íntegra, antes
• (EM13LP34) Produzir textos para a divulgação do conhecimento e de da leitura oral do excerto em sala de aula, para poder contextualizar o
resultados de levantamentos e pesquisas – texto monográfico, ensaio, tema. Indicamos no ícone Click! o endereço da Serrote, revista de ensaios
artigo de divulgação científica, verbete de enciclopédia (colaborativa do Instituto Moreira Salles.
ou não), infográfico (estático ou animado), relato de experimento, Reforce a compreensão das características do gênero, lendo o co-
relatório, relatório multimidiático de campo, reportagem científica, mentário, que sintetiza suas principais características e o relaciona
podcast ou vlog científico, apresentações orais, seminários, comuni- com o texto monográfico. Como dinâmica para concluir a exploração
cações em mesas redondas, mapas dinâmicos, etc. –, considerando o do tema, solicite que os alunos escrevam um pequeno “ensaio” sobre
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Literatura

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Caderno do Professor

alguma das manifestações artísticas do Barroco, segundo seu interes- Planejamento da aula
se. A ideia é favorecer a oportunidade de sistematizar uma exposição
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões das seções
sustentada por argumentação sólida, mas com estilo mais livre que um
Faça em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da uni-
texto monográfico.
dade e a imagem que o acompanha. Chame a atenção para a relação dos
Oriente que os alunos resolvam as questões 3 e 4 do Faça em aula.
objetos de conhecimento que serão estudados.
Também indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realiza-
Comece a aula apresentando o maior poeta do Barroco brasileiro.
ção das atividades propostas, assim como as 7 a 12 do Faça em casa para
Relacione essa importância ao fato de existirem estátuas em sua home-
comentários na aula seguinte.
nagem na cidade de Salvador, como ilustra a imagem de abertura. Faça
uma leitura dinâmica do texto e, ao final, possibilite aos alunos comen-
Unidade 3 – Gregório de Matos: tarem a atuação de Gregório de Matos no Brasil do século XVII. Sugira a
o poeta das ruas visualização do vídeo sobre Gregório de Matos, indicado no ícone Click!,
Total de aulas: 2 e a resenha do filme Gregório de Matos, no ícone Vá além, para apoiar a
compreensão e ampliação do conteúdo.
Aula 1 Em seguida, amplie a explicação do que é cultismo, a partir da obra de
Gregório de Matos. Leia oralmente o excerto do poema “A instabilidade das
• Gregório de Matos: vida e produção poética
cousas do mundo” com os alunos para que eles identifiquem suas princi-
• O cultismo como recurso de expressão poética pais características, a visão do autor, a relação com a tradição, seus aspectos
• A poesia lírica gregoriana de inovação, permanência em relação aos estilos artísticos anteriores, entre
outros aspectos.
Habilidades Aproveite para explorar o tema da transitoriedade das coisas da vida,
possibilitando que os alunos comentem sua compreensão dessa refle-
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/
xão. Como se trata de uma expressão distante cronologicamente e espa-
escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-his-
cialmente da experiência dos alunos, explore as condições de produção
tórico de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos
e o contexto sócio-histórico de circulação para facilitar a compreensão
de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do
global dos poemas.
discurso, etc.), de forma a ampliar as possibilidades de construção
de sentidos e de análise crítica e produzir textos adequados a dife- Apresente a poesia lírica de Gregório de Matos, solicitando aos alu-
rentes situações. nos a leitura oral do texto e dos poemas dados como exemplo de poesia
lírica amorosa e filosófica. Peça que coloquem atenção às rimas, ao ritmo,
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de à escansão silábica, aos aspectos formais para comparar com a produção
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as poética do Trovadorismo e do Classicismo. Indique a leitura do artigo in-
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- dicado no ícone Click!.
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
Antes do fim da aula, oriente os alunos para que realizem as ativi-
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no dades 1 e 2 da seção Faça em sala. Assim que terminarem os exercícios,
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua corrija-os, explorando o poema como fizeram anteriormente. Solicite
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do que façam os exercícios indicados como atividade de casa.
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. Aula 2
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de • Poesia religiosa: mística e arrependimento
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
• A poesia satírica do “Boca do Inferno”
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
Habilidades
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de • (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura. escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-históri-
co de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.),
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi- • (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer-
o modo como dialogam com o presente. citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
5

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• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no discurso, etc.), de forma a ampliar as possibilidades de construção
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua de sentidos e de análise crítica e produzir textos adequados a dife-
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do rentes situações.
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer-
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
o modo como dialogam com o presente.
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
Planejamento da aula e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
Inicie a aula com correção e comentário das questões da seção Faça africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
em casa. Aproveite para reforçar as principais características da poesia de literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
Gregório de Matos. outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com
Em seguida, apresente a imagem que abre a aula, solicitando aos
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e
alunos que descrevam a cena e comentem sobre o tema tratado e as
o modo como dialogam com o presente.
características barrocas nela encontradas. Leia o texto que antecede o
poema “O poeta na última hora de sua vida”. Solicite aos alunos que leiam
Planejamento da aula
o poema silenciosamente e identifiquem as características que o classi-
ficam como um poema religioso. Evidencie os aspectos formais do sone- Inicie a aula com correção e comentário das questões das seções Faça
to, antes de realizar a leitura oral com os alunos. Chame a atenção deles em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título e os conteúdos
para a relação do tema tratado no poema e seu contexto de produção. Na que serão estudados na unidade, chamando a atenção para a imagem de
sequência, apresente o poema “A Cidade da Bahia”, lendo em seguida a abertura, que traz um detalhe da Igreja da Misericórdia: uma parede de
introdução dessa parte da aula. azulejos e um púlpito, onde os padres fazem seus sermões. Chame a aten-
ção para a importância dessa peça arquitetônica, posicionada em lugares
Para concluir a aula, peça a resolução das questões 3 e 4 do Faça em
estratégicos para que o sermão seja bem ouvido e o pregador, visualizado
sala e corrija as atividades em seguida, sempre possibilitando a leitura
por todos os fiéis.
oral dos textos. Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e
a realização das atividades propostas, assim como as 7 a 12 do Faça em Leia o texto inicial, pedindo aos alunos que sublinhem as palavras
casa para comentários na aula seguinte. mais significativas para a compreensão do conteúdo. Prossiga a aula, rela-
cionando prosa e conceptismo. Utilize o excerto do Sermão da Sexagésima
Unidade 4 – A alma dos púlpitos para explorar esse recurso de construção textual. Continue com a leitura
do comentário sobre o excerto para compreender o processo de constru-
Total de aulas: 2 ção de ideias do autor. Conclua a leitura dos comentários sobre as cartas
escritas por Vieira e a indicação do link, no ícone Click!, para a leitura com-
Aula 1
pleta do sermão, que é de domínio público.
• A produção literária de padre Vieira Antes do fim da aula, oriente os alunos à realização das atividades 1
• Prosa e conceptismo e 2 da seção Faça em sala. Assim que terminarem os exercícios, corrija-
-os, solucionando as dúvidas dos alunos. Solicite que façam os exercícios
Habilidades indicados como atividade de casa.

• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/ Aula 2


escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-his-
tórico de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos
• A força do púlpito: pregação e denúncia
de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do • O sermonário de padre Vieira
6
Literatura

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Caderno do Professor

Habilidades ampliar aspectos da vida e da obra do padre. Chame a atenção dos alu-
nos para a nova indicação do ícone Click!, com endereço para ler outros
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/ textos de padre Vieira. Para concluir essa parte da aula, apresentamos
escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-históri- excerto de outro sermão para ampliar o repertório dos alunos em relação
co de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista a esse gênero tão divulgado durante o período barroco.
e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), Feche esse momento com uma nova atividade de oralidade, para
de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de que os alunos possam contextualizar o tema tratado há séculos.
análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realização das
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de atividades propostas, assim como as 3 e 4 do Faça em casa. Comente tam-
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as bém a proposta do boxe Você é protagonista, a partir do valor empatia.
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- Como culminância da atividade, os alunos deverão montar um mapa de
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. empatia a partir de uma situação empreendedora.
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
Referências
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix,
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
1994.
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
CATELLO, José Aderaldo. A Literatura Brasileira: origens e unidade. v.1.
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: relações e perspectivas. 5. ed.
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi- rev. e atual. São Paulo: Global, 1999.
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os desafios do
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
professor? In: BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (Org.). Português
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial,
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a 2006.
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através de textos. São Paulo:
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi- Cultrix, 1998.
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com MOISÉS, Massaud. História da Literatura Brasileira. V1 – Origens, Barroco
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e e Arcadismo. São Paulo: Cultrix, 1990.
o modo como dialogam com o presente.
NEJAR, Carlos. História da Literatura Brasileira: da carta de Pero Vaz
Planejamento da aula de Caminha à contemporaneidade. Rio de Janeiro: Relume Dumará:
Copesul: Telos, 2007.
Inicie a aula com correção e comentário das questões da seção Faça
em casa. Em seguida, solicite que os alunos leiam silenciosamente o tex- PEREIRA, Edgard; OLIVEIRA, Paulo Motta; OLIVEIRA, Silvana Maria
to “A força do púlpito: pregação e denúncia”. Quando terminarem, possi- Pessoa de. Intersecções: ensaios de literatura portuguesa. Campinas:
bilite uma rápida conversa sobre os aspectos tratados no texto aprofun- Komedi, 2002.
dando no tema da defesa de liberdade dos índios e negros no Brasil.
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura/ensino: uma problemática. São
Leia em seguida o excerto do Sermão do bom ladrão, que denuncia as-
Paulo: Ática, 1981.
pectos morais relativizados pela sociedade. Possibilite uma rápida troca
de ideias entre os alunos, a partir da sugestão do ícone Oralidade. Indi- VERON, E. A produção do sentido. São Paulo: Cultrix, 1980.
que os vídeos sugeridos no ícone Click! e, sendo possível, veja um deles
VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura.
com os alunos. Solicite atenção deles para o fato de que o programa está
São Paulo: EPU, 1990.
em português de Portugal.
Prosseguindo a aula, solicite a leitura do texto que aborda o sermo- ZILBERMAN, Regina. Leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto,
nário de padre Vieira. Utilize a citação do artigo de Adma Muhana para 1988.

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Anotações

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Literatura

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Literatura
Lin
gu
ag
Caderno do
en e su

Professor
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Unidade 1 contexto de produção da


O
arte neoclássica 2
Unidade 2 A épica e a poesia indianista árcade 3
Unidade 3 A lírica e a sátira árcade no Brasil 4

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Parte específica
Orientações gerais para o professor chegada da Missão Francesa, contratada pela Família Real Portuguesa.
Sugira que visualizem a indicação do Museu do Louvre e do Museu do
Prado, de modo que possam ver detalhes de obras icônicas da época.
Unidade 1 – O contexto de produção Sugira que sigam a indicação dos ícones Click! e Vá além.
da arte neoclássica Concluídas as explicações, solicite que façam as atividades 1 e 2 da se-
Total de aulas: 2 ção Faça em sala, corrigindo-as ainda durante a aula. Peça que resolvam as
questões 1 a 6 da seção Faça em casa para comentários na aula seguinte.
Aula 1
Aula 2
• O Neoclassicismo: contexto sócio-histórico e cultural
• A produção literária do Arcadismo
• A arte neoclássica
• Arcadismo: características literárias
Habilidades
Habilidades
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es-
cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico • (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es-
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e
forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná- perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de
lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações. forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná-
lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua • (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce- formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer-
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
Planejamento da aula processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
Inicie a aula apresentando o sumário do caderno, para que os alunos trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
compreendam o percurso que vão realizar no estudo do Neoclassicismo e cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
do Arcadismo. Peça que observem a imagem de um exemplo de arquite- ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
tura da época, de modo a identificar nela características do modelo artís-
tico da Antiguidade Clássica. Chame a atenção para o título da Unidade 1, • (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
pedindo que observem também a imagem de abertura, que apresenta a diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
cena da vida privada da classe social ascendente na época: a burguesia. Em crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
seguida, leia a relação dos objetos de estudo a serem trabalhados. do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
Na sequência, apresente o contexto histórico e social no qual se de- romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
senvolveu a arte neoclássica. Por meio de leitura dinâmica e comentada nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
do texto inicial, vá reforçando os principais eventos que caracterizaram a apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
época. Solicite aos alunos que sublinhem os termos principais. Para refor-
çar a compreensão do movimento enciclopedista, chame a atenção para Planejamento da aula
a indicação que aparece no ícone Click!. Como os alunos já estudaram Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da seção
esse conteúdo no Ensino Fundamental, promova a atividade de oralida- Faça em casa. Peça aos alunos que observem a imagem que abre a aula,
de, a fim de que comentem suas percepções sobre a concretização dos a fim de visualizarem um ambiente bucólico. Chame a atenção para os
ideais da Revolução Francesa. padrões clássicos de equilíbrio, realismo e suavidade cromática.
Continue a aula tratando especificamente da arte neoclássica. Co- Faça a leitura dinâmica do texto inicial, que explica o significado do
mente suas origens, a origem do nome do movimento e suas caracte- nome “Arcadismo” e apresenta as primeiras informações sobre esse mo-
rísticas gerais. Problematize a oposição que essas características gerais vimento em Portugal e no Brasil. Leia com os alunos os três últimos pa-
fazem à estética barroca. Logo depois, sintetize os principais traços da rágrafos do texto teórico, a fim de que compreendam bem o sentido de
manifestação do Neoclassicismo na pintura, na arquitetura e na escul- todas as expressões relacionadas com o Arcadismo. Isso será de grande
tura. Aproveite esse momento para situar o contexto brasileiro com a importância para a análise textual da época.
2
Literatura

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Caderno do Professor

Prossiga a aula sistematizando as principais características da litera- Planejamento da aula


tura árcade no contexto da arte neoclássica, estudada desde o início do
capítulo. Optamos por explorar as características literárias por meio de Inicie a aula com a correção e comentários às questões das seções
um exemplo, de modo a facilitar a compreensão dos alunos. Solicite a Faça em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da Unida-
leitura silenciosa e oral do poema de Cláudio Manuel da Costa e explore o de, problematizando o termo “indianismo” e chamando a atenção para a
comentário dos textos. Conclua essa parte da aula apresentando sínteses imagem de abertura, que traz uma escultura de Iracema, uma das perso-
das características da literatura árcade. Não deixe de comentar o texto da nagens indígenas mais conhecidas da literatura nacional. Vale a pena ex-
seção Relacione. Se possível, promova uma breve roda de conversa para plicar que Iracema será a personagem principal de um romance românti-
que os alunos expressem o que sabem sobre o contexto histórico no qual co e que a imagem somente reforça a importância desse movimento que
se desenvolveu o Arcadismo e o Neoclassicismo. tem início formalmente com a literatura árcade. Reforce bem isso, para
Para concluir, solicite que façam as atividades 3 e 4 da seção Faça em não gerar confusão.
sala, corrigindo-as em seguida. Depois, sugira a leitura da síntese da se- Prossiga com a aula comentando o texto inicial, resgatando o con-
ção Junte os pontos e a realização das duas questões propostas. Orien- texto no qual se desenvolveu o Arcadismo no Brasil e reforçando o concei-
te-os para que resolvam as questões 7 a 12 da seção Faça em casa para to que os alunos já têm de “gênero épico” e do termo “epopeia”. Relacione
comentários na aula seguinte. isso com o movimento de resgate dos valores da Antiguidade Clássica e
do Classicismo português, que teve Camões como principal autor, a fim
Unidade 2 – A épica e a poesia indianista árcade de explicar a razão da escrita de epopeias durante o Arcadismo.
Total de aulas: 2 Se achar conveniente, retome a linha de tempo dos movimentos lite-
rários no Brasil para evidenciar como o tratamento do indígena é comum
Aula 1 desde o século XVI, com diferentes intenções. É importante que os alu-
• O indianismo e a literatura indígena nos compreendam que é no Arcadismo que começa o desenvolvimento
do indianismo como tema literário formal. Explique que caberá ao pró-
• O Uraguai, de Basílio da Gama ximo estilo de época, o Romantismo, sedimentar as bases desse projeto,
Habilidades retomado mais tarde pelo Modernismo.
Depois, apresente a obra O Uraguai, de Basílio da Gama. Faça uma
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es- leitura comentada do texto teórico e do quadro que apresenta, de forma
cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico sintética, a estrutura da obra. Conclua essa parte da aula com a leitura
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e de um trecho do texto épico e do comentário sobre seu conteúdo. Su-
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de
gerimos que oriente os alunos a uma leitura silenciosa, seguida da lei-
forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná-
tura oral, para a percepção da musicalidade dos versos e para comparar
lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
com a experiência que tiveram com o texto de Os lusíadas. Aproveite para
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de reforçar as diferenças contextuais de produção literária. Para fechar essa
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as exploração, solicite que visualizem uma pintura de Lindoia com base na
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- indicação do ícone Click!. Em seguida, abra um breve espaço para a ativi-
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. dade de oralidade.
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no Para concluir, solicite que façam as atividades 1 e 2 da seção Faça em
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua sala, corrigindo-as em seguida. Oriente os alunos para que resolvam as
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do questões 1 a 6 da seção Faça em casa para comentários na aula seguinte.
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. Aula 2
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de • A poesia épica de Santa Rita Durão
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas • A estrutura textual de O Caramuru
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos Habilidades
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es-
cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná-
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi- • (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer-
o modo como dialogam com o presente. citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
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• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no • (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce- cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de • (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun- crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi- romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
nal e da periferia, etc.), para experimentar os diferentes ângulos de nal e da periferia, etc.), a fim de experimentar os diferentes ângulos
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura. de apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras • (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi- outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e
o modo como dialogam com o presente. o modo como dialogam com o presente.

Planejamento da aula Planejamento da aula


Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da seção
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões das seções
Faça em casa. Em seguida, realize uma leitura comentada do texto que
Faça em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da Uni-
apresenta Santa Rita Durão e a obra O Caramuru. Para melhor compreen-
dade e a imagem que a acompanha. Chame a atenção para os elementos
são, comente o conteúdo de cada um dos dez cantos que compõem a
que compõem a paisagem campestre.
obra. Não deixe de evidenciar a sugestão dada no ícone Click!. Se possí-
Comece a aula comentando sobre a natureza essencialmente poéti-
vel, visualize a página junto com os alunos.
ca do Arcadismo, evidenciando o bucolismo e o pastoralismo como duas
Oriente-os a resolver as questões 3 e 4 da seção Faça em aula. Indi-
de suas principais características. Em seguida, apresente o perfil dos dois
que a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realização das ativi-
primeiros representantes dessa manifestação lírica: Silva Alvarenga e
dades propostas, assim como as atividades 7 a 12 da seção Faça em casa,
Alvarenga Peixoto. Ainda que eles tenham nomes parecidos, são poetas
para comentários na aula seguinte.
com produção poética e história de vida distintas.
Para evidenciar as marcas da produção nacional em relação aos pa-
Unidade 3 – A lírica e a sátira árcade no Brasil râmetros da poesia árcade global, trazemos exemplos de poemas desses
Total de aulas: 2 dois autores nos quais expressam aspectos da paisagem nacional, con-
trariando o cânone da arcádia. Chame a atenção dos alunos para as indi-
Aula 1 cações do ícone Click!.
Em seguida, introduza o estudo de um dos maiores poetas árca-
• A poesia lírica árcade: Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto
des: Cláudio Manuel da Costa. Leia o texto teórico e reforce os princi-
• A poesia de Cláudio Manuel da Costa pais aspectos da grande obra desse autor. Aproveite para explorar as
características árcades no poema que trazemos como exemplo. Uma
Habilidades vez mais, chamamos a atenção para a estratégia dos autores de intro-
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es- duzir elementos da paisagem nacional nos seus poemas. Indicamos a
cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico leitura silenciosa e oral do texto, a fim de ampliar a percepção de seus
elementos poéticos.
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de Antes do fim da aula, oriente os alunos a realizar as atividades 1 e 2
forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná- da seção Faça em sala. Assim que terminarem os exercícios, corrija-os.
lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações. Solicite que façam os exercícios indicados como atividade de casa.

• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de Aula 2


textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- • A obra de Tomás Antônio Gonzaga
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. • A produção satírica e o pré-Romantismo.
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Literatura

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Caderno do Professor

Habilidades Na segunda parte da aula, faça uma leitura comentada do texto teó-
rico sobre a produção satírica de Tomás Antônio Gonzaga, apresentando
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es- os trechos da obra Cartas chilenas. Repita a dinâmica de leitura silenciosa
cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico e oral. Para finalizar a explicação teórica, apresente os elementos encon-
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e trados na poesia árcade, que evidenciam uma postura pré-romântica, ao
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de anteciparem aspectos que serão muito explorados pelo estilo de época
forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná- seguinte, o Romantismo, marcado pelas características já perceptíveis na
lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações. produção dos nossos poetas árcades.
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de Para concluir a aula, peça a resolução das questões 3 e 4 da seção
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as Faça em sala e corrija as atividades em seguida, sempre possibilitando a
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- leitura oral dos textos. Indique a leitura da síntese da seção Junte os pon-
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. tos e a realização das atividades propostas, assim como as atividades 7 a
12 da seção Faça em casa, para comentários na aula seguinte. Comente
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no também a proposta do box Você é o protagonista!, com base em coope-
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua ração, responsabilidade e solidariedade. Como culminância da atividade,
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do os alunos deverão produzir um pequeno texto, relacionando o contexto
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce- árcade com o atual.
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas Referências
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi- CATELLO, J. A. A literatura brasileira: origens e unidade. São Paulo:
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de Edusp, 1999.
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
COUTINHO, A. A literatura no Brasil: relações e perspectivas. 5. ed. rev. e
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras atual. São Paulo: Global, 1999.
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
MARTINS, I. A literatura no Ensino Médio: quais os desafios do professor?
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (org.). Português no Ensino Médio e
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com MOISÉS, M. História da literatura brasileira: origens, barroco e arcadismo.
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e v. 1. São Paulo: Cultrix, 1990.
o modo como dialogam com o presente.
MOISÉS, M. A literatura portuguesa através de textos. São Paulo: Cultrix, 1998.

Planejamento da aula NEJAR, C. História da literatura brasileira: da carta de Pero Vaz de


Inicie a aula com a correção e comentários às questões da seção Faça Caminha à contemporaneidade. Rio de Janeiro: Relume-Dumará;
em casa. Aproveite para reforçar as principais características da poesia lí- Copesul; Telos, 2007.
rica árcade. Explore a imagem que apresenta uma vista panorâmica da PEREIRA, E.; OLIVEIRA, P. M.; OLIVEIRA, S. M. P. de. Intersecções: ensaios
cidade de Ouro Preto, palco das manifestações da poesia árcade, particu- de literatura portuguesa. Campinas: Komedi, 2002.
larmente a satírica.
ROCCO, M. T. F. Literatura/ensino: uma problemática. São Paulo:
Em seguida, apresente Tomás Antônio Gonzaga, outro dos princi-
Ática, 1981.
pais poetas árcades líricos e satíricos. Leia os dois textos que compõem a
principal obra lírica do poeta: Marília de Dirceu. Oriente a leitura silencio- VERON, E. A produção do sentido. São Paulo: Cultrix, 1980.
sa e oral dos poemas, identificando características árcades encontradas
VIEIRA, A. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura.
neles. Comente sobre a observação aos dois excertos, de modo que os
São Paulo: EPU, 1990.
alunos percebam como a diferença de contexto interfere na produção de
sentido dos textos. ZILBERMAN, R. Leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 1988.

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Anotações

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Caderno do Professor

Anotações

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Anotações

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Un
ida
de
A linguagem literária
1
Habilidades da BNCC
EM13LP06, EM13LP45, Inicie a jornada!
EM13LP46, EM13LP48,
Ao analisar a imagem de abertura, evidencie como a atividade de escrita se modificou com as ferramentas digitais e a internet.
EM13LP52, EM13LGG103
Comente também que esse contexto tem transformado o processo de edição de obras impressas e digitais.

Roman Samborskyi/Shutterstock
Nesta unidade você
irá estudar:
o conceito de literatura,
as funções da literatura, a
periodização da Literatura
brasileira e portuguesa,
a natureza da linguagem
literária, as figuras de
linguagem e os blogs e vlogs
literários.

ÿƸŏǜŏģÿģĪģĪĪƫĜƣŏƸÿƫĪŰżģŏǿĜżǀĜżŰÿƫłĪƣƣÿŰĪŲƸÿƫģŏŃŏƸÿŏƫ᠇

O conceito de literatura
Os seres humanos, de modo geral, têm consciência da realidade que os cercam. Essa consciência pode movê-los
tanto à contemplação como à criação. A criação é resultado do desejo do ser humano de expressar o belo, a partir de
como ele percebe, sente e apreende o mundo. Essas experiências são transformadas e, por meio da criatividade, podem
tornar-se manifestações artísticas. Ao processo de produzir beleza por meio da recriação da realidade dá-se o nome de
“arte” e a sua existência está relacionada ao prazer estético.
A arte é plural e pode usar diferentes linguagens. A dança, o canto, a música, o teatro, o cinema, as artes plásticas
(pintura, escultura e arquitetura) e a literatura, por exemplo, são manifestações artísticas que utilizam diferentes formas
de expressão. A pintura faz uso da luz, das cores e das formas; a dança utiliza movimentos corporais; a literatura utiliza
a palavra e a cerca de variados recursos para obter efeitos especiais de significação.
No caso específico da literatura, um texto se torna artístico à medida que o escritor busca formas mais incomuns
de usar e combinar palavras ou confere ao texto vigor comunicativo e expressividade inesperados. A arte literária está
presente em variadas culturas, mas o seu conceito e o modo de fazer literatura variam de uma cultura para a outra e de
época para época.
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Unidade 1

A palavra literatura deriva do termo latino littera, que significa “letra”. Por isso a relação dessa manifestação artísti-
ca com a palavra escrita, usada para a expressão criativa e ficcional. No entanto, a palavra “literatura” pode ser usada em
expressões comuns no meio acadêmico, que significam “produção, conjunto de obras escritas”. Por exemplo: quando se
diz “literatura médica”, não se está referindo à natureza própria da literatura como expressão artística em que a palavra
é usada criativamente, mas ao conjunto de obras relacionadas à área médica.
A literatura pode ser, então, entendida como uma manifestação artística que recria a realidade por meio da palavra,
motivada pelos fatos da vida que cercam o escritor. Veja a seguir a definição do crítico literário Afrânio Coutinho.

A literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada, através do espírito
do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma
corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiên-
cia de realidade de onde proveio. [...] O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que não são
mais medidas pelos mesmos padrões das verdades ocorridas. [...] Através das obras literárias, tomamos
contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as ver-
dades da mesma condição humana.
COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 9-10.

Funções da literatura
Da mesma forma que a linguagem tem suas funções, a literatura também as tem. São cinco as suas funções.

Cognitiva
É o mecanismo pelo qual o leitor pode adquirir o conhecimento por meio de informações contidas no texto que lê. Essa
é uma função muito presente em textos de natureza mais científica, mas, mesmo não sendo sua função primordial, o texto
literário pode acrescentar informações ao leitor, quando faz literatura de natureza mais histórica ou biográfica, por exemplo.

Estética
A estética está relacionada às ideias de percepção e sensibilidade; por isso, essa é a função primeira da literatura,
pois, como manifestação artística, expressa a percepção e a sensibilidade do literato por meio de recursos que potencia-
lizam a palavra, sua matéria-prima. A função estética é percebida pelo leitor quando ele entra em contato com a força
expressiva da linguagem e com a forma como ela é trabalhada pelo escritor.

Lúdica
Ludismo é característica de algo divertido, como um jogo ou uma brincadeira. A função lúdica está relacionada à
capacidade de o autor envolver o leitor por meio da brincadeira com a linguagem, dos jogos de palavras, para favorecer
o entretenimento e o relaxamento.

Catártica
Em uma obra literária, o artista pode abordar temas problemáticos ou questões existenciais importantes, acessan-
do emoções que o impulsionam a se expressar. O contato do leitor com um livro ou uma peça de teatro pode levá-lo
a viver experiências liberadoras que provocam a catarse: uma espécie de descarga emocional que gera certo alívio da
tensão ou da ansiedade psicológica ou moral, mesmo que o leitor saiba que a realidade expressa no texto é ficção.

Social
A obra literária pode ser instrumento de conscientização e engajamento das pessoas para a transformação da so-
ciedade. Os autores retratam a realidade que os cerca e produzem um texto que, além de descrevê-la, critica alguns de
seus aspectos, podendo recorrer à ironia e ao humor. São temas comuns que podem ser utilizados para configurar essa
função: gênero, racismo, pobreza, corrupção, política, entre outros.

A natureza da linguagem literária


As palavras podem representar apenas uma ideia objetiva, geralmente registrada no dicionário, ou ter seu signifi-
cado ampliado e ganhar novas possibilidades de expressão. São dois os sentidos das palavras:
• denotativo:ƫŏŃŲŏǿĜÿğĘżƣĪƫƸƣŏƸÿ᠒ƫĪŲƸŏģżĜżŰǀŰģżģŏĜŏżŲĀƣŏż᠒ƠÿŧÿǜƣÿǀƫÿģÿƠÿƣÿŏŲłżƣŰÿƣ᠒ŧŏŲŃǀÿŃĪŰĜżŰǀŰ᠇
ŧŃǀŲƫŃįŲĪƣżƫƸĪǢƸǀÿŏƫ᠁ĜżŰżÿƫŲżƸőĜŏÿƫ᠁ÿƫƣĪƠżƣƸÿŃĪŲƫ᠁żƫƸĪǢƸżƫĜŏĪŲƸőǿĜżƫ᠁ÿƫěŏżŃƣÿǿÿƫ᠁żƫƣĪŧÿƸŽƣŏżƫ᠁ÿƫ
receitas, as bulas, entre outros, empregam preponderantemente a denotação;
• conotativo:ƫŏŃŲŏǿĜÿğĘżÿŰƠŧÿ᠒ƫĪŲƸŏģżƫĪǢƸƣÿƠżŧÿŰżƫĪŲƸŏģżĜżŰǀŰ᠒ƠÿŧÿǜƣÿǀƫÿģÿģĪŰżģżĜƣŏÿƸŏǜż᠒ŧŏŲŃǀÿŃĪŰ
rica e expressiva. A conotação está presente, também, na linguagem coloquial, na publicidade e em ditos populares.
3

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Comente rapidamente o
contexto das Grandes Nave- Distinção entre poesia, poema e prosa
gações para a compreensão Os textos literários, normalmente, manifestam-se por meio do poema e da prosa e essas duas estruturas formais
do excerto apresentado e
leia-o em voz alta para mar- podem expressar conteúdos poéticos (poesia) ou prosaicos (prosa). Leia o fragmento a seguir, primeiro silenciosamente
car o tom de grandiosidade e depois oralmente, para auxiliá-lo na compreensão desses conceitos.
do texto épico. Para melhor
compreensão dos alunos, Canto I
relacione a situação com
As armas e os Barões assinalados
grandes filmes baseados
em epopeias. Que da Ocidental praia Lusitana
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana, Lusitano: que nasceu
E entre gente remota edificaram em Portugal.
Novo Reino, que tanto sublimaram; Taprobana:
atualmente Sri Lanka;
antigo Ceilão.
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando Alexandro: Alexandre
Magno, rei da Macedônia,
A Fé, o Império, e as terras viciosas
que conquistou a Grécia, o
De África e de Ásia andaram devastando, Egito e o Oriente Médio.
E aqueles que por obras valorosas
Trajano: imperador
Se vão da lei da Morte libertando, romano.
Cantando espalharei por toda parte,
Netuno: deus do mar.
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Marte: deus da guerra.
Cessem do sábio Grego e do Troiano Musa antiga: o que
As navegações grandes que fizeram; inspira o poeta, imagem
para representar a poesia.
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se levanta.
CAMÕES, Luís Vaz de. Os lusíadas. Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000178.pdf. Acesso em: 19 fev. 2021.

O excerto pertence à obra Os lusíadas, de Luís de Camões, poeta do Classicismo português (século XVI). Apresentamos as
três primeiras estrofes de um longo poema que exalta o povo português, ao contar a viagem de Vasco da Gama à Índia.
O trecho lido quanto à sua apresentação formal constituiu um poema. Ele se organiza em versos e, por isso, tem um
ritmo diferente do da fala, percebido pela quebra da sequência natural da frase em nome da sonoridade que caracteriza
esse tipo de texto. Seus elementos são:
• verso:ĜÿģÿǀŰÿģÿƫŧŏŲŊÿƫģżƠżĪŰÿᠤŲÿżěƣÿĜŏƸÿģÿŊĀᚄᡱᚄᙷᚂǜĪƣƫżƫᠥ᠒
• estrofe: conjunto de versos (Os lusíadasīǀŰŃƣÿŲģĪƠżĪŰÿĜżŰᙷᡱᙷᙶᙸĪƫƸƣżłĪƫĜżŰᚄǜĪƣƫżƫĪŰĜÿģÿǀŰÿģĪŧÿƫᠥ᠒
• rima:ƣĪĜǀƣƫżƢǀĪǀƸŏŧŏǭÿÿƫĪŰĪŧŊÿŲğÿƫżŲżƣÿģĪƠÿŧÿǜƣÿƫŲżǿŲÿŧģżƫǜĪƣƫżƫᠤƣŏŰÿĪǢƸĪƣŲÿᠥżǀŲżŏŲƸĪƣŏżƣģżƫǜĪƣᠵ
sos (rima interna). (As estrofes apresentam rimas externas com o seguinte esquema: abababcc, ou seja, o primeiro
verso rima com o terceiro e o quinto; o segundo rima com o quarto e o sexto; e o sétimo verso rima com o oitavo.);
• métrica: número de sílabas poéticas que o verso apresenta. A divisão de sílabas poéticas segue critérios distintos
da divisão de sílabas gramaticais. Por exemplo, vogais átonas podem ser reunidas numa única sílaba poética; a
contagem considera até a última sílaba tônica, conforme pode ser visto nos exemplos a seguir.
As/ ar/mas/ e os/ Ba/rões/ as/si/na/la/dos
Que/ da O/ci/den/tal/ prai/a/ Lu/si/ta/na
Por/ ma/res/ nun/ca/ de an/tes/ na/ve/ga/dos
Pas/sa/ram/ ain/da a/lém/ da/ Ta/pro/ba/na,
4
Literatura

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Unidade 1

Reprodução/Editora Scipione
As métricas mais comuns são redondilhas (menor, com cinco sílabas métricas; maior, com sete),
decassílabos (dez sílabas métricas) e alexandrinos (doze sílabas métricas). Os versos de Os lusíadas são
todos decassílabos, ou seja, possuem todos eles dez sílabas métricas.
Agora, observe o excerto a seguir, de uma adaptação em prosa da obra Os lusíadas, que, como vimos,
originalmente, foi escrita em versos. Leia-o silenciosamente e, depois, oralmente. Reflita sobre o que
diferencia este texto do anterior.

Por mares nunca dantes navegados


A frota portuguesa singrava o Oceano Índico, entre a costa oriental da África e a Ilha de
Madagascar. O vento brando inchava as velas e uma espuma branca cobria a superfície das
águas cortadas pelas proas.
Eram quatro naus. A São Gabriel, comandada por Vasco da Gama, que chefiava a esqua-
dra; a São Rafael, sob o comando de Paulo da Gama, irmão de Vasco; a Bérrio, que tinha por
capitão Nicolau Coelho; e a nau que transportava os alimentos, São Miguel, comandada por
Gonçalo Nunes.
Levavam cento e setenta homens, entre marujos, escrivães, religiosos e dez degreda-
dos. Partiram da Praia do Restelo, em Lisboa, em 8 de julho de 1497, à procura do caminho
marítimo para a Índia, o reino das especiarias, como cravo, canela e pimenta, então cobi-
çados em toda a Europa.
Em 22 de novembro, dobraram o Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África, fa-
Capa da adaptação da obra Os lusíadas de Luiz Vaz de çanha só realizada por Bartolomeu Dias, dez anos antes. Mas agora já haviam ultrapassado
Camões feita por Rubem Braga. o último ponto atingido por aquele navegante na costa oriental da África e continuavam a
trajetória para o norte, por águas jamais singradas por naves europeias.

CAMÕES, Luís Vaz de. Os lusíadas. Adaptação de Rubem Braga e Edson Braga. São Paulo: Scipione, 1997. p. 5.

O texto lido, formalmente, é um exemplo de prosa, porque se estrutura por meio de parágrafos, compostos por períodos com o ritmo da lingua-
gem falada. Nesse sentido, é uma expressão diferente do texto anterior. O que os aproxima é o fato de que ambos contam uma história. Quando o
conteúdo de um texto expressa uma narrativa, dizemos que esse texto está escrito em prosa, porque esse termo está relacionado ao ato de contar.
Por isso, podemos concluir que, quanto à forma, o primeiro texto é um poema, enquanto o segundo é um exemplo de prosa. Em relação ao conteúdo,
ambos são exemplos de prosa, porque contam algo, expressando fatos de uma realidade.

Agora atente ao texto seguinte. Leia-o silenciosamente e depois oralmente.


O amor é um fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
CAMÕES, Luís Vaz de. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000164.pdf. Acesso em: 28 abr. 2021.

Depois da leitura do excerto do texto de Camões, você deve ter observado que, formalmente, é um poema, pelas características já conhecidas,
como o fato de ser organizado em versos. Quanto ao seu conteúdo, ele não narra objetivamente um fato da realidade; ao contrário, revela a intenção de
sensibilizar o leitor por meio de recursos específicos da linguagem, como a escolha das palavras e um arranjo especial para favorecer a sensibilização
esperada. Por isso, a estrofe apresentada, por seu conteúdo, é uma expressão de poesia, formalmente apresentada por um poema. Muita gente con-
funde os dois conceitos, mas não se esqueça de que não são sinônimos, já que o poema se refere aos aspectos externos e formais do texto, enquanto a
poesia se relaciona com o conteúdo e a expressão da emoção.
Quando a prosa expressa conteúdo poético e se distancia do objetivo de simplesmente contar um fato, temos uma prosa poética. Como afirma o
professor Fernando Paixão:
[...] No caso da prosa poética, fica evidente que sua característica principal está relacionada com as qualidades da prosa; por
isso mesmo, apresenta uma tendência voltada para acolher textos maiores – narrativos ou não –, mesmo que procure fixar um olhar
lírico sobre a realidade. As frases e parágrafos acabam por supor uma dinâmica extensiva para o texto e as imagens evocadas. Em
geral, a prosa poética costuma recorrer a figuras típicas da poesia, como a aliteração, a metáfora, a elipse, a sonoridade das frases
etc. Contudo, o emprego desses elementos subordina-se ao ritmo mais alongado do discurso, voltado para ser, ao final das contas,
uma boa prosa.
PAIXÃO, Fernando. Poema em prosa: problemática (in)definição. Disponível em:
https://www.academia.org.br/abl/media/Revista%20Brasileira%2075%20-%20PROSA.pdf. Acesso em: 3 abr. 2021.

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Anotações
Agora você poderá comprovar que a poesia não é exclusiva do poema.
Leia o trecho a seguir, de uma crônica de Rubem Braga, que apresenta características de prosa poética:
Lembro-me do dia em que fui perto de sua casa apanhar o retrato, que me prometera na véspera.
Esperei-a junto a uma árvore; chovia uma chuva fina. Lembro-me que tinha uma saia escura e uma blusa
de cor viva, talvez amarela; que estava sem meias. Os leves pelos de suas pernas lindas queimados pelo
sol de todo o dia na praia estavam arrepiados de frio. Senti isso mais do que vi, e, entretanto, esta é a
minha impressão mais forte de sua presença de 14 anos: as pernas nuas naquele dia de chuva, quando
a grande amendoeira deixava cair na areia grossa pingos muito grandes. Falou muito perto de mim, e
perguntei se tomara café; seu hálito cheirava a café. Riu, e disse que sim, com broas. Broas quentinhas,
eu queria uma? Saiu correndo, deu a volta à casa, entrou pelos fundos, voltou depois (tinha dois ou três
pingos de água na testa) com duas broas ainda quentes na mão. Tirou do seio a fotografia e me entregou.

Dei uma volta pela praia e pelas pedras para ir para casa. Lembro-me do frio vento sul, e do mar
limpo, da água transparente, em maré baixa. Duas ou três vezes tirei do bolso a fotografia, protegendo-a
com as mãos para que não se molhasse, e olhei. Não estava, como neste sonho de agora, sentada em
uma canoa, e não me lembro como estava, mas era na praia e havia uma canoa. “Com sincero afeto…”
Comi uma broa devagar como uma espécie de unção.
BRAGA, Rubem. Uma lembrança. In: MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. 21. ed. São Paulo: Cultrix,
1998. p. 545-547.

A periodização da literatura brasileira e da literatura portuguesa


Para facilitar o estudo da evolução histórica da literatura brasileira e da literatura portuguesa, organizam-se suas
manifestações em períodos ou estilos de época. Os marcos históricos de início e fim de cada período são publicações
significativas que sintetizam um conjunto de características que as difere das obras existentes até então. Em geral, a
literatura acompanha outras expressões artísticas com as quais convive e compartilha características em comum.
A literatura portuguesa, formalmente, surge durante a Idade Média, quando Portugal se constitui como país. A
brasileira é estudada a partir do século XVI, com as primeiras produções sobre a terra “recém-descoberta”. Observe a li-
nha do tempo a seguir para compreender a evolução da nossa literatura. Separamos os três primeiros períodos, porque
eles não ocorreram no Brasil.
Syda Productions/Shutterstock

Literatura portuguesa
Trovadorismo Humanismo Classicismo

Séculos XII a XV Século XV Século XVI

Literatura brasileira

Era colonial Era nacional


Quinhentismo e Realismo,
literatura de Barroco Arcadismo Romantismo Naturalismo e Simbolismo Pré-Modernismo Modernismo
informação Parnasianismo

1500 1601 1768 1836 1881 1893 1902 1922


Carta, de “Prosopopeia”, Obras poéticas, Suspiros poéticos Memórias póstumas Missal e broquéis, Os sertões, Semana de
Pero Vaz de Bento de Cláudio e saudades, de Brás Cubas, de Cruz e Sousa de Euclides Arte Moderna
de Caminha Teixeira Manuel da Costa de Gonçalves de Machado de Assis da Cunha
de Magalhães O mulato,
de Aluísio Azevedo

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Literatura

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Unidade 1

Figuras de linguagem
As figuras de linguagem são recursos para tornar os textos mais expressivos, a partir da extrapolação do alcance das
palavras e das construções da língua. Essas figuras contribuem para que a comunicação ocorra de maneira alternativa
e mais expressiva. Na literatura, haverá uso intenso das figuras de linguagem, que aparecem também na linguagem
coloquial, na publicidade e em ditos populares.
O termo “figuras de linguagem” tem sentido amplo e se refere a um conjunto de recursos linguísticos que alguns
estudiosos dividem em quatro categorias: figuras de palavras (recursos que afetam o sentido da palavra), figuras de
pensamento (referem-se ao sentido da palavra em contexto), figuras de construção (relacionadas a aspectos de sintaxe
ou de concordância verbal e nominal: desvios de ordem, omissões ou excessos) e figuras de harmonia (centram-se na
representação sonora).

Leia, a seguir, trechos da canção “Faltando um pedaço”, de Djavan.


O amor é um grande laço
Um passo pr´uma armadilha
Um lobo correndo em círculos
Pra alimentar a matilha.
[...]
O amor é como um raio
Galopando em desafio
Abre fendas cobre vales
Revolta as águas dos rios.
FALTANDO um pedaço. Intérprete: Djavan. Compositor: Djavan. EMI-Odeon, 1982. Disponível em: https://www.letras.com/
djavan/45524/. Acesso em: 24 fev. 2021.

Observe que, para conceituar o amor, o compositor não resgata o sentido dicionarizado do termo, porque não é a
sua intenção tratar do tema com um sentido único para a palavra (sentido denotativo). Ele relaciona esse sentimento
a um objeto, a uma ação, a um ato instintivo e, depois, a um fenômeno da natureza, porque quer uma expressão de
sentido conotativo, múltiplo, criativo e figurado. O que será que o eu lírico quer expressar ao afirmar que “O amor é um
grande laço”, “Um passo pr´uma armadilha”, “Um lobo correndo em círculos”? E mais, o que significa a afirmação “O amor
é como um raio”?

Troque ideias com os colegas sobre o que vocês compreenderam das expressões destacadas pelas aspas, antes de continuarmos.

Note que, nas duas estrofes, o autor cria relações entre as palavras para esclarecer o conceito de amor. Ao analisar as Evidencie a comparação
implícita que há nas ex-
estruturas frasais usadas por ele, você verá que, quando ele diz “O amor é um grande laço”, ele faz uso de uma metáfora, pressões que conceituam o
que é uma comparação implícita, indireta e subentendida. Sabemos que o amor não é, literalmente, um laço, mas acei- amor: o amor é um grande
laço, um passo para uma
tamos que é um sentimento que pode possuir alguma característica desse artefato, como a função de amarrar, prender, armadilha, um lobo corren-
entre outros sentidos. Ao dizer “O amor é como um raio”, opta-se por uma expressão explícita, chamada comparação, do em círculos, é como um
evidenciada pela palavra “como”. raio. Chame a atenção para
a diferença de sentido na
Além dessas duas figuras de linguagem, existem outras que também são usadas em diferentes situações e gêne- última expressão, que apre-
ros textuais. Leia o quadro a seguir para conhecer algumas delas. senta a palavra “como”.

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Anotações
Figura de
Conceito Exemplo
linguagem
“Na messe, que enlourece, estremece a
Aliteração Repetição de consoantes nas palavras. quermesse” (Um sonho, Eugênio de Castro)
Observe a repetição dos fonemas /s/ e /m/.
Se você pensasse melhor,
Repetição da mesma palavra ou grupo de
Se você escutasse mais,
Anáfora palavras no princípio de frases ou versos
Tudo seria tranquilo,
consecutivos.
Tudo estaria em seu lugar.
Uso de palavras de sentido oposto na mesma Iniciou a pesquisa durante o dia e só a concluiu à
Antítese
frase. noite.
Substituição de um nome próprio pela O pai da aviação nasceu no Brasil. (referência a
Antonomásia
característica que o distingue. Santos Dumont)
“Na messe, que enlourece, estremece a
Assonância Repetição de vogais nas palavras. quermesse” (Um sonho, Eugênio de Castro)
Observe a repetição do fonema /e/.
Uso de expressão sem considerar seu sentido Ninguém embarcou na mentira contada por ele.
Catacrese
original, por falta de outra. Você pode cortar um dente de alho, por favor?
Vários alpinistas abotoaram o paletó na tentativa
de escalar aquela montanha.
Eufemismo Uso de termo que suaviza uma expressão. (Morrer: descansar, dar o último suspiro, entregar a
alma a Deus, esticar a canela, ir desta para melhor,
subir no telhado.)
Os escoteiros arrumaram seus equipamentos,
Ideias expressas em uma escala ascendente
Gradação repassaram as orientações e começaram a explorar
ou descendente.
o bosque.
“Ouviram do Ipiranga às margens plácidas
Hipérbato Inversão de termos na frase ou no verso. De um povo heroico o brado retumbante...” (Hino
Nacional Brasileiro)
Expressão exagerada que transmite O diretor da escola teve de ouvir um mar de
Hipérbole
intensidade. reclamações dos pais.
Trabalha com o sentido contrário, quando se Que bonito, você está quebrando os brinquedos
Ironia
diz algo querendo expressar outra ideia. porque quer!
Situações de substituição, de aproximação
de sentido. Pode compreender relações de
Beberei um Porto enquanto leio Eça de Queirós.
Metonímia parte/todo, continente/conteúdo, causa/
Não uso gilete para me barbear.
efeito, autor/obra, marca/produto, entre
outras.
Imitação da voz ou do som emitido pelos À medida que subiam, escutava-se o croooc das
Onomatopeia
seres ou produzidos por objetos. pequenas pedras que se rompiam.
No campo aberto, fazia um frio que queimava
Paradoxo Ideias aparentemente contraditórias.
mais que o fogo.
Substituição de um nome por uma
Perífrase expressão que identifica um ser, a partir de A lagoa fica próxima à Cidade Maravilhosa.
características de conhecimento público.
Atribui-se uma característica humana a um
Personificação O vento ruge muito forte nesta região.
ser não humano.
Pleonasmo Repetição desnecessária. A série é baseada em fatos reais.
Fusão de dois ou mais sentidos para criar
Sinestesia Ele tinha uma visão amarga da vida.
uma sensação inédita.
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Literatura

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Unidade 1

Blog e vlog literários


O blog é um espaço virtual que funciona como suporte para a divulgação de diferentes gêneros textuais. É literário quando objetiva expor exclu-
sivamente textos literários e sobre literatura, como as resenhas. Na sua origem, o blog caracterizava-se por um caráter mais pessoal, já superado pela
prática profissional, técnica e acadêmico-científica, por também abarcar áreas muito especializadas, reveladoras de notório saber. Ainda que os blogs
privilegiem o texto escrito, os blogueiros usam recursos complementares, como imagens, áudios e vídeos.
O vlog é uma versão de blog cujo conteúdo é gravado em vídeos. Os de natureza literária abordam temas relacionados à literatura e ao estímulo
à leitura. Os vlogueiros produzem seus vídeos e os apresentam em plataformas específicas, em espaços individuais chamados canais. Além disso,
contam com outros espaços de divulgação nas redes sociais.
Já falamos sobre a diferença entre blog e vlog, mas uma tendência atual é usar a estrutura do blog para publicar somente fotos. Nesse caso, o espaço
virtual passa a se chamar flog. Os vlogs se manifestam exclusivamente por meio de vídeos; os flogs, por fotos. No entanto, os blogs podem conciliar todas
essas linguagens no mesmo espaço. O contrário não é possível.

Relatam-se Publicação
fatos cotidianos frequente de
relacionados conteúdos com
à leitura e à textos verbais e
literatura. não verbais.

Vlog Blog
Postagens
frequentes
literário Estrutura
simples e pré-
literário
com conteúdos -formatada.
gravados em Exige habilidade
vídeos curtos. de escrita.

Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12

Faça em sala
Sob uma chuva de rosas
1. Identifique as afirmações com V de verdadeiras ou F de falsas. Em se-
Meu sangue jorra das veias
guida, reescreva as falsas para que se tornem verdadeiras.
E tinge um tapete
a) ( V ) A noção de belo pode ser representada por uma série de Pra ela sambar
conceitos, de acordo com a noção de cultura de cada um. É a realeza dos bambas
Que quer se mostrar
Soberba, garbosa
b) ( F ) A função catártica da literatura tem a ver com o conceito de Minha escola é um cata-vento a girar
belo. É verde, é rosa
A função catártica da literatura tem a ver com a descarga emocional. Oh, abre alas pra Mangueira passar
BUARQUE, C.; CARVALHO, H. B. Chico Buarque de Mangueira. Marola
c) ( V ) A função lúdica da literatura está relacionada ao deleite e à Edições Musicais Ltda. BMG. 1997. Disponível em:
diversão. www.chicobuarque.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010.

Texto II
d) ( F ᠥ£żģĪᠵƫĪÿǿƣŰÿƣƢǀĪƸǀģżÿƢǀŏŧżƢǀĪƫĪĪƫĜƣĪǜĪīŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ᠇ Quando a escola de samba entra na Marquês de Sapucaí,
a plateia delira, o coração dos componentes bate mais forte e
A literatura é uma manifestação artística que recria a realidade por
meio da palavra, usada de modo criativo e artístico. o que vale é a emoção. Mas, para que esse verdadeiro espetá-
culo entre em cena, por trás da cortina de fumaça dos fogos de
2. ENEM
artifício, existe um verdadeiro batalhão de alegria: são costu-
Texto I reiras, aderecistas, diretores de ala e de harmonia, pesquisa-
Chão de esmeraldas dor de enredo e uma infinidade de profissionais que garantem
que tudo esteja perfeito na hora do desfile.
Me sinto pisando
Um chão de esmeraldas AMORIM, M.; MACEDO, G. O espetáculo dos bastidores.
Revista de Carnaval 2010: Mangueira. Rio de Janeiro:
Quando levo meu coração
Estação Primeira de Mangueira, 2010.
À Mangueira
9

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3. Ao corrigir a questão, chame a atenção para os seguintes aspectos: a) “cara” e “coração” substituem “exterior” e “interior”, respectivamente; b) a palavra
“feito” equivale a “como”; c) as palavras “morto” e “vivo” se opõem; d) a ironia está no fato de evidenciar que a pessoa é boa em outro aspecto que não o
de sua atividade. No caso do exemplo, para expressar que a pessoa não é um bom escritor; e) “já não está entre nós” significa que o pai morreu; f) “rio de
lágrimas” é uma expressão de exagero para dizer que “chorou muito”.
Ambos os textos exaltam o brilho, a beleza, a tradição e o compromis- 4. ENEM
so dos dirigentes e de todos os componentes com a escola de samba Blog é concebido como um espaço onde o blogueiro é livre
Estação Primeira de Mangueira. Uma das diferenças que se estabelece para expressar e discutir o que quiser na atividade da sua es-
entre os textos é que crita, com a escolha de imagens e sons que compõem o todo
a) o artigo jornalístico cumpre a função de transmitir emoções e do texto veiculado pela internet, por meio dos posts. Assim,
sensações, mais do que a letra de música. essa ferramenta deixa de ter como única função a exposição
b) a letra de música privilegia a função social de comunicar a seu de vida e/ou rotina de alguém – como em um diário pessoal
público a crítica em relação ao samba e aos sambistas. –, função para qual serviu inicialmente e que o popularizou,
c) a linguagem poética, no Texto 1, valoriza imagens metafóricas e a permitindo também que seja um espaço para a discussão de
própria escola, enquanto a linguagem, no Texto 2, cumpre a função ideias, trocas e divulgação de informações.
de informar e envolver o leitor. A produção dos blogs requer uma relação de troca, que aca-
ba unindo pessoas em torno de um ponto de interesse comum.
d) ao associar esmeraldas e rosas às cores da escola, o Texto 1 acende a
A força dos blogs está em possibilitar que qualquer pessoa, sem
rivalidade entre escolas de samba, enquanto o Texto 2 é neutro.
nenhum conhecimento técnico, publique suas ideias e opiniões
e) o Texto 1 sugere a riqueza material da Mangueira, enquanto o Texto na web e que milhões de outras pessoas publiquem comentários
2 destaca o trabalho na escola de samba. Resposta C. sobre o que foi escrito, criando um grande debate aberto a todos.

3. Identifique as figuras de linguagem percebidas nas expressões popula- LOPES, B. O. A linguagem dos blogs e as redes sociais. Disponível em:
www.fateczl.edu.br. Acesso em: 29 abr. 2013 (adaptado).
res a seguir.
De acordo com o texto, o blog ultrapassou sua função inicial e vem se
a) Quem vê cara, não vê coração. Metonímia.
________________________________
destacando como
b) Ele é esperto feito uma raposa. Comparação.
_______________________________
a) estratégia para estimular relações de amizade.
c) Estava mais morto que vivo.Antítese.
__________________________________
b) espaço para exposição de opiniões e circulação de ideias.
d) Como escritor, ele é um ótimo cozinheiro. Ironia.
______________________
c) gênero discursivo substituto dos tradicionais diários pessoais.
e) Meu pai já não está entre nós. Eufemismo.
________________________________
d) ferramenta para aperfeiçoamento da comunicação virtual escrita.
f) Já chorei um rio de lágrimas. Hipérbole.
_________________________________
e) recurso para incentivar a ajuda mútua e a divulgação da rotina diária.
Resposta B.

Faça em casa
1. ENEM A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma
nação. Ela está presente nas lembranças do passado e no acervo cultu-
Guardar
ral de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das maneiras de se
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. guardar o que se quer, o texto
Em cofre não se guarda coisa alguma.
a) ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da
Em cofre perde-se a coisa à vista.
memória social de um povo.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. b) valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por populares ou coletivas.
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
c) reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os
isto é, estar por ela ou ser por ela.
valores humanos.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos. d) destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, possuem maior repertório cultural.
por isso se declara e declama um poema:
e) revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de
Para guardá-lo:
preservação da memória cultural. Resposta C.
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.).
Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
10
Literatura

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Unidade 1

FUVEST 5. ENEM
Leia o texto para as questões 2 a 4, a seguir. Canção amiga
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a ime- Eu preparo uma canção,
diata referencialidade da linguagem corrente; poéticos, abolem, em que minha mãe se reconheça
“destroem” o mundo circundante, cotidiano, graças à função ir-
todas as mães se reconheçam
realizante da imaginação que os constrói. E prendem-nos na teia
e que fale como dois olhos.
de sua linguagem, a que devem o poder de apelo estético que nos
[...]
enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado [...]. No
entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando retornamos Aprendi novas palavras
ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela experiência E tornei outras mais belas.
da obra, à luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sen-
tindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A ilusão, a Eu preparo uma canção
mentira, o fingimento da ficção, aclara o real ao desligar‐se dele, que faça acordar os homens
transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que em nós provocou. e adormecer as crianças.
Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de papel. ANDRADE, C. D. Canção amiga. In: ANDRADE, C. D. Novos poemas.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1948. (Fragmento)
O que eu precisava era ler um romance fantástico, um
romance besta, em que os homens e as mulheres fossem A linguagem do fragmento apresentado foi empregada pelo autor com
criações absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se. o objetivo principal de
Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas a) transmitir informações, fazer referência a acontecimentos
leituras já não me comovem. observados no mundo exterior.
Graciliano Ramos, Angústia.
b) envolver, persuadir o interlocutor, nesse caso, o leitor, em um forte
Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado apelo à sua sensibilidade.
de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao c) ƣĪÿŧğÿƣżƫƫĪŲƸŏŰĪŲƸżƫģżĪǀŧőƣŏĜż᠁ƫǀÿƫƫĪŲƫÿğƛĪƫ᠁ƣĪǵŧĪǢƛĪƫĪ
gosto do público. Solilóquio doido, enervante. opiniões frente ao mundo real.
Graciliano Ramos, Memórias do cárcere, em nota a respeito d) destacar o processo de construção desse poema, ao falar sobre o
de seu livro Angústia.
papel da própria linguagem e do poeta.
Enlear: confundir.
e) ŰÿŲƸĪƣĪǿĜŏĪŲƸĪżĜżŲƸÿƸżĜżŰǀŲŏĜÿƸŏǜżĪŲƸƣĪżĪŰŏƫƫżƣģÿ
mensagem, de um lado, e o receptor, de outro. Resposta D.
2. O argumento de Benedito Nunes, em torno da natureza artística da lite-
ratura, leva a considerar que a obra só assume função transformadora se 6. UFPE
a) estabelece um contraponto entre a fantasia e o mundo. O olhar também precisa aprender a enxergar

b) utiliza a linguagem para informar sobre o mundo. Há uma historinha adorável, contada por Eduardo Galeno,
c) ŏŲƫƸŏŃÿŲżŧĪŏƸżƣǀŰÿÿƸŏƸǀģĪƣĪǵŧĪǢŏǜÿģŏÿŲƸĪģżŰǀŲģż᠇ escritor uruguaio, que diz que um pai, morador lá do interior
do país, levou seu filho até a beira do mar. O mesmo nunca
d) oferece ao leitor uma compensação anestesiante do mundo.
tinha visto aquela massa de água infinita. Os dois pararam so-
e) conduz o leitor a ignorar o mundo real. Resposta C.
bre um morro. O menino, segurando a mão do pai, disse: “Pai,
3. ®Ī ż ģŏƫĜǀƣƫż ŧŏƸĪƣĀƣŏż ᡆÿĜŧÿƣÿ ż ƣĪÿŧ ÿż ģĪƫŧŏŃÿƣᠶƫĪ ģĪŧĪ᠁ ƸƣÿŲƫłŏŃǀƣÿŲģżᠶżᡇ᠁ me ajuda a olhar”. Pode parecer uma história de fantasia, mas
ƠżģĪᠶƫĪģŏǭĪƣƢǀĪhǀőƫģÿ®ŏŧǜÿ᠁żŲÿƣƣÿģżƣᠵƠƣżƸÿŃżŲŏƫƸÿģĪAngústia, já não deve ser a exata verdade, representando a sensação de falta-
ƫĪĜżŰżǜĪĜżŰÿŧĪŏƸǀƣÿģĪᡆŊŏƫƸŽƣŏÿƫłĀĜĪŏƫ᠁ƫĪŰÿŧŰÿƫĜżŰƠŧŏĜÿģÿƫᡇƠżƣƢǀĪ rem não só palavras, mas também capacidade para entender
a) ƣĪšĪŏƸÿ᠁ĜżŰżšżƣŲÿŧŏƫƸÿ᠁ÿĪƫĜƣŏƸÿģĪǿĜğĘż᠇ o que é que estava se passando ali.
b) ƠƣĪłĪƣĪÿŧŏĪŲÿƣᠶƫĪĜżŰŲÿƣƣÿƸŏǜÿƫīƠŏĜÿƫ᠇ Agora imagine o que se passa quando qualquer um de
c) é indiferente às histórias de fundo sentimental. nós passa diante de uma obra de arte visual: como olhar
para aquilo e construir seu sentido na nossa percepção? Só
d) está engajado na militância política.
com auxílio mesmo. Não quer dizer que a gente não se emo-
e) se afunda na negatividade própria do fracassado. Resposta E.
cione apenas por ser exposto a um clássico absoluto, um
4. Para Graciliano Ramos, Angústia não faz concessão ao gosto do público Picasso, um Niemeyer, um Caravaggio. Quer dizer apenas
na medida em que compõe uma atmosfera que a gente pode ver melhor se entende melhor a lógica da
a) dramática, ao representar as tensões de seu tempo. criação.
b) grotesca, ao eliminar a expressão individual. (Luís Augusto Fischer. Folha de S.Paulo)

c) satírica, ao reduzir os eventos ao plano do riso. Esse pequeno texto pode ser aplicado a nossas experiências diante da
d) ingênua, ao simular o equilíbrio entre sujeito e mundo. Arte. Em relação à Literatura, a arte feita com as palavras, cabe a se-
e) alegórica, ao exaltar as imagens de sujeira. Resposta A. guinte consideração:
11

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a) as criações literárias são eminentemente metafóricas; ou seja, a a) Bem!... Vai ver que em vez de mente meu pai quis dizer cabeça.
metáfora somente ocorre em textos literários. b) ®ĪīÿƫƫŏŰ᠁ƠżƣƢǀĪǜżĜįǿĜÿłżƣÿģżÿƣ᠁ģĪǜĪǭĪŰƢǀÿŲģż᠈
b) a Literatura prima por manter as palavras em seus sentidos básicos, c) FŏŧŏƠĪ᠇᠇᠇ßżĜįÿĜŊÿ᠁ĪŲƸĘż᠁ƢǀĪżŰĪǀƠÿŏŰĪŲƸĪ᠈
denotativos, como se diz.
d) Olhei pelo buraco do seu ouvido e não vi nada...
c) as obras literárias têm um sentido explícito cuja autêntica
percepção envolve sobretudo o conhecimento da língua. e) Pra você, com esse topete que parece uma antena, é fácil!
Resposta A.
d) os romances, por exemplo, exercem, como função primeira, a 9. ENEM
capacidade de nos informar sobre os fatos históricos de nosso meio.
e) toda produção literária são criações artísticas e somente podem ser

Reprodução/Enem, 2004.
percebidas em seu sentido estético e fantasioso. Resposta E.

7. ENEM

Reprodução/Enem, 2011.
Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas
figuras de linguagem para
a) condenar a prática de exercícios físicos.
O argumento presente na charge consiste em uma metáfora relativa à b) valorizar aspectos da vida moderna.
teoria evolucionista e ao desenvolvimento tecnológico. Considerando o c) desestimular o uso das bicicletas.
contexto apresentado, verifica-se que o impacto tecnológico pode oca-
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
sionar:
a) o surgimento de um homem dependente de um novo modelo e) criticar a falta de perspectiva do pai. Resposta E.

tecnológico. 10. ENEM


b) a mudança do homem em razão dos novos inventos que destroem

Reprodução/Enem, 2014.
sua realidade.
c) a problemática social de grande exclusão digital a partir da
interferência da máquina.
d) ÿŏŲǜĪŲğĘżģĪĪƢǀŏƠÿŰĪŲƸżƫƢǀĪģŏǿĜǀŧƸÿŰżƸƣÿěÿŧŊżģżŊżŰĪŰ᠁
em sua esfera social.
e) o retrocesso do desenvolvimento do homem em face da criação de
ferramentas como lança, máquina e computador. Resposta A.

8. FAMERP
Reprodução/Famerp, 2018.

Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de pro-


blemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. Nesse sen-
tido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para
a) informar crianças vítimas de violência sexual sobre os perigos dessa
prática, contribuindo para erradicá-la.
b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o
objetivo de colocar criminosos na cadeia.
c) dar a devida dimensão do que é abuso sexual para uma criança,
enfatizando a importância da denúncia.
(Quino. Toda Mafalda, 2012. Adaptado.) d) destacar que a violência sexual infantil predomina durante a noite,
O autor inseriu no balão do último quadrinho uma fala que exemplifica o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse período.
o conceito de metonímia (figura de linguagem baseada numa relação e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer durante o
de proximidade). Essa fala é: sono, sendo confundido por algumas crianças com um pesadelo.
12 Resposta C.
Literatura

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Unidade 1

11. UNICAMP Flamejante: que chama a atenção (sentido figurado).


Entre todas as palavras do momento, a mais flamejante
Manchete: título, em letras grandes, que se dá a uma matéria de jornal ou
talvez seja desigualdade. E nem é uma boa palavra, incomoda. revista.
Começa com des. Des de desalento, des de desespero, des de
desesperança. Des, definitivamente, não é um bom prefixo. A crônica instiga o leitor a ficar atento à desigualdade na cidade de São
Desigualdade. A palavra do ano, talvez da década, não im-
Paulo. Assinale a alternativa que identifica corretamente os recursos
porta em que dicionário. Doravante ouviremos falar muito nela.
expressivos (estilísticos e literários) de que se vale o autor.
De-si-gual-da-de. Há quem não veja nem soletre, mas está
escrita no destino de todos os busões da cidade, sentido centro/ a) A desigualdade está escrita nas linhas de trens e ressoa nos versos
subúrbio, na linha reta de um trem. Solano Trindade, no sinal de Solano Trindade: onomatopeia.
fechado, fez seu primeiro rap, “tem gente com fome, tem gente b) No destino dos transportes coletivos no sentido centro/subúrbio é
com fome, tem gente com fome”, somente com esses subs- possível viver a desigualdade: eufemismo.
tantivos. Você ainda não conhece o Solano? Corra, dá tempo.
c) A desigualdade se mostra na expectativa de vida dos moradores de
Dá tempo para você entender que vivemos essa desigualdade.
bairros bem situados e periferias: alusão.
Pegue um busão da Avenida Paulista para a Cidade Tiradentes,
passe o vale-transporte na catraca e simbora – mais de 30 qui- d) Na cobertura da imprensa, números da desigualdade perdem para
lômetros. O patrão jardinesco vive 23 anos a mais, em média, pontos da bolsa de valores: ambiguidade. Resposta A.
do que um humaníssimo habitante da Cidade Tiradentes, por
todas as razões sociais que a gente bem conhece. 12. Unicamp
Evitei as estatísticas nessa crônica. Podia matar de deses- Entre os versos de Gilberto Gil transcritos a seguir, podemos identificar
perança os leitores, os números rendem manchete, mas ca- uma relação paradoxal em:
recem de rostos humanos. Pega a visão, imprensa, só há uma a) ᡆ®żǀǜŏƣÿŰǀŲģżǜŏƣÿģż᠓ƠĪŧżŰǀŲģżģżƫĪƣƸĘż᠇ᡇ
possibilidade de fazer a grande cobertura: mire-se na desi-
b) ᡆhżǀǜżÿŧǀƸÿƣĪƠĪƸŏģÿ᠓ģÿǜŏģÿƠƣÿŲʿۿƣƣĪƣ᠇ᡇ
gualdade, talvez não haja mais jeito de achar que os pontos
da bolsa de valores signifiquem a ideia de fazer um país. c) ᡆ'Īģŏÿ᠁'ŏÿģżƣŏŰ᠁᠓ģĪŲżŏƸĪ᠁ĪƫƸƣĪŧÿƫĪŰǿŰ᠇ᡇ
(Adaptado de Xico Sá, A vidinha sururu da desigualdade d) ᡆ¼żģÿƫÿǀģÿģĪīƠƣĪƫĪŲğÿ᠓ģÿÿǀƫįŲĜŏÿģĪÿŧŃǀīŰ᠇ᡇ Resposta C.
brasileira. Em El País, 28/10/2019. Disponível em https://brasil.
elpais.com/brasil/2019/10/28/opinion/1572287747_637859.
html?fbclid=IwAR1VPA7qDYs1Q0Ilcdy6UGAJTwBO_
snMDUAw4yZpZ3zyA1ExQx_XB9Kq2qU. Acessado em 25/05/2020.)

Junte os pontos
ŊĪŃÿŰżƫÿżłŏŲÿŧģÿÃŲŏģÿģĪᙷ᠇ěƫĪƣǜĪ᠁ĜżŰÿƸĪŲğĘż᠁żĪƫƢǀĪŰÿƢǀĪƫŏŲƸĪƸŏǭÿżƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫÿƫƠĪĜƸżƫģżƫĜżŲƸĪǁģżƫƸƣÿěÿŧŊÿģżƫ᠇/ŰƫĪŃǀŏģÿ᠁
responda às questões propostas.
Literatura

Conceito: manifestação Natureza da linguagem:


Funções: cognitiva, estética, Divulgação: blogs e
artística que recria a realidade predominantemente
lúdica, catártica, social. vlogs literários.
por meio da palavra. conotativa.

Algumas figuras de linguagem: metáfora,


Manifestação: poesia,
metonímia, comparação, aliteração, anáfora,
prosa, poema.
antítese, assonância, eufemismo, entre outras.

Depois de analisar o esquema, responda: 2. De que forma os blogs e vlogsģŏǜǀŧŃÿŰÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿÿƸǀÿŧŰĪŲƸĪ᠈


1. Cite qual(is) da(s) função(ões) da literatura está(ão) estritamente rela- Os blogs e os vlogs divulgam a literatura, estimulando a leitura por meio
cionada(s) à expressão da sensibilidade e da percepção do autor. de comentários, resenhas escritas e vídeos com a experiência de
A função que está estritamente relacionada à expressão da sensibilidade
leitura dos vlogueiros.
do autor é a função estética. Entretanto, as funções lúdica e catártica

também servem a esse propósito.

13

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Un
ida
de
Gêneros literários e
2 multimodalidade
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP06, Inicie a jornada!
EM13LP13, EM13LP46,
EM13LP52

Marjan Apostolovic/Shutterstock
Nesta unidade você
irá estudar:
os gêneros lírico,
épico e dramático; a
multimodalidade, o
ciberpoema e o audiolivro.

As mídias digitais facilitam o acesso à literatura a um número cada vez maior de pessoas.

Ao recriar a realidade por meio da palavra, o escritor é livre. Ele cria sua obra com finalidade estética, artística, e
utiliza os gêneros literários para se manifestar de forma consciente e com domínio técnico. Esses gêneros são categorias
em que podemos agrupar os textos literários que apresentam características em comum. São três e se classificam em:
lírico, épico e dramático.

O gênero lírico: formas de expressão


Leia o excerto a seguir.

[...] Por isso me dispo,


Não, meu coração não é maior que o mundo Por isso me grito,
É muito menor. Por isso frequento os jornais, me exponho
Nele não cabem nem as minhas dores. Cruamente nas livrarias:
Por isso gosto tanto de me contar. Preciso de todos.
ANDRADE, Carlos Drummond de. Mundo grande.
In: Sentimento do mundo. 12. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 173.
14
Literatura

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Unidade 2

Anotações
O texto lido, estruturalmente, é um poema, constituído de versos que compõem uma unidade melódica. Observe
que a voz que fala no texto, chamada de eu lírico᠁ĪƫƸĀƫĪĪǢƠƣĪƫƫÿŲģżŲÿᙷa pessoa do singular (eu). Note também que
essa voz trata do seu mundo íntimo, fala sobre seu sentimento diante do mundo, de modo subjetivo, a partir de uma
natureza poética. O conjunto de obras que revela impressões do mundo interior e a expressão dos sentimentos, desper-
tando emoções variadas em quem as lê, é denominado gênero lírico.

Vá além
O gênero lírico se manifesta por meio de subgêneros, como elegia (composições referentes à tristeza e ao luto), ode (canto de
exaltação), madrigal (composições que apresentam pensamentos graciosos, em uma discreta e galante confissão de amor) e
écloga (poemas bucólicos, com temas pastoris, relativos ao campo), entre outros.

O gênero épico: modos de contar


Os textos em que se contam histórias podem apresentar-se, formalmente, em verso ou em prosa. As epopeias,
por exemplo, são poemas narrativos que exaltam fatos históricos, como Os lusíadas, de Luís Vaz de Camões. Já a
adaptação de Rubem Braga e Edson Rocha Braga para essa mesma obra é organizada em parágrafos, respeitando
o ritmo da fala. Independentemente da forma utilizada pelo escritor (prosa ou verso), apresentam, em geral, os
mesmos elementos.

Elementos da
Caracterização
narrativa
Voz que conta a história. Pode ser narrador-personagem (narra a história sob seu ponto de
Narrador vista), narrador-observador (assume postura neutra ao narrar a história) e narrador-
-onisciente (conhece tudo sobre a história e os personagens).
ŲŃǀŧżģĪǜŏƫĘżÿƠÿƣƸŏƣģżƢǀÿŧżŲÿƣƣÿģżƣǜÿŏĜżŲƸÿƣÿŊŏƫƸŽƣŏÿ᠀ᙷa pessoa (narrador-
Foco narrativo
-personagem) ou 3a pessoa do singular (narrador-observador ou onisciente).
São os seres que compõem a história. Podem ser planos (ênfase na caracterização física e nos
comportamentos previsíveis, como o maniqueísmo – o bem e o mal) ou redondos (ênfase na
Personagens
descrição psicológica, nas ações e nos pensamentos), primários (protagonistas e antagonistas)
ou secundários.
Conjunto de fatos narrados, interligados entre si. No desenrolar do enredo se manifestam a
trama (organização dos fatos narrados), a intriga (relação, conflito entre os personagens), o
Enredo
clímax (ponto de máxima tensão na história) e o desfecho (quando se resolvem os conflitos
apresentados).
Refere-se ao momento em que a ação acontece. Pode ser cronológico (que segue a marcação
do relógio, como segundos, minutos, horas, ou do calendário, com dias, meses, etc.) ou
Tempo
psicológico (sensação interna e subjetiva do tempo, memórias, reflexões, regressões
temporais).
Espaço Refere-se aos lugares (geralmente físicos) onde o enredo se desenvolve.
A maneira como a fala dos personagens é apresentada na narrativa. O discurso pode ser direto
(o personagem se expressa com suas próprias palavras, usam-se sinais indicativos de fala, como
Discurso
travessões, aspas), indireto (o narrador conta o que falaria ao personagem) e indireto livre
(misturam-se na narrativa as falas dos personagens, sem sinais indicativos de fala).

Vá além
Além da epopeia portuguesa, do século XVI, podemos citar como exemplos os poemas épicos da Antiguidade grega: Ilíada e
Odisseia, de Homero; e Eneida, de Virgílio. Também existem exemplos brasileiros, produzidos no século XVIII, como Caramuru,
de Santa Rita Durão; e O Uraguai, de Basílio da Gama.

Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6

15

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A representação no gênero dramático
O gênero dramático expõe o conflito dos seres humanos e de seu mundo. Os textos são feitos para ser encenados,
e, geralmente, não há um narrador, a não ser que se queira sintetizar aspectos da história. Os fatos são conhecidos dire-
tamente por meio das falas dos personagens, atualizadas no momento da representação pela atuação de atores e atri-
zes. Além do texto, composto pela transcrição da fala dos personagens, há as rubricas, que são orientações de encena-
ção do autor para a interpretação do texto, para a direção do espetáculo e para a equipe técnica, que inclui iluminação,
cenário, figurino, sonoplastia, produção, etc. O texto teatral ainda pode apresentar informações sobre a estrutura exter-
na da peça, dividindo-a em atos, que são grandes partes da história. Normalmente são numerados em sequência e
compreendem subpartes que são as cenas e, dentro delas, os quadros. Quando a história não apresenta divisões, existe
a indicação “ato único”.

Vá além
Alguns exemplos de espécies do gênero dramático: a tragédia, a comédia, a farsa, o drama (espécie mista na qual se fundem
elementos da tragédia e da comédia, da mesma forma como ocorre na vida real).

A partir da leitura do texto teatral Juiz de paz na roça, indicado no ícone Click, escolham um trecho do texto e façam uma
leitura dramatizada. Comentem com o professor sobre a experiência de leitura de um texto dramático, apontando as
diferenças entre esse gênero e o épico e o lírico.

Multimodalidade
A multimodalidade é uma característica inerente ao texto, considerado um evento comunicativo materializado. Ao
contrário do que muitos pensam, o texto não se manifesta apenas pela escrita. Por meio da atuação de múltiplas moda-
lidades da linguagem, como a verbal (oral e escrita) e a não verbal (visual), ele se constitui como uma prática discursiva.
O modo de construí-lo, usando-se palavras, imagens, cores, formatos, marcas/traços tipográficos, disposição da grafia,
gestos, padrões de entonação, olhares, entre outros recursos, interfere no modo como se produz sentido e desfoca a
prioridade dada à palavra nesse processo.

O ciberpoema
O ciberpoema, ou a ciberpoesia, que integra o universo da literatura digital, é um gênero textual multimodal,
porque ressignifica a poesia por meio da interação de diversas linguagens. É um poema criado e publicado no ambiente
digital, geralmente em blogs, vlogs e sites de literatura. Para se alcançar o dinamismo típico desse gênero, utilizam-se
variados recursos tecnológicos que potencializam a expressão poética e favorecem diferenciadas interações do leitor
com o texto, na busca de novos sentidos para a leitura.
Ao contrário do poema impresso, que é estático, o ciberpoema explora novas formas de ler, como um jogo. A partir
desse recurso lúdico, pode-se mudar os versos de lugar, inverter expressões, favorecendo uma nova experiência de lei-
tura. Embora seja fruto de uma nova tecnologia, o ciberpoema pode conciliar os recursos tradicionais da estrutura do
poema (versos e rimas) com imagens, vídeos e sonoplastia, potencializando sua carga imagética. Quando se usam os
recursos dos hyperlinks, surge a poesia hipermídia, criada a partir da rede de significados que se abre para a relação com
outros textos.

O audiolivro
O audiolivro, ou audiobook, é a versão sonora de um livro, em formato muito parecido com o de um podcast e, por
isso, requer horas de trabalho, produção e cuidados técnicos. Atualmente há vários aplicativos que possibilitam sua
execução. Por sua facilidade de acesso, os audiolivros beneficiam as pessoas com necessidades especiais relacionadas à
visão, as que apresentam dislexia e as que, simplesmente, preferem ouvir a ler livros. Os audiolivros favorecem o desen-
volvimento da compreensão auditiva.
16
Literatura

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Unidade 2

/ƫƫÿŰőģŏÿ᠁ģÿłżƣŰÿĜżŰżƫĪÿƠƣĪƫĪŲƸÿÿƸǀÿŧŰĪŲƸĪ᠁łżŏĜƣŏÿģÿĪŲƸƣĪÿƫģīĜÿģÿƫģĪᙷᚅᚄᙶĪᙷᚅᚅᙶ᠇tżĪŲƸÿŲƸż᠁ÿĪǢᠵ
periência de ouvir leituras dramatizadas e sonorizadas de obras conhecidas é mais antiga, pois já se faziam sessões de
leituras em programas de rádio (radionovelas) e se gravavam os clássicos infantis em discos de vinil coloridos, em fitas
cassetes e CDs. Com as novas tecnologias, qualquer pessoa que tenha acesso a um aparelho celular pode obter audioli-
vros, muitos deles gratuitos. Eles têm sido uma boa forma de divulgar a literatura e estimular, indiretamente, a leitura.
Calcula-se que para produzir um audiobook de trezentas páginas gastam-se, em média, quarenta horas entre grava-
ção em estúdio, mixagem, finalização e equalização. Com o processo de edição, para que tudo fique perfeito, calculam-
se cerca de sessenta dias para a finalização do produto.
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12

Faça em sala
Deu-se então o caso de chegar o Uhuru, a independência.
1. Leia o excerto do conto a seguir. Depois, preencha o quadro com os ele-
A velha vovó Raquel Duzenta veio a viver na cidade que já não
mentos da narrativa, comentando e exemplificando a manifestação de
era Xilungine, mas Maputo, nome de água, nome das terras.
cada um deles.
Estava alí no Bairro do Aeroporto e ia sempre muito conten-
A desgraçada morte de Raquel Duzenta te “reunar”, de cada vez que era preciso para esclarecimentos
muitos sobre a sua própria e apagada estória, sobre a dialética
Luiz Carlos Patraquim marxista-leninista à luz da Teoria da Dependência, sobe a sua
Naquele tempo quem sabia bem o português eram só os renúncia, dela Raquel Duzenta, à Filosofía da Negritude em
assimilados. Daí que os ignorados cidadãos do “país que ainda nome da verdadeira autenticidade do processo revolucionário
não existia” adoptassem nomes que lhes deviam soar muito em Moçambique. E a velhota ouvia, batia palmas, fazia aquele
bem ao ouvido mas que, enfim..., não passariam em nenhum típico assobio das mulheres a indicar contentamento, dança-
salão da cidade colonial. va e voltava depois para a porta da sua palhota a vender lenha
Já viu, caro leitor, alguém chamar-se Aníbal Sabonete ou a 50 meticais três apuzinhos. [...]
João de Deus Sevene (que vem do inglês seven) ou Miguel Du- PATRAQUIM, Luiz Carlos. A desgraçada morte de Raquel Duzenta. O conto
zenta (a antiga moeda) ou Leonor Shipirita (que quer dizer moçambiquenho: da oralidade à escrita. Organização e compilação de
hospital)? Não pode! Lourenço do Rosário, Maria Luísa Godinho. Introdução de Lourenço do
Rosário. Rio de Janeiro: Té Corá Editora, 1994. p. 134-137.
Pois Raquel Duzenta foi assim: padre lá na catequese
mandou ao pai pôr assim, que era nome da Bíblia, e mais ape-
lido sonante, estilo Silva. Mas aqui o velho Fabião não quis e Jone: Joanesburgo, capital da África do Sul.
arranjou Duzenta, moedinha da sorte, vaticínio de prosperida- Magaíça: trabalhador moçambicano nas minas da África do Sul.
de para a menina que nascia. Makuaelas: dança tradicional moçambicana.
Mas não foi. A Raquel desconseguiu de chegar sequer a as-
similada. Viveu na terra, lá longe dos matos e fez filhos e lim-
pou os coeiros aos netos e viu seu homem ir no Jone e chegar Elementos da
várias vezes assim magaíça, grávido de Makuaelas e tachos
Comentários e exemplificação
narrativa
e sobretudos e aquela máquina de costura “Singer” que foi o
Narrador Narrador-observador.
grande marco da tecnologia dos brancos a maravilhar a aldeia
Foco narrativo 3a pessoa.
e a fazer a Raquel senhora de suas duzentas bem cobradas no
amanho das roupas de seus vizinhos clientes. Personagens Raquel Duzenta.
Depois veio uma cheia – ah, aquele Incomáti em fúria! – Narra-se a história de Raquel Duzenta, explicando
e levou tudo e da última vez que seu homem chegou a falar a origem do seu nome e a forma como se forma-
Enredo vam os nomes antigamente em Moçambique.
bem inglês e funakalô vinha já com os pulmões a refulgirem Também conta-se sobre a guerra civil no país e o
a ouro e trazia uma tosse magnífica dos buracos da terra sul- ciclo do ouro na África do Sul.
-africana. Nem nunca soube que todos os meses o avião lá do Tempo Parte da vida de Raquel Duzenta.
aeroporto de Mavalane carregava doze toneladas de ouro que
Espaço Zona rural de Moçambique e Maputo, a capital.
depois eram escarradas em Lisboa, aquela terra longe que ti-
Discurso Indireto.
nha água boa de pôr a cabeça maluca.
17

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TIÃO – Não precisa se preocupá.
2. António Manuel Ferreira, no artigo “’A morte de Raquel Duzenta’:
ROMANA – Vê lá, hein?
ǀŰĜżŲƸżģĪhǀőƫ ÿƣŧżƫ£ÿƸƣÿƢǀŏŰᡇ᠁ÿłŏƣŰÿƢǀĪ᠀ᡆĜżŲƸżᡈŰżƣƸĪ
TIÃO – Eu sei o que faço. Não se incomode!
de Raquel Duzenta’, de Luís Carlos Patraquim, [escrito em 1990,]
ROMANA – Quer mais café?
exemplifica o modo de funcionamento da narrativa contística.
TIÃO – Não, tá bom assim!
Partindo de um episódio aparentemente irônico, obriga-nos a ROMANA – Não vai esperá teu pai para saí?
refletir sobre várias questões relacionadas com a História de Mo- TIÃO – Não!
ğÿŰěŏƢǀĪᡇ᠇ ROMANA – Por quê?
Cite um fato da história de Moçambique que esteja relacionado às reu- TIÃO – Pra quê?
niões das quais participa Raquel Duzenta. ROMANA – Tu sempre espera!...
O episódio narrado pelo conto é a Guerra Civil Moçambicana, iniciada em TIÃO – Hoje tá muito cedo. Num vou esperá...
ROMANA – Tá bem.
1977, dois anos depois da guerra por sua independência. TIÃO – Se Maria vier, diz pra ela não se preocupá. Ela tam-
bém tá com besteira na cabeça.
ROMANA – Eu digo. (Pausa) Tu passeou com ela ontem?
TIÃO (vestindo o paletó e examinando a carteira e os documen-
Leia o excerto a seguir e, depois, responda às questões 3 e 4. tos) – No parque. Tava bom... Ela comeu três sorvetes! (Sorrin-
[...] do.) É uma esganada!...
Ato III ROMANA – Vê lá, hein?
Quadro I TIÃO – Deixa de bobagem, minha velha!
ROMANA – Tá com o endereço no bolso?
ROMANA – Tu acordou cedo, hein? TIÃO – Que endereço?
TIÃO – É! ROMANA – O daqui. Se te acontecê alguma coisa a gente
ROMANA – O café já tá pronto. sabe logo!
TIÃO – A senhora também acordou mais cedo... TIÃO – Que é isso, mãe!
ROMANA – Serviço, filho, muito serviço! ROMANA – Tu tá com o endereço ou não?
TIÃO (procurando) – Cadê minha caneca? TIÃO – Tou sim, tá na carteira.
ROMANA – Pode deixá que eu preparo. Pão não tem! ROMANA – Então, vai com Deus!
TIÃO – Não faz mal!... TIÃO – Eu volto logo! (Sai)
ROMANA – Tu não dormiu quase nada...
GUARNIERI, Gianfrancesco. Eles não usam black tie, 4. ed. Rio de Janeiro:
TIÃO – É... Civilização Brasileira, 1985. p. 80-2.
ROMANA (apontando Chiquinho que ressona) – Esse aí é que,
se a gente não acorda, vai até tarde. 3. Caracterize o aspecto formal do texto lido.
TIÃO – É da idade.
O texto está dividido em atos e quadros e apresenta as falas dos
ROMANA (aproximando-se de Tião) – Tu tá enfezado por
quê? personagens marcadas por algumas rubricas.
TIÃO – Eu?
ROMANA – Deixa disso, fui eu que te fiz e te conheço bem. 4. Em relação à linguagem, observa-se a transcrição da fala coloquial dos
Essa testa franzida não me engana. O que é que há? personagens
TIÃO – Nada, ué!
a) porque a ideia é confrontar a linguagem popular com a norma
ROMANA (com intenção) – Tu vai fazê piquete?
culta.
TIÃO – O quê?
ROMANA – Piquete de greve. Tu vai fazê? b) para dar maior realismo ao ambiente no qual se desenvolve a
TIÃO – Num sei. Acho que já tem gente bastante. história.
ROMANA – Num vai te metê em bolo, hein?! c) uma vez que eles pertencem à classe média trabalhadora e estão
TIÃO – Que bolo é que pode dá? em serviço.
ROMANA – Greve sempre dá bolo?
d) ƠÿƣÿŏŲƸĪŲƫŏǿĜÿƣżŃƣÿǀģĪŏƣżŲŏÿģÿżěƣÿĪŰƣĪŧÿğĘżđƠżƠǀŧÿğĘż
TIÃO – Nem sempre.
ROMANA – Polícia chegou, tu sai de perto! Num vai te operária. Resposta B.
metê a valente!

