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ISBN 978-85-539-0125-8
2021
2a edição
1a impressão
De acordo com a BNCC.
Orientações gerais das aulas Em seguida, faça uma leitura dinâmica das diferentes manifestações da
literatura, distinguindo prosa, poesia e poema por meio dos exemplos apre-
por semana sentados no caderno. Aproveite os textos para o exercício da leitura oral, para
a percepção das diferenças entre os textos, de acordo com seu contexto de
produção, da linguagem e dos recursos utilizados pelos autores.
Unidade 1 – A linguagem literária Analise efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos da lin-
guagem, a partir do exemplo de um texto primordial para a literatura
Aula 1 portuguesa e universal: Os lusíadas. Por meio dessa obra, em sua versão
Habilidades: original e em uma adaptação, trabalharemos conceitos importantes para
(EM13LP06) Analisar efeitos de sentido decorrentes de usos expressivos a diferenciação entre prosa, poesia e poema. Conclua a aula com a apre-
da linguagem, da escolha de determinadas palavras ou expressões e da orde- sentação de um exemplo de prosa poética.
nação, combinação e contraposição de palavras, dentre outros, para ampliar Concluídas as explicações, solicite que façam as atividades da seção Faça
as possibilidades de construção de sentidos e de uso crítico da língua. em sala, corrigindo-as ainda durante essa aula. Oriente os alunos a resolve-
(EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de rem as questões da seção Faça em casa para comentários na aula seguinte.
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as for-
mas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exercitar o Aula 2
diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. Habilidades:
(EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no (EM13LP06) Descrito anteriormente.
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua tra-
(EM13LP45) Analisar, discutir, produzir e socializar, tendo em vista
jetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do cânone
temas e acontecimentos de interesse local ou global, notícias, fotode-
ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perceber a historici-
núncias, fotorreportagens, reportagens multimidiáticas, documentários,
dade de matrizes e procedimentos estéticos.
infográficos, podcasts noticiosos, artigos de opinião, críticas da mídia,
(EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras e de
vlogs de opinião, textos de apresentação e apreciação de produções cul-
outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a africana e a
turais (resenhas, ensaios etc.) e outros gêneros próprios das formas de
latino-americana, com base em ferramentas da crítica literária (estrutura
expressão das culturas juvenis (vlogs e podcasts culturais, gameplay etc.),
da composição, estilo, aspectos discursivos) ou outros critérios relaciona-
em várias mídias, vivenciando de forma significativa o papel de repórter,
dos a diferentes matrizes culturais, considerando o contexto de produção
analista, crítico, editorialista ou articulista, leitor, vlogueiro e booktuber,
(visões de mundo, diálogos com outros textos, inserções em movimentos
entre outros.
estéticos e culturais etc.) e o modo como dialogam com o presente.
(EM13LGG103) Descrito anteriormente.
(EM13LGG103) Analisar o funcionamento das linguagens, para inter-
pretar e produzir criticamente discursos em textos de diversas semioses
(visuais, verbais, sonoras, gestuais). Planejamento
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da seção Faça
Planejamento em casa, evidenciando os efeitos de sentido do uso da conotação nos tex-
Inicie a aula apresentando o sumário do caderno, para que os alunos tos. Isso ajudará a fazer conexão com o conteúdo sobre “figuras de lingua-
compreendam o percurso que vão realizar neste início dos estudos so- gem”. Realize uma leitura comentada da introdução, utilizando o excerto
bre a literatura. Chame a atenção para o título da unidade 1, pedindo que da canção de Djavan. Para ampliar a compreensão do texto, dirija a atenção
observem a imagem de abertura. Leia com eles a relação dos objetos de dos alunos para o ícone Oralidade, para que possam expressar seu grau
conhecimento que serão estudados nesta unidade. de entendimento do sentido figurado das principais expressões do trecho.
Em seguida, indague os alunos sobre o que eles sabem a respeito de Concluídos os comentários dos alunos, prossiga com a leitura dos
literatura. Permita que troquem algumas impressões e solicite a leitura apontamentos sobre duas figuras de linguagem muito utilizadas nos tex-
oral do texto “O conceito de literatura”. Durante a atividade, peça que su- tos literários: a metáfora e a comparação. Explore os sentidos produzidos
blinhem as palavras e expressões mais importantes. Logo depois, reforce pelas metáforas e pelas comparações apontadas nos exemplos e chame
o caráter da literatura como uma manifestação artística relacionada ao atenção para a forma como se apresentam no texto. Em seguida, comen-
uso criativo da palavra escrita. Comente a origem do termo littera e o re- te as diversas figuras relacionadas no quadro de figuras de linguagem,
lacione com o conceito estudado. Depois disso, chame a atenção para a reforçando os conceitos por meio dos exemplos. Cite outros, se achar
indicação do ícone Click, que traz a sugestão de um filme que ilustra bem conveniente.
o processo de aprendizagem do fazer poético. Comente sobre a importância de conhecer os períodos da literatura
Continue a aula, relembrando que, da mesma forma que a lingua- brasileira (e também os da literatura portuguesa); isso para melhor situar
gem possui suas funções, a literatura, como uma linguagem artística, um texto no tempo, de acordo com suas características. Explore a sugestão
também as possui. Faça uma leitura dinâmica de cada função, exemplifi- do ícone Click, que traz o endereço do Instituto Camões, referência na di-
cando com obras conhecidas. vulgação da língua portuguesa.
Prossiga a aula esclarecendo a diferença entre sentido denotativo Convide os alunos para uma rápida roda de conversa sobre blog e
e sentido conotativo, para caracterizar a literatura como uma expressão vlog. Permita que exponham suas experiências com essas mídias, em es-
que utiliza preponderantemente o sentido figurado, que tenha múltiplos pecial, com os espaços dedicados à literatura e ao estímulo à leitura. Em
significados. Reforce essa explicação com os exemplos de gêneros textu- seguida, solicite a leitura do texto teórico que acrescenta o conceito de
ais que usam a denotação, para confrontar as concepções. flog.
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Referências
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VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura. São Paulo: EPU, 1990.
ZILBERMAN, Regina. Leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto, 1988.
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Literatura
Professor
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Prossiga com a aula evidenciando, a partir da imagem de abertura, Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP01; EM13LP46; EM13LP48;
outros elementos que caracterizaram a época: o desenvolvimento da EM13LP49; EM13LP52.
bússola e o período das Grandes Navegações. Utilize o texto inicial para
explicar o contexto histórico. Aproveite para sondar o quanto os alunos já Encaminhamento
sabem desse conteúdo, também trabalhado em História. Como são mui- Inicie a aula com a correção e o comentário das questões das seções
tos conceitos, peça-lhes que sublinhem as palavras e expressões-chave Faça em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da unidade
do texto. Conclua a explicação com a sugestão do vídeo sobre o Renasci- e a imagem que a acompanha. Chame a atenção para a relação dos objetos
mento, apontado pelo ícone Click!. de conhecimento que serão estudados.
Depois, apresente as três imagens que abrem o texto sobre a arte Comece a aula apresentando o autor mais representativo do Classi-
do período estudado. Se for possível, projete-as no quadro, para que os cismo português. Relacione essa importância ao fato de existirem estátuas
alunos vejam melhor os detalhes. Leia para todos o texto explicativo e em sua homenagem, como ilustra a imagem da página de abertura. Faça
conclua a abordagem com a sugestão do boxe Vá além e com a sugestão uma leitura dinâmica do texto e, ao final, possibilite aos alunos comentarem
de atividade oral, para que os alunos exponham suas experiências com a sobre a relação de importância do autor e a carência de informação precisa
arte renascentista e façam relações com a vida contemporânea. sobre sua vida. Sugira a visualização dos vídeos indicados no ícone Click! e
Para concluir a aula, solicite que façam as atividades 1 e 2 da seção no boxe Vá além, para apoiar a compreensão e a ampliação do conteúdo.
Faça em sala, corrigindo-as em seguida. Oriente os alunos para que re- Em seguida, apresente a poesia lírica de Camões por meio do tex-
solvam as questões 1 a 6 do Faça em casa para comentar na aula seguinte. to teórico e de exemplos. Leia os poemas com os alunos para que eles
identifiquem suas principais características, a visão do autor, a relação
Aula 2 com a tradição, seus aspectos de inovação, permanência, entre outros.
Como se trata de uma expressão distante cronologicamente e espacial-
• O Classicismo: características
mente da experiência dos alunos, explore as condições de produção e
• Verbete de dicionário e de enciclopédia o contexto sócio-histórico de circulação para facilitar a compreensão
Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP34; EM13LP46; EM13LP48; global dos poemas.
EM13LP49; EM13LP52. Para a evidência de um dos aspectos de continuidade da prática poé-
tica trovadoresca, solicite a leitura oral dos poemas, com atenção às rimas,
Encaminhamento ao ritmo e à escansão silábica. Para facilitar esse aspecto, transcreva algu-
Inicie a aula com a correção e comentário das questões da seção Faça em mas estrofes no quadro e faça a contagem das sílabas métricas junto com
casa. Em seguida, leia pelo menos uma cantiga de amor, de amigo ou satírica os alunos. Solicite também a atenção às partes dos poemas e à sua função
e as compare com um texto lírico de Camões em medida velha. Possibilite para a compreensão do texto.
que os alunos comentem as semelhanças e as diferenças, o que permanece Antes do fim da aula, oriente os alunos para que realizem as atividades
em relação ao Trovadorismo e o que é rompido pelo pensamento renascen- 1 e 2 da seção Faça em sala. Assim que terminarem os exercícios, corrija-os,
tista, debatendo o papel do artista com a mudança de contexto. Depois dessa explorando o poema como fizeram anteriormente. Solicite que façam os
dinâmica, leia o texto que trata das características do Classicismo, reforçando exercícios indicados como atividade de casa.
bem os conceitos abordados em cada característica.
Logo depois, apresente o gênero textual verbete, a partir do texto teó- Aula 2
rico e da exploração das imagens e dos comentários. Escolhemos a mesma • Camões lírico: a medida nova
palavra, “abelha”, para que a comparação fique mais clara. Reforce as carac-
terísticas específicas dos dois tipos de verbete, a partir dos exemplos dados
• Resenha literária
e de outros que contenham outros elementos de análise. Como dinâmica Habilidades trabalhadas na aula: EM13LP01; EM13LP45; EM13LP46;
para concluir a exploração do tema, solicite que escrevam um verbete de EM13LP48; EM13LP49; EM13LP52.
dicionário para a palavra “verbete”, que contenha a estrutura e os elementos
usados no texto. Se for possível, mostre versões de dicionários e enciclopé- Encaminhamento
dias virtuais para exploração da estrutura textual em sala de aula. Use o Inicie a aula com a correção e comentário das questões da seção
mesmo termo, para que as diferenças fiquem mais nítidas. Faça em casa. Aproveite para reforçar a importância da produção lírica
Oriente os alunos para que resolvam as questões 3 e 4 do Faça em de Camões.
aula. Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realiza- Em seguida, apresente o quadro com outras características da lírica
ção das atividades propostas, assim como das questões 7 a 12 do Faça em camoniana. Depois, leia e analise os poemas feitos com a medida nova,
casa para comentários na aula seguinte. para comprovação dessas características nos textos. Solicite aos alunos a
leitura silenciosa e oral de cada poema, para que percebam a diferença
Unidade 3 de estrutura e ritmo em relação à medida velha. Depois, possibilite a tro-
Total de aulas: 2 ca de impressões sobre os poemas, a partir dos comentários sobre suas
principais características.
Aula 1 Nessa parte da aula, trazemos dois ícones: um com a indicação da
música “Monte Castelo” e outro com indicação de uma atividade de orali-
• O autor Luís Vaz de Camões
dade. Não deixe de comentar as sugestões. Se for possível, explore-as em
• A lírica camoniana: a medida velha sala de aula.
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Anotações
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Literatura
Professor
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• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de Aproveite as indicações do ícone Click! e da seção Relacione. Am-
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as bos ampliam a experiência com o gênero monográfico. Sugerimos que,
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- a partir da pesquisa sobre cronistas do século XVI, os alunos escrevam
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. um pequeno texto monográfico, expondo suas conclusões das leituras
comparativas que fizeram, apresentando argumentos para sustentar seu
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
ponto de vista. A ideia é que possam experimentar a realidade de escre-
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
ver a partir de um único tema, resultado de análise e pesquisa.
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
Para concluir a aula, solicite que façam as atividades 3 e 4 da seção
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
Faça em sala, corrigindo-as em seguida. Para finalizar o trabalho com a
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
unidade, sugira aos alunos a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de realização das duas questões propostas. Oriente os alunos para que resol-
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas vam as questões 7 a 12 do Faça em casa para comentários na aula seguinte.
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos Unidade 2 – A opulência sensorial barroca
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi- Total de aulas: 2
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura. Aula 1
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras • Barroco: contexto histórico-social
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
• Características artísticas
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
Habilidades
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com • (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es-
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico
o modo como dialogam com o presente. de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de
Planejamento da aula forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná-
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões da se- lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
ção Faça em casa. Prossiga, pedindo aos alunos que observem a data • (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
de chegada dos jesuítas no Brasil. A partir dessa observação, chame a textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
atenção para o contexto de produção dos textos catequéticos, compa- formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer-
rando-o com o das crônicas de viagem. Solicite aos alunos que comen- citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
tem as possíveis diferenças e relações entre essas produções.
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
Faça a leitura dinâmica do texto inicial, reforçando a importância processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
de padre Anchieta para o momento estudado. Evidencie a preocupação trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
com a língua como uma das diferenças entre a literatura dos jesuítas e a cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
literatura informativa. Sugira a visita virtual do Museu de Arte Sacra dos ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
Jesuítas, a partir da indicação do ícone Click!. Conclua essa parte da aula
com a leitura oral e comentada dos textos de Anchieta. É importante pre- • (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
parar os alunos para a produção de sentido das leituras feitas, a partir da diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
compreensão da cosmovisão da época e do enfoque católico. crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
Prossiga a aula fazendo a leitura dinâmica dos comentários sobre do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
texto monográfico. Evidencie o prefixo da palavra, para a compreensão romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
do seu sentido e da sua principal característica: ser monotemático e mo- nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
noautoral. É possível que muitos alunos conheçam os termos “monogra- apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
fia”, “tese” e “dissertação”.. Utilize o que eles sabem desses termos para • (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
fixar as principais características do gênero em questão. Pela impossibi- e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
lidade de poder apresentar um excerto de um texto monográfico típico, africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
trazemos um artigo que trata do tema, ao mesmo tempo que apresenta literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
características básicas do gênero acadêmico. Tratamos de manter a for- outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
ma original do excerto para preservar um conjunto de características do derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com
texto monográfico. Se tiver oportunidade, leve exemplos de monografias outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e
para a sala de aula. o modo como dialogam com o presente.
alguma das manifestações artísticas do Barroco, segundo seu interes- Planejamento da aula
se. A ideia é favorecer a oportunidade de sistematizar uma exposição
Inicie a aula com a correção e o comentário das questões das seções
sustentada por argumentação sólida, mas com estilo mais livre que um
Faça em casa e Junte os pontos. Em seguida, apresente o título da uni-
texto monográfico.
dade e a imagem que o acompanha. Chame a atenção para a relação dos
Oriente que os alunos resolvam as questões 3 e 4 do Faça em aula.
objetos de conhecimento que serão estudados.
Também indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realiza-
Comece a aula apresentando o maior poeta do Barroco brasileiro.
ção das atividades propostas, assim como as 7 a 12 do Faça em casa para
Relacione essa importância ao fato de existirem estátuas em sua home-
comentários na aula seguinte.
nagem na cidade de Salvador, como ilustra a imagem de abertura. Faça
uma leitura dinâmica do texto e, ao final, possibilite aos alunos comen-
Unidade 3 – Gregório de Matos: tarem a atuação de Gregório de Matos no Brasil do século XVII. Sugira a
o poeta das ruas visualização do vídeo sobre Gregório de Matos, indicado no ícone Click!,
Total de aulas: 2 e a resenha do filme Gregório de Matos, no ícone Vá além, para apoiar a
compreensão e ampliação do conteúdo.
Aula 1 Em seguida, amplie a explicação do que é cultismo, a partir da obra de
Gregório de Matos. Leia oralmente o excerto do poema “A instabilidade das
• Gregório de Matos: vida e produção poética
cousas do mundo” com os alunos para que eles identifiquem suas princi-
• O cultismo como recurso de expressão poética pais características, a visão do autor, a relação com a tradição, seus aspectos
• A poesia lírica gregoriana de inovação, permanência em relação aos estilos artísticos anteriores, entre
outros aspectos.
Habilidades Aproveite para explorar o tema da transitoriedade das coisas da vida,
possibilitando que os alunos comentem sua compreensão dessa refle-
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/
xão. Como se trata de uma expressão distante cronologicamente e espa-
escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-his-
cialmente da experiência dos alunos, explore as condições de produção
tórico de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos
e o contexto sócio-histórico de circulação para facilitar a compreensão
de vista e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do
global dos poemas.
discurso, etc.), de forma a ampliar as possibilidades de construção
de sentidos e de análise crítica e produzir textos adequados a dife- Apresente a poesia lírica de Gregório de Matos, solicitando aos alu-
rentes situações. nos a leitura oral do texto e dos poemas dados como exemplo de poesia
lírica amorosa e filosófica. Peça que coloquem atenção às rimas, ao ritmo,
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de à escansão silábica, aos aspectos formais para comparar com a produção
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as poética do Trovadorismo e do Classicismo. Indique a leitura do artigo in-
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- dicado no ícone Click!.
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
Antes do fim da aula, oriente os alunos para que realizem as ativi-
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no dades 1 e 2 da seção Faça em sala. Assim que terminarem os exercícios,
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua corrija-os, explorando o poema como fizeram anteriormente. Solicite
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do que façam os exercícios indicados como atividade de casa.
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos. Aula 2
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de • Poesia religiosa: mística e arrependimento
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
• A poesia satírica do “Boca do Inferno”
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
Habilidades
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi-
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de • (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura. escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-históri-
co de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras
e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.),
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi- • (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer-
o modo como dialogam com o presente. citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica.
5
Habilidades ampliar aspectos da vida e da obra do padre. Chame a atenção dos alu-
nos para a nova indicação do ícone Click!, com endereço para ler outros
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/ textos de padre Vieira. Para concluir essa parte da aula, apresentamos
escuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-históri- excerto de outro sermão para ampliar o repertório dos alunos em relação
co de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista a esse gênero tão divulgado durante o período barroco.
e perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), Feche esse momento com uma nova atividade de oralidade, para
de forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de que os alunos possam contextualizar o tema tratado há séculos.
análise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações.
Indique a leitura da síntese da seção Junte os pontos e a realização das
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de atividades propostas, assim como as 3 e 4 do Faça em casa. Comente tam-
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as bém a proposta do boxe Você é protagonista, a partir do valor empatia.
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- Como culminância da atividade, os alunos deverão montar um mapa de
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. empatia a partir de uma situação empreendedora.
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do
Referências
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce-
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix,
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
1994.
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
CATELLO, José Aderaldo. A Literatura Brasileira: origens e unidade. v.1.
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999.
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos COUTINHO, Afrânio. A literatura no Brasil: relações e perspectivas. 5. ed.
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi- rev. e atual. São Paulo: Global, 1999.
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de
MARTINS, Ivanda. A literatura no ensino médio: quais os desafios do
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
professor? In: BUNZEN, Clécio; MENDONÇA, Márcia (Org.). Português
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras no ensino médio e formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial,
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a 2006.
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou MOISÉS, Massaud. A literatura portuguesa através de textos. São Paulo:
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi- Cultrix, 1998.
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com MOISÉS, Massaud. História da Literatura Brasileira. V1 – Origens, Barroco
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e e Arcadismo. São Paulo: Cultrix, 1990.
o modo como dialogam com o presente.
NEJAR, Carlos. História da Literatura Brasileira: da carta de Pero Vaz
Planejamento da aula de Caminha à contemporaneidade. Rio de Janeiro: Relume Dumará:
Copesul: Telos, 2007.
Inicie a aula com correção e comentário das questões da seção Faça
em casa. Em seguida, solicite que os alunos leiam silenciosamente o tex- PEREIRA, Edgard; OLIVEIRA, Paulo Motta; OLIVEIRA, Silvana Maria
to “A força do púlpito: pregação e denúncia”. Quando terminarem, possi- Pessoa de. Intersecções: ensaios de literatura portuguesa. Campinas:
bilite uma rápida conversa sobre os aspectos tratados no texto aprofun- Komedi, 2002.
dando no tema da defesa de liberdade dos índios e negros no Brasil.
ROCCO, Maria Thereza Fraga. Literatura/ensino: uma problemática. São
Leia em seguida o excerto do Sermão do bom ladrão, que denuncia as-
Paulo: Ática, 1981.
pectos morais relativizados pela sociedade. Possibilite uma rápida troca
de ideias entre os alunos, a partir da sugestão do ícone Oralidade. Indi- VERON, E. A produção do sentido. São Paulo: Cultrix, 1980.
que os vídeos sugeridos no ícone Click! e, sendo possível, veja um deles
VIEIRA, Alice. O prazer do texto: perspectivas para o ensino de literatura.
com os alunos. Solicite atenção deles para o fato de que o programa está
São Paulo: EPU, 1990.
em português de Portugal.
Prosseguindo a aula, solicite a leitura do texto que aborda o sermo- ZILBERMAN, Regina. Leitura e o ensino da literatura. São Paulo: Contexto,
nário de padre Vieira. Utilize a citação do artigo de Adma Muhana para 1988.
8
Literatura
Professor
s as T
ec
no
lo
gia
s
Habilidades Na segunda parte da aula, faça uma leitura comentada do texto teó-
rico sobre a produção satírica de Tomás Antônio Gonzaga, apresentando
• (EM13LP01) Relacionar o texto, tanto na produção como na leitura/es- os trechos da obra Cartas chilenas. Repita a dinâmica de leitura silenciosa
cuta, com suas condições de produção e seu contexto sócio-histórico e oral. Para finalizar a explicação teórica, apresente os elementos encon-
de circulação (leitor/audiência previstos, objetivos, pontos de vista e trados na poesia árcade, que evidenciam uma postura pré-romântica, ao
perspectivas, papel social do autor, época, gênero do discurso, etc.), de anteciparem aspectos que serão muito explorados pelo estilo de época
forma a ampliar as possibilidades de construção de sentidos e de aná- seguinte, o Romantismo, marcado pelas características já perceptíveis na
lise crítica e produzir textos adequados a diferentes situações. produção dos nossos poetas árcades.
• (EM13LP46) Compartilhar sentidos construídos na leitura/escuta de Para concluir a aula, peça a resolução das questões 3 e 4 da seção
textos literários, percebendo diferenças e eventuais tensões entre as Faça em sala e corrija as atividades em seguida, sempre possibilitando a
formas pessoais e as coletivas de apreensão desses textos, para exer- leitura oral dos textos. Indique a leitura da síntese da seção Junte os pon-
citar o diálogo cultural e aguçar a perspectiva crítica. tos e a realização das atividades propostas, assim como as atividades 7 a
12 da seção Faça em casa, para comentários na aula seguinte. Comente
• (EM13LP48) Identificar assimilações, rupturas e permanências no também a proposta do box Você é o protagonista!, com base em coope-
processo de constituição da literatura brasileira e ao longo de sua ração, responsabilidade e solidariedade. Como culminância da atividade,
trajetória, por meio da leitura e análise de obras fundamentais do os alunos deverão produzir um pequeno texto, relacionando o contexto
cânone ocidental, em especial da literatura portuguesa, para perce- árcade com o atual.
ber a historicidade de matrizes e procedimentos estéticos.
• (EM13LP49) Perceber as peculiaridades estruturais e estilísticas de
diferentes gêneros literários (a apreensão pessoal do cotidiano nas Referências
crônicas, a manifestação livre e subjetiva do eu lírico diante do mun-
BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.
do nos poemas, a múltipla perspectiva da vida humana e social dos
romances, a dimensão política e social de textos da literatura margi- CATELLO, J. A. A literatura brasileira: origens e unidade. São Paulo:
nal e da periferia, etc.) para experimentar os diferentes ângulos de Edusp, 1999.
apreensão do indivíduo e do mundo pela literatura.
COUTINHO, A. A literatura no Brasil: relações e perspectivas. 5. ed. rev. e
• (EM13LP52) Analisar obras significativas das literaturas brasileiras atual. São Paulo: Global, 1999.
e de outros países e povos, em especial a portuguesa, a indígena, a
MARTINS, I. A literatura no Ensino Médio: quais os desafios do professor?
africana e a latino-americana, com base em ferramentas da crítica
In: BUNZEN, C.; MENDONÇA, M. (org.). Português no Ensino Médio e
literária (estrutura da composição, estilo, aspectos discursivos) ou
formação do professor. São Paulo: Parábola Editorial, 2006.
outros critérios relacionados a diferentes matrizes culturais, consi-
derando o contexto de produção (visões de mundo, diálogos com MOISÉS, M. História da literatura brasileira: origens, barroco e arcadismo.
outros textos, inserções em movimentos estéticos e culturais, etc.) e v. 1. São Paulo: Cultrix, 1990.
o modo como dialogam com o presente.
MOISÉS, M. A literatura portuguesa através de textos. São Paulo: Cultrix, 1998.
6
Literatura
Anotações
8
Literatura
Roman Samborskyi/Shutterstock
Nesta unidade você
irá estudar:
o conceito de literatura,
as funções da literatura, a
periodização da Literatura
brasileira e portuguesa,
a natureza da linguagem
literária, as figuras de
linguagem e os blogs e vlogs
literários.
ÿƸŏǜŏģÿģĪģĪĪƫĜƣŏƸÿƫĪŰżģŏǿĜżǀĜżŰÿƫłĪƣƣÿŰĪŲƸÿƫģŏŃŏƸÿŏƫ᠇
O conceito de literatura
Os seres humanos, de modo geral, têm consciência da realidade que os cercam. Essa consciência pode movê-los
tanto à contemplação como à criação. A criação é resultado do desejo do ser humano de expressar o belo, a partir de
como ele percebe, sente e apreende o mundo. Essas experiências são transformadas e, por meio da criatividade, podem
tornar-se manifestações artísticas. Ao processo de produzir beleza por meio da recriação da realidade dá-se o nome de
“arte” e a sua existência está relacionada ao prazer estético.
A arte é plural e pode usar diferentes linguagens. A dança, o canto, a música, o teatro, o cinema, as artes plásticas
(pintura, escultura e arquitetura) e a literatura, por exemplo, são manifestações artísticas que utilizam diferentes formas
de expressão. A pintura faz uso da luz, das cores e das formas; a dança utiliza movimentos corporais; a literatura utiliza
a palavra e a cerca de variados recursos para obter efeitos especiais de significação.
No caso específico da literatura, um texto se torna artístico à medida que o escritor busca formas mais incomuns
de usar e combinar palavras ou confere ao texto vigor comunicativo e expressividade inesperados. A arte literária está
presente em variadas culturas, mas o seu conceito e o modo de fazer literatura variam de uma cultura para a outra e de
época para época.
2
Literatura
A palavra literatura deriva do termo latino littera, que significa “letra”. Por isso a relação dessa manifestação artísti-
ca com a palavra escrita, usada para a expressão criativa e ficcional. No entanto, a palavra “literatura” pode ser usada em
expressões comuns no meio acadêmico, que significam “produção, conjunto de obras escritas”. Por exemplo: quando se
diz “literatura médica”, não se está referindo à natureza própria da literatura como expressão artística em que a palavra
é usada criativamente, mas ao conjunto de obras relacionadas à área médica.
A literatura pode ser, então, entendida como uma manifestação artística que recria a realidade por meio da palavra,
motivada pelos fatos da vida que cercam o escritor. Veja a seguir a definição do crítico literário Afrânio Coutinho.
A literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada, através do espírito
do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma
corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiên-
cia de realidade de onde proveio. [...] O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que não são
mais medidas pelos mesmos padrões das verdades ocorridas. [...] Através das obras literárias, tomamos
contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as ver-
dades da mesma condição humana.
COUTINHO, Afrânio. Notas de teoria literária. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. p. 9-10.
Funções da literatura
Da mesma forma que a linguagem tem suas funções, a literatura também as tem. São cinco as suas funções.
Cognitiva
É o mecanismo pelo qual o leitor pode adquirir o conhecimento por meio de informações contidas no texto que lê. Essa
é uma função muito presente em textos de natureza mais científica, mas, mesmo não sendo sua função primordial, o texto
literário pode acrescentar informações ao leitor, quando faz literatura de natureza mais histórica ou biográfica, por exemplo.
Estética
A estética está relacionada às ideias de percepção e sensibilidade; por isso, essa é a função primeira da literatura,
pois, como manifestação artística, expressa a percepção e a sensibilidade do literato por meio de recursos que potencia-
lizam a palavra, sua matéria-prima. A função estética é percebida pelo leitor quando ele entra em contato com a força
expressiva da linguagem e com a forma como ela é trabalhada pelo escritor.
Lúdica
Ludismo é característica de algo divertido, como um jogo ou uma brincadeira. A função lúdica está relacionada à
capacidade de o autor envolver o leitor por meio da brincadeira com a linguagem, dos jogos de palavras, para favorecer
o entretenimento e o relaxamento.
Catártica
Em uma obra literária, o artista pode abordar temas problemáticos ou questões existenciais importantes, acessan-
do emoções que o impulsionam a se expressar. O contato do leitor com um livro ou uma peça de teatro pode levá-lo
a viver experiências liberadoras que provocam a catarse: uma espécie de descarga emocional que gera certo alívio da
tensão ou da ansiedade psicológica ou moral, mesmo que o leitor saiba que a realidade expressa no texto é ficção.
Social
A obra literária pode ser instrumento de conscientização e engajamento das pessoas para a transformação da so-
ciedade. Os autores retratam a realidade que os cerca e produzem um texto que, além de descrevê-la, critica alguns de
seus aspectos, podendo recorrer à ironia e ao humor. São temas comuns que podem ser utilizados para configurar essa
função: gênero, racismo, pobreza, corrupção, política, entre outros.
O excerto pertence à obra Os lusíadas, de Luís de Camões, poeta do Classicismo português (século XVI). Apresentamos as
três primeiras estrofes de um longo poema que exalta o povo português, ao contar a viagem de Vasco da Gama à Índia.
O trecho lido quanto à sua apresentação formal constituiu um poema. Ele se organiza em versos e, por isso, tem um
ritmo diferente do da fala, percebido pela quebra da sequência natural da frase em nome da sonoridade que caracteriza
esse tipo de texto. Seus elementos são:
• verso:ĜÿģÿǀŰÿģÿƫŧŏŲŊÿƫģżƠżĪŰÿᠤŲÿżěƣÿĜŏƸÿģÿŊĀᚄᡱᚄᙷᚂǜĪƣƫżƫᠥ᠒
• estrofe: conjunto de versos (Os lusíadasīǀŰŃƣÿŲģĪƠżĪŰÿĜżŰᙷᡱᙷᙶᙸĪƫƸƣżłĪƫĜżŰᚄǜĪƣƫżƫĪŰĜÿģÿǀŰÿģĪŧÿƫᠥ᠒
• rima:ƣĪĜǀƣƫżƢǀĪǀƸŏŧŏǭÿÿƫĪŰĪŧŊÿŲğÿƫżŲżƣÿģĪƠÿŧÿǜƣÿƫŲżǿŲÿŧģżƫǜĪƣƫżƫᠤƣŏŰÿĪǢƸĪƣŲÿᠥżǀŲżŏŲƸĪƣŏżƣģżƫǜĪƣᠵ
sos (rima interna). (As estrofes apresentam rimas externas com o seguinte esquema: abababcc, ou seja, o primeiro
verso rima com o terceiro e o quinto; o segundo rima com o quarto e o sexto; e o sétimo verso rima com o oitavo.);
• métrica: número de sílabas poéticas que o verso apresenta. A divisão de sílabas poéticas segue critérios distintos
da divisão de sílabas gramaticais. Por exemplo, vogais átonas podem ser reunidas numa única sílaba poética; a
contagem considera até a última sílaba tônica, conforme pode ser visto nos exemplos a seguir.