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Literatura

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Unidade 2

Faça em casa
Era muito forte aquele instante, forte demais para uma meni-
1. ENEM
na, a mãe parada com a tesoura no ar, tudo sem solução po-
A viagem dendo desabar a qualquer pensamento, a máquina avançando
Que coisas devo levar desgovernada sobre o vestido de seda brilhante espalhando
luz luz luz.
nesta viagem em que partes?
As cartas de navegação só servem ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017.
a quem fica.
Escrita na década de 1960, a narrativa põe em evidência uma dramati-
Com que mapas desvendar
cidade centrada na
um continente
que falta? a) ŏŲƫŏŲǀÿğĘżģÿŧÿĜǀŲÿłÿŰŏŧŏÿƣŃĪƣÿģÿƠĪŧÿÿǀƫįŲĜŏÿģÿǿŃǀƣÿ
Estrangeira do teu corpo paterna.
tão comum b) associação entre a angústia da menina e a reação intempestiva da mãe.
quantas línguas aprender
c) ƣĪŧÿğĘżĜżŲǵŧŏƸǀżƫÿĪŲƸƣĪżƸƣÿěÿŧŊżģżŰīƫƸŏĜżĪÿĪŰÿŲĜŏƠÿğĘż
para calar-me?
feminina.
Também quem fica
procura d) representação de estigmas sociais modulados pela perspectiva da
um oriente. criança.
Também e) ĪǢƠƣĪƫƫĘżģĪģǁǜŏģÿƫĪǢŏƫƸĪŲĜŏÿŏƫŏŲƸĪŲƫŏǿĜÿģÿƫƠĪŧÿƠĪƣĜĪƠğĘżģż
a quem fica abandono. Resposta D.
cabe uma paisagem nova
e a travessia insone do desconhecido
FUVEST
e a alegria difícil da descoberta.
Texto para as questões 3 e 4.
O que levas do que fica,
o que, do que levas, retiro? Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que
MARQUES, A. M. In: SANT’ANNA, A. (org.). Rua Aribau. a pisa.
Porto Alegre: Tag, 2018. Mas mais frágil fica a bota.
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.
A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No
poema, a voz lírica dialoga com essa tradição, repercutindo a *sesta: repouso após o almoço.
a) saudade como experiência de apatia.
3. Considerando que se trata de um texto literário, uma interpretação que
b) presença da fragmentação da identidade. seja capaz de captar a sua complexidade abordará o poema como
c) negação do desejo como expressão de culpa. a) uma defesa da natureza.
d) persistência da memória na valorização do passado. b) um ataque às forças armadas.
e) revelação de rumos projetada pela vivência da solidão. c) uma defesa dos direitos humanos.
Resposta E.
d) uma defesa da resistência civil.
2. ENEM e) um ataque à passividade. Resposta D.

Menina 4. O ditado popular que se relaciona melhor com o poema é:


A máquina de costura avançava decidida sobre o pano. a) Para bom entendedor, meia palavra basta.
Que bonita que a mãe era, com os alfinetes na boca. Gostava
b) Água mole em pedra dura tanto bate até que fura.
de olhá-la calada, estudando seus gestos, enquanto recorta-
va retalhos de pano com a tesoura. Interrompia às vezes seu c) Quem com ferro fere, com ferro será ferido.
trabalho, era quando a mãe precisava da tesoura. Admirava o d) Um dia é da caça, o outro é do caçador.
jeito decidido da mãe ao cortar pano, não hesitava nunca, nem
e) Uma andorinha só não faz verão. Resposta B.
errava. A mãe sabia tanto! Tita chamava-a de ( ) como quem diz
( ). Tentava não pensar as palavras, mas sabia que na mesma 5. ENEM
hora da tentativa tinha-as pensado. Oh, tudo era tão difícil. A
mãe saberia o que ela queria perguntar-lhe intensamente ago- A partida
ra quase com fome depressa depressa antes de morrer, tanto Acordei pela madrugada.A princípio com tranquilidade, e logo
que não se conteve e – Mamãe, o que é desquitada? – atirou rá- com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se.
pida com uma voz sem timbre. Tudo ficou suspenso, se alguém Com precaução, acendi um fósforo: passava das três. Restava-me,
gritasse o mundo acabava ou Deus aparecia – sentia Ana Lúcia. portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco.
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Veio-me então o desejo de não passar mais nem uma hora
7. As rubricas que aparecem no texto Eles Não Usam Black-tie.
naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes mi-
nhas cadeias de disciplina e de amor. a) todas são direcionadas à orientação de atuação dos atores.
Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o b) algumas são orientações exclusivas para a direção do trabalho.
rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-
c) misturam orientação de atuação e de montagem da peça.
me. Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama.
Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com d) são acessórias e podem ser excluídas sem prejuízo para o texto.
ela? Resposta A.
Ora, algumas palavras... Que me custava acordá-la, dizer-
8. ENEM
lhe adeus? Gênero dramático é aquele em que o artista usa como
intermediária entre si e o público a representação. A palavra
LINS, O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio de
Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003. (Fragmento) vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é,
pois, uma composição literária destinada à apresentação por
No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, descreve a atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto
sua hesitação em separar-se da avó. Esse sentimento contraditório fica dramático é complementado pela atuação dos atores no espe-
claramente expresso no trecho: táculo teatral e possui uma estrutura específica, caracteriza-
a) “A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis da: 1) pela presença de personagens que devem estar ligados
ŲżǜÿŰĪŲƸĪģżƣŰŏƣᡇᠤᥢ᠇ᙷᠵᙸᠥ᠇ com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática
b) “Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria (trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, manei-
ras de ser e de agir das personagens encadeadas à unidade do
đƫĜŏŲĜżᡇᠤᥢ᠇ ᠵ‫ڑ‬ᠥ᠇
efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito,
c) ᡆ ÿŧĜĪŏżƫƫÿƠÿƸżƫ᠁ƫĪŲƸĪŏᠵŰĪǀŰŏŲƫƸÿŲƸĪđěĪŏƣÿģÿĜÿŰÿᡇᠤᥢ᠇ᙷᙶᠵᙷᙷᠥ᠇ complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente,
d) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais
ģŏƫĜŏƠŧŏŲÿĪÿŰżƣᡇᠤᥢ᠇ᚂᠵᚃᠥ᠇ em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o
e) ᡆ'ĪǜĪƣŏÿłǀŃŏƣżǀłÿŧÿƣĜżŰĪŧÿ᠈ƣÿ᠁ÿŧŃǀŰÿƫƠÿŧÿǜƣÿƫ᠇᠇᠇ᡇᠤᥢ᠇ᚃᠵᚄᠥ᠇ autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por
meio da representação.
Resposta E.
COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
6. FUVEST 1973. (Adaptado)

amora Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um


a palavra amora espetáculo teatral, conclui-se que
seria talvez menos doce a) a criação do espetáculo teatral apresenta- se como um fenômeno
e um pouco menos vermelha de ordem individual, pois não é possível sua concepção de forma
se não trouxesse em seu corpo coletiva.
(como um velado esplendor)
b) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído
a memória da palavra amor
pelo cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da
a palavra amargo
peça e do trabalho interpretativo dos atores.
seria talvez mais doce c) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais,
e um pouco menos acerba como contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens
se não trouxesse em seu corpo e fragmentos textuais, entre outros.
(como uma sombra a espreitar)
d) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação
a memória da palavra amar
teatral, visto que o mais importante é a expressão verbal, base
Marco Catalão, Sob a face neutra.
da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias
É correto afirmar que o poema atuais.
a) aborda o tema da memória, considerada uma faculdade que torna e) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do
o ser humano menos amargo e sombrio. processo de produção/recepção do espetáculo teatral, já que se
b) enfoca a hesitação do eu lírico diante das palavras, o que vem trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente
ĪǢƠƣĪƫƫżƠĪŧÿƣĪƠĪƸŏğĘżģÿƠÿŧÿǜƣÿᡆƸÿŧǜĪǭᡇ᠇ à cena teatral. Resposta C.
c) ÿƠƣĪƫĪŲƸÿŲÿƸǀƣĪǭÿƣżŰĈŲƸŏĜÿ᠁ƫĪŲģżÿƫƠÿŧÿǜƣÿƫᡆÿŰżƣÿᡇĪ
9. Em relação ao audiolivro, pode-se considerar que
ᡆÿŰÿƣŃżᡇŰĪƸĀłżƣÿƫģżƫĪŲƸŏŰĪŲƸżÿŰżƣżƫż᠇
a) requer pouco trabalho técnico e esforço de produção.
d) possui reiterações sonoras que resultam em uma tensão inusitada
ĪŲƸƣĪżƫƸĪƣŰżƫᡆÿŰżƣᡇĪᡆÿŰÿƣᡇ᠇ b) é amplamente democrático, porque é uma mídia gratuita.

e) ƣĪƫƫÿŧƸÿżƫƫŏŃŲŏǿĜÿģżƫģÿƫƠÿŧÿǜƣÿƫƸÿŧĜżŰżƫĪǜĪƣŏǿĜÿŰŲżƫĪǀ c) possui formato digital muito parecido com o do podcast.


uso mais corrente. Resposta D. d) favorece o desenvolvimento da compreensão leitora. Resposta C.
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Unidade 2

10. O ciberpoema é considerado um gênero multimodal porque O texto teatral, exemplificado pelo trecho, apresenta semelhanças com
o texto narrativo por utilizar personagens, representar ações e marca-
a) ƣĪƫƫŏŃŲŏǿĜÿÿƠżĪƫŏÿƠżƣŰĪŏżģÿŏŲƸĪƣÿğĘżģĪģŏǜĪƣƫÿƫŧŏŲŃǀÿŃĪŲƫ᠇
ção de tempo e espaço. No texto teatral,
b) integra o universo da literatura digital e usa recursos tecnológicos. a) as ações das personagens são descritas por um narrador, sendo este
c) potencializa o poema e favorece interações do leitor com o texto. o mediador da narrativa.
d) ĜƣŏÿƣĪģĪƫģĪƫŏŃŲŏǿĜÿģżƫÿěĪƣƸÿƫƠÿƣÿÿƣĪŧÿğĘżĜżŰżǀƸƣżƫƸĪǢƸżƫ᠇ b) as falas das personagens são diluídas no texto, sendo confundidas
Resposta A. com a voz do narrador.

11. UFG c) as características das personagens são reveladas por meio de suas
falas e assim a ação é conduzida por elas mesmas.
hĪŏÿÿƫĪŃǀŏŲƸĪƠÿƫƫÿŃĪŰģĪᡆģĪŰƀŲŏżłÿŰŏŧŏÿƣᡇ᠇
d) as vozes das personagens são importantes para a construção da
CENA IV
narrativa, embora haja a voz de um narrador onisciente.
EDUARDO, CARLOTINHA.
e) as atitudes das personagens são conduzidas por um narrador
CARLOTINHA – Onde vai, mano?
ŏŲƸƣǀƫż᠁ĪŰěżƣÿżĜżŲǵŧŏƸżĪƫƸĪšÿŲżƫģŏĀŧżŃżƫ᠇ Resposta C.
EDUARDO – Vou ao Catete ver um doente; volto já.
CARLOTINHA – Eu queria falar-lhe. 12. A concepção clássica de literatura divide o conjunto de textos em três
EDUARDO – Quando voltar, menina. gêneros: lírico, narrativo e dramático. A alternativa que expressa corre-
CARLOTINHA – E por que não agora?
tamente uma característica relativa a um desses gêneros é:
EDUARDO – Tenho pressa, não posso esperar. Queres ir
hoje ao Teatro Lírico? a) No gênero lírico, a voz que se expressa é a do narrador-personagem.
CARLOTINHA – Não, não estou disposta. b) O narrador-onisciente é imprescindível no texto dramático.
EDUARDO – Pois representa-se uma ópera bonita. (Enche a
c) A estrutura em verso é a mais apropriada para o texto teatral.
carteira de charutos.) Canta a Charton. Há muito tempo que não
vamos ao teatro. d) O texto narrativo tem como objeto principal a emoção.
ALENCAR, José de. O demônio familiar. 2. ed. Campinas: Pontes, 2003. p. 11. e) O enredo, a intriga e a trama são elementos essenciais da narrativa.
Resposta E.

Junte os pontos
ŊĪŃÿŰżƫÿżłŏŲÿŧģÿÃŲŏģÿģĪᙸ᠇ěƫĪƣǜĪ᠁ĜżŰÿƸĪŲğĘż᠁żĪƫƢǀĪŰÿƢǀĪƫŏŲƸĪƸŏǭÿżƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫÿƫƠĪĜƸżƫģżƫĜżŲƸĪǁģżƫƸƣÿěÿŧŊÿģżƫ᠇/ŰƫĪŃǀŏģÿ᠁
responda às questões propostas.
Gêneros literários Depois de ler a síntese apresentada no esquema, responda:

1. ¥ǀÿŏƫƫĘżÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģżƫƸĪǢƸżƫĜżŲƫŏģĪƣÿģżƫƠƣżƫÿƠżīƸŏĜÿ᠈
expressão de sentimento e
Lírico: São textos escritos em prosa, como romances, novelas, contos ou
impressões do mundo interior.

crônicas, que, mais que narrar uma história, expressam estados


conta-se uma história a partir de
Épico ou elementos, como narrador, foco emocionais e impressões do mundo interior dos personagens a partir de
narrativo: narrativo, personagens, enredo,
tempo, espaço e discurso.
uma linguagem poética.

Texto Dramático: conflitos para serem representados. 2. Qual é a diferença entre um ciberpoema adaptado de um texto impres-
literário ƫżĪǀŰŲÿƫĜŏģżģĪłżƣŰÿƸĪĜŲżŧŽŃŏĜÿ᠈
Multimo- múltiplas modalidades de O ciberpoema originário do ambiente digital é criado com recursos que
dalidade: linguagem.
não podem ser reproduzidos no papel. O texto impresso pode ser
poema construído com vários
Ciberpoema: adaptado, desde que apresente elementos possíveis de serem
recursos tecnológicos.

digitalizados, como imagens, sugestões de imagens, cores, sons e


Audiolivros: livros em versão sonora.
movimentos.

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Un
ida
de
Relação entre textos
3
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP03, Inicie a jornada!
EM13LP04, EM13LP14,
EM13LP50

Nesta unidade você


irá estudar:

FotoHelin/Shutterstock
literatura, cinema e
quadrinhos,
intertextualidade como
recurso literário,
recursos intertextuais:
paródia, paráfrase, epígrafe,
alusão, pastiche e citação.

O cinema é uma expressão artística que se relaciona com muitas outras expressões de arte.

Literatura, cinema e quadrinhos


A literatura dialoga frequentemente com muitos gêneros textuais, literários ou não, e com as mais variadas ma-
nifestações artísticas. Atualmente, é bastante comum a adaptação de textos literários para os mais diversos gêneros e
suportes, que usam diferentes linguagens, como o cinema, a televisão, o teatro, o desenho animado e as histórias em
quadrinhos. Um desses exemplos é o auto de Natal Morte e vida severina, escrito por João Cabral de Melo Neto, uma obra
referencial da literatura brasileira.
Morte e vida severina foi musicado por Chico Buarque e, desde então, tem sido representado nos palcos. Também foi
adaptado para a televisão e, mais recentemente, passou a ser contado por meio de história em quadrinhos e de desenho
animado.
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Literatura

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Unidade 3

Morte e vida severina é um grande poema que conta a história de um retirante nordestino, cujo nome de batismo é
Severino. Ele é um entre muitos outros Severinos que ainda vivem no Sertão nordestino. Por isso, é identificado como “o
Severino da Maria do Zacarias, lá da serra da Costena, limites da Paraíba”. Além do mesmo nome, possui as mesmas
características físicas – “mesma cabeça grande”, “mesmo ventre crescido”, sangue com pouca tinta – e o mesmo destino No Click! os alunos encontra-
rão algumas montagens espe-
trágico: “velhice antes dos trinta”, “emboscada antes dos vinte anos”, “de fome um pouco a cada dia”. A obra conta a tra-
ciais em outros formatos.
vessia de Severino, que percorre o Sertão até chegar ao litoral.

Leia o trecho a seguir para conhecer um pouco da obra.

Cansado da viagem o retirante pensa interrompê-la por uns


instantes e procurar trabalho ali onde se encontra.

— Desde que estou retirando


só a morte vejo ativa, quando vencesse a fadiga.
só a morte deparei Ou será que aqui cortando
e às vezes até festiva; agora minha descida
só a morte tem encontrado já não poderei seguir
quem pensava encontrar vida, nunca mais em minha vida?
e o pouco que não foi morte (será que a água destes poços
foi de vida Severina é toda aqui consumida
(aquela vida que é menos pelas roças, pelos bichos,
vivida que defendida, pelo sol com suas línguas?
e é ainda mais Severina será que quando chegar
para o homem que retira). o rio da nova invernia
Penso agora: mas por que um resto de água no antigo
parar aqui eu não podia sobrará nos poços ainda?)
e como o Capibaribe Mas isso depois verei:
interromper minha linha? tempo há para que decida
ao menos até que as águas primeiro é preciso achar
de uma próxima invernia um trabalho de que viva.
me levem direto ao mar Vejo uma mulher na janela,
ao refazer sua rotina? ali, que se não é rica,
Na verdade, por uns tempos, parece remediada
parar aqui eu bem podia ou dona de sua vida:
e retomar a viagem vou saber se de trabalho
poderá me dar notícia.

MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina. In: MOISÉS,
Massaud. A literatuta brasileira através dos textos. 21. ed. São
Paulo: Cultrix, 1998. p. 550-551.

Comente com os colegas qual é sua percepção sobre os recursos utilizados nas diferentes produções de Morte e vida severina,
indicadas no ícone Click!᠇¥ǀÿŏƫÿƫƠĪĜƸżƫƣĪĜĪěĪŰįŲłÿƫĪĪŰĜÿģÿĜƣŏÿğĘż᠈¥ǀĪĪłĪŏƸżƫģĪƫĪŲƸŏģżƸǀģżŏƫƫżƠƣżģǀǭ᠈ żŰż
ǜżĜįÿŲÿŧŏƫÿÿĜƣŏÿƸŏǜŏģÿģĪĪŰƠƣĪŃÿģÿĪŰĜÿģÿżěƣÿ᠈¥ǀÿŧŧŊĪÿŃƣÿģżǀŰÿŏƫ᠈

Os alunos deverão observar que as ênfases estão relacionadas aos recursos linguísticos de cada mídia, o que faz com que, por
exemplo, os quadrinhos e o desenho animado apresentem imagens mais dramáticas que a adaptação para a televisão (linguagens
indicadas no ícone Click!). Como essa adaptação é mais antiga, é impactada pela restrição no uso de recursos tecnológicos. Cada
adaptação busca expressar criatividade, mas todas são limitadas pelo apego literal ao texto e ao contexto da obra. É possível que os
alunos, por sua identificação com os quadrinhos, elejam as versões de HQ e desenho animado.

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Anotações
Intertextualidade como recurso literário
Como vimos, Morte e vida severina é um auto de Natal e, no final, uma criança nasce como símbolo de renovação da
vida. A menção a essa situação de nascimento e comoção, que sugere colocar fim ao sofrimento de Severino, remete
diretamente à história do nascimento de Jesus. Por isso, dizemos que ambos os textos mantêm uma relação intertex-
tual. Essa propriedade constitutiva do texto é um processo que envolve diferentes maneiras de produção/recepção em
dependência com o conhecimento de outros textos, por parte dos interlocutores.
Intertextualidade é, portanto, o conjunto de relações explícitas e implícitas em um texto que são estabelecidas com
outro(s) texto(s), revelando a pluralidade de vozes que o compõem. Exige do leitor o reconhecimento, no interior da
produção, de marcas ou vestígios de outras que a antecederam. A intertextualidade é explícita quando o autor marca
claramente a utilização de outras autorias, com citações, menções, epígrafes, entre outras técnicas. É implícita quando
o autor não deixa claras as marcas de identificação autoral, esperando que o leitor reconheça a intertextualidade por
meio de sua memória discursiva.
A noção de intertextualidade supõe uma relação dialógica e de absorção; por isso, faz parte da composição natural
dos textos. Entre os processos intertextuais mais conhecidos estão a paródia, a paráfrase, a epígrafe, a alusão, a citação
e o pastiche.

Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6

A paródia e a paráfrase

“Nova canção do exílio” “Canto de regresso à pátria”


Ferreira Gullar Oswald de Andrade

Minha amada tem palmeiras Minha terra tem palmares


onde cantam passarinhos Onde gorjeia o mar
e as aves que ali gorjeiam Os passarinhos daqui
em seus seios fazem ninhos Não cantam como os de lá
Ao brincarmos sós à noite
nem me dou conta de mim: Minha terra tem mais rosas
seu corpo branco na noite E quase tem mais amores
luze mais do que o jasmim Minha terra tem mais ouro

Minha amada tem palmeiras Minha terra tem mais terra

tem regatos tem cascata


e as aves que ali gorjeiam Ouro terra amor e rosas

são como flautas de prata Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu viva Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá.
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
Não permita Deus que eu morra
que se escondem em seus carinhos
Sem que volte pra São Paulo
sem me perder nas palmeiras
Sem que veja a rua 15
onde cantam os passarinhos
E o progresso de São Paulo
GULLAR, Ferreira. Nova canção do exílio. Disponível em:
http://jornalggn.com.br/noticia/nova-cancao-do-exilio. ANDRADE, Oswald de. Obras completas. Rio de Janeiro:
Acesso em: 9 fev. 2021. Civilização Brasileira, 1971. p. 144.

Note, a seguir, que o texto de Ferreira Gullar e o de Oswald de Andrade fazem referência a outro poema conhecido,
o de Gonçalves Dias. Os títulos, o tema e vários elementos remetem diretamente à "Canção do exílio", como a palmeira,
o sabiá, as flores e os elementos naturais. Para perceber claramente a intenção dos autores ao retomarem o texto de
origem, é necessário conhecer o poema original.

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Literatura

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Unidade 3

“Canção do exílio”
Gonçalves Dias Minha terra tem primores,

Minha terra tem palmeiras, Que tais não encontro eu cá;

Onde canta o Sabiá; Em cismar – sozinho, à noite

As aves que aqui gorjeiam, Mais prazer encontro eu lá;

Não gorjeiam como lá. Minha terra tem palmeiras, Relacione


Onde canta o Sabiá. A perspectiva idealizada
Nosso céu tem mais estrelas, da "Canção do exílio"
Não permita Deus que eu morra, existe desde os primeiros
Nossas várzeas têm mais flores,
documentos descritivos
Nossos bosques têm mais vida, Sem que eu volte para lá;
ģÿƸĪƣƣÿᡆģĪƫĜżěĪƣƸÿᡇƠĪŧżƫ
Nossa vida mais amores. Sem que desfrute os primores portugueses, no século XVI,
Que não encontro por cá; em que se exaltavam as
Em cismar, sozinho, à noite, Sem que ainda aviste as palmeiras, qualidades da paisagem do
Brasil. Essa visão temática
Mais prazer encontro eu lá; Onde canta o Sabiá. tem servido para tratar do
Minha terra tem palmeiras, país sob uma perspectiva
Onde canta o Sabiá. nacionalista crítica até
os dias atuais. Isso é tão
DIAS, Gonçalves. Canção do exílio Disponível em:
http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000100.pdf. Acesso em: 24 fev. 2021. marcante na maneira de
ver o país que, por exemplo,
Esse é o texto original. Observe que ele expressa uma visão idealizada da pátria do poeta, que se encontrava em a imagem turística que
se vende a estrangeiros
Portugal, distante, portanto, de sua terra natal, o Brasil. Por isso, expressa saudade e idealiza nosso país como um espaço
ou mesmo aos brasileiros
inigualável por suas belezas. ainda está muito ancorada
Ferreira Gullar e Oswald Andrade escreveram seus poemas não apenas retomando o assunto tratado no texto ori- na divulgação de nossas
ginal, mas propondo uma revisão de perspectivas de idealização da pátria. Gullar mantém o mesmo tema, relacionan- belezas naturais. Explore
do-o com a amada. Esse recurso é denominado paráfrase, pois se escreve um texto, mantendo as ideias do texto-fonte com os professores de
e utilizando sinônimos ou palavras equivalentes, com efeito de imitação. Geografia e de Arte como
essa visão idealizada e
Oswald, com um olhar crítico, relaciona a pátria à cidade de São Paulo. Nesse poema, que é uma paródia, há um
nacionalista é tratada em
tipo de intertextualidade em que um texto retoma o outro, mas com o objetivo de criticá-lo, alterar suas ideias e promo- suas disciplinas.
ver o humor, a ironia e a denúncia.

a
toaren
lamy/Fo
Vá além

ction/A
Oswald de Andrade foi um dramaturgo e escritor brasileiro que, junto com o escritor
Mário de Andrade e a artista plástica modernista Anita Malfatti, promoveu a Semana ry Colle
de Arte de 1922, um movimento que revolucionou a arte brasileira. É um dos principais
isto

autores modernistas do país e sua obra influenciou nomes como o escritor Augusto de
The H

Campos. Nasceu em São Paulo, no ano de 1890.

Oswald de Andrade (1890-1954).

A epígrafe, a alusão, o pastiche e a citação


Além da paródia e da paráfrase, existem outros recursos intertextuais:
• a epígrafe é um pequeno trecho de texto de outro autor, usado para antecipar a temática ou o objetivo da obra.
Por isso, aparece na abertura de um livro, de uma página ou de um capítulo;
• a alusão é um trecho que faz referência indireta a outros textos;
• o pastiche é um recurso intertextual no qual se imita abertamente, referencia ou transcreve criativamente um
texto sem a intenção de ironizá-lo ou deformá-lo;
• a citação, que pode ser direta ou indireta, é uma passagem de outro texto inserida no texto criado. Como norma,
a citação direta, muito comum em textos acadêmicos, é marcada por aspas ou destaque (itálico e recuo de mar-
ŃĪŰ᠁ƠżƣĪǢĪŰƠŧżᠥ᠁ÿŧīŰģÿŏģĪŲƸŏǿĜÿğĘżģĪƫĪǀƫÿǀƸżƣĪƫ᠇
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12
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Faça em sala
1. Identifique as relações intertextuais existentes no texto a seguir e co- 3. Identifique e justifique o recurso intertextual observado em cada
mente o seu grau de conhecimento das referências encontradas. Trata- exemplo.
-se do primeiro parágrafo do capítulo inicial da obra Memórias póstumas a)
de Brás Cubas, de Machado de Assis. Europa, França e Bahia
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias pelo
[…]
princípio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro lugar o meu
Chega!
nascimento ou a minha morte. Suposto o uso vulgar seja co-
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.
meçar pelo nascimento, duas considerações me levaram a
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
adotar diferente método: a primeira é que eu não sou propria-
Como era mesmo a “Canção do Exílio”?
mente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a
Eu tão esquecido de minha terra…
campa foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim
Ai terra que tem palmeiras
mais galante e mais novo. Moisés, que também contou a sua
Onde canta o sabiá!
morte, não a pôs no intróito, mas no cabo: diferença radical
ANDRADE, Carlos Drummond de. Europa, França e Bahia.
entre este livro e o Pentateuco.
Sentimento do mundo, 12. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 20.
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. In: Obra completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. (Domínio público.) Recurso intertextual: Paráfrase. Justificativa: o poema de Drummond

Referências intertextuais: ao profeta Moisés e ao Pentateuco. Espera-se retoma e confirma o tema do poema original, que é de Gonçalves Dias.

que os alunos identifiquem Moisés como um personagem bíblico,

responsável pela autoria dos cinco primeiros livros da Bíblia, cujo b)


conjunto é denominado Pentateuco. O voo sobre as igrejas
2. ENEM
[...]
Texto 1 Era uma vez um Aleijadinho,
Poema de sete faces não tinha dedo, não tinha mão,
raiva e cinzel, lá isso tinha,
Mundo mundo vasto mundo,
Era uma vez um Aleijadinho
Se eu me chamasse Raimundo
era uma vez muitas igrejas
seria uma rima, não seria uma solução.
Com muitos paraísos e muitos infernos
Mundo mundo vasto mundo,
Era uma vez São João, Ouro Preto,
mais vasto é meu coração.
Mariana, Sabará, Congonhas,
ANDRADE, C. D. Antologia poética. Rio de Janeiro:
Era uma vez muitas cidades
Record, 2001. (Fragmento)
e o Aleijadinho era uma vez.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O voo sobre as igrejas.
Texto 2 Sentimento do mundo. 12. ed. Rio de Janeiro: Record, 2001. p. 101.

CDA (imitado) Recursos intertextuais: Citação e alusão. Justificativa: O poeta cita o


Ó vida, triste vida!
artista barroco mineiro, do século XVII, e faz alusão aos contos de fadas,
Se eu me chamasse Aparecida
dava na mesma. a partir da repetição da expressão que os identifica: “era uma vez”.
FONTELA, O. Poesia reunida. São Paulo: Cosac Naify;
Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006. 4. IFPE
Orides Fontela intitula seu poema CDA, sigla de Carlos Drummond de Texto 1
ŲģƣÿģĪ᠁ĪĪŲƸƣĪƠÿƣįŲƸĪƫĪƫŏŲģŏĜÿᡆŏŰŏƸÿģżᡇƠżƣƢǀĪ᠁ĜżŰżŲżƫǜĪƣƫżƫ PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES
de Drummond,
Caminhando e cantando
a) apresenta o receio de colocar os dramas pessoais no mundo vasto. E seguindo a canção
b) expõe o egocentrismo de sentir o coração maior que o mundo. Somos todos iguais
c) ÿƠżŲƸÿÿŏŲƫǀǿĜŏįŲĜŏÿģÿƠżĪƫŏÿƠÿƣÿƫżŧǀĜŏżŲÿƣżƫƠƣżěŧĪŰÿƫģÿ Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
vida.
Campos, construções
d) adota tom melancólico para evidenciar a desesperança com a vida. Caminhando e cantando
e) ŏŲǜżĜÿÿƸƣŏƫƸĪǭÿģÿǜŏģÿƠÿƣÿƠżƸĪŲĜŏÿŧŏǭÿƣÿŏŲĪǿĜĀĜŏÿģÿƣŏŰÿ᠇ E seguindo a canção
Resposta C.
26
Literatura

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Unidade 3

Vem, vamos embora


Texto 2
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora CAMINHANDO & CANTANDO
Não espera acontecer

©Clara Gomes/Acervo do cartunista


[...]
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores GOMES, Clara. Caminhando & Cantando. Disponível em:
Vencendo o canhão http://bichinhosdejardim.com/caminhando-cantando/. Acesso em: 25
[...] maio 2019 (adaptado).
Os amores na mente
O caráter dialógico da linguagem possibilita o estabelecimento de in-
As flores no chão
terações entre textos. Ao fazer alusão à canção de Geraldo Vandré, em
A certeza na frente
sua tirinha, a autora
A história na mão
Caminhando e cantando a) promove o hibridismo entre os gêneros textuais música e tirinha.
E seguindo a canção b) resume a música, uma vez que apenas as partes principais foram
Aprendendo e ensinando utilizadas, por ela, na tirinha.
Uma nova lição
c) faz uso do recurso da paráfrase para dizer, com outras palavras, o
mesmo que a canção diz.
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber d) descaracteriza a canção, prejudicando a Música Popular Brasileira.
Quem sabe faz a hora e) utiliza a intertextualidade, desde o título, para construir o efeito de
Não espera acontecer sentido pretendido. Resposta E.
[...]
VANDRÉ, Geraldo. Pra não dizer que não falei das flores. Disponível em:
https://www.letras.mus.br/geraldo-vandre/46168/. Acesso em: 25 maio
2019 (adaptado).

Faça em casa
1. ENEM
Texto 1 Texto 2
XLI
Transforma-se o amador na cousa amada
Ouvia:
Transforma-se o amador na cousa amada,
Que não podia odiar
por virtude do muito imaginar;
E nem temer
não tenho, logo, mais que desejar,
Porque tu eras eu.
pois em mim tenho a parte desejada.
E como seria
CAMÕES. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br.
Odiar a mim mesma
Acesso em: 3 set. 2010. (Fragmento)
E a mim mesma temer.
HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004. (Fragmento)

Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e de Camões, a temática comum é


a) żᡆżǀƸƣżᡇƸƣÿŲƫłżƣŰÿģżŲżƠƣŽƠƣŏżĪǀŧőƣŏĜż᠁żƢǀĪƫĪƣĪÿŧŏǭÿƠżƣŰĪŏżģĪǀŰÿĪƫƠīĜŏĪģĪłǀƫĘżģĪģżŏƫƫĪƣĪƫĪŰǀŰƫŽ᠇
b) ÿłǀƫĘżģżᡆżǀƸƣżᡇĜżŰżĪǀŧőƣŏĜż᠁ŊÿǜĪŲģż᠁ŲżƫßĪƣƫżƫģĪNŏŧģÿNŏŧƫƸ᠁ÿÿǿƣŰÿğĘżģżĪǀŧőƣŏĜżģĪƢǀĪżģĪŏÿÿƫŏŰĪƫŰż᠇
c) żᡆżǀƸƣżᡇƢǀĪƫĪĜżŲłǀŲģĪĜżŰżĪǀŧőƣŏĜż᠁ǜĪƣŏǿĜÿŲģżᠵƫĪ᠁ƠżƣīŰ᠁ŲżƫǜĪƣƫżƫģĪ ÿŰƛĪƫ᠁ĜĪƣƸÿƣĪƫŏƫƸįŲĜŏÿģżƫĪƣÿŰÿģż᠇
d) ÿģŏƫƫżĜŏÿğĘżĪŲƸƣĪżᡆżǀƸƣżᡇĪżĪǀŧőƣŏĜż᠁ƠżƣƢǀĪżŽģŏżżǀżÿŰżƣƫĪƠƣżģǀǭĪŰŲżŏŰÿŃŏŲĀƣŏż᠁ƫĪŰÿƣĪÿŧŏǭÿğĘżĜżŲĜƣĪƸÿ᠇
e) żᡆżǀƸƣżᡇƢǀĪƫĪÿƫƫżĜŏÿÿżĪǀŧőƣŏĜż᠁ƫĪŲģżƸƣÿƸÿģżƫ᠁Ųżƫ¼ĪǢƸżƫSĪSS᠁ƣĪƫƠĪĜƸŏǜÿŰĪŲƸĪ᠁żŽģŏżĪżÿŰżƣ᠇ Resposta A.
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Por exemplo, um dia quebrei a cabeça de uma escrava, porque
2. ENEM
me negara uma colher de doce de coco que estava fazendo, e,
Texto 1 não contente com o malefício, deitei um punhado de cinza ao
O meu nome é Severino, tacho, e, não satisfeito da travessura, fui dizer à minha mãe
não tenho outro de pia. que a escrava é que estragara o doce “por pirraça”; e eu tinha
Como há muitos Severinos, apenas seis anos. Prudêncio, um moleque de casa, era o meu
que é santo de romaria, cavalo de todos os dias; punha as mãos no chão, recebia um
deram então de me chamar cordel nos queixos, à guisa de freio, eu trepava-lhe ao dorso,
Severino de Maria; com uma varinha na mão, fustigava-o, dava mil voltas a um
como há muitos Severinos e outro lado, e ele obedecia, – algumas vezes gemendo, – mas
com mães chamadas Maria, obedecia sem dizer palavra, ou quando muito, um – “ai, nho-
fiquei sendo o da Maria nhô!” – ao que eu retorquia: – “Cala a boca, besta!” – Esconder
do finado Zacarias, os chapéus das visitas, deitar rabos de papel a pessoas gra-
mas isso ainda diz pouco: ves, puxar pelo rabicho das cabeleiras, dar beliscões nos bra-
há muitos na freguesia, ços das matronas, e outras muitas façanhas deste jaez, eram
por causa de um coronel mostras de um gênio indócil, mas devo crer que eram também
que se chamou Zacarias expressões de um espírito robusto, porque meu pai tinha-me
e que foi o mais antigo em grande admiração; e se às vezes me repreendia, à vista de
senhor desta sesmaria. gente, fazia-o por simples formalidade: em particular dava-
Como então dizer quem fala -me beijos.
ora a Vossas Senhorias? [...]
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994. (Fragmento)
No trecho Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é verdade, ve-
Texto 2 jamos alguns lineamentos do menino (linhas 01 e 02), podemos identificar
João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, uma relação de:
aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também a) anacronismo. d) personificação.
segue no caminho do Recife. A autoapresentação do perso-
nagem, na fala inicial do texto, nos mostra um Severino que, b) intertextualidade.
quanto mais se define, menos se individualiza, pois seus tra-
ços biográficos são sempre partilhados por outros homens. [...]
c) paradoxo. e) negação.
Resposta B.
SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: 4. UFMS
Topbooks, 1990. (Fragmento)
Leia os três textos a seguir. A questão refere-se aos três.
Com base no trecho de Morte e vida Severina (Texto 1) e na análise crítica
(Texto 2), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto Texto 1
social a que ele faz referência aponta para um problema social expres-
Um lugar bonito pela própria natureza
so literariamente pela pergunta “Como então dizer quem fala / ora a
“Se o interesse é água, a cidade localizada na borda do
ßżƫƫÿƫ®ĪŲŊżƣŏÿƫ᠈ᡇ᠇ƣĪƫƠżƫƸÿđƠĪƣŃǀŲƸÿĪǢƠƣĪƫƫÿŲżƠżĪŰÿīģÿģÿ
Pantanal dá um banho. Seja em rios, lagos ou cachoeiras, o
por meio da
que não falta aos ecoturistas é aventura, emoção e muita
a) ģĪƫĜƣŏğĘżŰŏŲǀĜŏżƫÿģżƫƸƣÿğżƫěŏżŃƣĀǿĜżƫģżƠĪƣƫżŲÿŃĪŰᠵ adrenalina.
-narrador. No encontro com as águas cristalinas e calcárias dos rios
b) ĜżŲƫƸƣǀğĘżģÿǿŃǀƣÿģżƣĪƸŏƣÿŲƸĪŲżƣģĪƫƸŏŲżĜżŰżǀŰŊżŰĪŰ de Bonito (MS), o importante é se deixar levar pela leve cor-
resignado com a sua situação. renteza entre piraputangas avermelhadas e dourados gulosos,
alguns dos peixes da região.”
c) ƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿğĘż᠁ŲÿǿŃǀƣÿģżƠĪƣƫżŲÿŃĪŰᠵŲÿƣƣÿģżƣ᠁ģĪżǀƸƣżƫ
(Fragmento de reportagem produzida pelo jornalista Antônio Paulo
Severinos que compartilham sua condição.
Pavone, em 21-2-2003. Disponível em http://www.estadao.com.br/
d) apresentação do personagem-narrador como uma projeção do turismo/brasil/bonito/tu1.htm)
próprio poeta, em sua crise existencial. Texto 2
e) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser “Gigante pela própria natureza,
descendente do coronel Zacarias. Resposta C. És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza.
3. MACKENZIE Terra adorada,
Um poeta dizia que o menino é pai do homem. Se isto é Entre outras mil,
verdade, vejamos alguns lineamentos do menino. és tu, Brasil,
Desde os cinco anos merecera eu a alcunha de “menino Ó, Pátria amada! [...]”
diabo”; e verdadeiramente não era outra coisa; fui dos malig- (Fragmento da letra do Hino Nacional Brasileiro, escrita por
nos do meu tempo, arguto, indiscreto, traquinas e voluntarioso. Osório Duque Estrada [1909])
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Unidade 3

AS CRÔNICAS DE NÁRNIA
Texto 3
“Moro num país tropical (1) Viagens ao fim do mundo, criaturas fantásticas e bata-

abençoado por Deus lhas épicas entre o bem e o mal – o que mais um leitor pode-
ria querer de um livro? O livro que tem tudo isso é “O leão, a
E bonito por natureza (mas que beleza)
feiticeira e o guarda-roupa”, escrito em 1949 por Clive Staples
Em fevereiro (em fevereiro)
Lewis. Mas Lewis não parou por aí. Seis outros livros vieram
Tem carnaval (tem carnaval)
depois e, juntos, ficaram conhecidos como “As Crônicas de
[...]”
Nárnia”.
(Fragmento da letra da canção “País tropical”, escrita por Jorge Ben Jor (2) Em um universo completamente mágico e original,
[1969])
C. S. Lewis conduz a terra de Nárnia desde a sua criação até o
O intertexto é um componente de grande relevância no processo seu fim em sete livros incríveis. “As Crônicas de Nárnia” é um
de produção de textos, pois os discursos não surgem do nada, mas conjunto de histórias que abrangem diversas épocas dentro
apoiam-se em outro(s) em relação ao(s) qual(is) tomam posição. Com de um cenário repleto de castelos, membros da realeza, guer-
base nesse conceito e considerando as relações entre os textos 1, 2 e 3, reiros, criaturas fantásticas, feiticeiras e uma mitologia bem
assinale a alternativa correta: extensa.
a) ƸĪǢƸżᙷĪǜżĜÿżƫģĪŰÿŏƫ᠁ƠżƣīŰƫĪǀĜżŲƸĪǁģżīĜżŲǵŧŏƸÿŲƸĪĜżŰ (3) O autor buscou uma forma de elaborar a história da
ambos, pois estes tratam do Brasil como um todo, com foco em Bíblia em um contexto original e inspirado no livro sagrado,
suas paisagens edênicas, enquanto aquele faz referência a apenas de modo que até mesmo quem não concorda com os seus pre-
um lugar e de perspectiva completamente diferente, puramente ceitos e ensinamentos sinta interesse em iniciar a sua leitura.
política. Além disso, há também referências claras às mitologias gre-
ga e nórdica e aos contos de fada, além da inserção de seres
b) O autor do texto 1 inscreve seu texto em um campo já conhecido
icônicos como o Papai Noel. Desde o Gênese ao Apocalipse,
do leitor: reutiliza materiais já escritos, com os quais dialoga
Nárnia vivencia muitos períodos, nos quais questões muito
ironicamente, desconstruindo o discurso ufanista que caracteriza
diferentes são abordadas. Entretanto, há um elemento comum
os textos 2 e 3 e adotando um posicionamento puramente
em todos os livros: os papéis principais são dados a crianças.
comercial.
São esses pequenos heróis que se descobrem grandes salva-
c) Como o texto 1 foi escrito em 2003, momento em que o Brasil já não
dores e se sentem no dever de lutar para proteger a terra que
é mais a terra da igualdade, mas da injustiça social e de privilégios tanto amam e que depende deles.
para as elites, a relação entre os três textos torna-se polêmica. (4) A oposição entre Aslam e Tash começa a ganhar força
d) O texto 1 relaciona-se explicitamente com os textos 2 e 3, no decorrer da cronologia dos livros, sempre camuflada em
ambos anteriores a ele, porém numa relação de subversão: um contexto de conflitos por terras e guerras entre reinos.
limitando-se a valorizar o ecoturismo, apresenta um espaço Em “A Última Batalha”, é citado que Aslam remete ao bem
descaracterizado culturalmente, distante daquele Brasil e Tash, ao mal. Qualquer um que estiver seguindo a um dos
representado nos textos 2 e 3. dois e praticar o bem estará, na verdade, seguindo a Aslam.
e) Ao evocar, no título, os textos 2 e 3, o autor do texto 1 incorpora- Se for o oposto, estará seguindo a Tash. Ambos são os con-
-os por imitação, porém reatualiza seu sentido e sua temática de trastes de atitudes boas e ruins que podem ser cometidas
ĪǢÿŧƸÿğĘżģĪĪŧĪŰĪŲƸżƫŲÿĜŏżŲÿŏƫ᠁łżĜÿŧŏǭÿŲģżĪƫƠĪĜŏǿĜÿŰĪŲƸĪ de acordo com o caráter, o comportamento e as escolhas de
uma prática ainda desconhecida no século XIX, o ecoturismo. cada um.
Resposta E. (5) No geral, os personagens de mais destaque em toda
5. IFPE a obra são: Aslam, Digory Kirke, Polly Plummer, A Feiticeira
Branca, Pedro Pevensie, Susana Pevensie, Edmundo Pevensie,
Texto 1
Lucy Pevensie, Sr. Tumnus, Os Castores, Caspian X, Ripchip,
Reprodução/IFPE, 2019.

Trumpkin, Shasta, Aravis, Eustáquio Mísero, Jill Pole, Brejeiro,


Rilian, Confuso, Manhoso, Tirian e Tash. Cada um possui uma
personalidade bastante distinta do outro e todos apresentam
características que os tornam originais e clássicos em uma
obra que é considerada essencial na vida de uma criança, mas
que também pode ser apreciada por pessoas de qualquer faixa
etária.
[...]
LIMA, Victor. Disponível em: https://nomeumundo.com/2016/08/17/as-
cronicas-de-narnia/. Acesso em: 9 maio 2019 (adaptado).
29

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Repito, comia bem, dormia largo e fofo. Chegara ao fim
Texto 2
da comissão das Alagoas, com elogios da imprensa; a Atalaia

Reprodução/IFPE, 2019.
chamou‐lhe “o anjo da consolação”. E não se pense que este
nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário, resu-
mindo em Sofia toda a ação da caridade, podia mortificar as
novas amigas, e fazer‐lhe perder em um dia o trabalho de lon-
gos meses. Assim se explica o artigo que a mesma folha trou-
xe no número seguinte, nomeando, particularizando e glorifi-
cando as outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.
Machado de Assis, Quincas Borba.

No excerto, o autor recorre à intertextualidade, dialogando com a co-


média de Molière, Tartufo (1664), cuja personagem central é um im-
postor da fé. Tal é a fama da peça que o nome próprio se incorporou ao
vocabulário, inclusive em português, como substantivo comum, para
ģĪƫŏŃŲÿƣżᡆŏŲģŏǜőģǀżŊŏƠŽĜƣŏƸÿᡇżǀżᡆłÿŧƫżģĪǜżƸżᡇ᠇
As assertivas a seguir se referem aos TEXTOS 1 e 2. Analise-as.
tżĜżŲƸĪǢƸżŰÿŏżƣģżƣżŰÿŲĜĪ᠁ƫǀŃĪƣĪᠶƫĪƢǀĪÿƸÿƣƸǀłŏĜĪ
I. O TEXTO 2 remete explicitamente ao objeto temático do TEXTO
ᙷᠲᡆƫ ƣƀŲŏĜÿƫģĪtĀƣŲŏÿᡇ᠇ƫƫŏŰ᠁ĜżŲƫŏģĪƣÿŲģżᠵƫĪżƸőƸǀŧżģż a) se cola à imagem da leitora, indiscreta quanto aos amores alheios.
ŧŏǜƣżᡆ ŧĪĘż᠁ÿłĪŏƸŏĜĪŏƣÿĪżŃǀÿƣģÿᠵƣżǀƠÿᡇᠤᙷo parágrafo do TEXTO b) īÿğĘżŏƫżŧÿģÿģĪ®żǿÿ᠁ÿƣƣŏǜŏƫƸÿƫżĜŏÿŧĪěĪŲĪŰīƣŏƸÿǿŲŃŏģÿ᠇
ᙷᠥ᠁ǜĪƣŏǿĜÿᠵƫĪƢǀĪ᠁Ųż¼/å¼ ᙸ᠁ÿƣĪłĪƣįŲĜŏÿđżěƣÿģĪhĪǝŏƫīłĪŏƸÿ
c) ģŏǭƣĪƫƠĪŏƸżÿżǿŧŽƫżłż¥ǀŏŲĜÿƫżƣěÿ᠁żƢǀĪĪǢƠŧŏĜÿżƸőƸǀŧżģż
também por elementos não verbais.
livro.
II. Entre os dois períodos do TEXTO 2 há uma relação semântica de
d) se produz na imprensa, apesar de esta se esquivar da eloquência
causa e consequência. Situação semelhante ocorre em “Cada um
possui uma personalidade bastante distinta do outro e todos vazia.
ÿƠƣĪƫĪŲƸÿŰĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫƢǀĪżƫƸżƣŲÿŰżƣŏŃŏŲÿŏƫĪĜŧĀƫƫŏĜżƫᠢ᠇᠇᠇ᠣ᠇ᡇ e) se estende à sociedade, na qual o cinismo é o trunfo dos fortes.
Resposta E.
(5o parágrafo do TEXTO 1).
III./Űᡆ/ƫƸżǀŏŲģżƠÿƣÿtĀƣŲŏÿ᠃ᡇᠤ¼/å¼ ᙸᠥ᠁ÿƠƣĪƠżƫŏğĘżᡆƠÿƣÿᡇŏŲģŏĜÿ
UECE
que a personagem irá permanentemente para lá, ao passo que
ᡆ/ƫƸżǀŏŲģżÿtĀƣŲŏÿ᠃ᡇĪǢƠƣĪƫƫÿÿŏģĪŏÿģĪƢǀĪÿŏģÿŲĘżīģĪǿŲŏƸŏǜÿ᠁ ¼ĪǢƸżƫƠÿƣÿÿƫƢǀĪƫƸƛĪƫᚃĪᚄ᠇
ou seja, pressupõe-se a intenção de que haja uma volta.
IV. Em “Lewis conduz a terra de Nárnia desde a sua criação até o seu Texto 1
ǿŰĪŰƫĪƸĪŧŏǜƣżƫŏŲĜƣőǜĪŏƫ᠇ᡇᠤᙸoƠÿƣĀŃƣÿłżģż¼/å¼ ᙷᠥ᠁ǜĪƣŏǿĜÿᠵƫĪ
Poema de sete faces
um desrespeito à regência verbal. Segundo a norma culta, deveria
ƫĪƣᡆhĪǝŏƫĜżŲģǀǭđƸĪƣƣÿģĪtĀƣŲŏÿᠢ᠇᠇᠇ᠣᡇ᠇ Quando nasci, um anjo torto
desses que vivem na sombra
V. Com base nas informações contidas no TEXTO 1, é possível se
disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.
inferir que, no TEXTO 2, a personagem sente-se insatisfeita com
a realidade do mundo em que está inserida. Por essa razão, está
fugindo para Nárnia, um lugar mágico e original. As casas espiam os homens
que correm atrás de mulheres.
Estão CORRETAS, apenas, as afirmativas A tarde talvez fosse azul,
a) II e IV. não houvesse tantos desejos.
b) I e V.
c) II, III e IV. O bonde passa cheio de pernas:
pernas brancas pretas amarelas.
d) III, IV e V.
Para que tanta perna, meu Deus, pergunta meu coração.
e) I, III e V. Resposta E.
Porém meus olhos
6. FUVEST não perguntam nada.

E Sofia? interroga impaciente a leitora, tal qual Orgon: Et


Tartufe? Ai, amiga minha, a resposta é naturalmente a mes-
ma, – também ela comia bem, dormia largo e fofo, – coisas que, O homem atrás do bigode
aliás, não impedem que uma pessoa ame, quando quer amar. é sério, simples e forte.
Se esta última reflexão é o motivo secreto da vossa pergunta, Quase não conversa.
deixai que vos diga que sois muito indiscreta, e que eu não me Tem poucos, raros amigos
quero senão com dissimulados. o homem atrás dos óculos e do bigode.
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Literatura

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Unidade 3

Meu Deus, por que me abandonaste


Está correto o que se afirma
se sabias que eu não era Deus
a) apenas em I e II.
se sabias que eu era fraco.
b) apenas em II e III.
Mundo mundo vasto mundo, c) apenas em I e III.
se eu me chamasse Raimundo
d) em I, II e III. Resposta B.
seria uma rima, não seria uma solução.
Mundo mundo vasto mundo, 8. Marque a opção que completa corretamente o enunciado a seguir: So-
mais vasto é meu coração. bre os textos que se valem do recurso da intertextualidade, como é o
caso do poema de Adélia Prado (texto 2), pode-se dizer que o autor
Eu não devia te dizer
mas essa lua a) espera que o leitor tenha a capacidade de ativar, na memória
mas esse conhaque discursiva, o texto-fonte.
botam a gente comovido como o diabo. b) ĪƫĜƣĪǜĪƠĪŲƫÿŲģżŲĘżĪŰǀŰŧĪŏƸżƣĪƫƠĪĜőǿĜż᠁ŰÿƫĪŰƢǀÿŧƢǀĪƣ
Carlos Drummond de Andrade. Alguma poesia. Publicado em 1930. tipo de leitor.
c) acredita que todos os leitores terão a capacidade de fazer leituras
Obs.: O “Poema de sete faces”, de Carlos Drummond de do mesmo nível de complexidade.
Andrade, será usado como subsídio (ou suporte) para a leitura d) compõe um poema que constitui um plágio, um tipo de
do poema “Com licença poética” (texto 2). intertextualidade. Resposta A.

Texto 2
Com licença poética 9. ENEM
Quando nasci um anjo esbelto, Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defron-
desses que tocam trombeta, anunciou: ƸÿƣᠵƫĪĜżŰƠÿƫƫÿŃĪŲƫšĀŧŏģÿƫĪŰżǀƸƣżƫ᠈ƫƸĪǢƸżƫĜżŲǜĪƣƫÿŰĪŲƸƣĪƫŏ
vai carregar bandeira.
em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de inter-
Cargo muito pesado pra mulher,
textualidade. Leia os seguintes textos:
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
I. Quando nasci, um anjo torto
sem precisar mentir.
Desses que vivem na sombra
Não sou tão feia que não possa casar,
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1964)
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
– dor não é amargura. II. Quando nasci veio um anjo safado
Minha tristeza não tem pedigree, O chato dum querubim
já a minha vontade de alegria, E decretou que eu tava predestinado
sua raiz vai ao meu mil avô. A ser errado assim
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Já de saída a minha estrada entortou
Mulher é desdobrável. Eu sou. Mas vou até o fim.
Adélia Prado. Bagagem. 24. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2007. p. 9. (BUARQUE, Chico. Letra e música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)

7. ÿƣŧżƫ'ƣǀŰŰżŲģģĪŲģƣÿģĪŏŲŏĜŏÿƫĪǀᡆ£żĪŰÿģĪƫĪƸĪłÿĜĪƫᡇᠤƸĪǢƸżᙷ᠁
III. Quando nasci um anjo esbelto
linhas 1-3) com os seguintes versos: Quando nasci, um anjo torto / des-
Desses que tocam trombeta anunciou:
ses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. A Vai carregar bandeira.
partir da comparação desses versos de Drummond com os três versos Carga muito pesada pra mulher
iniciais do poema de Adélia Prado (texto 2, linhas 31-33), considere as Esta espécie ainda envergonhada.
seguintes afirmações: (PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)
I. Há, entre esses versos destacados, uma coincidência sintática,
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em rela-
semântica e métrica.
ção a Carlos Drummond de Andrade, por
II. No poema de Adélia Prado, texto 2, há um caso de polifonia a) reiteração de imagens. d) negação dos versos.
(presença de mais de uma voz).
b) oposição de ideias. e) ausência de recursos.
III.Ocorre, no segundo poema, texto 2, uma subversão do sentido do
Resposta A.
primeiro (texto 1). c) falta de criatividade.
31

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II. Meu caro crítico,
10. ENEM
Algumas páginas atrás, dizendo eu que tinha cinquenta
anos, acrescentei: “Já se vai sentindo que o meu estilo não é
tão lesto como nos primeiros dias”. Talvez aches esta frase in-

Reprodução/Enem, 2014.
compreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo
a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu
quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando
comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que
em cada fase da narração da minha vida experimento a sen-
sação correspondente. Valha‐me Deus! É preciso explicar tudo.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.

/ŲƸƣĪ żƫ ģżŏƫ ƸƣĪĜŊżƫ ģż ƣżŰÿŲĜĪ᠁ ŲżƸÿᠶƫĪ ż ŰżǜŏŰĪŲƸż ƢǀĪ ǜÿŏ ģÿ
memória de vivências à revisão que o defunto-autor faz de um mesmo
episódio. A citação, pertencente a outro capítulo do mesmo livro, que
melhor sintetiza essa duplicidade narrativa, é:
Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um intertexto:
a) “A conclusão, portanto, é que há duas forças capitais: o amor, que
os traços reconstroem uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso
ŰǀŧƸŏƠŧŏĜÿÿĪƫƠīĜŏĪ᠁ĪżŲÿƣŏǭ᠁ƢǀĪÿƫǀěżƣģŏŲÿÿżŏŲģŏǜőģǀżᡇ᠇
que retrata os horrores e a destruição provocados pelo bombardeio
a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período b) ᡆěƣÿģĪǿŲÿģż᠇/ƫĜƣĪǜŏᠶÿĜżŰÿƠĪŲÿģÿŃÿŧŊżłÿĪÿƸŏŲƸÿģÿ
de Carnaval, recebe destaque a figura do carro, elemento introduzido melancolia, e não é difícil perceber o que poderá sair desse
por Iotti no intertexto. Além dessa figura, a linguagem verbal contribui ĜżŲǁěŏżᡇ᠇
para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao ex- c) “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração
plorar: ĜÿģÿǜīƣŏĜÿ᠒ǜőĜŏżŃƣÿǜĪ᠁ĪÿŧŏĀƫőŲǿŰż᠁ƠżƣƢǀĪżŰÿŏżƣģĪłĪŏƸżģż
a) ǀŰÿƣĪłĪƣįŲĜŏÿÿżĜżŲƸĪǢƸż᠁ᡆƸƣĈŲƫŏƸżŲżłĪƣŏÿģĘżᡇ᠁ĪƫĜŧÿƣĪĜĪŲģżᠵƫĪ ŧŏǜƣżīƫƸǀ᠁ŧĪŏƸżƣᡇ᠇
o referente tanto do texto de Iotti quanto da obra de Picasso. d) ᡆßŏǜĪƣŲĘżīÿŰĪƫŰÿĜżǀƫÿƢǀĪŰżƣƣĪƣ᠒ÿƫƫŏŰżÿǿƣŰÿŰƸżģżƫżƫ
b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal šżÿŧŊĪŏƣżƫģĪƫƫĪŰǀŲģż᠁ŃĪŲƸĪŰǀŏƸżǜŏƫƸÿŲÿŃƣÿŰĀƸŏĜÿᡇ᠇
ᡆīᡇ᠁ĪǜŏģĪŲĜŏÿŲģżᠵƫĪÿÿƸǀÿŧŏģÿģĪģżƸĪŰÿÿěżƣģÿģżƸÿŲƸżƠĪŧż e) ᡆtĘżŊÿǜŏÿÿŧŏÿÿƸŰżƫłĪƣÿƫżŰĪŲƸĪģÿĀŃǀŏÿĪģżěĪŏšÿᠶǵŧżƣ᠒Ŋÿǜŏÿ
pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro. ƸÿŰěīŰÿģÿŧĪƫŰÿĪģżƫÿƠżᡇ᠇ Resposta B.
c) ǀŰƸĪƣŰżƠĪšżƣÿƸŏǜż᠁ᡆƸƣĈŲƫŏƸżᡇ᠁ƣĪłżƣğÿŲģżᠵƫĪÿŏŰÿŃĪŰŲĪŃÿƸŏǜÿ
12. Unifor
de mundo caótico presente tanto em Guernica quanto na charge.
O tempo passou. Novas máquinas foram inventadas. Den-
d) ǀŰÿƣĪłĪƣįŲĜŏÿƸĪŰƠżƣÿŧ᠁ᡆƫĪŰƠƣĪᡇ᠁ƣĪłĪƣŏŲģżᠵƫĪđƠĪƣŰÿŲįŲĜŏÿģĪ tre elas, as mais maravilhosas: computadores. Diferentes de
tragédias retratadas tanto em Guernica quanto na charge. todas as outras. As máquinas não têm alma. Os computadores
e) uma expressão polissêmica᠁ᡆƢǀÿģƣżģƣÿŰĀƸŏĜżᡇ᠁ƣĪŰĪƸĪŲģżᠵƫĪ têm uma alma delicada que não se faz com matéria: ela se faz
tanto à obra pictórica quanto ao contexto do trânsito brasileiro. com uma coisa etérea, sem substância: símbolos. Lembra-te
Resposta E. do que está escrito no evangelho antigo, “O Verbo se fez car-
ne”? Pois do computador se pode dizer: “O Verbo se fez má-
Polissemia:
quina”.
multiplicidade de
significados de uma (ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação.
palavra. 20. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009)

A intertextualidade é um dos recursos de linguagem utilizados na pro-


dução e interpretação de textos. Trata da relação que um texto mantém
11. FUVEST com outros textos de forma explícita, pressuposta ou subentendida.
I. Cinquenta anos! Não era preciso confessá‐lo. Já se vai Rubem Alves, ao se reportar ao poder da comunicação encontrada no
sentindo que o meu estilo não é tão lesto* como nos primeiros computador faz referência à passagem bíblica encontrada em Gênesis
dias. Naquela ocasião, cessado o diálogo com o oficial da ma- por meio de
rinha, que enfiou a capa e saiu, confesso que fiquei um pouco
a) citação.
triste. Voltei à sala, lembrou‐me dançar uma polca, embriagar-
-me das luzes, das flores, dos cristais, dos olhos bonitos, e do b) paráfrase.
burburinho surdo e ligeiro das conversas particulares. E não c) paródia.
me arrependo; remocei. Mas, meia hora depois, quando me d) epígrafe.
retirei do baile, às quatro da manhã, o que é que fui achar no
e) pastiche. Resposta C.
fundo do carro? Os meus cinquenta anos.
*ágil

32
Literatura

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Unidade 3

Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 3. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.

Paródia: Paráfrase: Epígrafe:


alteração imitação ou trecho que
do sentido confirmação antecipa a
original do das ideias do temática do
texto. texto-fonte. texto.

Intertextualidade:
relações explícitas e implícitas
estabelecidas entre os textos.

Alusão: Pastiche: Citação:


referência imitação sem inclusão de
indireta a a intenção de passagem de
outro texto. ironizar. outros textos.

1. Diferencie paródia de paráfrase.


Na paródia, subverte-se o sentido do texto original. Na paráfrase, repete-se o tema do texto-fonte.

2. ƠÿƣŽģŏÿĪżƠÿƫƸŏĜŊĪ᠁ÿŏŲģÿƢǀĪƠżƫƫÿŰƠƣżģǀǭŏƣƫŏƸǀÿğƛĪƫģĪŊǀŰżƣ᠁ģŏłĪƣĪŲĜŏÿŰᠵƫĪƠżƣǀŰÿĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿěĀƫŏĜÿ᠇¥ǀÿŧī᠈
A paródia pode produzir sentido irônico; o pastiche não.

33

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Un
ida
de
A literatura medieval e
4 seus legados
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46, Inicie a jornada!
EM13LP48, EM13LP52,
EM13LGG202, EM13LGG203,

Wikipedia/Wikimedia Commons 1.0


EM13LGG301

Nesta unidade você


irá estudar:
trovadorismo: conceito,
produção e características.
Produção poética lírica:
cantigas de amor e de amigo
e as cantigas satíricas e
prosa medieval, além do
repente.

¦ĪƠƣżģǀğĘżģÿŏŧǀƫƸƣÿğĘżģĪ¼żƣżƫ¦żƫŧŏŲ᠁ĪŰƢǀĪĪƫƸĘżżƣĪŏģÿƣŰįŲŏÿ᠁hĪĘżSS᠁ĜżŰÿƣÿŏŲŊÿGǀĪƣÿŲĪĪƫĪǀƫĜŏŲĜżǿŧŊżƫ᠁ĪŰᙷᙸᚃᙸ᠇

Trovadorismo: conceito, contexto de produção e características


literárias
O Trovadorismo foi a primeira manifestação literária na península Ibérica, desenvolvida durante a Idade Média,
marcada por relações feudais. O teocentrismo – visão de mundo segundo a qual Deus é o centro do universo – definiu o
modo de ser e de viver. O saber estava sob o domínio da Igreja e, por isso, nos mosteiros se concentravam as manifesta-
ções escritas que expressavam o conhecimento a que se tinha acesso naquela época. Reis, rainhas, senhores feudais,
nobres, vassalos e plebeus foram os “personagens” da sociedade da época. A arquitetura se expressou pelo estilo gótico,
empregado na construção de catedrais gigantescas, com muitos arcos internos e torres muito altas.
Uma característica marcante do período é a oralidade. A ideia de literatura em livros como temos hoje não seria
possível naquela época, porque a maioria das pessoas não era alfabetizada, nem havia os recursos para que os livros fos-
sem publicados da forma como são feitos atualmente. Os textos eram cantados, daí o nome “cantigas”. Elas eram uma
expressão poética associada à música e o poeta era chamado de trovador. Isso explica a origem do nome do movimento
literário: Trovadorismo.
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Literatura

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Unidade 4

Radu Razvan/Shutterstock
As cantigas eram exibidas pelos segréis (trovadores que não
faziam parte da alta nobreza, mas compunham e apresentavam
suas cantigas) e pelos jograis (cantores ambulantes populares
que interpretavam as cantigas. Raramente as compunham). Es-
sas cantigas foram compiladas em coletâneas chamadas cancio-
neiros. Os três cancioneiros portugueses mais conhecidos são o
Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancio-
neiro da Biblioteca Vaticana.
O Trovadorismo provavelmente originou-se na Provença,
região francesa, e foi gradativamente se disseminando até al-
cançar a península Ibérica. Em Portugal, o marco da escola foi a
“Cantiga da Ribeirinha” ou “Cantiga da Guarvaia”, de Paio Soares
ģĪ¼ÿǜĪŏƣŽƫ᠁ƠƣżģǀǭŏģÿĪŰᙷᙷᚄᚅżǀᙷᙷᚅᚄ᠇
Banda caracterizada em estilo medieval tocando em um festival na cidade de
Rodemack, França, em 2012.

A produção poética lírica: cantigas de amor e de amigo Relacione


Leia os textos a seguir. O primeiro é a versão original da “Cantiga da Ribeirinha”, marco do início do Trovadorismo em A produção literária
Portugal, escrita em galego-português. O segundo é uma interpretação dos versos com linguagem atual. medieval faz parte de um
A “Cantiga da Ribeirinha” foi inspirada em dona Maria Pais Ribeiro, conhecida como Ribeirinha, uma referência contexto sócio-político-
-cultural explicado por
direta ao seu sobrenome. Ela foi amante do rei dom Sancho e, por seus encantos, era muito cobiçada. Outra razão para várias disciplinas do
que ela fosse tema de uma cantiga de amor é o fato de ser uma personagem relacionada com a Corte portuguesa. currículo do Ensino Médio,
como História, Arte,
Geografia e Filosofia/
Texto 1 Texto 2
Sociologia. Converse
No mundo ninguém se assemelha a mim (parelha: se-
com seus professores de
"Cantiga da Ribeirinha", de melhante)
História, Filosofia e Arte
Paio Soares de Taveirós enquanto a minha vida continuar como vai e proponha uma roda
porque morro por vós, e ai de conversa para que
No mundo non me sei parelha, minha senhora da pele alva e faces rosadas, possam apresentar, em
mentre me for´como me vai, quereis que vos descreva (retrate) conjunto, esclarecimentos
ca já moiro por vós – e ai quando vos eu vi sem manto (saia: roupa íntima) sobre aspectos da Idade
mia senhor branca e vermelha, Maldito dia! me levantei Média, a partir de suas
queredes que vos retraia que não vos vi fea (ou seja, a viu mais bela) áreas de conhecimento.
quando vos eu vi en saia! Alguns temas que podem
Mao dia me levantei, ser abordados: estrutura
E, minha senhora, desde aquele dia, ai
social feudal; o papel da
que vos enton non vi fea! tudo me foi muito mal
mulher na Idade Média; as
e vós, filha de don Pai
diferentes manifestações
E, mia senhor, des aquel di´, ai! Moniz, e bem vos parece artísticas medievais; as
me foi a mi muin mal, de ter eu por vós guarvaia (guarvaia: roupa luxuosa) relações de poder entre
e vós, filha de don Paai pois eu, minha senhora, como mimo (ou prova de amor) Igreja e realeza; concepção
Moniz, e ben vos semelha de vós nunca recibi de mundo; fé e ciência,
d´aver eu por vós guarvaia, algo, mesmo que sem valor (correa: coisa sem valor) entre outros.
pois eu, mia senhor, d´alfaia TAVEIRÓS, Paio Soares de. Cantiga da Ribeirinha. In: NICOLA, José de.
nunca de vós ouve nem ei Literatura portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa. São Paulo:
valia d´ûa correa. Scipione, 1990. p. 28.

O poema lido é um exemplo de cantiga de amor. Quais são suas principais características?
Vejamos:
• a origem é provençal (entre os séculos XI e XIII desenvolve-se, na Provença, sul da França, a arte trovadoresca e a prática do amor cortês);
• o eu lírico é masculino;
• a mulher amada é idealizada, superior e inacessível, porque, geralmente, está comprometida e é nobre;
• há uso da expressão “coita d´amor”, ou seja, de sofrimento amoroso. Muitas vezes, o eu lírico deseja a morte como única forma de curar sua dor;
• o ambiente palaciano; por isso, a concepção de amor é cortês, respeitoso;
• observa-se a vassalagem amorosa (servidão amorosa), porque o eu lírico se coloca a serviço da amada.
35

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Agora, leia a cantiga a seguir:

Vigo: famosa praia da Ondas do mar de Vigo,


região da Galiza, um pouco se vistes meu amigo?
ao norte do rio Minho. E ai Deus, se verrá cedo!
Se verrá cedo: ele
virá logo, ele virá em breve.
Ondas do mar levado,
Levado: aqui, no se vistes meu amado?
ƫĪŲƸŏģżģĪᡆÿŃŏƸÿģżᡇ᠇
E ai Deus, se verrá cedo!
O por que eu
sospiro: por quem eu
suspiro. Se vistes meu amigo,
Por que ei gran o por que eu sospiro?
coidado: por quem eu E ai Deus, se verrá cedo!
tenho muito carinho,
cuidado, atenção.
Se vistes meu amado,
Por que ei gan coidado?
E ai Deus, se verrá cedo!

CÓDAX, Martin. Ondas do mar de Vigo. In: NICOLA, José de. Literatura portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa.
São Paulo: Scipione, 1990. p. 30.

A cantiga lida é um exemplo de cantiga de amigo. Vejamos quais são suas características:

• origem na península Ibérica (galego-portuguesa);


• o eu lírico é feminino;
• o amigo a que se faz referência é o namorado ou amante;
• o tema principal é a saudade do namorado distante e o sofrimento por não saber se o amado que partiu volta ou não;
• a personagem feminina, geralmente, é uma camponesa, retratada de forma mais real e concreta. Pode haver
żǀƸƣżƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠁ĜżŰżÿŰĘĪ᠁ǀŰÿÿŰŏŃÿżǀǀŰĪŧĪŰĪŲƸżģÿŲÿƸǀƣĪǭÿƠĪƣƫżŲŏǿĜÿģż᠒

• o ambiente é popular, na zona rural;


• estrutura repetitiva: refrão e paralelismo.
As cantigas de amigo eram manifestações populares orais. Ainda que fossem muito antigas, somente passaram
a ser registradas por escrito com a chegada das cantigas de amor, cuja origem é francesa. É curioso observar que sua
estrutura formal é mais refinada que a das cantigas de origem provençal.

Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6

Vá além
A nossa compreensão de aspectos da realidade distantes temporalmente de nossa experiência atual pode ser ampliada com a
leitura de textos científicos e especializados. As bibliotecas físicas e virtuais são espaços que potencializam nossas pesquisas,
porque têm acervos que nos ajudam a situar-nos melhor em relação ao que desejamos saber sobre o passado ou um tema
específico. Como potencializar nosso entendimento da produção literária trovadoresca, se temos pouco acesso a informações
ƫżěƣĪĪƫƫĪƸĪŰÿ᠈'ǀÿƫƫǀŃĪƫƸƛĪƫ᠀
• leia sobre a produção artística medieval no site da Universidade Nova de Lisboa;
• investigue canções da música popular brasileira que apresentem características das cantigas medievais como um legado.

36
Literatura

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Unidade 4

As cantigas satíricas e a prosa medieval


Leia a cantiga satírica a seguir, de João Garcia de Guilhade, registrada no Cancioneiro da Biblioteca Nacional de Portugal.

Ai dona fea, fostes-vos queixar 10 vos quero já loar todavia;


que vos nunca louv’en[o] meu cantar; e vedes qual será a loaçom:
mais ora quero fazer um cantar dona fea, velha e sandia!
em que vos loarei todavia;
5 e vedes como vos quero loar: Dona fea, nunca vos eu loei
dona fea, velha e sandia! em meu trobar, pero muito trobei;
15 mais ora já um bom cantar farei
Dona fea, se Deus mi perdom, em que vos loarei todavia;
pois havedes [a]tam gram coraçom e direi-vos como vos loarei:
que vos eu loe, em esta razom dona fea, velha e sandia!
LOPES, Graça Videira; FERREIRA, Manuel Pedro et al. Cantigas medievais galego-portuguesas. Lisboa: Instituto de Estudos
Medievais, 2011. Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.asp?cdcant=1520&pv=sim. Acesso em: 25 fev. 2021.

As cantigas satíricas medievais se dividem em cantigas de escárnio e de maldizer. Como as diferenciamos? Veja o quadro comparativo a seguir.

Cantiga de escárnio Cantiga de maldizer


Crítica indireta com ambiguidades e ironias. Crítica direta.
Linguagem trabalhada com sutilezas. Linguagem agressiva, vulgar e obscena.
Nem sempre se revela o nome da pessoa satirizada. A pessoa satirizada pode ser identificada.

Além das cantigas, classificadas em cantigas

matrioshka/Shutterstock
de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer, de-
senvolveram-se textos em prosa. Entre os mais
importantes estavam as novelas de cavalaria,
que narravam aventuras de cavaleiros andantes,
lendários e destemidos, que enfrentavam mons-
tros e batalhas sangrentas, em nome de sua fé ou
por amor a uma donzela. Dividem-se em três ci-
clos: a) ciclo bretão ou arturiano: narrativas cujos
personagens eram o rei Artur e os cavaleiros da
Távola Redonda; b) ciclo carolíngio: Carlos Mag-
no e os Doze Pares da França são os protagonistas
dessas narrativas; e c) ciclo clássico: as histórias
apresentam acontecimentos da Antiguidade,
como a Guerra de Troia. Novelas de cavalaria reúnem histórias de amor, fé, batalhas e cavaleiros.

AnaitSmi/Shutterstock
O repente
Da mesma forma que as cantigas medievais mesclavam aspectos da cultura popular,
como a oralidade e a música, o repente – uma expressão musical brasileira atual – também
o faz. O repente é um gênero de poesia cantada muito comum no Nordeste do Brasil, mas
também presente em outros estados.
Os textos cantados pelos repentistas nascem do improviso e da agilidade mental, a partir
de um tema a ser desenvolvido sempre em duplas. Não importa muito a beleza da voz ou a
afinação, o objetivo principal é manter o ritmo e “encurralar” o oponente apenas com a força
do discurso. Os repentistas se enfrentam sempre em locais públicos e objetivam demonstrar
sua superioridade sobre o oponente. Os instrumentos mais usados são a viola, o pandeiro
e o ganzá. Repente ilustrado em cordel. Duas importantes artes brasileiras.
37

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É provável que os alunos O repente deriva do cordel e, por isso, manifesta-se como sua forma oral. Recentemente, tem recebido a atenção de
cheguem à conclusão de
que é possível haver repen- estudos acadêmicos que investigam algumas questões relevantes para compreender o desenvolvimento desse gênero
tistas na atualidade, apesar textual, como a ausência da expressão feminina e a relação entre o dom e a técnica. Na atualidade, o repente tem se
da desvalorização da cultura relacionado com outras manifestações culturais das grandes cidades e habitado também as plataformas digitais. É um
popular. O repente pode se
enquadrar no grupo de ex- gênero que tem agradado aos jovens cada vez mais.
pressões artísticas alterna- Além disso,influenciou várias gerações de compositores brasileiros, como Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Alceu
tivas, que buscam espaços
Valença, Ednardo, Zé Ramalho, Elomar, Geraldo Azevedo e muitos outros. Ao analisarmos a produção musical brasilei-
de manifestação. Essa pos-
sibilidade aumenta à medi- ra recente, constatamos que tanto as cantigas medievais quanto os repentes nordestinos ainda influenciaram muitos
da que o gênero se adapta compositores e intérpretes, que usam as características básicas desses gêneros em suas criações. No caso das cantigas
não só ao ambiente urbano,
mas às novas tecnologias.
satíricas e dos repentes, que têm clara origem na cultura popular, a questão da valorização social desses gêneros é um
aspecto que merece discussão.

A partir das questões da seção Faça em sala, formem uma roda de conversa e debatam sobre a seguinte pergunta:
ᡆ0ƠżƫƫőǜĪŧŊÿǜĪƣƣĪƠĪŲƸŏƫƸÿƫŲżƫīĜǀŧżååS᠈ᡇ᠇£ÿƣÿżƣŏĪŲƸÿƣÿģŏƫĜǀƫƫĘż᠁ĜżŲƫŏģĪƣĪŰ᠀ÿŰÿŲŏłĪƫƸÿğĘżģżƣĪƠĪŲƸĪĪŲƸƣĪ
jovens, os problemas históricos relacionados ao desprezo a esse gênero, à desvalorização da cultura popular e à falta de
políticas de incentivo à sua preservação.

Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12

Faça em sala
UNESP
As questões 1 e 2 tomam por base uma cantiga do trovador galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII); e o poema "Confessor medieval", de Cecília
Meireles (1901-1964).
Leia os textos a seguir.
"Cantiga", de "Confessor medieval",
Airas Nunes de Cecília Meireles (1960)
Bailemos nós já todas três, ai amigas, Irias à bailia com teu amigo,
So aquestas avelaneiras frolidas, (frolidas = floridas) Se ele não te dera saia de sirgo? (sirgo = seda)
E quem for velida, como nós, velidas, (velida = formosa) Se te dera apenas um anel de vidro
Se amigo amar, Irias com ele por sombra e perigo?
So aquestas avelaneiras frolidas (aquestas = estas) Irias à bailia sem teu amigo,
Verrá bailar. (verrá = virá) Se ele não pudesse ir bailar contigo?
Bailemos nós já todas três, ai irmanas, (irmanas = irmãs)
Irias com ele se te houvessem dito
So aqueste ramo destas avelanas, (aqueste = este)
Que o amigo que amavas é teu inimigo?
E quem for louçana, como nós, louçanas, (louçana = formosa)
Sem a flor no peito, sem saia de sirgo,
Se amigo amar,
Irias sem ele, e sem anel de vidro?
So aqueste ramo destas avelanas (avelanas = avelaneiras)
Irias à bailia, já sem teu amigo,
Verrá bailar.
E sem nenhum suspiro?
Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos, (mentr’al = en-
quanto outras coisas) MEIRELES, Cecília. Poesias completas de Cecília Meireles.
So aqueste ramo frolido bailemos, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974. v. 8.
E quem bem parecer, como nós parecemos (parecer bem =
tiver belo aspecto)
Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo
Verrá bailar.
NUNES, Airas. Cantiga. In: SPINA, Segismundo. Presença da
literatura portuguesa – I. Era medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão
Europeia do Livro, 1966.