As/ ar/mas/ e os/ Ba/rões/ as/si/na/la/dos
Que/ da O/ci/den/tal/ prai/a/ Lu/si/ta/na
Por/ ma/res/ nun/ca/ de an/tes/ na/ve/ga/dos
Pas/sa/ram/ ain/da a/lém/ da/ Ta/pro/ba/na,
4
Literatura
Reprodução/Editora Scipione
As métricas mais comuns são redondilhas (menor, com cinco sílabas métricas; maior, com sete),
decassílabos (dez sílabas métricas) e alexandrinos (doze sílabas métricas). Os versos de Os lusíadas são
todos decassílabos, ou seja, possuem todos eles dez sílabas métricas.
Agora, observe o excerto a seguir, de uma adaptação em prosa da obra Os lusíadas, que, como vimos,
originalmente, foi escrita em versos. Leia-o silenciosamente e, depois, oralmente. Reflita sobre o que
diferencia este texto do anterior.
CAMÕES, Luís Vaz de. Os lusíadas. Adaptação de Rubem Braga e Edson Braga. São Paulo: Scipione, 1997. p. 5.
O texto lido, formalmente, é um exemplo de prosa, porque se estrutura por meio de parágrafos, compostos por períodos com o ritmo da lingua-
gem falada. Nesse sentido, é uma expressão diferente do texto anterior. O que os aproxima é o fato de que ambos contam uma história. Quando o
conteúdo de um texto expressa uma narrativa, dizemos que esse texto está escrito em prosa, porque esse termo está relacionado ao ato de contar.
Por isso, podemos concluir que, quanto à forma, o primeiro texto é um poema, enquanto o segundo é um exemplo de prosa. Em relação ao conteúdo,
ambos são exemplos de prosa, porque contam algo, expressando fatos de uma realidade.
Depois da leitura do excerto do texto de Camões, você deve ter observado que, formalmente, é um poema, pelas características já conhecidas,
como o fato de ser organizado em versos. Quanto ao seu conteúdo, ele não narra objetivamente um fato da realidade; ao contrário, revela a intenção de
sensibilizar o leitor por meio de recursos específicos da linguagem, como a escolha das palavras e um arranjo especial para favorecer a sensibilização
esperada. Por isso, a estrofe apresentada, por seu conteúdo, é uma expressão de poesia, formalmente apresentada por um poema. Muita gente con-
funde os dois conceitos, mas não se esqueça de que não são sinônimos, já que o poema se refere aos aspectos externos e formais do texto, enquanto a
poesia se relaciona com o conteúdo e a expressão da emoção.
Quando a prosa expressa conteúdo poético e se distancia do objetivo de simplesmente contar um fato, temos uma prosa poética. Como afirma o
professor Fernando Paixão:
[...] No caso da prosa poética, fica evidente que sua característica principal está relacionada com as qualidades da prosa; por
isso mesmo, apresenta uma tendência voltada para acolher textos maiores – narrativos ou não –, mesmo que procure fixar um olhar
lírico sobre a realidade. As frases e parágrafos acabam por supor uma dinâmica extensiva para o texto e as imagens evocadas. Em
geral, a prosa poética costuma recorrer a figuras típicas da poesia, como a aliteração, a metáfora, a elipse, a sonoridade das frases
etc. Contudo, o emprego desses elementos subordina-se ao ritmo mais alongado do discurso, voltado para ser, ao final das contas,
uma boa prosa.
PAIXÃO, Fernando. Poema em prosa: problemática (in)definição. Disponível em:
https://www.academia.org.br/abl/media/Revista%20Brasileira%2075%20-%20PROSA.pdf. Acesso em: 3 abr. 2021.
Dei uma volta pela praia e pelas pedras para ir para casa. Lembro-me do frio vento sul, e do mar
limpo, da água transparente, em maré baixa. Duas ou três vezes tirei do bolso a fotografia, protegendo-a
com as mãos para que não se molhasse, e olhei. Não estava, como neste sonho de agora, sentada em
uma canoa, e não me lembro como estava, mas era na praia e havia uma canoa. “Com sincero afeto…”
Comi uma broa devagar como uma espécie de unção.
BRAGA, Rubem. Uma lembrança. In: MOISÉS, Massaud. A literatura brasileira através dos textos. 21. ed. São Paulo: Cultrix,
1998. p. 545-547.
Literatura portuguesa
Trovadorismo Humanismo Classicismo
Literatura brasileira
6
Literatura
Figuras de linguagem
As figuras de linguagem são recursos para tornar os textos mais expressivos, a partir da extrapolação do alcance das
palavras e das construções da língua. Essas figuras contribuem para que a comunicação ocorra de maneira alternativa
e mais expressiva. Na literatura, haverá uso intenso das figuras de linguagem, que aparecem também na linguagem
coloquial, na publicidade e em ditos populares.
O termo “figuras de linguagem” tem sentido amplo e se refere a um conjunto de recursos linguísticos que alguns
estudiosos dividem em quatro categorias: figuras de palavras (recursos que afetam o sentido da palavra), figuras de
pensamento (referem-se ao sentido da palavra em contexto), figuras de construção (relacionadas a aspectos de sintaxe
ou de concordância verbal e nominal: desvios de ordem, omissões ou excessos) e figuras de harmonia (centram-se na
representação sonora).
Observe que, para conceituar o amor, o compositor não resgata o sentido dicionarizado do termo, porque não é a
sua intenção tratar do tema com um sentido único para a palavra (sentido denotativo). Ele relaciona esse sentimento
a um objeto, a uma ação, a um ato instintivo e, depois, a um fenômeno da natureza, porque quer uma expressão de
sentido conotativo, múltiplo, criativo e figurado. O que será que o eu lírico quer expressar ao afirmar que “O amor é um
grande laço”, “Um passo pr´uma armadilha”, “Um lobo correndo em círculos”? E mais, o que significa a afirmação “O amor
é como um raio”?
Troque ideias com os colegas sobre o que vocês compreenderam das expressões destacadas pelas aspas, antes de continuarmos.
Note que, nas duas estrofes, o autor cria relações entre as palavras para esclarecer o conceito de amor. Ao analisar as Evidencie a comparação
implícita que há nas ex-
estruturas frasais usadas por ele, você verá que, quando ele diz “O amor é um grande laço”, ele faz uso de uma metáfora, pressões que conceituam o
que é uma comparação implícita, indireta e subentendida. Sabemos que o amor não é, literalmente, um laço, mas acei- amor: o amor é um grande
laço, um passo para uma
tamos que é um sentimento que pode possuir alguma característica desse artefato, como a função de amarrar, prender, armadilha, um lobo corren-
entre outros sentidos. Ao dizer “O amor é como um raio”, opta-se por uma expressão explícita, chamada comparação, do em círculos, é como um
evidenciada pela palavra “como”. raio. Chame a atenção para
a diferença de sentido na
Além dessas duas figuras de linguagem, existem outras que também são usadas em diferentes situações e gêne- última expressão, que apre-
ros textuais. Leia o quadro a seguir para conhecer algumas delas. senta a palavra “como”.
Relatam-se Publicação
fatos cotidianos frequente de
relacionados conteúdos com
à leitura e à textos verbais e
literatura. não verbais.
Vlog Blog
Postagens
frequentes
literário Estrutura
simples e pré-
literário
com conteúdos -formatada.
gravados em Exige habilidade
vídeos curtos. de escrita.
Faça em sala
Sob uma chuva de rosas
1. Identifique as afirmações com V de verdadeiras ou F de falsas. Em se-
Meu sangue jorra das veias
guida, reescreva as falsas para que se tornem verdadeiras.
E tinge um tapete
a) ( V ) A noção de belo pode ser representada por uma série de Pra ela sambar
conceitos, de acordo com a noção de cultura de cada um. É a realeza dos bambas
Que quer se mostrar
Soberba, garbosa
b) ( F ) A função catártica da literatura tem a ver com o conceito de Minha escola é um cata-vento a girar
belo. É verde, é rosa
A função catártica da literatura tem a ver com a descarga emocional. Oh, abre alas pra Mangueira passar
BUARQUE, C.; CARVALHO, H. B. Chico Buarque de Mangueira. Marola
c) ( V ) A função lúdica da literatura está relacionada ao deleite e à Edições Musicais Ltda. BMG. 1997. Disponível em:
diversão. www.chicobuarque.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010.
Texto II
d) ( F ᠥ£żģĪᠵƫĪÿǿƣŰÿƣƢǀĪƸǀģżÿƢǀŏŧżƢǀĪƫĪĪƫĜƣĪǜĪīŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ᠇ Quando a escola de samba entra na Marquês de Sapucaí,
a plateia delira, o coração dos componentes bate mais forte e
A literatura é uma manifestação artística que recria a realidade por
meio da palavra, usada de modo criativo e artístico. o que vale é a emoção. Mas, para que esse verdadeiro espetá-
culo entre em cena, por trás da cortina de fumaça dos fogos de
2. ENEM
artifício, existe um verdadeiro batalhão de alegria: são costu-
Texto I reiras, aderecistas, diretores de ala e de harmonia, pesquisa-
Chão de esmeraldas dor de enredo e uma infinidade de profissionais que garantem
que tudo esteja perfeito na hora do desfile.
Me sinto pisando
Um chão de esmeraldas AMORIM, M.; MACEDO, G. O espetáculo dos bastidores.
Revista de Carnaval 2010: Mangueira. Rio de Janeiro:
Quando levo meu coração
Estação Primeira de Mangueira, 2010.
À Mangueira
9
3. Identifique as figuras de linguagem percebidas nas expressões popula- LOPES, B. O. A linguagem dos blogs e as redes sociais. Disponível em:
www.fateczl.edu.br. Acesso em: 29 abr. 2013 (adaptado).
res a seguir.
De acordo com o texto, o blog ultrapassou sua função inicial e vem se
a) Quem vê cara, não vê coração. Metonímia.
________________________________
destacando como
b) Ele é esperto feito uma raposa. Comparação.
_______________________________
a) estratégia para estimular relações de amizade.
c) Estava mais morto que vivo.Antítese.
__________________________________
b) espaço para exposição de opiniões e circulação de ideias.
d) Como escritor, ele é um ótimo cozinheiro. Ironia.
______________________
c) gênero discursivo substituto dos tradicionais diários pessoais.
e) Meu pai já não está entre nós. Eufemismo.
________________________________
d) ferramenta para aperfeiçoamento da comunicação virtual escrita.
f) Já chorei um rio de lágrimas. Hipérbole.
_________________________________
e) recurso para incentivar a ajuda mútua e a divulgação da rotina diária.
Resposta B.
Faça em casa
1. ENEM A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma
nação. Ela está presente nas lembranças do passado e no acervo cultu-
Guardar
ral de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das maneiras de se
Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. guardar o que se quer, o texto
Em cofre não se guarda coisa alguma.
a) ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da
Em cofre perde-se a coisa à vista.
memória social de um povo.
Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por
admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. b) valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas
Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por populares ou coletivas.
ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela,
c) reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os
isto é, estar por ela ou ser por ela.
valores humanos.
Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos. d) destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que
Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, possuem maior repertório cultural.
por isso se declara e declama um poema:
e) revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de
Para guardá-lo:
preservação da memória cultural. Resposta C.
Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda:
Guarde o que quer que guarda um poema:
Por isso o lance do poema:
Por guardar-se o que se quer guardar.
MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.).
Os cem melhores poemas brasileiros do século.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
10
Literatura
FUVEST 5. ENEM
Leia o texto para as questões 2 a 4, a seguir. Canção amiga
Os textos literários são obras de discurso, a que falta a ime- Eu preparo uma canção,
diata referencialidade da linguagem corrente; poéticos, abolem, em que minha mãe se reconheça
“destroem” o mundo circundante, cotidiano, graças à função ir-
todas as mães se reconheçam
realizante da imaginação que os constrói. E prendem-nos na teia
e que fale como dois olhos.
de sua linguagem, a que devem o poder de apelo estético que nos
[...]
enleia; seduz‐nos o mundo outro, irreal, neles configurado [...]. No
entanto, da adesão a esse “mundo de papel”, quando retornamos Aprendi novas palavras
ao real, nossa experiência, ampliada e renovada pela experiência E tornei outras mais belas.
da obra, à luz do que nos revelou, possibilita redescobri‐lo, sen-
tindo‐o e pensando‐o de maneira diferente e nova. A ilusão, a Eu preparo uma canção
mentira, o fingimento da ficção, aclara o real ao desligar‐se dele, que faça acordar os homens
transfigurando‐o; e aclara‐o já pelo insight que em nós provocou. e adormecer as crianças.
Benedito Nunes, “Ética e leitura”, de Crivo de papel. ANDRADE, C. D. Canção amiga. In: ANDRADE, C. D. Novos poemas.
Rio de Janeiro: José Olympio, 1948. (Fragmento)
O que eu precisava era ler um romance fantástico, um
romance besta, em que os homens e as mulheres fossem A linguagem do fragmento apresentado foi empregada pelo autor com
criações absurdas, não andassem magoando‐se, traindo‐se. o objetivo principal de
Histórias fáceis, sem almas complicadas. Infelizmente essas a) transmitir informações, fazer referência a acontecimentos
leituras já não me comovem. observados no mundo exterior.
Graciliano Ramos, Angústia.
b) envolver, persuadir o interlocutor, nesse caso, o leitor, em um forte
Romance desagradável, abafado, ambiente sujo, povoado apelo à sua sensibilidade.
de ratos, cheio de podridões, de lixo. Nenhuma concessão ao c) ƣĪÿŧğÿƣżƫƫĪŲƸŏŰĪŲƸżƫģżĪǀŧőƣŏĜż᠁ƫǀÿƫƫĪŲƫÿğƛĪƫ᠁ƣĪǵŧĪǢƛĪƫĪ
gosto do público. Solilóquio doido, enervante. opiniões frente ao mundo real.
Graciliano Ramos, Memórias do cárcere, em nota a respeito d) destacar o processo de construção desse poema, ao falar sobre o
de seu livro Angústia.
papel da própria linguagem e do poeta.
Enlear: confundir.
e) ŰÿŲƸĪƣĪǿĜŏĪŲƸĪżĜżŲƸÿƸżĜżŰǀŲŏĜÿƸŏǜżĪŲƸƣĪżĪŰŏƫƫżƣģÿ
mensagem, de um lado, e o receptor, de outro. Resposta D.
2. O argumento de Benedito Nunes, em torno da natureza artística da lite-
ratura, leva a considerar que a obra só assume função transformadora se 6. UFPE
a) estabelece um contraponto entre a fantasia e o mundo. O olhar também precisa aprender a enxergar
b) utiliza a linguagem para informar sobre o mundo. Há uma historinha adorável, contada por Eduardo Galeno,
c) ŏŲƫƸŏŃÿŲżŧĪŏƸżƣǀŰÿÿƸŏƸǀģĪƣĪǵŧĪǢŏǜÿģŏÿŲƸĪģżŰǀŲģż᠇ escritor uruguaio, que diz que um pai, morador lá do interior
do país, levou seu filho até a beira do mar. O mesmo nunca
d) oferece ao leitor uma compensação anestesiante do mundo.
tinha visto aquela massa de água infinita. Os dois pararam so-
e) conduz o leitor a ignorar o mundo real. Resposta C.
bre um morro. O menino, segurando a mão do pai, disse: “Pai,
3. ®Ī ż ģŏƫĜǀƣƫż ŧŏƸĪƣĀƣŏż ᡆÿĜŧÿƣÿ ż ƣĪÿŧ ÿż ģĪƫŧŏŃÿƣᠶƫĪ ģĪŧĪ᠁ ƸƣÿŲƫłŏŃǀƣÿŲģżᠶżᡇ᠁ me ajuda a olhar”. Pode parecer uma história de fantasia, mas
ƠżģĪᠶƫĪģŏǭĪƣƢǀĪhǀőƫģÿ®ŏŧǜÿ᠁żŲÿƣƣÿģżƣᠵƠƣżƸÿŃżŲŏƫƸÿģĪAngústia, já não deve ser a exata verdade, representando a sensação de falta-
ƫĪĜżŰżǜĪĜżŰÿŧĪŏƸǀƣÿģĪᡆŊŏƫƸŽƣŏÿƫłĀĜĪŏƫ᠁ƫĪŰÿŧŰÿƫĜżŰƠŧŏĜÿģÿƫᡇƠżƣƢǀĪ rem não só palavras, mas também capacidade para entender
a) ƣĪšĪŏƸÿ᠁ĜżŰżšżƣŲÿŧŏƫƸÿ᠁ÿĪƫĜƣŏƸÿģĪǿĜğĘż᠇ o que é que estava se passando ali.
b) ƠƣĪłĪƣĪÿŧŏĪŲÿƣᠶƫĪĜżŰŲÿƣƣÿƸŏǜÿƫīƠŏĜÿƫ᠇ Agora imagine o que se passa quando qualquer um de
c) é indiferente às histórias de fundo sentimental. nós passa diante de uma obra de arte visual: como olhar
para aquilo e construir seu sentido na nossa percepção? Só
d) está engajado na militância política.
com auxílio mesmo. Não quer dizer que a gente não se emo-
e) se afunda na negatividade própria do fracassado. Resposta E.
cione apenas por ser exposto a um clássico absoluto, um
4. Para Graciliano Ramos, Angústia não faz concessão ao gosto do público Picasso, um Niemeyer, um Caravaggio. Quer dizer apenas
na medida em que compõe uma atmosfera que a gente pode ver melhor se entende melhor a lógica da
a) dramática, ao representar as tensões de seu tempo. criação.
b) grotesca, ao eliminar a expressão individual. (Luís Augusto Fischer. Folha de S.Paulo)
c) satírica, ao reduzir os eventos ao plano do riso. Esse pequeno texto pode ser aplicado a nossas experiências diante da
d) ingênua, ao simular o equilíbrio entre sujeito e mundo. Arte. Em relação à Literatura, a arte feita com as palavras, cabe a se-
e) alegórica, ao exaltar as imagens de sujeira. Resposta A. guinte consideração:
11
Reprodução/Enem, 2004.
percebidas em seu sentido estético e fantasioso. Resposta E.
7. ENEM
Reprodução/Enem, 2011.
Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas
figuras de linguagem para
a) condenar a prática de exercícios físicos.
O argumento presente na charge consiste em uma metáfora relativa à b) valorizar aspectos da vida moderna.
teoria evolucionista e ao desenvolvimento tecnológico. Considerando o c) desestimular o uso das bicicletas.
contexto apresentado, verifica-se que o impacto tecnológico pode oca-
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
sionar:
a) o surgimento de um homem dependente de um novo modelo e) criticar a falta de perspectiva do pai. Resposta E.
Reprodução/Enem, 2014.
sua realidade.
c) a problemática social de grande exclusão digital a partir da
interferência da máquina.
d) ÿŏŲǜĪŲğĘżģĪĪƢǀŏƠÿŰĪŲƸżƫƢǀĪģŏǿĜǀŧƸÿŰżƸƣÿěÿŧŊżģżŊżŰĪŰ᠁
em sua esfera social.
e) o retrocesso do desenvolvimento do homem em face da criação de
ferramentas como lança, máquina e computador. Resposta A.
8. FAMERP
Reprodução/Famerp, 2018.
Junte os pontos
ŊĪŃÿŰżƫÿżłŏŲÿŧģÿÃŲŏģÿģĪᙷ᠇ěƫĪƣǜĪ᠁ĜżŰÿƸĪŲğĘż᠁żĪƫƢǀĪŰÿƢǀĪƫŏŲƸĪƸŏǭÿżƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫÿƫƠĪĜƸżƫģżƫĜżŲƸĪǁģżƫƸƣÿěÿŧŊÿģżƫ᠇/ŰƫĪŃǀŏģÿ᠁
responda às questões propostas.
Literatura
13
Marjan Apostolovic/Shutterstock
Nesta unidade você
irá estudar:
os gêneros lírico,
épico e dramático; a
multimodalidade, o
ciberpoema e o audiolivro.
As mídias digitais facilitam o acesso à literatura a um número cada vez maior de pessoas.
Ao recriar a realidade por meio da palavra, o escritor é livre. Ele cria sua obra com finalidade estética, artística, e
utiliza os gêneros literários para se manifestar de forma consciente e com domínio técnico. Esses gêneros são categorias
em que podemos agrupar os textos literários que apresentam características em comum. São três e se classificam em:
lírico, épico e dramático.
Anotações
O texto lido, estruturalmente, é um poema, constituído de versos que compõem uma unidade melódica. Observe
que a voz que fala no texto, chamada de eu lírico᠁ĪƫƸĀƫĪĪǢƠƣĪƫƫÿŲģżŲÿᙷa pessoa do singular (eu). Note também que
essa voz trata do seu mundo íntimo, fala sobre seu sentimento diante do mundo, de modo subjetivo, a partir de uma
natureza poética. O conjunto de obras que revela impressões do mundo interior e a expressão dos sentimentos, desper-
tando emoções variadas em quem as lê, é denominado gênero lírico.
Vá além
O gênero lírico se manifesta por meio de subgêneros, como elegia (composições referentes à tristeza e ao luto), ode (canto de
exaltação), madrigal (composições que apresentam pensamentos graciosos, em uma discreta e galante confissão de amor) e
écloga (poemas bucólicos, com temas pastoris, relativos ao campo), entre outros.
Elementos da
Caracterização
narrativa
Voz que conta a história. Pode ser narrador-personagem (narra a história sob seu ponto de
Narrador vista), narrador-observador (assume postura neutra ao narrar a história) e narrador-
-onisciente (conhece tudo sobre a história e os personagens).
ŲŃǀŧżģĪǜŏƫĘżÿƠÿƣƸŏƣģżƢǀÿŧżŲÿƣƣÿģżƣǜÿŏĜżŲƸÿƣÿŊŏƫƸŽƣŏÿ᠀ᙷa pessoa (narrador-
Foco narrativo
-personagem) ou 3a pessoa do singular (narrador-observador ou onisciente).
São os seres que compõem a história. Podem ser planos (ênfase na caracterização física e nos
comportamentos previsíveis, como o maniqueísmo – o bem e o mal) ou redondos (ênfase na
Personagens
descrição psicológica, nas ações e nos pensamentos), primários (protagonistas e antagonistas)
ou secundários.
Conjunto de fatos narrados, interligados entre si. No desenrolar do enredo se manifestam a
trama (organização dos fatos narrados), a intriga (relação, conflito entre os personagens), o
Enredo
clímax (ponto de máxima tensão na história) e o desfecho (quando se resolvem os conflitos
apresentados).
Refere-se ao momento em que a ação acontece. Pode ser cronológico (que segue a marcação
do relógio, como segundos, minutos, horas, ou do calendário, com dias, meses, etc.) ou
Tempo
psicológico (sensação interna e subjetiva do tempo, memórias, reflexões, regressões
temporais).
Espaço Refere-se aos lugares (geralmente físicos) onde o enredo se desenvolve.
A maneira como a fala dos personagens é apresentada na narrativa. O discurso pode ser direto
(o personagem se expressa com suas próprias palavras, usam-se sinais indicativos de fala, como
Discurso
travessões, aspas), indireto (o narrador conta o que falaria ao personagem) e indireto livre
(misturam-se na narrativa as falas dos personagens, sem sinais indicativos de fala).
Vá além
Além da epopeia portuguesa, do século XVI, podemos citar como exemplos os poemas épicos da Antiguidade grega: Ilíada e
Odisseia, de Homero; e Eneida, de Virgílio. Também existem exemplos brasileiros, produzidos no século XVIII, como Caramuru,
de Santa Rita Durão; e O Uraguai, de Basílio da Gama.
15
Vá além
Alguns exemplos de espécies do gênero dramático: a tragédia, a comédia, a farsa, o drama (espécie mista na qual se fundem
elementos da tragédia e da comédia, da mesma forma como ocorre na vida real).
A partir da leitura do texto teatral Juiz de paz na roça, indicado no ícone Click, escolham um trecho do texto e façam uma
leitura dramatizada. Comentem com o professor sobre a experiência de leitura de um texto dramático, apontando as
diferenças entre esse gênero e o épico e o lírico.
Multimodalidade
A multimodalidade é uma característica inerente ao texto, considerado um evento comunicativo materializado. Ao
contrário do que muitos pensam, o texto não se manifesta apenas pela escrita. Por meio da atuação de múltiplas moda-
lidades da linguagem, como a verbal (oral e escrita) e a não verbal (visual), ele se constitui como uma prática discursiva.
O modo de construí-lo, usando-se palavras, imagens, cores, formatos, marcas/traços tipográficos, disposição da grafia,
gestos, padrões de entonação, olhares, entre outros recursos, interfere no modo como se produz sentido e desfoca a
prioridade dada à palavra nesse processo.
O ciberpoema
O ciberpoema, ou a ciberpoesia, que integra o universo da literatura digital, é um gênero textual multimodal,
porque ressignifica a poesia por meio da interação de diversas linguagens. É um poema criado e publicado no ambiente
digital, geralmente em blogs, vlogs e sites de literatura. Para se alcançar o dinamismo típico desse gênero, utilizam-se
variados recursos tecnológicos que potencializam a expressão poética e favorecem diferenciadas interações do leitor
com o texto, na busca de novos sentidos para a leitura.
Ao contrário do poema impresso, que é estático, o ciberpoema explora novas formas de ler, como um jogo. A partir
desse recurso lúdico, pode-se mudar os versos de lugar, inverter expressões, favorecendo uma nova experiência de lei-
tura. Embora seja fruto de uma nova tecnologia, o ciberpoema pode conciliar os recursos tradicionais da estrutura do
poema (versos e rimas) com imagens, vídeos e sonoplastia, potencializando sua carga imagética. Quando se usam os
recursos dos hyperlinks, surge a poesia hipermídia, criada a partir da rede de significados que se abre para a relação com
outros textos.
O audiolivro
O audiolivro, ou audiobook, é a versão sonora de um livro, em formato muito parecido com o de um podcast e, por
isso, requer horas de trabalho, produção e cuidados técnicos. Atualmente há vários aplicativos que possibilitam sua
execução. Por sua facilidade de acesso, os audiolivros beneficiam as pessoas com necessidades especiais relacionadas à
visão, as que apresentam dislexia e as que, simplesmente, preferem ouvir a ler livros. Os audiolivros favorecem o desen-
volvimento da compreensão auditiva.
16
Literatura
/ƫƫÿŰőģŏÿ᠁ģÿłżƣŰÿĜżŰżƫĪÿƠƣĪƫĪŲƸÿÿƸǀÿŧŰĪŲƸĪ᠁łżŏĜƣŏÿģÿĪŲƸƣĪÿƫģīĜÿģÿƫģĪᙷᚅᚄᙶĪᙷᚅᚅᙶ᠇tżĪŲƸÿŲƸż᠁ÿĪǢᠵ
periência de ouvir leituras dramatizadas e sonorizadas de obras conhecidas é mais antiga, pois já se faziam sessões de
leituras em programas de rádio (radionovelas) e se gravavam os clássicos infantis em discos de vinil coloridos, em fitas
cassetes e CDs. Com as novas tecnologias, qualquer pessoa que tenha acesso a um aparelho celular pode obter audioli-
vros, muitos deles gratuitos. Eles têm sido uma boa forma de divulgar a literatura e estimular, indiretamente, a leitura.
Calcula-se que para produzir um audiobook de trezentas páginas gastam-se, em média, quarenta horas entre grava-
ção em estúdio, mixagem, finalização e equalização. Com o processo de edição, para que tudo fique perfeito, calculam-
se cerca de sessenta dias para a finalização do produto.
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12
Faça em sala
Deu-se então o caso de chegar o Uhuru, a independência.
1. Leia o excerto do conto a seguir. Depois, preencha o quadro com os ele-
A velha vovó Raquel Duzenta veio a viver na cidade que já não
mentos da narrativa, comentando e exemplificando a manifestação de
era Xilungine, mas Maputo, nome de água, nome das terras.
cada um deles.
Estava alí no Bairro do Aeroporto e ia sempre muito conten-
A desgraçada morte de Raquel Duzenta te “reunar”, de cada vez que era preciso para esclarecimentos
muitos sobre a sua própria e apagada estória, sobre a dialética
Luiz Carlos Patraquim marxista-leninista à luz da Teoria da Dependência, sobe a sua
Naquele tempo quem sabia bem o português eram só os renúncia, dela Raquel Duzenta, à Filosofía da Negritude em
assimilados. Daí que os ignorados cidadãos do “país que ainda nome da verdadeira autenticidade do processo revolucionário
não existia” adoptassem nomes que lhes deviam soar muito em Moçambique. E a velhota ouvia, batia palmas, fazia aquele
bem ao ouvido mas que, enfim..., não passariam em nenhum típico assobio das mulheres a indicar contentamento, dança-
salão da cidade colonial. va e voltava depois para a porta da sua palhota a vender lenha
Já viu, caro leitor, alguém chamar-se Aníbal Sabonete ou a 50 meticais três apuzinhos. [...]
João de Deus Sevene (que vem do inglês seven) ou Miguel Du- PATRAQUIM, Luiz Carlos. A desgraçada morte de Raquel Duzenta. O conto
zenta (a antiga moeda) ou Leonor Shipirita (que quer dizer moçambiquenho: da oralidade à escrita. Organização e compilação de
hospital)? Não pode! Lourenço do Rosário, Maria Luísa Godinho. Introdução de Lourenço do
Rosário. Rio de Janeiro: Té Corá Editora, 1994. p. 134-137.
Pois Raquel Duzenta foi assim: padre lá na catequese
mandou ao pai pôr assim, que era nome da Bíblia, e mais ape-
lido sonante, estilo Silva. Mas aqui o velho Fabião não quis e Jone: Joanesburgo, capital da África do Sul.
arranjou Duzenta, moedinha da sorte, vaticínio de prosperida- Magaíça: trabalhador moçambicano nas minas da África do Sul.
de para a menina que nascia. Makuaelas: dança tradicional moçambicana.
Mas não foi. A Raquel desconseguiu de chegar sequer a as-
similada. Viveu na terra, lá longe dos matos e fez filhos e lim-
pou os coeiros aos netos e viu seu homem ir no Jone e chegar Elementos da
várias vezes assim magaíça, grávido de Makuaelas e tachos
Comentários e exemplificação
narrativa
e sobretudos e aquela máquina de costura “Singer” que foi o
Narrador Narrador-observador.
grande marco da tecnologia dos brancos a maravilhar a aldeia
Foco narrativo 3a pessoa.
e a fazer a Raquel senhora de suas duzentas bem cobradas no
amanho das roupas de seus vizinhos clientes. Personagens Raquel Duzenta.
Depois veio uma cheia – ah, aquele Incomáti em fúria! – Narra-se a história de Raquel Duzenta, explicando
e levou tudo e da última vez que seu homem chegou a falar a origem do seu nome e a forma como se forma-
Enredo vam os nomes antigamente em Moçambique.
bem inglês e funakalô vinha já com os pulmões a refulgirem Também conta-se sobre a guerra civil no país e o
a ouro e trazia uma tosse magnífica dos buracos da terra sul- ciclo do ouro na África do Sul.
-africana. Nem nunca soube que todos os meses o avião lá do Tempo Parte da vida de Raquel Duzenta.
aeroporto de Mavalane carregava doze toneladas de ouro que
Espaço Zona rural de Moçambique e Maputo, a capital.
depois eram escarradas em Lisboa, aquela terra longe que ti-
Discurso Indireto.
nha água boa de pôr a cabeça maluca.