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Literatura

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Unidade 4

1. ŧĪŏƸǀƣÿģÿĜÿŲƸŏŃÿģĪŏƣÿƫtǀŲĪƫĪģżƠżĪŰÿᡆ żŲłĪƫƫżƣŰĪģŏĪǜÿŧᡇ᠁ Leia a cantiga a seguir, de Estêvão da Guarda , e responda às questões 3


de Cecília Meireles, revela que esse poema, mesmo tendo sido escrito e 4.
por uma poeta modernista, apresenta intencionalmente algumas ca-
racterísticas da poesia trovadoresca, como o tipo de verso e a constru- A molher d’Alvar Rodriguiz tomou
ção baseada na repetição e no paralelismo. Releia com atenção os dois tal queixume quando s’el foi daquém
textos e, em seguida, e a leixou que, por mal nem por bem,
des que veo, nunca s’a el chegou
a) Considerando que o efeito de paralelismo em cada poema se torna nem quer chegar, se del certa nom é,
possível a partir da retomada, estrofe a estrofe, do mesmo tipo jurando-lhe ante que, a bõa fé,
de frase adotado na estrofe inicial (no poema de Airas Nunes, por nõn’a er leixe como a leixou.
exemplo, a retomada da frase imperativa), aponte o tipo de frase
que Cecília Meireles retomou de estrofe a estrofe para possibilitar E o cativo, per poder que há,
tal efeito. nõn’a pode desta seita partir,
nem per meaças nem pela ferir,
O poema promove variações da pergunta “Irias à bailia com teu
ela por en neua rem nom dá;
amigo?”. mais, se a quer desta sanha tirar,
a bõa fé lhe convém a jurar
b) Estabeleça as identidades que há entre o terceiro verso da cantiga
que a nom leixe em neum tempo já.
de Airas Nunes e o terceiro verso do poema de Cecília Meireles no
Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.pt/cantiga.
que diz respeito ao número de sílabas e às posições dos acentos. asp?cdcant=1332&pv=sim. Acesso em: 25 fev. 2021.
Os versos apresentam onze sílabas poéticas. O último acento recai

sobre a penúltima sílaba da palavra. 3. Comente o contexto que gera a escrita da cantiga.
O que gera a escrita da cantiga é a separação de um casal, em que o
2. As cantigas que focalizam temas amorosos apresentam-se em dois
marido abandona a esposa.
ŃįŲĪƣżƫ Ųÿ ƠżĪƫŏÿ ƸƣżǜÿģżƣĪƫĜÿ᠀ ÿƫ ᡆĜÿŲƸŏŃÿƫ ģĪ ÿŰżƣᡇ᠁ ĪŰ ƢǀĪ ż Īǀ
ƠżĪŰĀƸŏĜżƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿÿłŏŃǀƣÿģżŲÿŰżƣÿģż᠒ĪÿƫᡆĜÿŲƸŏŃÿƫģĪÿŰŏŃżᡇ᠁ 4. A cantiga lida satiriza uma situação familiar em que a mulher é perso-
em que o eu poemático representa a figura da mulher amada, falan- nagem importante. Em relação à expressão do eu lírico, pode-se afir-
ģżģĪƫĪǀÿŰżƣÿżᡆÿŰŏŃżᡇ᠁ƠżƣǜĪǭĪƫģŏƣŏŃŏŲģżᠵƫĪÿĪŧĪżǀģŏÿŧżŃÿŲģż mar que
ĜżŰĪŧĪ᠁ĜżŰżǀƸƣÿƫᡆÿŰŏŃÿƫᡇżǀ᠁ŰĪƫŰż᠁ĜżŰǀŰĜżŲłŏģĪŲƸĪᠤÿŰĘĪ᠁ÿ
irmã, etc.). De posse dessa informação, a) diferentemente da cantiga de amigo, o eu lírico é um observador
crítico da situação.
a) ŧÿƫƫŏǿƢǀĪÿĜÿŲƸŏŃÿģĪŏƣÿƫtǀŲĪƫĪŰǀŰģżƫģżŏƫŃįŲĪƣżƫ᠁
b) da mesma forma que nas cantigas de amor, a mulher é idealizada
ÿƠƣĪƫĪŲƸÿŲģżÿšǀƫƸŏǿĜÿƸŏǜÿģĪƫƫÿƣĪƫƠżƫƸÿ᠇
pelo eu lírico.
É uma cantiga de amigo. Há presença de eu lírico feminino e de
c) igualmente nas cantigas de amigo, a voz que se expressa é a da
diálogo da mulher com as amigas, em tom de confidência. mulher abandonada.
b) SģĪŲƸŏǿƢǀĪ᠁ŧĪǜÿŲģżĪŰĜżŲƫŏģĪƣÿğĘżżƠƣŽƠƣŏżƸőƸǀŧż᠁ÿǿŃǀƣÿƢǀĪ d) de forma diferenciada, o eu lírico expressa a voz do marido que está
Resposta A. O olhar crítico do observador se evidencia
o eu poemático do poema de Cecília Meireles representa. ausente. pela indicação do que seria o correto para ele: que o ma-
O eu lírico se coloca na posição de confessor. rido se comprometesse a não abandonar mais a mulher.

Faça em casa
hĪŏÿÿĜÿŲƸŏŃÿᡆŏłŧżƣĪƫ᠁ÿŏłŧżƣĪƫģżǜĪƣģĪƠŏŲżᡇ᠁ģĪ'᠇'ŏŲŏƫ᠁ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᙷÿᙹ᠇

– Ai flores, ai flores do verde pino, aquel que mentiu do que pôs conmigo?
se sabedes novas do meu amigo? Ai Deus, e u é?
Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado,
Ai flores, ai flores do verde ramo, aquel que mentiu do que mi há jurado?
se sabedes novas do meu amado? Ai Deus, e u é?
Ai Deus, e u é? – Vós me preguntades polo voss’amigo
Se sabedes novas do meu amigo, e eu bem vos digo que é san’e vivo.

39

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Ai Deus, e u é? ESTAVA A FORMOSA SEU FIO TORCENDO
– Vós me preguntades polo voss’amado (paráfrase de Cleonice Berardinelli)
e eu bem vos digo que é viv’e sano. Estava a formosa seu fio torcendo,
Ai Deus, e u é? Sua voz harmoniosa, suave dizendo
– E eu bem vos digo que é san’e vivo Cantigas de amigo.
e será vosco ant’o prazo saído. Estava a formosa sentada, bordando,
Ai Deus, e u é? Sua voz harmoniosa, suave cantando
– E eu bem vos digo que é viv’e sano Cantigas de amigo.
e será vosc[o] ant’o prazo passado. – Por Jesus, senhora, vejo que sofreis
Ai Deus, e u é? De amor infeliz, pois tão bem dizeis
Graça Videira Lopes; Manuel Pedro Ferreira et al. (2011-), Cantigas Cantigas de amigo.
medievais galego portuguesas [base de dados on-line]. Lisboa: Instituto de
Por Jesus, senhora, eu vejo que andais
Estudos Medievais, FCSH/Nova. Disponível em: https://cantigas.fcsh.unl.
pt/cantiga.asp?cdcant=592&tr=4&pv=sim. Escute a versão musicada em: Com penas de amor, pois tão bem cantais
https://cantigas.fcsh.unl.pt/versaomusical.asp?cdcant=592&cdvm=37. Cantigas de amigo.
Acessos em: 25 fev. 2021. – Abutre comeste, pois que adivinhais.
(BERARDINELLI, Cleonice. Cantigas de trovadores medievais em português
1. Comprove, por meio do texto, sua classificação como cantiga de amigo. moderno. Rio de Janeiro: Organ, Simões, 1953, pp. 58-59.)

O texto é uma cantiga de amigo porque apresenta eu lírico feminino que Considerando-se que o último verso da cantiga caracteriza um diálogo
expressa sua preocupação em ter notícias de seu namorado. ĪŲƸƣĪƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠒ĜżŲƫŏģĪƣÿŲģżᠵƫĪƢǀĪÿƠÿŧÿǜƣÿᡆÿěǀƸƣĪᡇŃƣÿłÿǜÿᠵƫĪ
ᡆÿǜǀǣƸżƣᡇ᠁ĪŰƠżƣƸǀŃǀįƫÿƣĜÿŏĜż᠒ĪĜżŲƫŏģĪƣÿŲģżᠵƫĪƢǀĪ᠁ģĪÿĜżƣģżĜżŰ
a tradição popular da época, era possível fazer previsões e descobrir o
2. Uma das características desse tipo de cantiga é sua estrutura mais refi- que está oculto, comendo carne de abutre, mediante estas três consi-
derações:
nada que outros tipos de cantiga. Comente e exemplifique.
A cantiga apresenta paralelismo, marcado por dois versos em a) SģĪŲƸŏǿƢǀĪżƠĪƣƫżŲÿŃĪŰƢǀĪƫĪĪǢƠƣĪƫƫÿĪŰģŏƫĜǀƣƫżģŏƣĪƸż᠁Ųż
último verso do poema:
decassílabos e uma pergunta, como refrão, em redondilha menor.
O personagem que se expressa no último verso é a senhora.

3. Uma das características dessa cantiga é a interlocução que ocorre entre o b) SŲƸĪƣƠƣĪƸĪżƫŏŃŲŏǿĜÿģżģżǁŧƸŏŰżǜĪƣƫż᠁ŲżĜżŲƸĪǢƸżģżƠżĪŰÿ᠇
eu lírico e uma personagem. Que personagem é essa e como ela colabora A senhora usa o dito popular, porque o trovador adivinha o motivo de
ƠÿƣÿÿĜżŲłŏŃǀƣÿğĘżģżĪƫƠÿğżŲżƢǀÿŧƫĪģĪƫĪŲǜżŧǜĪÿĜĪŲÿģĪƫĜƣŏƸÿ᠈
sua tristeza.
O eu lírico dialoga com as flores do pino, perguntando-lhes notícias de

seu amado. Essa personagem caracteriza o ambiente campestre, típico 5. Indique qual aspecto da relação social medieval aparece na cantiga de
amor: Resposta D. A submissão do eu lírico à amada é re-
das cantigas de amigo. flexo da relação entre o vassalo e o senhor medieval.
a) teocentrismo
b) paralelismo
4. VUNESP c) coita d´amor

SEDIA LA FREMOSA SEU SIRGO TORCENDO


d) vassalagem
Resposta D.
Estêvão Coelho 6. Leia as afirmações a seguir.
Sedia la fremosa seu sirgo torcendo,
I. Ocorrência de eu lírico masculino.
Sa voz manselinha fremoso dizendo
Cantigas d’amigo. II. Emprego de primeira pessoa.
Sedia la fremosa seu sirgo lourando, III.Ocultação do nome da pessoa amada.
Sa voz manselinha fremoso cantando
IV. Profundo sofrimento amoroso.
Cantigas d’amigo.
– Por Deus de Cruz, dona, sey que avedes São características da cantiga de amor:
Amor my coytado que tan ben dizedes a) I e II.
Cantigas d’amigo. b) II e III.
Por Deus de Cruz, dona, sey que avedes
c) II, III e IV.
D’amor my coytada que tan ben cantastes
Cantigas d’amigo. d) I, III e IV.
– Avuytor comestes, que adevinhades, e) I, II, III e IV.
(Cantiga n° 321 – CANC. DA VATICANA) Resposta E.
40
Literatura

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Unidade 4
8. Resposta D. O final do texto expõe a única situação que pode fazer a esposa
mudar de ideia.
Seu dono non lhi quis dar
ƫƢǀĪƫƸƛĪƫᚃĪᚄƣĪłĪƣĪŰᠵƫĪđĜÿŲƸŏŃÿģĪ/ƫƸįǜĘżģÿGǀÿƣģÿ᠇
cevada, neno ferrar;
7. A situação engraçada que dá à cantiga sua natureza satírica é mais, cabo dum lamaçal
creceu a erva,
a) A mulher abandona o marido e regressa arrependida de seu ato. e paceu, e arriç’ar,
b) O marido deseja retomar o relacionamento com a esposa, mas ela e já se leva!
não o aceita. (CD Cantigas from the Court of Dom Dinis.
c) O marido abandona a esposa e retorna à casa como se nada tivesse Harmonia mundiusa, 1995.)

ocorrido. A leitura permite afirmar que se trata de uma cantiga de


d) A esposa perdoa o marido, porque ele promete não abandoná-la a) escárnio, em que se critica a atitude do dono do cavalo, que dele
nunca mais. Resposta B. Não é comum, em uma estrutura social não cuidara, mas, graças ao bom tempo e à chuva, o mato cresceu e
machista, que a mulher imponha sua vontade.
o animal pôde recuperar-se sozinho.
8. O eu lírico, no final do texto, aconselha que
b) amor, em que se mostra o amor de Deus com o cavalo que,
a) a esposa aceite o marido de volta e saia do sofrimento.
abandonado pelo dono, comeu a erva que cresceu graças à chuva e
b) a mulher perdoe o esposo, mas não o aceite de volta. ao bom tempo.
c) o marido declare de uma vez a separação e não regresse. c) escárnio, na qual se conta a divertida história do cavalo que, graças
d) o esposo jure à mulher que não vai mais abandoná-la. ao bom tempo e à chuva, alimentou-se, recuperou-se e pôde, então,
fugir do dono que o maltratava.
9. Releia a cantiga de Estêvão da Guarda, que descreve uma situação co-
mum nas cantigas de escárnio. d) amigo, em que se mostra que o dono do cavalo não lhe buscou
cevada nem o ferrou por causa do mau tempo e da chuva que Deus
a) Comente que situação é essa e explique a diferença em relação a mandou, mas mesmo assim o cavalo pôde recuperar-se.
uma cantiga de amigo.
e) maldizer, satirizando a atitude do dono que ferrou o cavalo, mas
A cantiga descreve a situação de uma mulher abandonada pelo amado.
esqueceu-se de alimentá-lo, deixando-o entregue à própria sorte
Diferentemente da cantiga de amigo, a esposa não deseja retomar sua para obter alimento. Resposta A. A perspectiva do eu lírico é a de
crítica em relação à ação do dono do cavalo.
relação com o esposo. 11. As cantigas de escárnio e de maldizer nem sempre apresentam distin-
b) A cantiga faz uma sátira a partir da quebra da expectativa social ção clara, à exceção de uma característica exclusiva das cantigas de mal-
da época para os matrimônios. Descreva a perspectiva da sátira dizer. Assinale, a seguir, a alternativa que apresenta essa característica.
apresentada. a) Emprego de paralelismo e rima.
A cantiga, contrariando a postura feminina de aceitação de sua condição b) Uso de palavras de baixo calão.
dentro do casamento, expõe a decisão da esposa abandonada de não c) Referência à pessoa criticada. Resposta B. As cantigas de mal-
dizer são muito diretas e isso fica
querer se aproximar do esposo para uma reconciliação, apesar do seu d) Crítica indireta e ambígua. claro por meio de sua linguagem.
sofrimento.
12. Leia as afirmações sobre o repente e as cantigas satíricas medievais.
10. UNIFESP
Leia a cantiga seguinte, de Joan Garcia de Guilhade. I. Possuem origens na cultura popular.
II. São expressões poéticas cantadas.
Un cavalo non comeu III.Caracterizam-se por sua crítica social.
á seis meses nen s’ergueu
mais prougu’a Deus que choveu, São características comuns aos dois gêneros textuais:
creceu a erva, a) I, II e III.
e per cabo si paceu,
b) I e II.
e já se leva!
Seu dono non lhi buscou c) I e III.
Resposta B. O repente não se caracteriza por
cevada neno ferrou: d) II e III fazer crítica social.
mai-lo bon tempo tornou,
creceu a erva,
e paceu, e arriçou,
e já se leva!

41

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AUTONOMIA RESPONSABILIDADE CRIATIVIDADE EMPATIA
EMPATIA COOPERAÇÃO SOLIDARIEDADE COMUNICAÇÃO

Visite o blog da autora Ana Elisa Ribeiro e leia a crônica “Gol de quem?”, na seção de literatura, no item "Coluna".
'ŏƫƠżŲőǜĪŧĪŰ᠀ŊƸƸƠƫ᠀᠓᠓ÿŲÿģŏŃŏƸÿŧ᠇Ơƣż᠇ěƣ᠓ĜÿƸĪŃżƣǣ᠓ŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ᠓ĜżŧǀŲÿƫ᠓᠇ĜĪƫƫżĪŰ᠀‫ڑ‬ÿěƣ᠇ᙸᙶᙸᙷ᠇

Depois de ler o texto, comente com os colegas da turma o tema apresentado pela autora, analisado sob a pers-
pectiva da criatividade e de sua capacidade de comunicação com o público leitor. Em seguida, responda:

Que valores você observa ao analisar o tratamento desses aspectos da produção literária?
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam a criatividade da autora para tratar de um tema comum,

que, neste caso, é abordado por meio de uma perspectiva individual e de quem não gosta de futebol. É grande a

capacidade de comunicação da autora, porque ela utiliza linguagem acessível e bem-humorada, como podemos notar

no comentário no fim da crônica. Ao analisar esses aspectos, constata-se que a autora expõe valores relacionados à

sua crença na possibilidade de tratamento de temas comuns para comunicar, de maneira responsável, aspectos da

vida de uma forma diferente, evidenciando o respeito às diferenças.

Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 4. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.

Trovadorismo

Prosa:
Cantiga
novelas de
de amor
cavalaria

Cantigas
Cantiga
satíricas: de
de
escárnio e de
amigo
maldizer

Depois de analisar o esquema anterior, responda: 2. Ainda que o repente se aproxime das composições satíricas medievais,
1. O que caracteriza, de modo amplo, as cantigas de amor e de amigo por sua natureza musical e popular, há um aspecto central de diferença
ĜżŰżĪǢƠƣĪƫƫƛĪƫŧőƣŏĜÿƫ᠈ no tratamento dos temas. Comente.
Ambos os tipos de cantiga apresentam como tema central a questão Os repentes também fazem elogios a pessoas e situações, além de

do amor, impossível e idealizado (como nas cantigas de amor) ou centrar-se em um tema definido pela plateia, para instaurar seu perfil

concreto e real (como nas cantigas de amigo). competitivo.

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Literatura

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Estude
1. ENEM Assinale a alternativa que corresponde ao efeito produzido pelas repe-
O bonde abre a viagem,
tições no sermão.

No banco ninguém, a) ƣĪƠĪƸŏğĘżěǀƫĜÿƫĪŲƫŏěŏŧŏǭÿƣżƫǿīŏƫƠÿƣÿżģĪƫĪŲŃÿŲżģÿ


passagem do tempo.
Estou só, estou sem.
Depois sobe um homem, b) ƣĪƠĪƸŏğĘżěǀƫĜÿģĪŰżŲƫƸƣÿƣÿżƫǿīŏƫżƸĪŰżƣģĪǀŰÿǜŏģÿŧżŲŃĪǜÿ᠇
No banco sentou, c) ƣĪƠĪƸŏğĘżěǀƫĜÿƫĪŲƫŏěŏŧŏǭÿƣżƫǿīŏƫƠÿƣÿżǜÿŧżƣģĪĜÿģÿĪƸÿƠÿģÿǜŏģÿ᠇
Companheiro vou. d) ƣĪƠĪƸŏğĘżěǀƫĜÿģĪŰżŲƫƸƣÿƣÿżƫǿīŏƫÿŏŲƫĪŃǀƣÿŲğÿģĪǀŰÿǜŏģÿ
O bonde está cheio, cristã. Resposta A.
De novo porém
3. ENEM
Não sou mais ninguém.

ANDRADE, M. Poesias completas. Belo Horizonte: Itatiaia, 2005. Uma ouriça

Se o de longe esboça lhe chegar perto,


Em um texto literário, é comum que os recursos poéticos e linguísticos
participem do significado do texto, isto é, forma e conteúdo se relacio- se fecha (convexo integral de esfera),

nam significativamente. Com relação ao poema de Mário de Andrade, se eriça (bélica e multiespinhenta):
a correlação entre um recurso formal e um aspecto da significação do e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
texto é
Mas não passiva (como ouriço na loca);
a) a sucessão de orações coordenadas, que remete à sucessão de
nem só defensiva (como se eriça o gato);
cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da viagem.
sim agressiva (como jamais o ouriço),
b) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema, que
do agressivo capaz de bote, de salto
acentua o ritmo acelerado da modernidade.
(não do salto para trás, como o gato):
c) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica, que
daquele capaz de salto para o assalto.
reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e retomadas
de movimento.
Se o de longe lhe chega em (de longe),
d) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que representa a
tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem. de esfera aos espinhos, ela se desouriça.

e) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado pelos Reconverte: o metal hermético e armado

modernistas, que aproxima a linguagem do poema da linguagem na carne de antes (côncava e propícia),
cotidiana. Resposta A. e as molas felinas (para o assalto),

2. UNICAMP nas molas em espiral (para o abraço).

Repartimos a vida em idades, em anos, em meses, em MELO NETO, J. C. A educação pela pedra.
dias, em horas, mas todas estas partes são tão duvidosas, e Nova Fronteira, Rio de Janeiro: 1997.

tão incertas, que não há idade tão florente, nem saúde tão ro-
Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metafo-
busta, nem vida tão bem regrada, que tenha um só momento
riza a atitude feminina de
seguro.
(Antonio Vieira, “Sermão de Quarta-feira de Cinza – ano de 1673”.
a) tenacidade transformada em brandura.
In: A arte de morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 79.) b) obstinação traduzida em isolamento.

tĪƫƸÿƠÿƫƫÿŃĪŰģĪǀŰƫĪƣŰĘżƠƣżłĪƣŏģżĪŰᙷᚂᚃᙹ᠁ŲƸƀŲŏżßŏĪŏƣÿƣĪƸżᠵ c) inércia provocada pelo desejo platônico.


mou os argumentos da pregação que fizera no ano anterior e acrescen- d) irreverência cultivada de forma cautelosa.
tou novas características à morte. Para comover os ouvintes, recorreu ao
e) ģĪƫĜżŲǿÿŲğÿĜżŲƫǀŰÿģÿƠĪŧÿŏŲƸżŧĪƣĈŲĜŏÿ᠇ Resposta A.
uso de anáforas.

43

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Estude
4. ENEM d) Nessa cantiga de amor, o eu lírico masculino dirige-se às ondas do
Na sua imaginação perturbada sentia a natureza toda mar para expressar sua solidão.
agitando-se para sufocá-la. Aumentavam as sombras. No céu, e) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico feminino dirige-se às ondas do
nuvens colossais e túmidas rolavam para o abismo do hori- mar para expressar sua ansiedade com relação à volta do amado.
zonte... Na várzea, ao clarão indeciso do crepúsculo, os seres Resposta E.
tomavam ares de monstros... As montanhas, subindo amea- 6. ENEM
çadoras da terra, perfilavam-se tenebrosas... Os caminhos, Ave a raiva desta noite
espreguiçando-se sobre os campos, animavam-se quais ser- A baita lasca fúria abrupta
pentes infinitas... As árvores soltas choravam ao vento, como
Louca besta vaca solta
carpideiras fantásticas da natureza morta... Os aflitivos pássa-
Ruiva luz que contra o dia
ros noturnos gemiam agouros com pios fúnebres. Maria quis
Tanto e tarde madrugada.
fugir, mas os membros cansados não acudiam aos ímpetos
do medo e deixavam-na prostrada em uma angústia deses- LEMINSKI, P. Distraídos venceremos. São Paulo: Brasiliense, 2002.
(Fragmento)
perada.
ARANHA, J. P. G. Canaã. São Paulo: Ática, 1997.
No texto de Leminski, a linguagem produz efeitos sonoros e jogos de
No trecho, o narrador mobiliza recursos de linguagem que geram uma imagens. Esses jogos caracterizam a função poética da linguagem, pois
expressividade centrada na percepção da a) objetivam convencer o leitor a praticar uma determinada ação.
a) relação entre a natureza opressiva e o desejo de libertação da
b) transmitem informações, visando levar o leitor a adotar um
personagem.
determinado comportamento.
b) ĜżŲǵŧǀįŲĜŏÿĪŲƸƣĪżĪƫƸÿģżĪŰżĜŏżŲÿŧģÿƠĪƣƫżŲÿŃĪŰĪÿ
c) visam provocar ruídos para chamar a atenção do leitor.
ĜżŲǿŃǀƣÿğĘżģÿƠÿŏƫÿŃĪŰ᠇
d) apresentam uma discussão sobre a própria linguagem, explicando
c) prevalência do mundo natural em relação à fragilidade humana.
o sentido das palavras.
d) depreciação do sentido da vida diante da consciência da morte
iminente. e) representam um uso artístico da linguagem, com o objetivo de
provocar prazer estético no leitor. Resposta: E.
e) instabilidade psicológica da personagem face à realidade hostil.
Resposta B.
5. Mackenzie 7. Analise as afirmações sobre ciberpoesia e audiolivros.
Leia o texto a seguir. I São expressões digitais contemporâneas. Resposta: A.

Ondas do mar de Vigo,


II. Exigem grande esforço de produção e edição.
se vistes meu amigo! II. Empregam variados recursos criativos.
E ai Deus, se verrá cedo! IV.¦ĪƠƣżģǀǭĪŰǿĪŧŰĪŲƸĪÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿŏŰƠƣĪƫƫÿ᠇
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado! São corretas as afirmações:
E ai Deus, se verrá cedo!
a) I, II e III
Martim Codax
b) I, II e IV
Obs.: verrá = virá
c) II, III e IV
levado = agitado
Assinale a afirmativa correta sobre o texto. d) I, III e IV
a) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta a Deus seu 8. São elementos imprescindíveis para a construção de um texto teatral:
sofrimento amoroso.
a) ĜżŲǵŧŏƸżƫĪĪǢƠƣĪƫƫĘżģĪĪŰżğĘż᠇
b) Nessa cantiga de amor, o eu lírico feminino dirige-se a Deus para
lamentar a morte do ser amado. b) linguagem objetiva e encenação.

c) Nessa cantiga de amigo, o eu lírico masculino manifesta às ondas c) ŲÿƣƣÿģżƣĪĜżŲǵŧŏƸżƫŊǀŰÿŲżƫ᠇


do mar sua angústia pela perda do amigo em trágico naufrágio. d) fala das personagens e rubricas. Resposta: D.

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Literatura

MAXI_EM22_1S_LIT_C1_CA.indd 44 29/06/2021 18:10


Un
ida
de
Humanismo e gêneros
1 textuais orais
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46, Inicie a jornada!
EM13LP48, EM13LP49,
EM13LP52, EM13LGG203,

Lightspring/Shutterstock
EM13LGG301

Nesta unidade você


vai estudar:
Humanismo: contexto
ģĪᡰƸƣÿŲƫŏğĘż
ÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģÿƠƣżƫÿĪģÿ
ƠżĪƫŏÿŊǀŰÿŲŏƫƸÿ
ƸĪÿƸƣżģĪGŏŧßŏĜĪŲƸĪ
ÿƸǀÿŧŏģÿģĪģżƫÿǀƸżƫ
SlamĪŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿƠĪƣŏłīƣŏĜÿ

O antropocentrismo, que colocou o homem como centro do universo, é uma das características do Humanismo.

Humanismo: contexto de transição


Trata-se da designação do período de transição da Idade Média para a Idade Moderna, ao longo do século XV e do
início do século XVI. Em Portugal, considera-se o ano de 1434 como marco inicial, quando Fernão Lopes foi nomeado
cronista-mor da Torre do Tombo – onde os documentos oficiais eram guardados – para escrever crônicas a partir das
histórias dos reis de Portugal.
É importante destacar que o Humanismo em Portugal coincide com a chegada dos portugueses ao Brasil, por isso
os primeiros documentos descritivos das terras brasileiras apresentam traços desse período histórico .
O Humanismo não foi uma escola literária, mas um momento de grandes transformações da sociedade que re-
percutiram nas artes, em direção a uma revolução cultural e artística denominada Renascimento. O nome se deve ao
Professor, incentive o aces- fato de que a época foi palco da valorização do homem, o que fez com que a visão antropocêntrica de mundo ganhasse
so ao vídeo sobre a evolução
da língua portuguesa do Bra-
força e convivesse com a visão teocêntrica do período anterior.
sil colonial à atualidade. O século XVI foi um período também marcado por fatos muito significativos para o avanço cultural da humanida-
de. Nessa época, desenvolveu-se a bússola, que propiciou as Grandes Navegações, e surgiu a imprensa como forma de
divulgação de obras históricas e filosóficas da Antiguidade clássica redescobertas naquele momento.
O desenvolvimento em diversas áreas do conhecimento contribuiu para o abrandamento do temor do homem
diante do desconhecido, que o levava a viver em função de Deus e subserviente à Igreja. A produção literária se con-
centrou na prosa histórica, na poesia palaciana e no teatro popular.

Características da prosa e da poesia humanista


A prosa, durante o Humanismo, foi uma manifestação literária importante e teve em Fernão Lopes seu principal
representante. Ele é considerado o maior nome da prosa histórica do século XV por sua inovação: seus textos não se
limitavam a descrever a vida da corte e a biografia do rei. Retratavam também a sociedade em transformação e os
acontecimentos que envolviam seus vários segmentos. Para isso, o cronista conciliava a imparcialidade do historiador
à expressividade da linguagem literária.
2
Literatura

MAXI_EM22_1S_LIT_C2_CA_U1_P6.indd 2 29/07/21 08:45


Unidade 1

Pollini/Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, Portugal.


buscar artíficios para alcançar nova musicalidade a partir do ritmo e da
melodia propiciados pelas palavras. Com isso, aumentou-se a preocupa-
ção com a produção do texto, que passou a ser mais requintado em seu
aspecto formal.
A poesia da época foi reunida pelo poeta Garcia de Resende no Can-
cioneiro geral᠁ƠǀěŧŏĜÿģżĪŰᙷ‫ᙷڑ‬ᚂ᠁ĜżŰĜĪƣĜÿģĪŰŏŧƠżĪŰÿƫģĪᙸᚄᚂᡰƠżĪƸÿƫ᠇
Esse cancioneiro reúne exemplos de poesia religiosa, satíri-
ca, dramática, didática, heroica e lírica, como a de João Ruiz,
que escreveu um dos poemas mais populares dessa coletâ-
nea: Cantiga, partindo-se.
Professor, incentive o
Senhora, partem tam tristes acesso ao vídeo produzi-
do pela Rede de Televisão
meus olhos por vós, meu bem, Portuguesa com a decla-
mação do poema “Canti-
que nunca tam tristes vistes
ga, partindo-se”, feita pelo
outros nenhuns por ninguém. ator português João Reis.

Tam tristes, tam saudosos,


tam doentes da partida,
tam cansados, tam chorosos
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
Fernão Lopes foi autor de três importantes crônicas sobre os reis
dom Pedro I, dom Fernando e dom João I. Seus textos marcam seu com- tam fora d’esperar bem,
promisso com a verdade histórica, o que o levou a, mesmo escrevendo que nunca tam tristes vistes
sobre a vida de reis, fazer críticas às formas de governo. O cronista tam- outros nenhuns por ninguém.
bém primou pela rigorosa pesquisa de fontes dos fatos narrados.
CASTELO-BRANCO, João Ruiz de. Cantiga, partindo-se. In:
Isso fez com que ele alcançasse uma visão mais ampla da realidade NICOLA, José de Literatura portuguesa: da Idade Média
ƠżƣƸǀŃǀĪƫÿᠤƠÿƣÿÿŧīŰģÿĜĪŲƸƣÿŧŏģÿģĪģÿłŏŃǀƣÿģżƫƣĪŏƫᠥ᠁ÿƠżŲƸżᡰģĪ a Fernando Pessoa. São Paulo: Scipione, 1990. p. 47.
traçar um quadro da sociedade da época. Além disso, com seu estilo
mais próximo à literatura, descreveu os perfis humanos a partir de Ao ler o poema, você deve ter observado que o texto apresenta mé-
ƫĪǀƫᡰĜżŰƠżƣƸÿŰĪŲƸżƫ᠇ trica mais rigorosa que os textos medievais. Nesse caso, todos os versos
Uma das mais famosas passagens de sua crônica é a de Inês de são redondilhas maiores, ou seja, apresentam sete sílabas métricas. O
Castro, a rainha que foi coroada depois de morta. Conta-se que dom autor usa um esquema de rimas que contribui também para a melodia
Pedro, oitavo rei de Portugal, mesmo casado com dona Constança, se do poema.
apaixonou por Inês, uma das damas de companhia de sua esposa e per- Na primeira estrofe, o poeta rima “tristes” com “vistes” e “bem” com
tencente à poderosa família de Castela. “ninguém”, produzindo o esquema ABAB. Na segunda estrofe, as rimas
Quando ficou viúvo, marcou suas núpcias com Inês de Castro para entre “saudosos”, “chorosos” e “desejosos”, “partida” e “vida”, “tristes” e
resolver a situação de seus filhos bastardos. Seu pai, Afonso IV, que ain- “vistes”, “bem” e “ninguém” garantem a continuação do esquema de ri-
da era o rei de Portugal, associado a outros nobres temerosos do po- mas. A musicalidade do texto ainda é produzida pelos jogos de palavras,
ģĪƣᡰģÿłÿŰőŧŏÿģÿłǀƸǀƣÿƣÿŏŲŊÿ᠁ÿƫƫÿƫƫŏŲÿƣÿŰÿŲżŏǜÿ᠇ como “nenhuns por ninguém” e “tristes os tristes”.
Depois que se tornou o regente, dom Pedro, para vingar-se da Note ainda que o poema se tornou mais expressivo: o uso de figu-
crueldade sofrida, exumou o cadáver de Inês, sentou-a no trono com ras de linguagem dá maior sofisticação ao texto. Na primeira estrofe,
seu vestido de noiva e obrigou todos os nobres a beijarem sua mão, por exemplo, há um exemplo de metonímia, quando o autor expressa
como se ela fosse a rainha. Quando se tornou o rei de Portugal, man- a partida dos olhos (os olhos substituindo a imagem da pessoa). Na
dou transladar os restos de sua amada com toda a pompa real. Esse segunda, a leitura atenta evidenciará o empego da anáfora (repetição
episódio volta a ganhar importância na obra Os lusíadas, de Luís Vaz estrutural), da hipérbole (cem mil vezes), da antítese (morte e vida),
de Camões. entre outros recursos.
A poesia praticada pelos nobres nesse período foi chamada de pa-
laciana, porque nasceu no interior dos palácios, como forma de entrete-
nimento para a nobreza. Durante o Humanismo, mesmo sem grandes
Leia o poema e comente sua percepção da musicalidade e da
diferenças em relação às cantigas medievais, a poesia se separou da
ĜÿģįŲĜŏÿģżᡰƸĪǢƸż᠇
música e deixou de ser cantada para ser declamada. O poeta passou a
3

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O teatro de Gil Vicente Vá além
żŲŊĪğÿƠÿƣƸĪģÿżěƣÿģĪGŏŧßŏĜĪŲƸĪƸÿŰěīŰŲżłżƣŰÿƸżģĪN¥ĪŰ᠀Auto

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da barca do inferno᠁ƠżƣhÿǀģżFĪƣƣĪŏƣÿĪĜżƣĪƫƠżƣŰÿƣßŏŻżŧĪ᠁ƠǀěŧŏĜÿģż
ƠĪŧÿ/ģŏƸżƣÿᡰ£ĪŏƣŽƠżŧŏƫ᠇

Faça em sala: 1 a 2 | Faça em casa: 1 a 6

A atualidade dos autos

Reprodução/Globo Filmes
®ĪŧżƫĜżŰĪŰżƣÿƸŏǜżƫĪǢƠƣĪƫƫÿŰÿǜÿŧżƣŏǭÿğĘżģÿģÿÿżÿǀƸżƣGŏŧßŏĜĪŲƸĪĪƫǀÿżěƣÿ᠇

Durante o Humanismo, além da prosa histórica e da poesia pala-


ciana, produziu-se teatro popular de excelente qualidade literária, o
que fez com que esse gênero textual ganhasse grande importância. Gil
Vicente foi seu principal autor; atento observador dos costumes e da na-
tureza humana, ele escreveu autos e farsas.
Os primeiros são composições dramáticas, com personagens geral-
mente alegóricas, como os pecados, as virtudes, entre outros elementos,
e entidades como santos e demônios. Sua intenção é moralizante, mas a
A peça de Ariano Suassuna
obra também contém aspectos cômicos e jocosos. Já as farsas são textos łżŏÿģÿƠƸÿģÿƠżƣGǀĪŧƣƣÿĪƫ
que não tratam especificamente da temática religiosa e envolvem ele- ĪƣĪĜĪěĪǀżGƣÿŲģĪ£ƣįŰŏż
do Cinema Brasileiro em
mentos de humor. diversas categorias.
Os autos, por servirem à divulgação dos ideais religiosos e à mora-
lização dos costumes, apresentam temas recorrentes, como o confronto
entre o bem e o mal. A inovação de Gil Vicente está no fato de que os Temporalmente, estamos muito distantes das manifestações lite-
escreveu criticando, de forma contundente, a sociedade de sua época. rárias do Humanismo, mas encontramos, na produção teatral brasileira,
Com isso, ele denunciou os escândalos do clero, os abusos da corte, a exemplos da influência que os autos de Gil Vicente exerceram sobre a
hipocrisia das instituições, o materialismo e a corrupção humana. literatura de dois grandes escritores contemporâneos: João Cabral de
Como artista oficial da corte portuguesa, ele escreveu mais de quarenta Melo Neto e Ariano Suassuna.
obras. Entre as mais conhecidas, estão Monólogo do vaqueiro ou Auto da visita- Do primeiro, você já conhece o auto de Natal Morte e vida severina;
ção, a trilogia das barcas (Auto da barca do inferno, Auto da barca do purgatório do segundo, verá o Auto da Compadecida. Ambas as obras refletem, de
e Auto da barca do paraíso), Farsa de Inês Pereira, Auto da Índia e O velho da horta. forma direta, a literatura regional e popular nordestina. Por meio delas,
As principais características do teatro de Gil Vicente são: ƠżģĪŰżƫƠĪƣĜĪěĪƣÿƫƣĪƫƫżŲĈŲĜŏÿƫģÿƠƣżģǀğĘżÿƣƸőƫƸŏĜÿģżƫīĜǀŧżᡰåß᠇
A obra Auto da Compadecida, a mais famosa de Ariano Suassuna, foi
• Foco no comportamento: os textos retratam, especialmente, o ho-
mem e suas atitudes. Não têm pretensão de converter o indivíduo publicada em 1955, mas continua atraindo leitores e editores por seu rea-
a uma crença. lismo mágico, regional e universal. Ela nasce de um projeto do autor de
sistematizar a tradição popular e oral dentro de formas de tradição erudi-
• Visão crítica da sociedade: expõe e analisa a ética de sua época. Ƹÿ᠁ƠżƣŰĪŏżģÿłǀƫĘżģĪƣżŰÿŲĜĪŏƣżƫƠżƠǀŧÿƣĪƫĜżŰÿżěƣÿģĪGŏŧᡰßŏĜĪŲƸĪ᠇
• Caráter moralizante: a intenção do autor era conscientizar e refor- Nesse texto teatral, Ariano Suassuna expressa sua preocupação
mar a sociedade. com a constituição de uma nacionalidade, distante de uma visão folcló-
• Personagens-tipo: as personagens representam grupos sociais ou rica e pitoresca. O conjunto da obra, marcado por sua grande habilidade
determinados comportamentos característicos da época. São des- de contador de histórias e pela mistura entre o popular e o erudito, o
critas como caricaturas e alegorias. real e o imaginário, o sagrado e o profano, o cômico e o
trágico, é uma luta incansável pela defesa da cultura bra-
• Temas pastoris, cotidianos, profanos e religiosos.
sileira. No caso específico do Auto da Compadecida, o texto
• Presença de temas da cultura popular. é temperado por uma visão cristã da vida, calcada pela fé
• Presença de humor e comicidade. e pela simplicidade.
Professor, incentive o acesso à adaptação da obra Auto da Compadecida para o cinema.
4
Literatura

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Unidade 1

elite — estamos falando da poesia slam. Essa palavra surgiu


Slam e literatura periférica em Chicago, em 1984, e hoje a poetry slam, como é chamada,
é uma competição de poesia falada que traz questões da
Luciana Whitaker/Pulsar Imagens

atualidade para debate. Slam é uma expressão inglesa cujo


significado se assemelha ao som de uma “batida” de porta
ou janela, “algo próximo do nosso ‘pá!’ em língua portu-
guesa”, explica Cynthia Agra de Brito Neves, em artigo re-
cém-publicado na revista Linha D’Água. Nas apresentações
de slam o poeta é performático e só conta com o recurso de
sua voz e de seu corpo.
A poetry slam, também chamada “batalha das letras”, tor-
nou-se, além de um acontecimento poético, um movimento
social, cultural e artístico no mundo todo, um novo fenôme-
no de poesia oral em que poetas da periferia abordam criti-
camente temas como racismo, violência, drogas, entre outros,
despertando a plateia para a reflexão, tomada de consciência
e atitude política em relação a esses temas. Os campeonatos
de poesias passam por etapas ao longo do ano, de fevereiro a
novembro, são compostos de três rodadas e o vencedor, es-
colhido por cinco jurados da plateia, é premiado com livros e
participa do Campeonato Brasileiro de Slam (Slam Br). O poeta
£ǁěŧŏĜżÿƫƫŏƫƸĪÿǀŰłĪƫƸŏǜÿŧģĪslam. vencedor dessa etapa competirá na Copa do Mundo de Slam,
realizada todo ano em dezembro, na França.
O slam foi criado pelo poeta estadunidense Marc Kelly Smith, na dé- Os campeonatos de slam no Brasil foram introduzidos por
cada de 1980, mas só chegou ao Brasil nos anos 2000. Esse gênero tex- Roberta Estrela D’Alva, a slammer (poetisa) brasileira mais co-
tual oral e de engajamento dá voz a jovens socialmente marginalizados nhecida pela mídia e que conquistou o terceiro lugar na Copa
nas grandes cidades. A partir dessa expressão artística, eles encontram do Mundo de Poesia Slam 2011, em Paris. Outra presença ex-
um meio de potencialização de seu poder criativo. pressiva no assunto é Emerson Alcalde, fundador do Slam da
Guilhermina, entrevistado pela autora em maio deste ano na
Do contexto de exclusão social, nasce uma literatura periférica,
Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH)
cujos temas são apresentados publicamente em festivais organizados
da USP. Segundo ele, “promover a poesia oral, falar poesias,
em várias cidades brasileiras. A prática de expressão falada de poemas ler, escrever, promover batalhas de performances poéticas, é
favorece o rompimento com a natureza acadêmica da poe- transformar os slams em linguagem” e, pensando nisso, levou
sia e dos espaços formais de produção artística. Por sua o slam às escolas, pois “poesia é educação”.
natureza de denúncia, o slam tem sido uma prática ampla- Cynthia Agra de Brito salienta que os slammers querem
mente exercida por mulheres. ser “considerados escritores como quaisquer outros autores
Ainda que se caracterize como gênero de expressão oral, na verda- nacionais”, pois essa literatura “marginal e periférica” rompe
de, ele tem natureza mista, pois associa a oralidade à escrita prévia do com a linguagem culta e incomoda quem apenas valoriza pa-
poema. Nas “batalhas” (nome dado ao evento de apresentação), que râmetros tradicionais literários. O slam é um grito, atitude de
não podem ultrapassar três minutos, os participantes competem com “reexistência”, termo criado com a fusão das palavras existên-
cia e resistência, de acordo com a professora Ana L. S. Souza.
outros em performances cuja centralidade é a palavra.
O artigo ressalta também a importância de se levar os slams
Os únicos recursos possíveis são a voz, o corpo e a memória do poe- para as escolas, na medida em que forma alunos leitores e
ta. Há festivais que autorizam também a leitura dos poemas. A plateia, escritores conscientes, dispostos a reivindicarem mudanças
acostumada à escuta atenta e à vivência de um ambiente democrático educacionais e sociais.
e respeitoso, julga o desempenho do slammer por meio de uma nota, É fundamental o papel da escola na disseminação dos
usada para eleger o vencedor da batalha. slams, pois por meio deles os alunos expressam “seus modos
Leia o excerto a seguir para compreender melhor o slam como um de existir” e suas reivindicações por “uma cultura jovem, po-
gênero textual do nosso tempo. pular, negra e pobre, de moradores da periferia, bem diferen-
tes do gosto canônico, branco e de classe média”. Ao recriarem
Slam é voz de identidade e resistência dos poetas a cultura oficialmente escolar letrada, esses alunos se tornam
contemporâneos “agentes de letramentos de reexistência”, e os slams, dessa
Poesia falada criada nos anos 1980, em Chicago, chegou ao maneira, são seus porta-vozes, pelos quais demonstram sua
Brasil e reivindica cultura jovem, popular e negra revolta, sua identidade e resistência. A autora finaliza afir-
mando que “é preciso resistir para existir. Poesia é reexistên-
Margareth Artur / Portal de Revistas da USP
cia”, enfatizando o desafio com que se deparam as escolas
A poesia falada e apresentada para grandes plateias diante dessa nova poesia contemporânea.
não é um fato novo, porém, a grande diferença é que hoje ARTUR, Margareth. Slam é voz de identidade e resistência
a poesia falada se apresenta para o povo e não para uma dos poetas contemporâneos. Jornal da USP, 23 nov. 2017.
Professor, incentive o acesso ao vídeo sobre o slam, produzido pela TV Brasil.
5

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Vá além
Leia o artigo “Slams᠀ŧĪƸƣÿŰĪŲƸżƫŧŏƸĪƣĀƣŏżƫģĪƣĪĪǢŏƫƸįŲĜŏÿÿż᠓ŲżŰǀŲģżĜżŲƸĪŰƠżƣĈŲĪżᡇ᠁ĪƫĜƣŏƸżƠĪŧÿƠƣżłĪƫƫżƣÿ ǣŲƸŊŏÿŃƣÿ
ģĪƣŏƸżtĪǜĪƫ᠁ģÿÃŲŏǜĪƣƫŏģÿģĪ/ƫƸÿģǀÿŧģĪ ÿŰƠŏŲÿƫᠤÃŲŏĜÿŰƠᠥĪƠǀěŧŏĜÿģżŲÿƣĪǜŏƫƸÿLinha D’Água.

Relacione
NŏƫƸŽƣŏÿĪƣƸĪĜÿŰŏŲŊÿŰšǀŲƸÿƫ᠀ŲÿƸƣÿŲƫŏğĘżģÿSģÿģĪrīģŏÿƠÿƣÿÿSģÿģĪrżģĪƣŲÿ᠁ĜżŰÿłÿŧįŲĜŏÿģżƫŏƫƸĪŰÿłĪǀģÿŧ᠁ŊżǀǜĪǀŰ
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īƠżĜÿĪŰFŏŧżƫżłŏÿĪ®żĜŏżŧżŃŏÿ᠇

Faça em sala: 3 a 4 | Faça em casa: 7 a 12

Faça em sala
1. ᠤÃŲŏĜÿŰƠᠵ®£ᠥ hĪŏÿ żƫ ģŏĀŧżŃżƫ ÿěÿŏǢż ģÿ ƠĪğÿ O Velho da Horta, de b) ƢǀĪƫĪģĪǜĪżĜÿƫƸŏŃżŏŰƠżƫƸżÿƣÿŲĜÿGŏŧ᠈
GŏŧᡰßŏĜĪŲƸĪ᠀ Branca Gil é a alcoviteira que foi contratada pelo Velho para servir de
(Mocinha) – Estás doente, ou que haveis? intermediária na sua tentativa de sedução. Como ela guardava para si
(Velho) – Ai! não sei, desconsolado, o dinheiro que ele lhe entregava para comprar presentes para a moça,
Que nasci desventurado.
é punida pela prática de alcovitagem e pelo roubo do dinheiro
(Mocinha) – Não choreis;
mais mal fadada vai aquela. do sedutor.
(Velho) – Quem?
(Mocinha) – Branca Gil. c) 'ŏÿŲƸĪģżĜÿƫƸŏŃż᠁ƣÿŲĜÿGŏŧÿģżƸÿǀŰÿÿƸŏƸǀģĪƠÿƣÿģżǢÿŧ᠇£żƣƢǀį᠈
(Velho) – Como? A atitude da alcoviteira é considerada paradoxal porque ela revela
(Mocinha) – Com cent’açoutes no lombo,
altivez e destemor diante da prisão. Poderíamos afirmar que esse
e uma corocha por capela*.
E ter mão; comportamento se deve à certeza de que, como de outras vezes, o
leva tão bom coração,**
seu castigo será limitado a açoites e ela depois voltará a ser livre para
como se fosse em folia.
Ó que grandes que lhos dão!*** continuar exercendo seu ofício. A cena sugere a crítica à corrupção

moral extensiva a toda a sociedade portuguesa.


ពᠤĜżƣżĜŊÿᠥĜżěĪƣƸǀƣÿƠÿƣÿÿĜÿěĪğÿƠƣŽƠƣŏÿģÿƫÿŧĜżǜŏƸĪŏƣÿƫ᠒
ᠤƠżƣ ĜÿƠĪŧÿᠥƠżƣŃƣŏŲÿŧģÿ᠇ 2. (Uema) O Auto da Barca do Inferno īǀŰÿģÿƫƸƣįƫƠĪğÿƫƢǀĪĜżŰƠƛĪŰÿ
ពពĜÿŰŏŲŊÿƸĘżĜżƣÿšżƫÿ᠇ ¼ƣŏŧżŃŏÿģÿƫÿƣĜÿƫģżƸĪÿƸƣżǜŏĜĪŲƸŏŲż᠇GŏŧßŏĜĪŲƸĪīÿǀƸżƣģżƠĪƣőżģż
ŧŏƸĪƣĀƣŏżƠżƣƸǀŃǀįƫĜżŲŊĪĜŏģżĜżŰżNǀŰÿŲŏƫŰż᠇
***Ó que grandes açoites que lhe dão!
ANJO: Que mandais?
FIDALGO: Que me digais,
VICENTE, Gil. O Velho da Horta. In: BERARDINELLI, pois parti tão sem aviso,
Cleonice (org.). Antologia do Teatro de Gil Vicente. se a barca do paraíso
Rio de Janeiro: Nova Fronteira;
é esta em que navegais.
Brasília: INL, 1984. p. 274.
ANJO: Esta é; que lhe buscais?
a) ƢǀÿŧģĪƫǜĪŲƸǀƣÿƫĪƣĪłĪƣĪżǜĪŧŊżŲĪƫƫĪģŏĀŧżŃżĜżŰÿŰżĜŏŲŊÿ᠈ FIDALGO: Que me deixeis embarcar;
sou fidalgo de solar,
O Velho se refere ao fato de ter sido mal-sucedido em sua tentativa
é bem que me recolhais.
de conquistar uma mocinha. Nessa tentativa, ele perdeu parte de seu [...]
ANJO: Pra vossa fantasia
dinheiro. Além disso, foi ridicularizado e desprezado pela moça que
mui pequena é esta barca.
assediou, revelando, nesse trecho, o seu desconsolo amoroso. FIDALGO: Pra senhor de tal marca
não há aqui mais cortesia? [...]
VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno.
São Paulo: FTD, 1997.
6
Literatura

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Unidade 1

ƫģŏĀŧżŃżƫĪŲƸƣĪżÿŲšżĪżłŏģÿŧŃżƠƛĪŰĪŰģŏƫĜǀƫƫĘżŲĘżƫŽżƫǜÿŧż- b) /ŲƸƣĪÿƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠁ŊĀƸƣįƫƢǀĪƫĪƣĪŧÿĜŏżŲÿŰƠżƣŲőǜĪŏƫ
ƣĪƫģĪǀŰŰǀŲģżŰĪģŏĪǜÿŧ᠁ŰÿƫƸÿŰěīŰģżŰǀŲģżĜżŲƸĪŰƠżƣĈŲĪż᠇ ŊŏĪƣĀƣƢǀŏĜżƫ᠇¥ǀÿŏƫƫĘżĪŧÿƫ᠈¥ǀÿŧīÿŏŲƸĪŲĜŏżŲÿŧŏģÿģĪģżÿǀƸżƣĪŰ
ÿƸǀÿŧŏģÿģĪģĪƫƫÿģŏƫĜǀƫƫĘżģĪĜżƣƣĪģĪƢǀĪżŊżŰĪŰģĪŊżšĪ᠁ÿŏŲģÿ᠁ ÿƠƣĪƫĪŲƸĀᠵŧÿƫŲżƸĪǢƸż᠈
ÿƫƫǀŰĪłÿŧƫżƫƠżƫŏĜŏżŲÿŰĪŲƸżƫ᠁ƫĪŰĪŧŊÿŲƸĪƫÿżģĪǀŰÿģÿƫƠĪƣƫżŲÿ- As três personagens que se relacionam hierarquicamente são o
ŃĪŲƫģÿĜĪŲÿ᠇/ƫƫÿÿƸǀÿŧŏģÿģĪīÿƠƣĪƫĪŲƸÿģÿƠżƣŰĪŏżģĪ᠀
bispo, o padre e o sacristão. A intencionalidade do autor é tratar do
a) ŧŏŰŏƸÿğƛĪƫƣĪƸŽƣŏĜÿƫ᠇
b) ÿŧŏÿŲğÿƫƫǀěǜĪƣƫŏǜÿƫ᠇ tema religioso e criticar a Igreja e sua conduta de corrupção em todos

c) łÿŧŊÿƫŲÿĜżŰǀŲŏĜÿğĘż᠇ os níveis.

d) ÿƸżƫģĪłÿŧÿŏŰƠżƫŏƸŏǜżƫ᠇Resposta: D.
e) ĜżŰƠżƣƸÿŰĪŲƸżƫÿŲƸŏģĪŰżĜƣĀƸŏĜżƫ᠇
hĪŏÿżƸƣĪĜŊżģżƸĪǢƸżƸĪÿƸƣÿŧ Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna,
ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᙹĪ ᠀
O Demônio começa a perseguir os mortos e o alarido deles
é terrível. Ele vai agarrando um por um, e os mortos vão se c) /ŰƢǀĪƫĪŲƸŏģżÿĜĪŲÿÿƠƣĪƫĪŲƸÿģÿƫĪÿƠƣżǢŏŰÿģżƫÿǀƸżƫģĪGŏŧ
desvencilhando, aos gritos. ßŏĜĪŲƸĪ᠈
BISPO: Ai! Leve o padre!
A cena aborda um tema religioso (a morte e o consequente julgamento
PADRE: Ai! Leve o sacristão!
SACRISTÃO: Ai! Leve o Severino! da pessoa falecida), apontando para críticas aos comportamentos
SEVERINO: Ai! Leve o cabra!
humanos. No trecho, o fato de serem recebidos pelo diabo revela que
JOÃO GRILO: Parem, parem! Acabem com essa molecagem!
Seu grito é tão grande que todos param e o silêncio se faz. todos os personagens são pecadores e, portanto, alvos da crítica social.
[...]
JOÃO GRILO: É assim de vez? É só dizer “pra dentro” e vai
tudo? Que diabo de tribunal é esse que não tem apelação?
ENCOURADO: É assim mesmo e não tem para onde fugir!
JOÃO GRILO: Sai daí, pai da mentira! Sempre ouvi dizer
que para se condenar uma pessoa ela tem de ser ouvida! 4. ᠤ/ŲĪŰᠥhĪŏÿżƸĪǢƸżÿƫĪŃǀŏƣ᠇
BISPO: Eu também. Boa, João Grilo! [...]
Slam do Corpo é um encontro pensado para surdos e ou-
SEVERINO: É isso mesmo e eu vou apelar para Nosso Se-
vintes, existente desde 2014, em São Paulo. Uma iniciativa
nhor Jesus Cristo, que é quem pode saber.
pioneira do grupo Corposinalizante, criado em 2008. (Antes
ENCOURADO: Besteira, maluquice!
de seguirmos, vale a explicação: o termo slam vem do inglês
PADRE: Besteira ou maluquice, eu também apelo. Senhor
e significa — numa nova acepção para o verbo geralmente
Jesus, certo ou errado, eu sou um padre e tenho meus direitos.
utilizado para dizer “bater com força” — a “poesia falada nos
Quero ser julgado, antes de ser entregue ao diabo.
ritmos das palavras e da cidade”). Nos saraus, o primeiro ob-
Aqui começam a soar pancadas de sino, no mesmo ritmo
jetivo foi o de botar os poemas em Libras na roda, colocar os
das de tambor anteriores. O Encourado começa a ficar agita-
surdos para circular e entender esse encontro entre a poesia
do. [...] As pancadas do sino continuam e toca uma música de
e a língua de sinais, compreender o encontro dessas duas lín-
aleluia. De repente, João ajoelha-se, como que levado por uma
guas. Poemas de autoria própria, três minutos, um microfone.
força irresistível e fica com os olhos fixos fora. Todos vão se
Sem figurino, nem adereços, nem acompanhamento musical.
ajoelhando vagarosamente.
O que vale é modular a voz e o corpo, um trabalho artesanal
O Encourado volta rapidamente as costas, para não ver o
de tornar a palavra “visível”, numa arena cujo objetivo maior
Cristo, que vem entrando. [...]
é o de emocionar a plateia, tirar o público da passividade, seja
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 34. ed. pelo humor, horror, caos, doçura e outras tantas sensações.
Rio de Janeiro: Agir, 2004. p. 142-150.
NOVELLI, G. Poesia incorporada. Revista Continente,
Recife, n. 189, set. 2016. (adaptado).
3. O trecho apresenta uma cena da peça teatral com cinco personagens
ƢǀĪ᠁ģĪƠżŏƫģĪŰżƣƣĪƣĪŰ᠁ƫĘżƣĪĜĪěŏģżƫƠĪŧż'ŏÿěżᠤż/ŲĜżǀƣÿģżᠥ᠀ż tÿƠƣĀƸŏĜÿÿƣƸőƫƸŏĜÿŰĪŲĜŏżŲÿģÿŲżƸĪǢƸż᠁żĜżƣƠżÿƫƫǀŰĪƠÿƠĪŧģĪģĪƫ-
ƠÿģƣĪ᠁żěŏƫƠż᠁żƫÿĜƣŏƫƸĘż᠁żĜÿŲŃÿĜĪŏƣż®ĪǜĪƣŏŲżĪdżĘżGƣŏŧż᠁ǀŰģżƫ ƸÿƢǀĪÿżÿƣƸŏĜǀŧÿƣģŏłĪƣĪŲƸĪƫŧŏŲŃǀÿŃĪŲƫĜżŰżŏŲƸǀŏƸżģĪ᠀
ƠƣżƸÿŃżŲŏƫƸÿƫģÿŊŏƫƸŽƣŏÿ᠇ a) ŏŰƠƣŏŰŏƣƣŏƸŰżĪǜŏƫŏěŏŧŏģÿģĪđĪǢƠƣĪƫƫĘżƠżīƸŏĜÿ᠇Resposta: A.
a) ŏŲőĜŏżģÿĜĪŲÿšĀŰÿƣĜÿǀŰÿģÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģżƸĪǢƸżģĪƣŏÿŲż b) ƣĪģĪǿŲŏƣżĪƫƠÿğżģĪĜŏƣĜǀŧÿğĘżģÿƠżĪƫŏÿǀƣěÿŲÿ᠇
®ǀÿƫƫǀŲÿ᠇¥ǀÿŧī᠈ c) ĪƫƸŏŰǀŧÿƣƠƣżģǀğƛĪƫÿǀƸżƣÿŏƫģĪǀƫǀĀƣŏżƫģĪhŏěƣÿƫ᠇
A cena inicial, em que todos fogem do diabo, marca o humor e a
d) ƸƣÿģǀǭŏƣĪǢƠƣĪƫƫƛĪƫǜĪƣěÿŏƫƠÿƣÿÿŧőŲŃǀÿģĪƫŏŲÿŏƫ᠇
natureza cômica do texto. e) ƠƣżƠżƣĜŏżŲÿƣƠĪƣłżƣŰÿŲĜĪƫĪƫƸīƸŏĜÿƫģĪƠĪƫƫżÿƫƫǀƣģÿƫ᠇
7

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Faça em casa
1. ᠤÃĪŰÿᠥƸĪǢƸżŰżƫƸƣÿǀŰģŏĀŧżŃżĪŲƸƣĪżģŏÿěżĪÿƫĪŃǀŲģÿƠĪƣƫżŲÿ- Sanha: łǁƣŏÿ᠁Žģŏż᠇
ŃĪŰ᠁żżŲǭĪŲĪŏƣż᠁ƢǀÿŲģżĜŊĪŃÿđÿƣĜÿģżSŲłĪƣŲż᠇hĪŏÿᠵżƠÿƣÿƣĪƫƠżŲ-
Meter em tormento: torturar.
der à questão proposta.
ONZENEIRO: Para onde caminhais?
Enes:SŲįƫ᠇
DIABO: Oh! Que má-hora venhais, Padre: pai.
onzeneiro meu parente!
Trautava: tratava.
[...]
DIABO: Ora mui muito me espanto Contreele: contra ele.
não vos livrar o dinheiro. Desaviidos: em desavença, em desacordo.
ONZENEIRO: Nem tão só para o barqueiro
Aazo: ocasião.
não me deixaram nem tanto.
[...] Prouvesse: agradasse.
E para onde é a viagem? Rostro: rosto.
DIABO: Para onde tu hás-de ir;
estamos para partir, Treedor: traidor.
não cures de mais linguagem. Fe perjuro:ÿƢǀĪŧĪƢǀĪłÿŧƸÿđłīšǀƣÿģÿ᠒ƢǀĪšǀƣżǀłÿŧƫż᠁ƠĪƣšǀƣż᠇
[...]
Enfadousse:ÿěżƣƣĪĜĪǀᠵƫĪ᠇
VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. São Paulo: FTD, 1997.

 ģŏÿěż żǀǜĪ ż ƠƣĪƸĪǢƸż ģż żŲǭĪŲĪŏƣż᠁ Űÿƫ ŲĘż ƫĪ ģĪŏǢÿ ŧĪǜÿƣ ƠĪŧżƫ
ÿƣƸŏłőĜŏżƫģÿĪŧżƢǀįŲĜŏÿģżƠÿƫƫÿŃĪŏƣż᠇/ƫƫÿÿƸŏƸǀģĪģżģŏÿěżƠżģĪƫĪƣ 2. ĪǢĜĪƣƸżŲÿƣƣÿǀŰĪƠŏƫŽģŏżĪŰƢǀĪģżŰ£ĪģƣżS᠀
ĜżŰƠƣżǜÿģÿŲżǜĪƣƫż᠀ a) ģĪƫĪšÿƫÿěĪƣżƫŲżŰĪƫģżƫĜǀŧƠÿģżƫģÿŰżƣƸĪģĪSŲįƫģĪ ÿƫƸƣż᠇
a) ᡆŲĘżĜǀƣĪƫģĪŰÿŏƫŧŏŲŃǀÿŃĪŰᡇ᠇Resposta: A. b) ÿěƫżŧǜĪżƫÿĜǀƫÿģżƫģÿŰżƣƸĪģĪƫǀÿÿŰÿģÿƠżƣłÿŧƸÿģĪƠƣżǜÿƫ᠇
b) ᡆŊ᠃¥ǀĪŰĀᠵŊżƣÿǜĪŲŊÿŏƫᡇ᠇ c) ƠĪƣŃǀŲƸÿƫżěƣĪÿƫƣÿǭƛĪƫģĪƫĪǀƠÿŏƸĪƣĪŲĜżŰĪŲģÿģżÿŰżƣƸĪ
c) ᡆżŲǭĪŲĪŏƣżŰĪǀƠÿƣĪŲƸĪ᠃ᡇ᠇ ģĪ SŲįƫ᠇Resposta: C.
d) ᡆŲĘżǜżƫŧŏǜƣÿƣżģŏŲŊĪŏƣżᡇ᠇ d) ƣĪĜĪěĪÿĜżƣżÿğĘżĜżŰżżŲżǜżƣĪŏģĪ£żƣƸǀŃÿŧ᠁ÿƠŽƫÿŰżƣƸĪģĪ
e) ᡆ£ÿƣÿżŲģĪƸǀŊĀƫᠵģĪŏƣᡇ᠇ łżŲƫżSß᠇
hĪŏÿżƸĪǢƸżÿƫĪŃǀŏƣ᠁ǀŰĪǢĜĪƣƸżģÿĜƣƀŲŏĜÿĪŧᠵƣĪŏģżŰ£ĪģƣżS᠁ĪƫĜƣŏƸÿ 3. /ŰƣĪŧÿğĘżÿżĪƫƸŏŧżģĪŲÿƣƣÿƣģĪFĪƣŲĘżhżƠĪƫ᠁ƠżģĪᠵƫĪĜżŲƫŏģĪƣÿƣƢǀĪ᠀
ƠżƣFĪƣŲĘżhżƠĪƫ᠁ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᙸĪᙹ᠀
a) apresenta uma descrição minuciosa do acontecimento narrado em
A Purtugal forom tragidos Alvoro Gonçalves e Pero Co- terceira pessoa. Resposta: A.
elho, e chegarom a Santarem onde el-Rei Dom Pedro era ; e
b) ÿŃƣĪŃÿÿƫƠĪĜƸżƫŰŏƸżŧŽŃŏĜżƫĪƫżěƣĪŲÿƸǀƣÿŏƫđŲÿƣƣÿƸŏǜÿƠÿƣÿ
elRei, com prazer de sua viinda, porem mal magoado por que
šǀƫƸŏǿĜÿƣłÿƸżƫ᠇
Diego Lopes fugira, os sahiu fora arreceber, e sanha cruel sem
piedade lhos fez per sua maão meter a tromento , querendo c) se preocupa em engrandecer a imagem compassiva e imparcial de
que lhe confessassem quaaes forom da morte de Dona Enes ģżŰ£ĪģƣżS᠇
culpados, e que era o que seu padre trautava contreele , d) ÿģĪƫżƣģĪŰŲÿłżƣŰÿģĪĜżŲƸÿƣĜżŰżżĜżƣƣĪǀżĪƠŏƫŽģŏżĜżŲłǀŲģĪ
quando andavom desavindos por aazo da morte dela; e o leitor.
nenhum deles respondeo a taaes preguntas cousa que a el-
Rei prouvesse ; e elRei com queixume dizem que deu huum 4. ƠƣżģǀğĘżŧŏƸĪƣĀƣŏÿģżNǀŰÿŲŏƫŰż᠁ÿŏŲģÿƢǀĪƫĪšÿƣĪƫǀŧƸÿģżģĪǀŰ
açoute no rostro a Pero Coelho, e ele se soltou entom contra ƠĪƣőżģżģĪƸƣÿŲƫŏğĘżŰÿƣĜÿģżƠżƣŏŲżǜÿğƛĪƫ᠁ŰÿŲƸīŰÿŧŃǀŲƫÿƫƠĪĜƸżƫ
elRei, em desonestas e feas palavras, chamando-lhe treedor , ģÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿƸƣżǜÿģżƣĪƫĜÿ᠁ĜżŰż᠀Resposta: C.
fe perjuro , algoz e carniceiro dos homens; e elRei dizendo que
a) o tema predominantemente religioso e acrítico do teatro popular.
lhe trouxessem cebola e vinagre pera o coelho, enfadousse
deles e mandouhos matar. (...) b) ÿĜƣƀŲŏĜÿŊŏƫƸŽƣŏĜÿƫĪŰĪŧŊÿŲƸĪđƫŰŏƸżŧŽŃŏĜÿƫŲżǜĪŧÿƫģĪĜÿǜÿŧÿƣŏÿ᠇
LOPES, Fernão. In: NICOLA, José de. Literatura portuguesa: c) ÿƸĪŰĀƸŏĜÿŧőƣŏĜÿ᠓ÿŰżƣżƫÿĪģĪƫżłƣŏŰĪŲƸżģÿƫĜÿŲƸŏŃÿƫŰĪģŏĪǜÿŏƫ᠇
da Idade Média a Fernando Pessoa. São Paulo: Scipione, 1990. p. 44.
d) ÿżƣŏŃĪŰƠżƠǀŧÿƣģÿƠżĪƫŏÿƠÿŧÿĜŏÿŲÿ᠁ŰÿŲŏłĪƫƸÿģÿƠżƣǀŰĪǀ
ŧőƣŏĜżᡰłĪŰŏŲŏŲż᠇
Tragidos:Ƹƣÿǭŏģżƫ᠇
5. ᠤÃF¦tᠥᡆtżƫƫīĜǀŧżƫåßĪåßS᠁ŊżǀǜĪŲżŰǀŲģżǀŲŏǜĪƣƫŏƸĀƣŏżᠢĪǀƣż-
Era: estava.
ƠĪǀᠣǀŰŏŲƸĪŲƫżģĪěÿƸĪłŏŧżƫŽłŏĜżᠤ᠇᠇᠇ᠥĜżŰżƣĪƫŃÿƸĪģżƠŧÿƸżŲŏƫŰż᠁
Mal magoado: muito magoado. ƢǀĪĪƫƸÿǜÿÿƫƫżĜŏÿģżđŏŲƢǀŏĪƸÿğĘżģĪŰǀŏƸżƫƣĪŧŏŃŏżƫżƫĪƸĪŽŧżŃżƫ
8
Literatura

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Unidade 1

ĪŰƣĪŧÿğĘżÿżƣŏŃżƣģżǀƸƣŏŲĀƣŏżĪŏŲƫƸŏƸǀĜŏżŲÿŧģÿSŃƣĪšÿ᠇ƫƫŏŰĜżŰż d) ƫǀÿÿƫƸǁĜŏÿĪƫǀÿƠĪƣƫƠŏĜĀĜŏÿ᠇Resposta: D.
żƫÿƣƸŏƫƸÿƫ᠁ĪŧĪƫģĪƫĪšÿǜÿŰŊǀŰÿŲŏǭÿƣÿƣĪŧŏŃŏĘżĪżģŏǜŏŲż᠇ᡇᠤßSt- e) sua descrença e sua humildade.
F®᠁ ¦żŲÿŧģż᠒ F¦S᠁ ®ŊĪŏŧÿ ģĪ ÿƫƸƣż᠒ F/¦¦/S¦᠁ dżƣŃĪ᠒ ®t¼®᠁
GĪżƣŃŏŲÿģżƫ᠇NŏƫƸŽƣŏÿ᠇®Ęż£ÿǀŧż᠀®ÿƣÿŏǜÿ᠁ᙸᙶᙷᙶ᠇Ơ᠇ᙸᙹᚂᠥ᠇ƠÿƣƸŏƣģż 8. O Auto da CompadecidaīǀŰƸĪǢƸżģƣÿŰĀƸŏĜżƠżƣƢǀĪ᠀ As características
apontadas em A e em C são do gênero narrativo e, em B, do lírico.
trecho anterior, relativo ao Renascimento e ao Humanismo, conside- a) apresenta discurso direto e discurso indireto.
ƣĪÿƫÿłŏƣŰÿƸŏǜÿƫ᠀
b) ĪǢƠƣĪƫƫÿ᠁ģĪłżƣŰÿƠƣĪģżŰŏŲÿŲƸĪ᠁ÿĪŰżğĘżģżĪǀŧőƣŏĜż᠇
I. ƣĪƫŃÿƸĪģĪǿŧżƫżǿÿģÿŲƸŏŃǀŏģÿģĪ ŧĀƫƫŏĜÿǜŏƫÿǜÿđƣĪŲżǜÿğĘż c) ŊĀǀŰŲÿƣƣÿģżƣżŲŏƫĜŏĪŲƸĪƢǀĪģĪƫĜƣĪǜĪłÿƸżƫšĀżĜżƣƣŏģżƫ᠇
ģĪǀŰÿƫżĜŏĪģÿģĪƸƣÿŲƫłżƣŰÿģÿƠĪŧżĜƣĪƫĜŏŰĪŲƸżǀƣěÿŲż
d) ĜżŰěŏŲÿÿĪǢƠƣĪƫƫĘżģŏƣĪƸÿģÿƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫĜżŰŧŏŲŃǀÿŃĪŰ
Ī ĜżŰĪƣĜŏÿŧ᠇
ŲĘż ǜĪƣěÿŧ᠇Resposta: D.
II. Os humanistas, orientados pelo pensamento greco-romano,
e) ĜżŲƸÿǀŰÿŊŏƫƸŽƣŏÿƠżƣŰĪŏżģĪǜĪƣƫżƫĪĜÿŲğƛĪƫƠżƠǀŧÿƣĪƫ᠇
ĜƣŏƸŏĜÿǜÿŰÿSŃƣĪšÿ᠁ŰÿƫŲĘżƫĪĜżŧżĜÿǜÿŰĜżŰżÿŲƸŏĜƣŏƫƸĘżƫ᠇
¦ĪŧĪŏÿżƸĪǢƸżᡆSlamīǜżǭģĪŏģĪŲƸŏģÿģĪĪƣĪƫŏƫƸįŲĜŏÿģżƫƠżĪƸÿƫĜżŲ-
III. SŃƣĪšÿÿěƣŏŃÿǜÿÿŏŲƢǀŏĪƸÿğĘżģżƫŊǀŰÿŲŏƫƸÿƫ᠁ĜżŰżěĪŰ ƸĪŰƠżƣĈŲĪżƫᡇƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᚅÿᙷᙸ᠇
ģĪŰżŲƫƸƣÿÿƠŏŲƸǀƣÿģĪrŏĜŊĪŧÿŲŃĪŧżŲÿƫƠÿƣĪģĪƫģżßÿƸŏĜÿŲż᠇
9. 'ĪÿĜżƣģżĜżŰżƸĪǢƸż᠁ᡆżslamīǀŰŃƣŏƸż᠁ÿƸŏƸǀģĪģĪᡈƣĪĪǢŏƫƸįŲĜŏÿᡉᡇ᠇/ƫƫÿ
IV. ǜÿŧżƣŏǭÿğĘżģżŊǀŰÿŲż᠁ƠĪŧżƫƠĪŲƫÿģżƣĪƫŊǀŰÿŲŏƫƸÿƫ᠁ŲĘż
ÿłŏƣŰÿğĘżƠżƫŏĜŏżŲÿĪƫƫĪŃįŲĪƣżƸĪǢƸǀÿŧĜżŰż᠀
ÿěÿŧżǀÿĜƣĪŲğÿŲÿĪǢŏƫƸįŲĜŏÿģĪ'Īǀƫ᠇
/ƫƸĘżĜżƣƣĪƸÿƫ᠀ a) ĪǢƠƣĪƫƫĘżƠżīƸŏĜÿĜÿŲƀŲŏĜÿĪŏŲƫƸŏƸǀőģÿƫżĜŏÿŧŰĪŲƸĪ᠇
a) ÿƠĪŲÿƫSĪSS᠇ d) ÿƠĪŲÿƫSSSĪSß᠇ b) ƠżĪƫŏÿģĪĜŧÿŰÿģÿƠǀěŧŏĜÿŰĪŲƸĪƠÿƣÿÿĪŧŏƸĪĜǀŧƸǀƣÿŧ᠇
b) ÿƠĪŲÿƫSSĪSSS᠇ e) S᠁SS᠁SSSĪSß᠇Resposta: E. c) ƠƣĀƸŏĜÿÿƣƸőƫƸŏĜÿƠĪƣŏłīƣŏĜÿĪĜƣőƸŏĜÿģÿƣĪÿŧŏģÿģĪÿƸǀÿŧ᠇Resposta: C.
c) ÿƠĪŲÿƫSSĪSß᠇ d) ěÿƸÿŧŊÿƠżīƸŏĜÿŏģĪżŧŽŃŏĜÿĪŲƸƣĪěƣÿŲĜżƫĪŲĪŃƣżƫ᠇
e) ƠƣżģǀğĘżƸĪǢƸǀÿŧ ŏŰƠƣĪƫƫÿĪŰŰőģŏÿƫĜżŲǜĪŲĜŏżŲÿŏƫ᠇
6. hĪŏÿÿĪƫƸƣżłĪÿƫĪŃǀŏƣ᠁ƣĪƸŏƣÿģÿģżƠżĪŰÿCantiga, de Francisco de Sousa.
10. 0ƸĪŰÿÿǀƫĪŲƸĪŲÿƠƣżģǀğĘżģÿpoetry slam᠀
Acho que me deu Deus tudo
a) ŏģĪÿŧŏǭÿğĘżģÿƣĪÿŧŏģÿģĪ᠇Resposta: A.
para mais meu padecer:
os olhos — para vos ver, b) denúncia da violência.
coração — para sofrer, c) crítica ao racismo.
e língua — para ser mudo.
d) igualdade de gênero.
SOUSA, Francisco de. Cantiga. In: NICOLA, José de.
Literatura portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa.
e) reconhecimento social.
São Paulo: Scipione, 1990. p. 47.
11. 'ĪÿĜżƣģżĜżŰÿŰÿƸīƣŏÿŧŏģÿ᠁ƠżģĪᠵƫĪĜÿƣÿĜƸĪƣŏǭÿƣżslamŲżƣÿƫŏŧĜżŰż᠀
ĪǢĜĪƣƸżīǀŰĪǢĪŰƠŧżģĪƠżĪƫŏÿƠÿŧÿĜŏÿŲÿ᠁ĜǀšÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫƠƣŏŲ- a) ĪǢƠƣĪƫƫĘżÿǀƫĪŲƸĪģÿƫÿŃĪŲģÿƫƫżĜŏżĜǀŧƸǀƣÿŏƫģżƫŃƣÿŲģĪƫĜĪŲƸƣżƫ᠇
ĜŏƠÿŏƫƫĘż᠀
b) ŰżǜŏŰĪŲƸżƢǀĪƣĪŏǜŏŲģŏĜÿǀŰÿĜǀŧƸǀƣÿšżǜĪŰ᠁ƠżƠǀŧÿƣ᠁ŲĪŃƣÿ
I. żƸżŰŧőƣŏĜż᠁ĪǜŏģĪŲĜŏÿģżƠĪŧÿĪǢƠƣĪƫƫĘżģĪƫżłƣŏŰĪŲƸżģżĪǀŧőƣŏĜż᠇
Ī ƠżěƣĪ᠇Resposta: B.
II. o emprego de redondilha menor, para marcar a suave
c) ŃįŲĪƣżƸĪǢƸǀÿŧƢǀĪěǀƫĜÿƫǀěƫƸŏƸǀŏƣÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿƸƣÿģŏĜŏżŲÿŧ
musicalidade.
Ī ĜÿŲƀŲŏĜÿ᠇
III. żǀƫżģĪĪƫƢǀĪŰÿģĪƣŏŰÿƫƠÿƣÿĪǢƠŧŏĜŏƸÿƣÿĜÿģįŲĜŏÿģżƫǜĪƣƫżƫ᠇
d) ŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿĜŏƣĜǀŲƫĜƣŏƸÿđƠĪƣŏłĪƣŏÿŰÿĜŊŏƫƸÿĪƫĪǀƫŰżģżƫģĪĪǢŏƫƸŏƣ᠇
IV. ÿÿģżğĘżģĪƣĪĜǀƣƫżƫģĪĪƫƸŏŧż᠁ĜżŰżÿǿŃǀƣÿģĪŧŏŲŃǀÿŃĪŰÿŲĀłżƣÿ᠇
e) ƠƣżģǀğĘżÿƣƸőƫƸŏĜÿƣĪǜŏƸÿŧŏǭÿģżƣÿģÿĜǀŧƸǀƣÿģĪŰÿƫƫÿĪģÿĜĪŲƫǀƣÿ᠇
®ĘżĜżƣƣĪƸÿƫÿƫÿłŏƣŰÿğƛĪƫ᠀
a) SĪSS᠇ d) S᠁SSSĪSß᠇Resposta: D. 12.  ÿƸǀÿŧŏģÿģĪ ģÿ ŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ ģĪ Gŏŧ ßŏĜĪŲƸĪ᠁ Ơƣżģǀǭŏģÿ ģǀƣÿŲƸĪ ż
NǀŰÿŲŏƫŰż᠁ŲżƫīĜǀŧżåßS᠁īƠĪƣĜĪěŏģÿŲÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿěƣÿƫŏŧĪŏƣÿƠżƣŰĪŏż᠀
b) SSSĪSß᠇ e) SS᠁SSSĪSß᠇
a) ģÿƸƣÿģŏğĘżģĪĜǀŧƸǀƣÿƠżƠǀŧÿƣĪżƣÿŧĪǢŏƫƸĪŲƸĪŲżƫǜĀƣŏżƫ
c) S᠁SSĪSSS᠇
ĪƫƸÿģżƫ ěƣÿƫŏŧĪŏƣżƫ᠇
7. dżĘż Gƣŏŧż᠁ ƠĪƣƫżŲÿŃĪŰ ģĪ Auto da Compadecida, mesmo sendo apre- b) ģĪƸƣÿģǀğƛĪƫłƣĪƢǀĪŲƸĪƫģżƫƸĪǢƸżƫżƣŏŃŏŲÿŏƫĪƫĜƣŏƸżƫƠĪŧż
sentado como uma pessoa simples e menos instruída que os demais, ÿǀƸżƣᡰŊǀŰÿŲŏƫƸÿ᠇
ŲĪƫƫĪƸƣĪĜŊż᠁ÿżŏŲģÿŃÿƣż'ŏÿěżƫżěƣĪżƠƣżĜĪƫƫżģĪšǀŧŃÿŰĪŲƸżĪģĪ
c) ģÿĪŲĜĪŲÿğĘżģĪƫǀÿƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫżěƣÿƫżƣŏŃŏŲÿŏƫŲżƫ
ÿƠĪŧÿğĘż᠁īģĪƫƸÿĜÿģżƠżƣ᠀
ƠÿŧĜżƫ ěƣÿƫŏŧĪŏƣżƫ᠇
a) ƫǀÿŰŏƫĪƣŏĜŽƣģŏÿĪƫĪǀŰĪģż᠇ d) ģĪƠƣżģǀğƛĪƫģĪÿǀƸżƫ᠁ĜżŰżżƫĪƫĜƣŏƸżƫƠżƣƣŏÿŲż®ǀÿƫƫǀŲÿĪ
b) sua maldade e sua cumplicidade. dżĘż ÿěƣÿŧģĪrĪŧżtĪƸż᠇Resposta: D.
c) ƫĪǀƠƣĪĜżŲĜĪŏƸżĪƫǀÿÿƣƣżŃĈŲĜŏÿ᠇ e) ģżĪƫƢǀĪĜŏŰĪŲƸżģÿŏŰƠżƣƸĈŲĜŏÿģżÿǀƸżƣƠÿƣÿÿÿƣƸĪ

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Junte os pontos
ģƣÿŰĀƸŏĜÿᡰěƣÿƫŏŧĪŏƣÿ᠇

Humanismo
e gênero
orais

Slam
Gênero de expressão oral.
Chegou ao Brasil nos anos 2000.
Expressão de uma literatura
periférica feita por jovens
socialmente marginalizados.

Humanismo
Contexto: transição do século XV ao XVI.
Principais autores: Fernão Lopes e Gil Vicente.
Produção literária:
Prosa histórica: crônicas sobre a vida de reis.
Poesia palaciana: entretenimento da nobreza.
Teatro popular: autos e farsas com humor Atualidade dos autos
e crítica social. Influência na produção
Características: antropocentrismo, caráter teatral de Ariano Suassuna
moralizante, personagens-tipo, cultura popular, (Auto da Compadecida) e
comicidade, temas pastoris, cotidianos, João Cabral de Melo Neto
profanos e religiosos. (Morte e vida severina).

ěƫĪƣǜĪ᠁ĜżŰÿƸĪŲğĘż᠁żĪƫƢǀĪŰÿƢǀĪƫŏŲƸĪƸŏǭÿżƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫÿƫƠĪĜƸżƫģżƫĜżŲƸĪǁģżƫƸƣÿěÿŧŊÿģżƫ᠇/ŰƫĪŃǀŏģÿ᠁ƣĪƫƠżŲģÿđƫƢǀĪƫƸƛĪƫƠƣżƠżƫƸÿƫ᠇

1. ¥ǀÿŧīÿŃƣÿŲģĪŏŲżǜÿğĘżƸƣÿǭŏģÿƠĪŧżƫÿǀƸżƫģĪGŏŧßŏĜĪŲƸĪģǀƣÿŲƸĪżNǀŰÿŲŏƫŰż᠈
Gil Vicente inova ao agregar o humor, a sátira e a crítica social aos autos, que, tradicionalmente, tratavam exclusivamente de temas religiosos.

2. /ǢƠŧŏƢǀĪƠżƣƢǀĪż slamīĜżŲƫŏģĪƣÿģżŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿƠĪƣŏłīƣŏĜÿ᠇
O slam é considerado literatura periférica porque dá voz a jovens que vivem marginalizados na periferia das grandes cidades.

10
Literatura

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de
ida
Renascimento:

Un
história e arte 2

DiVNA/Shutterstock
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP34,
EM13LP46, EM13LP48,
EM13LP49, EM13LP52
Nesta unidade você
vai estudar:
Renascimento:
contexto histórico
A arte renascentista
O Classicismo:
características
Verbete de dicionário
e enciclopédia

Detalhe de Davi, de Michelangelo, uma das obras icônicas do Renascimento italiano.

Inicie a jornada!
Renascimento: contexto histórico Professor, incentive o acesso a um vídeo
sobre o Renascimento Cultural.

Triff/Shutterstock
Como você já sabe, com a decadência da sociedade me-
dieval, surge, ao longo do século XV e no início do século XVI,
o Humanismo. Ele foi um período de transição da Idade Média
para a Idade Moderna, que sinalizava grandes
transformações centralizadas nas capacidades
do ser humano. O primeiro movimento artístico
da Idade Moderna foi o Renascimento.
Inicialmente, o Renascimento se desenvolveu na Itália
também entre os séculos XV e XVI, e se configurou como uma
revolução cultural a partir do resgate de valores da filosofia e
da arte greco-romana.
Essa revolução tinha como base o antropocentrismo, ou
seja, a compreensão de que o homem era o centro do Uni-
verso. Isso deslocou as linhas de pensamento da época para
novas direções, favorecendo o surgimento de várias áreas de
estudo. Esse período coincidiu com grandes transformações
políticas, econômicas e culturais na Europa.
Uma dessas transformações foi a criação de novas formas de explicar o funcionamento do Universo, com base na O desenvolvimento da bússola
possibilitou a navegação mais
publicação da teoria heliocêntrica, de Copérnico, segundo o qual a Terra girava em torno do Sol. Essa teoria possibilitou segura, aspecto importante para
a Galileu desenvolver a sua própria sobre os movimentos da Terra. Paralelamente a esses acontecimentos, ocorreu o os grandes descobrimentos.
período das Grandes Navegações, cujos descobrimentos ampliaram a visão do mundo existente, a partir do conheci-
mento de novos povos e culturas.
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Além disso, o capitalismo foi reconfigurado a partir da instauração definitiva do mercantilismo em muitos países
europeus e da indústria, que começou a se desenvolver. As cidades cresceram e surgiu uma nova aristocracia, que
enriqueceu com a atividade comercial.
Outra transformação foi provocada pela Reforma Protestante, liderada por Martinho Lutero, cuja ideologia passou
a considerar o mundo temporal, físico e terreno como constitutivo da evolução do homem. Esse movimento reforçou a
profunda crise religiosa da Igreja Católica.
A ampla divulgação do saber clássico favoreceu, ainda, a abertura de várias universidades, e, com a invenção da
imprensa, a divulgação de saberes ganhou nova dimensão como consequência da velocidade de produção e distribui-
ção de livros.

A arte renascentista

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Vitaly Minko/Shutterstock
Pintura renascentista italiana Vênus e Adônis, por Ticiano. c. 1560. Óleo sobre tela. Cena A Pietà, de Michelangelo. Escultura renascentista alojada na Basílica de São Pedro, na
de Metamorfoses, de Ovídio, em que Vênus implora ao caçador Adônis para não sair, Cidade do Vaticano.
avisando-o de perigo.
Professor comen-
te com os alunos A arte renascentista rompeu com a visão de um mundo que se apresentava como um mistério divino. A noção de ci-
a história de uma vilidade, que celebrou a Europa expansionista do século XVI, impôs ao artista o trabalho de olhar e reconhecer o belo por
das artistas mais
significativas do meio da ordenação, da observação e da medição com instrumentos científicos. Além disso, ao retomar valores da Anti-
Renascimento guidade clássica, resgataram-se personagens mitológicas e religiosas e formas arquitetônicas da cultura grega e romana.
lendo o artigo a a) A arquitetura foi marcada pela sobriedade e pela imponência,
seguir.
resultado da busca de simetria das formas a partir de linhas retas, sim-
Lorena Huerta/Shutterstock

ples, harmônicas e equilibradas. Foi muito comum o uso de pilastras e


formas triangulares e quadriláteras para produzir a sensação de equi-
líbrio, assim como a regularidade e a repetição de padrões.
b) Na escultura, a busca pela verossimilhança produziu obras em
mármore com refinamento de detalhes que impressiona o espectador.
À dramaticidade contida das personagens, o escultor agregou efeitos
impressionantes, ao retratar com perfeição de detalhes os tecidos de
suas roupas, os cenários e a estrutura muscular das personagens. A
visão antropocêntrica da época foi evidenciada pela retratação da be-
leza do corpo humano, como demonstram as obras de Leonardo da
Vinci, Michelangelo e Sandro Botticelli, na pintura e na escultura.
c) Na pintura, buscou-se o ideal de equilíbrio e harmonia, mate-
rializado pela distribuição equacionada das personagens das cenas e
pelas marcas de perspectivas entre construções. Caracterizaram a pro-
Vista do interior do Palácio do Doge, em Veneza, Itália. dução renascentista não só os princípios de racionalidade, mas tam-
As imagens da página são obras que ilustram características da pintura, da escultura e da bém os efeitos de luminosidade alcançados pelos pintores.
arquitetura renascentistas.
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Literatura

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Unidade 2

Anotações
Como berço da modernidade, o Renascimento significou um esforço de totalização do conhecimen-
to: nele, arte, ciência e religião buscaram um arranjo harmônico; estética e ética confundiam-se no ato
da criação. Reconhecer o belo equivalia a participar do bem e da verdade; reconhecer a perfeição na
natureza equivalia a participar da harmonia divina, irmanar a Deus. A Arte tem, portanto, uma magni-
tude teofânica, isto é, a missão de elevar o homem à compreensão do Bem divino, vivido como ordem
material e imanente, como máquina concertada.
JACOTO, Lilian. “Universo e reverso”. Entre Livros: Entre Clássicos, São Paulo, n. 4, p. 14-19, jun. 2005.

Os principais artistas plásticos do Renascimento foram Da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Donatello, Botticelli,
Ticiano, Tintoretto, entre outros.

Converse com os colegas de sala sobre o seu conhecimento da arte renascentista (música, pintura, escultura, literatura, por
exemplo) e relacione a influência dos padrões clássicos de beleza em nossa cultura atual, principalmente a estética do corpo.

Professor, espera-se que os


Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6
Professor, leve uma cantiga medieval e um poema do Classicismo alunos citem nomes como
O Classicismo: características para lê-los aos alunos no princípio da aula, para que eles possam iden-
os já citados e que comen-
tificar permanências, rupturas e diferenças temáticas nos textos.
A escola literária que se desenvolveu na época do Renascimento recebeu o nome de Classicismo. A literatura des-
tem que até hoje o conceito
se período resgatou alguns valores artísticos da Antiguidade clássica, isto é, da cultura greco-romana, como a pre-
tensão de criar obras que servissem como modelo para outras gerações. Para isso, deveriam ser perfeitas e tratar de de beleza corporal está rela-
temas atemporais, que não se perdessem em modismos de uma época, mas que continuassem tendo significado em
cionado ao modelo clássico
qualquer período.
Em Portugal, durante o Trovadorismo e o Humanismo, a convenção era usar as redondilhas maiores e menores. de perfeição, que valoriza
O início do Classicismo português coincidiu com o retorno do escritor Sá de Miranda, que vivia na Itália. o magro, o forte, o esbelto
Em 1527, ele implantou uma inovação usada naquele país, denominada medida nova: os sonetos decassílabos,
em detrimento de outros pa-
ou seja, poemas com 14 versos, divididos em dois quartetos e dois tercetos, com dez sílabas métricas em cada verso.
O marco final do Classicismo lusitano foi a morte do seu maior nome: Luís Vaz de Camões. Esse evento coincidiu com drões de beleza. Problemati-
o período de domínio espanhol sobre Portugal.
ze essa questão, abordando
O Classicismo retomou as características gerais do Renascimento, ou seja, os escritores:
os impactos que ela promo-
• empregaram elementos da mitologia clássica, tanto na prosa como na poesia;
ve na cultura jovem. Inclua
• praticaram o rigor formal e o apuro técnico na construção do texto (correção gramatical, períodos longos, ordem
ŏŲǜĪƣƫÿ᠁ǀƸŏŧŏǭÿğʿۿģĪƣÿģÿģĪǿŃǀƣÿƫģĪĪƫƸŏŧżᠥ᠇ƠƸÿƣÿŰƠżƣǜĪƣƫżƫĜżŰżŰĪƫŰżŲǁŰĪƣżģĪƫőŧÿěÿƫƠżīƸŏĜÿƫ᠒ também o tema do respeito
ƣŏŰÿƫƠĪƣłĪŏƸÿƫ᠒łżƣŰÿƫƠżīƸŏĜÿƫǿǢÿƫᠤĜżŰżżƫżŲĪƸżᠥĪŧŏŲŃǀÿŃĪŰłżƣŰÿŧ᠇ŧīŰģżƫƫżŲĪƸżƫ᠁ƫĘżĜżŰǀŲƫ᠀ÿĪƠż- às diferenças individuais.
peia (valorização do gênero épico), a ode (poesia de exaltação), a elegia (composição que trata de sentimentos
tristes), a écloga (composição pastoril amorosa) e a epístola (composição poética aos moldes de uma carta).
• valorizaram o racionalismo no desenvolvimento dos temas, tratados com contenção. A razão predomina sobre o
sentimento, gerando clareza e objetividade.
• pautaram-se pelo universalismo ao expressarem verdades universais, absolutas e eternas no tratamento de ques-
tões gerais sobre o ser humano, e não os “problemas” pessoais do autor. Um dos recursos utilizados foi a personi-
ǿĜÿğĘżģĪƫĪƣĪƫƸżŰÿģżƫĜżŰżĜżŲĜĪŏƸżƫǀŲŏǜĪƣƫÿŏƫ᠀ÿŰżƣ᠁ƫżƣƸĪ᠁ǜŏģÿ᠇£żƣŏƫƫż᠁īĜżŰǀŰżǀƫżģĪŰÿŏǁƫĜǀŧÿƫĪŰ
nomes comuns.
• exercitaram a mimese como princípio artístico, ou seja, a cópia de modelos perfeitos da Antiguidade clássica.
O Classicismo português teve ampla manifestação. Na prosa, produziram-se novelas de cavalaria e sentimentais,
historiografia, prosa doutrinária e literatura de viagem. Além disso, houve abundante produção de teatro (comédia e
tragédia) e, sobretudo, de poesia. Os principais autores desse estilo de época foram Luís Vaz de Camões, Francisco Sá
de Miranda, Antônio Ferreira e Bernardim Ribeiro.

Verbete de dicionário e de enciclopédia


O verbete é um gênero textual de natureza expositiva encontrado em dicionários e enciclopédias impressos ou
digitais. Ele é usado para organizar essas obras, geralmente por ordem alfabética. Sua linguagem é objetiva e direta.
Observe os exemplos a seguir.
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Anotações
Texto I
ABELHA: a-be-lha Sf. inseto com marcas no abdome amarelas ou amarelo-avermelhadas, conforme
espécie, e tórax com pelinhos amarelos; produz mel e cera.
BORBA, Francisco S. et al. Dicionário Unesp do português contemporâneo. Curitiba: Piá, 2011.

O texto acima é um verbete de dicionário. A palavra “abelha”, que segue o critério de ordenação por ordem alfa-
bética, aparece entre “abeirar” e “abelha-mosquito” e compõe uma página que começa com a palavra “abduzir”, termi-
nando com “aberração”.
Além da palavra “abelha” em destaque (grafada com letras maiúsculas em negrito), o verbete apresenta a sepa-
ração silábica, a classificação morfológica e o gênero (Sf.: abreviatura de “substantivo feminino”), além da definição
da palavra.
Essa definição divide-se em duas partes: categoria do animal e apresentação de caracteres físicos e sua atividade.
Observe que é uma apresentação objetiva, com linguagem clara e formal.
Os elementos que constam no verbete são uma escolha do autor ou da linha editoral da publicação, como origem,
pronúncia, designação de regionalidade, entre outros aspectos. As versões digitais, por exemplo, apresentam links
para conjugação verbal, se a palavra é um verbo, e outras informações, como plural, termos compostos, remissão a
sinônimos, etc.

Texto II

ABELHA s.f. (Do lat. apícula.) Denomina-


ção dos insetos himenópteros da super-
família Apoidea. Há várias espécies de
abelhas sociais, solitárias e parasitas.
Professor, mostre um pouco
mais sobre a história das Apenas as sociais produzem mel. (ñ ABE-
enciclopédias. LHA-EUROPEIA.)
Veja Pág. 10

Grande Enciclopédia Larousse Cultural. São Paulo:


Nova Cultural Ltda, 1998, p. 9.

Esse é um verbete de enciclopédia. Como o de dicionário, ele também segue uma ordem alfabética e apresenta
informações sobre a palavra em destaque. Nesse caso, além da classe gramatical e gênero, indica a origem da palavra
(em latim). A definição é feita por meio de linguagem formal, com citação de termos científicos.
No final do verbete, faz-se remissão ao termo “abelha-europeia” e à página dez, para que o leitor complemente
a informação com novos dados, como sinônimos, explicação enciclopédica e imagem. Os elementos apresentados
nessa página ilustram a definição, reforçando a compreensão do leitor que busca mais informação. Essa é uma das
principais características desse tipo de verbete, como gênero textual distinto dos dicionários.
O verbete de enciclopédia, além de definições, apresenta informações sobre determinado assunto, utilizando
linguagem objetiva e impessoal. Como um texto multimodal, contém gráficos, ilustrações e subdivisões para comple-
mentar os dados. A leitura, no suporte impresso, é mais linear e sequencial.
A versão digital, em formato de hipertexto, não obedece a essa mesma linearidade, permitindo ao leitor a escolha
de diferentes caminhos de aprofundamento do tema, porque traz mais informações que a versão em papel ou off-line.
Além das enciclopédias e dos dicionários formais, de autoria de especialistas, há as wikis, de construção coleti-
va, como a Wikipédia, e os dicionários informais. Nesse tipo de prática, as pessoas interessadas em contribuir podem
editar e fornecer conteúdo de forma dinâmica, criando ou modificando um verbete constantemente, para atualizá-lo.

A partir de um verbete da Wikipédia, converse sobre os recursos apresentados, enfocando-se na sua natureza de hipertexto.
Depois, reflita: você seria capaz de escrever um verbete ou contribuir para a elaboração de um?

Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12

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Literatura

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Unidade 2

Faça em sala
1. Observe novamente as três imagens da abertura da aula e relacione a) ƸĪǢƸżīǀŰǜĪƣěĪƸĪ᠇ żŰżǜżĜįƠżģĪĜżŰƠƣżǜÿƣĪƫƫÿÿǿƣŰÿğĘż᠈
algumas características da arte renascentista encontradas nelas: O texto, como um verbete, apresenta a definição de uma palavra, sua
Exploração da mitologia greco-romana, valorização do cor- classificação e seu gênero.
a) Na pintura: po humano, distribuição equilibrada de elementos, movi- b) Qual é a ironia que se esconde por trás do título da obra?
mento, luminosidade e perspectiva em profundidade.
A autora ironiza a pretensão de um dicionário em ser preciso, já que

b) Na escultura: Verossimilhança (reprodução fiel da realidade), refina- nem sempre isso é alcançado pelos verbetes.
mento de detalhes, retratação do movimento, dramati-
cidade contida, retratação da beleza do corpo humano,
equilíbrio e sobriedade. c) ¥ǀĪƣĪĜǀƣƫżƫŊĀŲżƸĪǢƸżƢǀĪĜżŲǿƣŰÿŰĪƫƫÿŏŲƸĪŲğĘżģÿƠżĪƸÿ᠈
c) Na arquitetura: A poeta inicia o texto relacionando “definição” com “tentativa malfa-
Sobriedade e imponência, simetria das formas, que são harmônicas e dada”, porque não alcança aproximar-se do objeto a ser definido. Além
equilibradas, repetição de padrões. disso, critica a minimização e a manipulação da ação de definir, que se
explica pela exclusão ou se orienta por interesses.
2. (UEL-PR) O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e d) Que elementos são usados pela autora e que não aparecem em um
científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Euro- dicionário formal?
pa, provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é cor- Os elementos não encontrados em um dicionário formal são: linguagem
reto afirmar:
coloquial, subjetiva, conotativa e exemplificação com humor e ironia.
a) O racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da
ciência teológica e da tradição medieval.
b) Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais 4. Leia o verbete do dicionário on-line Aulete.
medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo na
definição
concepção teocêntrica do mundo.
(de.fi.ni.ção)
c) tĪƫƫĪƠĪƣőżģż᠁ƣĪÿǿƣŰżǀᠵƫĪÿŏģĪŏÿģżŊżŰĪŰĜŏģÿģĘż᠁ƢǀĪ sf.
terminou por enfraquecer os sentidos de identidade nacional e 1. Ação ou resultado de definir(-se).
ĜǀŧƸǀƣÿŧ᠁żƫƢǀÿŏƫĜżŲƸƣŏěǀőƣÿŰƠÿƣÿżǿŰģÿƫŰżŲÿƣƢǀŏÿƫÿěƫżŧǀƸÿƫ᠇ 2. Explicação do significado de uma palavra, expressão,
d) O Humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo frase ou conceito.
divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir sobre o 3. Capacidade de descrever (algo ou alguém), destacando
suas características.
mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e interesse.
4. Delimitação precisa, exata.
e) Os estudiosos do período buscaram apoio na observação, no 5. Indicação do sentido real de alguma coisa: “A estranha re-
ŰżģĪŧżĪǢƠĪƣŏŰĪŲƸÿŧĪŲÿƣĪǵŧĪǢĘżƣÿĜŏżŲÿŧ᠁ǜÿŧżƣŏǭÿŲģżÿŲÿƸǀƣĪǭÿ lação desses dois rapazes precisa de uma nova definição”.
e o ser humano. Resposta: E. 6. Decisão a respeito de algo pendente: “Preciso de uma
definição sua para fazer a reserva”.
3. Leia o texto a seguir.
7. Cin. Telv. Fot. Grau de nitidez de uma imagem: “A ima-
Definição gem do filme está com pouca definição”.
Substantivo feminino 8. Fixação de prazo ou da duração de alguma coisa.
Tentativa, geralmente malfadada, de responder à questão
9. Manifestação que revela algo de maneira nítida, clara: “A
O que é?, sem alcançar uma aproximação razoável ao objeto
melhor definição do casamento são os filhos: a definição
a ser definido.
do casamento feliz não exclui a capacidade de perdoar”.
Não raro é também tentativa de recortar, cercar, delimitar,
10. Lóg. Operação que procura determinar de maneira clara
excluindo mais do que explicando, mas talvez alcançando al-
um conceito, um objeto.
guma operacionalidade.
11. Rel. No catolicismo, decisão sobre questão controvertida
A depender de uma definição, especialmente se for insti-
que parte da Santa Sé.
tucionalizada, e de sua relevância e escala, alguém pode ser
12. Fil. Na filosofia de Aristóteles, conceito que revela a na-
menos ou mais alfabetizado, gay, homem, mulher, criança, ve-
tureza essencial, básica, de alguma coisa, destacando-a
lho, solteiro ou casado e assim qualquer coisa. Cientistas, polí-
das demais.
ticos e gestores têm por hábito alterar definições a fim de me-
[Pl.: -ções]
lhorar o que chamam de resultados, em realidade, números a
[F.: Do lat. definitio, onis.]
serem divulgados aos quatro ventos e que os façam parecer
eficazes e competentes. Redefinir resulta de duas ou três reu-
O verbete de dicionário da palavra “definição” apresenta doze acepções
niões de gabinete, que é mais fácil que efetivamente resolver. diferentes. Qual delas está diretamente relacionada à intencionalidade
poética expressa pelo título da obra de Ana Elisa Ribeiro? Resposta: A.
RIBEIRO, Ana Elisa. Dicionário de imprecisões.
Belo Horizonte: Edições de Minas, 2019, p. 37. a) 2 b) 4 c) 5 d) 9

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Faça em casa
1. (Udesc) Leonardo da Vinci (1452-1519) é um perfeito representante do 4. Durante o Renascimento, o movimento que esteve diretamente rela-
espírito renascentista, homem empenhado em conhecer leis que re- cionado à crise religiosa do catolicismo foi:
gem a natureza e em transformar o conhecimento em técnica, o que a) o mercantilismo.
o levou a interessar-se por matemática, artes, engenharia, arquitetura,
b) o capitalismo.
medicina. Em síntese, ele representa um período da história conhecido
como Renascimento. c) o antropocentrismo.
Em relação à afirmativa acima, assinale a alternativa correta. d) a Reforma Protestante. Resposta: D.
a) Leonardo da Vinci, além de interessar-se por vários aspectos da 5. (Unicamp -SP) Leia o texto a seguir e observe a figura do Homem Vitruviano.
realidade, procurou conhecer o corpo humano, observando aulas
Ao longo da vida, cada vez mais, Leonardo da Vinci pas-
de anatomia e dissecações de cadáveres, para dar mais realismo na
sou a perceber que a matemática era a chave para transformar
representação de sua arte. Resposta: A.
suas observações em teorias. Não existe certeza na ciência em
b) ƫƣĪŲÿƫĜĪŲƸŏƫƸÿƫěǀƫĜÿƣÿŰŏŲƫƠŏƣÿğĘżŲżƫǿŧŽƫżłżƫģÿSģÿģĪ que a matemática não possa ser aplicada, declarou.
Média, incitados pela produção escrita do clero. (Adaptado de Walter Isaacson, Leonardo da Vinci.
c) Experiência não foi uma das características do Renascimento. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017, p. 52.)

d) A produção de novos conhecimentos era feita por homens que não

Reprodução/Gallerie dell'Accademia, Veneza, Itália.


tinham ligação com o poder político ou econômico; em geral, eram
ŏŲģĪƠĪŲģĪŲƸĪƫĪłÿǭŏÿŰƫĪǀƫĪƫƸǀģżƫƫĪŰŲĪŲŊǀŰÿǀǢőŧŏżǿŲÿŲĜĪŏƣż᠇
e) Mecenas foi um estadista renascentista; daí o nome “mecenato”.

2. Observe a imagem a seguir e as características relacionadas.


PeterVrabel/Shutterstock

O Homem Vitruviano,
Leonardo da Vinci, 1490.

Assinale a alternativa que expressa adequadamente a correlação entre


o texto e a imagem.

Davi, de Michelangelo.
a) Figura emblemática do Renascimento, Leonardo da Vinci destaca-
Características: -se pela sua obra pictórica e por seu desenho do Homem Vitruviano.
I.Dramaticidade exagerada; Para ele, arte e ciência se baseavam nas relações análogas entre
II. perfeição da forma;
homem e natureza, preconizadas pela alquimia.
III. sobriedade;
IV. modelo clássico. b) O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci condensa uma série de
estudos do artista, e mesmo a leitura de uma cópia manuscrita da
São características tipicamente renascentistas encontradas na obra obra de Vitrúvio. O desenho sintetiza uma relação harmônica entre
Davi, de Michelangelo: homem e mundo pautada pela analogia geométrica. Resposta: B.
a) I, II e III b) II, III e IV c) I e IV d) II e III c) Na linhagem dos artistas-arquitetos-engenheiros renascentistas,
Resposta: B.
3. O contexto histórico no qual se desenvolveu o Renascimento não con- Leonardo da Vinci dedicou-se ao estudo da perspectiva e
templa: especialmente da aritmética, buscando harmonizar as relações
entre o homem e Deus no Homem Vitruviano.
a) o período das Grandes Navegações.
d) Leitor assíduo da física newtoniana, Leonardo da Vinci reconhecia
b) a invenção da pólvora.
que tanto a aritmética quanto a geometria poderiam ser usadas
c) a valorização do teocentrismo. Resposta: C. na arte, arquitetura e engenharia. Na elaboração do desenho do
d) a invenção da imprensa. Homem Vitruviano, ele comprovou esta hipótese.
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Unidade 2

6. (UFES) A imagem do Homem Vitruviano é uma representação elabora- 8. (FGV-SP) Assinale a alternativa que completa corretamente a afirma-
da no final do século XV por Leonardo da Vinci e exprime o antropo- ção seguinte: O movimento desenvolveu-se no apogeu político de Por-
centrismo e a harmonia das formas que caracterizaram as obras artís- tugal; consiste numa concepção artística baseada na imitação dos mo-
ticas do período renascentista. Sobre o Renascimento, não é correto delos clássicos gregos e latinos. Nele, o pensamento lógico predomina
afirmar que: sobre a emoção, e a estrutura da composição poética obedece a formas
a) um dos seus principais fundamentos intelectuais foi o Humanismo, fixas, com a introdução da medida nova, que convive com a medida ve-
concepção segundo a qual o homem deveria ser valorizado como lha das formas tradicionais. Trata-se do:
o epicentro do mundo e da história, como havia ocorrido na a) Modernismo.
Antiguidade Clássica. Resposta: A.
b) Barroco.
b) o estudo do homem e da natureza, nesse período, fundamentava-
c) Romantismo.
-se no espírito crítico, o que possibilitou o desenvolvimento do
ƠĪŲƫÿŰĪŲƸżĜŏĪŲƸőǿĜż᠁ĜżŰżƫĪĜżŰƠƣżǜÿŲÿģĪłĪƫÿģÿƸĪżƣŏÿ d) Classicismo. Resposta: D.
heliocêntrica por Nicolau de Cusa e Nicolau Copérnico. e) Realismo.
c) os homens da época tenderam a valorizar a produção artística e 9. Releia o verbete “definição”. Quais dos sentidos estão relacionados ao
intelectual das civilizações do Oriente Médio, especialmente a
objetivo de um verbete de dicionário ou de enciclopédia?
egípcia e a mesopotâmica, pela conexão que estas guardavam com
a história hebraica descrita na Bíblia. a) De 1 a 5.

d) um dos seus maiores expoentes foi Leonardo da Vinci, um modelo b) De 6 a 10.


do intelectual renascentista, pelo fato de se ter dedicado a c) De 4 a 8. Resposta: C.
múltiplas áreas do conhecimento, como, por exemplo, à Anatomia, d) De 8 a 12.
à Física e à Botânica, além de à Pintura.
10. Durante o Classicismo, a prosa ocupou um espaço importante na pro-
e) o termo “Renascimento” designa uma modalidade de expressão
dução literária por meio de:
intelectual urbana e burguesa originária da Península Itálica, que
se constituiu a partir do sincretismo entre a Cultura Clássica e a a) ƠżĪƫŏÿƫ᠁ŊŏƫƸżƣŏżŃƣÿǿÿ᠁ƠƣżƫÿģżǀƸƣŏŲĀƣŏÿĪŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿģĪǜŏÿŃĪŰ᠇
tradição judaico-cristã. b) novelas sentimentais e de cavalaria, teatro, prosa doutrinária e
7. (Enem) Nessa simulação de verbete de dicionário, não há a predomi- literatura de viagem.
nância da função metalinguística da linguagem, como seria de se es- c) novelas sentimentais e de cavalaria, poesia, teatro e literatura de
perar. Identificam-se elementos que subvertem o gênero por meio da viagem.
incorporação marcante de características da função: d) ŲżǜĪŧÿƫƫĪŲƸŏŰĪŲƸÿŏƫĪģĪĜÿǜÿŧÿƣŏÿ᠁ŊŏƫƸżƣŏżŃƣÿǿÿ᠁Ơƣżƫÿ
doutrinária e literatura de viagem. Resposta: D.
aniversário (s.m)
é o dia que recebo o maior número de ligações no meu 11. Leia a descrição das características gerais do Renascimento e do
celular. é sinônimo de doce. é festejar o próprio ser. é receber Classicismo. Resposta: D.
os abraços mais gostosos. é um bolo de chocolate vegano (obri- I. Racionalismo — razão predomina sobre o sentimento, gerando
gado, mãe). é quando eu esqueço o que não importa. é o dia em
clareza e objetividade de expressão.
que eu me dou folga das folgas que a vida não me dá. é quando
seus amigos se juntam para comprar a nova coleção de livros II. Universalismo — expressão, pela arte, de verdades universais,
do Harry Potter para você (valeu, galera)” é a felicidade fazendo absolutas e eternas, relacionadas ao homem em geral.
visita. III. Perfeição formal — ordenação lógica do pensamento, que gera
é um balão imaginário que tem gosto de amor e cheirinho formas de composição corretas e moderadas.
de infância.
Está(ão) adequadamente explicada(s) a(s) opção(ões):
DOEDERLEIN, João. O livro dos ressignificados. São Paulo:
Parábola Editorial, 2017.
a) I. b) I e II. c) II e III. d) I, II e III.

a) conativa, como em “valeu, galera!”. 12. A mimese, recurso amplamente usado durante o Renascimento, mate-
rializa-se por meio:
b) referencial, como em “é festejar o próprio ser.”
c) poética, como em “é a felicidade fazendo visita.” Resposta: C. a) do mundo conduzido pela razão e pela liberdade.

d) emotiva, como em “é quando eu esqueço o que não importa.” b) da cópia de modelos de perfeição greco-romana. Resposta: B.

e) fática, como em “é o dia que recebo o maior número de ligações no c) da expressão de verdades universais e absolutas.
meu celular.” d) do paganismo, ao simbolizar características humanas.

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Junte os pontos
Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.

Renascimento: história e arte

Classicismo
Contexto histórico Marcos: retorno de
Arte Verbete de dicionário
Sá de Miranda e e enciclopédia
Surgimento: Itália.
O Belo reconhecido pela morte de Camões.
Aparecimento de várias
observação, pela ordenação, Natureza expositiva.
áreas de estudo.
e pela medição. Características: Definição, explicação,
Grandes transformações
Retomada de valores medida nova, exemplificação e ilustração.
políticas, econômicas
e obras da Antiguidade mitologia clássica, Impressos, digitais
e culturais na Europa.
clássica. rigor formal, e virtuais.
Teorias de Copérnico e Galileu.
Principais artistas: racionalismo,
Grandes Navegações,
Leonardo da Vinci, universalismo,
mercantilismo,
Michelangelo, Rafael Sanzio, mimese, entre outras.
Reforma Protestante,
Donatello, Sandro Botticelli,
invenção da imprensa, bússola.
Ticiano, Tintoretto. Produção:
poesia, teatro e prosa
(novela sentimental e
de cavalaria, historiografia,
prosa doutrinária e
literatura de viagem).

1. Por que o retorno de Sá de Miranda é considerado o marco inicial do Classicismo português?


O retorno de Sá de Miranda, que estava na Itália, é considerado o marco inicial do Classicismo português porque o poeta introduz o soneto e os versos

decassílabos na literatura da época, provocando uma inovação importante na forma como se fazia poesia em Portugal.

2. Por que a mimese era uma prática frequente na produção dos escritores renascentistas?
A mimese era uma prática frequente e estimulada na produção dos escritores renascentistas porque se acreditava no princípio de perfeição, nascida da

cópia de modelos perfeitos de escrita.

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Literatura

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de
ida
Lírica camoniana e

Un
resenha literária 3

Triff/Shutterstock
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP45,
EM13LP46, EM13LP48,
EM13LP49, EM13LP52.
Nesta unidade você
vai estudar:
O autor Luís Vaz de Camões
A lírica camoniana: a
medida velha
Camões lírico:
a medida nova
Resenha literária

A elevada qualidade da produção lírica de Camões faz com que ele seja considerado o maior poeta lírico em língua portuguesa de todos os tempos.

Inicie a jornada!
O autor Luís Vaz de Camões
O maior representante do Classicismo português foi Luís Vaz de Camões, nascido na cidade de Santarém, em

hydebrink/Shutterstock
Portugal, em 1524 ou 1525 – não se sabe ao certo. Foi criado e protegido por um tio, cônego e chanceler da Universidade
de Coimbra, que lhe patrocinou os estudos e lhe apresentou os autores clássicos, os quais formaram a sua base inte-
lectual e lhe possibilitaram assimilar a estética e a filosofia de sua época, como comprova sua obra.
A obra camoniana, dentro do contexto do século XVI, esteve imersa na prática da mimese, ou seja, em uma rede
de imitações, alusões e recuperações que a aproximavam dos modelos de perfeição formal da Antiguidade clássica.
Camões, além de escrever, ainda lutou em várias guerras, sendo uma delas a Batalha de Alcácer-Quibir, na África,
onde perdeu um dos olhos.
Pouco se sabe sobre sua história: é certo que morreu pobre, doente e abandonado, mas deixando uma sólida obra,
que o classifica como um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos e o precursor do português moderno. Busto do poeta português Luís
Vaz de Camões em Lisboa,
Sua obra é dividida em lírica e épica. Portugal.

Afinal, quem foi Camões? Um poeta imortal, ilustre é verdade, mas um ilustre praticamente desco-
nhecido. Sua vida fervilhou de negativas — um desafio constante aos críticos e estudiosos. Sua vida, um
rol de interrogações contínuas... Em que dia, em que mês, nasceu ele? Não se sabe. Em que ano? Dúvidas.
Teria nascido em 1524? Ou 1525? E qual a sua cidade? Lisboa? Santarém? Coimbra? Alenquer? E quem é
que sabe? E sobre seus pais? E sobre a sua infância? E a sua vasta cultura? Teria mesmo frequentado a
Universidade de Coimbra?
Camões nasceu pobre, viveu na miséria. Quando voltou a Portugal, depois de 17 anos de “exílio”,
recebeu de D. Sebastião, pela publicação de Os Lusíadas, uma pensão de 15 mil réis anuais, já que a epo- Professor incentive que
os alunos assistam ao
peia era dedicada ao próprio rei. Muitos afirmam que, convertida a moeda em valor atual, a pensão seria documentário feito em
razoável. Como se explica, então, que o poeta tenha morrido na mais completa penúria, sem um lençol Portugal sobre a vida e a
sequer para envolver-lhe o corpo? Se, em vida, as dúvidas não cessam, depois de morto, o mistério per- obra de Camões.
siste. [...] Afinal, o ano de sua morte seria 1579 ou 1580? [...]
GOMES, Valderez Cardoso. O eterno viajante. Entre Livros: Entre Clássicos, São Paulo, n. 4, p. 9-10, jun. 2005.
19

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Vá além No caso das glosas anteriores, o autor emprega redondilhas maio-
res, retomando personagens da história e da mitologia clássica, como
A análise de documentos antigos e de entrevistas de campo ao longo dos
últimos trinta anos tem mostrado que o português brasileiro já pode ser apregoa o Classicismo.
considerado único, diferente do português europeu, do mesmo modo que Na cantiga a seguir, ele usa referências da poesia trovadoresca e pa-
o inglês americano é distinto do inglês britânico. O português brasileiro laciana, quando o eu lírico dialoga com elementos da natureza, como
ainda não é, porém, uma língua autônoma: talvez seja quando acumular a fonte. Ainda que algumas produções repitam as temáticas da mulher
peculiaridades que nos impeçam de entender inteiramente o que um abandonada à espera do amado, à diferença das cantigas de amigo,
nativo de Portugal diz. Veja no vídeo produzido pela equipe do portal Camões inova, escrevendo em terceira pessoa.
Pesquisa Fapesp como a expansão do português no Brasil, as variações 54.
regionais com suas possíveis explicações e as raízes das inovações da Cantiga
linguagem estão emergindo por meio do trabalho de diversos linguistas.
a esta cantiga alheia:
Leia mais em: https://revistapesquisa.fapesp.br/ora-pois-uma-lingua-bem-
brasileira. Acesso em: 17 abr. 2021. Na fonte está Leanor
lavando a talha e chorando,
as amigas perguntando:
A lírica camoniana: a medida velha vistes lá o meu amor?
Camões é considerado o maior poeta lírico da poesia tradicional
portuguesa. Sua obra lírica é composta de poemas escritos em medida VOLTAS
velha (redondilhas) e em medida nova (sonetos), que tratam de diversos Posto o pensamento nele,
temas, como o amor, em sua dimensão espiritual e carnal, as adversida- porque a tudo o Amor a obriga,
des da vida e dos sentimentos, a pátria e Deus. No tratamento do amor, cantava, mas a cantiga
Camões se vale do platonismo, para abordar o ser amado no plano ideal, eram suspiros por ele.
e não real.
Nisto estava Leanor
A poesia tradicional usa a medida velha, ou seja, as redondilhas
o seu desejo enganando,
menores e maiores, com cinco e sete sílabas métricas, respectivamente.
às amigas perguntando:
B
vistes lá o meu amor?
Bem vejo que sois, Senhora,
O rosto sobre üa mão,
extremo de fermosura,
os olhos no chão pregados,
para minha sepultura.
que, do chorar já cansados,
algum descanso lhe dão.
CC
Desta sorte Leanor
Cleópatra se matou
suspende de quando em quando
vendo morto a seu amante;
sua dor; e, em si tornando,
e eu por vós, em ser constante.
mais pesada sente a dor.
Cassandra disse de Tróia
que havia ser destruída;
Não deita dos olhos água,
e eu por vós, d’alma e da vida.
que não quer que a dor se abrande
DD
Amor, porque em mágoa grande
Dido morreu por Enéas,
seca as lágrimas a mágoa.
e vós matais quem vos ama;
Que, despois de seu amor
julgai se sois cruel dama!
soube novas, perguntando,
Dianira, inocente,
d’emproviso a vi chorando.
da má morte causadora;
Olhai que extremos de dor!
vós, da minha, sabedora.
CAMÕES, Luís de. Redondilhas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bv000163.pdf. Acesso em: 19 abr. 2021.
E
Outros poemas, como o anterior, apresentam um mote (estrofe
Eurídice foi a causa
com o tema) e glosas ou voltas (estrofes que desenvolvem o tema).
de Orfeu ir ao Inferno; O conteúdo resgata referências medievais: a partida do namorado, o
vos, de ser meu mal eterno. sofrimento amoroso ou a mulher inacessível.
CAMÕES, Luís de. Redondilhas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bv000163.pdf. Acesso em: 19 abr. 2021. Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6
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Literatura

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Unidade 3

Mas como causar pode seu favor


Camões lírico: a medida nova
nos corações humanos amizade,
A produção lírica camoniana, tanto a feita com a medida velha
se tão contrário a si é o mesmo
como a feita com a nova, trata dos seguintes temas:
CAMÕES, Luís de. Sonetos. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bv000164.pdf. Acesso em: 17 abr. 2021.

Temas Descrição Observe que o poema é um soneto, ou seja, apresenta quatorze


versos, divididos em dois quartetos e dois tercetos. Note também que
Dois mundos: o inteligível (onde se os versos são decassílabos e apresentam o seguinte esquema de ri-
encontram a essência, a verdade, o ideal: mas: ABBA, ABBA, CDC, DCD. É perceptível, ainda, o uso de paradoxos
o Belo, a Bondade, o Amor, a Justiça) e o para conceituar o amor, um sentimento que expressa contradições e
sensível (onde habitamos e onde o real se
que, na perspectiva do eu lírico, o inquieta e produz um sofrimento
apresenta como sombra das ideias puras do
tratado de forma contida, sem exageros. Deve-se observar que essa
mundo inteligível).
Neoplatonismo: constatação não é explicitada por uma visão subjetiva,
A alma é imortal e se origina no mundo
retomada de ideias pessoal, mas universal, porque se questionam aspectos
inteligível. Quando vivem no mundo
filosóficas de Platão da existência, comuns a qualquer ser humano, e não so-
sensível, guardam lembranças do seu
mundo original e vivem em busca do ideal mente ao eu lírico.
existente na origem.
A letra maiúscula, nos poemas, é usada
para distinguir o universal do particular. Converse com os colegas sobre as contradições encontradas
Exemplo: Amor × amor. no conceito de amor expresso no texto. Em seguida, relacione
essa perspectiva com a prática amorosa atual. As pessoas ainda
A partir da visão platônica, o amor e a concebem o amor dessa forma?
figura da mulher, na obra de Camões, são
idealizados, mas também aparecem como
Amor uma manifestação carnal, terrena e erótica. Camões apresenta também, em alguns de seus poemas, uma refle-
Por isso, é comum encontrar a contradição xão mais emotiva da existência, caracterizada pelo pessimismo e pela
que se manifesta pela antítese e pelo visão do desconcerto do mundo, isto é, um mundo em desarmonia.
paradoxo, por expressarem ideias opostas. A passagem do tempo e a morte também aparecem em seus poemas.
Professor incentive a
O poeta revela um mundo em que os Alma minha gentil, que te partiste conhecerem a letra da
música “Monte Castelo”,
valores (dever ser) idealizados nem sempre Tão cedo desta vida, descontente, do grupo musical Legião
encontram ressonância nos modos de vida Repousa lá no Céu eternamente Urbana, que usa trechos
Desconcerto do do poema de Camões.
(ser). Por isso, trata da decepção de ver, no E viva eu cá na terra sempre triste.
mundo
mundo, a manifestação da injustiça, da
ambição, da maldade, entre outros valores e Se lá no assento etéreo, onde subiste,
sentimentos.
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente
Um dos poemas mais conhecidos de Camões expressa esse conjun- Que já nos olhos meus tão puro viste.
to de características. Leia-o com atenção.
E se vires que pode merecer-te
Amor é um fogo que arde sem se ver,
Alguma cousa a dor que me ficou
é ferida que dói, e não se sente;
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer. Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
É um não querer mais que bem querer; Quão cedo de meus olhos te levou.
é um andar solitário entre a gente; CAMÕES, Luís de. Sonetos. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/
é nunca contentar se de contente; download/texto/bv000164.pdf. Acesso em: 21 mar. 2017.

é um cuidar que ganha em se perder.


Nos versos a seguir, manifesta-se o amor platônico, livre das pai-
xões carnais, idealizado, da mesma forma como é idealizada a mulher,
É querer estar preso por vontade; vista como um ser superior (visão que é retomada, posteriormente, em
é servir a quem vence, o vencedor; outros momentos da nossa literatura). É com lucidez que o poeta trata
é ter com quem nos mata, lealdade. da temática amorosa.
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Amor, que o gesto humano n´alma escreve, narração e epílogo. Na proposição — que aparece no Canto I, da
vivas faíscas me mostrou um dia, primeira à terceira estrofe —, o autor nos apresenta o tema de
seu poema: a viagem de Vasco da Gama às Índias e as glórias
donde um puro cristal se derretia
do povo português, comandado por seus reis, que espalharam
por entre vivas rosas e alva neve. a fé cristã pelo mundo.
A segunda parte – também no Canto I, quarta e quinta
A vista, que em si mesma não se atreve,
estrofes – consiste na invocação das musas do rio Tejo, as Tá-
por se certificar do que ali via, gides. Essa é mais uma indicação de que Camões retirou seu
foi convertida em fonte, que fazia modelo da cultura greco-latina.
a dor aos sofrimento doce e leve. Para os gregos, o poeta era um instrumento de uma força
superior. Na dedicatória — Canto I, da estrofe 6 a 17 —, o poe-
Jura Amor que brandura de vontade ta, após inúmeros elogios, dedica a obra ao rei dom Sebastião,
a quem confia a continuação das glórias e conquistas que se-
causa o primeiro efeito; o pensamento
rão narradas em seguida. Na Narração, o poema propriamente
endoudece, se cuida que é verdade. se desenvolve — do Canto I, estrofe 18, ao Canto X, estrofe 144.
Nela, é contada a navegação de Vasco da Gama às Índias e as
Olhai como Amor gera num momento, glórias da história heroica de Portugal.
de lágrimas de honesta piedade O epílogo – Canto X, estrofes 145 a 156 – consiste num la-
lágrimas de imortal contentamento. mento do poeta, que, ao deparar com a dura realidade do reino
português, já não vê muitas glórias no futuro de seu povo e
CAMÕES, Luís de. Sonetos. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/
download/texto/bv000164.pdf. Acesso em: 17 abr. 2021. se ressente de que sua “voz enrouquecida” não seja escutada
com mais atenção.

Resenha literária TRÊS EPISÓDIOS


A resenha é um gênero textual que visa à informação especializada Existem três episódios em Os Lusíadas que merecem des-
e analítica. No caso específico da resenha literária, apresenta-se sinteti- taque por sua importância: o de Inês de Castro, o do Velho do
camente uma obra, a partir de seus aspectos artísticos mais relevantes. Restelo e o do Gigante Adamastor.
Normalmente, a perspectiva de apresentação é impessoal, ainda que se O episódio de Inês de Castro aparece no Canto III, du-
rante o relato de Vasco da Gama ao governante de Melinde.
possa expressar a opinião crítica do autor, que, geralmente, é um espe-
Trata-se da história do amor proibido de Inês, dama de com-
cialista. Nesse sentido, diferencia-se do resumo ou da anotação, porque
panhia da rainha, pelo príncipe dom Pedro. Ao saber do en-
estes não analisam o texto de origem. volvimento do príncipe com ela e preocupado com a ameaça
As principais características de uma resenha literária são: política oferecida por Inês, que tinha parentesco com a no-
• divulga obras literárias novas, atualizando os leitores dos lançamentos; breza de Castela, o rei dom Afonso manda executar a jovem.
O rei percebe então que o amor de Inês por seu filho era
• expressa ou não apreciação crítica da obra resenhada. Isso depende da sincero e decide mantê-la viva, mas o povo, representando o
intenção da produção textual. Quando expressa, a opinião ou a apre- interesse do Estado, o obriga a executar a moça. Dom Pedro,
ciação deve ser baseada em argumentos consistentes e comprováveis; ausente do reino na ocasião do assassinato, inicia depois uma
vingança sangrenta contra os executores e coroa o cadáver de
• apresenta linguagem clara, direta e objetiva;
Inês, aquela “que depois de ser morta foi rainha”.
• īǀŰŃįŲĪƣżěƣĪǜĪ᠁ĜǀƣƸżĪƫŏŲƸīƸŏĜż᠁ƫĪŰƫĪƣƫǀƠĪƣǿĜŏÿŧ᠒ O relato sobre o Velho do Restelo encontra-se no Canto IV.
Na praia lisboeta de Restelo, um velho profere um discurso
• apresenta uma estrutura que segue determinado padrão, como:
poderoso contra as empresas marítimas de Portugal, que ele
• ŏģĪŲƸŏǿĜÿğĘżģÿżěƣÿᠤģÿģżƫěŏěŧŏżŃƣĀǿĜżƫ᠀ÿǀƸżƣ᠁ƸőƸǀŧż᠁ĪģŏƸżƣÿ᠁ŧżĜÿŧ considera uma ofensa aos princípios cristãos, uma vez que a
de publicação); busca de fama e glória em terras distantes contraria a vida de
privações pregada pela doutrina católica.
• apresentação sucinta do panorama do livro a ser resenhado;
O episódio do Gigante Adamastor figura no Canto V. Ele
• comentário sobre a estrutura do texto: partes ou capítulos; aparece quando Vasco da Gama e sua tripulação se dirigem ao
Cabo das Tormentas, ou Cabo da Boa Esperança, personificado
• síntese do texto por meio das anotações prévias;
pela figura de Adamastor. Esse gigante da mitologia grega se
• exposição de análise crítica; apaixonara pela ninfa Tétis, que o rejeitara. Peleu, o marido
de Tétis, transformou então o gigante em pedra. Mais uma
• conclusão com recomendação ou não o texto.
história de Camões em que o amor, “áspero e tirano”, causa o
Leia os dois excertos de uma resenha da obra Os Lusíadas, de Luís infortúnio a quem se deixa levar por ele.
Vaz de Camões.
OS LUSÍADAS, de Luís de Camões: análise e resumo. Guia do Estudante, 10
jun. 2015. Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/estudo/
ESTRUTURA analise-os-lusiadas-de-luis-de-camoes. Acesso em: 19 abr. 2021.
Assim como a Odisseia, de Homero, o poema de Camões é
composto de cinco partes: proposição, invocação, dedicatória, Faça em sala: 3 e 4. | Faça em casa: 7 a 12
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Literatura

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Unidade 3

Faça em sala
1. Leia o texto a seguir. b) Separe as sílabas métricas da estrofe a seguir, numerando-as e
destacando a última sílaba métrica.
12.
Eles verdes são,
Cantiga
e têm por usança
a este mato alheio:
na cor, esperança
Menina dos olhos verdes,
e nas obras, não.
porque me não vedes?
Vossa condição
VOLTAS
não é d’olhos verdes,
Eles verdes são,
porque me não vedes.
e têm por usança
na cor, esperança E/les/ ver/des/ são/,
e nas obras, não. 1 2 3 4 5

e/ têm/ por/ u/san/ça


Vossa condição 1 2 3 4 5

não é d’olhos verdes, na/ cor/, es/pe/ran/ça


porque me não vedes. 1 2 3 4 5

e/ nas/ o/bras/, não/.


1 2 3 4 5

Isenções a molhos Vos/sa/ con/di/ção/


1 2 3 4 5
que eles dizem terdes,
não/ é /d’o/lhos/ ver/des,
não são d’olhos verdes, 1 2 3 4 5

nem de verdes olhos. Por/que/ me/ não/ ve/des.


1 2 3 4 5
Sirvo de giolhos,
c) Qual é o esquema de rimas da estrofe?
e vós não me credes
porque me não vedes. O esquema é ABBAACC.

Haviam de ser,
2. O poema termina com uma pergunta. Qual seria a resposta que o eu
porque possa vê-los, lírico não compreende ou não quer compreender?
que uns olhos tão belos A resposta seria que os olhos da donzela estão verdes, porque vê a outra
não se hão-de esconder;
pessoa, que não é o eu lírico.
mas fazeis-me crer
que já não são verdes,
porque me não vedes.

Verdes não o são 3. Leia o poema a seguir.


no que alcanço deles;
verdes são aqueles A Morte, que da vida o nó desata,
que esperança dão. os nós, que dá o Amor, cortar quisera
Se na condição na Ausência, que é contr’ele espada
está serem verdes, fera, e co’Tempo, que tudo desbarata.
porque me não vedes?
Duas contrárias, que ~ua a outra mata,
a Morte contra o Amor ajunta e altera:
CAMÕES, Luís de. Redondilhas. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000163.pdf. ~ua é Razão contra a Fortuna austera,
Acesso em: 17 abr. 2021. outra, contra a Razão, Fortuna ingrata.

a) Qual é a medida usada por Camões nesse poema? Mas mostre a sua imperial potência
Camões usa a medida velha, redondilhas menores, ou seja, versos a Morte em apartar dum corpo a alma,
duas num corpo o Amor ajunte e una;
com cinco sílabas métricas.

porque assi leve triunfante a palma,


Amor da Morte, apesar da Ausência,
o Tempo, da Razão e da Fortuna.

NICOLA, José de. Literatura portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa.


São Paulo: Scipione, 1990. p. 66.
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a) O poema lido trata de qual tema? Leia o texto a seguir para responder à questão 4.
O poema trata da constatação das forças contrárias que regem a vida, Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
mas que, apesar de parecerem opostas, estão mais próximas do
Todo o mundo é composto de mudança,
que imaginamos. Tomando sempre novas qualidades.

b) Segundo o eu lírico, qual é a diferença entre os termos Continuamente vemos novidades,


Diferentes em tudo da esperança:
I. morte e amor?
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
A morte desata os nós, os laços que mantêm a vida; o amor cria E do bem (se algum houve) as saudades.
esses laços. O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
II. ausência e tempo?
E em mim converte em choro o doce canto.
A ausência fere, e o tempo cura, faz a perda não ter sentido.
E afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto,
Que não se muda já como soía*.
c) A que conclusão chega o eu lírico a respeito da relação entre o amor,
a morte, o tempo, a razão e a fortuna? (Luís de Camões, 20 sonetos. Campinas: Editora da Unicamp, p. 91.)

O eu lírico conclui que é possível amar apesar da morte e que todos *soía: terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo
do verbo “soer” (costumar, ser de costume).
os outros aspectos perdem sentido diante da existência do amor.
4. (Unicamp-SP) Indique a afirmação que se aplica ao soneto escrito por
d) Obseve os substantivos grafados com letra maiúscula. Que efeito
Camões.
deseja alcançar o poeta com esse recurso?
a) O poema retoma o tema renascentista da mudança das coisas, que o
O poeta deseja personificar os substantivos grafados com iniciais
poeta sente como motivo de esperança e de fé na vida.
maiúsculas, atribuindo-lhes um sentido universal. Exemplos: Morte,
b) A ideia de transformação refere-se às coisas do mundo, mas não afeta
Amor, Ausência, Tempo, Razão e Fortuna. o estado de espírito do poeta, em razão de sua crença amorosa.
c) Tudo sempre se renova, diferentemente das esperanças do poeta,
que acolhem suas mágoas e saudades.
d) Não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas também a
experiência que ele tem da própria mudança. Resposta: D.

Faça em casa
Depois do apogeu da lírica trovadoresca [...] é na Tosca-
1. (Fuvest-SP) Na Lírica de Camões:
na que encontramos uma poesia que, embora prolongando a
a) o verso usado para a composição dos sonetos é a redondilha maior. (poesia) provençal, eleva o “amor gentil” a conceito metafísico,
b) encontram-se sonetos, odes, sátiras e autos. próprio dos corações nobres e virtuosos; do mesmo modo,
nessa poesia, a figura feminina reúne noções como de reflexo
c) cantar a pátria é o centro das preocupações.
da bondade e beleza sobre-humanas, donna angelicata sem-
d) encontra-se uma fonte de inspiração de muitos poetas brasileiros pre, que estimula o amante para a contemplação divina.
do século XX. Resposta: D. Dessa poesia, conhecemos, sobretudo, as obras da tríade
e) a mulher é vista em seus aspectos físicos, despojada de composta por Guido Guinizzelli, Cavalcanti e Dante Alighieri,
espiritualidade. que, versejando em língua toscana e em gêneros recentes,
como o soneto, a canção e a balada, fornecem ao século XIV
Leia o texto a seguir para responder às questões 2 e 3. italiano uma feição algo distinta da restante poesia europeia
Tão intenso é o brilho da poesia camoniana para os falan- do período. Essa lírica, que consagra o amor à poesia e o poeta
tes de língua portuguesa que, afora os estudiosos da literatura, ao amoroso, triunfa em formalizar uma linguagem em termos
poucos acham necessário conhecer o estreito contato de Ca- de estilo, sintaxe, léxico, metros, acentuações e gêneros que se
mões com poetas contemporâneos, tanto antecessores, como mostram adequados a uma concepção poética diversa, a qual
sucessores seus, na Europa e mesmo na América. Mas é sabido se tornou conhecida como “doce estilo novo” [...]
que, no século XVI, fazer poesia não era uma atividade isolada, A esses poetas se sucedem Francesco Petrarca, Matteo
envolvendo, pelo contrário, os poetas numa rede de alusões, re- Frescobaldi, Giovanni Boccaccio, Cino Rinuccini e outros,
cuperações, imitações – para usar o termo forte da época. por cuja poesia – sobretudo pelo Canzoniere de Petrarca – as
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Unidade 3

convenções da lírica toscana se difundem por toda Europa,


6. A cor verde atribuída aos olhos está relacionada ao sentimento de:
tornando-se o modelo de uma legião de poetas cortesãos. [...]
Por meio da introdução da métrica, gêneros e os tópicos a) esperança. Resposta: A. c) decepção.
da lírica petrarquista em Espanha, “é acolhida pela poesia por- b) dor. d) crença.
tuguesa, com Camões na posição principal, que com mestria
modula a língua portuguesa à melodia desse novo estilo do já Responda às questões 7 e 8 com base no soneto de Camões apresenta-
tão antigo Trezentos italianos, incorporando, ao mesmo tem- do na questão 4 da seção Faça em sala.
po que as tópicas, seus gêneros poéticos, tais como as canções
éclogas, elegias e sonetos, é claro, numa excelente combina- 7. (UNIFIPMoc-MG) O verso que representa o pessimismo do eu lírico é:
ção de imitativo stili, imitativo vitae. [...]
a) “Continuamente vemos novidades...”
MUHANA, Adma Fadul. Constelação europeia. Entre Livros:
Entre Clássicos, São Paulo, n. 4, p. 28-29, jun. 2005. b) “... tomando sempre novas qualidades...”
c) “...e, em mim, converte em choro o doce canto.” Resposta: C.
2. O excerto recupera o conceito de medida nova, adotada por Camões d) “O tempo cobre o chão de verde manto”
em sua poesia lírica. De acordo com o texto, essa medida triunfa na for-
malização de vários aspectos da linguagem, como: e) “E, afora este mudar-se cada dia.”

a) estilo, sintaxe, léxico, metros, acentuações e gêneros. Resposta: A. 8. (UFBA) A leitura dos dois tercetos permite inferir:
b) tema, sintaxe, léxico, metros, acentuações e gêneros. (01) Há ritmos diferentes de mudança, a depender do momento da
c) estilo, sintaxe, léxico, metros, acentuações e fonética. vida do indivíduo.
d) ĪƫƸŏŧż᠁żƣƸżŃƣÿǿÿ᠁ƠƣżƫŽģŏÿ᠁ŰĪƸƣżƫ᠁ÿĜĪŲƸǀÿğƛĪƫĪŃįŲĪƣżƫ᠇ (02) A rejeição da instabilidade se torna maior, com o passar do
tempo, em decorrência da sabedoria e da experiência adquiridas.
3. O excerto começa e conclui tratando do mesmo tema, às vezes pouco
compreendido hoje em dia. Essse tema está relacionado à: (04) Há diferenças entre os processos de mudança na natureza e
aqueles que ocorrem com o ser humano.
a) crítica de antecessores do Classicismo lusitano.
(08) O processo de mudança na vida dos indivíduos cessa com o
b) negação da obra de Camões por seus sucessores.
decorrer do tempo, atingindo-se a estabilidade.
c) produção literária isolada de Camões em Portugal.
(16) A ilusão de que nada é permanente acompanha o ser humano
d) imitação de expoentes da arte como estilo da época. Resposta: D.
em todos os momentos de sua existência.
4. Leia o excerto a seguir, de uma trova de Camões. (32) Cada vez que algo muda no universo mudam-se também as
concepções mais arraigadas dos indivíduos.
Trovas
{Vós} sois üa dama (64) O processo de mudança exterior ao indivíduo é sempre
das feias do mundo; ĜżŲƫƸÿŲƸĪ᠁ĪŰěżƣÿŊÿšÿǀŰÿŰżģŏǿĜÿğĘżŲÿłżƣŰÿģĪƠĪƣĜĪƠğĘż
de toda a má fama dessa mudança. 41 (1 1 8 1 32).
sois cabo profundo.
9. (Enem) Leia o texto a seguir.
A vossa figura
não é para ver;
O livro It – A Coisa, de Stephen King
em vosso poder
não há fermosura. Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata
cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e
CAMÕES, Luís de. Redondilhas. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000163.pdf. Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da
Acesso em: 19 abr. 2021. confiança e... do medo. O mais profundo e tenebroso medo.
Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa,
A estrofe do poema de Camões, reproduzida na questão 1, da seção um ser sobrenatural e maligno, que deixou terríveis marcas
Faça em sala, por sua temática e estrutura: de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos vol-
tam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a peque-
a) emprega a medida nova usada no Classicismo.
na cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry,
b) mescla a medida velha com a cantiga de amor. dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a
c) resgata as cantigas satíricas trovadorescas. Resposta: C. atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue
d) afasta-se da métrica e temática medievais. que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enig-
ma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry.
Leia a “Cantiga 12”, de Luís de Camões, para responder às questões 5 e 6. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa.
Em It – A Coisa, clássico de Stephen King em nova edição, os
5. Como se nomeiam os versos que aparecem ao lado direito do poema?
amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar
a) Redondilhas. c) Glosas. os próprios limites.
b) Mote. Resposta: B. d) Voltas. Disponível em: www.livrariacultura.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017.
25

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Se lá no assento etéreo, onde subiste,
Relacionando-se os elementos que compõem esse texto, depreende-se
memória desta vida se consente,
que sua função social consiste em levar o leitor a:
não te esqueças daquele amor ardente
a) compreender a história vivenciada por amigos na cidade de Derry. que já nos olhos meus tão puro viste.
b) interpretar a obra com base em uma descrição detalhada. E se vires que pode merecer-te
c) avaliar a publicação com base em uma síntese crítica. alguma coisa a dor que me ficou
da mágoa, sem remédio, de perder-te,
d) adquirir a obra apresentada no site da livraria. Resposta: D.
e) argumentar em favor da obra resumida. roga a Deus, que teus anos encurtou,
que tão cedo de cá me leve a ver-te,
10. (Enem) Leia o texto a seguir. quão cedo de meus olhos te levou.
Porta dos Fundos: contrato vitalício (Sonetos, 2001.)
Diretor: Ian SBF;
Tempo: 1 h 46 min; a) suplica a Deus que suas memórias afetivas lhe sejam subtraídas.
Brasil, 2016. b) expressa o desejo de que sua amada seja em breve restituída à
O primeiro filme do grupo humorístico Porta dos Fun- vida.
dos, conhecido por seus mais de 12 milhões de assinantes c) expressa o desejo de que sua própria vida também seja
no YouTube, estreou para o público brasileiro que curte as abreviada. Resposta: C.
esquetes na internet. O desafio do grupo foi transformar os
vídeos curtos em um longa para o cinema, que, apesar de
d) suplica a Deus que sua amada também se liberte dos
grande investimento do elenco e dos produtores, não em- sofrimentos terrenos.
polga tanto. O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e) lamenta que sua própria conduta tenha antecipado a morte da
e Miguel (G. Duvivier), que, vencedores em Cannes, no auge amada.
de suas carreiras, decidem assinar um contrato vitalício em
que o ator Rodrigo deverá participar de todos os filmes do 12. (Mack-SP) Leia o texto seguinte e responda ao que se propõe.
produtor Miguel. A produção do filme maluco conta com o
O amor é feio
ótimo elenco do Porta dos Fundos: uma famosa blogueira, um
Tem cara de vício
jornalista de fofoca, um agente de celebridades, uma dire-
Anda pela estrada
tora de elenco radical, um detetive, um ajudante e atores.
Não tem compromisso
O ponto forte do filme é satirizar justamente o mundo das
[...]
celebridades da internet e do cinema, ou seja, eles mesmos
O amor é lindo
neste momento.
Faz o impossível
Disponível em: www.criticasdefilmes.com.br. O amor é graça
Acesso em: 12 dez. 2017. (adaptado).
Ele dá e passa.
A. Antunes, C. Brown, M. Monte. O amor é feio. (Fragmento).
Nesse texto, um trecho que traz uma marca linguística da função ava-
liativa da resenha é:
Cotejando a letra da canção com os famosos versos camonianos “Amor
a) “Porta dos Fundos: contrato vitalício; Diretor: Ian SBF; Tempo: 1 h 46 é fogo que arde sem se ver / É ferida que dói e não se sente”, afirma-se
min; Brasil, 2016.” corretamente:
b) ᡆƠƣŏŰĪŏƣżǿŧŰĪģżŃƣǀƠżŊǀŰżƣőƫƸŏĜż Porta dos Fundos [...] estreou a) Assim como Camões, os compositores tematizam o amor, valendo-se
para o público brasileiro que curte as esquetes na internet.” de uma linguagem espontânea, coloquial, como prova o uso da
c) “O enredo conta com a dupla Rodrigo (F. Porchat) e Miguel (G. expressão cara de vício.
Duvivier) [...]”. b) O caráter popular da canção é acentuado pelo uso de redondilhas,
d) ᡆᠢ᠇᠇᠇ᠣżÿƸżƣ¦żģƣŏŃżģĪǜĪƣĀƠÿƣƸŏĜŏƠÿƣģĪƸżģżƫżƫǿŧŰĪƫģżƠƣżģǀƸżƣ traço estilístico ausente nos versos camonianos citados. Resposta: B.
Miguel.” c) A concepção de amor como sentimento contraditório, típica de
e) ᡆƠƣżģǀğĘżģżǿŧŰĪŰÿŧǀĜżĜżŲƸÿĜżŰżŽƸŏŰżĪŧĪŲĜżģżPorta dos Camões, está ausente na letra da canção, uma vez que seus versos
Fundos [...]”. Resposta: E. não se compõem de paradoxos.

11. (Unesp) No soneto, o eu lírico: d) A ideia de que a dor do amor não é sentida pelos amantes, presente
nos versos de Camões, é parafraseada nos versos “Anda pela estrada /
Alma minha gentil, que te partiste
Não tem compromisso”.
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente, e) A canção recupera o tom solene e altissonante presente nos versos
e viva eu cá na terra sempre triste. camonianos.

26
Literatura

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Unidade 3

Junte os pontos
Chegamos ao final da unidade 3. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.

Lírica
camoniana
e resenha
literária

Resenha literária
O autor
Luís Vaz de Camões Gênero textual que
Maior representante do objetiva a informação.
Classicismo português. Divulgação de obras
Pouca informação sobre literárias.
Poesia lírica:
sua vida. Apresenta apreciação
medida velha e medida nova
Escreveu poesia crítica (ou não).
lírica e épica. Linguagem clara, direta e
Temas: amor espiritual
objetiva.
e carnal, adversidades
Texto e sintético.
da vida e dos sentimentos,
Estrutura padrão.
pátria, Deus, neoplatonismo,
desconcerto do mundo.

Medida velha: retoma aspectos


da poesia medieval. Redondilhas
maiores e menores.
Medida nova: sonetos
decassílabos.
Rigor formal.

1. Por que Camões é considerado o maior poeta lírico tradicional da língua portuguesa?
Camões é considerado o maior poeta lírico tradicional da língua portuguesa pelo volume de suas produções e pelo elevado teor lírico dos seus textos,

sempre escritos com extrema qualidade técnica e temática.

2. Em que situações da vida diária as pessoas leem resenhas literárias?


As pessoas, na vida diária, leem resenhas literárias para conhecer novas obras e para decidir sobre a leitura de alguma obra em especial, a partir

de informações especializadas de quem já as leu.

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Un
ida
de
Épica camoniana
4 e booktube
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP45, Inicie a jornada!
EM13LP46, EM13LP48,
EM13LP49, EM13LP52
Nesta unidade você

Digital signal/Shutterstock
vai estudar:
A épica camoniana: a alma
de um povo
Os Lusíadas: composição
temática
A estrutura formal de Os
Lusíadas
Booktube e o estímulo à
leitura

Monumento erguido em comemoração às Grandes Navegações, em Lisboa, Portugal.


lrpizarro/Shutterstock

A épica camoniana: a alma de um povo


A obra épica mais importante de Luís Vaz de Camões é Os Lusíadas.
Ela narra a viagem de Vasco da Gama à Índia e glorifica os feitos heroicos
portugueses no passado e na época das Grandes Navegações. É consi-
derada a maior a epopeia em língua portuguesa por seu inquestionável
valor poético.
As epopeias são obras narrativas em versos, as quais têm como as-
sunto grandes realizações humanas. As personagens são heróis de eleva-
do caráter, com grandeza, força e coragem para vencer todos os obstácu-
los que a empreitada lhes impõe. O texto épico de Camões foi inspirado
na poesia épica de Homero e Virgílio, um modelo de perfeição literária da
Antiguidade clássica.

hǀőƫßÿǭģĪ ÿŰƛĪƫ᠁FƣĪŏNĪŲƣŏƢǀĪ ÿƣǜÿŧŊż᠁tǀŲżGżŲğÿŧǜĪƫĪżǀƸƣÿƫǿŃǀƣÿƫ


históricas no Monumento do Descobrimento, em Lisboa, Portugal.
28
Literatura

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Unidade 4

Não só na lírica, mas também na épica o seu tema é plural, Cantando espalharei por toda parte,
pois o povo é seu herói e protagonista, se fazendo presente, Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
através desses argonautas atrevidos, que rasgaram o mar, des-
pegados de tudo, até do seu próprio viver. O convite à viagem é Cessem do sábio Grego e do Troiano
uma convocação ao sonho, mas torná-la real é uma aventura As navegações grandes que fizeram;
infinita. Assim, Camões é um eterno viajante, tanto nos ca-
Cale-se de Alexandro e de Trajano
minhos do mar, que ele perseguiu, seguindo, no plano real, a
mesma rota de Vasco da Gama, seu protagonista imortal. Em A fama das vitórias que tiveram;
Os Lusíadas, há versos que retratam a experiência de quem Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
viveu realmente os fatos narrados. A quem Neptuno e Marte obedeceram.
GOMES, Valderez Cardoso. O eterno viajante. Entre Livros: Entre Clássicos, Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
São Paulo, n. 4, p. 9-10, jun. 2005.
Que outro valor mais alto se alevanta.
O título da obra Os Lusíadas antecipa a intenção do poeta de contar E vós, Tágides minhas, pois criado
a história heroica de um povo, já que usa um substantivo que equivale a
Tendes em mi um novo engenho ardente,
“lusitanos”. O grande herói dessa epopeia é, portanto, o povo português,
Se sempre em verso humilde celebrado
com sua alma e sua postura de coragem para navegar em mares nunca
navegados e descobrir novos mundos. Para isso, Vasco da Gama encarna Foi de mi vosso rio alegremente,

a alma dos navegantes portugueses que existiram antes e depois dele. Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Vá além Por que de vossas águas Febo ordene
Conheça a adaptação completa do texto Os lusíadas em quadrinhos, por Fido Que não tenham inveja às de Hipocrene.
Nesti, publicado pela Editora Peirópolis.
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou flauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Converse com seus colegas sobre as adaptações recentes Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
de histórias épicas para o cinema, como Troia, por exemplo. Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Comentem o enredo e os recursos cinematográficos utilizados. Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Os Lusíadas: composição temática Se tão sublime preço cabe em verso. [...]

Camões, já no início do seu grande poema, expressa claramente o CAMÕES, Luís Vaz de. Os lusíadas. Disponível em: www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000162.pdf.
tema de sua epopeia. Ele propõe cantar a história de grande valor do Acesso em: 19 abr. 2021.
povo português ao navegar os mares desconhecidos para ampliar sua
fé e seu império e ao construir uma história que lhes possibilitou chegar A narrativa tem como eixo central a viagem de Vasco da Gama à Índia.
a essa façanha. Leia as três primeiras estrofes da epopeia, onde o poeta Ao longo do trajeto, conta-se a história de Portugal pelo resgate da memória
declara sua intenção temática. dos seus reis. As façanhas do herói coletivo se relacionam à história do ex-
pansionismo europeu nos séculos XV e XVI, que deu início ao colonialismo.
Canto I O enredo não segue uma ordem cronológica. Isso é comprovado logo
As armas e os Barões assinalados no início do texto, porque a narração começa quando os portugueses estão
Que da Ocidental praia Lusitana em Melinde, no oceano Índico. Como uma expressão do “Maravilhoso pa-
Por mares nunca de antes navegados
gão”, uma das características do texto clássico ou de inspiração clássica du-
rante a história, há a intervenção de deuses e de outros seres sobrenaturais.
Passaram ainda além da Taprobana,
Os deuses clássicos que aparecem na história — Vênus, Marte, Júpi-
Em perigos e guerras esforçados
ter, Mercúrio, Baco, Netuno e as Nereidas (ninfas marinhas) — simboli-
Mais do que prometia a força humana,
zam a contradição entre os desejos de ampliar os limites do mundo e de
E entre gente remota edificaram preservar os limites existentes, marcados por forças poderosas.
Novo Reino, que tanto sublimaram; Vênus, Marte, Júpiter e Mercúrio estão a favor dos portugueses e em-
preendem grandes esforços para que cumpram sua missão. Baco e Netuno
E também as memórias gloriosas
são contrários a essa façanha, principalmente o primeiro, por temor de per-
Daqueles Reis que foram dilatando
der sua glória como senhor dos mundos a serem descobertos no Oriente.
A Fé, o Império, e as terras viciosas
Em Melinde, Vasco da Gama narra ao rei local partes da história de
De África e de Ásia andaram devastando, Portugal. Nessa parte da epopeia, aparecem os episódios de Inês de Cas-
E aqueles que por obras valerosas tro, do Velho do Restelo e do Gigante Adamastor, três episódios muito
Se vão da lei da Morte libertando, conhecidos do texto de Camões. Na travessia do oceano, as embarca-
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ções dos portugueses sofrem muitas avararias antes de chegarem a Ca-
lecute, onde eles não serão bem recebidos.
A viagem de Vasco da Gama
Arquipélago Espanha
Vasco da Gama e sua tripulação conseguem se desvencilhar das ar- dos Açores 4
5 Lisboa
madilhas que lhes foram impostas e seguem viagem de regresso a Por-
ÁSIA
tugal, fazendo uma escala na Ilha dos Amores como prêmio de Vênus
pelo empreendimento lusitano. ARÁBIA ÍNDIA
Goa
Na parte final do texto, a mesma deusa mostra a Vasco da Gama a Calicute
8
ÁFRICA
maravilhosa máquina do mundo, fazendo previsões sobre o futuro. Ca- 9
6 Congo
mões narra o retorno tranquilo dos portugueses à Europa, expressando Equador Melinde
3
Mombaça 2
certo pessimismo em relação aos incrédulos acerca da expansão do rei-

Meridiano de Greenwich
no português e da fé católica. * Moçambique N
1
O L
Incentive os alunos a conhecer epopeia
Os Lusíadas integralmente. Cabo da Boa
Esperança
S
0 2 080 km
7

1 Canto I - Naus portuguesas 6 Canto V - Narra: chegada ao Congo


estão na costa de Moçambique fogo-de-santelmo e tempestade
Faça em sala: 1 a 2 | Faça em casa: 1 a 6 2 Canto I - Bons ventos de Vênus 7 Canto V - Aparição do Gigante
e chegam à Mombaça Adamastor no Cabo das Tormentas
3 Canto II - Rei de Melinde 8 Canto VI, VII, VIII - Naus partem de
conversa com Vasco da Gama Melinde e tempestade as leva à Calicute
A estrutura formal de Os Lusíadas 4 Canto III - Gama descreve a 9 Canto IX, X - Começam a voltar e
Espanha como cabeça da Europa Vênus os conduz à ilha dos Amores
A epopeia Os Lusíadas se estrutura em dez cantos, da seguinte forma: 5 Canto IV - Ele fala da partida das
naus e do velho do Restelo
• Canto 1: a narração se inicia com um conselho de deuses em que Vê-
Fonte: EntreLivros – cadernos: Literatura Portuguesa. São Paulo, s.d. p. 27.
nus e Marte estão a favor dos portugueses, mas Baco está contra e
inicia uma série de ações tentando desfavorecer os navegantes. Vas- Três partes:
co da Gama chega a Moçambique. 1ª parte:
• Canto 2: Vasco da Gama segue para Melinde por inspiração de Mer- Introdução: contempla dezoito estrofes iniciais do Canto I. Subdi-
cúrio. Vênus e Júpiter continuam intercedendo em favor dos portu- vide-se em:
gueses para protegê-los das artimanhas de Baco. • Proposição: o poeta apresenta o assunto e o herói (constituem as
• Canto 3: Vasco da Gama conta episódios da história de Portugal ao rei três primeiras estrofes do Canto I).
de Melinde. Nesse canto, descreve-se o episódio de Inês de Castro. • Invocação: o poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedindo-
-lhes inspiração para fazer o poema (constituem as estrofes 4 e 5
• Canto 4: os relatos sobre a história de Portugal continuam. Vasco da
do Canto I).
Gama conta como ocorreu sua partida e fala sobre o episódio do “Ve-
• Dedicatória: o poeta dedica o poema a dom Sebastião, rei de Por-
lho do Restelo”. tugal (constituem as estrofes 6 a 18 do Canto I).
• Canto 5: Vasco da Gama continua seu relato ao rei de Melinde e con- 2ª parte:
ta sobre o episódio de uma tempestade que envolve o Gigante Ada- Narração (estrofe 19 do Canto I até a estrofe 144 do Canto X): Vasco da
mastor (representação do Cabo da Boa Esperança). Gama relata a viagem dos portugueses à Índia e conta a história de Portugal.
• Canto 6: a frota deixa Melinde e parte para Calicute, na Índia. Antes 3ª parte:
disso, passa por uma tempestade encomendada por Netuno. Mais Epílogo: é a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do Canto X). O
uma vez, Vênus intervém, solicitando que ninfas seduzam os ventos poeta pede às musas que o inspiraram que calem a voz de sua lira para
e impeçam a tempestade. concluir seu texto, pois está desiludido com a pátria.
Não se esqueca de que o poema completo está constituído por
• Canto 7: nessa parte da narrativa, descreve-se a Índia.
1 102 estrofes regulares de oito versos cada uma, 8 816 versos decassíla-
• Canto 8: conta-se sobre vultos históricos portugueses. Vasco da Gama
bos, e o esquema de rimas é ABABABCC.
īƠƣĪƫż᠁ƠżƣŏŲǵŧǀįŲĜŏÿģĪÿĜż᠁ŰÿƫƫżŧƸżĪŰƸƣżĜÿģĪŰĪƣĜÿģżƣŏÿƫ᠇
• Canto 9: os navios começam o caminho de volta. Vênus premia os Booktube e o estímulo à leitura
seus protegidos com uma parada na Ilha dos Amores. Tétis e muitas
A leitura sempre gerou grande interesse, mas tem sido um tema de
ninfas recebem os navegadores.
crescente busca. Por meio de vídeos, os booktubers, considerados espe-
• Canto 10: Tétis antecipa a Vasco da Gama o futuro de Portugal e lhe cialistas na indicação de livros, oferecem dicas de leitura, preferencial-
apresenta a máquina do mundo. Os portugueses continuam sua tra- mente a jovens, porque é o público que está em formação no processo
jetória de volta. de leitura e se mostra aberto para viver uma experiência nova.
A seguir, apresentamos um mapa do trajeto percorrido por Vasco Os dados sobre acesso e número de seguidores confirmam que é
da Gama e sua relação com cada canto da obra. Lembre-se de que a um empreendimento que tem gerado mudanças nos hábitos de leitura
narrativa não segue cronologicamente o percurso da viagem. e consumo de livros, sejam impressos ou digitais.
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Literatura

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Unidade 4

No entanto, mesmo assim, os booktubers denunciam o preconceito


que sofrem, que é expresso por uma crítica preconceituosa e defensora
A partir dessa afirmação, comente sobre suas experiências
da sacralidade da leitura. Essa crítica os acusa de uma abordagem com booktubes e opine sobre essa ferramenta que visa ao
supostamente superficial ou simplória de temas literários. estímulo à leitura.
A atividade dos booktubers é relativamente recente e ainda gera
polêmica. É claro que a experiência nasceu da vontade de compartilhar
Veja um booktuber em ação: Mell Ferraz, do canal Literature-se,
leituras, mas é notório que essa ação influencia a decisão de compra ou comenta Os Lusíadas, de Luís de Camões.
não de determinada obra. Esse poder de influência faz com que a ação
dos booktubers esteja relacionada à comercialização.

Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12

Faça em sala
1. Leia o poema a seguir, de um dos maiores poetas modernos de Portugal. 2. (Enem) Nos versos 1 e 2, a hipérbole e a metonímia foram utilizadas
para subverter a realidade. Qual o objetivo dessa subversão para a
Mar português constituição temática do poema?
Ó mar salgado, quanto do teu sal a) Potencializar a importância dos feitos lusitanos durante as Grandes
São lágrimas de Portugal! Navegações. Resposta: A.
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
b) ƣŏÿƣǀŰłÿƸżǿĜĜŏżŲÿŧÿżĜżŰƠÿƣÿƣżĜŊżƣżģÿƫŰĘĪƫÿżĜŊżƣżģÿ
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar natureza.
Para que fosses nosso, ó mar! c) ¦ĪĜżŲŊĪĜĪƣÿƫģŏǿĜǀŧģÿģĪƫƸīĜŲŏĜÿƫǜŏǜŏģÿƫƠĪŧżƫŲÿǜĪŃÿģżƣĪƫ
portugueses.
Valeu a pena? Tudo vale a pena
d) Atribuir as derrotas portuguesas nas batalhas às fortes correntes
Se a alma não é pequena.
marítimas.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor. e) Relacionar os sons do mar ao lamento dos derrotados nas batalhas
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, do Atlântico.
Mas nele é que espelhou o céu.
3. Leia o excerto da matéria “Quem são os booktubers e influenciadores
PESSOA, F. Mensagem. São Paulo: Difel, 1986.
que agitam o mercado de livros”.
a) O poema, escrito no século XX, tem uma relação direta com
O assunto da vez pode ser Machado de Assis ou uma nova
o contexto do século XVI em Portugal. Relacione seu título a série estrangeira de romances adolescentes. Uma lista com re-
esse contexto, enfatizando a importância do adjetivo usado na comendações dos melhores escritores russos ou apenas dicas
expressão. para conseguir ler ao menos 30 minutos por dia. Todos esses
O título, “Mar português”, faz uma referência direta ao expansionismo são temas que antes ficavam restritos às aulas de literatura ou
clubes de leitura tradicionais. Mas a divulgação literária encon-
português conseguido por meio do domínio do mar durante o período
trou novos caminhos nas redes sociais, numa teia que envolve
das Grandes Navegações. O adjetivo “português” especifica esse mar, (e aproxima) leitores, escritores, editoras, lojas e quem apenas
se interessa por boas histórias.
que passa a ser, simbolicamente, dos portugueses, por suas conquistas.
Quem pensa no youtuber como sinônimo de uma pessoa
jovem falando — ou gritando — sobre trivialidades, moda ou
tentando fazer humor, não navegou o suficiente pelo site de
b) Comente a primeira estrofe do poema e use um verso dessa estrofe vídeos, onde a literatura também tem seu espaço. Há alguns
ƠÿƣÿĪǢĪŰƠŧŏǿĜÿƣƫǀÿżƠŏŲŏĘż᠇ anos, usuários de variados perfis vêm criando canais para fa-
A primeira estrofe expõe o preço que o povo português teve que lar sobre aquilo que mais amam: os livros. São os chamados
booktubers, tendência também no exterior, conforme destacou
pagar para as conquistas de sua nação: o sofrimento de sua gente. Esse
recentemente o diário The New York Times, em reportagem so-
sofrimento tem uma causa, revelada pela primeira parte do verso: bre a Vidcon, conferência de produtores de vídeo on-line reali-
zada na Califórnia. Os booktubers ampliam cada vez mais seu
“Por te cruzarmos [...]”.
nicho, embora seu alcance ainda seja tímido, se comparado ao
das web celebridades.
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No Brasil também é por aí. Quem fala sobre livros no You- a) De acordo com o texto, pode-se confundir youtuber com booktuber?
Tube pode até não ostentar os milhões de seguidores que um Comente.
Felipe Neto ou um Whindersson Nunes têm, mas não deixa
De acordo com o texto, não se pode confundir, porque eles fazem
de ter a relevância necessária para participar da Bienal do Li-
vro de São Paulo. É o caso de Tatiany Leite, conhecida pelo Vá trabalhos diferentes. Essas diferenças são perceptíveis na forma de
Ler Um Livro, canal que administra ao lado de Augusto Assis. apresentar os temas, na postura mais centrada dos apresentadores,
Assim como ele, ela era professora. Hoje, os dois têm em seu
canal 95 mil inscritos. no tipo de público que cativam.
“O booktuber está aí há um tempo, mas somos um dos b) Os booktubersƸįŰƠĪƣǿƫǜÿƣŏÿģżƫ᠁ģĪÿĜżƣģżĜżŰżƠǁěŧŏĜżƢǀĪ
poucos canais que dá aula de literatura. A gente entendeu querem alcançar. Cite os aspectos que diferenciam o canal Vá ler um
que muita gente deixava a literatura de lado na hora de es-
livro de outros booktubers.
tudar, por achá-la um bicho de sete cabeças. Nosso objetivo é
O canal é administrado pelos professores Tatiany Leite e Augusto
desmistificar isso, facilitar e mostrar que é possível ter tempo
para a leitura”, afirma Tatiany. Assis. Isso faz com que eles acrescentem aos comentários sobre os
No Vá Ler Um Livro a proposta é bem didática. Muitos ví-
livros algumas aulas de Literatura para desmistificar a disciplina, que
deos falam sobre obras cobradas em provas de vestibular pelo
Brasil, em uma resenha descontraída, com aproximadamente parece difícil para muitas pessoas.
15 minutos de duração, e usando recursos de edição estimu-
lantes, além de outros artifícios comuns no YouTube. O con- 6. O aspecto que distingue o trabalho dos booktubers citados no texto do
teúdo da dupla também inclui dicas de como otimizar a lei- trabalho dos demais é:
tura, aulas sobre um determinado autor ou estilo literário e a) falar sobre obras cobradas em vestibular.
séries temáticas, como literatura negra. [...] b) apresentar uma proposta bem didática. Resposta: B.
Disponível: www.crb8.org.br/quem-sao-os-booktubers-
c) realizar resenhas descontraídas e breves.
e-influenciadores-que-agitam-o-mercado-de-livros.
Acesso em: 25 maio 2021. d) empregar recursos comuns no YouTube.

Faça em casa
Reprodução/Galeria Borghese, Roma, Itália.

1. (Enem) Leia o excerto a seguir.