17
18
Literatura
Faça em casa
Era muito forte aquele instante, forte demais para uma meni-
1. ENEM
na, a mãe parada com a tesoura no ar, tudo sem solução po-
A viagem dendo desabar a qualquer pensamento, a máquina avançando
Que coisas devo levar desgovernada sobre o vestido de seda brilhante espalhando
luz luz luz.
nesta viagem em que partes?
As cartas de navegação só servem ÂNGELO, I. Menina. In: A face horrível. São Paulo: Lazuli, 2017.
a quem fica.
Escrita na década de 1960, a narrativa põe em evidência uma dramati-
Com que mapas desvendar
cidade centrada na
um continente
que falta? a) ŏŲƫŏŲǀÿğĘżģÿŧÿĜǀŲÿłÿŰŏŧŏÿƣŃĪƣÿģÿƠĪŧÿÿǀƫįŲĜŏÿģÿǿŃǀƣÿ
Estrangeira do teu corpo paterna.
tão comum b) associação entre a angústia da menina e a reação intempestiva da mãe.
quantas línguas aprender
c) ƣĪŧÿğĘżĜżŲǵŧŏƸǀżƫÿĪŲƸƣĪżƸƣÿěÿŧŊżģżŰīƫƸŏĜżĪÿĪŰÿŲĜŏƠÿğĘż
para calar-me?
feminina.
Também quem fica
procura d) representação de estigmas sociais modulados pela perspectiva da
um oriente. criança.
Também e) ĪǢƠƣĪƫƫĘżģĪģǁǜŏģÿƫĪǢŏƫƸĪŲĜŏÿŏƫŏŲƸĪŲƫŏǿĜÿģÿƫƠĪŧÿƠĪƣĜĪƠğĘżģż
a quem fica abandono. Resposta D.
cabe uma paisagem nova
e a travessia insone do desconhecido
FUVEST
e a alegria difícil da descoberta.
Texto para as questões 3 e 4.
O que levas do que fica,
o que, do que levas, retiro? Uma planta é perturbada na sua sesta* pelo exército que
MARQUES, A. M. In: SANT’ANNA, A. (org.). Rua Aribau. a pisa.
Porto Alegre: Tag, 2018. Mas mais frágil fica a bota.
Gonçalo M. Tavares, 1: poemas.
A viagem e a ausência remetem a um repertório poético tradicional. No
poema, a voz lírica dialoga com essa tradição, repercutindo a *sesta: repouso após o almoço.
a) saudade como experiência de apatia.
3. Considerando que se trata de um texto literário, uma interpretação que
b) presença da fragmentação da identidade. seja capaz de captar a sua complexidade abordará o poema como
c) negação do desejo como expressão de culpa. a) uma defesa da natureza.
d) persistência da memória na valorização do passado. b) um ataque às forças armadas.
e) revelação de rumos projetada pela vivência da solidão. c) uma defesa dos direitos humanos.
Resposta E.
d) uma defesa da resistência civil.
2. ENEM e) um ataque à passividade. Resposta D.
10. O ciberpoema é considerado um gênero multimodal porque O texto teatral, exemplificado pelo trecho, apresenta semelhanças com
o texto narrativo por utilizar personagens, representar ações e marca-
a) ƣĪƫƫŏŃŲŏǿĜÿÿƠżĪƫŏÿƠżƣŰĪŏżģÿŏŲƸĪƣÿğĘżģĪģŏǜĪƣƫÿƫŧŏŲŃǀÿŃĪŲƫ᠇
ção de tempo e espaço. No texto teatral,
b) integra o universo da literatura digital e usa recursos tecnológicos. a) as ações das personagens são descritas por um narrador, sendo este
c) potencializa o poema e favorece interações do leitor com o texto. o mediador da narrativa.
d) ĜƣŏÿƣĪģĪƫģĪƫŏŃŲŏǿĜÿģżƫÿěĪƣƸÿƫƠÿƣÿÿƣĪŧÿğĘżĜżŰżǀƸƣżƫƸĪǢƸżƫ᠇ b) as falas das personagens são diluídas no texto, sendo confundidas
Resposta A. com a voz do narrador.
11. UFG c) as características das personagens são reveladas por meio de suas
falas e assim a ação é conduzida por elas mesmas.
hĪŏÿÿƫĪŃǀŏŲƸĪƠÿƫƫÿŃĪŰģĪᡆģĪŰƀŲŏżłÿŰŏŧŏÿƣᡇ᠇
d) as vozes das personagens são importantes para a construção da
CENA IV
narrativa, embora haja a voz de um narrador onisciente.
EDUARDO, CARLOTINHA.
e) as atitudes das personagens são conduzidas por um narrador
CARLOTINHA – Onde vai, mano?
ŏŲƸƣǀƫż᠁ĪŰěżƣÿżĜżŲǵŧŏƸżĪƫƸĪšÿŲżƫģŏĀŧżŃżƫ᠇ Resposta C.
EDUARDO – Vou ao Catete ver um doente; volto já.
CARLOTINHA – Eu queria falar-lhe. 12. A concepção clássica de literatura divide o conjunto de textos em três
EDUARDO – Quando voltar, menina. gêneros: lírico, narrativo e dramático. A alternativa que expressa corre-
CARLOTINHA – E por que não agora?
tamente uma característica relativa a um desses gêneros é:
EDUARDO – Tenho pressa, não posso esperar. Queres ir
hoje ao Teatro Lírico? a) No gênero lírico, a voz que se expressa é a do narrador-personagem.
CARLOTINHA – Não, não estou disposta. b) O narrador-onisciente é imprescindível no texto dramático.
EDUARDO – Pois representa-se uma ópera bonita. (Enche a
c) A estrutura em verso é a mais apropriada para o texto teatral.
carteira de charutos.) Canta a Charton. Há muito tempo que não
vamos ao teatro. d) O texto narrativo tem como objeto principal a emoção.
ALENCAR, José de. O demônio familiar. 2. ed. Campinas: Pontes, 2003. p. 11. e) O enredo, a intriga e a trama são elementos essenciais da narrativa.
Resposta E.
Junte os pontos
ŊĪŃÿŰżƫÿżłŏŲÿŧģÿÃŲŏģÿģĪᙸ᠇ěƫĪƣǜĪ᠁ĜżŰÿƸĪŲğĘż᠁żĪƫƢǀĪŰÿƢǀĪƫŏŲƸĪƸŏǭÿżƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫÿƫƠĪĜƸżƫģżƫĜżŲƸĪǁģżƫƸƣÿěÿŧŊÿģżƫ᠇/ŰƫĪŃǀŏģÿ᠁
responda às questões propostas.
Gêneros literários Depois de ler a síntese apresentada no esquema, responda:
1. ¥ǀÿŏƫƫĘżÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģżƫƸĪǢƸżƫĜżŲƫŏģĪƣÿģżƫƠƣżƫÿƠżīƸŏĜÿ᠈
expressão de sentimento e
Lírico: São textos escritos em prosa, como romances, novelas, contos ou
impressões do mundo interior.
Texto Dramático: conflitos para serem representados. 2. Qual é a diferença entre um ciberpoema adaptado de um texto impres-
literário ƫżĪǀŰŲÿƫĜŏģżģĪłżƣŰÿƸĪĜŲżŧŽŃŏĜÿ᠈
Multimo- múltiplas modalidades de O ciberpoema originário do ambiente digital é criado com recursos que
dalidade: linguagem.
não podem ser reproduzidos no papel. O texto impresso pode ser
poema construído com vários
Ciberpoema: adaptado, desde que apresente elementos possíveis de serem
recursos tecnológicos.
21
FotoHelin/Shutterstock
literatura, cinema e
quadrinhos,
intertextualidade como
recurso literário,
recursos intertextuais:
paródia, paráfrase, epígrafe,
alusão, pastiche e citação.
O cinema é uma expressão artística que se relaciona com muitas outras expressões de arte.
Morte e vida severina é um grande poema que conta a história de um retirante nordestino, cujo nome de batismo é
Severino. Ele é um entre muitos outros Severinos que ainda vivem no Sertão nordestino. Por isso, é identificado como “o
Severino da Maria do Zacarias, lá da serra da Costena, limites da Paraíba”. Além do mesmo nome, possui as mesmas
características físicas – “mesma cabeça grande”, “mesmo ventre crescido”, sangue com pouca tinta – e o mesmo destino No Click! os alunos encontra-
rão algumas montagens espe-
trágico: “velhice antes dos trinta”, “emboscada antes dos vinte anos”, “de fome um pouco a cada dia”. A obra conta a tra-
ciais em outros formatos.
vessia de Severino, que percorre o Sertão até chegar ao litoral.
MELO NETO, João Cabral de. Morte e vida severina. In: MOISÉS,
Massaud. A literatuta brasileira através dos textos. 21. ed. São
Paulo: Cultrix, 1998. p. 550-551.
Comente com os colegas qual é sua percepção sobre os recursos utilizados nas diferentes produções de Morte e vida severina,
indicadas no ícone Click!᠇¥ǀÿŏƫÿƫƠĪĜƸżƫƣĪĜĪěĪŰįŲłÿƫĪĪŰĜÿģÿĜƣŏÿğĘż᠈¥ǀĪĪłĪŏƸżƫģĪƫĪŲƸŏģżƸǀģżŏƫƫżƠƣżģǀǭ᠈ żŰż
ǜżĜįÿŲÿŧŏƫÿÿĜƣŏÿƸŏǜŏģÿģĪĪŰƠƣĪŃÿģÿĪŰĜÿģÿżěƣÿ᠈¥ǀÿŧŧŊĪÿŃƣÿģżǀŰÿŏƫ᠈
Os alunos deverão observar que as ênfases estão relacionadas aos recursos linguísticos de cada mídia, o que faz com que, por
exemplo, os quadrinhos e o desenho animado apresentem imagens mais dramáticas que a adaptação para a televisão (linguagens
indicadas no ícone Click!). Como essa adaptação é mais antiga, é impactada pela restrição no uso de recursos tecnológicos. Cada
adaptação busca expressar criatividade, mas todas são limitadas pelo apego literal ao texto e ao contexto da obra. É possível que os
alunos, por sua identificação com os quadrinhos, elejam as versões de HQ e desenho animado.
23
A paródia e a paráfrase
Não permita Deus que eu viva Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá.
perdido noutros caminhos
sem gozar das alegrias
Não permita Deus que eu morra
que se escondem em seus carinhos
Sem que volte pra São Paulo
sem me perder nas palmeiras
Sem que veja a rua 15
onde cantam os passarinhos
E o progresso de São Paulo
GULLAR, Ferreira. Nova canção do exílio. Disponível em:
http://jornalggn.com.br/noticia/nova-cancao-do-exilio. ANDRADE, Oswald de. Obras completas. Rio de Janeiro:
Acesso em: 9 fev. 2021. Civilização Brasileira, 1971. p. 144.
Note, a seguir, que o texto de Ferreira Gullar e o de Oswald de Andrade fazem referência a outro poema conhecido,
o de Gonçalves Dias. Os títulos, o tema e vários elementos remetem diretamente à "Canção do exílio", como a palmeira,
o sabiá, as flores e os elementos naturais. Para perceber claramente a intenção dos autores ao retomarem o texto de
origem, é necessário conhecer o poema original.
24
Literatura
“Canção do exílio”
Gonçalves Dias Minha terra tem primores,
a
toaren
lamy/Fo
Vá além
ction/A
Oswald de Andrade foi um dramaturgo e escritor brasileiro que, junto com o escritor
Mário de Andrade e a artista plástica modernista Anita Malfatti, promoveu a Semana ry Colle
de Arte de 1922, um movimento que revolucionou a arte brasileira. É um dos principais
isto
autores modernistas do país e sua obra influenciou nomes como o escritor Augusto de
The H
Referências intertextuais: ao profeta Moisés e ao Pentateuco. Espera-se retoma e confirma o tema do poema original, que é de Gonçalves Dias.
Faça em casa
1. ENEM
Texto 1 Texto 2
XLI
Transforma-se o amador na cousa amada
Ouvia:
Transforma-se o amador na cousa amada,
Que não podia odiar
por virtude do muito imaginar;
E nem temer
não tenho, logo, mais que desejar,
Porque tu eras eu.
pois em mim tenho a parte desejada.
E como seria
CAMÕES. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia.jor.br.
Odiar a mim mesma
Acesso em: 3 set. 2010. (Fragmento)
E a mim mesma temer.
HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004. (Fragmento)
AS CRÔNICAS DE NÁRNIA
Texto 3
“Moro num país tropical (1) Viagens ao fim do mundo, criaturas fantásticas e bata-
abençoado por Deus lhas épicas entre o bem e o mal – o que mais um leitor pode-
ria querer de um livro? O livro que tem tudo isso é “O leão, a
E bonito por natureza (mas que beleza)
feiticeira e o guarda-roupa”, escrito em 1949 por Clive Staples
Em fevereiro (em fevereiro)
Lewis. Mas Lewis não parou por aí. Seis outros livros vieram
Tem carnaval (tem carnaval)
depois e, juntos, ficaram conhecidos como “As Crônicas de
[...]”
Nárnia”.
(Fragmento da letra da canção “País tropical”, escrita por Jorge Ben Jor (2) Em um universo completamente mágico e original,
[1969])
C. S. Lewis conduz a terra de Nárnia desde a sua criação até o
O intertexto é um componente de grande relevância no processo seu fim em sete livros incríveis. “As Crônicas de Nárnia” é um
de produção de textos, pois os discursos não surgem do nada, mas conjunto de histórias que abrangem diversas épocas dentro
apoiam-se em outro(s) em relação ao(s) qual(is) tomam posição. Com de um cenário repleto de castelos, membros da realeza, guer-
base nesse conceito e considerando as relações entre os textos 1, 2 e 3, reiros, criaturas fantásticas, feiticeiras e uma mitologia bem
assinale a alternativa correta: extensa.
a) ƸĪǢƸżᙷĪǜżĜÿżƫģĪŰÿŏƫ᠁ƠżƣīŰƫĪǀĜżŲƸĪǁģżīĜżŲǵŧŏƸÿŲƸĪĜżŰ (3) O autor buscou uma forma de elaborar a história da
ambos, pois estes tratam do Brasil como um todo, com foco em Bíblia em um contexto original e inspirado no livro sagrado,
suas paisagens edênicas, enquanto aquele faz referência a apenas de modo que até mesmo quem não concorda com os seus pre-
um lugar e de perspectiva completamente diferente, puramente ceitos e ensinamentos sinta interesse em iniciar a sua leitura.
política. Além disso, há também referências claras às mitologias gre-
ga e nórdica e aos contos de fada, além da inserção de seres
b) O autor do texto 1 inscreve seu texto em um campo já conhecido
icônicos como o Papai Noel. Desde o Gênese ao Apocalipse,
do leitor: reutiliza materiais já escritos, com os quais dialoga
Nárnia vivencia muitos períodos, nos quais questões muito
ironicamente, desconstruindo o discurso ufanista que caracteriza
diferentes são abordadas. Entretanto, há um elemento comum
os textos 2 e 3 e adotando um posicionamento puramente
em todos os livros: os papéis principais são dados a crianças.
comercial.