LXXVIII (Camões, 1525?-1580)


Leda serenidade deleitosa, SANZIO, R.
(1483-1520) A mulher
Que representa em terra um paraíso;
com o unicórnio. Roma,
Entre rubis e perlas doce riso; Galleria Borghese.
Debaixo de ouro e neve cor-de-rosa; Disponível em:
www. arquipelagos.pt.
Acesso em:
Presença moderada e graciosa, 29 fev. 2012.
Onde ensinando estão despejo e siso
Que se pode por arte e por aviso, A pintura e o poema, embora sendo produtos de duas linguagens artís-
como por natureza, ser fermosa; ticas diferentes, participaram do mesmo contexto social e cultural de
produção pelo fato de ambos:
Fala de quem a morte e a vida pende,
a) apresentarem um retrato realista, evidenciado pelo unicórnio
Rara, suave; enfim, Senhora, vossa;
presente na pintura e pelos adjetivos usados no poema.
Repouso nela alegre e comedido:
b) valorizarem o excesso de enfeites na apresentação pessoal e
Estas as armas são com que me rende ŲÿᡰǜÿƣŏÿğĘżģĪÿƸŏƸǀģĪƫģÿŰǀŧŊĪƣ᠁ĪǜŏģĪŲĜŏÿģÿƫƠĪŧżƫÿģšĪƸŏǜżƫ
E me cativa Amor; mas não que possa ģżᡰƠżĪŰÿ᠇
Despojar-me da glória de rendido. c) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela sobriedade
CAMÕES, Luís Vaz de. Obra completa. Rio de Janeiro: e o equilíbrio, evidenciados pela postura, expressão e vestimenta
Nova Aguilar, 2008. da moça e os adjetivos usados no poema. Resposta: C.
32
Literatura

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Unidade 4

d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base — Ó glória de mandar, ó vã cobiça
da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema. Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela como aura popular, que honra se chama!
ĪŰżƸŏǜŏģÿģĪĪżĜżŲǵŧŏƸżŏŲƸĪƣŏżƣ᠁ĪǜŏģĪŲĜŏÿģżƫƠĪŧÿĪǢƠƣĪƫƫĘżģÿ Que castigo tamanho e que justiça
moça e pelos adjetivos do poema. Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
2. (Unesp) Leia as estrofes do Canto IV de Os Lusíadas, referentes ao episó-
Que crueldades neles experimentas!
dio do Velho do Restelo, para responder à questão.
Dura inquietação d’alma e da vida
Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios: De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida, Amam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios1; Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana, Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio2 engana! Nomes com quem se o povo néscio engana!

A que novos desastres determinas A que novos desastres determinas


De levar estes Reinos e esta gente? De levar estes Reinos e esta gente?
Que perigos, que mortes lhe destinas Que perigos, que mortes lhe destinas,
Debaixo dalgum nome preminente? Debaixo dalgum nome preeminente?
Que promessas de reinos e de minas Que promessas de reinos e de minas
De ouro, que lhe farás tão facilmente? D’ouro, que lhe farás tão facilmente?
Que famas lhe prometerás? Que histórias? Que famas lhe prometerás? Que histórias?
Que triunfos? Que palmas? Que vitórias? Que triunfos? Que palmas? Que vitórias?
(Luís de Camões. Obra completa, 2005, p. 112. Adaptado)
Mas, ó tu, geração daquele insano
A segunda estrofe destaca uma das motivações das navegações portu- Cujo pecado e desobediência
guesas, em busca de novas terras. Trata-se do interesse: Não somente do Reino soberano [...]
a) mercantilista, simbolizado, no poema, pelas promessas de [...] Te pôs neste desterro e triste ausência,
encontrar minas de ouro. Resposta: A. Mas inda doutro estado mais que humano,
Da quieta e da simples inocência,
b) religioso, simbolizado, no poema, pelo desejo de conhecer novas
Idade d’ouro, tanto te privou,
histórias e novos credos.
Que na de ferro e d’armas te deitou [...]
c) diplomático, simbolizado, no poema, pelo empenho em auxiliar CAMÕES, Luís Vaz de. Os Lusíadas, Canto IV. Disponível em: www.
reinos decadentes. dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000162.pdf.
d) arqueológico, simbolizado, no poema, pela intenção de conhecer
antigos impérios. Sobre o episódio do Velho do Restelo, assinale a alternativa correta.
e) belicoso, simbolizado, no poema, pelo intuito de se responder a a) ģŏƫĜǀƣƫżģżǜĪŧŊżģż¦ĪƫƸĪŧżƸĪŰƫŏŃŲŏǿĜÿģżĜżŰƠŧĪǢż᠁Ųÿ
insultos e ameaças. medida em que sua opinião se apresenta de maneira obscura:
ele condena certos aspectos da expansão ultramarina ao mesmo
3. (Fuvest-SP) Leia o excerto a seguir. tempo em que exalta o poderio bélico de Portugal.
b) Trata-se de um episódio de intensidade dramática, dadas as
Canto IV
ĜŏƣĜǀŲƫƸĈŲĜŏÿƫĪŰƢǀĪÿĜĪŲÿżĜżƣƣĪĪżĜżŲƸĪǁģżģżģŏƫĜǀƣƫż
Mas um velho, d’respeito venerando,
proferido pela personagem, que nada mais é do que a opinião do
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos em nós os olhos, meneando
próprio autor da epopeia.
Três vezes a cabeça, descontente, c) A veemência do discurso do velho do Restelo reside no apelo feito
A voz pesada um pouco levantando, pelo próprio aspecto físico da personagem, que indica a sabedoria
Que nós no mar ouvimos claramente, acumulada por quem se tornou, com o decorrer dos anos, humilde
Cum saber só d’experiências feito, e resignado.
Tais palavras tirou do experto peito:
d) Embora surja como uma voz discordante em relação ao propósito
de exaltação das Navegações apresentado pelo narrador épico,
1 insultos o discurso do velho do Restelo mostra-se coerente com uma
2 estúpido, ignorante ideologia defensora da vida junto à Pátria e à Família. Resposta: D.
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e) A opinião do velho do Restelo em relação às navegações é, ao mesmo 6. A palavra “Bojador”, no contexto do poema, simboliza:
tempo, reacionária, uma vez que defende a conservação dos valores
a) o rompimento com a história heroica dos reis portugueses que
humanitários e familiares, e arrojada, já que a personagem prevê
apoiaram as conquistas.
com sabedoria os desastres que resultariam das viagens.
b) o respeito aos valores católicos, enfraquecidos pelo advento da
4. O excerto a seguir é um exemplo da presença do lirismo no gênero épi- Reforma Protestante.
co. Ele faz parte de um episódio de Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões.
c) as terras descobertas por Portugal na África, na América e na Ásia,
transformadas em colônias.
Tu só, tu, puro amor, com força crua
Que os corações humanos tanto obriga, d) żƫģĪƫÿǿżƫƢǀĪģĪǜĪŰƫĪƣǜĪŲĜŏģżƫƠÿƣÿƫĪÿŧĜÿŲğÿƣǀŰżěšĪƸŏǜż᠁
Deste causa à molesta morte sua, mesmo com sofrimento. Resposta: D.
Como se fora pérfida inimiga.
Se dizem, fero Amor, que a sede tua 7. (UFRGS-RS) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações a se-
Nem com lágrimas tristes se mitiga, guir, relacionadas aos Cantos I a V da epopeia Os Lusíadas, de Camões:
É porque queres, áspero e tirano, A presença do elemento mitológico é uma forma de reconhecimento
Tuas aras banhar em sangue humano. da cultura clássica, objeto de admiração e imitação no Renascimento.
A disputa entre os deuses Vênus e Baco, da mitologia clássica, é um
Estavas, linda Inês, posta em sossego
De teus anos colhendo doce fruto, recurso literário de que Camões faz uso para criar o enredo de Os Lusíadas.
Naquele engano da alma ledo e cego, Do Canto I ao Canto V leem-se as peripécias da viagem dos portugueses
Que a fortuna não deixa durar muito, até a sua chegada à Índia, quando eles tornam posse daquela terra.
Nos saudosos campos do Mondego,
No Canto II, lê-se a narração da viagem dos portugueses a Melinde,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
cujo rei pede a Camões que conte a história de Portugal.
Aos montes ensinando e às ervinhas,
O nome que no peito escrito tinhas. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para
A qual episódio o texto faz referência? Resposta: C. baixo, é: Resposta: E.

a) O Velho do Restelo. c) A morte de Inês de Castro. a) V – V – V – F. c) F – V – F – V. e) V – V – F – F.

b) A Ilha dos Amores d) O Gigante Adamastor. b) V – F – F – V. d) F – F – V – F.

As questões 5 e 6 devem ser respondidas a partir da leitura do poema 8. A introdução de Os Lusíadas é dividida em três partes. Assinale a alter-
“Mar português”, de Fernando Pessoa. nativa que contém comentário correto em relação à parte indicada.
a) Proposição: o poeta apresenta o assunto da epopeia: a viagem
Mar português marítima. Resposta: A.
Ó mar salgado, quanto do teu sal b) Proposição: o poeta apresenta o grande herói da história: Vasco
São lágrimas de Portugal! ģÿᡰGÿŰÿ᠇
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
c) Invocação: o poeta invoca as ninfas do rio Tejo para inspirar a viagem.
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar d) Dedicatória: o poeta dedica o poema a dom Pedro I e a Inês de Castro.
Para que fosses nosso, ó mar!
9. Depois de reler o primeiro parágrafo do texto “Quem são os booktubers
Valeu a pena? Tudo vale a pena e influenciadores que agitam o mercado de livros”, pode-se afirmar que
Se a alma nao é pequena. a temática que foge ao que é abordado pelos booktubers, em geral, é:
Quem quer passar além do Bojador a) obras de autores tradicionais, pertencentes ao cânone da literatura
Tem que passar além da dor. nacional.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu. b) os livros de uma nova série estrangeira de romances adolescentes.

Disponível em: http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v302.txt. c) uma lista com recomendações de escritores de determinado país.
Acesso em: 30 maio 2021. d) dicas para conseguir escrever, produzir e comercializar seu próprio
livro. Resposta: D.
5. No início da segunda estrofe, há uma pergunta: “Valeu a pena?”. De
acordo com o sentido do texto e o tema da epopeia Os lusíadas, ela: 10. O booktube é uma ferramenta que se caracteriza:
Resposta: A.
a) foi respondida, a partir de uma condição: a grandeza de alma. a) pelo estímulo à leitura. Resposta: A.
b) ǿĜÿĪŰƫǀƫƠĪŲƫż᠁ƠżƣƢǀĪÿŏģĪŏÿŲĘżīƣĪƫƠżŲģįᠵŧÿ᠇ b) pela indicação de vídeos.
c) tem resposta negativa, porque o preço pago foi alto. c) pela ausência de curadoria.
d) ŲĘżłżŏƣĪƫƠżŲģŏģÿ᠁ƠżƣƢǀĪŲÿģÿšǀƫƸŏǿĜÿżƫżłƣŏŰĪŲƸżģżƠżǜż᠇ d) ƠĪŧÿÿƸĪŲğĘżÿżƠǁěŧŏĜżÿģǀŧƸż᠇
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Literatura

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Unidade 4

11. No início da epopeia Os Lusíadas, o poeta invoca as Tágiges. Assinale a 12. Assinale a alternativa que apresenta informação equivocada sobre um
alternativa que apresenta o nome da parte em que ele revela desilusão aspecto formal de Os Lusíadas.
e pede para que as musas calem a voz de sua lira.
a) ᙷᡱᙷᙶᙸĪƫƸƣżłĪƫƣĪŃǀŧÿƣĪƫģĪżŏƸżǜĪƣƫżƫĜÿģÿǀŰÿ᠇
a) Introdução.
b) Esquema de rimas: ABABABCC.
b) Invocação.
c) Narração. c) Oito cantos originais e dois agregados em versão recente. Resposta: C.
d) Epílogo. Resposta: D. d) 8 816 versos decassílabos.

Junte os pontos
Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.

Épica camoniana e booktube

Tema e estrutura
Tema: história de Portugal
Enredo não segue ordem cronológica. Booktube
A obra Os Lusíadas Maravilhoso pagão: intervenção de seres
sobrenaturais. Estímulo à leitura.
Maior epopeia em Passagens mais conhecidas: Inês de Castro,
língua portuguesa. Preconceitos em
O Velho do Restelo e O Gigante Adamastor. relação à abordagem.
Inspirada na obra de
Homero e Virgílio. Público jovem.
Estrutura formal Poder de influência e
Herói plural: o povo português. Dez cantos comercialização.
Três partes:
Introdução
(proposição, invocação e dedicatória);
narração;
epílogo.

1102 estrofes com oito versos.


8 816 versos decassílabos.
Rimas: ABABABCC.

1. A introdução da epopeia Os LusíadasÿƠƣĪƫĪŲƸÿƸƣįƫƠÿƣƸĪƫ᠇ ŏƸĪƢǀÿŏƫƫĘżĪĜżŰĪŲƸĪƫżěƣĪżƫĪǀĜżŲƸĪǁģż᠇


Na proposição, o poeta apresenta o assunto (história de Portugal) e o herói da epopeia (o povo português); na invocação, o poeta chama as Tágides, ninfas

do rio Tejo, para inspirá-lo a fazer o poema; na dedicatória, o poeta dedica o poema a dom Sebastião, rei de Portugal.

2. Comente em que consiste o preconceito em relação ao booktube.


O preconceito em relação ao booktube refere-se a sua abordagem superficial, porque geralmente não é feita por um especialista em literatura, e por sua

natureza comercial, já que influencia na decisão de compra do espectador.

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AUTONOMIA RESPONSABILIDADE CRIATIVIDADE EMPATIA COOPERAÇÃO SOLIDARIEDADE COMUNICAÇÃO

Leia o excerto da matéria sobre Lavinia Fontana, uma das expoentes da arte renascentista.

Lavinia Fontana não foi apenas uma pintora profissional num período em que isso não era comum, mas também uma
celebridade em sua pátria. Era amada e considerada exemplar em suas maneiras, erudição e comportamento. Apesar de não
ter origem nobre, casou-se com um homem que elevava seu status social, sendo querida e admirada por nomes como o cardeal
Gabriele Paleotti, autor de umas das mais importantes obras a respeito da importância das imagens para o cristianismo após
o Concílio de Trento. Ainda, seu nome consta de uma lista de laureadas pela Universidade de Bolonha, publicada em 1666. Em-
bora não tenhamos certeza sobre sua ligação institucional com a universidade, isso certamente significa que foi educada em
nível alto o suficiente para que assim fosse vista socialmente. Lavinia Fontana foi capaz não só de prover sua família com seu
trabalho, mas o fez sendo uma figura respeitada, acolhida e apoiada pela sociedade de Bolonha.
Poderíamos pensar estar diante de uma contradição — como poderia uma mulher que estava ultrapassando limites não ser
vista como transgressora, mas, pelo contrário, como parte orgânica da sociedade que estaria tensionando? Da maneira como
vejo, o cuidado de Lavinia com as balizas sociais e seu sucesso se integram num todo coerente. Tudo indica que sua carreira
bem-sucedida de artista se deva também à impecável administração de sua imagem pública e rede de contatos, engendradas
ambas em sua família.
A formação tradicional de um artista exigia do aluno grande frequência no ambiente masculino do ateliê do mestre, duran-
te períodos longos. Essa prática dificilmente poderia ser considerada apropriada para uma adolescente virginal. Isso explica por
que a biografia de Lavinia e de várias outras artistas legadas a nós pelo Renascimento tem em comum a figura do pai artista.
Sem sair de casa, a filha de um artista tinha acesso à aprendizagem do ateliê e provavelmente também (ainda que de forma
fragmentária) a aspectos práticos do métier, como negociação de preços, gestão de encomendas e formação de clientela.
O pai de Lavinia, Prospero Fontana, foi um dos pintores bolonheses mais importantes de sua geração. A família da mãe
de Lavinia, Antonia de Bonardis, possuía uma das mais importantes tipografias de Bolonha no período, o que lhes assegurava
trânsito e contato com a intelectualidade ligada a universidade. Prospero não tinha origem aristocrática, mas era um homem
habilidoso e conseguiu conquistar uma posição respeitável na cidade. Os Fontana moravam numa grande casa, decorada com
esmero numa das ruas mais elegantes da Bolonha quinhentista. O endereço e a qualidade da habitação certamente visavam
manter na residência uma frequência importante de acadêmicos de destaque, mercadores abastados e nobres, de forma a
garantir uma rede de contatos que propiciasse as encomendas de que o pintor necessitava. Por outro lado, por conta disso seu
estilo de vida era bastante custoso. Chama a atenção na trajetória de Lavinia que seus primeiros quadros assinados sejam de
quando ela já estava com 23 anos, idade um tanto tardia para uma profissão que em geral começava na adolescência. Neste
momento, Prospero estava longe do auge de sua carreira. Após o casamento da artista, aos poucos o trabalho de Lavinia se
constituiu na fonte de sustento da família, incluindo seus pais, até a morte de ambos. Seu marido, Gian Paolo Zappi, era parte
de um dos muitos braços de uma numerosa família nobre de Imola.
GUIDE, Juliana Ferrari. Mulheres do Renascimento: Lavinia Fontana. Estadão, 17 out. 2019. Disponível em:
https://estadodaarte.estadao.com.br/mulheres-do-renascimento-lavinia-fontana. Acesso em: 19 abr. 2021.

1. Comente como o texto evidencia a questão da autonomia feminina durante o Renascimento e relacione o tema aos dias atuais. Indique outro
valor percebido para o alcance da autonomia da pintora.
Espera-se que os alunos comentem sobre a exceção apresentada pelo texto, porque, na época, a mulher não tinha autonomia para ter uma carreira,

até então ocupada exclusivamente por homens. A autonomia e o reconhecimento alcançados por Lavinia (e outras poucas artistas da época) por meio

de seu trabalho é louvável e foi possível por meio de uma rede de cooperação, que administrou sua trajetória e a protegeu de situações de violência

contra a mulher. Os alunos possivelmente comentarão que, infelizmente, até os dias atuais, essa questão ainda não está completamente resolvida,

porque, mesmo que as mulheres sejam muito mais autônomas do que já foram no passado, ainda sofrem as pressões de uma cultura machista,

pouco solidária e cooperativa.

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Literatura

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Estude
Nome do aluno:

Data: Turma:

Esperavas de viver,
1. (Unicamp-SP) Os excertos foram extraídos do Auto da barca do inferno,
calaste dous mil enganos...
de Gil Vicente.
tu roubaste bem trint’anos
[...] FIDALGO: Que leixo na outra vida o povo com teu mester. [...]
quem reze sempre por mi.
SAPATEIRO: Pois digo-te que não quero!
DIABO: [...] E tu viveste a teu prazer,
DIABO: Que te pês, hás-de ir, si, si!
cuidando cá guarecer
por que rezem lá por ti!...[...] SAPATEIRO: Quantas missas eu ouvi,
não me hão elas de prestar?
ANJO: Que querês?
DIABO: Ouvir missa, então roubar,
FIDALGO: Que me digais,
é caminho per’aqui.
pois parti tão sem aviso,
se a barca do paraíso (VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno. In: BERARDINELLI,
Cleonice. (org.). Antologia do teatro de Gil Vicente. Rio de Janeiro: Nova
é esta em que navegais.
Fronteira; Brasília: INL, 1984, p. 57-59 e 68-69.)
ANJO: Esta é; que me demandais? a) £żƣƢǀĪƣÿǭĘżĪƫƠĪĜőǿĜÿżǿģÿŧŃżīĜżŲģĪŲÿģżÿƫĪŃǀŏƣŲÿěÿƣĜÿģż
FIDALGO: Que me leixês embarcar. inferno? E o sapateiro?
sô fidalgo de solar,
A “razão específica” pela qual o fidalgo é condenado ao inferno
é bem que me recolhais.
resume-se na palavra “tirania”, que pode ser entendida como
ANJO: Não se embarca tirania
neste batel divinal. autoritarismo arrogante (“desprezastes os pequenos”), pretensioso
FIDALGO: Não sei por que haveis por mal
(“generoso”, “fumoso”) e abusivo em seus privilégios (“cadeira”,
Que entr’a minha senhoria.
ANJO: Pera vossa fantesia “rabo”, “senhorio”). O sapateiro é condenado por sua desonestidade:
mui estreita é esta barca. “tu roubaste bem trint’anos / o povo com teu mester”.
FIDALGO: Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia? [...]
ANJO: Não vindes vós de maneira
pera ir neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.
Vós irês mais espaçoso b) ŧīŰģÿƫłÿŧƸÿƫĪƫƠĪĜőǿĜÿƫģĪƫƫĪƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠁ŊĀǀŰÿżǀƸƣÿ᠁
com fumosa senhoria, comum a ambos e bastante praticada à época, que Gil Vicente
cuidando na tirania ĜżŲģĪŲÿ᠇SģĪŲƸŏǿƢǀĪĪƫƫÿłÿŧƸÿĪŏŲģŏƢǀĪģĪƢǀĪŰżģżĪŧÿÿƠÿƣĪĜĪ
do pobre povo queixoso; em cada um dos personagens.
e porque, de generoso, A falta comum a ambas as personagens é a crença de que a devoção
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos religiosa, ainda que alheia (Fidalgo: “[...] leixo na outra vida / quem reze
quanto mais fostes fumoso. [...] sempre por mi”), desonera o pecador de seus pecados e lhe franqueia
SAPATEIRO: [...] E pera onde é a viagem?
o paraíso (Sapateiro: “Quantas missas eu ouvi, / não me hão elas
DIABO: Pera o lago dos danados.
de prestar?”).
SAPATEIRO: Os que morrem confessados,
onde têm sua passagem?
DIABO: Nom cures de mais linguagem!
Esta é a tua barca, esta!
[...] E tu morreste excomungado:
não o quiseste dizer.
37

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Estude
2. (Fuvest-SP) 3. (Ufscar-SP) A questão seguinte baseia-se no poema épico Os Lusíadas,
Tu, só tu, puro amor, com força crua, de Luís Vaz de Camões, do qual se reproduzem, a seguir, três estrofes.
Que os corações humanos tanto obriga, Mas um velho, de aspeito venerando, (= aspecto)
Deste causa à molesta morte sua, Que ficava nas praias, entre a gente,
Como se fora pérfida inimiga. Postos em nós os olhos, meneando
Se dizem, fero Amor, que a sede tua Três vezes a cabeça, descontente,
Nem com lágrimas tristes se mitiga, A voz pesada um pouco alevantando,
É porque queres, áspero e tirano, Que nós no mar ouvimos claramente,
Tuas aras banhar em sangue humano. C’um saber só de experiências feito,
(Camões, Os Lusíadas - episódio de Inês de Castro) Tais palavras tirou do experto peito:

Molesta: lastimosa; funesta. “Ó glória de mandar, ó vã cobiça


Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Pérfida: desleal; traidora.
Ó fraudulento gosto, que se atiça
Fero: feroz; sanguinário; cruel. C’uma aura popular, que honra se chama!
Mitiga: alivia; suaviza; aplaca. Que castigo tamanho e que justiça
Fazes no peito vão que muito te ama!
Ara: altar; mesa para sacrifícios religiosos.
Que mortes, que perigos, que tormentas,
Que crueldades neles experimentas!
Dura inquietação d’alma e da vida
a) Considerando-se a forte presença da cultura da Antiguidade
Fonte de desamparos e adultérios,
clássica em Os Lusíadas, a que se pode referir o vocábulo “Amor”,
Sagaz consumidora conhecida
ŃƣÿłÿģżĜżŰŰÿŏǁƫĜǀŧÿ᠁ŲżƢǀŏŲƸżǜĪƣƫż᠈
De fazendas, de reinos e de impérios!
Refere-se ao deus Amor, da mitologia clássica (Eros pelos gregos Chamam-te ilustre, chamam-te subida,
antigos, Cupido pelos romanos da Antiguidade). Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio engana.”

Os versos de Camões foram retirados da passagem conhecida como


O Velho do Restelo. Nela, o velho:
a) abençoa os marinheiros portugueses que vão atravessar os mares à
procura de uma vida melhor.
b) critica as navegações portuguesas por considerar que elas se
baseiam na cobiça e busca de fama. Resposta: B.
b) Explique o verso “Tuas aras banhar em sangue humano”, c) emociona-se com a saída dos portugueses que vão atravessar os
relacionando-o à história de Inês de Castro. mares até chegar às Índias.
Conta-nos a história que dom Pedro I, príncipe de Portugal em meados d) destrata os marinheiros por não o terem convidado a participar de
do século XIV, tinha como amante Inês de Castro. O rei, dom Afonso IV tão importante empresa.

ordenou, por razões de Estado, o assassinato da amante do filho. e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem
encontrar para buscar fama em outras terras.
Assim, o verso “Tuas aras banhar em sangue humano” significa que
4. Leia as afirmações sobre booktube:
o deus Amor exigiu o sacrifício da vida de Inês em seu altar (“ara”).
I. Apresenta formato diferenciado de outras mídias veiculadas nas
redes sociais.
II. É visualizado ocasionalmente por jovens.
III. FżƣŰÿĜżŰǀŲŏģÿģĪƫÿěĪƣƸÿƫĪƠżǀĜżǿīŏƫ᠇
IV. Gera polêmicas em relação às editoras e ao mundo acadêmico.

São corretas as afirmações: Resposta: C.


a) I e II. b) II e III. c) I e IV. d) II e IV.
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Literatura

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Un
ida
de

1 A literatura do século XVI

Reprodução/Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, RJ.


Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP34,
EM13LP46, EM13LP48,
EM13LP49, EM13LP52

Nesta unidade, você


vai estudar:
• Quinhentismo: contexto
histórico
• Literatura de Informação
• Literatura jesuítica
• Texto monográfico

Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles, 1860. Óleo sobre tela, 268 cm × 356 cm. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Este quadro exalta a primeira missa rezada no Brasil, a qual ocorreu em 1500.

Inicie a jornada!
Quinhentismo: contexto histórico
O Quinhentismo é o nome dado ao conjunto de criações escritas de inegável importância histórica, produzido
durante o século XVI. No Brasil, coincide com o início da nossa colonização pelos portugueses. Nessa época se es-
creveram narrativas de caráter informativo – as crônicas de viagem –, que descreviam os espaços encontrados pelos
colonizadores, relatando os tipos humanos e seus costumes, a flora e a fauna.
Por essa razão, a Carta do Descobrimento (Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil), escrita por
Pero Vaz de Caminha, em 1500, é um marco importante. Esse primeiro documento escrito a retratar o Brasil não é
literatura, no sentido estrito da palavra, porque, como outros textos da época, não manifestava intenções artísticas.
Visualize imagens dos ori- Também não pode ser tratado literalmente como literatura brasileira, pois ela ainda não tinha a própria identidade.
ginais da carta escrita por Como era de se esperar, toda a produção do Quinhentismo foi realizada com língua e estilo portugueses. Também
Pero Vaz de Caminha, na
página on-line do arquivo da foi marcada pelo imaginário europeu da época e pelos objetivos das Grandes Navegações, relacionados à busca de
Torre do Tombo, localizado novos territórios para extrair riquezas, incrementar o comércio europeu e expandir a fé católica. Durante o primeiro
em Portugal.
século da colonização no Brasil, os cronistas seguiram documentando os acontecimentos e o progresso na Colônia,
ainda refletindo a estranheza estrangeira na tentativa de interpretar o que viam.
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Unidade 1

Anotações

O que você conhece da Carta de Caminha? Como as intenções da expedição portuguesa se manifestam no texto?
Comente esses aspectos com seus colegas de classe antes de seguirmos com a exposição do conteúdo.

Leia o excerto a seguir, comparando-o com a imagem que abre a Unidade 1.


E ali na presença de todos fez dizer missa, pelo Padre Frei Henrique, em voz entoada, acompanhada
com o mesmo tom pelos outros padres e sacerdotes. A missa, segundo meu parecer, foi ouvida por todos
com muito prazer e devoção.
Ali estava com o Capitão a bandeira da ordem de Cristo, com a qual saímos de Belém, que esteve
sempre alçada, da parte do Evangelho. Acabada a missa, desvestiu-se o padre e subiu a uma cadeira alta;
com todos nós espalhados pelo areal. E pregou uma solene e proveitosa pregação, da história evangélica;
ao fim da qual tratou da nossa vinda, e do achamento desta terra, referindo-se à Luz, sob cuja obediência
viemos, palavras que foram muito a propósito e que provocaram muita devoção.
Enquanto assistimos à missa e ao sermão, estaria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos,
como a de ontem, com seus arcos e setas, a qual andava folgando. E olhando-nos, sentaram-se. E depois
de acabada a missa, quando sentados nós escutávamos à pregação, muitos deles se levantaram e come-
çaram a tocar corno ou buzina saltando e dançando por um bom tempo. E alguns deles se metiam em
jangadas — duas ou três que aí tinham — as quais não são feitas como as que eu vi; somente são três
traves, atadas entre si. E nelas se metiam quatro ou cinco, ou quantos assim decidissem, não se afastan-
do quase nada da terra, só até onde dava pé.
PRADO, J. F. de Almeida. Pero Vaz de Caminha: carta do achamento do Brasil. Rio de Janeiro: Agir, 1998. 5. ed. p. 166.

Ao comparar o texto lido com o quadro Primeira Missa no Brasil, pintado na segunda metade do século XIX, pode-
-se observar que ambos retratam o mesmo momento histórico. Isso sugere que o pintor conhecia a carta de Pero Vaz
de Caminha. A Carta de Achamento, aliás, é revisitada por muitos outros artistas ao longo dos séculos, confirmando
a importância dessa produção. Como a pintura foi produzida em um período artístico que valorizou fortemente as
características nativistas do território brasileiro, ela sacralizou e exaltou o momento de realização da primeira missa.
O Quinhentismo no Brasil foi dividido em duas tendências: literatura informativa e literatura jesuítica.

Literatura de informação
Os textos informativos sobre o Brasil, escritos por vários autores portugueses, como Pero Vaz de Caminha, Pero de
Magalhães Gândavo, Gabriel Soares de Sousa e Pero Lopes de Sousa, e de outras origens, como Jean de Léry e Hans Staden,
buscaram dar notícia geográfica da terra recém-descoberta. Eram narrativas que refletiam variadas atitudes dos cro-
nistas, exploradas nos estudos históricos e literários. Elas variam da observação objetiva e curiosa aos comentários
jocosos com juízo moral negativo. A contaminação da descrição pelos padrões culturais do homem europeu católico-
-medieval imprimiu a esses documentos uma objetividade relativa.
Além disso, outro aspecto importante a ser observado nesses textos é o tom entusiástico empregado na descrição
da natureza, derivado dos mitos europeus, que imaginam o Novo Mundo como um paraíso. O estudo dessa caracte-
rística ajuda a entender as razões de a exaltação da natureza ser um dos aspectos mais marcantes de toda a literatura
brasileira posterior, seja para reforçar sentimentos de ufanismo, orgulho da terra, exploração da cor local, ou criticar
essa visão tão delimitadora de nossas capacidades como nação.
Leia o comentário que José Aderaldo Castello faz da Carta de Pero Vaz de Caminha, considerada a certidão de nasci-
mento do Brasil para o mundo da manifestação escrita ocidental.
A carta de Caminha, desde que foi reconhecida pelos modernistas brasileiros, deixou de ser ape-
nas um documento histórico. Passou a ser valorizada como uma página de observação espontânea, até
ingênua, de legítima criação literária, mistificadora da visão primeira. Atinge o leitor atual com o seu
lirismo espontâneo e o seu humor rude, o seu impressionismo. Além do mais, o interesse linguístico
que representa ao exprimir as primeiras soluções de comunicação com o novo mundo descoberto, tão
oposto ao universo de onde provinha o descobridor. Também a ênfase dada a um programa humanístico
e cristão do expansionismo, caso a “visão do paraíso”, o eldorado entrevisto, de todo não se objetivasse.
Transformou-se num foco de renovação efetiva, de permanente vibração, ao mergulharmos no passado,
em busca das emoções iniciais das nossas origens.
CASTELLO, José Aderaldo. A literatura brasileira: origens e unidade.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999. p. 55.
3

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Anotações
A literatura de informação, no seu conjunto, caracteriza-se por seu caráter descritivo, impessoal e pela dimensão
fantasiosa ao exaltar a terra. Essa visão edênica da terra descoberta é flagrada pelo emprego de linguagem adjetivante
e reforça as ambições dos europeus e suas intenções de exploração e catequese. Em função do seu contexto de produ-
ção, apresenta ecos da visão de mundo medieval.
O trecho a seguir, da Carta de Pero Vaz de Caminha, descreve um momento de aproximação dos indígenas à expedi-
ção portuguesa. Observe como é detalhada a descrição dos indígenas, evidenciando a perplexidade e o encantamento
do cronista com o inusitado e o desconhecido. O excerto também evidencia sua percepção diante da nudez, avaliada
sob a perspectiva de um homem civilizado, europeu e católico. Note ainda os modalizadores que aparecem no início
do excerto e em toda a descrição das ações dos indígenas. Eles deixam transparecer julgamentos do autor do texto em
relação ao que descreve.
Leia com atenção o seguinte trecho.
[...]
A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos.
Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixar de encobrir suas ver-
gonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo
furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um
Fuso: bobina onde se fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte
enrola o fio de algodão. que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de
sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber.
Roque: Torre, peça de
xadrez. Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de
boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a
Tosquia: corte. fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do comprimento
Solapa: o mesmo que de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos,
lapel, dobradura. pena por pena, com uma confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui
basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar.
Coto: algo pequeno,
parte da asa. O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado;
e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miran-
Toutiço: nuca. da, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão,
Alcatifa: tapete. nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar
ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com
a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra.
E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o
castiçal, como se lá também houvesse prata!
CAMINHA, Pero Vaz de. Carta. Unama, p. 2 e 4. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000283.pdf.
Acesso em: 2 maio 2021.

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Literatura jesuítica

Olga Popova/Shutterstock
Como estratégia de colonização da terra descoberta, os jesuítas chega-
ram em 1549, junto com o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa. A in-
tenção da Companhia de Jesus era educar os colonos que aqui se instalaram
e catequizar os indígenas que viviam na costa brasileira para serem social-
mente úteis. Para esse segundo propósito, usaram principalmente o teatro
e a poesia com objetivos pedagógicos e doutrinários. Por essa razão, a pro-
dução jesuítica, composta por outros textos, como sermões e relatórios, do
mesmo modo que os textos informativos, não é considerada uma produção
literalmente literária, ainda que guardem relativo valor estético maior que o
das crônicas dos viajantes.
José de Anchieta e Manuel da Nóbrega foram os padres jesuítas mais des-
Professor, instrua os alunos
a clicarem para conhecer o tacados desse momento. Nóbrega não produziu uma obra sistemática e de
Museu de Arte Sacra dos valor literário reconhecível, mas sua postura de defesa do indígena como um
Jesuítas.
ser humano igual a qualquer outro lança sementes para a posterior exaltação
do indígena, o que se verá em Caramuru, de frei Santa Rita Durão, no século ®ĪŧżĜżŰĪŰżƣÿƸŏǜżģÿěĪÿƸŏǿĜÿğĘżģżƠÿģƣĪ
XVIII, e em tantas outras produções literárias em diversos momentos. José de Anchieta, lançado na década de 1980.
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Literatura

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Unidade 1

Anotações
Anchieta, além de poemas de devoção cristã escritos em redondilhas, produziu vários autos com intenção peda-
gógica. Seu interesse pela língua gerou o primeiro dicionário na língua tupi-guarani, assim como as seguintes obras:
Arte de Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil e Cartilha dos Nativos. Seu repertório literário ainda inclui cartas
de caráter informativo, textos variados para facilitar a catequese, como canções, hinos, monólogos, diálogos e textos
literários de natureza religiosa sem a intenção de catequese.
A maior diferenciação da produção escrita de Anchieta em relação aos textos informativos produzidos na mesma
época está no fato de que ela expõe grande conhecimento da língua e dos costumes locais, reveladores do maior
contato do autor com a realidade brasileira. No teatro, encontramos textos escritos não apenas em português e espa-
nhol, mas também em tupi. São produções religiosas, revestidas de conteúdo folclórico, sob forte influência do autor
Parenética: arte de
humanista português Gil Vicente. Os autos e os sermões de Anchieta evidenciam que ele foi o iniciador do teatro e da pregar, coleção de sermões.
parenética jesuítica no Brasil.
Leia a seguir exemplos da produção literária de Padre José de Anchieta.

Auto representado na festa de São Lourenço


José de Anchieta
Nota: este livro foi transcrito da publicação Dionysios, número 12, de 22/3/1965 do S.N.T.
Personagens: Professor, incentive o aces-
so ao texto integral do auto
GUAIXARÁ — rei dos diabos representado na Festa de
São Lourenço.
AIMBIRÊ e SARAVAIA — criados de Guaixará
TATAURANA, URUBU e JAGUARUÇU — companheiros dos diabos
VALERIANO e DÉCIO — Imperadores romanos
SÃO SEBASTIÃO — padroeiro do Rio de Janeiro
SÃO LOURENÇO — padroeiro da aldeia de São Lourenço
ANJO, TEMOR DE DEUS e AMOR DE DEUS
CATIVOS E ACOMPANHANTES

TEMA
Após a cena do martírio de São Lourenço, Guaixará chama Aimbirê e Saravaia para ajudarem a per-
verter a aldeia. São Lourenço a defende, São Sebastião prende os demônios. Um anjo manda os sufoca-
rem Décio e Valeriano.
Quatro companheiros acorrem para auxiliar os demônios. Os imperadores recordam façanhas,
quando Aimbirê se aproxima. O calor que se desprende dele abrasa os imperadores, que suplicam a
morte. O Anjo, o Temor de Deus, e o Amor de Deus aconselham a caridade, contrição e confiança em São
Lourenço. Faz-se o enterro do santo. Meninos índios dançam.

PRIMEIRO ATO Pois teu sangue redentor


(Cena do martírio de São Lourenço) Lavou minha culpa humana,
Cantam: Arda eu pois nesta chama.
Por Jesus, meu salvador, Com fogo do forte amor.
Que morre por meus pecados,
Nestas brasas morro assado O fogo do forte amor,
Com fogo do meu amor Ah, meu Deus!, com que me amas
Mais me consome que as chamas
Bom Jesus, quando te vejo E brasas, com seu calor. Flagelado: que foi
Na cruz, por mim flagelado, submetido a tortura, a
suplício.
Eu por ti vivo e queimado Pois teu amor, pelo meu
Mil vezes morrer desejo Tais prodígios consumou, Redentor: que
redime, que pode remir,
Que eu, nas brasas onde estou, salvar.
Morro de amor pelo teu.
Prodígios: feitos fora
ANCHIETA, José de. Auto representado na festa de São Lourenço. Disponível em: do comum, maravilhas.
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000145.pdf. Acesso em: 3 maio 2021.
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Leia o fragmento de um poema de José de Anchieta.

COMPAIXÃO DA VIRGEM NA MORTE DO FILHO


Por que ao profundo sono, alma, tu te abandonas,
e em pesado dormir, tão fundo assim ressonas?
Não te move a aflição dessa mãe toda em pranto,
que a morte tão cruel do filho chora tanto?
O seio que de dor amargado esmorece,
ao ver, ali presente, as chagas que padece?
Esmorece: perde o Onde a vista pousar, tudo o que é de Jesus,
ânimo, o entusiasmo. ocorre ao teu olhar vertendo sangue a flux.
A flux: em Olha como, prostrado ante a face do Pai,
abundância, a jorros. todo o sangue em suor do corpo se lhe esvai.
Prostrado: curvado, Olha como a ladrão essas bárbaras hordas
desfalecido, sem forças. pisam-no e lhe retêm o colo e mãos com cordas.
Hordas: bandos Olha, perante Anás, como duro soldado
indisciplinados, violentos.
o esbofeteia mau, com punho bem cerrado.
Meneios: Vê como, ante Caifás, em humildes meneios,
movimentos de mãos.
aguenta opróbrios mil, punhos, escarros feios.
Opróbrios: desonra, Não afasta seu rosto ao que o bate, e se abeira
degradação pública.
do que duro lhe arranca a barba e cabeleira.
Azorrague: chicote. Olha com que azorrague o carrasco sombrio
Cerviz: cabeça. retalha do Senhor a meiga carne a frio.
Arminho: mamífero Olha como lhe rasga a cerviz rijo espinho,
polar cuja pele é muito e o sangue puro risca a face toda arminho.
macia e branca.
Pois não vês que seu corpo, incivilmente leso,
Leso: machucado, mal susterá ao ombro o desumano peso?
lesado.
ANCHIETA, José de. Poema da Virgem. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/
DetalheObraForm.do?select_action=&co_obra=17395. Acesso em: 3 mai. 2021.

Texto monográfico
“Texto monográfico” é um termo que abarca vários gêneros textuais de natureza acadêmica, produzidos durante o
processo de um curso de graduação e de pós-graduação ou para a finalização de pesquisas cientíticas. O termo “mono-
gráfico” se refere à natureza monotemática desses gêneros que, dependendo de sua especificidade, podem ser tam-
bém monoautorais. A monografia é um deles e tem como característica fundamental ser uma produção apresentada
na fase conclusiva de uma etapa de estudos universitários. Também é utilizada como culminância de um processo
de contínua produção de diferentes gêneros acadêmicos, como seminário, resumo, debate, resenha, exposição oral,
projeto de pesquisa, relatórios, entre outros.
Como produção de natureza acadêmica, o texto monográfico deve apresentar o resultado da exploração extensa
e profunda de um tema com linguagem formal e objetiva. Deve embasar-se não apenas em estudos teóricos e con-
ceituais consistentes e validados cientificamente, mas também em rigorosos padrões metodológicos e técnicos. Para
Professor, incentive os alu-
isso, o autor utiliza preceitos de manuais de metodologia científica, de orientações das Universidades e da Associa-
nos a lerem o artigo científico
integralmente para ampliar ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para alinhar sua produção com os parâmetros exigidos (citações, referên-
seus conhecimentos sobre cias, bibliografia, imagens, fonte, espaço, margens, pé de páginas, negrito, itálico, resumo, abstract, palavras-chave,
o texto monográfico. Nele, etc). Um texto monográfico articula muitos elementos da linguagem; portanto, o autor deve prezar pela coerência e
você encontrará referências
para ler a tese base, que deu coesão textual.
origem ao artigo em questão. Leia, a seguir, a introdução de um texto acadêmico, que divulga um trabalho monográfico.

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Literatura

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Unidade 1

Clara Regina Rodrigues de Souza/Williany Miranda da Silva


SOUZA, Clara Regina Rodrigues de; SILVA, Williany Miranda da. Gênero monografia em contexto de produção
acadêmica escrita. In: Revista do Programa de Pós-Graduação em Letras da UFGD, v. 12, n. 27, jan./jun. 2017.
Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/Raido/article/view/5598. Acesso em: 3 maio 2021.

Relacione
O Quinhentismo é um período histórico também estudado por outras disciplinas, por exemplo, História e Geografia. Para
ampliar sua compreensão das transformações pelas quais passou o mundo, a partir do século XVI, leia as abordagens
dessas disciplinas para tratar o tema. Isso facilitará o entendimento do contexto que cercou os feitos relacionados às
Grandes Navegações e como o mundo foi configurado depois da expansão marítima. No caso específico da atuação dos
jesuítas no Brasil, leia textos que expliquem o episódio de sua expulsão do país pelo Marquês de Pombal, para vislumbrar as
consequências do projeto iniciado logo após o Descobrimento.

Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12

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Faça em sala
1. Leia o excerto a seguir. 2. (Enem)

Quem descobriu o Brasil? TEXTO I


João Pereira Coutinho/ Folhapress Andaram na praia, quando saímos, oito ou dez deles; e
daí a pouco começaram a vir mais. E parece-me que viriam,
“Descobrir” não é o mesmo que chegar primeiro. Mesmo este dia, à praia, quatrocentos ou quatrocentos e cinquenta.
essa discussão, saber quem foi o primeiro, é secundária. Alguns deles traziam arcos e flechas, que todos trocaram por
Pergunta inevitável: teria sido Duarte Pacheco o verdadei- carapuças ou por qualquer coisa que lhes davam. [...] Anda-
ro descobridor do Brasil, dois anos antes de Cabral? […] vam todos tão bem-dispostos, tão bem feitos e galantes com
Ao longo dos anos, fui lendo tudo sobre a polêmica com suas tinturas que muito agradavam.
curiosidade amadora. Até encontrar, em feliz acaso, uma no-
CASTRO, S. A carta de Pero Vaz de Caminha. Porto Alegre: L&PM, 1996.
tável entrevista com o historiador Francisco Contente Domin-
gues no jornal português “Público”. Vale a pena ler a entrevista.
Mas, sobretudo, vale a pena ler o livro que Domingues es- TEXTO II
creveu sobre Duarte Pacheco. Intitula-se I […]. É a mais inteli-

Reprodução/Enem, 2013.
gente interpretação sobre o caso que conheço.
Ponto prévio: o historiador Contente Domingues não põe
em causa a veracidade da viagem. Mas, antes de atribuirmos
a primazia da descoberta do Brasil a Duarte Pacheco, é preciso
perguntar duas coisas. Em primeiro lugar, o que significa “des-
cobrir”. E, em segundo, o que pensou o próprio Duarte Pacheco
ter “descoberto” em 1498. […]
Conclusões? “Descobrir” não é o mesmo que chegar pri-
meiro, escreve o autor. Mesmo essa discussão – saber quem foi
o primeiro – é hoje secundária.
Como escreve Domingues, “‘descobrimento’ implica a in-
corporação do conhecimento de uma nova terra no patrimô-
nio geográfico coletivo” (p. 19-20).
E, pormenor fundamental, “‘descobrimento’ implica ain-
da o regresso, por norma, e em resultado dessa incorporação
no patrimônio geográfico coletivo” (p. 20). É correto supor que
Duarte Pacheco esteve no Brasil antes de Cabral. Mas essa pri-
PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 × 169 cm.
mazia não lhe confere o título de “descobridor”. Disponível em:<www.portinari.org.br>. Acesso em: 12 jun. 2013.
COUTINHO, João Pereira. Quem descobriu o Brasil? Folha de S.Paulo. Reprodução/ENEM
Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/73474-quem-
descobriu-o-brasil.shtml?origin=folha. Acesso em: 2 maio 2021. Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de
Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao
a) Depois de ler o excerto, explique por que o tema tratado pelo texto Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
se relaciona com o Quinhentismo. a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras
O tema abordado pelo autor se relaciona com o Quinhentismo, por- manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e
que trata de uma polêmica surgida na época das Grandes Navega-
ções, quando se descobriu o Brasil. preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja
b) Comente por que o autor considera secundária a discussão à qual
ŃƣÿŲģĪƫŏŃŲŏǿĜÿğĘżīÿÿǿƣŰÿğĘżģÿÿƣƸĪÿĜÿģįŰŏĜÿěƣÿƫŏŧĪŏƣÿĪÿ
faz menção.
O autor considera a discussão à qual faz menção como algo secun- contestação de uma linguagem moderna.
dário na atualidade, porque já está consagrado que o descobridor do
Brasil foi o português Pedro Álvares Cabral. Diante dessa verdade, já c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do
não cabem questionamentos, porque é uma questão já bem resolvida colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro
historicamente. plano, a inquietação dos nativos. Resposta: C.
c) Como o autor do texto resolve a polêmica criada entre “chegar
primeiro” e “descobrir”? d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e
O autor esclarece que Duarte Pacheco “chegou primeiro”, mas o des-
não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.
cobridor foi Pedro Álvares Cabral, porque “descobrir” implica a inten-
ção de incorporar o conhecimento de uma nova terra ao patrimônio e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos
geográfico coletivo como um projeto. E esse papel coube a Pedro
Álvares Cabral. Uma prova histórica disso é a Carta do Descobrimen- étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento histórico,
to, escrita por Pero Vaz de Caminha. retratando a colonização.
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Literatura

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Unidade 1

Guaixará
3. (UFGD-MS) Leia o trecho do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta.
Esta virtude estrangeira
PERSONAGENS:
Me irrita sobremaneira.
GUAIXARÁ: rei dos diabos
Quem a teria trazido,
AIMBIRÊ SARAVAIA: criados de Guaixará
com seus hábitos polidos
TATAURANA URUBU JAGUARUÇU: companheiros dos diabos
estragando a terra inteira?
VALERIANO DÉCIO: imperadores romanos
SÃO SEBASTIÃO: padroeiro do Rio de Janeiro
SÃO LOURENÇO: padroeiro da aldeia de São Lourenço [...] Só eu
TEMA: permaneço nesta aldeia
Após a cena do martírio de São Lourenço, Guaixará cha- como chefe guardião.
ma Aimbirê e Saravaia para ajudarem a perverter a aldeia. São Minha lei é a inspiração
Lourenço a defende, São Sebastião prende os demônios. Um que lhe dou, daqui vou longe
anjo manda-os sufocarem Décio e Valeriano. Quatro compa- visitar outro torrão.
nheiros acorrem para auxiliar os demônios. Os imperadores
recordam façanhas, quando Aimbirê se aproxima. O calor Quem é forte como eu?
que se desprende dele abrasa os imperadores, que suplicam Como eu, conceituado?
a morte. O Anjo, o Temor de Deus, e o Amor de Deus aconse- Sou diabo bem assado.
lham a caridade, a contrição e a confiança em São Lourenço. A fama me precedeu;
Faz-se o enterro do santo. Meninos índios dançam. Guaixará sou chamado.
Disponível em: www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/pdf/00069.pdf.
Acesso em: 15 set. 2019. Meu sistema é o bem viver.
Assinale a alternativa que contém as características corretas, acerca da Que não seja constrangido
o prazer, nem abolido.
linguagem literária do escritor Pe. José de Anchieta.
Quero as tabas acender
a) Nos cinco atos da peça teatral Auto de São Lourenço, o autor se utiliza
com meu fogo preferido.
da visão maniqueísta (dualismo religioso), para representar de
maneira pedagógica o “bem” e o “mal”. Um exemplo é a seleção do
Boa medida é beber
idioma, sendo o português e o espanhol para as falas dos protetores, cauim até vomitar.
enquanto o tupi e o guarani são ditos pelos seres demoníacos. Isto é jeito de gozar
b) Com uma temática religiosa, o texto em poesia e prosa utiliza-se a vida, e se recomenda
da paródia e do discurso indireto, para evidenciar personagens a quem queira aproveitar.
culturalmente estereotipados, em especial, o indígena.
c) O referido Auto apresenta uma função didático religiosa, com a A moçada beberrona
descrição de metodologias lúdicas envolvendo, principalmente, o trago bem conceituada.
Valente é quem se embriaga
teatro, pois seu objetivo era salvar o seu público da barbárie pelo
e todo o cauim entorna,
ensinamento da doutrina da Igreja Católica. Resposta: C.
e à luta então se consagra.
d) Como José de Anchieta foi um padre jesuíta espanhol, o Auto de
São Lourenço é uma peça teatral formada por textos narrativos que Que bom costume é bailar!
visam à catequese dos jesuítas e dos índios nas regiões dominadas Adornar-se, andar pintado,
ƠĪŧÿ/ƫƠÿŲŊÿ᠁ģĪƫĜƣĪǜĪŲģżǿĪŧŰĪŲƸĪÿƫĜżŲģŏğƛĪƫĪŲĜżŲƸƣÿģÿƫ tingir pernas, empenado
pelos colonizadores europeus no Novo Mundo. fumar e curandeirar,
e) Com seu talento para o teatro, José de Anchieta evidencia, no andar de negro pintado.
Auto de São Lourenço, as pluralidades linguística e cultural ao
apresentar personagens europeus e brasileiros em detrimento dos Andar matando de fúria,
protagonistas indígenas. amancebar-se, comer
um ao outro, e ainda ser
4. Leia o segundo ato do Auto representado na festa de São Lourenço, de espião, prender Tapuia,
dżƫīᡰģĪŲĜŊŏĪƸÿ᠇ desonesto a honra perder.

SEGUNDO ATO Para isso


(Eram três diabos que queriam destruir a aldeia com pe- com os índios convivi.
cados, aos quais resistem São Lourenço, São Sebastião e o Vêm os tais padres agora
Anjo da Guarda, livrando a aldeia e prendendo os tentadores com regras fora de hora
cujos nomes são: Guaixará, que é o rei; Aimbirê e Saravaia, pra que duvidem de mim.
seus criados) Lei de Deus que não vigora.
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Pois aqui A partir da leitura do excerto do Auto de São Lourenço, de José de Anchie-
tem meu ajudante-mor, ta, responda:
diabo bem requeimado,
meu bom colaborador:
a) Quais são as virtudes e os vícios elencados no Auto?
grande Aimbirê, perversor Vícios: viver bem, gozar a vida, sentir prazer, beber, dançar, fumar,
dos homens, regimentado.
enfeitar-se, namorar, etc.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/
texto/bv000145.pdf. Acesso em: 3 maio 2021.
b) O que eles revelam do ponto de vista adotado pelo autor do texto?
O ponto de vista adotado pelo texto é moralizador, porque se posicio-
na favoravelmente aos valores católicos, em detrimento dos hábitos
Taba: aldeia indígena.
de vida indígena. Da forma como está colocada, a moral católica nega
Cauim: bebida indígena, alcoólica, feita com mandioca ou milho. a alegria, o prazer, a vaidade, e valoriza o sacrifício, a dor e a polidez.

Faça em casa
1. (Enem) e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez
que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.
Reprodução/Enem, 2009.

Leia o texto a seguir para responder às questões 2 a 4.

Em que se declara o modo e a linguagem


dos tupinambás
Ainda que os tupinambás se dividiram em bandos, e se
inimizaram uns com outros, todos falam uma língua que é
quase geral pela costa do Brasil, e todos têm uns costumes
em seu modo de viver e gentilidades; os quais não adoram
nenhuma coisa, nem têm nenhum conhecimento da verda-
de, nem sabem mais que há morrer e viver; e qualquer coisa
que lhes digam, se lhes mete na cabeça, e são mais bárbaros
ECKHOUT, A. Índio Tapuia. (1610-1666). Disponível em: que quantas criaturas Deus criou. Têm muita graça quando
<www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9 de jul.2009. falam, mormente as mulheres; são mui compendiosas na for-
ma da linguagem, e muito copiosos no seu orar; mas faltam-
A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados,
-lhes três letras das do ABC, que são F, L, R grande ou dobrado,
de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem
coisa muito para se notar; porque, se não têm F, é porque não
nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir,
têm fé em nenhuma coisa que adorem; nem os nascidos en-
nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta
tre os cristãos e doutrinados pelos padres da Companhia têm
inocência como têm em mostrar o rosto.
fé em Deus Nosso Senhor, nem têm verdade, nem lealdade a
CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: <www.dominiopublico.gov.br/ nenhuma pessoa que lhes faça bem. E se não têm L na sua
download/texto/bv000292.pdf>. Acesso em: 22 jul. 2014.
pronunciação, é porque não têm lei alguma que guardar, nem
Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do preceitos para se governarem; e cada um faz lei a seu modo,
texto de Caminha, conclui-se que e ao som da sua vontade; sem haver entre eles leis com que
a) ÿŰěżƫƫĪŏģĪŲƸŏǿĜÿŰƠĪŧÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫĪƫƸīƸŏĜÿƫŰÿƣĜÿŲƸĪƫ᠁ se governem, nem têm leis uns com os outros. E se não têm
como tristeza e melancolia, do movimento romântico das esta letra R na sua pronunciação, é porque não têm rei que os
reja, e a quem obedeçam, nem obedecem a ninguém, nem ao
ÿƣƸĪƫᡰƠŧĀƫƸŏĜÿƫ᠇
pai o filho, nem o filho ao pai, e cada um vive ao som da sua
b) żÿƣƸŏƫƸÿ᠁ŲÿƠŏŲƸǀƣÿ᠁łżŏǿĪŧÿżƫĪǀżěšĪƸż᠁ƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿŲģżᠵżģĪ vontade; para dizerem Francisco dizem Pancico, para dizerem
maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso. Lourenço dizem Rorenço, para dizerem Rodrigo dizem Rodigo;
c) a pintura e o texto têm uma característica em comum, e por este modo pronunciam todos os vocábulos em que en-
que é representar o habitante das terras que sofreriam tram essas três letras.
ƠƣżĜĪƫƫżᡰĜżŧżŲŏǭÿģżƣ᠇Resposta: C. SOUSA, Gabriel Soares de. Tratado descritivo do Brasil em 1587 – Capítulo
CL – Em que se declara o modo e a linguagem dos tupinambás. In: VILLA,
d) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura Marco Antonio e OLIVIERI, Antonio Carlos. Cronistas do Descobrimento.
europeia e a cultura indígena. São Paulo: Ática, 1999, p. 144.
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Literatura

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Unidade 1

Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem
2. (UFPB) Em seu texto, Gabriel Soares de Sousa
prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos.
a) limita-se à descrição dos costumes indígenas, sem emitir nenhum Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e tempe-
juízo de valor. rados, como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo
b) destaca apenas qualidades negativas dos índios tupinambás, a de agora os achávamos como os de lá.
quem chama de “bárbaros”. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa
que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das
c) exalta a liberdade em que vivem os índios, reconhecendo-a, águas que tem.
indiscutivelmente, como um valor intocável. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece
d) reconhece a inferioridade da cultura dos tupinambás, ao compará- que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente
-la com a de outros índios do Brasil. que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que não houvesse mais que ter aqui esta pousada para
e) tece considerações críticas a respeito da liberdade excessiva
esta navegação de Calecute, isso bastaria. Quanto mais dis-
ģżƫᡰőŲģŏżƫ᠇Resposta: E.
posição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto
3. (UFPB) Leia o fragmento. deseja, a saber, acrescentamento, da nossa santa fé.
CORTESÃO, Jaime (Org.). A carta de Pero Vaz
“[...] nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados
de Caminha. Rio de Janeiro: Livros de
pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, Portugal Ltda, 1943. p. 239.
nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes
faça bem.”
A leitura desse fragmento permite afirmar que o autor Houvemos vista: pudemos ver.
a) ĜżŲƫŏģĪƣÿĪǿĜÿǭÿÿğĘżģżƫšĪƫǀőƸÿƫŲÿĜżŲǜĪƣƫĘżģżƫŏŲģőŃĪŲÿƫ᠇ Delas... delas: umas... outras.
b) mostra surpresa diante do fato de os índios não terem fé em Deus, Chã: plana.
mesmo sendo doutrinados no cristianismo. Resposta: B. Praia-palma: toda praia.
c) defende, em princípio, que não se deve cobrar dos índios a fé em Deus.
Entre-Douro e Minho: regiões de Portugal.
d) reconhece a obediência dos tupinambás à conversão cristã.
Calecute: cidade da Índia para onde se dirigiam os portugueses.
e) ressalta a presença das doutrinas cristãs nas práticas religiosas
Acrescentamento: difusão, expansão.
dos índios.

4. (UFPB) A ausência das letras F, L, R na linguagem dos tupinambás é co-


mentada pelo autor do texto para 5. (UFLA-MG) A Carta é considerada a “certidão de nascimento” do
a) šǀƫƸŏǿĜÿƣÿŲÿƸǀƣĪǭÿŰÿŏƫƫŏŰƠŧĪƫģÿŧŏŲŃǀÿŃĪŰģżƫőŲģŏżƫ᠇ ƣÿƫŏŧᡰƠżƣƢǀĪ
b) denotar apenas a diferença entre a língua dos brancos portugueses a) ĜżŲƸīŰÿƫƠƣŏŰĪŏƣÿƫŏŲłżƣŰÿğƛĪƫżǿĜŏÿŏƫƫżěƣĪżƣÿƫŏŧ᠇Resposta: A.
e a dos índios. b) marca o início da literatura brasileira.
c) enfatizar, sobretudo, a criatividade na expressão linguística dos c) foi escrita nos primórdios do descobrimento.
povos indígenas.
d) ģĪŲżƸÿŏŲĪŃĀǜĪŧǵŧǀįŲĜŏÿŧŏƸĪƣĀƣŏÿģĪƫĪǀÿǀƸżƣ᠇
d) criticar, principalmente, a inexistência da fé, da lei e do rei na
e) as descrições constituem informações precisas do lugar.
cultura tupinambá. Resposta: D.
e) revelar somente os aspectos pitorescos na maneira de falar 6. (UFLA-MG) Embora tenha caráter informativo e descritivo, a Carta pos-
ģżƫᡰőŲģŏżƫ᠇ sui características quase sempre fantasiosas. Indique a causa de o Novo
Mundo ter sido posto à altura da lenda do paraíso perdido.
Leia atentamente os trechos da Carta de Pero Vaz de Caminha a seguir
a) O escrivão criou uma discussão histórica em torno da
e responda às questões 5 e 6.
intencionalidade ou não da conquista de Cabral.
Esta terra, Senhor, me parece que da ponta que mais con-
b) No esforço de catalogar a vegetação, o clima, o autor passeia pela
tra o sul vimos até outra ponta que contra o norte vem, de que
nós deste porto houvemos vista, será tamanha que haverá ŃĪżŃƣÿǿÿ᠁ěżƸĈŲŏĜÿ᠁ǭżżŧżŃŏÿ᠁ģĪŰÿŲĪŏƣÿǜÿŃÿ᠇
nela bem vinte ou vinte cinco léguas por costa. Tem, ao lon- c) ÿŰŏŲŊÿƫĪƣĪǜĪŧÿǀŰŰĪƫƸƣĪŲÿǿǢÿğĘżģĪƠżƣŰĪŲżƣĪƫ᠒īŏŲĪŃĀǜĪŧ
go do mar, nalgumas partes, grandes barreiras, delas verme- ƫǀÿǵŧǀįŲĜŏÿŧŏƸĪƣĀƣŏÿ᠇
lhas, delas brancas; e a terra por cima toda chã e muito cheia
d) A produção informativa constitui a primeira visão da terra virgem,
de grandes arvoredos. De ponta a ponta, é tudo praia-palma,
intocada pela civilização estranha. A terra, para ele, era fértil e
muito chã e muito formosa.
abençoada por Deus. Resposta: D.
Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, por-
que, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com ar- e) O autor limitou-se a escrever um registro impessoal, marcado pela
voredos, que nos parecia muito longa. intenção de informar, apesar do tom ufanista do texto.
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7. Assinale a alternativa em que é considerada a produção literária no Responda às questões 9 e 10 com base na leitura dos dois primeiros
Brasil do século XVI. atos do excerto do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta.
a) Uma arte brasileira, feita segundo padrões do Classicismo português. 9. O primeiro ato do auto apresenta uma canção. Qual é o valor religioso
b) Uma importante produção de poesia lírica e épica, com base em evidenciado nesse trecho da obra?
temas brasileiros.
a) ƠƣĀƸŏĜÿƠǀƣŏǿĜÿģżƣÿģżłżŃż᠇
c) Uma literatura épica, típica do Classicismo.
b) O arrependimento por meio de palavras.
d) Uma literatura religiosa de valor estético e cultural e uma de
c) A força redentora do perdão.
ĜǀŲŊżᡰŏŲłżƣŰÿƸŏǜż᠇Resposta: D.
d) O amor incondicional pelo outro.
e) Uma produção religiosa de cunho estritamente indianista.
e) A misericórdia com todas as criaturas. Resposta: E.
8. (Enem)
10. No segundo ato, a fala de Guaxará, o rei dos diabos, apresenta uma
TEXTO 1 visão preconceituosa em relação aos nativos. Assinale a alternativa
José de Anchieta fazia parte da Companhia de Jesus, veio em que fica evidente a contaminação dessa visão por valores medie-
ao Brasil aos 19 anos para catequizar a população das primei- vais católicos.
ras cidades brasileiras e, como instrumento de trabalho, escre- a) A salvação do povo indígena é feita por personagens
veu manuais, poemas e peças teatrais. católicos, ao passo que a sua perversão, por personagens com
ŲżŰĪƫᡰŏŲģőŃĪŲÿƫ᠇Resposta: A.
TEXTO 2
b) Os vícios apontados pela voz enunciadora do texto são também
Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se
assumidos por Guaixará.
vê em todo ano árvore nem erva seca. Os arvoredos se vão às
nuvens de admirável altura e grossura e variedade de espé- c) A virtude explicitada pelo texto é analisada, pelo olhar dos anjos,
cies. Muitos dão bons frutos e o que lhes dá graça é que há como estrangeira, polida.
neles muitos passarinhos de grande formosura e variedades d) Diabos e anjos representam uma oposição: os primeiros
e em seu canto não dão vantagem aos rouxinóis, pintassil-
ƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿŰżěĪŰ᠒żƫƫĪŃǀŲģżƫƫŏŰěżŧŏǭÿŰżŰÿŧ᠇
gos, colorinos e canários de Portugal e fazem uma harmonia
quando um homem vai por este caminho, que é para louvar o e) Os indígenas, por meio da figura de Guaixará, são
Senhor, e os bosques são tão frescos que os lindos e artificiais caracterizados pelo prazer de gozar a vida, valor defendido pela
de Portugal ficam muito abaixo. ĜżƫŰżǜŏƫĘżᡰĜÿƸŽŧŏĜÿ᠇
ANCHIETA, José de. Cartas, informações, fragmentos
históricos e sermões do Padre Joseph de Anchieta. 11. Os textos monográficos, como a monografia, são diferenciados de ou-
Rio de Janeiro: S. J., 1933, 430-31 p. tras produções científicas por
A leitura dos textos revela a preocupação de Anchieta com a exaltação a) divulgarem pesquisas relevantes.
da religiosidade. No texto 2, o autor exalta, ainda, a beleza natural do b) seguirem um padrão acadêmico.
Brasil por meio
c) apresentarem introdução, desenvolvimento e conclusão.
a) do emprego de primeira pessoa para narrar a história de pássaros e
d) ƫĪƣĪŰŰżŲżŃƣĀǿĜżƫĪŰżŲżÿǀƸżƣÿŏƫ᠇Resposta: D.
bosques brasileiros, comparando-os aos de Portugal.
e) empregarem linguagem formal, objetiva e impessoal.
b) da adoção de procedimentos típicos do discurso argumentativo
para defender a beleza dos pássaros e bosques de Portugal. 12. Geralmente, a proposta de elaboração de um texto monográfico é an-
c) da descrição de elementos que valorizam o aspecto natural dos tecedida por
bosques brasileiros, a diversidade e a beleza dos pássaros do Brasil. a) revisão e correção gramatical.
Resposta: C.
d) do uso de indicações cênicas do gênero dramático para colocar em b) um projeto de investigação. Resposta: B.
evidência a frescura dos bosques brasileiros e a beleza dos rouxinóis.
c) revisão de produção escrita existente.
e) do uso tanto de características da narração quanto do discurso
d) elaboração de conclusão do trabalho.
argumentativo para convencer o leitor da superioridade de Portugal
em relação ao Brasil. e) realização da investigação.

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Literatura

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Unidade 1

Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 1. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.

Quinhentismo
e texto
monográfico

Literatura Literatura Texto


de informação jesuítica monográfico

Principais características: textos Principais características: Características: monotemático e


sem intenção literária; caráter produção lírica, dramática (autos) monoautoral.
informativo, descritivo e e sermonística; teatro com função Cuidados: delimitação de um
impessoal; dimensão fantasiosa; catequética; teor literário mais objeto de investigação; marco
exaltação da terra; visão edênica explicitado; defesa de padrões temporal e teórico; problema-
da terra descoberta; linguagem católicos; escrita em português, tização e levantamento de
adjetivante; revela intenções de espanhol e tupi; temas religiosos; hipóteses; definição de objetivos
exploração e catequese; base medieval. e justificativa; determinação de
apresenta ecos da visão de metodologia de trabalho; elabo-
mundo medieval. ração de projeto de investigação;
revisão de literatura sobre o tema;
emprego de linguagem formal,
direta, objetiva e impessoal,
períodos curtos, correção
gramatical; adoção de padrões
determinados para a elaboração
de textos monográficos; apresen-
tação de citações, respeitando as
fontes de consulta; montagem de
glossário, anexos e bibliografia.

1. Em relação à literatura, qual é o aspecto mais marcante da produção escrita quinhentista?


O aspecto mais marcante da produção escrita quinhentista é o fato de que não são textos literalmente literários, porque

sua intenção primeira é a informação e a catequese.

2. Quais as principais características diferenciadoras dos textos monográficos em relação a outros gêneros?
Os textos monográficos são monotemáticos e monoautorais.

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Un
ida
de
A opulência
2 sensorial barroca
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP34, Inicie a jornada!
EM13LP45, EM13LP46,
EM13LP48, EM13LP49,

Isogood_patrick/Shutterstock/Catedral de Nossa Senhora, Antuérpia, Bélgica.


EM13LP52

Nesta unidade, você


vai estudar:
• Barroco: contexto
histórico-social
• Características artísticas
• Barroco brasileiro e
características literárias
• A natureza do ensaio

A descida da cruz, no centro da obra, uma das obras maestras de Rubens. A descida da cruz, de Peter Paul Rubens, 1612-1614. Óleo sobre tela,
4,2 m × 3,2 m. Catedral de Nossa Senhora, Antuérpia, Bélgica.

Barroco: contexto histórico-social


O Barroco nasceu na Espanha, no século XVII, ambientado pelas mudanças provocadas pelo domínio espanhol
sobre Portugal e pelo advento da Contrarreforma, movimento liderado pela Igreja Católica. Para afastar o homem
da postura pagã renascentista e divulgar a fé católica, fundou-se a Companhia de Jesus, criou-se o Tribunal do Santo
Ofício – a Inquisição – e divulgou-se o Índex: uma relação de livros proibidos. Nesse contexto, o Vaticano encontrou,
na feição mística e pragmática do Barroco, campo propício para a divulgação dos ideais contrarreformistas. Para isso,
os mecenas católicos encomendavam obras artísticas de cunho religioso, razão pela qual muitas obras barrocas estão
no interior de igrejas católicas e, atualmente, em museus sacros também.
A imposição da postura de subestimar as expressões físicas, corpóreas e materiais em favor do recolhimento
Professor, incentive os alu- e da obediência aos poderes sobrenaturais despertou, no homem da época, muitos conflitos. Eles nasceram da
nos a clicarem para conhecer
o Museu de Arte Sacra de
tentativa de conciliar a cultura contrarreformista com a visão renascentista e antropocêntrica, da qual o homem já
São Paulo. não abria mão.
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Unidade 2

Anotações
A origem do termo Barroco é incerta e se explica por, pelo menos, duas considerações etimológicas: uma
relacionada ao termo espanhol barrueco, que significa “pérola irregular”, “defeituosa”; outra, aos processos confusos
de raciocínio, a partir do francês baroque, que equivale a “irregular”, “extravagante” ou “bizarro”. Essas acepções se
originaram da tentativa de apagamento desse novo estilo pelo Renascimento, que reforçou seu caráter “defeituoso”.
Somente no princípio do século XX é que o Barroco foi revitalizado como uma forma de expressão única, com valor
estético e significado próprio. A partir de então, suas características passaram a ser vistas com nitidez, afastadas dos
sentidos pejorativos e degenerados atribuídos a essa manifestação artística.
O Barroco em Portugal iniciou-se em 1580, com a unificação da Península Ibérica, que transformou essa parte do
continente num reduto de cultura medieval, enquanto toda a Europa experimentava vários avanços no campo das
ciências e da cultura. Esse ambiente de luta religiosa, de crise econômica e dinástica delimitou a manifestação da arte
barroca, que então se expandiu para toda a Europa. Também chamado de Seiscentismo, perduraria até 1756, com a
fundação da Arcádia Lusitana, que inaugura um novo estilo de época, o Arcadismo.

Vá além
Com o desaparecimento de D. Sebastião, em 1578, seu tio-avô assume o trono, por falta de descendentes diretos do rei. Dois anos
depois, o novo regente morre e o trono português novamente fica vazio, porque ele também não tinha herdeiros. Para resolver
essa crise de sucessão, três pretendentes ao trono alegam parentesco com D. Sebastião. Um deles foi o rei espanhol Felipe II, que,
com apoio da nobreza portuguesa, assumiu o trono após invadir o país e coroar-se rei de Portugal, unificando as duas Coroas.

Em relação ao Brasil, o contexto histórico do Barroco foi apenas uma extensão dos acontecimentos em Portugal. Com o ciclo
da cana-de-açúcar, Salvador e Recife foram as cidades mais importantes na época. Por isso, foi nessa região, particularmente
em Salvador, que esse estilo de época teve sua referência mais forte, tanto nas artes plásticas como na literatura.

Características artísticas
Até o século XX, o Barroco, por optar pela suntuosidade, grandeza, rebuscamento e sinuosidade das formas
e dramaticidade refletida nos altares das igrejas, foi interpretado como forma de decadência e degeneração da
arte renascentista.
Tanto na pintura como na arquitetura, preferiu-se o jogo de luz e sombra, com preferência à obscuridade. Voltou-
-se para a dramaticidade dos movimentos e para o sensualismo visual percebidos na expressão dos corpos humanos
e nas formas arredondadas e retorcidas de pilastras e volutas. A angústia existencial levou à prática de preenchimento
de todos os espaços vazios com elementos que reforçaram a exuberância sensorial. Na pintura, tão divulgada pelo
mundo, destacam-se Velázquez, Rubens, Caravaggio, Van Dyck, Rembrandt e Vermeer, entre outros.
Na música, o estilo barroco se manifestou pela dramaticidade, pela apoteose e pela melancolia. O ritmo crescente,
a repetição temática e os abundantes arabescos promoviam uma exacerbação emocional, capaz de enternecer os
corações dos ouvintes. Bach, Händel, Vivaldi e Corelli estão entre os principais compositores de música erudita da época.
O Barroco literário, em sua manifestação pela Europa, recebeu nomes variados: Gongorismo, na Espanha; Marinismo,
na Itália; Eufuísmo, na Inglaterra; Preciosismo, na França; Silesianismo, na Alemanha. A produção literária portuguesa foi
fortemente influenciada pelo Sebastianismo, mito gerado pelo desaparecimento de D. Sebastião na África, que gerou, no
povo, a esperança do seu retorno para transformar Portugal no Quinto Império. Os autores mais representativos do Barroco
português foram: padre Antônio Vieira (também considerado um autor importante na literatura brasileira), Francisco
Rodrigues Lobo, D. Francisco Manuel de Melo, padre Manuel Bernardes, frei Luís de Sousa e Antônio José da Silva.
No Brasil, particularmente no Nordeste, as manifestações barrocas na literatura e nas artes plásticas foram
concomitantes. Já em Minas Gerais isso não ocorreu, porque ali se manifestou um estilo tardio, meio rococó, único no
mundo, que coincidiu com as manifestações árcades nacionais, no século XVIII. Artistas como Antônio Francisco Lisboa
– conhecido como Aleijadinho – e Manuel da Costa Ataíde – o Mestre Ataíde – destacaram-se na arquitetura, escultura
e pintura, respectivamente. Costuma-se afirmar que o Barroco mineiro ganhou mais originalidade, porque os artistas
começaram a se inspirar nos tipos brasileiros, como se pode observar nos traços das esculturas e das pinturas, que
trazem referências aos mestiços.

Comente com os colegas de sala o seu conhecimento da arte barroca e os aspectos que mais lhe chamam a atenção.

Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6


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arrependimento e perdão. Por meio da perspectiva dramática diante da
Barroco brasileiro e características literárias
vida, as obras revelaram intensidade, exuberância e teatralidade. Essas
Didaticamente, considera-se que o Barroco brasileiro iniciou-se em características foram evidenciadas pela exposição de emoções fortes
1601, com a publicação de “Prosopopeia”, de Bento Teixeira, poema épi- para encontrar o sentido da vida; pelo Feísmo, na exploração do locus
co com 94 estrofes feito em homenagem ao donatário da Capitania de horrendus; e pelo Sensorialismo, ou seja, a tentativa de impressionar por
Pernambuco. A transição para o próximo período literário ocorre com a meio dos sentidos.
edição de Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, em 1768, marco
inaugural do Arcadismo brasileiro.
A vida no Brasil do século XVII ainda não suportava uma literatura A natureza do ensaio
robusta, porque vivíamos um processo de formação, mediado por forte
censura e falta de investimento no campo cultural. Por essas razões, o Leia o excerto a seguir, “Construir portas abertas”, do escritor Eucanaã
Barroco brasileiro se constituiu por esforços individuais potentes, mas Ferraz, para a revista Serrote n. 35 e 36, publicada pelo Instituto Moreira
sem a lucidez estética coletiva comum aos estilos de época. Salles.
Como o polo econômico da colônia centrava-se no Nordeste, foi Professor, incentive os alunos a clicarem para conhecer a
dessa região que ecoaram as principais vozes do Barroco literário bra- revista Serrote.
sileiro: padre Antônio Vieira, que também pertenceu ao Barroco por-
ƸǀŃǀįƫ᠁ÿƸǀżǀģżƠǁŧƠŏƸż᠁ģĪŲƸƣżģÿƫŏŃƣĪšÿƫ᠁ĪGƣĪŃŽƣŏżģĪrÿƸżƫᠴż
żĜÿģżSŲłĪƣŲżᠴ᠁żƠƣŏŰĪŏƣżƠżĪƸÿĜżŰƠÿƣƸŏĜǀŧÿƣŏģÿģĪƫĪĜżƫŰżǜŏƫĘż Em Marselha, nada se parecia com o apartamento que Ca-
tipicamente nacionais, que ganha as praças e sobrevive do imaginário bral comprara anos antes no Rio de Janeiro, em Botafogo, no
popular. Além desses dois autores, destacam-se Bento Teixeira, Manoel edifício Júlio de Barros Barreto, projeto dos irmãos Roberto,1
Botelho de Oliveira e frei Manuel de Santa Maria Itaparica. que após sua inauguração, em 1952, converteu-se de imediato
Como manifestação literária, o Barroco foi espaço da linguagem em marco da melhor arquitetura brasileira daquele período.
rebuscada, caracterizada pela abundância de pormenores formais e de Foi por conta desse apartamento que sua mulher, Stella, teve
conteúdo, explicação redundante, expressões eruditas, sintaxe confusa, de viajar ao Rio para resolver problemas imobiliários, trazen-
do consigo os filhos, Rodrigo, Inês, Luís e Isabel. Antes dis-
repetições, paralelismo, ordem inversa, jogos de palavras (cultismo) e
so, no entanto, Cabral fez uma mudança radical – alugou um
jogos de ideias (conceptismo). O uso desses recursos é consequência de
apartamento na estupenda Unité d’Habitation, projeto de Le
uma das características mais importantes do Barroco: o dualismo. Corbusier concluído também em 1952, inaugural e exemplar
O dualismo ou fusismo foi resultante da tensão provocada pela de suas concepções acerca da habitação destinada à classe
tentativa de conciliar opostos, como racionalidade e irracionalidade, média. Luz, ar, geometria clara, ritmo vibrante, grandes espa-
matéria e espírito, corpo e alma, razão e fé, erotismo e religiosidade ou ços abertos, quase uma ilustração do poema “O engenheiro”.
misticismo, a miséria da carne e a bem-aventurança do espírito, pecado A fachada principal pode lembrar um grande navio, cujas ca-
e salvação, antropocentrismo e teocentrismo, ordem e aventura, terra e bines fossem telas de Mondrian tridimensionalizadas pelos
céu, claro e escuro, luz e sombra. Foram conflitos que expressaram forças brise-soleil, mas o edifício é, bem mais que isso, uma cidade-
-jardim vertical. Toda a família foi ao bulevar Michelet, 280,
antagônicas e constantes questionamentos. As forças antagônicas
para conhecer o apartamento onde Cabral morou sozinho por
foram sinalizadas por meio do abuso de figuras de estilo, de expressões
pouco mais de um ano, antes de servir em Madri. Um de seus
de angústia, em função da ausência de um meio-termo para unir os filhos, Rodrigo, ainda hoje se lembra do impacto – agradável
opostos. As figuras mais usadas foram: a metáfora que compara de – que lhe causou o apartamento de dois pisos, no qual se en-
forma implícita; a antítese, que expressa a oposição entre palavras ou trava pelo andar superior. 2
ideias; o paradoxo, que marca uma oposição que gera uma contradição; (...)
a hipérbole, expressão que indica exagero. Já os questionamentos foram
As impressões de João Cabral não se resumiram àquele
materializados pelo uso de frases interrogativas. breve e eloquente depoimento. O impacto sofrido na visita a
Além dessas características, a literatura barroca também expressou Ronchamp ganhou corpo em poema: “Fábula de um arquite-
fortemente o temor à morte. Contrariando a indicação religiosa de to”, de A educação pela pedra (1966), sintético, belo e irritado
preservação para a vida eterna, a necessidade de desfrutar, intensamente, quadro em que se desenham dois modos diferentes de cons-
os prazeres da existência, provocou a divulgação do carpe diem, expressão truir, ou ainda, dois diferentes Le Corbusier.
latina que significa “aproveite o dia”. Esse sentimento foi reforçado pela O poema compõe-se de duas partes, que correspondem
constatação da fugacidade do tempo, ou seja, o tempo como agente a duas estrofes, em nítido diálogo opositivo. A parte inicial é
de morte e dissolução das coisas, representado pela expressão tempus uma espécie de resumo poético-pedagógico da primeira poé-
fugit, que significa que “o tempo foge”, escorre pelas mãos. Esse estado tica corbusiana. Pensemos na estética solar das villas Stein
de angústia ainda foi ampliado pelas noções de efemeridade da vida, da e Savoye: a ideia principal é de “abertura”, o que de imedia-
to obriga o leitor a abandonar a rápida e fácil analogia entre
transitoriedade e da instabilidade das coisas do mundo. Para metaforizar
“construir” e “fechar”:
que tudo na vida muda sob efeito da passagem do tempo, os autores
A arquitetura como construir portas,
usaram símbolos, como rosa, nau, nuvem, fumaça, etc.
Em função do forte apelo religioso que está na base da estética de abrir; ou como construir o aberto;
barroca, os textos expressaram ainda a noção clara de pecado, castigo, construir, não como ilhar e prender,
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Literatura

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Unidade 2

Anotações
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.

Fundindo trabalho e utopia, os versos apontam para uma visão da forma como éthos: tornar são,
habitável, respirável. “Construir portas,/ de abrir” é, para Cabral, tanto uma estética quanto uma moral
praticáveis a partir de certos objetos e valores. Sem uma pontuação que prenda ou limite a livre vibração
do arranjo no verso final da estrofe – “ar luz razão certa” –, o poema se organiza com a abertura que propõe
como tarefa do arquiteto. O leitor que queira rearranjar tal combinação, tornando-a mais “estável”, come-
çará, decerto, pelo par “ar luz” – reunião dos elementos naturais –, estabelecendo um segundo par – “razão
certa” –, que sugere tanto o atributo do arquiteto quanto uma qualificação de um espaço ideal, concebido
no cumprimento rigoroso da racionalidade. No entanto, o elemento “ar” pode ser lido como unidade,
dando vez ao par “luz razão”, cabendo a qualquer um dos nomes a função de adjetivar o outro, ambas
as operações destacando uma mesma imagem crítica: a junção do natural e do racional como condições
privilegiadas da existência humana. Já a tríade “luz razão certa” concentraria no último termo a tarefa
de qualificar, e, acoplado àquele imediatamente anterior, faria com que “luz” voltasse a ser um elemento
solto, como uma luminosidade absoluta, desprendida da razão como qualidade espiritual, mas também,
a um só tempo, radiação, fenômeno natural. E, ainda, “certa” poderia ser o qualificativo de “luz”, ficando
soltos os elementos “ar” e “razão”. Leitura mais lucrativa será aquela que abrir mão da tentativa estéril de
pontuar – atar, fechar – o que deve permanecer em aberto, como culminância do poema, que, além de elo-
gio da tectônica, incorpora o vazio, a leveza, a aeração, a pluralidade, graças à manipulação da sintaxe, que
define espaços, edifica cheios e vazios. O efeito final é o de uma arquitetura ativa, que recebe claridade e
que a emite. Resultante da razão, a claridade não se destina apenas aos nossos olhos: ela esclarece, guia, é
percepção, juízo, inteligência; mais que isso, alcança-nos por outros sentidos, realizando-se como beleza,
harmonia, equilíbrio, liberdade. Para falar em termos corbusianos, temos aí – no poema e nos princípios e
nas normas de que ele trata – a máquina de comover.
FERRAZ, Eucanaã. Construir portas abertas. Revista Serrote, n. 35 e 36.
Disponível em: www.revistaserrote.com.br/2020/12/construir-portas-
abertas-por-eucanaa-ferraz/. Acesso em: 6 maio 2021.

NOTAS
1. Os irmãos Roberto – Marcelo, Milton e Maurício – foram os criadores do escritório carioca MMM Roberto, um dos mais
importantes no Brasil da segunda metade do século XX.
2. Refiro-me aqui a algumas conversas minhas com Rodrigo Cabral de Melo.

O excerto lido é um ensaio, gênero textual opinativo, expositivo e argumentativo, cujo objetivo é expor, inter-
pretar e marcar um ponto de vista sobre determinado tema, analisado por meio de argumentos. Essas características
de domínio temático e especialização intelectual ficam claras a partir da etimologia da palavra em latim exagium,
que significa “peso”. É um gênero conhecido desde a Antiguidade clássica, mas passou a ser mais utilizado a partir
ģżᡰ¦ĪŲÿƫĜŏŰĪŲƸż᠇
Em virtude de sua natureza, o ensaio propõe a valoração por parte do leitor e a reflexão temática, sem o com-
promisso de oferecer resultados conclusivos. Ainda que seja uma escrita subjetiva, tende a apresentar introdução,
desenvolvimento e conclusão. A exposição do assunto pode tanto partir do particular para o geral quanto do geral para
o particular. Diferentemente dos textos tradicionalmente monográficos, que são mais extensos, o ensaio tem extensão
variada e nasce da liberdade temática, de enfoque e de estilo.
O excerto lido é um trecho de um ensaio literário, porque, além da originalidade do tema, apresenta estilo com
propósito estético e expressa um testemunho pessoal e didático. Esse tipo de ensaio é mais informal que os textos de
natureza científica, por mesclar análise lógica e expressão criativa. De modo geral, trata de análises de expressões artís-
ticas, como a literatura, a música, a pintura, a arquitetura, entre outras.
O ensaio científico, por sua vez, trata de temas de interesse acadêmico e se aproxima mais dos textos monográfi-
cos. Por essa razão, ainda que expresse a liberdade do autor, deve basear-se em um método e apresentar a bibliografia
que sustenta o ponto de vista defendido. Como prática escolar, pode ser usado para verificar os limites de um projeto
de pesquisa.
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12

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Faça em sala
1. Observe atentamente as imagens a seguir. Considere a obra O Êxtase de Santa Teresa para responder aos itens a e b.
a) A cena retrata o aparecimento de um anjo para Santa Teresa. Cite e

Filipe.Lopes/Shutterstock/Basílica de Santa Maria da Vitória, Roma, Itália.


comente pelo menos dois aspectos característicos da arte barroca.
A obra explora uma cena religiosa marcada por forte dramaticidade,

sugerida pelos movimentos das personagens e da expressão de

êxtase da santa.

b) O êxtase espiritual é um estado de admiração e de perda de contato


com o mundo exterior, causado pelo contato com seres ou efeitos
sobrenaturais. Explique a importância do tratamento desse tema
na obra barroca.
Como o Barroco potencializa aspectos da vida cristã católica, por

meio da dramatização de cenas religiosas, espera-se impressionar

o espectador com a possibilidade dessa experiência, a partir de

sentimentos de assombro, encanto, pasmo e delírio.

2. (Enem) Com contornos assimétricos, riqueza de detalhes nas vestes e


nas feições, a escultura barroca no Brasil tem forte influência do rococó
europeu e está representada aqui por um dos profetas do pátio do San-
tuário do Bom Jesus de Matosinho, em Congonhas (MG), esculpido em
O êxtase de Santa Teresa, de Gian Lorenzo Bernini, 1645-1652.
pedra-sabão por Aleijadinho. Profundamente religiosa, sua obra revela
Mármore, 351 cm. Iglesia de Santa María de la Victoria, Roma,

Reprodução/Enem, 2012.
Itália. ©Marie-Lan Nguyen
Reprodução/Museus do Vaticano, Cidade do Vaticano, Itália.

Reprodução/ENEM.
BARDI, P. M. Entorno
da escultura no Brasil.
São Paulo: Banco
Sudameris Brasil, 1989.

a) liberdade, representando a vida de mineiros à procura da salvação.


b) credibilidade, atendendo a encomendas dos nobres de
rŏŲÿƫᡰGĪƣÿŏƫ᠇
c) simplicidade, demonstrando compromisso com a contemplação
ģżᡰģŏǜŏŲż᠇
d) personalidade, modelando uma imagem sacra com
łĪŏğƛĪƫᡰƠżƠǀŧÿƣĪƫ᠇Resposta: D.

Enterro de Cristo, de Caravaggio, 1602-1603. Óleo sobre tela, e) singularidade, esculpindo personalidade do reinado nas
300 cm × 203 cm. Pinacoteca Vaticana, Vaticano. żěƣÿƫᡰģŏǜŏŲÿƫ᠇
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Literatura

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Unidade 2

Gozai, gozai da flor da formosura,


3. A partir da leitura do ensaio da página 16, resolva as questões a seguir.
Antes que o frio da madura idade
a) Cite e comente pelo menos duas características gerais do gênero Tronco deixe despido, o que é verdura.
ensaio presentes no texto.
Que passado o Zenith da mocidade,
O excerto lido é um ensaio, porque expõe aspectos do fazer literá-
rio do poeta João Cabral de Melo Neto, analisando sua produção por Sem a noite encontrar da sepultura,
meio de argumentos que demonstram a preparação intelectual do É cada dia ocaso de beldade.
autor do ensaio.
CUNHA, H. P. Convivência maneirista
e barroca na obra de Gregório de Matos.
b) ĪǢĜĪƣƸżŧŏģżīƠÿƣƸĪģĪǀŰĪŲƫÿŏżŧŏƸĪƣĀƣŏż᠇ żŰƠƣżǜĪĪƫƫÿÿǿƣŰÿğĘż᠇ In: Origens da Literatura Brasileira.
Rio de Janeiro: Tempo
O excerto apresenta originalidade temática e propósito estético ao Brasileiro, 1979. p. 90.
expressar um testemunho pessoal e didático sobre aspectos da obra
poética de João Cabral de Melo Neto. De modo informal, mescla aná-
O Barroco é um movimento complexo, considerado a arte dos con-
lise lógica e expressão criativa.
trastes. O poema de Gregório de Matos, que revela características do
Barroco brasileiro, é uma espécie de livre-tradução de um poema de
4. (Enem) Luís de Góngora, importante poeta espanhol do século XVII. Fruto de
Lisonjeia outra vez impaciente a retenção de sua época, o poema de Gregório de Matos destaca
sua mesma desgraça... a) a regular alternância temática entre versos pares e ímpares.
Gregório de Matos b) o contraste entre a beleza física da mulher e a religiosidade
Discreta e formosíssima Maria, ģżᡰƠżĪƸÿ᠇
Enquanto estamos vendo claramente
Na vossa ardente vista o sol ardente,
c) o pesar pela transitoriedade da juventude e a certeza da morte ou
E na rosada face a Aurora fria: da velhice. Resposta: C.
d) o uso de antíteses para distinguir o que é terreno e o que é
Enquanto pois produz, enquanto cria
espiritual na mulher.
Essa esfera gentil, mina excelente
No cabelo o metal mais reluzente, e) a concepção de amor que se transforma em tormento da alma e do
E na boca a mais fina pedraria: corpo do eu lírico.

Faça em casa
Dai-me, senhor, a só beleza
1. (Fuvest-SP) Considere a imagem e o texto para responder à questão.
destes ornatos. E não a alma.
Pressente-se dor de homem,
Reprodução/Fuvest-SP, 2017.

paralela à das cinco chagas.

Mas entro e, senhor, me perco


na rósea nave triunfal.
Por que tanto baixar o céu?
por que esta nova cilada?

Senhor, os púlpitos mudos


entretanto me sorriem.
Mais que vossa igreja, esta
sabe a voz de me embalar.

Perdão, senhor, por não amar-vos.


II/São Francisco de Assis
Carlos Drummond de Andrade
Senhor, não mereço isto.
Não creio em vós para vos amar.
O texto faz parte do conjunto de poemas Estampas de Vila Rica, que integra
Trouxestes-me a São Francisco a edição crítica de Claro enigma. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
e me fazeis vosso escravo.
Analise as seguintes afirmações relativas à arquitetura das igrejas sob
Não entrarei, senhor, no templo, a estética do Barroco:
seu frontispício me basta.
I. Unem-se, no edifício, diferentes artes, para assaltar de uma vez os
Vossas flores e querubins
são matéria de muito amar.
sentidos, de modo que o público não possa escapar.

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II. O arquiteto procurava surpreender o observador, suscitando nele d) equilíbrio na representação, com a descrição concisa dos
uma reação forte de maravilhamento. ģĪƫĪšżƫᡰŊǀŰÿŲżƫ᠇
III. A arquitetura e a ornamentação dos templos deviam encenar, e) desencanto do homem seiscentista pela vida, com o declínio
entre outras coisas, a preeminência da Igreja. ģżᡰ¦ĪŲÿƫĜŏŰĪŲƸż᠇
A experiência que se expressa no poema de Drummond registra, em
3. (Faperp-SP) Em relação às principais características da arte Barroca,
boa medida, as reações do eu lírico ao que se encontra registrado em:
considere os itens a seguir:
a) I, apenas. c) II e III, apenas. e) I, II e III.
Resposta: E.
I. Apresenta objetos como manchas ou massas de cores.
b) II, apenas. d) I e III, apenas.
II. ǿŃǀƣÿŊǀŰÿŲÿīƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿģÿƸÿŧĜżŰżŲÿƫÿƣƸĪƫĜŧĀƫƫŏĜÿƫ᠁
2. (Insper-SP) ressaltando a beleza e a perfeição como ideal fugindo da
representação real e natural.
I. Obra de Caravaggio (1571-1610) III. Enfatiza a profundidade, e não o plano.

Reprodução/Insper-SP, 2016.
IV. As perspectivas não centrais sugerem uma continuidade no
espaço e no tempo.
V. Utilização constante do contraste de luz e sombra.
Assinale a alternativa que contempla somente itens corretos.
a) I, III, IV, V. Resposta: A. c) I, II, IV, V.
b) II, III, IV, V. d) I, II, III, IV.

4. (UEG-GO) Observe a imagem a seguir para responder à questão.

Reprodução/UEG-GO, 2018.
www.caravaggio-foundation.org

II. Soneto de Gregório de Matos


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?


Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?

Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Rembrandt. A Lição de Anatomia de Dr. Tulp (1632). Óleo sobre tela.
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza. Disponível em: www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-licao-
de-anatomia-do-dr-tulp-rembrandt/. Acesso em: 25 abr. 2018.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza A pintura apresentada filia-se ao Barroco, o que esteticamente se evi-
A firmeza somente na inconstância. dencia pelo
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos (seleção e organização José a) contraste entre claro e escuro. Resposta: A.
Miguel Wisnik). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
b) cuidado com detalhes minimalistas.
A leitura comparativa da obra e do poema permite identificar como ca- c) foco em questões ligadas ao surreal.
racterística comum a ambos o
d) interesse em subtrair a alma humana.
a) reconhecimento da efemeridade da vida, o que abranda os
e) caráter abstrato das imagens retratadas.
ģŏŧĪŰÿƫᡰĪǢŏƫƸĪŲĜŏÿŏƫ᠇
b) apego ao transcendental, como forma de escapar aos sofrimentos Analise a obra Enterro de Cristo, de Caravaggio (pág. 18), para respon-
do mundo real. der às questões 5 e 6.
c) šżŃżģżƫĜżŲƸƣÿƫƸĪƫ᠁ĪǢƠƣĪƫƫÿŲģżżƫĜżŲǵŧŏƸżƫģǀÿŧŏƫƸÿƫģż 5. A obra em questão é uma expressão barroca porque apresenta as se-
ŊżŰĪŰᡰƫĪŏƫĜĪŲƸŏƫƸÿ᠇Resposta: C. guintes características:
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Unidade 2

I. Racionalidade, evidenciada pelo equilíbrio na distribuição das a) mesclar opinião, exposição e argumentação na análise do tema.
personagens na cena. b) expressar originalidade temática ao tratar de uma manifestação
II. 'ƣÿŰÿƸŏĜŏģÿģĪ᠁ǵŧÿŃƣÿģÿƠĪŧÿĪǢƠƣĪƫƫĘżĪģŏƫƠżƫŏğĘżƸĪÿƸƣÿŧ artística.
ģÿƫᡰƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠇ c) ÿƠƣĪƫĪŲƸÿƣěŏěŧŏżŃƣÿǿÿƠÿƣÿƫǀƫƸĪŲƸÿƣżƠżŲƸżģĪǜŏƫƸÿģĪłĪŲģŏģż᠇
Resposta: C.
III. Obscuridade, representada pelo jogo entre luz e sombra e o d) empregar linguagem informal ao apresentar testemunho pessoal.
enfoque na personagem central.
e) ƸƣÿƸÿƣǀŰÿƫƠĪĜƸżģĪŏŲǜĪƫƸŏŃÿğĘżĜŏĪŲƸőǿĜÿĜżŰƠƣżƠŽƫŏƸżĪƫƸīƸŏĜż᠇
IV. Religiosidade, marcada pela retratação de uma passagem de
ŃƣÿŲģĪƫŏŃŲŏǿĜÿģżĜƣŏƫƸĘż᠇ 10. (UEL-PR) Conforme sugere o excerto, o poeta barroco não raro ex-
pressa
São corretas as afirmações:
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar
a) I, II e III. c) I, III e IV. e) I, II, III e IV.
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
b) II, III e IV. Resposta: B. d) II e III. De pó te fez espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.
6. Em relação às características da arte renascentista, a obra em questão
a) o medo de ser infeliz; uma intensa angústia em face da vida, a que
se diferencia desse estilo artístico porque
não consegue dar sentido; a desilusão diante da falência de valores
a) retrata de forma inovadora e surpreendente uma cena religiosa terrenos e divinos.
muito conhecida pelos cristãos da época.
b) a consciência de que o mundo terreno é efêmero e vão; o
b) explora com maestria as noções de perspectiva e sentimento de nulidade diante do poder divino. Resposta: B.
dimensionamento, aspectos pouco usuais na pintura renascentista.
c) a percepção de que há saídas para o homem; a certeza de que o
c) foge do tema religioso tradicional ao apresentar uma visão aguardam o inferno e a desgraça espiritual.
marcadamente antropocêntrica do fato retratado.
d) ÿŲĪĜĪƫƫŏģÿģĪģĪƫĪƣƠŏĪģżƫżĪĜÿƣŏƸÿƸŏǜż᠁ƠÿƣÿŧĪŧÿđǜżŲƸÿģĪģĪǵŧǀŏƣ
d) evidencia, de modo degenerado e grotesco, os principais valores até as últimas consequências o lado material da vida.
estéticos da arte renascentista, como a simplicidade e a clareza.
e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses imprimem a seu
e) rompe com o ideal clássico, valorizando impacto emocional destino e à vida na terra.
produzido pelo tema da obra no espectador. Resposta: E.
11. (UFV-MG) Os tercetos do texto ilustram
7. O temor à morte é um dos temas da literatura barroca. Contrariando a Goza, goza da flor da mocidade,
orientação religiosa de guardar-se para a vida eterna, divulga-se o carpe Que o tempo trota a toda ligeireza,
diem, expressão latina relacionada E imprime em toda flor sua pisada.
a) ao desfrute dos prazeres da existência. Resposta: A. Oh, não aguardes, que a madura idade
b) à fuga constante do tempo. Te converta essa flor, essa beleza,
c) ao sentido de efemeridade da vida. Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
d) à transitoriedade das coisas do mundo. (Gregório de Matos)
e) à instabilidade das coisas mundanas.
a) caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do séc. XVI,
8. (FAG-PR) A respeito do Barroco brasileiro, considere as seguintes infor- sustentando uma crítica à preocupação feminina com a beleza.
mações: b) jogo metafórico do Barroco, a respeito da fugacidade da vida,
exaltando gozo do momento. Resposta: B.
I. ÿƣƸĪěÿƣƣżĜÿĜÿƣÿĜƸĪƣŏǭÿᠵƫĪƠżƣÿƠƣĪƫĪŲƸÿƣģǀÿŧŏģÿģĪƫ᠁ĜżŲǵŧŏƸżƫ᠁
paradoxos e contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra. c) ĪƫƸŏŧżƠĪģÿŃŽŃŏĜżģÿƠżĪƫŏÿŲĪżĜŧĀƫƫŏĜÿ᠁ƣÿƸŏǿĜÿŲģżÿƫƣĪǵŧĪǢƛĪƫģż
poeta sobre as mulheres maduras.
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam
um imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas. d) ÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģĪǀŰƣżŰĈŲƸŏĜż᠁ƠżƣƢǀĪłÿŧÿģĪǵŧżƣĪƫ᠁
ƸĪƣƣÿ᠁ᡰƫżŰěƣÿƫ᠇
III. A oposição entre Reforma e Contrarreforma expressa, no plano
e) uma poesia que fala de uma existência mais materialista do que
religioso, os mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.
espiritual, própria da visão de mundo nostálgico-cultista.
Estão corretas:
a) Apenas I, está correta. d) Apenas III, está correta. 12. (Unifei-SP) Nos versos citados, Gregório de Matos empregou uma figura
de linguagem que consiste em aproximar termos de significados opostos,
b) Apenas II, está correta. e) I, II e III, estão corretas.
como “tristezas” e “alegria”. O nome desta figura de linguagem é:
c) Apenas I e III, estão corretas. Resposta: C. Em tristes sombras morre a formosura,
9. O ensaio científico aborda temas de interesse do mundo acadêmico, em contínuas tristezas a alegria
como os científicos e os filosóficos. O aspecto que melhor caracteriza a) metáfora. c) eufemismo. e) sinédoque.
esse tipo de ensaio é b) aliteração. d) antítese.Resposta: D.

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Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 2. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, res-
ponda às questões propostas.

Barroco
Opinativo, expositivo e
argumentativo, domínio
temático e intelectual,
reflexão, não oferece
resultados conclusivos, Ensaio
escrita subjetiva e livre,
tipos: científico e literário.

Contexto Características Características


histórico artísticas literárias

Século XVII, Contrarreforma, Intensidade, grandeza, Século XVII; temas


Domínio Espanhol. rebuscamento, dramatici- religiosos; dualismo;
dade, jogo de luz e sombra, tentativa de conciliar
sensualismo visual, matéria e espírito; cultismo
exuberância sensorial, locus e conceptismo; linguagem
horrendus. rebuscada; ordem inversa
das frases; preocupação
com a morte; a efemeridade
do tempo; transitoriedade
das coisas do mundo; carpe
diem; pessimismo; amplo
uso de figuras de linguagem
(antíteses, paradoxos);
sentimento de insegurança
e de contradições.

1. Por que o dualismo é uma das principais características do Barroco?


O dualismo é uma das principais características barrocas porque é resultado de um estado de angústica da época, nascido da tentativa de conciliar

os opostos.

2. Em que aspectos o ensaio se diferencia do texto monográfico?


O ensaio é um gênero textual mais livre e informal que o texto monográfico, porque não objetiva apresentar resultados de um processo de

investigação científica.

22
Literatura

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de
ida
Gregório de Matos:

Un
o poeta das ruas 3

Renato Rios/Shutterstock
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46,
EM13LP48, EM13LP49,
EM13LP52

Nesta unidade, você


vai estudar:
• Gregório de Matos: vida e
produção poética
• O cultismo como recurso
de expressão poética
• A poesia lírica gregoriana
• Poesia religiosa: mística
e arrependimento
• Poesia satírica do
“Boca do Inferno”

Estátua de Gregório de Matos, em Salvador, Bahia.

Inicie a jornada!
Gregório de Matos: vida e produção poética
Gregório de Matos Guerra foi um importante poeta colonial brasileiro do século XVII. Nasceu em Salvador, na
Bahia, provavelmente em 1633. De família fidalga portuguesa, estudou Humanidades no Colégio dos Jesuítas e, de-
pois, tornou-se bacharel e juiz, tendo o privilégio de ter sido um dos primeiros doutores brasileiros formados pela
Universidade de Coimbra. Atuou como advogado em Lisboa por algum tempo. Professor, incentive os alu-
De volta ao Brasil, o poeta viveu em Salvador, onde trabalhou como tesoureiro-mor da Companhia de Jesus. Entre nos a assistirem, no canal da
os 48 e 60 anos de idade, produziu a maior parte dos poemas conhecidos atualmente, marcados por uma linguagem USP, a um vídeo sobre a obra
do poeta Gregório de Matos.
própria, já matizada com o falar brasileiro. Em função da proibição da imprensa, a poesia de Gregório de Matos vai
às ruas e se torna símbolo dos “marginalizados do rígido sistema colonial”. Depois de idas e vindas na sua atividade
de advogado, integrou-se totalmente ao sabor da vida entre o povo, e seus versos passaram a ser crônica da gente da
Bahia, do Brasil colonial do século XVII.
Sob a influência de Góngora e Quevedo, conhecidos poetas espanhóis da época, por seus jogos de palavras (cultis-
mo) e de ideias (conceptismo), Gregório de Matos produziu poesia lírica e satírica. Essa última, que lhe custou o exílio
para Angola, foi desenvolvida a partir de sua participação em grupos de oposição ao poder colonial e do contato com
pessoas de diferentes origens e posições sociais.
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Anotações
O cultismo como recurso de expressão poética
A produção poética de Gegrório de Matos seguiu as propostas da escola barroca, concretizando, no texto, muitas
de suas características gerais, como o rebuscamento. Por meio do cultismo, a prática do jogo de palavras disseminada
por Góngora, o autor concretiza o ideal barroco da redundância, abusando das metáforas e outras figuras de estilo
para provocar perplexidade no leitor e afetar seus sentidos. O apelo à emoção, o ludismo verbal e o amplo uso de adje-
tivos colaboraram para a materialização de um texto ornamental como os detalhes da arquitetura barroca, em que os
espaços eram preenchidos pelo excesso de detalhes e de linhas curvas que sugerem movimento constante e o estado
de espírito da época.
Observe a manifestação do cultismo no exemplo a seguir.

A instabilidade das cousas do mundo


Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da Luz se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.

Porém se acaba o Sol, por que nascia?


Se formosa a Luz é, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
[...]
SPINA, S. A poesia de Gregório de Matos. São Paulo: Edusp, 1995.

O texto trata da transitoriedade e da instabilidade de todas as coisas. Para expressar essa realidade, na primeira
estrofe, o eu poético utiliza antíteses: luz × noite; tristezas × alegria. Depois, demonstra a passagem do tempo e a mu-
dança dos estados humanos e da natureza, por meio de verbos, como “nascer”, “morrer”, “seguir”, “continuar”, “acabar”,
“furar”, “transfigurar” e “fiar”. Para marcar a perplexidade que esse estado de coisas provoca no ser humano, o eu lírico
insiste com várias perguntas relacionadas às afirmações dos versos da estrofe anterior, provocando o que chamamos
de paralelismo. A valorização da forma e dos sons das palavras, os trocadilhos, a repetição e as omissões constituem
também recursos para o exercício cultista.

A poesia lírica gregoriana


Professor, incentive os alu- A produção lírica de Gregório de Matos apresenta temática amorosa e filosófica.
nos a aprofundar seu conhe-
cimento sobre a obra Em sua poesia amorosa, o poeta se mostra angustiado em face da vida, da religião e do amor. Por isso, a mulher é
de Gregório de Matos, leia um ser angelical que desperta a tentação e o amor se relaciona ao prazer e ao sofrimento. Além disso, a intensidade do
a resenha do filme Gregório sentimento aparece vinculada à beleza, um bem transitório, e se mescla com a urgência de desfrutar o momento que
de Matos.
deve ser aproveitado. Carpe diem é a expressão latina que sintetiza essa concepção de vida.
Na poesia lírica filosófica, o eu lírico expressa suas dúvidas e questionamentos acerca do mundo, revelando pes-
simismo e angústia como consequência da consciência da efemeridade das coisas do mundo.
Exemplo de poesia amorosa:

É mesma dona Ângela


Anjo no nome, Angélica na cara, Se como Anjo sois dos meus altares,
Professor, incentive os alu-
nos a aprofundarem seus Isso é ser flor, e Anjo juntamente, Fôreis o meu custódio, e minha guarda,
conhecimentos sobre o con- Ser Angélica flor, e Anjo florente, Livrara eu de diabólicos azares,
texto que cercou a produção
poética de Gregório de Ma- Em quem, se não em vós se uniformara?
tos, lendo o artigo “Para en- Mas vejo, que tão bela, e tão galharda,
tender a poesia de Gregório
de Matos, é preciso saber Quem veria uma flor, que a não cortara Posto que os Anjos nunca dão pesares,
quem foi ele”, do crítico lite- De verde pé, de rama florescente? Sois Anjo, que me tenta, e não me guarda.
rário João Adolfo Hansen.
E quem um anjo vira tão luzente,
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/
Que por seu Deus, o não idolatrara? texto/fs000209.pdf. Acesso em: 3 jul. 2017.
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Literatura

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Unidade 3

Anotações
Exemplo de poesia filosófica:

Desenganos da vida humana metaforicamente


É a vaidade, Fábio, nesta vida,
Rosa, que da manhã lisonjeada,
Púrpuras mil, com ambição dourada,
Airosa rompe, arrasta presumida.

É planta, que de abril favorecida,


Por mares de soberba desatada,
Florida galeota empavesada,
Sulca, ufana, navega destemida.

É nau enfim, que em breve ligeireza,


Com presunção de Fênix generosa,
Galhardias apresta, alentos preza.

Mas ser planta, ser rosa, nau vistosa


De que importa, se aguarda sem defesa
Penha a nau, ferro a planta, tarde a rosa?
Disponível em: www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf. Acesso em: 3 jul. 2017.

Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6

Poesia religiosa: mística e arrependimento


Nos poemas com características religiosas, Gregório de Matos representa os valores da Contrarreforma. Para isso, aborda
a salvação espiritual do homem, os conflitos entre a culpa e o perdão, a condição assumida de pecador que espera pelo perdão
divino, entre outros temas.
Observe, no poema a seguir, a identificação do eu lírico com Cristo crucificado.

O poeta na última hora de sua vida


Meu Deus, que estais pendente em um madeiro,

Pecold/Shutterstock/Catedral de Nossa Senhora, Antuérpia, Bélgica.


Em cuja lei protesto de viver,
Em cuja santa lei hei de morrer
Animoso, constante, firme e inteiro.

Neste lance, por ser o derradeiro,


Pois vejo a minha vida anoitecer,
É, meu Jesus, a hora de se ver
A brandura de um Pai manso Cordeiro.

Mui grande é vosso amor, e meu delito,


Porém, pode ter fim todo o pecar,
E não o vosso amor que é infinito. A elevação da cruz, de Peter Paul Rubens, (1611-1614)
para a Catedral de Nossa Senhora.

Esta razão me obriga a confiar,


Que por mais que pequei, neste conflito
Espero em vosso amor de me salvar.
Disponível em: www.cespe.unb.br/interacao/Poemas_
Selecionados_%20Gregorio_de_Matos.pdf. Acesso em: 3 jul. 2017.
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A poesia satírica do “Boca do Inferno”
Gregório de Matos é apelidado de Boca do Inferno porque sua poesia satírica revela críticas abertas a toda a socie-
dade baiana, além de trazer questionamentos envolvendo as desilusões em contradição com a realidade vivida pelo ser
humano. A linguagem pode oscilar desde a elegância e a sutileza até o uso de expressões vulgares, obscenas e palavrões.
O vocabulário, por ser mais informal que a poesia amorosa, incorporou expressões locais e termos africanos e tupis.
Leia o poema seguir. Nele, Gregório de Matos lamenta a situação em que se encontra sua terra natal.

A cidade da Bahia
A cada canto um grande conselheiro Muitos mulatos desavergonhados,
Que nos quer governar cabana e vinha; Trazidos sob os pés os homens nobres,
Não sabem governar sua cozinha Posta nas palmas toda a picardia,
E podem governar o mundo inteiro.
Estupendas usuras nos mercados,
Em cada porta um bem frequente olheiro Todos os que não furtam muito pobres:
Que a vida do vizinho e da vizinha E eis aqui a cidade da Bahia.
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/
Para o levar à praça e ao terreiro. texto/bv000119.pdf. Acesso em: 3 jul. 2017.

Converse com seus colegas sobre a atualidade temática do poema, citando exemplos de aspectos da vida dos dias de hoje nas
grandes cidades do Brasil.

Vá além
Conheça o livro Boca do inferno, de Ana Miranda, Ed. Companhia das Letras. Nessa obra, a autora, de forma ágil e com
linguagem precisa, recria o contexto da feroz luta pelo poder na cidade de Salvador, Bahia, onde vivia Gregório de Matos.

Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12

Faça em sala
1. (UFF-RJ) Texto II

Texto I O TEMPO NÃO PARA


Largo em sentir, em respirar sucinto, Disparo contra o sol.
Peno, e calo, tão fino e tão atento, Sou forte, sou por acaso
Que fazendo disfarce do tormento, Minha metralhadora cheia de mágoas
Mostro que o não padeço, e sei que o sinto. Eu sou um cara
Cansado de correr na direção contrária
O mal que fora encubro, ou que desminto, Sem pódio de chegada ou beijo de namorada
Dentro no coração é que o sustento: Eu sou mais um cara
Com que para penar é sentimento, Mas se você achar que eu tô derrotado
Para não se entender, é labirinto. Saiba que ainda estão rolando os dados
Porque o tempo… o tempo não para
Ninguém sufoca a voz nos seus retiros; Dias sim, dias não eu vou sobrevivendo sem um arranhão
Da tempestade é o estrondo efeito: Da caridade de quem me detesta
Lá tem ecos a terra, o mar suspiros. A tua piscina tá cheia de ratos
Tuas ideias não correspondem aos fatos
Mas oh! Do meu segredo alto conceito! O tempo não para
Pois não chegam a vir à boca os tiros Eu vejo o futuro repetir o passado
Dos combates que vão dentro do peito. Eu vejo um museu de grandes novidades
Gregório de Matos Guerra. Sonetos. O tempo não para… não para… não… não para
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Literatura

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Unidade 3

Eu não tenho data pra comemorar


Às vezes os meus dias são de par em par Todo o lenho mortal, baixel humano,
Procurando agulha num palheiro Se busca a salvação, tome hoje terra,
Nas noites de frio é melhor nem nascer Que a terra de hoje é porto soberano.
Nas de calor se escolhe é matar ou morrer (MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos.
E assim nos tornamos brasileiros São Paulo: Cultrix, 1997. p. 309)
Te chamam de ladrão, de bicha, maconheiro
Transformam o país inteiro num puteiro Gregório de Matos expressou em sua obra toda a tensão do século XVII,
Pois assim se ganha mais dinheiro. ao abordar os temas predominantes do Barroco. Identifique no poema
Cazuza
elementos que atestam o comprometimento do poeta com o respecti-
vo momento literário.
a) ƫĪƫƸīƸŏĜÿƫŧŏƸĪƣĀƣŏÿƫŲĘżƫĪĜżŲǿŲÿŰÿģĪƸĪƣŰŏŲÿģżƫƸĪŰƠżƫĪ Gregório de Matos trata da efemeridade da vida e da inutilidade de
a determinados autores na expressão do sentimento e da visão
qualquer preocupação quanto a isso, já que o homem nada pode fazer
de mundo. De uma forma ou de outra, os poetas Gregório de
Matos e Cazuza (séculos XVI e XX, respectivamente) discutem as para mudar esse fato.
contradições que, atemporalmente, cercam a existência humana.
Transcreva dois versos seguidos do texto I e dois versos seguidos do 3. Leia o soneto a seguir, de Gregório de Matos, para responder ao que
texto II que comprovem o caráter contraditório da visão de mundo se pede.
de cada autor.
Buscando a Cristo
No texto I, os versos que indicam a contradição são: “Largo em sentir,
A vós correndo vou, braços sagrados,
em respirar sucinto. / Peno, e calo, tão fino e tão atento”. No texto II, nessa cruz sacrossanta descobertos
Que, para receber-me, estais abertos,
os versos que indicam essa ideia são: “Cansado de correr na direção
E, por não castigar-me, estais cravados.
contrária / Sem pódio de chegada ou beijo de namorada”.
A vós, divinos olhos, eclipsados
De tanto sangue e lágrimas abertos,
Pois, para perdoar-me, estais despertos,
b) O poeta Gregório de Matos e o compositor Cazuza, como homens
E, por não condenar-me, estais fechados.
de seus tempos, apresentam, em certos aspectos, atitudes distintas
ĪŰƣĪŧÿğĘżÿżƫĜżŲǵŧŏƸżƫĪǢŏƫƸĪŲĜŏÿŏƫ᠇ƠƣŏŰĪŏƣżƣĪĜżŲŊĪĜĪÿ A vós, pregados pés, por não deixar-me,
ĪǢŏƫƸįŲĜŏÿģżƫĜżŲǵŧŏƸżƫƢǀĪżÿƸżƣŰĪŲƸÿŰ᠇ƫĪŃǀŲģż᠁ÿŧīŰģĪ A vós, sangue vertido, para ungir-me,
ƣĪĜżŲŊĪĜĪƣĜżŲǵŧŏƸżƫƠĪƫƫżÿŏƫ᠁ĪǢƠƛĪÿƫŰÿǭĪŧÿƫƢǀĪĜĪƣĜÿŰżƫĪƣ A vós, cabeça baixa, p’ra chamar-me
humano em geral. Transcreva, de cada autor, dois versos seguidos
ƢǀĪĜżŲǿƣŰĪŰƸÿŧÿǿƣŰÿƸŏǜÿ᠇ A vós, lado patente, quero unir-me,
A vós, cravos preciosos, quero atar-me,
No texto I: “Pois não chegam a vir à boca os tiros / Dos combates
Para ficar unido, atado e firme.
que vão dentro do peito”. No texto II: “A tua piscina está cheia
MATOS, Gregório. Buscando a Cristo. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de.
Antologia dos poetas brasileiros da fase colonial. São Paulo:
de ratos / Tuas ideias não correspondem aos fatos”.
Perspectiva, 1979. p. 56.

a) Explique como o eu lírico constrói essa argumentação, utilizando-se


da posição corporal de Cristo na cruz.
2. (UFV-MG) Leia atentamente o texto:
O eu lírico, de forma tendenciosa, usa a imagem de braços abertos
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar-te,
Te lembra hoje Deus por sua Igreja; para justificar a disponibilidade de Jesus em recebê-lo, ao mesmo
De pó te faz espelho, em que se veja tempo em que estão cravados, impedidos de castigá-lo. Essa mesma
A vil matéria, de que quis formar-te.
linha de pensamento faz com que os olhos estejam abertos para

Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te, perdoar-lhe e fechados para não o condenar. Isso prossegue em
E como o teu baixel sempre fraqueja
relação aos pés pregados, ao sangue vertido, à cabeça baixa.
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra, onde salvar-te. b) SŲģŏƢǀĪÿǿŃǀƣÿģĪĪƫƸŏŧżĪŲĜżŲƸƣÿģÿŲÿƫĪŃǀŲģÿĪƫƸƣżłĪĪ
ƸƣÿŲƫĜƣĪǜÿĪǢĪŰƠŧżƫƢǀĪÿĜżŲǿƣŰĪŰ᠇
Alerta, alerta, pois, que o vento berra.
Na segunda estrofe, há antítese: eclipsados / despertos;
Se assopra a vaidade e incha o pano,
Na proa a terra tens, amaina e ferra. abertos / fechados.
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Quem pode ser senão um verdadeiro
4. (Enem)
Deus, que veio estirpar desta cidade
Quando Deus redimiu da tirania
O Faraó do povo brasileiro.
Da mão do Faraó endurecido
DAMASCENO, D. (Org.). Melhores poemas: Gregório de Matos.
O Povo Hebreu amado, e esclarecido,
São Paulo: Globo, 2006.
Páscoa ficou da redenção o dia.
Com uma elaboração de linguagem e uma visão de mundo que apre-
Páscoa de flores, dia de alegria sentam princípios barrocos, o soneto de Gregório de Matos apresenta
Àquele Povo foi tão afligido temática expressa por
O dia, em que por Deus foi redimido;
a) visão cética sobre as relações sociais.
Ergo sois vós, Senhor, Deus da Bahia.
Pois mandado pela alta Majestade b) preocupação com a identidade brasileira.
Nos remiu de tão triste cativeiro, c) crítica velada à forma de governo vigente. Resposta: C.
Nos livrou de tão vil calamidade.
d) ƣĪǵŧĪǢĘżƫżěƣĪżƫģżŃŰÿƫģżĜƣŏƫƸŏÿŲŏƫŰż᠇
e) questionamento das práticas pagãs na Bahia.

Faça em casa
Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gre- 2. (Unesp) A exemplo do verso “A firmeza somente na inconstância.”
gório de Matos (1636-1696), para responder às questões 1 a 4. (4ÿᡰestrofe), verifica-se a quebra da lógica em:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, a) ᡆrÿƫŲż®żŧ᠁ĪŲÿhǀǭłÿŧƸĪÿǿƣŰĪǭÿ᠁ᡇᠤᙹa estrofe)
Depois da Luz se segue a noite escura,
b) “Se é tão formosa a Luz, por que não dura?” (2a estrofe)
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria. c) “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1a estrofe)
d) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1a estrofe)
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura? e) “E na alegria sinta-se tristeza.” (3a estrofe) Resposta: E.
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia? 3. (Unesp) A figura de linguagem mais recorrente nesse soneto é
a) a hipérbole.
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, b) a ironia.
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
c) o eufemismo.
d) a sinestesia.
Começa o mundo enfim pela ignorância, e) a antítese. Resposta: E.
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância. 4. (Unesp) O verso está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu
(Poemas escolhidos, 2010.) sentido original, em:
a) ᡆ żŰĪğÿżŰǀŲģżĪŲǿŰƠĪŧÿŏŃŲżƣĈŲĜŏÿ᠁ᡇᠤ aĪƫƸƣżłĪᠥᤨ£Īŧÿ
1. (Unesp)
ŏŃŲżƣĈŲĜŏÿ᠁ĪŲǿŰ᠁żŰǀŲģżĜżŰĪğÿ᠇
O soneto de Gregório de Matos aproxima-se tematicamente da citação:
b) “Em tristes sombras morre a formosura,” (1aĪƫƸƣżłĪᠥᤨłżƣŰżƫǀƣÿ
a) “Nada é duradouro como a mudança.” (Ludwig Börne, 1786-1837)
Resposta: A. morre em tristes sombras. Resposta: B.
b) “Não se deve indagar sobre tudo: é melhor que muitas coisas
c) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1aĪƫƸƣżłĪᠥᤨ®żŧŲĘż
permaneçam ocultas.” (Sófocles, 496-406 a.C.)
dura mais que um dia que nasce.
c) “Nada é mais forte que o hábito.” (Ovídio, 43 a.C.-17 d.C.)
d) “A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria.” (William d) “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1aĪƫƸƣżłĪᠥᤨ®ĪŃǀĪᠵƫĪÿ
Blake, 1757-1827) noite escura depois da Luz.
e) “Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência.” e) ᡆrÿƫŲż®żŧ᠁ĪŲÿhǀǭłÿŧƸĪÿǿƣŰĪǭÿ᠁ᡇᠤᙹĪƫƸƣżłĪᠥᤨrÿƫłÿŧƸĪÿ
(Friedrich Schiller, 1759-1805) ǿƣŰĪǭÿŲż®żŧĪŲÿhǀǭ᠇
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Literatura

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Unidade 3

5. (IFSP) Sobre o poema de Gregório de Matos abaixo, analise as assertivas. a) a vida é breve e bela, a morte é inevitável. Resposta: A.
Amor fiel b) a vida é longa e vazia, a morte é a melhor solução.
Ó tu do meu amor fiel traslado c) ÿǜŏģÿŲĘżěƣŏŧŊÿ᠁šĀƢǀĪÿŰżƣƸĪƠƣĪǜÿŧĪĜĪŲżǿŰ᠇
Mariposa entre as chamas consumida,
d) a vida é efêmera e dura, a morte é formosa.
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado. e) a vida não é penosa, se a morte se aproxima rapidamente

Tu de amante o teu fim hás encontrado, Releia o soneto “Buscando a Cristo”, de Gregório de Matos, para respon-
Essa flama girando apetecida; der às questões 7 e 8.
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado. 7. O eu lírico, ao se dirigir a Cristo, vale-se da posição deste na cruz para
construir argumentos baseados numa lógica bastante pessoal e ten-
Ambos de firmes anelando chamas, denciosa que sugere que o eu lírico seja
Tu a vida deixas, eu a morte imploro a) adorado. d) esquecido.
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.
b) amado. e) perdoado. Resposta: E.

Mas ai! que a diferença entre nós choro, c) castigado.


Pois acabando tu ao fogo, que amas,
8. A leitura do poema evoca uma característica barroca e um sentimento
Eu morro, sem chegar à luz, que adoro. evidenciado na argumentação do eu lírico. Indique a alternativa que
I. Usando a linguagem metafórica, o poeta compara o destino da relaciona essa característica e esse sentimento.
mariposa ao destino do poeta. a) Preocupação com a morte e a angústia.
II. 0ǀŰƫżŲĪƸżģĪƫĜƣŏƸŏǜżƢǀĪƸƣÿģǀǭżĜżŲǵŧŏƸżĪŲƸƣĪżƢǀĪżƠżĪƸÿ b) Religiosidade intensa e vontade. Resposta: B.
sente e o que gostaria de sentir. c) Sentimento de pessimismo e medo.
III. Encontra-se, nesses versos, uma das características do Barroco, o
d) Temor à morte e arrogância.
conceptismo, que ocorre principalmente nos poemas; é marcado pelo
e) Valorização do dia presente.
jogo de ideias, de conceitos, que utiliza uma retórica aprimorada.
É correto o que se afirma em 9. (Fuvest-SP)
a) I e III, apenas.
A certa personagem desvanecida
b) III, apenas.
Um soneto começo em vosso gabo*:
c) I, apenas. Resposta: C. Contemos esta regra por primeira,
d) II, apenas. Já lá vão duas, e esta é a terceira,
Já este quartetinho está no cabo.
e) I, II e III.

6. (UFJF-MG) Na quinta torce agora a porca o rabo;


A sexta vá também desta maneira:
Epitáfio à mesma beleza sepultada Na sétima entro já com grã** canseira,
Vemos a luz (ó caminhante espera) E saio dos quartetos muito brabo.
De todas, quantas brilham, mais pomposa,
Agora nos tercetos que direi?
Vemos a mais florida Primavera,
Direi que vós, Senhor, a mim me honrais
Vemos a madrugada mais formosa:
Gabando vos a vós, e eu fico um rei.
Vemos a gala da luzente esfera,
Vemos a flor das flores mais lustrosa Nesta vida um soneto já ditei;
Em terra, em pó, em cinza reduzida: Se desta agora escapo, nunca mais:
Quem te teme, ou te estima, ó morte, olvida. Louvado seja Deus, que o acabei.
MATOS, Gregório de. Crônica do viver baiano seiscentista. Gregório de Matos
In: Obras completas de Gregório de Matos e Guerra. Salvador: Janaína,
1969, 7 volumes, tomo III, p. 528. Adaptado.
*louvor **grande

Segundo o eu lírico do texto, duas posturas aparentemente opostas em Tipo zero


relação à morte – temer ou estimar – se aproximam quanto à motiva- Você é um tipo que não tem tipo
ção. Tanto quem a teme quanto quem a estima se esquece, fundamen- Com todo tipo você se parece
talmente, de que E sendo um tipo que assimila tanto tipo
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Passou a ser um tipo que ninguém esquece a) De temática satírica, o soneto aborda o tema da insanidade, buscando
Quando você penetra num salão
criticar a sociedade da época que não sabia lidar com a loucura, o que
E se mistura com a multidão
antecipa um tema que será abordado pelos poetas românticos.
Você se torna um tipo destacado
Desconfiado todo mundo fica b) 'ĪŏŲƫƠŏƣÿğĘżǿŧżƫŽǿĜÿ᠁żƠżĪŰÿƸƣÿƸÿģżƫģĪƫĪŲŃÿŲżƫģżĪǀŧőƣŏĜż
Que o seu tipo não se classifica frente a um mundo que não o entende e que o torna um indivíduo
Você passa a ser um tipo desclassificado solitário, muitas vezes obrigado a acompanhar a loucura “dos demais”.
Resposta: B.
c) De temática amorosa, o poema traz os lamentos do eu lírico, que,
Eu até hoje nunca vi nenhum
incapaz de conquistar o amor da mulher amada, usa o poema como
Tipo vulgar tão fora do comum
fuga da realidade, procurando na loucura, assim, uma redenção
Que fosse um tipo tão observado
para a sua dor.
Você ficou agora convencido
Que o seu tipo já está batido d) A temática religiosa aparece neste poema por meio da referência
Mas o seu tipo é o tipo do tipo esgotado a Jesus Cristo, dada já na primeira estrofe, em que a metáfora
Noel Rosa da via crucis é apresentada pelo eu lírico como retrato de seu
ƠƣŽƠƣŏżᡰƫżłƣŏŰĪŲƸż᠇
O soneto de Gregório de Matos e o samba de Noel Rosa, embora distan- e) O eu lírico expressa um sentimento de culpa diante da sua
ƸĪƫŲÿłżƣŰÿĪŲżƸĪŰƠż᠁ÿƠƣżǢŏŰÿŰᠶƫĪƠżƣŏƣżŲŏǭÿƣĪŰ impossibilidade de compreender o mundo, o que está em total
a) o processo de composição do texto. consonância com o veio religioso da obra de Gregório de Matos.
b) a própria inferioridade ante o retratado. Os versos que se seguem de Gregório de Matos são base para responder
c) a singularidade de um caráter nulo. Resposta: C. às questões 11 e 12.
d) o sublime que se oculta na vulgaridade. “Neste mundo é mais rico, o que mais rapa:
Quem mais limpo se faz, tem mais carepa:
e) a intolerância para com os gênios.
Com sua língua ao nobre o vil decepa:
O velhaco maior sempre tem capa.”
10. (UEL-PR) A partir da leitura do poema, assinale a alternativa correta.
11. (Unifesp) Nos versos, o eu lírico deixa evidente que
Queixa-se poeta que o mundo vai errado, e
a) uma pessoa se torna desprezível pela ação do nobre.
querendo emendá-lo o tem por
empreza dificultosa b) o honesto é quem mais aparenta ser desonesto.
Carregado de mim ando no mundo, c) geralmente a riqueza decorre de ações ilícitas. Resposta: C.
E o grande peso embarga-me as passadas, d) as injúrias, em geral, eliminam as injustiças.
Que como ando por vias desusadas, e) o vil e o rico são vítimas de severas injustiças
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
12. (Unifesp) Levando em consideração que, em sua produção literária,
O remédio será seguir o imundo Gregório de Matos dedicou-se também à sátira irreverente, pode-se
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas, afirmar que os versos são caracterizados
Que as bestas andam juntas mais ornadas,
a) pelo sentimentalismo, fruto da sintonia do eu lírico com
Do que anda só o engenho mais profundo.
ÿᡰƫżĜŏĪģÿģĪ᠇
Não é fácil viver entre os insanos, b) pela indiferença, decorrente da omissão do eu lírico com
Erra, quem presumir, que sabe tudo, ÿᡰƫżĜŏĪģÿģĪ᠇
Se o atalho não soube dos seus danos. c) pelo negativismo, pois o eu lírico condena a sociedade pelo viés
ģÿᡰƣĪŧŏŃŏĘż᠇
O prudente varão há-de ser mudo,
d) pela indignação, advinda de um ideal moralizante expresso pelo
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco cos demais que ser sisudo. ĪǀᡰŧőƣŏĜż᠇Resposta: D.

MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. 3. ed.


e) pela ironia, já que o eu lírico supõe que todas as pessoas
São Paulo: FTD, 1998. p. 70. ƫĘżᡰģĪƫżŲĪƫƸÿƫ᠇

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Literatura

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Unidade 3

Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 3. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.

Poética de Gregório de Matos:


mescla cultismo e conceptismo.

Poesia lírica: angústia em face Poesia satírica: crítica aberta à


da vida, da religião e do amor. sociedade baiana.

Linguagem oscila entre o


Temas: amoroso, filosófico
elegante e o vulgar. Vocabulário
e religioso.
informal e popular.

Amor: prazer e sofrimento; mulher:


anjo que tenta; carpe diem; dúvidas
e questionamentos sobre
a efemeridade da vida.

1. Indique os grandes temas compreendidos pela poesia lírica de Gregório de Matos.


Os grandes temas compreendidos pela poesia lírica de Gregório de Matos são o amor como prazer e sofrimento, os temas filosóficos

a partir do questionamento da efemeridade das coisas do mundo e a religião, centrada nos eixos: experiência mística, arrependimento e perdão.

2. Qual foi a consequência pessoal do exercício da poesia satírica de Gregório de Matos?


Pessoalmente, o poeta sofreu perseguições e foi exilado na Angola.

31

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Un
ida
de

4 A alma dos púlpitos


Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46 Inicie a jornada!
EM13LP48, EM13LP49
EM13LP52

Alessandro Cristian/Shutterstock
Nesta unidade, você
vai estudar:
• A produção literária de
padre Vieira
• Prosa e conceptismo
• A força do púlpito:
pregação e denúncia
• O sermonário de
padre Vieira

Detalhe do púlpito da Igreja da Misericórdia, importante monumento barroco, localizado em Évora, Alentejo, Portugal.

A produção literária de padre Vieira


Padre Antônio Vieira nasceu em Lisboa, Portugal, em 1608. Aos sete anos mudou-se para Salvador, Brasil, e, por
volta dos quinze anos, ingressou na Companhia de Jesus, razão pela qual adquiriu vasta cultura europeia: cristã,
católica e clássica. Regressa para Portugal em 1641, e lá passa parte de sua vida, só retornando ao Brasil em 1680.
Morreu no Colégio da Bahia, aos 89 anos, em 18 de julho de 1697.
A vida e a obra de Vieira foram marcadas por uma postura política que mistura a formação católica e a aguçada
visão crítica. Esse comportamento causou sérios desagrados em relação a poderosos leigos e religiosos. Em Portugal,
por defender o retorno dos judeus, foi condenado pela Inquisição e, no Brasil, por ser contra a escravização dos
indígenas, foi perseguido pelos colonos.
Padre Antônio Vieira foi um grande orador e o principal responsável pelo desenvolvimento da prosa no período
Barroco. Produziu sermões, cartas e textos proféticos. Os sermões, sua maior contribuição literária, revelaram posturas
polêmicas, como a defesa do direito de a Colônia seguir o próprio caminho, alheia aos termos da vida europeia
e seu sistema mercantil. Também expressaram a intenção de intervir socialmente para corrigir erros e injustiças.
É considerado um dos maiores nomes do Barroco português e brasileiro.
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Literatura

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Unidade 4

Anotações
As cartas, ainda que sejam textos menos conhecidos pelo público em geral, representam numericamente a maior
parcela de escritos de Vieira. São aproximadamente setecentos textos epistolares que comprovam a intensa relação
que o religioso manteve com pessoas-chave em processos decisórios. Essas cartas, como crônicas dos principais
temas que movimentavam o império português, expõem questões significativas para compreender o contexto da
época e o posicionamento de seu autor em relação a elas. São correspondências enviadas a diferentes destinatários –
jesuítas, diversas hierarquias da Igreja, fidalgos e monarcas –, tratando de política, comentários sobre a vida social e
interpretações das escrituras bíblicas.
Sua obra apresenta ainda textos proféticos sobre o Sebastianismo. Esse movimento surgiu em Portugal logo
após o desaparecimento do rei dom Sebastião. Com sua morte, o trono português ficou sem herdeiro direto.
O movimento defendia a ideia de que o rei não havia morrido, mas sido levado ao céu e retornaria para resgatar
a glória de Portugal e restabelecer seu império. Padre Vieira era adepto do movimento sebastianista e escreveu
obras em que o defendia.

Prosa e conceptismo
A prosa de padre Antônio Vieira é marcada fortemente pela prática conceptista. O conceptismo nasce da busca do
conhecimento interno do objeto, valorizando o conteúdo e promovendo um jogo de ideias. Esse exercício racional se
dá na esfera do pensamento, dos conceitos e das analogias. No lugar do encantamento pelos sentidos e pelas formas,
usam-se a inteligência, a lógica e o raciocínio como elementos de sedução.
Francisco Quevedo, escritor espanhol, é a melhor referência para se entender o que foi o conceptismo. No caso
específico da obra de Vieira, usou-se esse recurso com intenção de promover a reflexão para convencer e ensinar,
levando o leitor/ouvinte a uma direção predeterminada. Para isso, o autor criou extensas “redes” metafóricas, a partir
das quais foi traçando sua linha de pensamento e persuasão. Vale lembrar que, da mesma forma que Gregório de
Matos, padre Vieira também mesclou o conceptismo com o cultismo, cada um enfatizando o recurso retórico que
melhor se adequava à sua prática de escrita e de persuasão.
Observe, no excerto a seguir, como padre Antônio Vieira trata do papel do pregador, empregando o conceptismo.

Sermão da Sexagésima
[...] Mas pergunto: E se esse semeador evangélico, quando saiu, achasse o campo tomado; se se ar- Professor, incentive os alu-
nos a lerem o Sermão da
massem contra ele os espinhos; se se levantassem contra ele as pedras, e se lhe fechassem os caminhos Sexagésima.
que havia de fazer? Todos estes contrários que digo e todas estas contradições experimentou o semeador
do nosso Evangelho. Começou ele a semear (diz Cristo), mas com pouca ventura. «Uma parte do trigo caiu
entre espinhos, e afogaram-no os espinhos»: Aliud cecidit inter spinas et simul exortae spinae suffocaverunt
illud. Outra parte caiu sobre pedras, e secou-se nas pedras por falta de humidade»: Aliud cecidit super
petram, et natum aruit, quia non habebat humorem. «Outra parte caiu no caminho, e pisaram-no os homens
e comeram-no as aves»: Aliud cecidit secus viam, et conculcatum est, et volucres coeli comederunt illud. Ora
vede como todas as criaturas do Mundo se armaram contra esta sementeira. Todas as criaturas quantas
há no Mundo se reduzem a quatro géneros: criaturas racionais, como os homens; criaturas sensitivas,
como os animais; criaturas vegetativas, como as plantas; criaturas insensíveis, como as pedras; e não há
mais. Faltou alguma destas que se não armasse contra o semeador? Nenhuma. A natureza insensível
o perseguiu nas pedras, a vegetativa nos espinhos, a sensitiva nas aves, a racional nos homens. E notai
a desgraça do trigo, que onde só podia esperar razão, ali achou maior agravo. As pedras secaram-no, os
espinhos afogaram-no, as aves comeram-no; e os homens? Pisaram-no: Conculcatum est. Ab hominibus
(diz a Glossa).
Quando Cristo mandou pregar os Apóstolos pelo Mundo, disse-lhes desta maneira: Euntes in mundum
universum, praedicate omni creaturae: «Ide, e pregai a toda a criatura». Como assim, Senhor?! Os animais
não são criaturas?! As árvores não são criaturas?! As pedras não são criaturas?! Pois hão os Apóstolos de
pregar às pedras?! Hão-de pregar aos troncos?! Hão-de pregar aos animais?! Sim, diz S. Gregório, depois
de Santo Agostinho. Porque como os Apóstolos iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bár-
baras e incultas, haviam de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de
achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam
de achar homens pedras. E quando os pregadores evangélicos vão pregar ar a toda a criatura, que se ar-
mem contra eles todas as criaturas?! Grande desgraça!
VIEIRA, Antônio. Sermão da Sexagésima. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000034.pdf.
Acesso em: 3 maio 2021

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Observe que Vieira, para tratar a arte de pregar, expõe o Leia, a seguir, um exemplo de texto em que se mesclam as intenções
tema expressando várias ideias que lhe permitem ir construindo de pregação e denúncia. Neste excerto, padre Vieira utiliza um recurso
gradativamente a tese que defenderá ao final do texto. O conteúdo que se repete em seus sermões: as frases interrogativas em momentos
exposto solicita grande esforço intelectual dos leitores/ouvintes, porque específicos de seu discurso. Sua intensão era provocar, no público, a re-
é articulado por meio de vários conceitos e expressões em latim, como flexão sobre o tema que, neste caso, apelava para uma questão moral
era costume na época. Como a intenção era persuadir didaticamente o que afetava o campo individual e o social. Observe como, neste frag-
espectador, a cada parágrafo, o sermonista ia agregando informações mento, há um contraste importante no texto, ao comparar a atitude dos
que eram recolhidas em parágrafos posteriores, para concretizar o jogo imperadores conquistando territórios e a conduta de pequenos ladrões.
racional traçado pelo autor.
Nessa parte do texto, Vieira trata da tarefa de divulgação do pre- Sermão do Bom Ladrão
gador, independentemente das condições encontradas, se a intenção […]
é seguir o Evangelho. Por se tratar de um texto de certa natureza me- O texto de Santo Agostinho fala geralmente de todos os rei-
tafórica, o evangélico explica as metáforas “criatura, espinhos, pedras nos, em que são ordinárias semelhantes opressões e injustiças,
e caminho”, clareando seu sentido no contexto da pregação. As várias e diz que, entre os tais reinos e as covas dos ladrões — a que o
santo chama latrocínios — só há uma diferença. E qual é? Que
perguntas são também recursos retóricos para manter a atenção do es-
os reinos são latrocínios, ou ladroeiras grandes, e os latrocínios,
pectador/leitor, que deve acompanhar com interesse o raciocínio que ou ladroeiras, são reinos pequenos: Sublata justitia, quid sunt
está sendo desenvolvido. regna, nisi magna latrocinia? Quia et latrocinia quid sunt, nisi parva
regna? É o que disse o outro pirata a Alexandre Magno. Nave-
Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6 gava Alexandre em uma poderosa armada pelo Mar Eritreu a
conquistar a Índia, e como fosse trazido à sua presença um pi-
rata que por ali andava roubando os pescadores, repreendeu-o
A força do púlpito: pregação e denúncia muito Alexandre de andar em tão mau ofício; porém, ele, que
não era medroso nem lerdo, respondeu assim. — Basta, senhor,
Para se entender o papel dos sermões na época colonial, é importante que eu, porque roubo em uma barca, sou ladrão, e vós, porque
recordar que, no Brasil do século XVII, a Igreja e as instituições ligadas a ela roubais em uma armada, sois imperador? — Assim é. O roubar
eram um dos poucos espaços de formação e de informação frequentados pouco é culpa, o roubar muito é grandeza; o roubar com pouco
pela população em geral. Por isso, eram espetáculos de alta qualidade poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres. Mas
retórica, exigindo do clérigo performance dramática, seja no altar ou nos Sêneca, que sabia bem distinguir as qualidades e interpretar
púlpitos, pontos estratégicos que elevavam o orador a uma altura capaz as significações, a uns e outros definiu com o mesmo nome:
Eodem loco pone latronem et piratam, quo regem animum latronis et
de deixá-lo ser visto e ouvido por todos.
piratae habentem. Se o Rei de Macedônia, ou qualquer outro, fizer
As igrejas se enchiam de fieis ávidos por um evento social gra- o que faz o ladrão e o pirata, o ladrão, o pirata e o rei, todos têm
tuito, dada a relevância desse gênero na vida social. Os sermões ser- o mesmo lugar, e merecem o mesmo nome.
viam à propagação religiosa e à edificação moral, ao mesmo tempo
VIEIRA, Antônio. Sermão do Bom Ladrão. Disponível em: www.
que funcionavam como propulsores de discussão política. Além dis- dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000025pdf.pdf.
so, por sua natureza oral, alcançavam grande parcela da população, Acesso em: 1 maio 2021.
que era analfabeta.
A produção literária de padre Antônio Vieira sempre revelou sua
preocupação com o entorno e, por isso, são vários os exemplos de tex-
żŲƸĪǢƸǀÿŧŏǭĪĜżŰƫĪǀƫĜżŧĪŃÿƫÿÿƸǀÿŧŏģÿģĪģĪƫƫÿÿǿƣŰÿğĘż᠇
tos em que ele adequou as referências bíblicas e religiosas à realidade
que tratava. Muitas vezes, seus textos denunciaram situações sociais que
contrariavam sua formação e crenças humanistas. Por exemplo: depois O sermonário de padre Vieira
que ele retornou ao Brasil, em 1652, passou a defender, em suas prega-
Em 1681, padre Vieira retornou a Salvador e passou a revisar e
ções, o fim da escravidão. Isso despertou muito incômodo nos senhores
organizar os mais de duzentos sermões que compõem sua obra.
de engenho e donos de escravos. Estudos revelam que o tratamento dado
Nessa época, passou a exercer altos cargos na burocracia jesuíta.
à escravidão indígena e africana era diferenciado, em função das inten-
Seus sermões mais conhecidos são: Sermão da Sexagésima, Sermão
ções da catequese jesuítica.
pelo bom sucesso das Armas de Portugal contra as de Holanda e Sermão de
Professor, incentive os alunos a assistirem a dois vídeos que abor- ®ÿŲƸżᡴŲƸƀŲŏżÿżƫƠĪŏǢĪƫ᠑
dam a questão da denúncia da escravidão por padre Vieira.
Professor, incentive os alunos a visitarem o endereço eletrônico
para conhecer alguns sermões de padre Vieira.

Regressando novamente a Portugal, seu ideal de liberdade religiosa


também incomodou a Inquisição, que o considerou herege, ocasionando
sua prisão, em 1666. Depois de anistiado, em 1667 foi para Roma, onde Leia o texto a seguir para compreender melhor o contexto de produ-
passou a denunciar os abusos da Inquisição portuguesa. ção das centenas de sermões escritos por padre Antônio Vieira.
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Literatura

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Unidade 4

[…] dais. Tirais estas terras aos portugueses a quem nos princípios
Sem dúvida, porém, os sermões são os textos pelos quais as destes; e bastava dizer a quem as dais, para perigar o crédi-
Vieira é principalmente conhecido, embora os considerasse to de vosso nome, que não podem dar nome de liberal mercês
uma parte menor de sua obra escrita […]. Tais sermões foram com arrependimento. Para que nos disse S. Paulo, que vós, Se-
pronunciados ao longo de toda sua vida, desde 1633, quando nhor, “quando dais, não vos arrependeis”: Sine paenitentia enim
pregou pela primeira vez na Igreja da Conceição da Praia em sunt dona Dei? Mas deixado isto à parte: tirais estas terras àqueles
Salvador, aos 25 anos de idade, até 1697, ano da sua morte. Ape- mesmos portugueses a quem escolhestes entre todas as nações
sar disso, Vieira só começou a organizá-la para serem impres- do Mundo para conquistadores da vossa Fé, e a quem destes por
sos a partir de 1670 quando, retirado da corte, recebeu ordens armas como insígnia e divisa singular vossas próprias chagas.
expressas do Padre Geral da Companhia de Jesus para fazê-lo. E será bem, Supremo Senhor e Governador do Universo, que
às sagradas quinas de Portugal e às armas e chagas de Cristo,
Assim, o primeiro volume dos Sermões foi editado em 1679,
sucedam as heréticas listas de Holanda, rebeldes a seu rei e a
revisado pelo próprio Vieira, do mesmo modo que os doze se-
Deus? Será bem que estas se vejam tremular ao vento vitoriosas,
guintes. O último deles foi publicado postumamente: a nau que
e aquelas abatidas, arrastadas e ignominiosamente rendidas? Et
levava para Portugal a notícia do seu falecimento levava também
quid facies magno nomini tuo? E que fareis (como dizia Josué) ou
os originais desse último volume corrigido. Mais tarde, editaram-
que será feito de vosso glorioso nome em casos de tanta afronta?
-se ainda dois volumes, com rascunhos encontrados em seu es-
pólio, perfazendo ao todo 190 sermões em quinze volumes […]. Tirais também o Brasil aos portugueses, que assim estas
terras vastíssimas, como as remotíssimas do Oriente, as con-
Estudos recentes têm mostrado que, para publicação, Vieira
quistaram à custa de tantas vidas e tanto sangue, mais por
modificou, eliminou ou incluiu certas passagens nos sermões,
dilatar vosso nome e vossa Fé (que esse era o zelo daqueles
que não podiam ter sido proferidas como tais na ocasião em que
cristianíssimos reis) que por amplificar e estender seu império.
os pregou […]. Isso é importante por lembrar que os Sermões não
Assim fostes servido que entrássemos nestes novos mundos,
podem ser considerados espelho fiel de pregações efetivamente
tão honrada e tão gloriosamente, e assim permitis que saia-
pronunciadas, visto que muitos o haviam sido trinta ou quaren-
ta anos antes, e sendo que Vieira pregava apenas com o auxílio mos agora (quem tal imaginaria de vossa bondade!), com tanta
de apontamentos; só no momento em que foram reformulados afronta e ignomínia! Oh! como receio que não falte quem diga
para publicação ganharam então o estatuto de discursos escri- o que diziam os egípcios: Callide eduxit eos, ut interficeret et deleret
tos, com qualidades literárias específicas de textos, e que, ape- e terra. Que a larga mão com que nos destes tantos domínios e
nas em parte, recuperam os sentidos do discurso oral. reinos não foram mercês de vossa liberalidade, senão cautela e
dissimulação de vossa ira, para aqui fora e longe de nossa Pátria
MUHANA. Adma. Padre Vieira: quando o púlpito é teatro. In: Caderno
nos matardes, nos destruirdes, nos acabardes de todo. Se esta
EntreLivros, n. 5, Literatura Portuguesa, São Paulo, Duetto, 2004. p. 28-29.
havia de ser a paga e o fruto de nossos trabalhos, para que foi
Leia o excerto do Sermão pelo bom sucesso das Armas de Portugual contra o trabalhar, para que foi o servir, para que foi o derramar tan-
to e tão ilustre sangue nestas conquistas? Para que abrimos os
as de Holanda, escrito em função da tentativa de invasão de Salvador pelos
mares nunca dantes navegados? Para que descobrimos as re-
holandeses, em 1640. Em uma de suas pregações mais veementes, feita giões e os climas não conhecidos? Para que contrastamos os
na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, Vieira se dirige a Deus para que ventos e as tempestades com tanto arrojo, que apenas há bai-
interceda em favor dos portugueses contra os inimigos. E é atendido, já xio no Oceano, que não esteja infamado com miserabilíssimos
que Maurício de Nassau desiste da invasão e deixa a região. naufrágios de portugueses? E depois de tantos perigos, depois
Exurge quare obdormis, Domine? Exurge, et ne repellas in finem. de tantas desgraças, depois de tantas e tão lastimosas mortes,
Quare faciem tuam avertis, ou nas praias desertas sem sepultura, ou sepultados nas entra-
nhas dos alarves, das feras, dos peixes, que as terras que assim
oblivisceris inopiae nostrae et tribulationis nostrae? Exurge,
ganhamos, as hajamos de perder assim? Oh! quanto melhor
Domine, adjuva nos et redime nos propter nomen tuum. (Salmo XLIII)1
nos fora nunca conseguir, nem intentar tais empresas!
I
VIEIRA, Antônio. Sermão pelo bom sucesso das Armas de Portugal contra as
Com estas palavras piedosamente resolutas, mais protes- de Holanda. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
tando, que orando, dá fim o Profeta Rei ao Salmo quarenta e bv000031.pdf. Acesso em: 1 maio 2021.
três. Salmo, que desde o princípio até o fim, não parece senão
cortado para os tempos e ocasião presente. O Doutor Máximo 1. Tradução livre da parte inicial: “Levanta-te! Por que dormes, Senhor?
S. Jerônimo, e depois dele os outros expositores, dizem que se Levanta-te e não repilas para sempre. Porque voltas a face? Esqueces-te
entende à letra de qualquer reino ou província católica, destru- da nossa miséria e da nossa tribulação? Levanta-te, Senhor, ajuda-nos e
ída e assolada por inimigos da Fé. Mas entre todos os reinos do
redime-nos por amor de teu nome.”
Mundo a nenhum lhe quadra melhor que ao nosso Reino
de Portugal; e entre todas as províncias de Portugal a nenhuma
vem mais ao justo que à miserável província do Brasil. Vamos
lendo todo o Salmo, e em todas as cláusulas dele veremos re- Comente com seus colegas de sala sobre a importância da
tratadas as da nossa fortuna: o que fomos e o que somos. ƣĪƸŽƣŏĜÿƠÿƣÿƫŏƸǀÿğƛĪƫĜżŰżÿƫǜŏǜŏģÿƫƠĪŧżƫěƣÿƫŏŧĪŏƣżƫ᠁ƢǀÿŲģż
[…] se proferiu o Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra
III as de Holanda.
Considerai, Deus meu – e perdoai-me, se falo inconsiderada-
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12
mente – considerai a quem tirais as terras do Brasil e a quem as
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Faça em sala
1. ᠤÃłƫĜÿƣᠵ®£ᠥ/ŰƠÿģƣĪßŏĪŏƣÿłǀŲģĪŰᠵƫĪÿłżƣŰÿğĘżšĪƫǀőƸŏĜÿĪÿĪƫ- c) Segundo o Novo Dicionário Aurélio Básico da Língua Portuguesa,
ƸīƸŏĜÿěÿƣƣżĜÿ᠁ƢǀĪƫĪŰÿƸĪƣŏÿŧŏǭÿŰĪŰƫĪƣŰƛĪƫĜżŲƫŏģĪƣÿģżƫÿĪǢ- ᡆƫĪƣŰĘżᡇīǀŰᡆģŏƫĜǀƣƫżƣĪŧŏŃŏżƫżŃĪƣÿŧŰĪŲƸĪƠƣĪŃÿģżŲżƠǁŧƠŏƸżᡇ᠇
ƠƣĪƫƫĘżŰĀǢŏŰÿģżÿƣƣżĜżĪŰƠƣżƫÿƣĪŧŏŃŏżƫÿĪŰŧőŲŃǀÿƠżƣƸǀŃǀĪ- 'ĪƢǀĪłżƣŰÿżÿǀƸżƣƣĪƠƣżģǀǭ᠁ŲżƸĪǢƸżĪƫĜƣŏƸż᠁ĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫ
ƫÿ᠁ĪǀŰÿģÿƫŰÿŏƫŏŰƠżƣƸÿŲƸĪƫĪǢƠƣĪƫƫƛĪƫŏģĪżŧŽŃŏĜÿƫĪŧŏƸĪƣĀƣŏÿƫ próprias do discurso falado?
da Contrarreforma. O sermão é uma peça de oratória, isto é, trata-se de um texto
Ora, suposto que já somos pó, e não pode deixar de ser, falado. Isso se percebe no uso da primeira pessoa do plural (nós) e
pois Deus o disse, perguntar-me-eis, e com muita razão, em
que nos distinguimos logo os vivos dos mortos? Os mortos são no uso de interrogativas, que são “provocações” para reflexão dos
pó, nós também somos pó: em que nos distinguimos uns dos interlocutores.
outros? Distinguimo-nos os vivos dos mortos, assim como se
distingue o pó do pó. Os vivos são pó levantado, os mortos são
pó caído, os vivos são pó que anda, os mortos são pó que jaz: d) ƸĪǢƸżÿƠƣĪƫĪŲƸÿǀŰÿƣĪŧÿğĘżģĪżƠżƫŏğĘżĪŲƸƣĪĪƫƸÿƸŏĜŏģÿģĪĪ
Hic jacet*. Estão essas praças no verão cobertas de pó: dá um pé ŰżǜŏŰĪŲƸż᠇SŲģŏƢǀĪ᠁ŲżƸƣĪĜŊżģĪƫƸÿĜÿģżĪŰŰÿŏǁƫĜǀŧż᠁Ƣǀÿŧ
de vento, levanta-se o pó no ar e que faz? O que fazem os vivos,
ģĪƫƫÿƫŏģĪŏÿƫīÿěżƣģÿģÿĪÿłżƣŰÿģĪĜżŲƫƸƣǀğĘżģĪƠĪƣőżģż
e muito vivos. NÃO AQUIETA O PÓ, NEM PODE ESTAR QUEDO:
utilizada para exprimi-la.
ANDA, CORRE, VOA; ENTRA POR ESTA RUA, SAI POR AQUELA;
JÁ VAI ADIANTE, JÁ TORNA ATRÁS; TUDO ENCHE, TUDO CO- Os verbos utilizados no trecho são verbos de ação, sugerindo
BRE, TUDO ENVOLVE, TUDO PERTURBA, TUDO  TOMA, TUDO dinamicidade. As orações são coordenadas e criam, por isso, a mesma
CEGA, TUDO PENETRA, EM TUDO E POR TUDO SE METE, SEM
noção, pois indicam rapidez.
AQUIETAR NEM SOSSEGAR UM MOMENTO, ENQUANTO O
VENTO DURA. Acalmou o vento: cai o pó, e onde o vento pa-
rou, ali fica; ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um
2. (Enem) No Sermão da Sexagésima᠁ƠÿģƣĪŲƸƀŲŏżßŏĪŏƣÿƢǀĪƫƸŏżŲÿÿĪłŏ-
telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha. ĜĀĜŏÿ ģÿƫ ƠƣĪŃÿğƛĪƫ᠇ £ÿƣÿ ƸÿŲƸż᠁ ÿƠƣĪƫĪŲƸÿ ĜżŰż ĪƫƸƣÿƸīŃŏÿ ģŏƫĜǀƣƫŏǜÿ
Não é assim? Assim é. ƫǀĜĪƫƫŏǜÿƫŏŲƸĪƣƣżŃÿğƛĪƫ᠁ÿƫƢǀÿŏƫƸįŰƠżƣżěšĪƸŏǜżƠƣŏŲĜŏƠÿŧ
VIEIRA, Antônio. Trecho do Cap. V do Sermão da Quarta-Feira de Cinza.
Apud: Sermões de padre Antônio Vieira. São Paulo: Núcleo, 1994, p. 123-4. Sermão da Sexagésima
Nunca na Igreja de Deus houve tantas pregações, nem
* Hic jacet: aqui jaz.
tantos pregadores como hoje. Pois se tanto se semeia a palavra
a) żŰĪŲƸĪżƫƣĪĜǀƣƫżƫģĪŧŏŲŃǀÿŃĪŰƢǀĪĜżŲłĪƣĪŰÿżƸĪǢƸż de Deus, como é tão pouco o fruto? Não há um homem que em
ĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģżÿƣƣżĜż᠇ um sermão entre em si e se resolva, não há um moço  que
O autor faz uma oposição de ideias, típica do conceptismo, como em: se arrependa, não há um velho que se desengane. Que é isto?
Assim como Deus não é hoje menos onipotente, assim a sua
“pó levantado”/“pó caído”. Utiliza também paradoxos: “Distinguimo-
palavra não é hoje menos poderosa do que dantes era. Pois se
-nos os vivos dos mortos, assim como se distingue o pó do pó”. Na a palavra de Deus é tão poderosa; se a palavra de Deus tem
hoje tantos pregadores, por que não vemos hoje nenhum fru-
construção do texto usa anáforas (repetição no início de orações):
to da palavra de Deus? Esta, tão grande e tão importante dú-
“TUDO ENCHE, TUDO COBRE, TUDO ENVOLVE, TUDO PERTURBA, vida, será a matéria do sermão. Quero começar pregando-me
a mim. A mim será, e também a vós; a mim, para aprender a
TUDO TOMA…”, e polissíndetos (repetição de conjunção – ou, no
pregar; a vós, que aprendais a ouvir.
fragmento): “… ou dentro de casa, ou na rua, ou em cima de um VIEIRA, A. Sermões Escolhidos, v. 2. São Paulo: Edameris, 1965.
telhado, ou no mar, ou no rio, ou no monte, ou na campanha”.
a) ƠƣżǜżĜÿƣÿŲĪĜĪƫƫŏģÿģĪĪżŏŲƸĪƣĪƫƫĪģżƫǿīŏƫƫżěƣĪżĜżŲƸĪǁģżƢǀĪ
b) ŲƸĪƫģĪŏŲŏĜŏÿƣƫǀÿƠƣĪŃÿğĘż᠁ßŏĪŏƣÿłǀŲģÿŰĪŲƸÿᠵƫĪŲǀŰ ƫĪƣĀÿěżƣģÿģżŲżƫĪƣŰĘż᠇Resposta: A.
ÿƣŃǀŰĪŲƸżƢǀĪ᠁ģżƠżŲƸżģĪǜŏƫƸÿƣĪŧŏŃŏżƫż᠁ŰżƫƸƣÿᠵƫĪ b) ĜżŲģǀǭŏƣżŏŲƸĪƣŧżĜǀƸżƣđƫǀÿƠƣŽƠƣŏÿƣĪǵŧĪǢĘżƫżěƣĪżƫƸĪŰÿƫ
ŏŲĜżŲƸĪƫƸĀǜĪŧ᠇¼ƣÿŲƫĜƣĪǜÿĪƫƫĪÿƣŃǀŰĪŲƸż᠇ ÿěżƣģÿģżƫŲÿƫƠƣĪŃÿğƛĪƫ᠇
O autor utiliza um argumento de autoridade: “e não pode deixar de c) ÿƠƣĪƫĪŲƸÿƣƢǀĪƫƸŏżŲÿŰĪŲƸżƫƠÿƣÿżƫƢǀÿŏƫÿSŃƣĪšÿŲĘż
ser, pois Deus o disse”. ƠżƫƫǀŏᡰƣĪƫƠżƫƸÿƫ᠇
d) ŏŲƫĪƣŏƣÿƣŃǀŰĪŲƸżƫđƸĪƫĪģĪłĪŲģŏģÿƠĪŧżƠƣĪŃÿģżƣƫżěƣĪÿĪǿĜĀĜŏÿ
ģÿƫƠƣĪŃÿğƛĪƫ᠇
e) ƢǀĪƫƸŏżŲÿƣÿŏŰƠżƣƸĈŲĜŏÿģÿƫƠƣĪŃÿğƛĪƫłĪŏƸÿƫƠĪŧÿSŃƣĪšÿģǀƣÿŲƸĪ
żƫƫĪƣŰƛĪƫ᠇
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Unidade 4

3. Leia o trecho do Sermão da sexagésima, um dos mais famosos de padre b) ƢǀĪģĪǜĪłÿǭĪƣżŧĪŏƸżƣƠÿƣÿÿĜżŰƠÿŲŊÿƣżƣÿĜŏżĜőŲŏżģżÿǀƸżƣ᠈


ßŏĪŏƣÿ᠁ĪƣĪƫƠżŲģÿđƫƢǀĪƫƸƛĪƫƠƣżƠżƫƸÿƫ᠇ O leitor deve ler o texto com muita atenção para compreender a
Fazer pouco fruto a palavra de Deus no Mundo, pode pro- evolução das ideias, que se sustenta em conjuntos de três ideias que
ceder de um de três princípios: ou da parte do pregador, ou
da parte do ouvinte, ou da parte de Deus. Para uma alma se se abrem a outras três e assim por diante.
converter por meio de um sermão, há-de haver três concur-
sos: há-de concorrer o pregador com a doutrina, persuadin- 4. SŧǀƫƸƣĪżƣÿĜŏżĜőŲŏżģĪƠÿģƣĪßŏĪŏƣÿ᠁ĜżŰƠŧĪƸÿŲģżżŰÿƠÿŰĪŲƸÿŧÿƫĪŃǀŏƣ᠇
do; há-de concorrer o ouvinte com o entendimento, perce-
bendo; há-de concorrer Deus com a graça, alumiando. Para
Fazer pouco fruto à
um homem se ver a si mesmo, são necessárias três coisas: palavra de Deus no
olhos, espelho e luz. Se tem espelho e é cego, não se pode ver Mundo e converter
por falta de olhos; se tem espelho e olhos, e é de noite, não se uma alma
pode ver por falta de luz. Logo, há mister luz, há mister espe-
lho e há mister olhos. Que coisa é a conversão de uma alma,
senão entrar um homem dentro em si e ver-se a si mesmo? pregador ouvinte Deus
Para esta vista são necessários olhos, é necessária luz e é ne-
cessário espelho. O pregador concorre com o espelho, que é
a doutrina; Deus concorre com a luz, que é a graça; o homem doutrina, entendimento, graça,
concorre com os olhos, que é o conhecimento. Ora suposto persuasão percepção iluminação
que a conversão das almas por meio da pregação depende
destes três concursos: de Deus, do pregador e do ouvinte, por
espelho luz olhos
qual deles devemos entender que falta? Por parte do ouvinte,
ou por parte do pregador, ou por parte de Deus?
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/ doutrina graça conhecimento
texto/bv000034.pdf. Acesso em: 1 maio 2021.

a) /ǢƠŧŏƢǀĪżšżŃżģĪŏģĪŏÿƫƠƣĪƫĪŲƸĪŲżƸƣĪĜŊż᠇
Professor, o desenho do mapa é ilustrativo. Os alunos podem abrir novos
Padre Vieira constrói uma tese objetiva, a partir de três princípios, para campos, de acordo com a percepção de cada um.

explicar a razão de a palavra de Deus não chegar adequadamente aos

fiéis.