São esses pequenos heróis que se descobrem grandes salva-
c) Como o texto 1 foi escrito em 2003, momento em que o Brasil já não
dores e se sentem no dever de lutar para proteger a terra que
é mais a terra da igualdade, mas da injustiça social e de privilégios tanto amam e que depende deles.
para as elites, a relação entre os três textos torna-se polêmica. (4) A oposição entre Aslam e Tash começa a ganhar força
d) O texto 1 relaciona-se explicitamente com os textos 2 e 3, no decorrer da cronologia dos livros, sempre camuflada em
ambos anteriores a ele, porém numa relação de subversão: um contexto de conflitos por terras e guerras entre reinos.
limitando-se a valorizar o ecoturismo, apresenta um espaço Em “A Última Batalha”, é citado que Aslam remete ao bem
descaracterizado culturalmente, distante daquele Brasil e Tash, ao mal. Qualquer um que estiver seguindo a um dos
representado nos textos 2 e 3. dois e praticar o bem estará, na verdade, seguindo a Aslam.
e) Ao evocar, no título, os textos 2 e 3, o autor do texto 1 incorpora- Se for o oposto, estará seguindo a Tash. Ambos são os con-
-os por imitação, porém reatualiza seu sentido e sua temática de trastes de atitudes boas e ruins que podem ser cometidas
ĪǢÿŧƸÿğĘżģĪĪŧĪŰĪŲƸżƫŲÿĜŏżŲÿŏƫ᠁łżĜÿŧŏǭÿŲģżĪƫƠĪĜŏǿĜÿŰĪŲƸĪ de acordo com o caráter, o comportamento e as escolhas de
uma prática ainda desconhecida no século XIX, o ecoturismo. cada um.
Resposta E. (5) No geral, os personagens de mais destaque em toda
5. IFPE a obra são: Aslam, Digory Kirke, Polly Plummer, A Feiticeira
Branca, Pedro Pevensie, Susana Pevensie, Edmundo Pevensie,
Texto 1
Lucy Pevensie, Sr. Tumnus, Os Castores, Caspian X, Ripchip,
Reprodução/IFPE, 2019.
Reprodução/IFPE, 2019.
chamou‐lhe “o anjo da consolação”. E não se pense que este
nome a alegrou, posto que a lisonjeasse; ao contrário, resu-
mindo em Sofia toda a ação da caridade, podia mortificar as
novas amigas, e fazer‐lhe perder em um dia o trabalho de lon-
gos meses. Assim se explica o artigo que a mesma folha trou-
xe no número seguinte, nomeando, particularizando e glorifi-
cando as outras comissárias – “estrelas de primeira grandeza”.
Machado de Assis, Quincas Borba.
Texto 2
Com licença poética 9. ENEM
Quando nasci um anjo esbelto, Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defron-
desses que tocam trombeta, anunciou: ƸÿƣᠵƫĪĜżŰƠÿƫƫÿŃĪŲƫšĀŧŏģÿƫĪŰżǀƸƣżƫ᠈ƫƸĪǢƸżƫĜżŲǜĪƣƫÿŰĪŲƸƣĪƫŏ
vai carregar bandeira.
em um diálogo constante. Esse fenômeno tem a denominação de inter-
Cargo muito pesado pra mulher,
textualidade. Leia os seguintes textos:
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
I. Quando nasci, um anjo torto
sem precisar mentir.
Desses que vivem na sombra
Não sou tão feia que não possa casar,
Disse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor. (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro:
Aguilar, 1964)
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
– dor não é amargura. II. Quando nasci veio um anjo safado
Minha tristeza não tem pedigree, O chato dum querubim
já a minha vontade de alegria, E decretou que eu tava predestinado
sua raiz vai ao meu mil avô. A ser errado assim
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem. Já de saída a minha estrada entortou
Mulher é desdobrável. Eu sou. Mas vou até o fim.
Adélia Prado. Bagagem. 24. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Record, 2007. p. 9. (BUARQUE, Chico. Letra e música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)
7. ÿƣŧżƫ'ƣǀŰŰżŲģģĪŲģƣÿģĪŏŲŏĜŏÿƫĪǀᡆ£żĪŰÿģĪƫĪƸĪłÿĜĪƫᡇᠤƸĪǢƸżᙷ᠁
III. Quando nasci um anjo esbelto
linhas 1-3) com os seguintes versos: Quando nasci, um anjo torto / des-
Desses que tocam trombeta anunciou:
ses que vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. A Vai carregar bandeira.
partir da comparação desses versos de Drummond com os três versos Carga muito pesada pra mulher
iniciais do poema de Adélia Prado (texto 2, linhas 31-33), considere as Esta espécie ainda envergonhada.
seguintes afirmações: (PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)
I. Há, entre esses versos destacados, uma coincidência sintática,
Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em rela-
semântica e métrica.
ção a Carlos Drummond de Andrade, por
II. No poema de Adélia Prado, texto 2, há um caso de polifonia a) reiteração de imagens. d) negação dos versos.
(presença de mais de uma voz).
b) oposição de ideias. e) ausência de recursos.
III.Ocorre, no segundo poema, texto 2, uma subversão do sentido do
Resposta A.
primeiro (texto 1). c) falta de criatividade.
31
Reprodução/Enem, 2014.
compreensível, sabendo‐se o meu atual estado; mas eu chamo
a tua atenção para a sutileza daquele pensamento. O que eu
quero dizer não é que esteja agora mais velho do que quando
comecei o livro. A morte não envelhece. Quero dizer, sim, que
em cada fase da narração da minha vida experimento a sen-
sação correspondente. Valha‐me Deus! É preciso explicar tudo.
Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas.
/ŲƸƣĪ żƫ ģżŏƫ ƸƣĪĜŊżƫ ģż ƣżŰÿŲĜĪ᠁ ŲżƸÿᠶƫĪ ż ŰżǜŏŰĪŲƸż ƢǀĪ ǜÿŏ ģÿ
memória de vivências à revisão que o defunto-autor faz de um mesmo
episódio. A citação, pertencente a outro capítulo do mesmo livro, que
melhor sintetiza essa duplicidade narrativa, é:
Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um intertexto:
a) “A conclusão, portanto, é que há duas forças capitais: o amor, que
os traços reconstroem uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso
ŰǀŧƸŏƠŧŏĜÿÿĪƫƠīĜŏĪ᠁ĪżŲÿƣŏǭ᠁ƢǀĪÿƫǀěżƣģŏŲÿÿżŏŲģŏǜőģǀżᡇ᠇
que retrata os horrores e a destruição provocados pelo bombardeio
a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período b) ᡆěƣÿģĪǿŲÿģż᠇/ƫĜƣĪǜŏᠶÿĜżŰÿƠĪŲÿģÿŃÿŧŊżłÿĪÿƸŏŲƸÿģÿ
de Carnaval, recebe destaque a figura do carro, elemento introduzido melancolia, e não é difícil perceber o que poderá sair desse
por Iotti no intertexto. Além dessa figura, a linguagem verbal contribui ĜżŲǁěŏżᡇ᠇
para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao ex- c) “Mas o livro é enfadonho, cheira a sepulcro, traz certa contração
plorar: ĜÿģÿǜīƣŏĜÿ᠒ǜőĜŏżŃƣÿǜĪ᠁ĪÿŧŏĀƫőŲǿŰż᠁ƠżƣƢǀĪżŰÿŏżƣģĪłĪŏƸżģż
a) ǀŰÿƣĪłĪƣįŲĜŏÿÿżĜżŲƸĪǢƸż᠁ᡆƸƣĈŲƫŏƸżŲżłĪƣŏÿģĘżᡇ᠁ĪƫĜŧÿƣĪĜĪŲģżᠵƫĪ ŧŏǜƣżīƫƸǀ᠁ŧĪŏƸżƣᡇ᠇
o referente tanto do texto de Iotti quanto da obra de Picasso. d) ᡆßŏǜĪƣŲĘżīÿŰĪƫŰÿĜżǀƫÿƢǀĪŰżƣƣĪƣ᠒ÿƫƫŏŰżÿǿƣŰÿŰƸżģżƫżƫ
b) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal šżÿŧŊĪŏƣżƫģĪƫƫĪŰǀŲģż᠁ŃĪŲƸĪŰǀŏƸżǜŏƫƸÿŲÿŃƣÿŰĀƸŏĜÿᡇ᠇
ᡆīᡇ᠁ĪǜŏģĪŲĜŏÿŲģżᠵƫĪÿÿƸǀÿŧŏģÿģĪģżƸĪŰÿÿěżƣģÿģżƸÿŲƸżƠĪŧż e) ᡆtĘżŊÿǜŏÿÿŧŏÿÿƸŰżƫłĪƣÿƫżŰĪŲƸĪģÿĀŃǀŏÿĪģżěĪŏšÿᠶǵŧżƣ᠒Ŋÿǜŏÿ
pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro. ƸÿŰěīŰÿģÿŧĪƫŰÿĪģżƫÿƠżᡇ᠇ Resposta B.
c) ǀŰƸĪƣŰżƠĪšżƣÿƸŏǜż᠁ᡆƸƣĈŲƫŏƸżᡇ᠁ƣĪłżƣğÿŲģżᠵƫĪÿŏŰÿŃĪŰŲĪŃÿƸŏǜÿ
12. Unifor
de mundo caótico presente tanto em Guernica quanto na charge.
O tempo passou. Novas máquinas foram inventadas. Den-
d) ǀŰÿƣĪłĪƣįŲĜŏÿƸĪŰƠżƣÿŧ᠁ᡆƫĪŰƠƣĪᡇ᠁ƣĪłĪƣŏŲģżᠵƫĪđƠĪƣŰÿŲįŲĜŏÿģĪ tre elas, as mais maravilhosas: computadores. Diferentes de
tragédias retratadas tanto em Guernica quanto na charge. todas as outras. As máquinas não têm alma. Os computadores
e) uma expressão polissêmica᠁ᡆƢǀÿģƣżģƣÿŰĀƸŏĜżᡇ᠁ƣĪŰĪƸĪŲģżᠵƫĪ têm uma alma delicada que não se faz com matéria: ela se faz
tanto à obra pictórica quanto ao contexto do trânsito brasileiro. com uma coisa etérea, sem substância: símbolos. Lembra-te
Resposta E. do que está escrito no evangelho antigo, “O Verbo se fez car-
ne”? Pois do computador se pode dizer: “O Verbo se fez má-
Polissemia:
quina”.
multiplicidade de
significados de uma (ALVES, Rubem. Entre a ciência e a sapiência: o dilema da educação.
palavra. 20. ed. São Paulo: Edições Loyola, 2009)
32
Literatura
Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 3. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.
Intertextualidade:
relações explícitas e implícitas
estabelecidas entre os textos.
2. ƠÿƣŽģŏÿĪżƠÿƫƸŏĜŊĪ᠁ÿŏŲģÿƢǀĪƠżƫƫÿŰƠƣżģǀǭŏƣƫŏƸǀÿğƛĪƫģĪŊǀŰżƣ᠁ģŏłĪƣĪŲĜŏÿŰᠵƫĪƠżƣǀŰÿĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿěĀƫŏĜÿ᠇¥ǀÿŧī᠈
A paródia pode produzir sentido irônico; o pastiche não.
33
¦ĪƠƣżģǀğĘżģÿŏŧǀƫƸƣÿğĘżģĪ¼żƣżƫ¦żƫŧŏŲ᠁ĪŰƢǀĪĪƫƸĘżżƣĪŏģÿƣŰįŲŏÿ᠁hĪĘżSS᠁ĜżŰÿƣÿŏŲŊÿGǀĪƣÿŲĪĪƫĪǀƫĜŏŲĜżǿŧŊżƫ᠁ĪŰᙷᙸᚃᙸ᠇
Radu Razvan/Shutterstock
As cantigas eram exibidas pelos segréis (trovadores que não
faziam parte da alta nobreza, mas compunham e apresentavam
suas cantigas) e pelos jograis (cantores ambulantes populares
que interpretavam as cantigas. Raramente as compunham). Es-
sas cantigas foram compiladas em coletâneas chamadas cancio-
neiros. Os três cancioneiros portugueses mais conhecidos são o
Cancioneiro da Ajuda, o Cancioneiro da Biblioteca Nacional e o Cancio-
neiro da Biblioteca Vaticana.
O Trovadorismo provavelmente originou-se na Provença,
região francesa, e foi gradativamente se disseminando até al-
cançar a península Ibérica. Em Portugal, o marco da escola foi a
“Cantiga da Ribeirinha” ou “Cantiga da Guarvaia”, de Paio Soares
ģĪ¼ÿǜĪŏƣŽƫ᠁ƠƣżģǀǭŏģÿĪŰᙷᙷᚄᚅżǀᙷᙷᚅᚄ᠇
Banda caracterizada em estilo medieval tocando em um festival na cidade de
Rodemack, França, em 2012.
O poema lido é um exemplo de cantiga de amor. Quais são suas principais características?
Vejamos:
• a origem é provençal (entre os séculos XI e XIII desenvolve-se, na Provença, sul da França, a arte trovadoresca e a prática do amor cortês);
• o eu lírico é masculino;
• a mulher amada é idealizada, superior e inacessível, porque, geralmente, está comprometida e é nobre;
• há uso da expressão “coita d´amor”, ou seja, de sofrimento amoroso. Muitas vezes, o eu lírico deseja a morte como única forma de curar sua dor;
• o ambiente palaciano; por isso, a concepção de amor é cortês, respeitoso;
• observa-se a vassalagem amorosa (servidão amorosa), porque o eu lírico se coloca a serviço da amada.
35
CÓDAX, Martin. Ondas do mar de Vigo. In: NICOLA, José de. Literatura portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa.
São Paulo: Scipione, 1990. p. 30.
A cantiga lida é um exemplo de cantiga de amigo. Vejamos quais são suas características:
Vá além
A nossa compreensão de aspectos da realidade distantes temporalmente de nossa experiência atual pode ser ampliada com a
leitura de textos científicos e especializados. As bibliotecas físicas e virtuais são espaços que potencializam nossas pesquisas,
porque têm acervos que nos ajudam a situar-nos melhor em relação ao que desejamos saber sobre o passado ou um tema
específico. Como potencializar nosso entendimento da produção literária trovadoresca, se temos pouco acesso a informações
ƫżěƣĪĪƫƫĪƸĪŰÿ᠈'ǀÿƫƫǀŃĪƫƸƛĪƫ᠀
• leia sobre a produção artística medieval no site da Universidade Nova de Lisboa;
• investigue canções da música popular brasileira que apresentem características das cantigas medievais como um legado.
36
Literatura
As cantigas satíricas medievais se dividem em cantigas de escárnio e de maldizer. Como as diferenciamos? Veja o quadro comparativo a seguir.
matrioshka/Shutterstock
de amor, de amigo, de escárnio e de maldizer, de-
senvolveram-se textos em prosa. Entre os mais
importantes estavam as novelas de cavalaria,
que narravam aventuras de cavaleiros andantes,
lendários e destemidos, que enfrentavam mons-
tros e batalhas sangrentas, em nome de sua fé ou
por amor a uma donzela. Dividem-se em três ci-
clos: a) ciclo bretão ou arturiano: narrativas cujos
personagens eram o rei Artur e os cavaleiros da
Távola Redonda; b) ciclo carolíngio: Carlos Mag-
no e os Doze Pares da França são os protagonistas
dessas narrativas; e c) ciclo clássico: as histórias
apresentam acontecimentos da Antiguidade,
como a Guerra de Troia. Novelas de cavalaria reúnem histórias de amor, fé, batalhas e cavaleiros.
AnaitSmi/Shutterstock
O repente
Da mesma forma que as cantigas medievais mesclavam aspectos da cultura popular,
como a oralidade e a música, o repente – uma expressão musical brasileira atual – também
o faz. O repente é um gênero de poesia cantada muito comum no Nordeste do Brasil, mas
também presente em outros estados.
Os textos cantados pelos repentistas nascem do improviso e da agilidade mental, a partir
de um tema a ser desenvolvido sempre em duplas. Não importa muito a beleza da voz ou a
afinação, o objetivo principal é manter o ritmo e “encurralar” o oponente apenas com a força
do discurso. Os repentistas se enfrentam sempre em locais públicos e objetivam demonstrar
sua superioridade sobre o oponente. Os instrumentos mais usados são a viola, o pandeiro
e o ganzá. Repente ilustrado em cordel. Duas importantes artes brasileiras.