Faça em casa
1. ᠤÃF¦G®ᠵ¦®ᠥ żŰƣĪŧÿğĘżÿżÿƣƣżĜżěƣÿƫŏŧĪŏƣż᠁ÿƫƫŏŲÿŧĪÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿŏŲĜżƣƣĪƸÿ᠇ 2. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa incorreta sobre o Sermão da sexagésima.
a) Os Sermões, do padre Antônio Vieira, elaborados numa linguagem a) Pregado em 1655, na capela real de Lisboa, é chamado “A palavra
ĜżŲĜĪƠƸŏƫƸÿ᠁ƣĪǵŧĪƸŏƣÿŰÿƫƠƣĪżĜǀƠÿğƛĪƫģżÿǀƸżƣĜżŰƠƣżěŧĪŰÿƫ ģĪ'ĪǀƫᡇĪƸƣÿƸÿģÿÿƣƸĪģĪƠƣĪŃÿƣ᠇ żŲģĪŲÿŲģżżĪǢŏěŏĜŏżŲŏƫŰż
ěƣÿƫŏŧĪŏƣżƫģÿīƠżĜÿ᠁ƠżƣĪǢĪŰƠŧż᠁ÿĪƫĜƣÿǜŏģĘż᠇ ģÿƢǀĪŧĪƫƢǀĪƠƣÿƸŏĜÿǜÿŰǀŰÿƫĪƣŰżŲőƫƸŏĜÿżƣŲÿŰĪŲƸÿŧ᠁
b) ƫĜżŲǵŧŏƸżƫīƸŏĜżƫǜŏǜŏģżƫƠĪŧżŊżŰĪŰģżÿƣƣżĜż interessados no aplauso da corte, Vieira ironizava: “Ah Pregadores!
ĜżƣƣĪƫƠżŲģĪƣÿŰ᠁ŲÿłżƣŰÿŧŏƸĪƣĀƣŏÿ᠁ÿżǀƫżĪǢÿŃĪƣÿģżģĪƠÿƣÿģżǢżƫ żƫģĪĜĀ᠁ÿĜŊÿƣᠵǜżƫᠵĪŏƫĜżŰŰÿŏƫ£ÿğż᠒żƫģĪŧĀ᠁ĜżŰŰÿŏƫƠÿƫƫżƫ᠇᠇᠇ᡇ
ĪŏŲǜĪƣƫƛĪƫƫŏŲƸĀƸŏĜÿƫ᠇ b) tÿĜŏƸÿğĘżĜżŲƸŏģÿŲÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿÿŲƸĪƣŏżƣ᠁ŲżƸÿᠵƫĪżǀƫżģÿƫǿŃǀƣÿƫ᠀
c) ƠżĪƫŏÿěÿƣƣżĜÿłżŏÿĜżŲǿƣŰÿğĘż᠁ŲżƠŧÿŲżĪƫƸīƸŏĜż᠁ģżƫƠƣĪĜĪŏƸżƫ ÿƠŽƫƸƣżłĪ᠁ÿŲƸőƸĪƫĪ᠁ǭĪǀŃŰÿ᠁ƸƣżĜÿģŏŧŊżĪŏƣżŲŏÿ᠇/ƫƫÿĜżŲĜĪŲƸƣÿğĘż
ƣĪŲÿƫĜĪŲƸŏƫƸÿƫģĪŊÿƣŰżŲŏÿĪĪƢǀŏŧőěƣŏż᠁ǜŏŃĪŲƸĪƫŲÿ/ǀƣżƠÿŲż ģĪǿŃǀƣÿƫ᠁ƸőƠŏĜÿģżÿƣƣżĜż᠁īĪǢĪŰƠŧżģĪǀŰÿĜżŲƸƣÿģŏğĘżģĪƫƫĪ
ƫīĜǀŧżåßS᠁ƢǀĪĜŊĪŃÿƣÿŰÿżƣÿƫŏŧŲżƫīĜǀŧżåßSS᠁ÿģÿƠƸÿģżƫ᠁ ƫĪƣŰĘż᠁ǀŰÿǜĪǭƢǀĪĜżŲģĪŲÿżżƣŲÿŰĪŲƸÿŧŏƫŰżĜǀŧƸŏƫƸÿĪ᠁ŰĪƫŰż
ĪŲƸĘż᠁đƣĪÿŧŏģÿģĪŲÿĜŏżŲÿŧ᠇Resposta: C. assim, o pratica.
d) ÃŰģżƫƸĪŰÿƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫģżÿƣƣżĜżīÿĪłĪŰĪƣŏģÿģĪģÿǜŏģÿ᠁ c) ĜżŲƸƣÿģŏğĘżÿƠżŲƸÿģÿŲÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿᡆěᡇĪǢƠŧŏĜÿᠵƫĪƠĪŧżłÿƸżģĪż
ƢǀĪƫƸĘżƢǀĪłżŏƸƣÿƸÿģÿŲżģŏŧĪŰÿģĪǜŏǜĪƣżŰżŰĪŲƸżƠƣĪƫĪŲƸĪĪ᠁ ÿƸÿƢǀĪģĪßŏĪŏƣÿǜżŧƸÿƣᠵƫĪŲĘżƠƣżƠƣŏÿŰĪŲƸĪĜżŲƸƣÿżƫĪŧĪŰĪŲƸżƫ
ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna. łżƣŰÿŏƫģżĪƫƸŏŧż᠁ŰÿƫĜżŲƸƣÿÿŰÿŲŏƠǀŧÿğĘżģĪƫƫĪƫĪŧĪŰĪŲƸżƫ
e) ĪƫĜǀŧƸǀƣÿěÿƣƣżĜÿƸĪǜĪŲżƣÿƫŏŧżŲżŰĪģĪŲƸƀŲŏżFƣÿŲĜŏƫĜż para realizar propósitos alheios ao verdadeiro zelo apostólico. Essa
hŏƫěżÿ᠁żŧĪŏšÿģŏŲŊż᠁ƢǀĪ᠁ŲżƫīĜǀŧżåßSS᠁ĪŧÿěżƣżǀǀŰÿÿƣƸĪģĪ ĜƣőƸŏĜÿƸŏŲŊÿĜżŰżÿŧǜżżƫƠÿģƣĪƫģżŰŏŲŏĜÿŲżƫ᠁ƣŏǜÿŏƫģżƫšĪƫǀőƸÿƫ᠁Ī
ƸĪŰÿƣĪŧŏŃŏżƫżĜżŰƸƣÿğżƫŲÿĜŏżŲÿŏƫĪƠżƠǀŧÿƣĪƫ᠁ŲǀŰÿŰĪƫĜŧÿ ĪƫƠĪĜŏÿŧŰĪŲƸĪżFƣĪŏ'żŰŏŲŃżƫģĪ®᠇¼żŰĀƫ᠁łÿŰżƫżƠĪŧÿżƣÿƸŽƣŏÿ
ƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿƸŏǜÿģżÿƣƣżĜż᠇ ŃżŲŃŽƣŏĜÿ᠁ƢǀĪßŏĪŏƣÿĜżŲģĪŲÿǜÿ᠇
37

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d) ĜżŲĜĪŏƸżƠƣĪģŏĜĀǜĪŧģĪƫƫĪƫĪƣŰĘżīģÿģżŲÿłƣÿƫĪŧÿƸŏŲÿ᠀Semem est a) ƣĪƠĪƸŏğĘżěǀƫĜÿƫĪŲƫŏěŏŧŏǭÿƣżƫǿīŏƫƠÿƣÿżģĪƫĪŲŃÿŲżģÿ
verbum Dei (a palavra de Deus é semente), S. Lucas, VIII, 11. A partir passagem do tempo. Resposta: A.
dela, Vieira articula seu discurso, analisando cada elemento em b) ƣĪƠĪƸŏğĘżěǀƫĜÿģĪŰżŲƫƸƣÿƣÿżƫǿīŏƫżƸĪŰżƣģĪǀŰÿǜŏģÿᡰŧżŲŃĪǜÿ᠇
suas variadas e surpreendentes possibilidades de sentido, valendo-
c) ƣĪƠĪƸŏğĘżěǀƫĜÿƫĪŲƫŏěŏŧŏǭÿƣżƫǿīŏƫƠÿƣÿżǜÿŧżƣģĪĜÿģÿĪƸÿƠÿ
ᠵƫĪģÿŧŽŃŏĜÿŰÿŏƫƣŏŃżƣżƫÿ᠁ĪǢĪŰƠŧŏǿĜÿģÿĜżŰƠÿƫƫÿŃĪŲƫěőěŧŏĜÿƫ
ģÿ ǜŏģÿ᠇
ĪģĪÿǀƸżƣŏģÿģĪƫĪĜŧĪƫŏÿŏƫ᠁Űÿƫ᠁ŲĪƫƫĪĜÿƫżĪƫƠĪĜőǿĜż᠁ģĪŏǢÿŲģżģĪ
d) ƣĪƠĪƸŏğĘżěǀƫĜÿģĪŰżŲƫƸƣÿƣÿżƫǿīŏƫÿŏŲƫĪŃǀƣÿŲğÿģĪǀŰÿ
ŧÿģżƫǀÿƠżģĪƣżƫÿŏŰÿŃŏŲÿğĘż᠁ÿƫÿŲÿŧżŃŏÿƫĪÿƫŰĪƸĀłżƣÿƫƢǀĪż
ǜŏģÿ ĜƣŏƫƸĘ᠇
celebrizaram como orador sacro. Resposta: D.
e) /ƫƫĪƫĪƣŰĘżīĪǢĪŰƠŧżģĪĪƫƸŏŧżĜżŲĜĪƠƸŏƫƸÿ᠁ģĪƢǀĪżƠÿģƣĪßŏĪŏƣÿ 6. (Unip-SP) Sobre cultismo e conceptismo, os dois aspectos construtivos
foi o mais bem realizado autor, na prosa portuguesa seiscentista. ģżÿƣƣżĜż᠁ÿƫƫŏŲÿŧĪÿǁŲŏĜÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿŏŲĜżƣƣĪƸÿ᠇

3. ᠤFÿƸĪĜᠵ®£ᠥ/ƫƸÿƠÿƫƫÿŃĪŰģżƸĪǢƸżłÿǭƣĪłĪƣįŲĜŏÿÿǀŰƸƣÿğżģÿŧŏŲŃǀÿ- a) o cultismo opera através de analogias sensoriais, valorizando a


ŃĪŰěÿƣƣżĜÿƠƣĪƫĪŲƸĪŲÿżěƣÿģĪßŏĪŏƣÿ᠒ƸƣÿƸÿᠵƫĪģż ŏģĪŲƸŏǿĜÿğĘżģżƫƫĪƣĪƫƠżƣŰĪƸĀłżƣÿƫ᠇ĜżŲĜĪƠƸŏƫŰżǜÿŧżƣŏǭÿÿ
“Quando jovem, Antônio Vieira acreditava nas palavras, es-
ÿƸŏƸǀģĪŏŲƸĪŧĪĜƸǀÿŧ᠁ÿÿƣŃǀŰĪŲƸÿğĘż᠇
pecialmente nas que eram ditas com fé. No entanto, todas as b) ĜǀŧƸŏƫŰżĪĜżŲĜĪƠƸŏƫŰżƫĘżƠÿƣƸĪƫĜżŲƫƸƣǀƸŏǜÿƫģżÿƣƣżĜżƢǀĪŲĘż
palavras que ele dissera, nos púlpitos, na salas de aula, nas reu- ƫĪĪǢĜŧǀĪŰ᠇0ƠżƫƫőǜĪŧ ŧżĜÿŧŏǭÿƣŲżŰĪƫŰżÿǀƸżƣĪÿƸīŲżŰĪƫŰż
niões, nas catequeses, nos corredores, nos ouvidos dos reis, cléri- texto os dois elementos.
gos, inquisidores, duques, marqueses, ouvidores, governadores,
c) ĜǀŧƸŏƫŰżīƠĪƣĜĪƠƸőǜĪŧŲżƣĪěǀƫĜÿŰĪŲƸżģÿŧŏŲŃǀÿŃĪŰ᠁ƠĪŧż
ministros, presidentes, rainhas, príncipes, indígenas, desses mi-
ÿěǀƫżŲżĪŰƠƣĪŃżģĪǿŃǀƣÿƫƫĪŰĈŲƸŏĜÿƫ᠁ƫŏŲƸĀƸŏĜÿƫĪƫżŲżƣÿƫ᠇
lhões de palavras ditas com esforço de pensamento, poucas – ou
ĜżŲĜĪƠƸŏƫŰżǜÿŧżƣŏǭÿÿÿƸŏƸǀģĪŏŲƸĪŧĪĜƸǀÿŧ᠁żƢǀĪƫĪĜżŲĜƣĪƸŏǭÿŲż
nenhuma delas – havia surtido efeito. O mundo continuava exa-
tamente o de sempre. O homem, igual a si mesmo.” ģŏƫĜǀƣƫżƠĪŧżĪŰƠƣĪŃżģĪƫżǿƫŰÿƫ᠁ƫŏŧżŃŏƫŰżƫ᠁ƠÿƣÿģżǢżƫ᠇

Ana Miranda, BOCA DO INFERNO. d) ĜǀŧƸŏƫŰżŲÿ/ƫƠÿŲŊÿ᠁£żƣƸǀŃÿŧĪƣÿƫŏŧīƸÿŰěīŰĜżŲŊĪĜŏģżĜżŰż


Gongorismo e seu mais ardente defensor, entre nós, foi o Pe.
a) gongorismo, caracterizado pelo jogo de ideias. ŲƸƀŲŏżßŏĪŏƣÿ᠁ƢǀĪ᠁ŲżSermão da Sexagésima᠁ƠƣżƠƛĪÿƠƣŏŰÿǭŏÿģÿ
b) ĜǀŧƸŏƫŰż᠁ĜÿƣÿĜƸĪƣŏǭÿģżƠĪŧÿĪǢƠŧżƣÿğĘżģÿƫżŲżƣŏģÿģĪģÿƫƠÿŧÿǜƣÿƫ᠇ palavra sobre a ideia. Resposta: D.
c) ĜǀŧƸŏƫŰż᠁ĜÿƣÿĜƸĪƣŏǭÿģżƠĪŧżĜżŲǵŧŏƸżĪŲƸƣĪłīĪƣÿǭĘż᠇ e) Os métodos cultistas mais seguidos por nossos poetas foram os de
d) ĜżŲĜĪƠƸŏƫŰż᠁ĜÿƣÿĜƸĪƣŏǭÿģżƠĪŧżǜżĜÿěǀŧĀƣŏżƠƣĪĜŏżƫŏƫƸÿĪƠĪŧÿ GƀŲŃżƣÿĪrÿƣŏŲŏ᠁ĪżĜżŲĜĪƠƸŏƫŰżģĪ¥ǀĪǜĪģżłżŏżƢǀĪŰÿŏżƣĪƫ
ĪǢƠŧżƣÿğĘżģĪÿŧŏƸĪƣÿğƛĪƫ᠇ ŏŲǵŧǀįŲĜŏÿƫģĪŏǢżǀĪŰGƣĪŃŽƣŏżģĪrÿƸżƫ᠇

e) ĜżŲĜĪƠƸŏƫŰż᠁ĜÿƣÿĜƸĪƣŏǭÿģżƠĪŧÿĪǢƠŧżƣÿğĘżģÿƫƣĪŧÿğƛĪƫŧŽŃŏĜÿƫ᠁ 7. De acordo com o excerto do Sermão da SexagésimaᠤƠĀŃ᠇ᙹᚃᠥ᠁żƢǀĪƫŏŃŲŏ-


ģÿ ÿƣŃǀŰĪŲƸÿğĘż᠇Resposta: E. łŏĜÿᡆĜżŲǜĪƣƸĪƣǀŰÿÿŧŰÿᡇ᠈
4. (Cefet-MG) Ardoroso defensor da liberdade do homem, lutou contra a) FÿǭĪƣĜżŰƢǀĪżŊżŰĪŰģŏƣĪĜŏżŲĪƫǀÿÿƸĪŲğĘżƠÿƣÿżƫĪǀŏŲƸĪƣŏżƣĪ
ÿĪƫĜƣÿǜŏǭÿğĘżģżőŲģŏżĪÿģĪƫǀŰÿŲŏģÿģĪĜżŰƢǀĪĪƣÿŰƸƣÿƸÿģżƫżƫ veja a si mesmo. Resposta: A.
ĪƫĜƣÿǜżƫ᠇ żŲƫŏģĪƣÿģż᠁ƠĪŧÿĜƣőƸŏĜÿŧŏƸĪƣĀƣŏÿ᠁żŰÿŏżƣĪǢĪŰƠŧżģĪĜżŲ- b) ǀǜŏƣěżÿƫƠƣĪŃÿğƛĪƫƢǀĪƫĪǜÿŧĪŰģżƫłǀŲģÿŰĪŲƸżƫģĪǀŰÿ
ĜĪƠƸŏƫŰżĪŰhőŲŃǀÿ£żƣƸǀŃǀĪƫÿ᠇¼ƣÿƸÿᠵƫĪģĪ doutrina religiosa.
a) Padre José de Anchieta. c) ßĪƣ'ĪǀƫĪŰƸżģÿƫÿƫŰÿŲŏłĪƫƸÿğƛĪƫģÿŲÿƸǀƣĪǭÿƢǀĪĜĪƣĜÿż
b) Gregório de Matos. ƫĪƣᡰŊǀŰÿŲż᠇
c) Padre Antônio Vieira. Resposta: C. d) ĜĪŏƸÿƣÿŲĪĜĪƫƫŏģÿģĪģĪżǀǜŏƣƫĪƣŰƛĪƫƢǀĪÿƠƣżłǀŲģĪŰ
ƣĪǵŧĪǢƛĪƫ ƣĪŧŏŃŏżƫÿƫ᠇
d) Padre Eusébio de Matos.
e) GÿƣÿŲƸŏƣǀŰÿÿǀƸżĪƫƸŏŰÿƠżƫŏƸŏǜÿ᠁ƣĪǜĪŧÿģÿƠĪŧżŊĀěŏƸżģĪǜĪƣᠵƫĪ
e) ĪŲƸż¼ĪŏǢĪŏƣÿ᠇
ÿż ĪƫƠĪŧŊż᠇
5. ᠤÃŲŏĜÿŰƠᠵ®£ᠥtĪƫƸÿƠÿƫƫÿŃĪŰģĪǀŰƫĪƣŰĘżƠƣżłĪƣŏģżĪŰᙷᚂᚃᙹ᠁Ų-
ƸƀŲŏż ßŏĪŏƣÿ ƣĪƸżŰżǀ żƫ ÿƣŃǀŰĪŲƸżƫ ģÿ ƠƣĪŃÿğĘż ƢǀĪ łŏǭĪƣÿ Ųż ÿŲż 8. (Fuvest-SP) A respeito do padre Antônio Vieira, pode-se afirmar:
ÿŲƸĪƣŏżƣĪÿĜƣĪƫĜĪŲƸżǀŲżǜÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫđŰżƣƸĪ᠇£ÿƣÿĜżŰżǜĪƣżƫ a) /ŰěżƣÿǜŏǜĪƫƫĪŲżƣÿƫŏŧ᠁ƠżƣƫǀÿłżƣŰÿğĘżŧǀƫŏƸÿŲÿŲĘżƫĪżĜǀƠżǀ
żǀǜŏŲƸĪƫ᠁ƣĪĜżƣƣĪǀÿżǀƫżģĪÿŲĀłżƣÿƫ᠇ƫƫŏŲÿŧĪÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿƢǀĪĜżƣƣĪƫ- de problemas locais.
ƠżŲģĪÿżĪłĪŏƸżƠƣżģǀǭŏģżƠĪŧÿƫƣĪƠĪƸŏğƛĪƫŲżƫĪƣŰĘż᠇ b) £ƣżĜǀƣÿǜÿÿģĪƢǀÿƣżƫƸĪǢƸżƫěőěŧŏĜżƫđƫƣĪÿŧŏģÿģĪƫģĪƢǀĪƸƣÿƸÿǜÿ᠇
Resposta: B.
“Repartimos a vida em idades, em anos, em meses, em c) Dada sua espiritualidade, demonstrava desinteresse por assuntos
dias, em horas, mas todas estas partes são tão duvidosas, e tão
mundanos.
incertas, que não há idade tão florente, nem saúde tão robusta,
nem vida tão bem regrada, que tenha um só momento seguro.” d) /ŰłǀŲğĘżģĪƫĪǀǭĪŧżƠÿƣÿĜżŰ'Īǀƫ᠁ǀƸŏŧŏǭÿǜÿᠵżƠÿƣÿšǀƫƸŏǿĜÿƣ
ƸżģżƫżƫÿĜżŲƸĪĜŏŰĪŲƸżƫƠżŧőƸŏĜżƫĪƫżĜŏÿŏƫ᠇
(Antonio Vieira, “Sermão de Quarta-feira de Cinza – ano de 1673”,
em A arte de morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 79.) e) rżƫƸƣżǀᠵƫĪƸőŰŏģżģŏÿŲƸĪģżƫŏŲƸĪƣĪƫƫĪƫģżƫƠżģĪƣżƫżƫ᠇
38
Literatura

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Unidade 4

Releia o trecho do Sermão pelo bom sucesso das Armas de Portugal con- Se basta a vos irar tanto um pecado,
tra as de Holanda᠁ŲÿƠĀŃŏŲÿᙹ‫᠁ڑ‬ģĪƠÿģƣĪßŏĪŏƣÿ᠁ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫ A abrandar-vos sobeja um só gemido:
ƢǀĪƫƸƛĪƫᡰᚅᡰĪᙷᙶ᠇ Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
9. ĜĪƣĜÿģżĜżŲƸĪǁģżĪǢƠƣĪƫƫżƠĪŧżĪǢĜĪƣƸż᠁ƠżģĪᠵƫĪĜżŲƫŏģĪƣÿƣƢǀĪ
Se uma ovelha perdida e já cobrada
a) żÿǀƸżƣŏƣżŲŏǭÿÿÿƸǀÿğĘżģż¼ƣŏěǀŲÿŧģÿSŲƢǀŏƫŏğĘż᠇ Glória tal e prazer tão repentino
b) ßŏĪŏƣÿĪǢƠƛĪǀŰÿƠżƫƸǀƣÿģĪĜżŲłżƣŰŏģÿģĪĜżŰÿŏŲǜÿƫĘż᠇ Vos deu, como afirmais na sacra história,

c) ŲżƫĪƣŰĘż᠁ǿĜÿĜŧÿƣÿÿĜĪŲƫǀƣÿƫżłƣŏģÿƠĪŧżƠÿģƣĪ᠇ Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada:


d) ƠÿģƣĪŲƸƀŲŏżßŏĪŏƣÿĪǜŏƸÿÿƫƣĪłĪƣįŲĜŏÿƫěőěŧŏĜÿƫ᠇ Cobrai-a, e não queirais, pastor divino,
Perder na vossa ovelha a vossa glória.
e) Deus é severamente advertido por padre Vieira. Resposta: E.
żŲƫŏģĪƣĪÿƫƫĪŃǀŏŲƸĪƫÿłŏƣŰÿğƛĪƫƫżěƣĪżƫģżŏƫƸĪǢƸżƫ᠇
10. żŰÿĜŏƸÿğĘżĪĪǢƠŧŏĜÿğĘżģżƫÿŧŰżåhSSS᠁ƠÿģƣĪßŏĪŏƣÿÿŲƸĪĜŏƠÿżƸĪŰÿ
I. ¼ÿŲƸż£ÿģƣĪßŏĪŏƣÿƢǀÿŲƸżGƣĪŃŽƣŏżģĪrÿƸżƫģŏƣŏŃĪŰᠵƫĪÿ
ƢǀĪƫĪƣĀƸƣÿƸÿģż᠁ģĪłĪŲģŏģżĪĪƫĜŧÿƣĪĜŏģżģǀƣÿŲƸĪÿƫǀÿƫǁƠŧŏĜÿĪƫĪǀƫ
Deus mediante a segunda pessoa do plural (vós, vos): Gregório
ÿƣŃǀŰĪŲƸżƫ᠇¥ǀÿŧĪǢƠƣĪƫƫĘżƣĪƫǀŰĪĪƫƫĪƸĪŰÿ᠈
ÿƣŃǀŰĪŲƸÿƢǀĪż®ĪŲŊżƣĪƫƸĀĪŰƠĪŲŊÿģżĪŰƠĪƣģżĀᠵŧż᠁
a) ᡆŏŲƫőŃŲŏÿĪģŏǜŏƫÿƫŏŲŃǀŧÿƣᡇ᠇ ĪŲƢǀÿŲƸżßŏĪŏƣÿģŏƣŏŃĪᠵƫĪÿ'Īǀƫᠤ/ƢǀĪǿǭĪƫƸĪƫǜŽƫ᠂ᠥƠÿƣÿ
b) ᡆģŏŧÿƸÿƣǜżƫƫżŲżŰĪĪǜżƫƫÿFīᡇ᠇ ŏŰƠĪģŏƣƢǀĪdŽƫĪšÿƠĪƣģżÿģż᠇
c) ᡆżƢǀĪłżŰżƫĪżƢǀĪƫżŰżƫᡇ᠇ Resposta: C. II. £ÿģƣĪßŏĪŏƣÿǜÿŧĪᠵƫĪģÿƫƠÿŧÿǜƣÿƫĪģżĪǢĪŰƠŧżģĪdŽ᠁ǿŃǀƣÿģżßĪŧŊż
d) ᡆƸÿŲƸÿÿłƣżŲƸÿĪŏŃŲżŰőŲŏÿ᠃ᡇ᠇ ¼ĪƫƸÿŰĪŲƸż᠁ƠÿƣÿÿƣŃǀŰĪŲƸÿƣƢǀĪżŊżŰĪŰÿěǀƫÿģÿŰŏƫĪƣŏĜŽƣģŏÿ
ģŏǜŏŲÿÿżƠĪĜÿƣ᠁ĪƢǀĪ'Īǀƫ᠁ģĪÿĜżƣģżĜżŰÿżĜÿƫŏĘżĪżƫÿƣŃǀŰĪŲƸżƫ
e) ᡆżĜƣīģŏƸżģĪǜżƫƫżŲżŰĪᡇ᠇
łżƣŲĪĜŏģżƫƠżƣdŽ᠁ŏŲĜŧŏŲÿᠵƫĪƠÿƣÿżĜÿƫƸŏŃżŲżŧǀŃÿƣģżƠĪƣģĘż᠇
11. (UFRGS-RS) Leia o trecho do Sermão pelo bom sucesso das armas de Portu- III. ¼ÿŲƸż£ÿģƣĪßŏĪŏƣÿĜżŰżGƣĪŃŽƣŏżģĪrÿƸżƫÿƣŃǀŰĪŲƸÿŰƫżěƣĪÿ
gal contra as de Holanda, do Padre Antônio Vieira, e o soneto de Gregório misericórdia e a glória divinas: assim como Jó, citado por Vieira,
de Matos Guerra a seguir. ģĪĜŧÿƣÿƢǀĪ'ĪǀƫŧŊĪģĪǜĪƣĀÿŃŧŽƣŏÿƠżƣƸįᠵŧżƠĪƣģżÿģż᠒GƣĪŃŽƣŏż
ĜżŰƠÿƣÿᠵƫĪđżǜĪŧŊÿģĪƫŃÿƣƣÿģÿƢǀĪ᠁ƫĪŲĘżłżƣƣĪĜǀƠĪƣÿģÿ᠁ƠżģĪ
Sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal pôr a perder a glória de Deus.
contra as de Holanda
Pede razão Jó a Deus, e tem muita razão de a pedir –
¥ǀÿŏƫĪƫƸĘżĜżƣƣĪƸÿƫ᠈
responde por ele o mesmo santo que o arguiu – porque se a) Apenas I.
é condição de Deus usar de misericórdia, e é grande e não
b) Apenas III. Resposta: B.
vulgar a glória que adquire em perdoar pecados, que razão
tem, ou pode dar bastante, de os não perdoar? O mesmo Jó c) Apenas I e II.
tinha já declarado a força deste seu argumento nas palavras d) Apenas II e III.
antecedentes, com energia para Deus muito forte: Peccavi, e) I, II e III.
quid faciam tibi? Como se dissera: Se eu fiz, Senhor, como ho-
mem em pecar, que razão tendes vós para não fazer como 12. ᠤÃF¦G®ᠵ¦®ᠥƫƫŏŲÿŧĪÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿĜżƣƣĪƸÿƫżěƣĪżƫƫĪƣŰƛĪƫģż£ÿģƣĪ
Deus em me perdoar? Ainda disse e quis dizer mais: Peccavi, Antônio Vieira.
quid faciam tibi? Pequei, que mais vos posso fazer? E que
a) /ƫƸĘżƣĪƠŧĪƸżƫģĪĪǢĪŰƠŧżƫģżĪƢǀŏŧőěƣŏżĪģÿƫŏŰƠŧŏĜŏģÿģĪ᠁ƸőƠŏĜżƫ
fizestes vós, Jó, a Deus em pecar? Não lhe fiz pouco, porque
do homem barroco.
lhe dei ocasião a me perdoar, e, perdoando-me, ganhar mui-
ta glória. Eu dever-lhe-ei a ele, como a causa, a graça que b) ®ĘżƠĪğÿƫĪǢĪŰƠŧÿƣĪƫģĪƣĪƸŽƣŏĜÿ᠁ĜżŰÿǿŲÿŧŏģÿģĪģĪģĪƫƠĪƣƸÿƣÿ
me fizer, e ele dever-me-á a mim, como a ocasião, a glória ĜżŲƫĜŏįŲĜŏÿŰżƣÿŧģżƫǿīŏƫ᠇Resposta: B.
que alcançar. c) ®ĘżěÿƫƸÿŲƸĪÿěƫƸƣÿƸżƫ᠁ƠżŏƫƫĪģŏƣŏŃŏÿŰÿǀŰÿƠŧÿƸĪŏÿŧĪƸƣÿģÿ᠁ƢǀĪ
dispensava exemplos.
A Jesus Cristo Nosso Senhor
d) ®ĘżĪƫĜƣŏƸżƫĪŰŧŏŲŃǀÿŃĪŰĜǀŧƸÿĜżŰƠÿŧÿǜƣÿƫģŏłőĜĪŏƫ᠁ģŏƣŏŃŏģżƫđ
Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado,
Da vossa piedade me despido;
ƠŧÿƸĪŏÿƫżǿƫƸŏĜÿģÿƢǀĪłƣĪƢǀĪŲƸÿǜÿÿŏŃƣĪšÿ᠇
Porque, quanto mais tenho delinquido, e) ƠƣĪƫĪŲƸÿŰƠĪƣŃǀŲƸÿƫƣĪƸŽƣŏĜÿƫ᠁ƢǀĪŃĪƣÿǜÿŰǀŰĜÿŧżƣżƫżģĪěÿƸĪ
Vos tenho a perdoar mais empenhado. ģǀƣÿŲƸĪÿƫƠƣĪŃÿğƛĪƫ᠇

39

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Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 4. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em segui-
da, responda às questões propostas.

Padre Antônio Vieira:


produção escrita

Textos proféticos: Cartas: Sermões:


relacionados ao maior parcela dos Prosa marcada-
Sebastianismo. textos escritos por mente conceptista.
Vieira (aproximada- Denúncia de temas
mente 700); crônicas variados.
dos temas da época. Mais de 200
sermões.
Sermões mais
conhecidos: Sermão
da Sexagésima,
Sermão pelo Bom
Sucesso das Armas
de Portugal contra
as de Holanda e
Sermão de Santo
Antônio aos Peixes.

1. ¥ǀÿŧłżŏÿŰÿƣĜÿƸĪŰĀƸŏĜÿĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿģÿƠƣżģǀğĘżģĪƠÿģƣĪßŏĪŏƣÿ᠈
A marca temática característica foi denunciar aspectos da realidade, como a escravidão, as relações de poder e as arbitrariedades da Inquisição.

2. £żƣƢǀĪÿƫĜÿƣƸÿƫģĪßŏĪŏƣÿ᠁ÿŧīŰģÿƢǀÿŲƸŏģÿģĪ᠁ƫĘżģĪŃƣÿŲģĪŏŰƠżƣƸĈŲĜŏÿƠÿƣÿÿīƠżĜÿ᠈
As cartas são como crônicas da vida da época e das questões que moviam padre Vieira à escrita. Além disso, atestam a grande rede de contatos com

pessoas das variadas hierarquias sociais e religiosas.

AUTONOMIA RESPONSABILIDADE CRIATIVIDADE EMPATIA COOPERAÇÃO SOLIDARIEDADE COMUNICAÇÃO

O estudo do Barroco brasileiro revelou dois grandes autores que, ao seu modo, expressaram suas preocupa-
ções com a realidade que viveram. Por isso, puseram essas questões no centro de suas produções literárias e dedi-
caram parte de suas obras a registrar as necessidades de outras pessoas. Ou seja, empreenderam manifestações
artísticas que denunciaram aspectos que contrariavam os valores humanistas. Eles só puderam fazer isso porque
desenvolveram empatia com seus iguais, passando a ver o mundo a partir do respeito à perspectiva de vida deles.
Ter empatia é colocar-se no lugar do outro para compreender suas razões, suas perspectivas de vida, seus sentimen-
tos. É também ouvir sem prejuízo, acolher sem julgamento, respeitar a diferença. São muitas as formas de desenvolver
empatia e uma boa razão para fazê-lo é empreender projetos que impactem positivamente a vida de outras pessoas.
40
Literatura

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Unidade 4

Entretanto, para que o projeto realmente impacte suas vidas, é importante ouvi-las para estar seguro da ação que vai
empreender. Há várias formas de fazer isso. Uma delas é elaborar um mapa de empatia, uma ferramenta muito usada
para o desenvolvimento de produtos e serviços.
A partir da reflexão sobre o tema, pense em um projeto que você deseja empreender para melhorar algum
aspecto da vida escolar. Por exemplo: criar uma versão virtual da biblioteca escolar. O mapa de empatia o ajudará
a organizar as ideias, após expor as bases do projeto a um grupo de colegas de sala, para ouvir o que eles pensam
sobre o assunto. A escuta atenta ajudará você a entender as razões dos colegas ao expressarem se a ideia é boa ou
não. O contato com as pessoas impactadas por seu projeto pode esclarecer aspectos importantes sobre a viabili-
dade dele.
Reúna-se em grupos de até quatro colegas de sala para que todos possam expor suas ideias e ouvir impres-
sões sobre as situações expostas. Por exemplo: o primeiro integrante expõe sua ideia de ação e permite que os
colegas expressem livremente o que sentem sobre a situação. Ouça com atenção sem comentar ou justificar nada.
Registre sinteticamente as respostas ouvidas, distribuindo-as nos quadrantes correspondentes. Cada integrante
repete a mesma dinâmica.
Agora, a partir do conhecimento que você tem sobre a realidade que deseja intervir, desenhe seu mapa em
uma folha avulsa.

O que pensa e sente?

O que ouve? O que vê?

O que diz e faz?

Ao concluir o trabalho, responda:


¥ǀÿŏƫłżƣÿŰÿƫŃƣÿŲģĪƫģĪƫĜżěĪƣƸÿƫƢǀĪǜżĜįłĪǭÿżŰżŲƸÿƣżƫĪǀŰÿƠÿģĪĪŰƠÿƸŏÿ᠁ĪŰƣĪŧÿğĘżđƫĪǢƠĪĜƸÿƸŏǜÿƫģżƫĪǀƫ
ĜżŧĪŃÿƫ᠈/ƫƫÿƫĪǢƠĪĜƸÿƸŏǜÿƫĪƫĪŲƸŏŰĪŲƸżƫĜżŏŲĜŏģĪŰĜżŰżƢǀĪǜżĜįĪƫƠĪƣÿĪƫĪŲƸĪ᠈ƫĪǀƠƣżšĪƸżīǜŏĀǜĪŧƫĪŃǀŲģżÿ
perspectiva dos seus colegas? Comente.
Professor, espera-se que os alunos respondam que passaram a refletir sobre aspectos que antes não valorizavam como

importantes.

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Anotações

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Literatura

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Estude
Nome do aluno:

Data: Turma:

1. ᠤÃłƠĪŧᠵ¦®ᠥ'ĪÿĜżƣģżĜżŰżƸĪǢƸżĪƫĪǀƫĜżŲŊĪĜŏŰĪŲƸżƫ᠁ŰÿƣƢǀĪÿÿŧ- d) tÿ ÿƣƸÿģĪ£ĪƣżßÿǭģĪ ÿŰŏŲŊÿ᠁ƢǀĪÿƠƣĪƫĪŲƸÿŧŏŲŃǀÿŃĪŰ


ternativa correta. łżƣŰÿŧ᠁ƠżƣƫĪƣżƣĪŏƠżƣƸǀŃǀįƫżģĪƫƸŏŲÿƸĀƣŏż᠁ŊĀłżƣƸĪƠƣĪżĜǀƠÿğĘż
Pero Vaz de Caminha, referindo-se aos indígenas, escre- ĜżŰÿƫƠĪĜƸżƫģÿŲĪĜĪƫƫĀƣŏÿĜżŲǜĪƣƫĘżģżƫőŲģŏżƫÿżĜÿƸżŧŏĜŏƫŰż᠁Ųż
veu: contexto de crise religiosa na Europa. Resposta: D.
“E naquilo sempre mais me convenço que são como aves e) żƣĪÿŧŏǭÿƣĜżŲĜżŰŏƸÿŲƸĪŰĪŲƸĪÿŲÿƣƣÿğĘżĪÿģĪƫĜƣŏğĘżģżƫ
ou animais montesinhos aos quais faz o ar melhor pena e me- ŊĀěŏƸżƫģżƫŲÿƸŏǜżƫ᠁żƣĪŰĪƸĪŲƸĪģĪƫƸÿĜÿŏŲłżƣŰÿğƛĪƫŲĘżƫŽģż
lhor cabelo que aos mansos, porque os seus corpos são tão ŊĀěŏƸÿƸĜżŰżģżƫǀƫżƫĪĜżƫƸǀŰĪƫŏŲģőŃĪŲÿƫ᠁ĪǢÿŧƸÿŲģżżĜǀŧƸŏǜż
limpos, tão gordos e formosos, a não mais poder. […]
das plantas de lavouras e dos pomares.
Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêsse-
mos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que 2. (IFSP) Esta tirinha pode ser associada, corretamente,
não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparên-

Reprodução/IFSP, 2014.
cias. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar apren-
derem bem a sua fala e eles a nossa, não duvido que eles, se-
gundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão
de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os
traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplici-
dade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho
que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu
bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de
Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. Laerte, Folha de S.Paulo, 28.12.2011. Original colorido.
E, portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa
fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá Deus que a) ÿż¥ǀŏŲŊĪŲƸŏƫŰżŲżƣÿƫŏŧ᠁ƠżŏƫÿƫĜÿƣƸÿƫĪƫĜƣŏƸÿƫƠĪŧżƫšĪƫǀőƸÿƫ
com pouco trabalho seja assim. […] ģĪƫĜƣĪǜŏÿŰżƸƣÿěÿŧŊżģżƫŰŏƫƫŏżŲĀƣŏżƫŲÿƠƣĪƫĪƣǜÿğĘżģÿƫĜƣĪŲğÿƫ
Eles não lavram nem criam. Não há aqui boi ou vaca, ca- e da cultura nativas.
bra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja b) ÿż¥ǀŏŲŊĪŲƸŏƫŰżŲżƣÿƫŏŧ᠁ƠżŏƫÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿģĪƫƫĪƠĪƣőżģżƸŏŲŊÿ
acostumado ao convívio com o homem. E não comem senão
como um de seus objetivos informar Portugal sobre as novas terras
deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e fru-
e incentivar a vinda de colonos. Resposta: B.
tos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais
e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto c) a Os Lusíadas᠁Ơżŏƫ ÿŰƛĪƫƫĪǀƸŏŧŏǭÿģĪĪŧĪŰĪŲƸżƫģÿŰŏƸżŧżŃŏÿ
trigo e legumes comemos. ŏŲģőŃĪŲÿƠÿƣÿĪŧÿěżƣÿƣÿƠÿƣƸĪǿĜĜŏżŲÿŧģĪƫǀÿĪƠżƠĪŏÿ᠇
CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. d) a Os Lusíadas᠁ǜŏƫƸżƢǀĪżłżĜżĜĪŲƸƣÿŧģÿŲÿƣƣÿƸŏǜÿƫĘżÿƫǜŏÿŃĪŲƫ
Porto Alegre: L&PM, 1996.
realizadas pelos portugueses para descobrir e colonizar terras
a) ÿŰŏŲŊÿ᠁ŲǀŰÿǜŏƫĘżĪǀƣżĜĪŲƸƣŏƫƸÿ᠁ĪǢÿŧƸÿÿĜǀŧƸǀƣÿģż ŲÿƫᡰŰīƣŏĜÿƫ᠇
ᡆģĪƫĜżěƣŏģżƣᡇ᠁ŰĪŲżƫƠƣĪǭÿŲģżƸżģżƫżƫÿƫƠĪĜƸżƫƣĪłĪƣĪŲƸĪƫÿż e) ÿżÿƣƣżĜż᠁Ơżŏƫ᠁ĪŰƫĪǀƫƫżŲĪƸżƫ᠁GƣĪŃŽƣŏżģĪrÿƸżƫ
ŰżģżģĪǜŏģÿģżƫŲÿƸŏǜżƫ᠁ƠżƣĪǢĪŰƠŧż᠁ÿŲĘżĪǢƠŧżƣÿğĘżģÿƢǀĪŧĪƫ ǜÿŧżƣŏǭÿÿƫĪŲƫǀÿŧŏģÿģĪģÿŰǀŧŊĪƣŏŲģőŃĪŲÿĪŰĪŲżƫƠƣĪǭÿÿ
ŰÿŰőłĪƣżƫƠŧÿĜĪŲƸĀƣŏżƫĪǢŽƸŏĜżƫ᠁ĜŏƸÿģżƫŲÿĜÿƣƸÿ᠁ŏŲƸƣżģǀǭŏģżƫŲż ŰǀŧŊĪƣᡰĪǀƣżƠĪŏÿ᠇
ƣÿƫŏŧƢǀÿŲģżģÿĜżŧżŲŏǭÿğĘż᠇
b) ÿŰŏŲŊÿƣĪÿŧŏǭÿ᠁ÿƸƣÿǜīƫģĪłÿƣƸÿÿģšĪƸŏǜÿğĘż᠁ģĪƫĜƣŏğƛĪƫěżƸĈŲŏĜÿƫ 3. ᠤÃF¦tᠥżěƣÿģĪGƣĪŃŽƣŏżģĪrÿƸżƫᠲÿǀƸżƣƢǀĪƫĪģĪƫƸÿĜÿŲÿŧŏƸĪƣÿƸǀ-
ŰŏŲǀĜŏżƫÿƫÿĜĪƣĜÿģÿǵŧżƣÿģÿŲżǜÿƸĪƣƣÿ᠁ģĪƫƸÿĜÿŲģżżƸŏƠżģĪ ƣÿěÿƣƣżĜÿěƣÿƫŏŧĪŏƣÿᠲĜżŰƠƣĪĪŲģĪ
ÿŧŏŰĪŲƸÿğĘżģżĪǀƣżƠĪǀᠲƣŏĜÿĪŰǜŏƸÿŰŏŲÿƫĪƫÿŏƫŰŏŲĪƣÿŏƫᠲĪŰ a) ƠżĪƫŏÿīƠŏĜżᠵÿŰżƣżƫÿĪżěƣÿƫģƣÿŰĀƸŏĜÿƫ᠇
ĜżŲƸƣÿƠżƫŏğĘżđŏŲģőŃĪŲÿ᠁ƢǀĪīƣŏĜÿĪŰŧŏƠőģŏżƫ᠇ b) ƠżĪƫŏÿƫÿƸőƣŏĜÿĪĜżŲƸżƫěǀƣŧĪƫĜżƫ᠇
c) ƣĪŧŏŃŏżƫŏģÿģĪĪƫƸĀƠƣĪƫĪŲƸĪÿżŧżŲŃżģżƸĪǢƸż᠁ƢǀÿŲģżƫĪĜżŲƫƸÿƸÿ
c) ƠżĪƫŏÿŧőƣŏĜÿ᠁ģĪĜÿƣĀƸĪƣƣĪŧŏŃŏżƫżĪÿŰżƣżƫż᠁ĪƠżĪƫŏÿƫÿƸőƣŏĜÿ᠇
ƢǀĪżĪŰŏƫƫżƣ᠁ƸĪŲģżĪŰŰĪŲƸĪÿĜżŲǜĪƣƫĘżģżƫőŲģŏżƫđᡆƫÿŲƸÿ Resposta: C.
łīĜÿƸŽŧŏĜÿᡇᠲƠƣĪƸĪŲƫĘżģżƫĪǀƣżƠĪǀƫĜżŲƢǀŏƫƸÿģżƣĪƫᠲ᠁ƣĪƫƫÿŧƸÿ d) poesia confessional e autos religiosos.
ƠżƫŏƸŏǜÿŰĪŲƸĪÿĪǢŏƫƸįŲĜŏÿģĪĜƣĪŲğÿƫÿŲŏŰŏƫƸÿƫĪŲƸƣĪżƫŲÿƸŏǜżƫ᠇ e) ƠżĪƫŏÿŧőƣŏĜÿĪƸĪÿƸƣżģĪĜżƫƸǀŰĪƫ᠇

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Anotações

Literatura

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Un
ida
de
O contexto de produção
1 da arte neoclássica
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46, Inicie a jornada!
EM13LP48 e EM13LP49

FrimuFilms/Shutterstock
Nesta unidade, você
vai estudar:
Neoclassicismo: contexto
sócio-histórico e cultural
Arte neoclássica
Produção literária do
Arcadismo
Arcadismo: características
literárias

Hall de tribunal em Bruxelas, na Bélgica.

Neoclassicismo: contexto sócio-histórico e cultural


O Neoclassicismo foi um movimento artístico que se desenvolveu durante o século XVIII, denominado Século das
Luzes, em função do auge da filosofia iluminista. Essa filosofia se caracterizou não só pela defesa da ciência como o
caminho para alcançar a verdade e o conhecimento, mas também pela confiança no progresso, na razão e no respeito
à humanidade. Os iluministas criticavam o poder déspota e a teoria do “poder divino”, defendendo a liberdade indi-
vidual, econômica, e a igualdade perante a lei. Essas foram algumas das bases da Revolução Francesa, cujo lema era
Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
Na Europa, o domínio crescente do comércio, da agricultura e das operações financeiras pela burguesia expôs a
decadência da monarquia absolutista e do clero. A religião, na perspectiva burguesa, foi adquirindo papel secundário.
Uma prova disso foi a promulgação, em 3 de setembro de 1759, da lei que possibilitou a proscrição, a desnaturalização
e a expulsão dos membros da Companhia de Jesus de Portugal e de suas colônias. A expulsão dos jesuítas tornou pos-
sível o renascimento da cultura e a mudança dos currículos das universidades.
Filósofos como Montesquieu, Diderot, D’Alembert e Voltaire publicaram obras que fortaleceram o pensamen-
to burguês. Seus nomes estão relacionados com a elaboração da primeira enciclopédia, obra disponível ao público
com 35 volumes que reuniam textos sobre o conhecimento daquela época, tornando-o mais acessível à população.
Rousseau, grande influenciador da educação, da literatura e da política da época, lançou a teoria do “bom selvagem”,
Professor, estimule o aluno a que preconizava que o homem nasce bom, mas a sociedade o corrompe. Por isso, o contato com a natureza devolve o
conhecer sobre a história das
enciclopédias brasileiras homem ao seu estado de pureza.
2
Literatura

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Unidade 1

Culturalmente, a doutrina iluminista forjou o pensamento da época com a divulgação da felicidade como uma
possibilidade para todos. No Brasil, o Neoclassicismo se desenvolveu sob o contexto da Inconfidência Mineira e da
Conjuração Baiana, movimentos independentistas e de inconformidade com o sistema monárquico no século XVIII.
ᡰŰÿŲŏłĪƫƸÿğĘżŧŏƸĪƣĀƣŏÿģÿīƠżĜÿŧÿŲğżǀÿƫƫĪŰĪŲƸĪƫģżƫĪŲƸŏŰĪŲƸżŲÿĜŏżŲÿŧŏƫƸÿ᠁ŰĪŧŊżƣĪǢƠƣĪƫƫÿģżŲÿƫƠƣżģǀğƛĪƫ
artísticas dos séculos XIX e XX.

Converse com seus colegas de sala e avalie oralmente a concretização do lema da Revolução Francesa com base na análise da
vida contemporânea.

Arte neoclássica
O Neoclassicismo é um estilo artístico

Everett Collection/Shutterstock
que, no século XVIII, propôs a retomada de
valores do Renascimento e da Antiguidade
Clássica. Essa intenção é evidenciada pelo
prefixo “neo”, que significa “novo”. Ao rejei-
tar o rebuscamento, o luxo e a exuberância
do Barroco, estilo que representava a antiga
arte cerimonial cortesã, o Neoclassicismo Professor, estimule o aluno
abriu espaço à expressão do gosto burguês, a conhecer os detalhes de
uma pintura neoclássica,
fortalecido pelas revoluções Industrial e de Jean-Auguste Domini-
Francesa. Esse estado de rebeldia em rela- que Ingres.
ção à ideologia aristocrática desencadeou
uma forma de arte que primou pelo equi-
líbrio, pela harmonia e pela racionalidade.
Seu princípio de “bom gosto” se opunha ao
Vá além
“mau gosto” da arte setecentista.
O portão de
O Neoclassicismo divulgou temas
Brandenburgo e a
mitológicos e históricos, de modo que entrada do Panteon de
a arte era utilizada para engrandecer os Adeus de Telêmaco e de Eucaristia (1818), de Jacques-Louis David, pintura francesa, óleo Paris são exemplos da
princípios republicanos instaurados pelas sobre tela. arquitetura da época.
revoluções da época. O desenvolvimento da arqueologia também favoreceu o princípio de retomada da arte clás- Procure, em livros e sites
sica greco-latina. Nessa época, a sujeição da arte a modelos e regras rígidos para as técnicas de desenho, pintura e de arte, imagens dessas
composição levou à criação de academias, escolas formais de ensino da arte. Vem daí o termo “academicismo”, que obras para compreender
privilegia a imitação, a simplicidade, a sobriedade e a linearidade. Além dessas características, a arte neoclássica, em melhor a cópia de
geral, defendeu o esvaziamento do sentido decorativo e sensual das obras artísticas. modelos arquitetônicos
Na pintura, o desenho exato, as pinceladas suaves e a composição simples acompanhavam os cenários de estru- gregos e romanos.
turas arquitetônicas de linhas retas e simétricas, com esculturas, colunas e arcos romanos. O pintor usou uma compo-
sição formal, harmoniosa e equilibrada, com cores sóbrias, contornos bem definidos. Os personagens da mitologia
greco-latina foram um tema recorrente. Um dos nomes mais conhecidos foi o de Jacques-Louis David.
A arquitetura foi marcada pela construção de grandes edifícios, que exigiram a reconfiguração das cidades: ave-
nidas largas e quarteirões maiores. Além das colunas e dos entablamentos circulares, as construções eram caracte- Professor, explore com
rizadas pela presença de cúpulas em zonas centrais. As esculturas repetiam a frieza das composições clássicas, que os alunos, os detalhes
da perfeição da escultura
respeitavam os movimentos e as dimensões reais dos corpos, garantindo a suavidade das formas. Seu maior desta-
disponível no Click.
que foi Antonio Canova.
No Brasil, a arte neoclássica ganhou notoriedade depois da chegada da família real portuguesa, especificamente
com a contratação da Missão Francesa, em 1816. Dez anos depois, essa missão fundou a Academia Imperial de Belas-
-Artes, uma escola de artes e ofícios localizada no Rio de Janeiro. Como na Europa, o Neoclassicismo aqui foi usado pela
monarquia com conotação política.

Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6

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Anotações
Produção literária do Arcadismo

Everett Collection/Shutterstock
Paisagem italiana com pinheiros (1795), de Hendrik Voogd, óleo sobre tela.

O Arcadismo é o nome dado à produção literária neoclássica. Em Portugal, esse movimento teve início com a
fundação da Arcádia Lusitana, espaço no qual intelectuais e artistas se reuniam para discutir sobre arte. O poeta portu-
guês mais importante desse período foi Manuel Maria Barbosa du Bocage. No Brasil, o marco inicial dessa estética foi
a publicação de Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, e a fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica, atual
Ouro Preto, Minas Gerais. Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto e Frei Santa
Rita Durão foram outros autores representativos do Arcadismo brasileiro.
O nome desse estilo de época se originou de “Arcádia”, uma região da Grécia antiga, resgatada tematicamente
pelos artistas clássicos e neoclássicos. Segundo a lenda, era habitada por deuses e pastores que cultivavam o ideal de
vida simples e natural. Nesse ambiente de equilíbrio e paz, celebravam o amor e o prazer.
A retomada desse ideal de vida fez parte do que se denominou “delegação pastoral” e “convenções bucólicas”,
que consistiam num conjunto de normas literárias utilizadas pelos poetas árcades para produzir seus poemas. Por
conta disso, usaram pseudônimos de pastores e trataram preponderantemente do espaço campestre, baseados
numa postura de “fingimento poético”, porque o momento histórico não coincidia com a temática artística — um
era a expressão de agitação; o outro, de paz e tranquilidade. A postura literária manifestou também um estado de
espírito de rebeldia em relação à ideologia aristocrática, luxuosa e requintada da época.
Por meio dessa disposição fictícia, materializaram-se dois lemas representados pelas expressões latinas fugere
urbem (fugir da cidade) e locus amoenus (lugar tranquilo). No campo estético, o poeta buscou a simplicidade e defendeu
o ideal de vida natural como possibilidade de o homem retornar à bondade, à pureza. Entretanto, na vida real, ele con-
tinuou vivendo nas cidades, marcadas pelo progresso e pelos movimentos de revolução do século XVIII, porque eram
centros de decisões políticas e econômicas.
Como postura geral, o Arcadismo rejeitou o modelo de opulência do Barroco. Essa conduta colocou em prática o
sentido das expressões inutilia truncat, que significa “eliminar a inutilidade”, e aurea mediocritas, que se refere ao espíri-
to simples do homem. Na prática individual de alguns poetas, veremos que a rejeição ao Barroco se afrouxou quando
trataram de temas como o carpe diem. Por outro lado, a manifestação da introspecção anunciou o ideal estético do
movimento seguinte, o Romantismo, já no século XIX.
4
Literatura

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Unidade 1

Anotações
Arcadismo: características literárias
No ideal de simplicidade divulgado pelo Arcadismo, percebemos uma contradição visível entre a literatura e a
vida real. Isso pode ser observado no desenvolvimento do pastoralismo, porque os poetas trataram da vida espontâ-
nea e natural do campo, mas a revestiram com valores aristocráticos, para que não parecesse rude. Além da aborda-
gem temática popular, esse ideal se concretizou pelo uso de versos simples, curtos, e da linguagem clara, como expres-
são objetiva de contenção estoica (vida rígida, austera). O estoicismo expressou o contrário da vivência de prazer do
epicurismo, tão valorizado no século anterior.
Leia o soneto a seguir, de Cláudio Manuel da Costa.
XIV
Quem deixa o trato pastoril, amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.

Que bem é ver nos campos transladado


No gênio do pastor, o da inocência!
E que mal é no trato, e na aparência
Ver sempre o cortesão dissimulado!

Ali respira amor sinceridade;


Aqui sempre a traição seu rosto encobre;
Um só trata a mentira, outro a verdade.

Ali não há fortuna, que soçobre;


Aqui quanto se observa, é variedade:
Oh ventura do rico! Oh bem do pobre!
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua00073a.pdf. Acesso em: 30 set. 2021.

Observe que o poeta optou por uma forma fixa, o soneto, também usado pelo estilo de época anterior. Usou versos
decassílabos com o seguinte esquema: abba abba cdc dcd. Ele empregou ainda uma linguagem clara e formal, com
um tom moralizante.
Soçobrar:
Tematicamente, o eu lírico se valeu do bucolismo para exaltar a vida no campo, em comparação com a cidade. esmorecer, extinguir.
Para isso, adotou uma postura maniqueísta, em que o bem, o bom e o positivo caracterizavam o campo, enquanto o
mal, o mau e o negativo caracterizavam a cidade.
Na primeira estrofe, alerta para o fato de que quem troca o campo pela cidade o faz por duas causas: o desco- Relacione
nhecimento das características perversas da cidade ou o fato de não haver provado a paz que caracteriza o campo. Na
O contexto histórico no
segunda estrofe, evidencia a inocência como um traço da personalidade do pastor, enquanto o habitante da corte é qual se desenvolveu
caracterizado pela falsidade. Na terceira, identifica o lugar de onde se enuncia — o “aqui” —, representando a cidade, o Neoclassicismo, nas
onde reina a traição e a mentira. Na última estrofe, continua identificando as características do “ali” e do “aqui”: um artes em geral, e o
marcado pela permanência do bem; o outro, pela instabilidade de tudo que o caracteriza. Arcadismo, na literarura,
é amplamente estudado
Principais características do Arcadismo em História, Sociologia
1. Bucolismo: valorização do ambiente campestre. e Filosofia. Aproveite o
2. Pastoralismo: o eu lírico assume o papel de um pastor e adota um pseudônimo. momento para propor
3. Exaltação da natureza como fonte de sabedoria, local de equilíbrio e paz. uma roda de conversa
4. Valorização da razão para conter os exageros emocionais. com os professores
5. Presença da mitologia greco-romana. dessas disciplinas, de
modo a consolidar seus
6. Uso de linguagem simples, mais direta, sem tantas figuras de linguagem.
conhecimentos sobre
7. Personificação com a finalidade de universalizar a perspectiva temática. Iluminismo, Revolução
8. Culto do herói pacifista. Francesa, ascensão da
9. Preocupação formal. burguesia ao poder,
10. Predomínio da poesia. invasões napoleônicas,
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12 dentre outros temas.
5

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Faça em sala
1. Analise a imagem da pintura Adeus de Telêmaco e de Eucaristia, de Jac- 3. Releia o “Soneto XIV”, de Claúdio Manuel da Costa.
ques-Louis David, e cite as principais características da arte neoclássica a) Relacione as oposições encontradas em cada estrofe do poema.
presentes na obra:
1ª estrofe: amado 3 vil; paz 3 violência.
a) em relação ao aspecto técnico.
Em relação ao aspecto técnico, a obra apresenta um desenho exato 2ª estrofe: essência 3 aparência; inocência 3 dissimulação.
com composição simples, formal, harmoniosa e equilibrada. Além 3ª estrofe: ali 3 aqui; sinceridade 3 traição; verdade 3 mentira.
disso, o pintor emprega pinceladas suaves, cores sóbrias e 4ª estrofe: fortuna 3 variedade; rico 3 pobre; ventura 3 bem.
contornos exatos. b) Comente a intenção do autor ao compor seu poema com o recurso
b) em relação ao aspecto temático. das oposições.
O poeta tenciona evidenciar as vantagens de viver no campo,
Em relação ao tema, o pintor retrata duas personagens da mitologia
comparando-o com a cidade, apresentada em seus aspectos negativos.
clássica: Telêmaco, filho de Ulisses, e a ninfa Eucaristia.

2. (Enem) Leia o poema abaixo e marque a alternativa correta. 4. Analise o fragmento a seguir.
Marília de Dirceu
Casa dos Contos
& em cada conto te cont Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
o & em cada enquanto me enca
que viva de guardar alheio gado,
nto & em cada arco te a
de tosco trato, de expressões grosseiro,
barco & em cada porta m
e perco & em cada laço t dos frios gelos e dos sóis queimado.
e alcanço & em cada escad Tenho próprio casal e nele assisto;
a me escapo & em cada pe dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
dra te prendo & em cada g
das brancas ovelhinhas tiro o leite
rade te prendo & em ca
e mais as finas lãs, de que me visto.
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em Graças, Marília bela, graças à minha estrela!
cada cláudio te canto & e Tomás Antonio Gonzaga, Marília de Dirceu.
m cada fosso me enforco &
ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/
texto/bv000301.pdf. Acesso em: 30 set. 2021.

O contexto histórico e literário do período barroco-árcade fundamenta a) Como o excerto evidencia os valores aristocráticos no tratamento
o poema “Casa dos Contos”, de 1975. A restauração de elementos da- do bucolismo e do pastoralismo?
quele contexto por uma poética contemporânea revela que: O eu lírico usa o advérbio “não” de modo a descaracterizá-lo do perfil
a) ÿģŏƫƠżƫŏğĘżǜŏƫǀÿŧģżƠżĪŰÿƣĪǵŧĪƸĪƫǀÿģŏŰĪŲƫĘżƠŧĀƫƸŏĜÿ᠁ƢǀĪ
imaginado de um pastor. Para evidenciar os aspectos aristocráticos,
prevalece sobre a observação da realidade social.
reforça, como qualidades importantes, sua independência econômica,
b) ÿƣĪǵŧĪǢĘżģżĪǀŧőƣŏĜżƠƣŏǜŏŧĪŃŏÿÿŰĪŰŽƣŏÿĪƣĪƫŃÿƸÿłƣÿŃŰĪŲƸżƫ᠁
łÿƸżƫĪƠĪƣƫżŲÿŧŏģÿģĪƫģÿSŲĜżŲǿģįŲĜŏÿrŏŲĪŏƣÿ᠇ suas posses, sua educação e sua beleza.

c) a palavra “esconso” (escondido) demonstra o desencanto do poeta


com a utopia e sua opção por uma linguagem erudita.
b) A que o eu lírico atribui sua condição de vida?
d) o eu lírico pretende revitalizar os contrastes barrocos, gerando uma
O eu lírico atribui sua condição de vida ao seu bom destino.
continuidade de procedimentos estéticos e literários.
e) o eu lírico recria, em seu momento histórico e numa linguagem de
ƣǀƠƸǀƣÿ᠁żÿŰěŏĪŲƸĪģĪżƠƣĪƫƫĘżǜŏǜŏģżƠĪŧżƫŏŲĜżŲǿģĪŲƸĪƫ᠇
Resposta: E.

6
Literatura

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Unidade 1

Faça em casa
1. (UFV-MG) Considere as afirmativas abaixo, referentes ao Arcadismo c) a expulsão dos jesuítas.
brasileiro: d) a Conjuração Baiana.
I. A natureza adquire um sentido de simplicidade, verdade e e) ÿSŲĜżŲǿģįŲĜŏÿrŏŲĪŏƣÿ᠇Resposta: E.
harmonia, impondo-se como modelo para a realização do ser
5. O Neoclassicismo se origina:
humano.
II. A vinculação ao mundo natural se dá através de uma poesia de a) da revalorização da ideologia barroca ainda vigente no século XVIII.
Resposta: B.
caráter pastoril. b) da retomada de valores do Classicismo e da Antiguidade Clássica.
III. Defende-se a imitação da simplicidade dos autores clássicos, c) da tentativa de conciliar sentimentos contraditórios e angustiantes.
que produziram suas obras na Antiguidade greco-romana e no d) do academicismo que sustenta o exercício de exuberância e
Barroco. rebuscamento.
IV. NĀǀŰÿłżƣƸĪŧŏŃÿğĘżĜżŰÿSŲĜżŲǿģįŲĜŏÿrŏŲĪŏƣÿ᠁ƠĪŧżłÿƸżģĪ e) da consolidação do racionalismo como fruto da ideologia teocentrista.
poetas como Cláudio Manuel da Costa e Tomás António Gonzaga
terem se envolvido na rebelião contra a metrópole.
6. ĪƫĜǀŧƸǀƣÿ᠁ÿÿƣƢǀŏƸĪƸǀƣÿĪÿƠŏŲƸǀƣÿŲĪżĜŧĀƫƫŏĜÿƫƸįŰ᠁ĪŰĜżŰǀŰ᠀
V. Os poetas enfatizam a subjetividade, pois estavam convencidos a) a exploração da exuberância e do rebuscamento das formas.
de que deviam expressar em seus textos sentimentos intensos, b) o uso de cores sóbrias e pinceladas suaves e delicadas.
passionais e impulsivos. c) o resgate de temas e personagens da Antiguidade clássica. Resposta: C.
Está correto o que se afirma em: d) ÿĜżŲƫƸƣǀğĘżģĪŃƣÿŲģĪƫĪģŏłőĜŏżƫĪÿƣĪĜżŲǿŃǀƣÿğĘżģÿƫĜŏģÿģĪƫ᠇

a) I e III, apenas. e) o respeito aos movimentos e às dimensões reais dos corpos.

b) I, III, IV e V, apenas. Leia o soneto LXXII, de Cláudio Manuel da Costa (1729- 1789), para res-
c) II e V, apenas. ponder às questões de 7 a 9.
d) I, II e IV, apenas. Resposta: D. Já rompe, Nise, a matutina Aurora
e) I, II, III, IV e V. O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do Sol a face pura,
2. O Neoclassicismo, como manifestação artística, inaugura um estado de
espírito reformista e de mudanças profundas na sociedade europeia, Tinha escondido a chama brilhadora.
provocado: Que alegre, que suave, que sonora
a) pelo Iluminismo. Resposta: A. Aquela fontezinha aqui murmura!
b) pelo Feudalismo. E nestes campos cheios de verdura

c) pelo Teocentrismo. Que avultado o prazer tanto melhora!

d) pela Reforma Protestante. Só minha alma em fatal melancolia,


e) pela Contrarreforma. Por te não poder ver, Nise adorada,
Não sabe inda que coisa é alegria;
3. /Ű£żƣƸǀŃÿŧ᠁ǀŰÿĜżŲƫĪƢǀįŲĜŏÿģÿƫŏģĪŏÿƫģŏǜǀŧŃÿģÿƫģǀƣÿŲƸĪżƫīĜǀŧż
XVIII, e que atingiu também suas colônias, foi: E a suavidade do prazer trocada
a) a expansão ultramarina. Tanto mais aborrece a luz do dia,

b) o avanço das cruzadas. Quanto a sombra da noite mais lhe agrada.


(Cláudio Manuel da Costa. Obras, 2002.)
c) a expulsão dos jesuítas. Resposta: C.
d) a instalação da Inquisição. 7. (Uefs-BA) O termo que melhor descreve o estado de espírito do eu
e) o domínio espanhol. lírico é:

4. No Brasil, um dos fatos históricos que marcaram a manifestação da arte a) entediado.


neoclássica entre nós, influindo diretamente na literatura dos princi- b) assustado.
pais escritores da época, foi: c) indignado.
a) a chegada da família real portuguesa. d) triste. Resposta: D.
b) a chegada da Missão Francesa. e) otimista.

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Recebi (eu vos peço) um desgraçado,
8. (Uefs-BA) Uma característica típica do Arcadismo encontrada nesse so-
Que andou até agora por incerto giro,
neto é:
Correndo sempre atrás do seu cuidado:
a) o subjetivismo exacerbado.
Este pranto, estes ais com que respiro,
b) a obsessão pela noite e pela morte. Podendo comover o vosso agrado,
c) o ideal da impessoalidade. Façam digno de vós o meu suspiro.
d) a preocupação com o social. Cláudio Manoel da Costa

e) a evocação da cultura greco-latina. Resposta: E.


Soneto
9. (Uefs-BA) Um verso que remete à convenção arcádica do locus amoenus
Estes os olhos são da minha amada,
(“lugar aprazível”) é:
Que belos, que gentis e que formosos!
a) “O negro manto, com que a noite escura” (1ª estrofe). Não são para os mortais tão preciosos
b) “Aquela fontezinha aqui murmura!” (2ª estrofe). Resposta: B. Os doces frutos da estação dourada.

c) “Só minha alma em fatal melancolia” (3ª estrofe). Por eles a alegria derramada
d) “Não sabe inda que coisa é alegria” (3ª estrofe). Tornam-se os campos de prazer gostosos.
Em zéfiros suaves e mimosos
e) “Quanto a sombra da noite mais lhe agrada” (4ª estrofe).
Toda esta região se vê banhada.
10. (Unifesp) A “hidra do mau gosto” mencionada no texto refere-se ao estilo
Vinde olhos belos, vinde, e enfim trazendo
É com base no mito da Arcádia que erguem suas doutri-
Do rosto do meu bem as prendas belas,
nas: destruindo a “hidra do mau gosto”, os árcades procuram
Dai alívio ao mal que estou gemendo.
realizar obra semelhante à dos clássicos antigos. Daí a imita-
ção dos modelos greco-latinos ser a primeira característica a Mas ah! delírio meu que me atropelas!
considerar na configuração da estética arcádica. Os olhos que eu cuidei que estava vendo,
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1992. Adaptado.) Eram (quem crera tal!) duas estrelas.
Cláudio Manoel da Costa
a) renascentista.
b) pré-romântico. 11. (Mack-SP) É um traço relevante na caracterização do estilo de época e
c) neoclássico. pertence aos poemas de Cláudio Manoel da Costa, exceto:
d) barroco. Resposta: D. a) a valorização do locus amoenus.
e) medieval. b) a poesia bucólica.
Textos para as questões 11 e 12. c) a utilização de pseudônimos pastoris.
d) a busca da aurea mediocritas.
Soneto VI e) a repulsa à tradição clássica da poesia. Resposta: E.
Brandas ribeiras, quanto estou contente
De ver-vos outra vez, se isto é verdade! 12. (Mack-SP) Na composição poética árcade, a natureza é tratada:
Quanto me alegra ouvir a suavidade, a) como uma lembrança da pátria da qual foram exilados.
Com que Fílis entoa a voz cadente!
b) como um refúgio da vida atribulada das metrópoles do século XIX.
Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,
c) como um prolongamento do estado emocional do poeta.
Tudo me está causando novidade: Resposta: D.
Oh! como é certo que a cruel saudade d) como um local em que se busca a vida simples, pastoril e bucólica.
Faz tudo, do que foi, mui diferente! e) como uma fonte para o retrato crítico às desigualdades sociais.

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Literatura

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Unidade 1

Junte os pontos
Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.

Neoclassicismo Arte neoclássica

Movimento artístico que se desenvolveu durante


o século XVIII. Retomada de valores do Renascimento e da
Antiguidade Clássica.
Iluminismo: defendia a ciência como caminho para
alcançar a verdade e o conhecimento, bem como Divulgação de temas históricos e mitológicos.
a confiança no progresso, na razão e no respeito Engrandecimento dos princípios republicados
à humanidade. instaurados pelas revoluções da época.
Enciclopedismo: reunião do conhecimento geral
da humanidade. Criação de academias.
Principais filósofos: Montesquieu, Diderot,
D’Alembert, Voltaire e Rousseau.

No Brasil: Inconfidência Mineira e Conjuração


Baiana.

Manifestações artísticas Arcadismo

Nome dado à produção literária neoclássica.


Pintura: desenho exato, pinceladas suaves, cores sóbrias,
composição simples. Origina-se de “Arcádia”, uma região da Grécia antiga.
Escultura: respeito aos movimentos e às dimensões reais No Brasil, o marco inicial dessa estética foi a publicação de Obras
dos corpos, garantindo suavidade das formas. poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, e a fundação da Arcádia
Ultramarina em Vila Rica, atual Ouro Preto, Minas Gerais.
Arquitetura: construção de edifícios, que exigiram a
reconfiguração das cidades. Principais autores: Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga,
Basílio da Gama, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto e Frei Santa Rita
Durão.
Características:
Delegação pastoral, convenções bucólicas, fingimento poético, uso
de pseudônimos de pastores, fugere urbem, locus amoenus, inutilia
truncat, aurea mediocritas.
Simplicidade, pastoralismo, bucolismo, versos simples e curtos,
linguagem clara, racionalismo, mitologia greco-romana, personificação,
herói pacifista, preocupação formal, predomínio da poesia.

1. Quais foram os principais movimentos do contexto histórico no qual se desenvolveu o Neoclassicismo?


Os principais movimentos foram o Iluminismo, a Revolução Francesa, a ascensão da burguesia ao poder, o período napoleônico, o enciclopedismo,

a expulsão dos jesuítas em Portugal, dentre outros.

2. Qual foi o sentimento inaugurado pela literatura árcade no Brasil?


A literatura árcade, no Brasil, inaugura o sentimento de nacionalidade.

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Un
ida
de
A épica e a poesia
2 indianista árcade

Reprodução/Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, SP.


Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46,
EM13LP48, EM13LP49 e
EM13LP52

Nesta unidade, você


vai estudar:
Indianismo nascente
O Uraguai, de Basílio da Gama
Poesia épica de Santa
Rita Durão

Moema, de Victor Meirelles, 1866

Inicie a jornada!
Indianismo nascente
A manifestação da literatura árcade no Brasil encontra um contexto histórico-social marcado pelo deslocamento
do foco econômico da produção de açúcar no Nordeste para a exploração do ouro no Sudeste, particularmente em
Minas Gerais. A intensificação das atividades culturais na região, em função da riqueza gerada pela atividade explora-
tória, coincide com os movimentos de natureza separatista, como a Inconfidência Mineira. A pintura, a escultura e a
arquitetura rococós mostram traços de um Barroco tardio em Minas Gerais, enquanto a intelectualidade literária
e a política giram ao redor das academias.
De acordo com Massaud Moisés, o Arcadismo foi um movimento poético por excelência.
Assim, quando se menciona o Arcadismo, pensa-se imediatamente na poesia, e poesia lírica, tal
como se apresenta na obra dum Cláudio Manuel da Costa, dum Tomás Antônio Gonzaga, dum Silva Alva-
renga, dum Alvarenga Peixoto. Entretanto, ao longo da época ainda se cultiva a poesia épica, de extração
camoniana ou contrária ao modelo dOs lusíadas, onde se inserem episódios líricos que revelam parcial
apego às formulações arcádicas, como na obra dum José Basílio da Gama, dum Santa Rita Durão e dum
Cláudio Manuel da Costa. Praticava-se ainda a poesia satírica, na pena de Tomás Antônio Gonzaga... [...].
MOISÉS, Massaud. História da literatura brasileira: origens, Barroco e Arcadismo. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1990, p. 254-255.

As obras épicas representativas do Arcadismo brasileiro são:


a) Vila Rica, de Cláudio Manuel da Costa;
b) O Uraguai, de Basílio da Gama;
c) Caramuru, de Frei Santa Rita Durão.
10
Literatura

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Unidade 2

Anotações
Desde a época da literatura informativa e jesuítica, o indígena aparece como personagem. Entretanto, somente
no século XVIII, por seu contexto histórico, os poetas produziram um conjunto de obras que evidenciou uma nascente
consciência de nacionalidade. Afastando-se das referências ao universo da mitologia greco-romana e da Arcádia, os
textos épicos árcades se voltaram para a história nacional, encontrando no indígena os elementos representativos de
brasilidade. Com isso, introduziram o indianismo como tema literário.
Embasados pela filosofia de Rousseau, os poemas narrativos setecentistas materializaram a imagem do bom sel-
vagem associado à de guerreiro. Cláudio Manuel da Costa, por exemplo, em Vila Rica, conta a história de fundação de
Vila Rica, atual Ouro Preto, protagonizada pelo bandeirante Garcia e a “bela indiana”.
O indianismo, como corrente literária com clara intenção nacionalista, será explorado de forma mais intensa com
o Romantismo, no século XIX. Muitas serão as obras produzidas no período romântico, como Primeiros cantos e Últimos
cantos, de Gonçalves Dias, onde figuram os poemas “O canto do Piaga”, “Leito de folhas verdes”, “I-Juca-Pirama”, “Ma-
rabá”; A confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães; O guarani, Iracema e Ubirajara, de José de Alencar, dentre
outras. Nessas obras, que ainda estudaremos, o índio representará, de forma idealizada, o elemento primitivo funda-
dor da nação brasileira, sempre virtuoso, nobre de caráter, forte, corajoso e bom.

windwalk/Shutterstock
Esculturas de Iracema e de Martin, na capital ceaerense, Fortaleza.

Já no século XX, o indígena, como personagem, retornará como foco da literatura modernista, às vezes como ele-
mento idealizado na constituição da raça brasileira, associado ao português e ao africano, como em Martim Cererê, de
Cassiano Ricardo. Outras vezes, como em Macunaíma, de Mário de Andrade, surgirá sob uma perspectiva crítica, irônica
e bem-humorada, passando a ser caracterizado por comportamentos não tão positivos, como a preguiça.
Ainda no século XX, surgirão obras que farão a exposição do índio de forma mais realista, como Quarup, de Antonio
Callado, e Nove noites, de Bernardo Carvalho. Também teremos a oportunidade de estudar esse importante período da
literatura brasileira.

O Uraguai, de Basílio da Gama


Reprodução/Via Lettera Editora

Capa do livro O Uraguai, obra


que retrata o episódio do poema
épico de Basílio da Gama, em que
o irmão da índia Lindoia mata,
ƸÿƣģĪģĪŰÿŏƫ᠁ĜżŰǀŰÿǵŧĪĜŊÿģÿ᠁
a serpente que a matou.
11

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Anotações
José Basílio da Gama nasceu em 1740, em São José do Rio das Mortes, hoje conhecida como Tiradentes, em Minas
Gerais. Estudou em colégio de jesuítas. Foi para Roma e ingressou na Arcádia Romana com o pseudônimo de Termindo
Sipílio. Publicou O Uraguai em 1769, obra que apresenta um olhar de simpatia pelo indígena e substitui a mitologia
greco-romana pela indígena.
Esse poema épico foi dedicado ao marquês de Pombal. Narra a luta dos povos indígenas de Sete Povos das Mis-
sões, no Uruguai, contra os portugueses, que queriam se apossar do local por conta de um acordo entre Espanha e
Portugal. Por esse acordo, as terras antes dominadas pelos espanhóis deveriam passar aos portugueses, enquanto os
primeiros ficariam com a região de Sacramento.
Os jesuítas não aceitaram esse acordo e organizaram uma resistência. Tropas portuguesas e espanholas foram
mandadas para região, a fim de fazer valer o tratado. A luta pela posse da região ocorreu em 1757, e o General Gomes
Freire de Andrade foi figura de destaque. Em sua narrativa, Basílio da Gama apresenta os jesuítas como responsáveis
pelos confrontos ocorridos no extremo sul do Brasil, na divisa com o Uruguai, e por dizimar os nativos. A epopeia ainda
trata de um caso de amor e morte em meio ao conflito.
As personagens de O Uraguai são: General Gomes Freire de Andrade (chefe das tropas portuguesas), Catâneo (che-
fe das tropas espanholas), Cacambo (chefe indígena), Sepé (guerreiro indígena), Balda (jesuíta administrador de Sete
Povos das Missões), Caitutu (guerreiro indígena e irmão de Lindoia), Tanajura (indígena feiticeira) e Lindoia (esposa
ģĪᡰ ÿĜÿŰěżᠥ᠇
A obra O Uraguai, diferentemente de Os lusíadas, estrutura-se em cinco cantos com versos decassílabos brancos
(sem rima). Ainda que não haja divisão de estrofes, o texto segue a divisão tradicional do texto épico e apresenta propo-
Professor, incentive os
alunos a conhecer o quadro sição, invocação, dedicatória, narrativa e epílogo.
de José Maria Medeiros.
Estrutura da obra

Apresentação do General Gomes Freire de Andrade.


Explicação dos motivos da guerra.
Canto I
Retratação do campo de batalha já coberto de destroços e cadáveres, especialmente de indígenas.
Descrição, de forma retrospectiva, de um desfile do exército luso-espanhol.

Descrição da partida do exército e da libertação dos indígenas prisioneiros.


Relato do encontro dos caciques Cacambo e Sepé com o general português às margens do rio Uruguai.
Canto II
Narração do início da guerra, causada pela rejeição de acordo dos jesuítas.
Derrota dos indígenas e morte de Sepé. Cacambo organiza a retirada.

Incêndio no acampamento do inimigo provocado por Cacambo.


Prisão de Cacambo por ordem do padre Balda, que queria tornar seu filho, Baldetta, cacique em seu lugar.
Canto III Apresentação de Lindoia.
Descrição do feitiço da feiticeira Tanajura, que faz com que Lindoia preveja o terremoto em Lisboa e a
reconstrução da cidade pelo marquês de Pombal, além da expulsão dos jesuítas.

Descrição das maquinações de Balda para entregar Lindoia, viúva de Cacambo, ao inimigo.
Fuga de Lindoia para a floresta, por fidelidade ao marido.
Canto IV
Apresentação de uma das cenas mais famosas da epopeia: a que Lindoia se deixa envenenar por
ǀŰÿᡰƫĪƣƠĪŲƸĪ᠇

Narração da prisão de Balda e da perseguição aos indígenas.


Canto V Expressão da opinião do autor sobre a responsabilidade dos jesuítas no massacre dos indígenas.
Elogio à política pombalina e homenagem ao general Gomes Freire de Andrade.

Leia atentamente o trecho a seguir, de O Uraguai, que apresenta a primeira parte do diálogo iniciado por líderes
indígenas (Cepê e Cacambo), às margens do Rio Uruguai, com o General Gomes Freire de Andrade, responsável pela
expedição portuguesa.
12
Literatura

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Unidade 2

Anotações
Eu, desarmado e só, buscar-te venho. Será; mas não o creio. E depois disto
Tanto espero de ti. E enquanto as armas As campinas que vês e a nossa terra
Dão lugar à razão, senhor, vejamos Sem o nosso suor e os nossos braços,
Se se pode salvar a vida e o sangue De que serve ao teu rei? Aqui não temos
De tantos desgraçados. Muito tempo Nem altas minas, nem caudalosos
Pode ainda tardar-nos o recurso Aqui não temos. Os padres faziam crer
Com o largo oceano de permeio, aos índios que os portugueses eram
Em que os suspiros dos vexados povos gente sem lei,
Perdem o alento. O dilatar-se a entrega Que adoravam o ouro.
Está nas nossas mãos, até que um dia Rios de areias de ouro. Essa riqueza
Informados os reis nos restituam Que cobre os templos dos benditos padres,
A doce antiga paz. Se o rei de Espanha Fruto da sua indústria e do comércio
Ao teu rei quer dar terras com mão larga Da folha e peles, é riqueza sua.
Que lhe dê Buenos Aires, e Correntes Com o arbítrio dos corpos e das almas
E outras, que tem por estes vastos climas; O céu lha deu em sorte. A nós somente
Porém não pode dar-lhes os nossos povos. Nos toca arar e cultivar a terra,
E inda no caso que pudesse dá-los, Sem outra paga mais que o repartido
Eu não sei se o teu rei sabe o que troca Por mãos escassas mísero sustento.
Porém tenho receio que o não saiba. Podres choupanas, e algodões tecidos,
Eu já vi a Colônia portuguesa E o arco, e as setas, e as vistosas penas
Na tenra idade dos primeiros anos, São as nossas fantásticas riquezas.
Quando o meu velho pai cos nossos arcos Muito suor, e pouco ou nenhum fasto.
Às sitiadoras tropas castelhanas Volta, senhor, não passes adiante.
Deu socorro, e mediu convosco as armas. Que mais queres de nós? Não nos obrigues
E quererão deixar os portugueses A resistir-te em campo aberto. Pode
A praça, que avassala e que domina Custar-te muito sangue o dar um passo.
O gigante das águas, e com ela Não queiras ver se cortam nossas frechas.
Toda a navegação do largo rio, Vê que o nome dos reis não nos assusta.
Que parece que pôs a natureza O teu está muito longe; e nós os índios
Para servir-vos de limite e raia? Não temos outro rei mais do que os padres.
GAMA, Basílio da. O Uraguai. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn00094a.pdf.
Acesso em: 30 set. 2021.

O excerto revela um diálogo em que os indígenas, para marcar posição no conflito, apresentam-se desarmados.
Ao analisar a fala dos indígenas, podem-se observar algumas crenças, como a de que a paz pode ser restituída pela
ação dos reis, a de que o povo indígena almeja a paz e a de que o rei dos índios são os padres. Essas crenças estão as-
sociadas a vários argumentos, como:
a) A imagem dos portugueses não é boa.
b) Defende a vida de tantos que podem morrer com a guerra, se for deflagrada.
c) O rei espanhol pode dar as terras, mas não as pessoas que nelas habitam.
d) A troca não é vantajosa para o rei de Portugal.
e) Os portugueses não vão querer abandonar seus domínios.
f) As terras desejadas não têm minas de ouro nem grandes rios; têm apenas áreas de plantio.
g) As riquezas que podem oferecer são: pobres choupanas, tecidos de algodão, arcos e flechas, penas vistosas e
muito suor.
h) A distância dos reis de Portugal e da Espanha.

Depois da leitura do excerto, discuta com os colegas a validade dos argumentos apresentados pela parte indígena,
relacionando-os com a situação das nações indígenas atualmente no Brasil.

Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6


13

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Poesia épica de Santa Rita Durão
Frei José de Santa Rita Durão nasceu nas redondezas de Mariana, Minas Gerais, em 1722. Estudou com os jesuítas
e entrou para a ordem de Santo Agostinho. Foi um dos representantes significativos do Arcadismo brasileiro, por sua
produção épica no Brasil do século XVIII.
Caramuru, seu poema épico, foi publicado em 1781. O texto trata da chegada de colonizadores à região da Bahia. Diogo
Álvares Correia, apelidado Caramuru, é o herói do poema. Seguindo o modelo descritivo da literatura informativa da época,
Professor, incentive o aluno
o texto conta, já no princípio, sobre o naufrágio sofrido pela personagem principal no litoral baiano e exalta a terra brasi-
a conhecer curiosidades so- leira, com muitas descrições da paisagem. Nessa obra, o indígena é retratado como exemplo da vida natural. Seguindo a
bre a minissérie Caramuru, estrutura tradicional de Os lusíadas, o poema apresenta dez cantos, com versos decassílabos e estrofes de oito versos.
adaptação da obra original.
Os personagens principais do poema são: Diogo Álvares Correia (Caramuru), Paraguaçu (filha do cacique Taparica),
Gupeva e Sergipe (guerreiros) e Moema (índia apaixonada por Diogo). No início, o poeta dedica o poema a D. José I,
pedindo sua atenção ao Brasil e ao povo nativo, porque sua integração à civilização cristã poderá resgatar a glória de
Portugal. Além disso, pede inspiração divina para começar a obra.

Síntese da obra
Após proposição, invocação, dedicatória e evocação, a narrativa se inicia com o naufrágio da embarcação de Diogo Álvares Correia e com sua
Canto I prisão e a de sete marujos pelos Tupinambás. Quando os prisioneiros vão ser sacrificados pela tribo antropófaga, ela é atacada pelo cacique
Sergipe, que vence e liberta os prisioneiros.
Diogo utiliza sua armadura e sua espingarda para intimidar e aproximar-se dos indígenas. Com a arma, consegue submeter os
inimigos a Gupeva. Por causa da explosão provocada pela pólvora ao disparar a espingarda, o português passa a ser chamado
Canto II
Caramuru, que significa “filho do trovão”. O autor apresenta Paraguaçu, uma indígena de pele branca que sabe português e está
prometida a Gupeva. Caramuru acaba se apaixonando por ela.
Gupeva explica que a tribo será atacada por Jararaca, um caeté sanguinário, que também está apaixonado por Paraguaçu. Uma vez
Canto III
mais, Caramuru usa a arma de fogo para afugentar o inimigo.
Jararaca convoca outras tribos para lutarem contra os tupinambás. Submeter-se a ele significaria perder as terras e ser escravizado. Até
Canto IV
Paraguaçu luta corajosamente e é salva pelo colonizador português.
Após a guerra, o casal avalia a maldade humana. Caramuru consegue controlar todos os nativos, eliminando as possibilidades de
Canto V
resistência de Jararaca.
Fica muito evidente a construção do herói e a valorização dos grandes feitos de Diogo. Os caciques oferecem suas filhas a Caramuru,
mas ele as recusa por amar Paraguaçu. Saudoso de casa, parte para a Europa numa embarcação francesa, levando Paraguaçu. A união
dos dois representa uma aliança entre o colonizador e o povo indígena. Nesse canto, é descrito o episódio mais trágico da obra: a
Canto VI
morte da indígena Moema. Várias nativas interessadas em Caramuru ficam inconsoláveis com sua partida. Muitas delas nadam,
tentando alcançar a embarcação, até que, cansadas, retornam. Porém, Moema não suporta vê-lo partir, nada até a caravela e pede a
Caramuru que lance um raio sobre ela. Exausta, não suporta mais e morre afogada.
Na França, o casal é recebido na corte e Paraguaçu é batizada com o nome da rainha Catarina de Médicis, mulher de Henrique II, que
Canto VII
lhe serve de madrinha. Diogo lhes descreve tudo o que sabe a respeito da flora e da fauna brasileiras.
Henrique II se predispõe a ajudar Diogo Álvares na tarefa de doutrinamento e assimilação dos índios, oferecendo-lhe tropa e recompensa.
Fiel à monarquia portuguesa, o valente lusitano recusa tal proposta. Na viagem de volta ao Brasil, Catarina-Paraguaçu profetiza,
Canto VIII prospectivamente, o futuro da nação. Descreve as terras da Bahia: povoações, igrejas, engenhos e fortalezas. Fala sobre seus governadores
e a luta contra os franceses de Villegagnon, aliados dos Tamoios. Discorre sobre o ataque de Mem de Sá aos franceses no forte da enseada
de Niterói e sobre a vitória de Estácio de Sá contra as mesmas forças.
Canto IX Prosseguindo em seu vaticínio, Catarina-Paraguaçu descreve a luta contra os holandeses que termina com a restauração de Pernambuco.
A visão profética de Catarina-Paraguaçu acaba se transformando na da Virgem sobre a criação do Universo. Ao chegar, o casal é recebido pela
caravela de Carlos V, que agradece a Diogo o socorro aos náufragos espanhóis. A história de Pereira Coutinho é narrada, enfatizando-se o
apoio dos Tupinambás na dominação dos campos da Bahia e no povoamento do Recôncavo Baiano.
Na cerimônia realizada na Casa da Torre, o casal revestido na realeza da nação espanhola a transfere para D. João III, representado na pessoa do
Canto X
primeiro Governador Geral, Tomé de Souza. A penúltima estrofe canta a preservação da liberdade do índio e a responsabilidade do reino com a
divulgação da religião cristã entre eles. Na última (epílogo), Diogo e Catarina, por decreto real, recebem as honras da colônia lusitana.
No desfecho, o autor trata da necessidade de preservação do indígena, defende a submissão deles às leis da Coroa e a importância de
torná-los cristãos. Para encerrar o poema, Paraguaçu e Diogo recebem as honras da colônia lusitana.
14
Literatura

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Unidade 2

Faça em sala
1. O excerto a seguir registra a resposta dada aos indígenas pelo General Gomes Freire de Andrade, responsável pela expedição portuguesa. Leia-o com
atenção.
Acabou de falar; e assim responde Da sua proteção. Esse absoluto
O ilustre General: Ó alma grande, Império ilimitado, que exercitam
Digna de combater por melhor causa, Em vós os padres, como vós, vassalos,
Vê que te enganam: risca da memória É império tirânico, que usurpam.
Vãs, funestas imagens, que alimentam Nem são senhores, nem vós sois escravos.
envelhecidos mal fundados ódios. O rei é vosso pai: quer-vos felizes.
Por mim te fala o rei: ouve-me, atende, Sois livres, como eu sou; e sereis livres,
E verás uma vez nua a verdade. Não sendo aqui, em outra qualquer parte.
Fez-vos livres o céu, mas se o ser livres Mas deveis entregar-nos estas terras.
Era viver errantes e dispersos, Ao bem público cede o bem privado.
Sem companheiros, sem amigos, sempre
O sossego de Europa assim o pede.
Com as armas na mão em dura guerra,
Assim o manda o rei. Vós sois rebeldes,
Ter por justiça a força, e pelos bosques
Se não obedeceis; mas os rebeldes,
Viver do acaso, eu julgo que inda fora
Eu sei que não sois vós, são os bons padres,
Melhor a escravidão que a liberdade.
Que vos dizem a todos que sois livres,
Mas nem a escravidão, nem a miséria
E se servem de vós como de escravos.
Quer o benigno rei que o fruto seja
GAMA, Basílio da. O Uraguai. Disponível em: www.dominiopublico. gov.br/download/texto/bn00094a.pdf.
Acesso em: 30 set. 2021.

a) Relacione os argumentos apresentados pelo general.