37
A partir das questões da seção Faça em sala, formem uma roda de conversa e debatam sobre a seguinte pergunta:
ᡆ0ƠżƫƫőǜĪŧŊÿǜĪƣƣĪƠĪŲƸŏƫƸÿƫŲżƫīĜǀŧżååS᠈ᡇ᠇£ÿƣÿżƣŏĪŲƸÿƣÿģŏƫĜǀƫƫĘż᠁ĜżŲƫŏģĪƣĪŰ᠀ÿŰÿŲŏłĪƫƸÿğĘżģżƣĪƠĪŲƸĪĪŲƸƣĪ
jovens, os problemas históricos relacionados ao desprezo a esse gênero, à desvalorização da cultura popular e à falta de
políticas de incentivo à sua preservação.
Faça em sala
UNESP
As questões 1 e 2 tomam por base uma cantiga do trovador galego Airas Nunes, de Santiago (século XIII); e o poema "Confessor medieval", de Cecília
Meireles (1901-1964).
Leia os textos a seguir.
"Cantiga", de "Confessor medieval",
Airas Nunes de Cecília Meireles (1960)
Bailemos nós já todas três, ai amigas, Irias à bailia com teu amigo,
So aquestas avelaneiras frolidas, (frolidas = floridas) Se ele não te dera saia de sirgo? (sirgo = seda)
E quem for velida, como nós, velidas, (velida = formosa) Se te dera apenas um anel de vidro
Se amigo amar, Irias com ele por sombra e perigo?
So aquestas avelaneiras frolidas (aquestas = estas) Irias à bailia sem teu amigo,
Verrá bailar. (verrá = virá) Se ele não pudesse ir bailar contigo?
Bailemos nós já todas três, ai irmanas, (irmanas = irmãs)
Irias com ele se te houvessem dito
So aqueste ramo destas avelanas, (aqueste = este)
Que o amigo que amavas é teu inimigo?
E quem for louçana, como nós, louçanas, (louçana = formosa)
Sem a flor no peito, sem saia de sirgo,
Se amigo amar,
Irias sem ele, e sem anel de vidro?
So aqueste ramo destas avelanas (avelanas = avelaneiras)
Irias à bailia, já sem teu amigo,
Verrá bailar.
E sem nenhum suspiro?
Por Deus, ai amigas, mentr’al non fazemos, (mentr’al = en-
quanto outras coisas) MEIRELES, Cecília. Poesias completas de Cecília Meireles.
So aqueste ramo frolido bailemos, Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1974. v. 8.
E quem bem parecer, como nós parecemos (parecer bem =
tiver belo aspecto)
Se amigo amar,
So aqueste ramo so lo
Verrá bailar.
NUNES, Airas. Cantiga. In: SPINA, Segismundo. Presença da
literatura portuguesa – I. Era medieval. 2. ed. São Paulo: Difusão
Europeia do Livro, 1966.
38
Literatura
sobre a penúltima sílaba da palavra. 3. Comente o contexto que gera a escrita da cantiga.
O que gera a escrita da cantiga é a separação de um casal, em que o
2. As cantigas que focalizam temas amorosos apresentam-se em dois
marido abandona a esposa.
ŃįŲĪƣżƫ Ųÿ ƠżĪƫŏÿ ƸƣżǜÿģżƣĪƫĜÿ᠀ ÿƫ ᡆĜÿŲƸŏŃÿƫ ģĪ ÿŰżƣᡇ᠁ ĪŰ ƢǀĪ ż Īǀ
ƠżĪŰĀƸŏĜżƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿÿłŏŃǀƣÿģżŲÿŰżƣÿģż᠒ĪÿƫᡆĜÿŲƸŏŃÿƫģĪÿŰŏŃżᡇ᠁ 4. A cantiga lida satiriza uma situação familiar em que a mulher é perso-
em que o eu poemático representa a figura da mulher amada, falan- nagem importante. Em relação à expressão do eu lírico, pode-se afir-
ģżģĪƫĪǀÿŰżƣÿżᡆÿŰŏŃżᡇ᠁ƠżƣǜĪǭĪƫģŏƣŏŃŏŲģżᠵƫĪÿĪŧĪżǀģŏÿŧżŃÿŲģż mar que
ĜżŰĪŧĪ᠁ĜżŰżǀƸƣÿƫᡆÿŰŏŃÿƫᡇżǀ᠁ŰĪƫŰż᠁ĜżŰǀŰĜżŲłŏģĪŲƸĪᠤÿŰĘĪ᠁ÿ
irmã, etc.). De posse dessa informação, a) diferentemente da cantiga de amigo, o eu lírico é um observador
crítico da situação.
a) ŧÿƫƫŏǿƢǀĪÿĜÿŲƸŏŃÿģĪŏƣÿƫtǀŲĪƫĪŰǀŰģżƫģżŏƫŃįŲĪƣżƫ᠁
b) da mesma forma que nas cantigas de amor, a mulher é idealizada
ÿƠƣĪƫĪŲƸÿŲģżÿšǀƫƸŏǿĜÿƸŏǜÿģĪƫƫÿƣĪƫƠżƫƸÿ᠇
pelo eu lírico.
É uma cantiga de amigo. Há presença de eu lírico feminino e de
c) igualmente nas cantigas de amigo, a voz que se expressa é a da
diálogo da mulher com as amigas, em tom de confidência. mulher abandonada.
b) SģĪŲƸŏǿƢǀĪ᠁ŧĪǜÿŲģżĪŰĜżŲƫŏģĪƣÿğĘżżƠƣŽƠƣŏżƸőƸǀŧż᠁ÿǿŃǀƣÿƢǀĪ d) de forma diferenciada, o eu lírico expressa a voz do marido que está
Resposta A. O olhar crítico do observador se evidencia
o eu poemático do poema de Cecília Meireles representa. ausente. pela indicação do que seria o correto para ele: que o ma-
O eu lírico se coloca na posição de confessor. rido se comprometesse a não abandonar mais a mulher.
Faça em casa
hĪŏÿÿĜÿŲƸŏŃÿᡆŏłŧżƣĪƫ᠁ÿŏłŧżƣĪƫģżǜĪƣģĪƠŏŲżᡇ᠁ģĪ'᠇'ŏŲŏƫ᠁ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᙷÿᙹ᠇
– Ai flores, ai flores do verde pino, aquel que mentiu do que pôs conmigo?
se sabedes novas do meu amigo? Ai Deus, e u é?
Ai Deus, e u é? Se sabedes novas do meu amado,
Ai flores, ai flores do verde ramo, aquel que mentiu do que mi há jurado?
se sabedes novas do meu amado? Ai Deus, e u é?
Ai Deus, e u é? – Vós me preguntades polo voss’amigo
Se sabedes novas do meu amigo, e eu bem vos digo que é san’e vivo.
39
O texto é uma cantiga de amigo porque apresenta eu lírico feminino que Considerando-se que o último verso da cantiga caracteriza um diálogo
expressa sua preocupação em ter notícias de seu namorado. ĪŲƸƣĪƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠒ĜżŲƫŏģĪƣÿŲģżᠵƫĪƢǀĪÿƠÿŧÿǜƣÿᡆÿěǀƸƣĪᡇŃƣÿłÿǜÿᠵƫĪ
ᡆÿǜǀǣƸżƣᡇ᠁ĪŰƠżƣƸǀŃǀįƫÿƣĜÿŏĜż᠒ĪĜżŲƫŏģĪƣÿŲģżᠵƫĪƢǀĪ᠁ģĪÿĜżƣģżĜżŰ
a tradição popular da época, era possível fazer previsões e descobrir o
2. Uma das características desse tipo de cantiga é sua estrutura mais refi- que está oculto, comendo carne de abutre, mediante estas três consi-
derações:
nada que outros tipos de cantiga. Comente e exemplifique.
A cantiga apresenta paralelismo, marcado por dois versos em a) SģĪŲƸŏǿƢǀĪżƠĪƣƫżŲÿŃĪŰƢǀĪƫĪĪǢƠƣĪƫƫÿĪŰģŏƫĜǀƣƫżģŏƣĪƸż᠁Ųż
último verso do poema:
decassílabos e uma pergunta, como refrão, em redondilha menor.
O personagem que se expressa no último verso é a senhora.
3. Uma das características dessa cantiga é a interlocução que ocorre entre o b) SŲƸĪƣƠƣĪƸĪżƫŏŃŲŏǿĜÿģżģżǁŧƸŏŰżǜĪƣƫż᠁ŲżĜżŲƸĪǢƸżģżƠżĪŰÿ᠇
eu lírico e uma personagem. Que personagem é essa e como ela colabora A senhora usa o dito popular, porque o trovador adivinha o motivo de
ƠÿƣÿÿĜżŲłŏŃǀƣÿğĘżģżĪƫƠÿğżŲżƢǀÿŧƫĪģĪƫĪŲǜżŧǜĪÿĜĪŲÿģĪƫĜƣŏƸÿ᠈
sua tristeza.
O eu lírico dialoga com as flores do pino, perguntando-lhes notícias de
seu amado. Essa personagem caracteriza o ambiente campestre, típico 5. Indique qual aspecto da relação social medieval aparece na cantiga de
amor: Resposta D. A submissão do eu lírico à amada é re-
das cantigas de amigo. flexo da relação entre o vassalo e o senhor medieval.
a) teocentrismo
b) paralelismo
4. VUNESP c) coita d´amor
41
Visite o blog da autora Ana Elisa Ribeiro e leia a crônica “Gol de quem?”, na seção de literatura, no item "Coluna".
'ŏƫƠżŲőǜĪŧĪŰ᠀ŊƸƸƠƫ᠀᠓᠓ÿŲÿģŏŃŏƸÿŧ᠇Ơƣż᠇ěƣ᠓ĜÿƸĪŃżƣǣ᠓ŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ᠓ĜżŧǀŲÿƫ᠓᠇ĜĪƫƫżĪŰ᠀ڑÿěƣ᠇ᙸᙶᙸᙷ᠇
Depois de ler o texto, comente com os colegas da turma o tema apresentado pela autora, analisado sob a pers-
pectiva da criatividade e de sua capacidade de comunicação com o público leitor. Em seguida, responda:
Que valores você observa ao analisar o tratamento desses aspectos da produção literária?
Resposta pessoal. Espera-se que os alunos percebam a criatividade da autora para tratar de um tema comum,
que, neste caso, é abordado por meio de uma perspectiva individual e de quem não gosta de futebol. É grande a
capacidade de comunicação da autora, porque ela utiliza linguagem acessível e bem-humorada, como podemos notar
no comentário no fim da crônica. Ao analisar esses aspectos, constata-se que a autora expõe valores relacionados à
sua crença na possibilidade de tratamento de temas comuns para comunicar, de maneira responsável, aspectos da
Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 4. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.
Trovadorismo
Prosa:
Cantiga
novelas de
de amor
cavalaria
Cantigas
Cantiga
satíricas: de
de
escárnio e de
amigo
maldizer
Depois de analisar o esquema anterior, responda: 2. Ainda que o repente se aproxime das composições satíricas medievais,
1. O que caracteriza, de modo amplo, as cantigas de amor e de amigo por sua natureza musical e popular, há um aspecto central de diferença
ĜżŰżĪǢƠƣĪƫƫƛĪƫŧőƣŏĜÿƫ᠈ no tratamento dos temas. Comente.
Ambos os tipos de cantiga apresentam como tema central a questão Os repentes também fazem elogios a pessoas e situações, além de
do amor, impossível e idealizado (como nas cantigas de amor) ou centrar-se em um tema definido pela plateia, para instaurar seu perfil
42
Literatura
nam significativamente. Com relação ao poema de Mário de Andrade, se eriça (bélica e multiespinhenta):
a correlação entre um recurso formal e um aspecto da significação do e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
texto é
Mas não passiva (como ouriço na loca);
a) a sucessão de orações coordenadas, que remete à sucessão de
nem só defensiva (como se eriça o gato);
cenas e emoções sentidas pelo eu lírico ao longo da viagem.
sim agressiva (como jamais o ouriço),
b) a elisão dos verbos, recurso estilístico constante no poema, que
do agressivo capaz de bote, de salto
acentua o ritmo acelerado da modernidade.
(não do salto para trás, como o gato):
c) o emprego de versos curtos e irregulares em sua métrica, que
daquele capaz de salto para o assalto.
reproduzem uma viagem de bonde, com suas paradas e retomadas
de movimento.
Se o de longe lhe chega em (de longe),
d) a sonoridade do poema, carregada de sons nasais, que representa a
tristeza do eu lírico ao longo de toda a viagem. de esfera aos espinhos, ela se desouriça.
e) a ausência de rima nos versos, recurso muito utilizado pelos Reconverte: o metal hermético e armado
modernistas, que aproxima a linguagem do poema da linguagem na carne de antes (côncava e propícia),
cotidiana. Resposta A. e as molas felinas (para o assalto),
Repartimos a vida em idades, em anos, em meses, em MELO NETO, J. C. A educação pela pedra.
dias, em horas, mas todas estas partes são tão duvidosas, e Nova Fronteira, Rio de Janeiro: 1997.
tão incertas, que não há idade tão florente, nem saúde tão ro-
Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que metafo-
busta, nem vida tão bem regrada, que tenha um só momento
riza a atitude feminina de
seguro.
(Antonio Vieira, “Sermão de Quarta-feira de Cinza – ano de 1673”.
a) tenacidade transformada em brandura.
In: A arte de morrer. São Paulo: Nova Alexandria, 1994, p. 79.) b) obstinação traduzida em isolamento.
43
44
Literatura
Lightspring/Shutterstock
EM13LGG301
O antropocentrismo, que colocou o homem como centro do universo, é uma das características do Humanismo.
Solodov Aleksei/Shutterstock
Mirt Alexander/Shutterstock
da barca do inferno᠁ƠżƣhÿǀģżFĪƣƣĪŏƣÿĪĜżƣĪƫƠżƣŰÿƣßŏŻżŧĪ᠁ƠǀěŧŏĜÿģż
ƠĪŧÿ/ģŏƸżƣÿᡰ£ĪŏƣŽƠżŧŏƫ᠇
Reprodução/Globo Filmes
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Relacione
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ƠƣżĜĪƫƫżģĪǀƣěÿŲŏǭÿğĘż᠁ĪƫƸŏŰǀŧÿģżƠĪŧżģĪƫĪŲǜżŧǜŏŰĪŲƸżģżĜżŰīƣĜŏż᠇0żƠĪƣőżģżĪŰƢǀĪƫĪŏŲŏĜŏÿŰÿƫGƣÿŲģĪƫtÿǜĪŃÿğƛĪƫ᠇
ƫ /ƫƸÿģżƫŲÿĜŏżŲÿŏƫĜżŰĪğÿƣÿŰÿƫĪĪƫƸƣǀƸǀƣÿƣĜżŰÿĜƣŏƫĪģżłĪǀģÿŧŏƫŰżĪÿĜĪŲƸƣÿŧŏǭÿğĘżģżƠżģĪƣ᠇ßżĜįǜÿŏĜżŲŊĪĜĪƣŰÿŏƫ
ƫżěƣĪłĪǀģÿŧŏƫŰżŲÿģŏƫĜŏƠŧŏŲÿģĪNŏƫƸŽƣŏÿ᠁ƫżěƣĪÿÿƣƸĪŰĪģŏĪǜÿŧŲÿģŏƫĜŏƠŧŏŲÿģĪƣƸĪƫĪƫżěƣĪżƠĪŲƫÿŰĪŲƸżĪÿƫżĜŏĪģÿģĪģÿ
īƠżĜÿĪŰFŏŧżƫżłŏÿĪ®żĜŏżŧżŃŏÿ᠇
Faça em sala
1. ᠤÃŲŏĜÿŰƠᠵ®£ᠥ hĪŏÿ żƫ ģŏĀŧżŃżƫ ÿěÿŏǢż ģÿ ƠĪğÿ O Velho da Horta, de b) ƢǀĪƫĪģĪǜĪżĜÿƫƸŏŃżŏŰƠżƫƸżÿƣÿŲĜÿGŏŧ᠈
GŏŧᡰßŏĜĪŲƸĪ᠀ Branca Gil é a alcoviteira que foi contratada pelo Velho para servir de
(Mocinha) – Estás doente, ou que haveis? intermediária na sua tentativa de sedução. Como ela guardava para si
(Velho) – Ai! não sei, desconsolado, o dinheiro que ele lhe entregava para comprar presentes para a moça,
Que nasci desventurado.