A imagem que os índios têm dos portugueses é equivocada. O general quer que os índios se entreguem e entreguem as terras, porque o rei não quer

a escravidão deles. Os verdadeiros algozes são os padres, que escravizam os índios pela fé.

b) Quais são as crenças percebidas no discurso do general? Relacione-as.


Os padres criaram um império ilimitado e exercitam influência sobre os índios. O bem público é maior que o privado. O rei é o pai de todos e quer a

felicidade dos seus.

2. Basílio da Gama, na obra O Uraguai,


a) ĜƣŏƸŏĜÿ'ŏżŃżŧǜÿƣĪƫ żƣƣĪŏÿ᠁ŰŏƫƫŏżŲĀƣŏżƢǀĪŧŏģĪƣÿǀŰģżƫŰÿŏżƣĪƫĪǢƸĪƣŰőŲŏżƫģĪŏŲģőŃĪŲÿƫģÿŊŏƫƸŽƣŏÿģżƣÿƫŏŧ᠇
b) ģĪƫĜƣĪǜĪhŏŲģżŏÿĪrżĪŰÿĜżŰżŰżģĪŧżƫģĪŊĪƣżőŲÿƫŲÿĜŏżŲÿŏƫƠżƣģĪłĪŲģĪƣĪŰÿŏģĪŲƸŏģÿģĪŏŲģőŃĪŲÿÿŰĪÿğÿģÿƠĪŧÿĜżŧżŲŏǭÿğĘżĪǀƣżƠĪŏÿ᠇
c) ŏģĪÿŧŏǭÿÿǿŃǀƣÿģżŏŲģőŃĪŲÿĜżŰżŊĪƣŽŏŲÿĜŏżŲÿŧĪĪǢÿŧƸÿÿƸĪƣƣÿěƣÿƫŏŧĪŏƣÿÿƠÿƣƸŏƣģÿƠĪƣƫƠĪĜƸŏǜÿģĪƠÿƣÿőƫżŲÿƸǀƣÿŧ᠇
d) ŲÿƣƣÿÿŃǀĪƣƣÿĪŲƸƣĪżƫŏŲģőŃĪŲÿƫģĪ®ĪƸĪ£żǜżƫģÿƫrŏƫƫƛĪƫĜżŲƸƣÿżĪǢīƣĜŏƸżĪƫƠÿŲŊżŧ᠁ƢǀĪŧǀƸÿǜÿƠÿƣÿŏŰƠżƣż¼ƣÿƸÿģżģĪrÿģƣŏ᠇ Resposta: D.
e) ĪǢƠƣĪƫƫÿÿŃƣÿŲģŏżƫŏģÿģĪģÿƠżĪƫŏÿīƠŏĜÿĀƣĜÿģĪ᠁ƣÿǭĘżƠĪŧÿƢǀÿŧĪŧÿłżŏĜżŲƫŏģĪƣÿģÿĜżŰżŰÿƣĜżŏŲŏĜŏÿŧģżƣĜÿģŏƫŰżŲżƣÿƫŏŧ

3. hĪŏÿżłƣÿŃŰĪŲƸżÿƫĪŃǀŏƣ᠁ģżĪƠŏƫŽģŏżģƣÿŰĀƸŏĜżģĪCaramuru.

XLI
Enfim, tens coração de ver-me aflita,
Flutuar moribunda entre estas ondas;
Nem o passado amor teu peito incita
A um ai somente, com que aos meus respondas:
Bárbaro, se esta fé teu peito irrita,
(Disse, vendo-o fugir), ah não te escondas;
Dispara sobre mim teu cruel raio.
E indo a dizer o mais, cai num desmaio.
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XLII
Perde o lume dos olhos, pasma e treme,
Pálida a cor, o aspecto moribundo;
Com mão já sem vigor, soltando o leme,
Entre as salsas escumas desce ao fundo:
Mas na onda do mar, que irado freme,
Tornando a aparecer desde o profundo;
— Ah! Diogo cruel! – disse com mágoa,
E, sem mais vista ser, sorveu-se n’água.
[...]
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000099.pdf.
Acesso em: 30 set. 2021.

a) ƢǀĪĪƠŏƫŽģŏżĪÿƢǀÿŏƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫģżƸĪǢƸżīƠŏĜżƫĪƣĪłĪƣĪżĪǢĜĪƣƸż᠈ żŰƠƣżǜĪƫǀÿƣĪƫƠżƫƸÿĜżŰĪŧĪŰĪŲƸżƫģżƸĪǢƸż᠇
O excerto conta o episódio da partida de Caramuru para a Europa e apresenta as personagens envolvidas nessa cena: Moema e Caramuru.

Isso pode ser afirmado pelo uso do feminino e do masculino e pela descrição do sofrimento amoroso de Moema (traduzidos por termos como “aflita”,

“moribunda”, “pálida”, “com mágoa”) e sua visão em relação à partida do amado, vista como abandono (descrito como bárbaro, fugitivo, cruel).

O nome português de Caramuru (Diogo) é citado no texto.

b) ƸƣĪĜŊżģĪƫĜƣĪǜĪǀŰłÿƸżģƣÿŰĀƸŏĜżƢǀĪŃĪƣÿĜżŲƫĪƢǀįŲĜŏÿƫ᠇¥ǀÿŏƫƫĘżĪŧÿƫ᠈
O fato dramático é a partida de Caramuru para a Europa, acompanhado de Paraguaçu, abandonando Moema, que é apaixonada por ele e não suporta a

separação. Ela nada inutilmente, tentando acompanhar a embarcação, e acaba, sem forças, afogando-se, metaforicamente, em sua mágoa de mulher

abandonada.

c) SŲģŏƢǀĪżƫÿƫƠĪĜƸżƫłżƣŰÿŏƫģÿƫģǀÿƫĪƫƸƣżłĪƫ᠇
As estrofes têm oito versos decassílabos com um esquema formal de rimas: abababcc.

4. hĪŏÿÿĪƫƸƣżłĪÿƫĪŃǀŏƣ᠁ģż ÿŲƸżßSS᠁ģĪCaramuru᠁ƠżĪŰÿīƠŏĜżģĪ®ÿŲƸÿ¦ŏƸÿ'ǀƣĘż᠇/ƫƫĪƫǜĪƣƫżƫłÿǭĪŰƠÿƣƸĪģÿģĪƫĜƣŏğĘżƢǀĪ'ŏżŃżŧǜÿƣĪƫ żƣƣĪŏÿłÿǭģÿ


terra brasileira aos europeus. Neles, é evidente a sugestão:

XL
Prodígio raro, estranha maravilha,
Com que tanto mistério se retrata!
Onde em meio das trevas a fé brilha,
Que tanto desconhece a gente ingrata:
Assim do lado seu nascendo filha
A humana espécie, Deus piedoso trata,
E faz que quando a graça em si despreza,
Lhe pregue co’esta flor a natureza.

a) ÿżƠƣżĜĪƫƫżģĪĜżŲǜĪƣƫĘżģĪ£ÿƣÿŃǀÿğǀđłīĜƣŏƫƸĘ᠇ Resposta: A.
b) ÿżƠżģĪƣģÿǵŧżƣŲÿĜǀŧƸǀƣÿŏŲģőŃĪŲÿŲÿĜŏżŲÿŧ᠇
c) à riqueza da natureza tipicamente brasileira.
d) à disposição dos europeus em aceitar a religião indígena.
e) à relação amorosa vivida por Diogo e Paraguaçu.

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Literatura

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Unidade 2

Faça em casa
ěƫĪƣǜĪÿƠŏŲƸǀƣÿĪŧĪŏÿżłƣÿŃŰĪŲƸżÿƫĪŃǀŏƣƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᙷĪᙸ᠇

Reprodução/Museu Nacional de Belas Artes – Iphan/


Ministério da Cidadania, Rio de Janeiro, RJ.
Batalha de Guararapes, de Victor Meirelles.

Vinha logo de guardas rodeado


Fonte de crimes, militar tesouro,
Por quem deixa no rego o curto arado
O lavrador, que não conhece a glória;
E vendendo a vil preço o sangue e a vida
Move, e nem sabe por que move a guerra.
GAMA, Basílio. O Uraguai. In: BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. 43. ed. São Paulo: Cultrix, 2006. p. 67.

1. ᠤÃ/GᠵGᠥłƣÿŃŰĪŲƸżĪÿƠŏŲƸǀƣÿƫĪÿƠƣżǢŏŰÿŰƠżƣ᠀
a) ƸĪƣĪŰƸĪŰĀƸŏĜÿƫƫĪŰĪŧŊÿŲƸĪƫ᠇ Resposta: A. c) ƣĪłżƣğÿƣĪŰƸĪŰÿƫĪŏģĪÿŏƫŏŧǀŰŏŲŏƫƸÿƫ᠇
b) retratarem o mesmo acontecimento. d) ÿŧǀģŏƣĪŰÿżŰĪƫۿۿŰĪŲƸżŊŏƫƸŽƣŏĜż᠇

2. (UEG-GO) Embora O UraguaiƫĪšÿĜżŲƫŏģĪƣÿģżÿŰĪŧŊżƣƣĪÿŧŏǭÿğĘżīƠŏĜÿģżƣĜÿģŏƫŰżěƣÿƫŏŧĪŏƣż᠁ŲżƸÿᠵƫĪ᠁Ųÿżěƣÿ᠁ǀŰÿƢǀĪěƣÿģżŰżģĪŧżģÿĪƠżƠĪŏÿ


ĜŧĀƫƫŏĜÿ᠇/ŰƸĪƣŰżƫģĪĜżŲƸĪǁģż᠁ƸÿŲƸżŲżƸƣĪĜŊżƢǀÿŲƸżŲÿƠŏŲƸǀƣÿÿƠƣĪƫĪŲƸÿģżƫ᠁ĪƫƫÿƢǀĪěƣÿƫĪĪǜŏģĪŲĜŏÿ᠀
a) pela representação de situações tragicômicas. c) ƠĪŧÿÿŧǀƫĘżÿŊĪƣŽŏƫŰŏƸżŧŽŃŏĜżƫģÿGƣīĜŏÿŲƸŏŃÿ᠇
b) ƠĪŧżƣĪƸƣÿƸżģĪĪƠŏƫŽģŏżƫģĪěƣÿǜǀƣÿĪŊĪƣżőƫŰż᠇ d) pelo questionamento da guerra como algo positivo. Resposta: D.

3. (UFPR) O UraguaiłżŏƠǀěŧŏĜÿģżƠĪŧÿƠƣŏŰĪŏƣÿǜĪǭÿŲƸĪƫģÿSŲģĪƠĪŲģįŲĜŏÿģżƣÿƫŏŧ᠁ĪŰᙷᚃᚂᚅ᠁ĪŲÿƣƣÿÿƫģŏƫƠǀƸÿƫĪŲƸƣĪĪƫƠÿŲŊŽŏƫĪƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫ
ƠĪŧżƫƸĪƣƣŏƸŽƣŏżƫģżƫǀŧģżĜżŲƸŏŲĪŲƸĪ᠁ĪŲǜżŧǜĪŲģżżƫőŲģŏżƫĪżƫšĪƫǀőƸÿƫ᠇tżłƣÿŃŰĪŲƸżÿƫĪŃǀŏƣ᠁ƠżģĪŰżƫĜżŲłĪƣŏƣǀŰƸƣĪĜŊżģÿłÿŧÿģżĜżŰÿŲ-
ģÿŲƸĪƠżƣƸǀŃǀįƫ᠀
O nosso último rei e o rei de Espanha
Determinaram por cortar de um golpe,
Como sabeis, neste ângulo da terra,
As desordens de povos confinantes,
Que mais certos sinais nos dividissem.
GAMA, Basílio da. Canto primeiro. In: GAMA, Basílio da. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 47.

O talento de Basílio da Gama, que transforma o árido assunto em matéria literária, recebe, cem anos depois, o elogio de Machado de
Assis. Ao compará-lo com seu contemporâneo, Tomás Antônio Gonzaga, o escritor afirma: “Não lhe falta, também a ele, nem sensibili-
dade, nem estilo, que em alto grau possui; a imaginação é grandemente superior à de Gonzaga, e quanto à versificação nenhum outro,
em nossa língua, a possui mais harmoniosa e pura” (A nova geração. In: Obras completas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973. p. 815).
17

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®żěƣĪżƠżĪŰÿģĪÿƫőŧŏżģÿGÿŰÿ᠁ĜżŲƫŏģĪƣĪÿƫƫĪŃǀŏŲƸĪƫÿłŏƣŰÿƸŏǜÿƫ᠀

1. ĜżŲƸĪǢƸżŊŏƫƸŽƣŏĜżƸƣÿěÿŧŊÿģżŲżƠżĪŰÿģĪÿƫőŧŏżģÿGÿŰÿīłǀŲģÿŰĪŲƸÿŧƠÿƣÿżƫĪǀĪŲƸĪŲģŏŰĪŲƸż᠀ÿģĪƫĜĪŲƸƣÿŧŏǭÿğĘżģżƠżģĪƣĜżŧżŲŏÿŧ᠁
ƠƣżƸÿŃżŲŏǭÿģÿƠĪŧżrÿƣƢǀįƫģĪ£żŰěÿŧ᠁ĪÿģŏƫƠǀƸÿģĪƸĪƣƣŏƸŽƣŏżƫĜżŧżŲŏÿŏƫĪŲƸƣĪ/ƫƠÿŲŊÿĪ£żƣƸǀŃÿŧ᠁ŰĪģŏÿģÿĪƠÿĜŏǿĜÿģÿƠĪŧżƫšĪƫǀőƸÿƫ᠁Ųÿ
segunda metade do século XVIII.
2. Ao longo dos cinco cantos de O Uraguai, compostos em decassílabos sem rima, podemos perceber a marca da epopeia, na narração da guerra e dos
łĪŏƸżƫģżƫŊĪƣżŏĜżƫƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫ᠁ĪģÿƫĀƸŏƣÿ᠁ŲÿĜÿƣŏĜÿƸǀƣÿģżƫšĪƫǀőƸÿƫ᠁ƠÿƣƸŏĜǀŧÿƣŰĪŲƸĪŲÿǿŃǀƣÿģż£ÿģƣĪÿŧģÿ᠇
3. ŃƣÿŲģĪģĪƫƸÿƢǀĪģÿģżÿżƫőŲģŏżƫĪđģĪłĪƫÿģÿƫǀÿƸĪƣƣÿ᠁ÿĪǢÿŧƸÿğĘżŧőƣŏĜÿģÿŲÿƸǀƣĪǭÿĪÿĜĪŲƸƣÿŧŏģÿģĪģżƠÿƣÿŰżƣ᠓ŰżƣƸĪ᠁ƠƣĪƫĪŲƸĪŲÿƣĪŧÿğĘż
ģĪhŏŲģżŏÿĪ ÿĜÿŰěż᠁ģĪƣÿŰÿżƠżĪŰÿģĪÿƫőŧŏżģÿGÿŰÿżŧǀŃÿƣģĪŏŲÿǀŃǀƣÿģżƣģżƣżŰÿŲƸŏƫŰżĪŰƸżģżƫżƫŰÿŲǀÿŏƫģĪŊŏƫƸŽƣŏÿģÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ
brasileira.
4. £ÿƣÿŲÿƣƣÿƣÿĜżŲƸĪĜŏŰĪŲƸżƫƣĪÿŏƫģÿÿğĘżģĪƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫĪĪƫƠÿŲŊŽŏƫŲÿģŏƫƠǀƸÿģżƫƸĪƣƣŏƸŽƣŏżƫģĪŧŏŰŏƸÿģżƫƠĪŧżƣŏżÃƣǀŃǀÿŏ᠁ƢǀĪŊżšĪ
ĜżƣƣĪƫƠżŲģĪŰÿżŲżƣżĪƫƸĪģż¦ŏżGƣÿŲģĪģż®ǀŧĪÿżŲżƣƸĪģÿƣŃĪŲƸŏŲÿ᠁ÿƫőŧŏżģÿGÿŰÿƸżŰÿżĜǀŏģÿģżģĪŏŲƫĪƣŏƣÿƠĪŲÿƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫǿĜĜŏżŲÿŏƫ
no poema, para não se comprometer.

Assinale a alternativa correta.


a) ®żŰĪŲƸĪÿÿǿƣŰÿƸŏǜÿᙷīǜĪƣģÿģĪŏƣÿ᠇
b) ®żŰĪŲƸĪÿÿǿƣŰÿƸŏǜÿᙸīǜĪƣģÿģĪŏƣÿ᠇
c) ®żŰĪŲƸĪÿƫÿǿƣŰÿƸŏǜÿƫᙸĪᙹƫĘżǜĪƣģÿģĪŏƣÿƫ᠇ Resposta: C.
d) ®żŰĪŲƸĪÿƫÿǿƣŰÿƸŏǜÿƫᙷ᠁ᙹĪ ƫĘżǜĪƣģÿģĪŏƣÿƫ᠇
e) ƫÿǿƣŰÿƸŏǜÿƫᙷ᠁ᙸ᠁ᙹĪ ƫĘżǜĪƣģÿģĪŏƣÿƫ᠇

4. (Umesp) Sobre o poema O Uraguai᠁īĜżƣƣĪƸżÿłŏƣŰÿƣƢǀĪ᠀


a) żŊĪƣŽŏģżƠżĪŰÿī'ŏżŃżŧǜÿƣĪƫ᠁ƣĪƫƠżŲƫĀǜĪŧƠĪŧÿƠƣŏŰĪŏƣÿÿğĘżĜżŧżŲŏǭÿģżƣÿŲÿÿŊŏÿ᠇
b) o índio Cacambo, ao saber da morte de sua amada, Lindoia, suicida-se.
c) żĪƫĜƣŏƸżĪŰƠŧĪŲÿǜŏŃįŲĜŏÿģżÿƣƣżĜżǿŧŏżǀᠵƫĪđĜżƣƣĪŲƸĪĜǀŧƸŏƫƸÿ᠇
d) os jesuítas aparecem como vilões, enganadores dos índios. Resposta: D.
e) ƫĪŃǀĪÿĪƫƸƣǀƸǀƣÿīƠŏĜÿĜÿŰżŲŏÿŲÿ᠁ĜżŰǜĪƣƫżƫģĪĜÿƫƫőŧÿěżƫĪĪƫƸƣżłĪƫĪŰżŏƸÿǜÿƣŏŰÿ᠇

5. Em relação à obra O Uraguai, de Basílio da Gama, pode-se considerar que


a) expressa uma visão acentuada do caráter bárbaro dos indígenas.
b) ÿĜÿŰěżĪ®ĪƠī᠁¼ŏÿƣÿšǀƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿŰżƠżǜżÿǀƸŽĜƸżŲĪƢǀĪģĪłĪŲģĪÿƸĪƣƣÿŲÿƸÿŧ᠇ Resposta: B.
c) Lindoia sobrevive à picada de cobra e reencontra seu amado, Cacambo.
d) O UraguaiłżŃĪÿżƫƠÿģƣƛĪƫĪƫƸīƸŏĜżƫģżƫƠżĪŰÿƫīƠŏĜżƫĜżŰżƫᡴŧǀƫőÿģÿƫ.
e) O poema narra a constituição de uma missão jesuítica no Uruguai.

6. ᠤãFᠵ¦®ᠥŲÿŧŏƫĪÿƫÿłŏƣŰÿƸŏǜÿƫÿěÿŏǢż᠁ƫżěƣĪÿżěƣÿO Uraguai, de Basílio da Gama.


I. tÿƫĜĪŲÿƫŏŲŏĜŏÿŏƫģĪŃǀĪƣƣÿģĪƫĜƣŏƸÿƫƠĪŧżƠżĪƸÿ᠁żƫŏŲģőŃĪŲÿƫÿƠÿƣĪĜĪŰĜżŰżŊĪƣŽŏƫŃŧżƣŏżƫżƫ᠁ŧĪŰěƣÿŲģżżƫƠƣżƸÿŃżŲŏƫƸÿƫģĪŃǀĪƣƣÿƫģĪ
īƠŏĜżƫÿŲƸŏŃżƫ᠇ ÿĜÿŰěż᠁ƠżƣĪǢĪŰƠŧż᠁ÿżŏŲĜĪŲģŏÿƣżÿĜÿŰƠÿŰĪŲƸżģżŏŲŏŰŏŃżĪǀƣżƠĪǀ᠁ŧĪŰěƣÿÃŧŏƫƫĪƫ᠁ƢǀĪŏŲĜĪŲģŏżǀ¼ƣżŏÿ᠇/ŲƸƣĪƸÿŲƸż᠁Ųż
decorrer do texto, esse mesmo indígena é ridicularizado, passando a ser apresentado como um derrotado ou covarde.
II. tżƫǜĪƣƫżƫᡆ¼ĪŰƠżƣģĪƫƠżšżƫĜÿěĪŧǀģÿƫƠĪŧĪƫ᠓'ĪĪŲƫÿŲŃǀĪŲƸÿģżƫĪłÿŰŏŲƸżƫŧżěżƫ᠓ĪǿŲŃŏģÿƫƣÿƠżƫÿƫᡇ᠁żƠżĪƸÿ᠁łÿǭĪŲģżƣĪłĪƣįŲĜŏÿÿżƢǀĪĜÿěĪ
ÿżƫŊĪƣŽŏƫģĪƠżŏƫģÿŧǀƸÿ᠁ģĪŏǢÿĜŧÿƣÿƫǀÿĜżŲģĪŲÿğĘżđÿğĘżģżƫšĪƫǀőƸÿƫŲÿƫŰŏƫƫƛĪƫ᠇ƫƫŏŰ᠁ÿǿƣŰÿÿŏģĪŏÿģĪƢǀĪÿŃǀĪƣƣÿŃǀÿƣÿŲőƸŏĜÿƫĪƠƣĪƫƸżǀ
à libertação dos índios do poder dos jesuítas.
III. ŊĪƣżőŲÿŏŲģőŃĪŲÿhŏŲģżŏÿ᠁ģŏÿŲƸĪģÿģżƣƠĪŧżÿŰżƣƢǀĪƫĪƸżƣŲżǀŏŰƠżƫƫőǜĪŧ᠁ƠƣżĜǀƣÿÿŰżƣƸĪŲÿǵŧżƣĪƫƸÿ᠇tÿĜĪŲÿĪŰƢǀĪƫĪģĪŏǢÿƠŏĜÿƣƠżƣǀŰÿ
ƫĪƣƠĪŲƸĪ᠁ƣĪÿŧŏǭÿŲģż᠁ÿƫƫŏŰ᠁żģĪƫĪšżģĪŰżƣƣĪƣ᠁żěƫĪƣǜÿᠵƫĪǀŰÿƣĪŧÿğĘżŊÿƣŰƀŲŏĜÿĪŲƸƣĪÿŲÿƸǀƣĪǭÿĪÿƠĪƣƫżŲÿŃĪŰ᠁ǜŏƫƸżƢǀĪÿƢǀĪŧÿÿŃĪƫżěƣĪĪƫƸÿ
com suas plantas e seus animais.

Está corretożƢǀĪƫĪÿłŏƣŰÿĪŰ᠀
a) I, II e III d) I e III Resposta: D.
b) I e II e) II
c) II e II
18
Literatura

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Unidade 2

hĪŏÿżƸƣĪĜŊżģżƠżĪŰÿīƠŏĜżCaramuru᠁ģĪdżƫīģĪ®ÿŲƸÿ¦ŏƸÿ'ǀƣĘżᠤᙷᚃᙸᙸᠵᙷᚃᚄ ᠥ᠁ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫģĪᚃÿᚅ᠇

XIV
Já estava em terra o infausto1 naufragante,
Rodeado da turba2 americana;
Veem-se com pasmo ao porem-se diante,
E uns aos outros não creem da espécie humana:
Os cabelos, a cor, barba e semblante
Faziam crer àquela gente insana,
Que alguma espécie de animal seria,
Desses que no seu seio o mar trazia.

XV
Algum, chegando aos míseros, que à areia
O mar arroja3 extintos, nota o vulto4;
Ora o tenta despir e ora receia
Não seja astúcia, com que o assalte oculto.
Outros, do jacaré tomando a ideia
Temem que acorde com violento insulto,
Ou que o sono fingindo os arrebate
E entre as presas cruéis no fundo os mate.

XVI
Mas vendo o Sancho, um náufrago que expira,
Rota a cabeça numa penha5 aguda,
Que ia trêmulo a erguer-se e que caíra,
Que com voz lastimosa implora ajuda:
E vendo os olhos, que ele em branco vira,
Cadavérica a face, a boca muda,
Pela experiência da comum sorte,
Reconhecem também que aquilo é morte.

XVII
Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;
E retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico6 trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços:
Outros da crua carne iam comendo;
Tanto na infame gula eram devassos:
Tais há que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos.

XVIII
Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corrupta!
Quanto não deve a Europa abençoada
À Fé do Redentor, que humilde escuta?
(Arcadismo: líricos e épicos, 2010.)

1 infausto: infeliz, desgraçado. 4 vulto: corpo.


2 turba: multidão. 5 penha: grande massa de rocha saliente.
3 arrojar: lançar com força. 6 famélico: faminto

7. ᠤÃ/ᠵrᠥƸƣĪĜŊżƸƣÿŲƫĜƣŏƸżŲÿƣƣÿ
a) ÿƣĪƫŏƫƸįŲĜŏÿģżƫŏŲģőŃĪŲÿƫģÿÿŊŏÿĪŰÿĜĪŏƸÿƣÿƣĪŧŏŃŏĘżģżƫƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫ᠇
b) ÿƸƣĀŃŏĜÿĜŊĪŃÿģÿģżƫƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫđÿŊŏÿÿƠŽƫżŲÿǀłƣĀŃŏżģĪƫǀÿĪŰěÿƣĜÿğĘż᠇ Resposta: B.
c) ÿƫÿŲŃƣĪŲƸÿģŏƫƠǀƸÿĪŲƸƣĪŏŲģőŃĪŲÿƫĪƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫƠĪŧżƸĪƣƣŏƸŽƣŏżģÿÿŊŏÿ᠇
d) a emboscada preparada pelos indígenas para capturar as embarcações portuguesas.
e) żĪƫłżƣğżłĪƣżǭģżƫƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫĪŰĜÿƠƸǀƣÿƣżƫŏŲģőŃĪŲÿƫģÿÿŊŏÿ᠇ 19

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8. ᠤÃ/ᠵrᠥtÿĪƫƸƣżłĪåSß᠁ÿƫĪǢƠƣĪƫƫƛĪƫᡆƸǀƣěÿÿŰĪƣŏĜÿŲÿᡇ᠁ᡆŃĪŲƸĪŏŲƫÿŲÿᡇĪᡆĪƫƠīĜŏĪģĪÿŲŏŰÿŧᡇƣĪłĪƣĪŰᠵƫĪ᠁ƣĪƫƠĪĜƸŏǜÿŰĪŲƸĪ᠁
a) aos indígenas, aos indígenas e aos portugueses. Resposta: A. d) aos portugueses, aos portugueses e aos indígenas.
b) aos portugueses, aos indígenas e aos portugueses. e) aos indígenas, aos indígenas e aos indígenas.
c) aos indígenas, aos portugueses e aos indígenas.

9. ᠤÃ/ᠵrᠥ/ŲƸƣĪÿƫŧŏŲŊÿƫƸĪŰĀƸŏĜÿƫĪǢƠŧżƣÿģÿƫƠżƣ®ÿŲƸÿ¦ŏƸÿ'ǀƣĘżĪŰƫĪǀƠżĪŰÿīƠŏĜż᠁ÿƢǀĪŧÿƢǀĪƫĪŰżƫƸƣÿŰÿŏƫǜŏƫőǜĪŧŲżƸƣĪĜŊżƸƣÿŲƫĜƣŏƸżī
a) a descrição da natureza local. d) a exaltação da pureza indígena.
b) a rivalidade entre tribos indígenas. e) a descrição da vida indígena. Resposta: E.
c) ÿěƣǀƸÿŧŏģÿģĪģżĜżŧżŲŏǭÿģżƣƠżƣƸǀŃǀįƫ᠇

hĪŏÿÿƫƫĪŃǀŏŲƸĪƫĪƫƸƣżłĪƫģż ÿŲƸżSƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫģĪᙷᙶÿᙷᙸ᠇
I
De um varão em mil casos agitados,
Que as praias discorrendo do Ocidente,
Descobriu recôncavo afamado
Da capital brasílica potente;
Do Filho do Trovão denominado,
Que o peito domar soube à fera gente,
O valor cantarei na adversa sorte,
Pois só conheço herói quem nela é forte.

II
Santo Esplendor, que do Grão Padre manas
Ao seio intacto de uma Virgem bela,
Se da enchente de luzes soberanas
Tudo dispensas pela Mãe donzela;
Rompendo as sombras de ilusões humanas,
Tudo do grão caso a pura luz revela;
Faze que em ti comece e em ti conclua
Esta grande obra, que por fim foi tua.

III
E vós, Príncipe excelso, do Céu dado
Para base imortal do luso trono;
Vós, que do áureo Brasil no principado
Da real sucessão sois alto abono;
Enquanto o império tendes descansado
Sobre o seio da paz com doce sono,
Não queirais designar-vos no meu metro
De pôr os olhos e admiti-lo ao cetro.

10. tÿĪƫƸƣżłĪS᠁żƠżĪƸÿÿƠƣĪƫĪŲƸÿ
a) a invocação. c) a proposição. Resposta: C. e) a dedicação.
b) o epílogo. d) a narração.

11. tÿƫĪŃǀŲģÿĪƫƸƣżłĪ᠁ƠÿƣÿƠżģĪƣƣĪÿŧŏǭÿƣƫǀÿƸÿƣĪłÿģĪĪƫĜƣŏƸÿ᠁żĪƫĜƣŏƸżƣƣĪÿŧŏǭÿ᠀
a) a invocação. Resposta: A. c) a proposição. e) a dedicação.
b) o epílogo. d) a narração.

12. ƠÿƣƸŏƣģÿĪƫƸƣżłĪSSS᠁®ÿŲƸÿ¦ŏƸÿ'ǀƣĘżĪǢƠƣĪƫƫÿ᠀
a) a invocação. c) a proposição. e) a dedicação do poema ao rei D. José I.
b) o epílogo. d) a narração. Resposta: E.

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Literatura

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Unidade 2

Junte os pontos
Observe com atenção o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.

A épica e a poesia
indianista árcade

Poesia épica: Vila Rica, de Cláudio


Manuel da Costa; O Uraguai, de
Basílio da Gama; Caramuru, de Frei
Contexto: deslocamento Santa Rita Durão.
do foco econômico para a Vila Rica: narra a fundação da
exploração do ouro no Sudeste. atual Ouro Preto.
Inconfidência Mineira. O Uraguai: narra a luta dos povos
Produção essencialmente indígenas de Sete Povos das
poética: poesia épica, lírica Missões, no Uruguai, contra os
e satírica. portugueses, que queriam se
Indianismo: tema recorrente,
apossar do local por conta de um
desde a Carta de Caminha até
acordo entre Espanha e Portugal.
a atualidade, com diferentes
Caramuru: trata da chegada de
abordagens: informática,
colonizadores à região
catequética, nacionalista,
da Bahia.
idealista, crítica.

1. Quais são os aspectos inovadores da epopeia O Uraguai, de Basílio da Gama, em relação aos modelos clássicos?
A obra O Uraguai apresenta somente cinco cantos e versos brancos. Além disso, explicita uma crítica dura à ação jesuítica no conflito descrito.

2. Os textos épicos Caramuru e O UraguaiÿƠƣĪƫĪŲƸÿŰģǀÿƫĜĪŲÿƫƸƣĀŃŏĜÿƫƠƣżƸÿŃżŲŏǭÿģÿƫƠżƣƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫłĪŰŏŲŏŲÿƫ᠇¥ǀÿŏƫƫĘżĪƫƫÿƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠈


As duas personagens femininas são: Moema e Lindoia.

21

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Un
ida
de
A lírica e a sátira
3 árcade no Brasil

Andreas G. Karelias/Shutterstock
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46,
EM13LP48, EM13LP49 e
EM13LP52
Nesta unidade, você
vai estudar:
Poesia lírica árcade:
Silva Alvarenga e
Alvarenga Peixoto.
Obra de Tomás Antônio
Gonzaga.
Poesia de Cláudio Manuel
da Costa.
Produção satírica e
pré-Romantismo.

Inicie a jornada!
Poesia lírica árcade: Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto
O gênero lírico é predominante no Arcadismo. Silva Alvarenga, com a obra Glaura; Alvarenga Peixoto, com poemas
dispersos; Tomás Antônio Gonzaga, com Liras; e Cláudio Manuel da Costa, com Obras poéticas, compõem a lista dos
autores e das obras mais importantes da lírica árcade. Em seus poemas, de temática bucólica, habitam pastores que
vivem de modo simples, ora contemplando a natureza, ora se dirigindo a pastoras para declarar seu amor. Como era
comum os poetas usarem pseudônimos em suas produções literárias, eles também são identificados, respectivamen-
te, como: Alcindo Palmireno, Eureste Fenício, Dirceu e Glauceste Satúrnio.
Manuel Inácio da Silva Alvarenga nas-
onneur/Shutterstock

ceu em Ouro Preto, em 1749. Depois dos es-


tudos no Rio de Janeiro, bacharelou-se em
Direito, em Coimbra. De volta ao Rio, dedi-
cou-se à advocacia e ao magistério. Em 1786,
fundou uma associação literária que, com o
tempo, passou a ser um centro de debates de
ideias democráticas. Por essa razão, foi preso
e teve os bens confiscados. Três anos depois,
em 1797, foi libertado, o que lhe possibilitou
voltar ao trabalho educativo e iniciar no jor-
ŲÿŧŏƫŰż᠁ĜżŰÿłǀŲģÿğĘżᡰģżšżƣŲÿŧO Patriota.
Morreu no Rio de Janeiro, em 1814. Sua princi-
pal obra foi Glaura, publicada em 1799.
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Literatura

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Unidade 3

Sua poesia lírica é marcada por intensa musicalidade. Trata dos temas comuns do Arcadismo, como a existência
simples e pacata do campo, envolta numa auréola de galante sensualidade. Uma característica de sua obra é que há
momentos em que o poeta, liberando-se do rigor clássico, expõe sua personalidade brasileira, incorporando à paisa-
gem bucólica elementos típicos da nossa natureza. Em meio a faunos e ninfas, há lugar para a atmosfera tropical: um
cajueiro ou uma mangueira sob a qual Glaura descansa.

À mangueira
O cajueiro
Vem, ó ninfa, ao cajueiro, Carinhosa e doce, ó Glaura,

Que no oiteiro desprezamos, Vem esta aura lisongeira;

Que em seus ramos tortuosos E a mangueira já florida


Amorosos fructos dá. Nos convida a respirar.

Vem tecer uma capella Com voz terna harmoniosa

Ao amor que nos inspira; Canta alegre o passarinho,

E na voz da curva lyra Que defronte do seu ninho

“Glaura!” bella soará. Vem a esposa consolar.


Vês o amor e não o entendes? Em festões os lírios trazem...
Tem oceulto alli seu ninho; Ninfas, vinde... eu dou os braços;
E te diz que é passarinho; Apertai de amor os laços,
Se o não prendes, voará. Que me fazem suspirar.
SILVA, Alvarenga. Obras poéticas, p. 191. SILVA, Alvarenga. Obras poéticas, p. 203. Disponível
Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/ em: https://digital.bbm.usp.br/bitstream/
bitstream/bbm/4693/1/021824-2_COMPLETO.pdf. bbm/4693/1/021824-2_COMPLETO.pdf.
Acesso em: 30 set. 2021. Acesso em: 30 set. 2021.

Inácio José de Alvarenga Peixoto nasceu no Rio de Janeiro, no dia 1o de fevereiro de 1744. Com nove anos, mudou-se
para a cidade de Braga, Portugal, onde concluiu o curso secundário. Em 1769, formou-se em Direito em Coimbra, onde
exerceu a magistratura. Em 1776, retornou para o Brasil como ouvidor, passando a viver em São João del-Rei, Minas Gerais.
Em 1781, casou-se com Bárbara Heliodora, com quem teve quatro filhos.
Alvarenga Peixoto também desenvolveu atividades relacionadas com a mineração e, em 1785, foi nomeado coro-
nel do Primeiro Regimento de Cavalaria da Campanha do Rio Verde. Além de se dedicar à poesia, envolveu-se com a
Inconfidência Mineira e, por isso, foi deportado para Angola em 1792, após período de prisão no Rio de Janeiro. Com o
confisco de seus bens, parte de sua obra se perdeu.
A poesia do autor, além do tratamento do tema bucólico, apresenta elementos da mineração e da paisagem local.
Sua obra conhecida reúne alguns sonetos de caráter laudatório, dedicados a exaltar uma figura ou um fato público, e
poucos poemas líricos, marcados por profunda tristeza e amargura. Os mais conhecidos são: “A dona Bárbara Helio-
dora”, “Estela e Nise”, “A Maria Efigênia”, “A alteia”, “A lástima” e “A saudade”. Alvarenga Peixoto faleceu no exílio, dois
meses após sua chegada à África.
Leia o soneto a seguir.

A Alléa Foge de ver Alteia; mas, se a vires,


Não cedas, coração, pois nesta empresa por que não venhamos outra vez a amá-la,
o brio só domina; o cego mando apaga o fogo, assim que a pressentires;
do ingrato Amor seguir não deves, quando
já não podes amar sem vil baixeza. E se inda assim o teu valor se abala,
não lhe mostre no rosto, ah, não suspires! Professor, incentive o
Rompa-se o forte laço, que é franqueza aluno a conhecer a re-
Calado geme, sofre, morre, estala!
ceder a amor, o brio deslustrando; cente publicação da obra
de Alvarenga Peixoto.
vença-te o brio, pelo amor cortando,
que é honra, que é valor, que é fortaleza.
PEIXOTO, Alvarenga, p. 207-8. Obras poéticas. Disponível em: https://digital.bbm.usp.br/bitstream/
bbm/4725/1/039364_COMPLETO.pdf. Acesso em: 30 set. 2021.

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Poesia de Cláudio Manuel da Costa
Cláudio Manuel da Costa nasceu nas proximidades de Mariana, Minas Gerais, em 1729. Sua formação inicial se deu
com os jesuítas. Iniciou seus estudos no Rio de Janeiro e, mais tarde, cursou Direito em Coimbra, onde entrou em contato
com o Iluminismo. Retornou a Minas Gerais e advogou em Vila Rica. Fundou a Arcádia Ultramarina. Por participar da Incon-
fidência Mineira, foi preso e encontrado morto (enforcado) em 1789.
Seus sonetos, impecáveis quanto à forma, linguagem e recursos de musicalidade, revelam a influência clássica de
Luís de Camões. Neles, o poeta explorou a temática bucólica e pastoril, o culto à simplicidade, as reflexões sobre a vida e
sobre o sofrimento amoroso. No entanto, cultua ainda temas de natureza quinhentista e barroca (conflitos entre tempo
e modernidade, a inconstância/transitoriedade dos sentimentos, o contraste de ideias, marcado pelo uso de muitas
antíteses). Com Obras poéticas, publicada em 1768, o autor inaugura o Arcadismo no Brasil.
Além da condenação da guerra e da valorização do herói pacifista, é muito comum, na poesia de Cláudio
Manuel da Costa, a crítica à civilização e à vida urbana, por meio do tratamento dos temas bucólicos e pastoris.
Assim como outros expoentes do Arcadismo brasileiro, o poeta também introduziu elementos da paisagem local,
distanciando-se do rigor da Arcádia. Leia o soneto II, que exemplifica esse último aspecto.

II XLVII
Leia a posteridade, ó pátrio Rio, Que inflexível se mostra, que constante
Em meus versos teu nome celebrado; Se vê este penhasco! já ferido
Por que vejas uma hora despertado Do proceloso vento, e já batido
O sono vil do esquecimento frio: Do mar, que nele quebra a cada instante!

Não vês nas tuas margens o sombrio, Não vi; nem hei de ver mais semelhante
Fresco assento de um álamo copado; Retrato dessa ingrata, a que o gemido
Não vês ninfa cantar, pastar o gado Jamais pode fazer, que enternecido
Na tarde clara do calmoso estio. Seu peito atenda às queixas de um amante.

Turvo banhando as pálidas areias Tal és, ingrata Nise: a rebeldia,


Nas porções do riquíssimo tesouro Que vês nesse penhasco, essa dureza
O vasto campo da ambição recreias. Há de ceder aos golpes algum dia:

Que de seus raios o planeta louro Mas que diversa é tua natureza!
Enriquecendo o influxo em tuas veias, Dos contínuos excessos da porfia,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. Recobras novo estímulo à fereza.

COSTA, Cláudio Manuel da. Sonetos. Domínio público.

Outra nuance que merece destaque na obra de Cláuido Manuel da Costa é o fato de, frequentemente, denunciar
o aspecto cruel da amada. No soneto XLVII, o eu lírico, em primeira pessoa, revela suas emoções baseadas numa com-
paração com elementos da natureza exterior. Ele também compensa sua frustração pela falta de atenção de sua musa,
Nise, com a caracterização dela com termos do mesmo campo semântico da palavra “ingratidão”.
Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6

Obra de Tomás Antônio Gonzaga


Gonzaga nasceu na região do Porto, em Portugal. Órfão de mãe, passou a infância no Brasil, onde estudou com jesuítas.
Formou-se em Direito na Universidade de Coimbra. Regressou ao Brasil e instalou-se em Vila Rica como juiz. Estava noivo de
Maria Doroteia de Seixas Brandão quando foi preso como inconfidente. Ficou detido no Rio de Janeiro até 1792, quando sua
pena de morte foi substituída pelo degredo em Moçambique. Lá, casou-se com Juliana de Sousa Mascarenhas.

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Literatura

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Unidade 3

Entre outras obras, escreveu as liras de Marília de Dirceu, sua poesia lírica mais conhecida. Inspirado em seu ro-
mance com Maria Doroteia, adotou o pseudônimo Dirceu. Essa obra é marcada por simplicidade e ingenuidade, na
primeira parte, e por revolta e amargura, na parte final. Nos textos da primeira parte da poesia, identificam-se os
aspectos marcantes da escola árcade; nas duas últimas partes, as questões pessoais – prisão, exílio e fim do noivado.

Lira XIX Lira XV


Enquanto pasta, alegre, o manso gado, Eu, Marília, não fui nenhum vaqueiro,
Minha bela Marília, nos sentemos Fui honrado pastor da tua aldeia;
À sombra deste cedro levantado. Vestia finas lãs e tinha sempre
Um pouco meditemos A minha choça do preciso cheia.
Na regular beleza, Tiraram-me o casal e o manso gado,
Que em tudo quanto vive nos descobre Nem tenho a que me encoste um só cajado.
A sábia Natureza.

Para ter que te dar, é que eu queria


Atende, como aquela vaca preta
De mor rebanho ainda ser o dono;
O novilhinho seu dos mais separa,
Prezava o teu semblante, os teus cabelos
E o lambe, enquanto chupa a lisa teta.
Ainda muito mais que um grande trono.
Atende mais, ó cara,
Agora que te oferte já não vejo,
Como a ruiva cadela
Além de um puro amor, de um são desejo.
Suporta que lhe morda o filho o corpo,
[...]
E salte em cima dela.
Ah! minha bela, se a Fortuna volta,
Se o bem, que já perdi, alcanço e provo,
Repara como, cheia de ternura,
Por essas brancas mãos, por essas faces
Entre as asas ao filho essa ave aquenta,
Te juro renascer um homem novo,
Como aquela esgravata a terra dura,
E os seus assim sustenta; Romper a nuvem que os meus olhos cerra,

Como se encoleriza Amar no céu a Jove e a ti na terra!

E salta sem receio a todo o vulto


Que junto deles pisa.

Que gosto não terá a esposa amante,


Quando der ao filhinho o peito brando
E refletir então no seu semblante!
Quando, Marília, quando
Disser consigo: “É esta
De teu querido pai a mesma barba,
A mesma boca e testa”.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000036.pdf. Acesso em: 30 set. 2021.
Maarten Zeehandelaar/Shutterstock

O trecho da Lira XIX pertence à primeira


parte do livro, quando se apresenta um cenário
bucólico e a natureza como fonte de sabedoria.
É muito claro o sentimento maternal que parece
alcançar todos os seres. A Lira XV, escrita após a
implicação de Gonzaga na Conjuração Mineira,
encontra-se na segunda parte do livro. Observe
como o texto ganha características mais pessi-
mistas. É interessante como, na primeira estrofe,
o autor usa os verbos no passado para identificar
tudo que perdeu. Porém, o amor por Marília ain-
da preserva a disposição para recomeçar. Vista panorâmica da cidade mineira de Ouro Preto.
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Produção satírica e pré-Romantismo
Na produção poética do século XVIII, além da manifestação épica e da temática pastoril e lírica, tivemos a poesia
satírica. Silva Alvarenga foi um dos poetas que produziram esse tipo de poesia. Tomado por um sentimento nativista
crescente, produziu, com a coerêcia formal que caracterizou sua obra, poemas com muito humor e crítica, inspirados
em sua relação com a Corte e suas personagens.
Tomás Antônio Gonzaga foi outro poeta que se lançou a esse tipo de poesia, produzindo o conjunto de textos sa-
tíricos mais conhecidos do Arcadismo: as Cartas chilenas. Sob o pseudônimo Critilo, que mora em Santiago, no Chile
(supostamente Vila Rica, Minas Gerais), as cartas criticaram Fanfarrão Minésio, nome dado a Luís da Cunha Meneses,
governador de Ouro Preto na época da Inconfidência Mineira. O destinatário é Doroteu (masculino de Doroteia), que
supostamente reside em Madri.
Professor, incentive o aluno Leia o excerto da obra.
a explorar, para conhecer
um pouco sobre a cidade
de Ouro Preto. PRÓLOGO
Amigo leitor, arribou a certo porto do Brasil, onde eu vivia, um galeão, que vinha das Américas espa-
nholas. Nele se transportava um mancebo, cavalheiro instruído nas humanas letras. Não me foi dificultoso
travar, com ele, uma estreita amizade e chegou a confiar-me os manuscritos, que trazia. Entre eles encon-
trei as Cartas chilenas, que são um artificioso compêndio das desordens, que fez no seu governo Fanfarrão
Minésio, general de Chile.
Logo que li estas Cartas, assentei comigo que as devia traduzir na nossa língua, não só porque as
julguei merecedoras deste obséquio pela simplicidade do seu estilo, como, também, pelo benefício, que
resulta ao público, de se verem satirizadas as insolências deste chefe, para emenda dos mais, que seguem
tão vergonhosas pisadas. [...]
Lê, diverte-te e não queiras fazer juízos temerários sobre a pessoa de Fanfarrão. Há muitos fanfarrões
no mundo, e talvez que tu sejas também um deles, etc.
CARTA 3ª
Em que se contam as injustiças e violências que Fanfarrão executou por causa de uma cadeia, a que
deu princípio.
[...]
— Já disse, Doroteu, que o nosso chefe,
Apenas principia a governar-nos,
Nos pretende mostrar que tem um peito
Muito mais terno e brando, do que pedem
Os severos ofícios do seu cargo.
— Agora, cuidarás, prezado amigo,
Que as chaves das cadeias já não abrem,
Comidas da ferrugem?
Que as algemas,
Como trastes inúteis, se furtaram?
Que o torpe executor das graves penas
— Liberdade ganhou?
Que já não temos
Descalços guardiães, que à fonte levem,
Metidos nas correntes, os forçados?
Assim, prezado amigo, assim devia
Em Chile acontecer, se o nosso chefe
— Tivesse, em governar, algum sistema.
[...]
Pretende, Doroteu, o nosso chefe
Erguer uma cadeia majestosa,
Que possa escurecer a velha fama
Da torre de Babel e mais dos grandes,
— Custosos edifícios que fizeram,
Para sepulcros seus, os reis do Egito.
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000293.pdf. Acesso em: 30 set. 2021.
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Literatura

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Unidade 3

Critilo apresenta, em seus versos, a tirania e o abuso de poder de Fanfarrão Minésio, pseudônimo do represen-
tante da Coroa portuguesa em Minas Gerais, Cunha Meneses. Nesse fragmento, faz referência a uma prisão como o
patrimônio a ser deixado pelo governante. Leia a descrição dessa personagem no texto original:

“Tem pesado semblante, a cor é baça


O corpo de estatura um tanto esbelta,
Feições compridas e olhadura feia,
Tem grossas sobrancelhas, testa curta,
Nariz direito e grande, fala pouco
Em rouco, baixo som de mau falsete,
Sem ser velho, já tem cabelo ruço
E cobre este defeito a fria calva
A força de polvilho, que lhe deita.”
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/ua000293.pdf.
Acesso em: 30 set. 2021.

No fim do período árcade, percebe-se um movimento pré-romântico, e a literatura passa a valorizar outros aspectos.

1. Subjetivismo: os sentimentos e as experiências pessoais nortearão o trabalho dos artistas.


2. Liberdade: os artistas não queriam mais se submeter aos modelos rigorosos que provinham da Antiguidade Professor, incentive o aluno
aconhecer o texto integral.
clássica ou do Renascimento.
3. Desejo de evasão: sentindo-se sufocados no meio social, procuravam refúgios, como a natureza, os próprios
sonhos e a solidão.

Reflita sobre os trechos das Cartas chilenas e comente com os colegas sobre a atualidade dessa obra. Se possível, dê
exemplos concretos da realidade atual.

Não houve, de fato, um período pré-romântico, mas é possível identificar na obra de alguns autores a intensidade de
sentimentos, um caráter confessional, e, por isso, chamá-los de autores pré-românticos. Na literatura brasileira, pode-se
considerar o pré-Romantismo na obra de Cláudio Manuel da Costa, que também tem traços barrocos, e Tomás Antônio
Gonzaga, em especial na segunda parte do poema Marília de Dirceu, produzido após sua prisão como inconfidente.

Parte II – Lira XIX


Nesta triste masmorra, Quando em meu mal pondero,
De um semivivo corpo sepultura, Então mais vivamente te diviso:
Inda, Marília, adoro Vejo o teu rosto, e escuto
A tua formosura. A tua voz, e riso.
Amor na minha ideia te retrata; Movo ligeiro para o vulto os passos;
Busca extremoso, que eu assim resista Eu beijo a tíbia luz em vez de face;
À dor imensa, que me cerca, e mata. E aperto sobre o peito em vão os braços
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000036.pdf.
Acesso em: 30 set. 2021.

O autor projetou na vida do pastor Dirceu todo o seu sofrimento, as coisas que perdeu e, especialmente, a sepa-
ração da amada. O fragmento apresenta a masmorra (prisão), a saudade e a tristeza de Dirceu afastado de Marília.
Além de Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama e Santa Rita Durão, em seus poemas épicos, es-
colheram fatos da história brasileira e apresentaram o ciclo do ouro em Vila Rica, nossa natureza e o indígena — o
bom selvagem de Rousseau — como elementos literários. No Romantismo, o indígena será apresentado como herói
nacional, e a natureza, como cor local, isto é, como algo peculiar, característico de nosso país. Uma identidade nacio-
nal começa a ser construída.

Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12


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AUTONOMIA RESPONSABILIDADE CRIATIVIDADE EMPATIA COOPERAÇÃO SOLIDARIEDADE COMUNICAÇÃO

Leia os excertos da matéria “Saiba o que realmente foi a Inconfidência Mineira e o que resta do período no Brasil”.

Cartas chilenas
A mobilização que resultaria na chamada Inconfidência começou em 1785, com a circulação,
em Vila Rica, atual Ouro Preto, das Cartas chilenas, poemas satíricos criticando Luís da Cunha Mene-
zes, governador da Capitania de Minas de 1783 a 1788.
Nesse último ano, assinala Villalta, chegava ao Rio, vindo da Europa, o mineiro José Álvares Ma-
ciel (filho), cunhado do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, segunda autoridade
militar da Capitania de Minas e um dos inconfidentes.
“Sabe quem o esperava no porto, no Rio? Tiradentes, que logo propôs a rebelião contra Portugal,
embora o recém-chegado não tenha dado muito crédito”, narra Villalta. Mesmo assim, o movimento
vai crescendo e se espalha pela região de São João del-Rei e outras localidades do Campo das Ver-
tentes.
Em 8 de outubro de 1788, já não havia mais como parar. E pairava sobre as Gerais o fantasma da
derrama, pois, naquele ano, Luís Antônio Furtado de Castro do Rio Mendonça, visconde de Barba-
cena, chegara a Minas com ordem de decretá-la. A situação gerou descontentamento, em especial
nas pessoas ligadas a grupos privilegiados — contratadores, clérigos, militares, contrabandistas, etc.
Na casa do pároco Carlos Correia de Toledo, em São José del-Rei (atual Tiradentes), alguns dos
futuros inconfidentes começam a arquitetar a conspiração. Há sucessivos encontros em Vila Rica:
no fim de dezembro, na casa do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrada, com a pre-
sença de Alvarenga Peixoto, Álvares Maciel e os padres Toledo e Rolim; e na casa do contratador de
impostos João Rodrigues de Macedo, proprietário da Casa dos Contos.

Delação premiada
Para ajudar a entender o que estava ocorrendo é imprescindível conhecer o cenário no século
18: novos ventos sopravam sobre o Ocidente, trazendo a filosofia de pensadores franceses que cri-
ticavam o poder absoluto dos reis, a administração colonial, o monopólio comercial, a intolerância
religiosa e o sistema de trabalho.
“A Inconfidência floresceu no ambiente de efervescência intelectual e política, como ocorria na
Europa e Américas, nesse caso em especial com a independência das 13 colônias que deram origem
aos Estados Unidos (1776)”, observa o professor.
No fim de 1789, a derrama foi suspensa e comunicada em 14 de março do ano seguinte. Com a
delação “premiada” feita por Joaquim Silvério dos Reis, o movimento dos inconfidentes é abortado
e as prisões ocorrem a partir de 2 de maio.
Ao entregar os inconfidentes à Coroa portuguesa, com a qual estava em débito, Silvério dos Reis
teve sua dívida perdoada.
“Fez uma denúncia por escrito e uma delação premiada, porque teve benefícios e não pagou
suas dívidas à Fazenda Real”, observa o professor. Preso durante três anos, no Rio, Tiradentes foi
enforcado em 21 de abril de 1792.
Disponível em: www.em.com.br/app/noticia/gerais/2018/04/21/interna_gerais,953234/saiba-o-que-realmente-foi-a-
inconfidencia-mineira-e-o-que-ainda-resta.shtml. Acesso em: 7 jun. 21.

A análise que o professor Luiz Carlos Villalta, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), faz da In-
confidência Mineira relaciona o movimento do século XVIII com aspectos da atualidade brasileira. Dois deles
são a corrupção e a delação premiada. Baseado na leitura dos excertos, escreva um pequeno texto sobre como a
prática que envolveu Joaquim Silvério dos Reis pode ser referente a valores como cooperação, responsabilidade
e solidariedade. O professor combinará com a turma a dinâmica para compartilhar o conteúdo dos textos e a
forma de entregá-lo.

Professor, espera-se que os alunos relacionem a delação premiada com um ato de cooperação com a Justiça que provoca o
28 rompimento do estado de cooperação entre quem delata e outras pessoas, que passarão a assumir a responsabilidade do crime
Literatura
denunciado pelo delator. Os alunos poderão também comentar a questão ética envolvida nesse tipo de ação.

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Unidade 3

Faça em sala
Leia o texto para responder às questões 1 a 4.

Soneto VII
Onde estou? Este sítio desconheço: Árvores aqui vi tão florescentes,
Quem fez diferente aquele prado? Que faziam perpétua a primavera:
Tudo outra natureza tem tomado; Nem troncos vejo agora decadentes.
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
Eu me engano: a região esta não era:
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço Mas que venho a estranhar, se estão presentes
De estar a ela um dia reclinado. Meus males, com que tudo degenera!
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.

1. (Ufscar-SP) O estilo neoclássico, fundamento do Arcadismo brasileiro, de que fez parte Cláudio Manuel da Costa, caracteriza-se pela utilização das for-
mas clássicas convencionais, pelo enquadramento temático em paisagem bucólica pintada como lugar aprazível, pela delegação da fala poética a um
pastor culto e artista, pelo gosto das circunstâncias comuns, pelo vocabulário de fácil entendimento e por vários outros elementos que buscam adequar
a sensibilidade, a razão, a natureza e a beleza. Dadas essas informações:
a) Indique a forma convencional clássica em que se enquadra o poema.
O poema é um soneto, dividido em dois quartetos e dois tercetos.

b) Transcreva a estrofe do poema em que a expressão da natureza aprazível, situada no passado, domina a expressão do sentimento do eu lírico.
Na terceira estrofe do poema há uma descrição da natureza aprazível: “Árvores aqui vi tão florescentes, / Que faziam perpétua a primavera: / Nem

troncos vejo agora decadentes”.

2. (Ufscar-SP) Um dos elementos que diferenciam Cláudio Manuel da Costa de outros poetas do Arcadismo brasileiro é o fato de ele ainda conservar algu-
mas características do estilo barroco. No poema transcrito, a presença barroca se dá no rebuscamento sintático causado pelas inversões, atenuadas por
exigência do ritmo e da rima. Sabendo que as inversões de ordem sintática acontecem em todas as estrofes:
a) Reescreva a segunda estrofe de modo a preservar a colocação normal pedida pela sintaxe.
A segunda estrofe na colocação normal ou na ordem direta fica assim: “Houve aqui uma fonte; eu não me esqueço / De estar reclinado a ela um dia. / Ali um

monte está mudado em vale / Quanto o progresso dos anos pode”.

b) Transcreva dois versos de terceto que, mesmo sendo reescritos segundo a colocação normal pedida pela sintaxe, preservem a rima escolhida
ƠĪŧżᡰƠżĪƸÿ᠇
O primeiro e o terceiro versos em ordem direta seriam: “Aqui vi árvores tão florescentes, / Nem vejo agora troncos decadentes”.

3. (Ufscar-SP) A crítica literária brasileira tem ressaltado que o terceiro verso do poema é aquele que concentra o tema central. Essa mesma crítica, por
outro lado, anotou com propriedade a importância do décimo segundo verso, que exprime uma mudança de atitude e se corrige nos versos finais graças
à descoberta, feita pelo eu poemático, da verdadeira causa do fenômeno descrito em todo o poema. Responda:
a) Que tema o terceiro verso concentra? Transcreva outros dois versos que o repercutem.
O terceiro verso trata da transitoriedade e da mudança da vida e das coisas. Essa temática caracteriza o Arcadismo. Os versos que comprovam isso são:

“Quem fez diferente aquele sítio?”/ “Ali em vale um monte está mudado”.

b) A que causas o eu poemático atribui o fenômeno observado na natureza?


O eu lírico se apresenta sofrido por seus infortúnios e considera o progresso responsável pela destruição da natureza.

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4. (Enem) No soneto de Cláudio Manuel da Costa, a contemplação da paisagem permite ao eu lírico uma reflexão em que transparece uma:
a) angústia provocada pela sensação de solidão. d) intenção de recriar o passado por meio da paisagem.
b) resignação diante das mudanças do meio ambiente. e) empatia entre os sofrimentos do eu e a agonia da terra. Resposta: E.
c) dúvida existencial em face do espaço desconhecido.

5. (Unicamp-SP) Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem, de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela
extraindo uma “filosofia de vida”. Leia-os com atenção.

LIRA 14 (Parte I) Quando, Lídia, vier o nosso outono


Minha bela Marília, tudo passa; Com o inverno que há nele, reservemos
a sorte deste mundo é mal segura; Um pensamento, não para a futura
se vem depois dos males a ventura, Primavera, que é de outrem,
vem depois dos prazeres a desgraça. Nem para o estio, de quem somos mortos,
.................................................................... Senão para o que fica do que passa —
Que havemos de esperar, Marília bela? O amarelo atual que as folhas vivem
que vão passando os florescentes dias? E as torna diferentes.
As glórias, que vêm tarde, já vêm frias; Ricardo Reis, Odes.
e pode enfim mudar-se a nossa estrela.

Ah! não, minha Marília,


Aproveite-se o tempo, antes que faça
o estrago de roubar ao corpo as forças
e ao semblante a graça.
Tomás Antônio Gonzaga, Marília de Dirceu.

a) /ŰƢǀĪĜżŲƫŏƫƸĪÿᡆǿŧżƫżǿÿģĪǜŏģÿᡇƢǀĪÿƠÿƫƫÿŃĪŰģżƸĪŰƠżƫǀŃĪƣĪÿżĪǀŧőƣŏĜżģżƠżĪŰÿģĪ¼żŰĀƫŲƸƀŲŏżGżŲǭÿŃÿ᠈
O autor defende o ideal do carpe diem, isto é, aproveitar o presente.

b) Ricardo Reis associa a passagem do tempo às estações do ano. Que sentido é dado, em seu poema, ao outono?
O outono representa o declínio da vida.

c) Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o façam de maneira diferente. Em que consiste essa diferença?
No primeiro texto, o eu lírico está no auge, então valoriza o aproveitamento dele; no segundo, a vida está no fim, de modo que valoriza a contemplação,

o presente daquilo que se foi.

6. (Unifesp) O lema do carpe diem sintetiza expressivamente o motivo de aproveitar o presente, já que o futuro é incerto. Tal lema se manifesta mais expli-
citamente nos seguintes versos de Tomás Antônio Gonzaga:
a) Ah! socorre, Amor, socorre d) Se algum dia me vires desta sorte,
Ao mais grato empenho meu! Vê que assim me não pôs a mão dos anos:
Voa sobre os Astros, voa, Os trabalhos, Marília, os sentimentos
Traze-me as tintas do Céu. Fazem os mesmos danos.
b) Depois que represento e) Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Por largo espaço a imagem de um defunto, Não voltam contra nós a face irada,
Movo os membros, suspiro, Façamos, sim, façamos, doce amada,
E onde estou pergunto. Os nossos breves dias mais ditosos. Resposta: E.
c) É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.

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Unidade 3

Faça em casa
Releia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder às questões 1 e 2.
1. (Vunesp) O tom predominante no soneto é de:
a) ingenuidade. c) ira. e) perplexidade. Resposta: E.
b) apatia. d) ironia.

2. (Vunesp) No soneto, o eu lírico expressa um sentimento de inadequação que, a seu turno, se faz presente na seguinte citação:
a) “A independência, não obstante a forma em que se desenrolou, constituiu a primeira grande revolução social que se operou no Brasil.” (Florestan
Fernandes, A revolução burguesa no Brasil.)
b) “Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo ‘sentido’. Este se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos
fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num largo período de tempo.” (Caio Prado Júnior, Formação do Brasil contemporâneo.)
c) “A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa. A descoberta das terras americanas é,
basicamente, um episódio dessa obra ingente. De início pareceu ser episódio secundário. E na verdade o foi para os portugueses durante todo um
meio século.” (Celso Furtado, Formação econômica do Brasil.)
d) “Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas
vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.” (Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil.) Resposta: D.
e) “A formação patriarcal do Brasil explica-se, tanto nas suas virtudes como nos seus defeitos, menos em termos de ‘raça’ e de ‘religião’ do que
em termos econômicos, de experiência de cultura e de organização da família, que foi aqui a unidade colonizadora.” (Gilberto Freyre, Casa-
grande e senzala.)

Leia os versos a seguir para responder às questões 3 e 4.


Torno a ver-vos, ó montes: o destino Se o bem desta choupana pode tanto,
Aqui me torna a pôr nestes outeiros, Que chega a ter mais preço, e mais valia
Onde um tempo os gabões deixei grosseiros Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto.
Pelo traje da Corte, rico e fino.
Aqui descanso a louca fantasia,
Aqui estou entre Almendro, entre Corino, E o que até agora se tornava em pranto
Os meus fiéis, meus doces companheiros, Se converta em afetos de alegria.
Vendo correr os míseros vaqueiros
Atrás de seu cansado desatino.
COSTA, Cláudio Manoel da. In: FILHO, Domício Proença. A poesia dos inconfidentes. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002, p. 78-9.

3. (Enem) Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor.
a) “Torno a ver-vos, ó montes: o destino” (v. 1) Resposta: A. d) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7)
b) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,” (v. 5) e) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto.” (v. 11)
c) ᡆƫŰĪǀƫǿīŏƫ᠁ŰĪǀƫģżĜĪƫĜżŰƠÿŲŊĪŏƣżƫ᠁ᡇᠤǜ᠇ᚂᠥ

4. (Enem) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação
entre o poema e o momento histórico de sua produção.
a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas com a Metrópole, ou seja, o lugar onde o poeta se vestiu com
ƸƣÿšĪᡆƣŏĜżĪǿŲżᡇ᠇
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do
mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. Resposta: B.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma
representação literária realista da vida nacional.
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é uma formulação literária que reproduz a condição histórica
paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à
transformação do pranto em alegria.
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5. (Unesp) Nesses versos de Silva Alvarenga, poeta árcade e ilustrado, faz-se alusão ao episódio de uma obra em que a heroína morre. Assinale a alterna-
tiva correta em que se mencionam o nome da heroína (1), o título da obra (2) e o nome do autor (3):
“Quem vê girar a serpe da irmã no casto seio,
Pasma, e de ira e temor ao mesmo tempo cheio
Resolve, espera, teme, vacila, gela e cora,
Consulta o seu amor e o seu dever ignora.
Voa a farpada seta da mão, que não se engana;
Mas aí, que já não vives, ó mísera indiana!”

a) Moema; (2) Caramuru; (3) Santa Rita Durão; d) Iracema; (2) Iracema; (3) José de Alencar;
b) Marabá; (2) Marabá; (3) Gonçalves Dias; e) Marília; (2) Marília de Dirceu; (3) Tomás A. Gonzaga.
c) Lindoia; (2) O Uraguai; (3) Basílio da Gama; Resposta: C.

6. (Unichristus-CE) Toda história é literatura, toda literatura é história. A epígrafe do livro Um poema para Bárbara resume bem o objetivo da autora, a
desembargadora mineira Mônica Sifuentes: resgatar um episódio importante da História do Brasil por meio de uma bela história de amor. Bárbara
Eliodora e Alvarenga Peixoto se conheceram em São João del-Rei, Minas Gerais. Os dois tinham posição social bem-sucedida e, em 1776, casaram-se e
foram felizes até a prisão de Alvarenga por participação na Inconfidência.
No contexto histórico da Inconfidência Mineira, Alvarenga Peixoto foi preso por:
a) defender a independência política do Brasil. Resposta: A. d) escrever história de amor entre classes sociais distintas.
b) atacar as críticas dos intelectuais a favor da República. e) participar dos movimentos a favor da “derrama”.
c) declarar sua opinião a favor da Monarquia.

7. (Vunesp) Há, no Arcadismo brasileiro, uma obra satírica de forma epistolar que suscitou dúvidas de autoria durante mais de um século. Assinale abaixo
a alternativa que apresenta o nome correto dessa obra e seu autor mais provável:
a) O reino da estupidez e Francisco de Melo Franco. d) Cartas chilenas e Tomás Antônio Gonzaga. Resposta: D.
b) Viola de Lereno e Domingos Caldas Barbosa. e) Os Bruzundangas e Lima Barreto.
c) O desertor e Manuel Inácio da Silva Alvarenga.

8. (Mack-SP) Aponte a alternativa correta:


a) Tomás Antônio Gonzaga cultivou a poesia satírica em O desertor.
b) Na obra Cartas chilenas, temos uma sátira contra a administração de Luís da Cunha Menezes. Resposta: B.
c) Nessa obra, o autor se disfarça sob o nome de Doroteu.
d) Para maior disfarce, o autor de Cartas chilenas faz passar a ação na cidade do Rio de Janeiro.
e) Tomás Antônio Gonzaga tinha o pseudônimo de Doroteu.

9. ᠤÃF¦G®ᠵ¦®ᠥSŲƫƸƣǀğĘż᠀ƫłƣÿŃŰĪŲƸżƫÿěÿŏǢżƫĪƣĪłĪƣĪŰđƢǀĪƫƸĘżÿᡰƫĪŃǀŏƣ᠀
I – Nise? Nise? Onde estás? Aonde espera
Achar-te uma alma, que por ti suspira [...]
II – Glaura! Glaura! Não respondes?
E te escondes nestas brenhas?
Dou às penhas meu lamento;
Ó tormento sem igual!
III – Minha bela Marília, tudo passa:
A sorte deste mundo é mal segura
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.

Os poetas árcades brasileiros tinham suas musas inspiradoras, a quem se dirigiam frequentemente em seus poemas. Pelas musas, evocadas nos versos
acima, pode-se dizer que seus autores são, respectivamente: Resposta: A.
a) Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Tomás Antônio Gonzaga. d) Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Frei Santa Rita Durão.
b) José Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto. e) José Basílio da Gama, Frei Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga.
c) Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.
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Literatura

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Unidade 3

10. (Unesp) Leia o poema de Tomás Antônio Gonzaga (1744-1810).


Não vês aquele velho respeitável, As frias tardes, em que negra nuvem
que à muleta encostado, os chuveiros não lance,
apenas mal se move e mal se arrasta? irei contigo ao prado florescente:
Oh! quanto estrago não lhe fez o tempo, aqui me buscarás um sítio ameno,
o tempo arrebatado, onde os membros descanse,
que o mesmo bronze gasta! e ao brando sol me aquente.

Enrugaram-se as faces e perderam Apenas me sentar, então, movendo


seus olhos a viveza: os olhos por aquela
voltou-se o seu cabelo em branca neve; vistosa parte, que ficar fronteira,
já lhe treme a cabeça, a mão, o queixo, apontando direi: — Ali falamos,
nem tem uma beleza ali, ó minha bela,
das belezas que teve. te vi a vez primeira.

Assim também serei, minha Marília, Verterão os meus olhos duas fontes,
daqui a poucos anos, nascidas de alegria;
que o ímpio tempo para todos corre. farão teus olhos ternos outro tanto;
Os dentes cairão e os meus cabelos. então darei, Marília, frios beijos
Ah! sentirei os danos, na mão formosa e pia,
que evita só quem morre. que me limpar o pranto.

Mas sempre passarei uma velhice Assim irá, Marília, docemente


muito menos penosa. meu corpo suportando
Não trarei a muleta carregada, do tempo desumano a dura guerra.
descansarei o já vergado corpo Contente morrerei, por ser Marília
na tua mão piedosa, quem, sentida, chorando
na tua mão nevada. meus baços olhos cerra.
Tomás Antônio Gonzaga. Marília de Dirceu e mais poesias. Lisboa: Livraria Sá da Costa Editora, 1982.

No conteúdo da quinta estrofe do poema, encontramos uma das características mais marcantes do Arcadismo:
a) paisagem bucólica. Resposta: A. d) ǿŧżƫżǿÿŰżƣÿŧ᠇
b) pessimismo irônico. e) desencanto com o amor.
c) ĜżŲǵŧŏƸżģżƫĪŧĪŰĪŲƸżƫŲÿƸǀƣÿŏƫ᠇

11. (UFRGS-RS) Com base nos fragmentos a seguir, extraídos da Lira II, da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, assinale com V (verdadeiro)
ou F (falso) as afirmações que seguem.
Pintam, Marília, os Poetas Tu, Marília, agora vendo
A um menino vendado, De Amor o lindo retrato,
Com uma aljava de setas, Contigo estarás dizendo
Arco empunhado na mão; Que é este o retrato teu.
Ligeiras asas nos ombros, Sim, Marília, a cópia é tua,
O tenro corpo despido, Que Cupido é Deus suposto:
E de Amor ou de Cupido Se há Cupido, é só teu rosto,
São os nomes, que lhe dão. Que ele foi quem me venceu.
[...]

ᠤ ᠥtÿƠƣŏŰĪŏƣÿĪƫƸƣżłĪ᠁żƠżĪƸÿģĪƫĜƣĪǜĪǀŰÿǿŃǀƣÿƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿƸŏǜÿģżÿŰżƣŲÿŰŏƸżŧżŃŏÿĜŧĀƫƫŏĜÿ᠇
( ) Na primeira estrofe, a amada Marília é alertada sobre a violência que se esconde por detrás da superfície do amor.
( ) Na segunda estrofe, o poeta transfere o retrato de Cupido para o rosto vencedor de Marília.
( ) Na segunda estrofe, o poeta confessa à amada sua rendição em relação aos poderes do amor.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: Resposta: B.
a) V - V - F - F. d) V - F - F - V.
b) V - F - V - V. e) F - V - F - F.
c) F - F - V - V.
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12. (UEL-PR) Tomás Antônio Gonzaga certamente adotou os valores da poesia neoclássica, mas, em Marília de Dirceu:
a) percebe-se quanto o poeta desprezava as convenções do bucolismo literário.
b) ainda ocorrem torneios de linguagem nitidamente barrocos.
c) a sátira ao governador de Minas faz lembrar os momentos mais ferinos de Gregório de Matos.
d) a convenção bucólica combina-se com um confessionalismo amoroso que já foi reconhecido como pré-romântico. Resposta: D.
e) a amada do poeta deixa de ser associada à figura convencional da pastora.

Junte os pontos
A lírica e a sátira árcade no Brasil

1. Gênero lírico: predominante no Arcadismo. 2. Produção satírica: crítica e 3. Produção pré-romântica:


sátira das relações de poder no valorização de alguns aspectos,
Autores e obras: Silva Alvarenga (Glaura), Alvarenga Peixoto (poemas século XVIII. como o subjetivismo na
dispersos), Tomás Antônio Gonzaga (Liras) e Cláudio Manuel da Costa expressão dos sentimentos,
(Obras poéticas). Silva Alvarenga: poemas com liberdade de criação e desejo
Silva Alvarenga: poesia lírica marcada por intensa musicalidade, temas muito humor e crítica, inspirados de evasão.
comuns do Arcadismo, em alguns momentos com uma atmosfera em sua relação com a Corte e
tropical e brasileira. suas personagens.
Alvarenga Peixoto: poesia lírica com tratamento do tema bucólico, Tomás Antônio Gonzaga:
mesclado com elementos da mineração e paisagem local, marcados por
produziu as Cartas chilenas.
profunda tristeza e amargura.
Cláudio Manuel da Costa: sonetos impecáveis quanto à forma,
linguagem e recursos de musicalidade, com temática bucólica, pastoril,
e introdução de elementos da paisagem local, culto à simplicidade,
reflexões sobre a vida e sobre o sofrimento amoroso.
Tomás Antônio Gonzaga: em sua poesia se identificam os aspectos
marcantes da escola árcade.

Observe com atenção o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.
1. Quais são as principais manifestações da poesia árcade e quem foram seus representantes?
As principais manifestações da poesia árcade foram: épica (Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama e Frei Santa Rita Durão), lírica (Cláudio Manuel da

Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga) e satírica (Tomás Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga).

2. Qual é o traço comum aos poetas líricos árcades, caracterizado como afrouxamento do cânone arcádico?
O traço comum que caracterizou a produção árcade nacional como um afrouxamento com cânone árcade foi a inclusão de

elementos da paisagem brasileira nos poemas de temática bucólica.

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Literatura

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Estude
Nome do aluno:

Data: Turma:

1. (UPE) Do século XVI até meados do XVIII, duas manifestações estéticas II. Gregório de Matos foi um repentista, que sabia improvisar; um
são de extrema relevância para a formação da literatura brasileira: o menestrel baiano que buscava inspiração no cotidiano, nas
Barroco e o Arcadismo. Para refletir sobre esses dois momentos e res- circunstâncias da vida, quer pelo êxtase religioso, quer pelo
ponder à questão, leia os textos a seguir. afetivo.
Texto 1 III. O texto 1 é marcado pela temática do carpe diem, característica
Discreta, e formosíssima Maria, notável também do Barroco.
Enquanto estamos vendo claramente IV. O texto 2 tem sua temática ligada ao pastoralismo, ao bucolismo, e
Na vossa ardente vista o sol ardente, remete à mitologia grega.
E na rosada face a Aurora fria.
V. Cláudio Manoel da Costa, cujo nome pastoral é Glauceste
Enquanto pois produz, enquanto cria ®ÿƸǁƣŲŏż᠁ƸĪŰłżƣƸĪŏŲǵŧǀįŲĜŏÿģżƫƠÿģƣƛĪƫĜǀŧƸŏƫƸÿƫ᠁ĪŧĪǜÿģÿ
Essa esfera gentil, mina excelente inventividade lírica, e deseja exprimir a realidade de seu país.
No cabelo o metal mais reluzente,
Estão corretas apenas:
E na boca a mais fina pedraria.
a) I, II, III e IV. Resposta: A. d) III e IV.
Gozai, gozai da flor da formosura, b) II, III, IV e V. e) II e V.
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura. c) I, II e V.

Que passado o zenith da mocidade,


2. (Ufscar-SP) Embora muito distantes entre si na linha do tempo, os tex-
Sem a noite encontrar da sepultura, tos se aproximam, pois o ideal que defendem é:
É cada dia ocaso da beldade. Texto 1
(Gregório de Matos) Eu quero uma casa no campo
do tamanho ideal
pau-a-pique e sapê
Texto 2 Onde eu possa plantar meus amigos
Brandas ribeiras, quanto estou contente meus discos
De ver-nos outra vez, se isto é verdade! meus livros
Quanto me alegra ouvir a suavidade, e nada mais
Com que Fílis entoa a voz cadente! (Zé Rodrix e Tavito)

Os rebanhos, o gado, o campo, a gente, Texto 2


Tudo me está causando novidade: Se o bem desta choupana pode tanto,
Oh como é certo, que a cruel saudade Que chega a ter mais preço, e mais valia,
Faz tudo, do que foi, mui diferente! Que da cidade o lisonjeiro encanto;
Aqui descanse a louca fantasia;
Recebei (eu vos peço) um desgraçado, E o que té agora se tornava em pranto,
Que andou té agora por incerto giro Se converta em afetos de alegria.
Correndo sempre atrás do seu cuidado: (Cláudio Manuel da Costa)

Este pranto, estes ais, com que respiro, a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do
Podendo comover o vosso agrado, homem seus melhores sentimentos.
Façam digno de vós o meu suspiro. b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais.
(Cláudio Manoel da Costa) c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de
Sobre os textos 1 e 2 e seus respectivos autores, analise as seguintes inspiração dos poetas.
proposições. d) o aproveitamento do dia presente, o carpe diem, pois o tempo passa
I. £żģĪᠵƫĪÿǿƣŰÿƣƢǀĪǀŰÿģÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģżÿƣƣżĜż᠁ƠƣĪƫĪŲƸĪ rapidamente.
no texto 1, é o tema da efemeridade da vida, como pode ser e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros
percebido no primeiro terceto. urbanos. Resposta: E.
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Estude
3. (ITA-SP) Uma das afirmações abaixo é incorreta. Assinale-a: d) O Uraguai (1769) é um poema épico, escrito por Basílio da Gama,
que rompe o modelo camoniano, pois está dividido em cinco
a) O escritor árcade reaproveita seres criados pela mitologia greco-
cantos, com estrofação livre e versos brancos.
romana, deuses e entidades pagãs. Mas esses mesmos deuses
convivem com outros seres do mundo cristão. e) Todas são corretas. Resposta: E.
b) A produção literária do Arcadismo brasileiro se constitui sobretudo 5. (FCC-SP) Referindo-se ao poema O Uraguai, de Basílio da Gama, o críti-
de poesia, que pode ser lírico-amorosa, épica e satírica. co Antonio Candido tece o seguinte comentário:
c) O árcade recusa o jogo de palavras e as complicadas construções da
[...] o poema é um romance de aventura exóticas, só que
linguagem barroca, preferindo a clareza e a ordem lógica na escrita.
narrado em verso, numa linguaem tornada inteiramente
d) O poema épico Caramuru, de Santa Rita Durão, tem como assunto o inatual pela pátina do tempo, o que lhe dá o mesmo en-
descobrimento da Bahia, levado a efeito por Diogo Álvares Correia, canto dos velhos móveis e objetos. Romance de aventu-
misto de missionário e colono português. ras no qual os índios empenachados de azul e ouro, de
e) A morte de Moema, índia que se deixa picar por uma serpente, vermelho e preto, lutam contra tropas coloniais fardadas
de branco e vermelho, de amarelo e azul, num balanceio
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que fascina os olhos da imageinação e sugere ao espírito
conhecido da obra O Uraguai, de Basílio da Gama. Resposta: E.
o balanceio de culturas e gêneros de vida.
4. (Esan-SP) Assinale a alternativa correta quanto a autores e obras neo-
Com base no texto acima, o crítico:
clássicas ou arcádicas:
a) Reconhece em Basílio da Gama um autor capaz de dar expressão
a) Vila Rica (1839), poema épico que trata da descoberta do ouro em
aos valores mais autênticos dos índios do sul do Brasil.
Minas Gerais e a fundação de Vila Rica.
Autoria: Cláudio Manuel da Costa. b) Considera O Uraguai um poema prosaico pelo fato de tratar
tanto dos índios quanto das tropas coloniais com base em suas
b) “Minha bela Marília, tudo passa:
características exteriores.
A sorte deste mundo é mal segura;
Se vem depois dos males a ventura, c) ®ǀŃĪƣĪƢǀĪÿƫőŧŏżģÿGÿŰÿ᠁ŏŲǵŧǀĪŲĜŏÿģżƠĪŧżŏŲģŏÿŲŏƫŰż
Vem depois dos prazeres a desgraça.” romântico, retratou os índios guerreiros como se fossem genuínos
Fragmento de Marília de Dirceu (1792). cavaleiros medievais.
Autoria: Tomás Antônio Gonzaga. d) Releva no poema de Basílio da Gama a capacidade que este tem de
c) Frei Santa Rita Durão, a exemplo de Os lusíadas, de Camões, compõe narrar com plasticidade e estimular a fantasia do leitor. Resposta: D.
Caramuru (1781) em dez cantos, em oitava rima, observando as e) Vê em O Uraguai ǀŰÿĪǢƠƣĪƫƫĘżǿģĪģŏŃŲÿģĪǀŰÿŏŰƠżƣƸÿŲƸĪ
unidades tradicionais: proposição, invocação, dedicatória, narrativa passagem da história brasileira, marcada pela violência do
e epílogo. colonizador sobre o colonizado.

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Literatura

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