é punida pela prática de alcovitagem e pelo roubo do dinheiro
(Mocinha) – Não choreis;
mais mal fadada vai aquela. do sedutor.
(Velho) – Quem?
(Mocinha) – Branca Gil. c) 'ŏÿŲƸĪģżĜÿƫƸŏŃż᠁ƣÿŲĜÿGŏŧÿģżƸÿǀŰÿÿƸŏƸǀģĪƠÿƣÿģżǢÿŧ᠇£żƣƢǀį᠈
(Velho) – Como? A atitude da alcoviteira é considerada paradoxal porque ela revela
(Mocinha) – Com cent’açoutes no lombo,
altivez e destemor diante da prisão. Poderíamos afirmar que esse
e uma corocha por capela*.
E ter mão; comportamento se deve à certeza de que, como de outras vezes, o
leva tão bom coração,**
seu castigo será limitado a açoites e ela depois voltará a ser livre para
como se fosse em folia.
Ó que grandes que lhos dão!*** continuar exercendo seu ofício. A cena sugere a crítica à corrupção
ƫģŏĀŧżŃżƫĪŲƸƣĪżÿŲšżĪżłŏģÿŧŃżƠƛĪŰĪŰģŏƫĜǀƫƫĘżŲĘżƫŽżƫǜÿŧż- b) /ŲƸƣĪÿƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠁ŊĀƸƣįƫƢǀĪƫĪƣĪŧÿĜŏżŲÿŰƠżƣŲőǜĪŏƫ
ƣĪƫģĪǀŰŰǀŲģżŰĪģŏĪǜÿŧ᠁ŰÿƫƸÿŰěīŰģżŰǀŲģżĜżŲƸĪŰƠżƣĈŲĪż᠇ ŊŏĪƣĀƣƢǀŏĜżƫ᠇¥ǀÿŏƫƫĘżĪŧÿƫ᠈¥ǀÿŧīÿŏŲƸĪŲĜŏżŲÿŧŏģÿģĪģżÿǀƸżƣĪŰ
ÿƸǀÿŧŏģÿģĪģĪƫƫÿģŏƫĜǀƫƫĘżģĪĜżƣƣĪģĪƢǀĪżŊżŰĪŰģĪŊżšĪ᠁ÿŏŲģÿ᠁ ÿƠƣĪƫĪŲƸĀᠵŧÿƫŲżƸĪǢƸż᠈
ÿƫƫǀŰĪłÿŧƫżƫƠżƫŏĜŏżŲÿŰĪŲƸżƫ᠁ƫĪŰĪŧŊÿŲƸĪƫÿżģĪǀŰÿģÿƫƠĪƣƫżŲÿ- As três personagens que se relacionam hierarquicamente são o
ŃĪŲƫģÿĜĪŲÿ᠇/ƫƫÿÿƸǀÿŧŏģÿģĪīÿƠƣĪƫĪŲƸÿģÿƠżƣŰĪŏżģĪ᠀
bispo, o padre e o sacristão. A intencionalidade do autor é tratar do
a) ŧŏŰŏƸÿğƛĪƫƣĪƸŽƣŏĜÿƫ᠇
b) ÿŧŏÿŲğÿƫƫǀěǜĪƣƫŏǜÿƫ᠇ tema religioso e criticar a Igreja e sua conduta de corrupção em todos
c) łÿŧŊÿƫŲÿĜżŰǀŲŏĜÿğĘż᠇ os níveis.
d) ÿƸżƫģĪłÿŧÿŏŰƠżƫŏƸŏǜżƫ᠇Resposta: D.
e) ĜżŰƠżƣƸÿŰĪŲƸżƫÿŲƸŏģĪŰżĜƣĀƸŏĜżƫ᠇
hĪŏÿżƸƣĪĜŊżģżƸĪǢƸżƸĪÿƸƣÿŧ Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna,
ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᙹĪ ᠀
O Demônio começa a perseguir os mortos e o alarido deles
é terrível. Ele vai agarrando um por um, e os mortos vão se c) /ŰƢǀĪƫĪŲƸŏģżÿĜĪŲÿÿƠƣĪƫĪŲƸÿģÿƫĪÿƠƣżǢŏŰÿģżƫÿǀƸżƫģĪGŏŧ
desvencilhando, aos gritos. ßŏĜĪŲƸĪ᠈
BISPO: Ai! Leve o padre!
A cena aborda um tema religioso (a morte e o consequente julgamento
PADRE: Ai! Leve o sacristão!
SACRISTÃO: Ai! Leve o Severino! da pessoa falecida), apontando para críticas aos comportamentos
SEVERINO: Ai! Leve o cabra!
humanos. No trecho, o fato de serem recebidos pelo diabo revela que
JOÃO GRILO: Parem, parem! Acabem com essa molecagem!
Seu grito é tão grande que todos param e o silêncio se faz. todos os personagens são pecadores e, portanto, alvos da crítica social.
[...]
JOÃO GRILO: É assim de vez? É só dizer “pra dentro” e vai
tudo? Que diabo de tribunal é esse que não tem apelação?
ENCOURADO: É assim mesmo e não tem para onde fugir!
JOÃO GRILO: Sai daí, pai da mentira! Sempre ouvi dizer
que para se condenar uma pessoa ela tem de ser ouvida! 4. ᠤ/ŲĪŰᠥhĪŏÿżƸĪǢƸżÿƫĪŃǀŏƣ᠇
BISPO: Eu também. Boa, João Grilo! [...]
Slam do Corpo é um encontro pensado para surdos e ou-
SEVERINO: É isso mesmo e eu vou apelar para Nosso Se-
vintes, existente desde 2014, em São Paulo. Uma iniciativa
nhor Jesus Cristo, que é quem pode saber.
pioneira do grupo Corposinalizante, criado em 2008. (Antes
ENCOURADO: Besteira, maluquice!
de seguirmos, vale a explicação: o termo slam vem do inglês
PADRE: Besteira ou maluquice, eu também apelo. Senhor
e significa — numa nova acepção para o verbo geralmente
Jesus, certo ou errado, eu sou um padre e tenho meus direitos.
utilizado para dizer “bater com força” — a “poesia falada nos
Quero ser julgado, antes de ser entregue ao diabo.
ritmos das palavras e da cidade”). Nos saraus, o primeiro ob-
Aqui começam a soar pancadas de sino, no mesmo ritmo
jetivo foi o de botar os poemas em Libras na roda, colocar os
das de tambor anteriores. O Encourado começa a ficar agita-
surdos para circular e entender esse encontro entre a poesia
do. [...] As pancadas do sino continuam e toca uma música de
e a língua de sinais, compreender o encontro dessas duas lín-
aleluia. De repente, João ajoelha-se, como que levado por uma
guas. Poemas de autoria própria, três minutos, um microfone.
força irresistível e fica com os olhos fixos fora. Todos vão se
Sem figurino, nem adereços, nem acompanhamento musical.
ajoelhando vagarosamente.
O que vale é modular a voz e o corpo, um trabalho artesanal
O Encourado volta rapidamente as costas, para não ver o
de tornar a palavra “visível”, numa arena cujo objetivo maior
Cristo, que vem entrando. [...]
é o de emocionar a plateia, tirar o público da passividade, seja
SUASSUNA, Ariano. Auto da Compadecida. 34. ed. pelo humor, horror, caos, doçura e outras tantas sensações.
Rio de Janeiro: Agir, 2004. p. 142-150.
NOVELLI, G. Poesia incorporada. Revista Continente,
Recife, n. 189, set. 2016. (adaptado).
3. O trecho apresenta uma cena da peça teatral com cinco personagens
ƢǀĪ᠁ģĪƠżŏƫģĪŰżƣƣĪƣĪŰ᠁ƫĘżƣĪĜĪěŏģżƫƠĪŧż'ŏÿěżᠤż/ŲĜżǀƣÿģżᠥ᠀ż tÿƠƣĀƸŏĜÿÿƣƸőƫƸŏĜÿŰĪŲĜŏżŲÿģÿŲżƸĪǢƸż᠁żĜżƣƠżÿƫƫǀŰĪƠÿƠĪŧģĪģĪƫ-
ƠÿģƣĪ᠁żěŏƫƠż᠁żƫÿĜƣŏƫƸĘż᠁żĜÿŲŃÿĜĪŏƣż®ĪǜĪƣŏŲżĪdżĘżGƣŏŧż᠁ǀŰģżƫ ƸÿƢǀĪÿżÿƣƸŏĜǀŧÿƣģŏłĪƣĪŲƸĪƫŧŏŲŃǀÿŃĪŲƫĜżŰżŏŲƸǀŏƸżģĪ᠀
ƠƣżƸÿŃżŲŏƫƸÿƫģÿŊŏƫƸŽƣŏÿ᠇ a) ŏŰƠƣŏŰŏƣƣŏƸŰżĪǜŏƫŏěŏŧŏģÿģĪđĪǢƠƣĪƫƫĘżƠżīƸŏĜÿ᠇Resposta: A.
a) ŏŲőĜŏżģÿĜĪŲÿšĀŰÿƣĜÿǀŰÿģÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģżƸĪǢƸżģĪƣŏÿŲż b) ƣĪģĪǿŲŏƣżĪƫƠÿğżģĪĜŏƣĜǀŧÿğĘżģÿƠżĪƫŏÿǀƣěÿŲÿ᠇
®ǀÿƫƫǀŲÿ᠇¥ǀÿŧī᠈ c) ĪƫƸŏŰǀŧÿƣƠƣżģǀğƛĪƫÿǀƸżƣÿŏƫģĪǀƫǀĀƣŏżƫģĪhŏěƣÿƫ᠇
A cena inicial, em que todos fogem do diabo, marca o humor e a
d) ƸƣÿģǀǭŏƣĪǢƠƣĪƫƫƛĪƫǜĪƣěÿŏƫƠÿƣÿÿŧőŲŃǀÿģĪƫŏŲÿŏƫ᠇
natureza cômica do texto. e) ƠƣżƠżƣĜŏżŲÿƣƠĪƣłżƣŰÿŲĜĪƫĪƫƸīƸŏĜÿƫģĪƠĪƫƫżÿƫƫǀƣģÿƫ᠇
7
ģŏÿěż żǀǜĪ ż ƠƣĪƸĪǢƸż ģż żŲǭĪŲĪŏƣż᠁ Űÿƫ ŲĘż ƫĪ ģĪŏǢÿ ŧĪǜÿƣ ƠĪŧżƫ
ÿƣƸŏłőĜŏżƫģÿĪŧżƢǀįŲĜŏÿģżƠÿƫƫÿŃĪŏƣż᠇/ƫƫÿÿƸŏƸǀģĪģżģŏÿěżƠżģĪƫĪƣ 2. ĪǢĜĪƣƸżŲÿƣƣÿǀŰĪƠŏƫŽģŏżĪŰƢǀĪģżŰ£ĪģƣżS᠀
ĜżŰƠƣżǜÿģÿŲżǜĪƣƫż᠀ a) ģĪƫĪšÿƫÿěĪƣżƫŲżŰĪƫģżƫĜǀŧƠÿģżƫģÿŰżƣƸĪģĪSŲįƫģĪ ÿƫƸƣż᠇
a) ᡆŲĘżĜǀƣĪƫģĪŰÿŏƫŧŏŲŃǀÿŃĪŰᡇ᠇Resposta: A. b) ÿěƫżŧǜĪżƫÿĜǀƫÿģżƫģÿŰżƣƸĪģĪƫǀÿÿŰÿģÿƠżƣłÿŧƸÿģĪƠƣżǜÿƫ᠇
b) ᡆŊ᠃¥ǀĪŰĀᠵŊżƣÿǜĪŲŊÿŏƫᡇ᠇ c) ƠĪƣŃǀŲƸÿƫżěƣĪÿƫƣÿǭƛĪƫģĪƫĪǀƠÿŏƸĪƣĪŲĜżŰĪŲģÿģżÿŰżƣƸĪ
c) ᡆżŲǭĪŲĪŏƣżŰĪǀƠÿƣĪŲƸĪ᠃ᡇ᠇ ģĪ SŲįƫ᠇Resposta: C.
d) ᡆŲĘżǜżƫŧŏǜƣÿƣżģŏŲŊĪŏƣżᡇ᠇ d) ƣĪĜĪěĪÿĜżƣżÿğĘżĜżŰżżŲżǜżƣĪŏģĪ£żƣƸǀŃÿŧ᠁ÿƠŽƫÿŰżƣƸĪģĪ
e) ᡆ£ÿƣÿżŲģĪƸǀŊĀƫᠵģĪŏƣᡇ᠇ łżŲƫżSß᠇
hĪŏÿżƸĪǢƸżÿƫĪŃǀŏƣ᠁ǀŰĪǢĜĪƣƸżģÿĜƣƀŲŏĜÿĪŧᠵƣĪŏģżŰ£ĪģƣżS᠁ĪƫĜƣŏƸÿ 3. /ŰƣĪŧÿğĘżÿżĪƫƸŏŧżģĪŲÿƣƣÿƣģĪFĪƣŲĘżhżƠĪƫ᠁ƠżģĪᠵƫĪĜżŲƫŏģĪƣÿƣƢǀĪ᠀
ƠżƣFĪƣŲĘżhżƠĪƫ᠁ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᙸĪᙹ᠀
a) apresenta uma descrição minuciosa do acontecimento narrado em
A Purtugal forom tragidos Alvoro Gonçalves e Pero Co- terceira pessoa. Resposta: A.
elho, e chegarom a Santarem onde el-Rei Dom Pedro era ; e
b) ÿŃƣĪŃÿÿƫƠĪĜƸżƫŰŏƸżŧŽŃŏĜżƫĪƫżěƣĪŲÿƸǀƣÿŏƫđŲÿƣƣÿƸŏǜÿƠÿƣÿ
elRei, com prazer de sua viinda, porem mal magoado por que
šǀƫƸŏǿĜÿƣłÿƸżƫ᠇
Diego Lopes fugira, os sahiu fora arreceber, e sanha cruel sem
piedade lhos fez per sua maão meter a tromento , querendo c) se preocupa em engrandecer a imagem compassiva e imparcial de
que lhe confessassem quaaes forom da morte de Dona Enes ģżŰ£ĪģƣżS᠇
culpados, e que era o que seu padre trautava contreele , d) ÿģĪƫżƣģĪŰŲÿłżƣŰÿģĪĜżŲƸÿƣĜżŰżżĜżƣƣĪǀżĪƠŏƫŽģŏżĜżŲłǀŲģĪ
quando andavom desavindos por aazo da morte dela; e o leitor.
nenhum deles respondeo a taaes preguntas cousa que a el-
Rei prouvesse ; e elRei com queixume dizem que deu huum 4. ƠƣżģǀğĘżŧŏƸĪƣĀƣŏÿģżNǀŰÿŲŏƫŰż᠁ÿŏŲģÿƢǀĪƫĪšÿƣĪƫǀŧƸÿģżģĪǀŰ
açoute no rostro a Pero Coelho, e ele se soltou entom contra ƠĪƣőżģżģĪƸƣÿŲƫŏğĘżŰÿƣĜÿģżƠżƣŏŲżǜÿğƛĪƫ᠁ŰÿŲƸīŰÿŧŃǀŲƫÿƫƠĪĜƸżƫ
elRei, em desonestas e feas palavras, chamando-lhe treedor , ģÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿƸƣżǜÿģżƣĪƫĜÿ᠁ĜżŰż᠀Resposta: C.
fe perjuro , algoz e carniceiro dos homens; e elRei dizendo que
a) o tema predominantemente religioso e acrítico do teatro popular.
lhe trouxessem cebola e vinagre pera o coelho, enfadousse
deles e mandouhos matar. (...) b) ÿĜƣƀŲŏĜÿŊŏƫƸŽƣŏĜÿƫĪŰĪŧŊÿŲƸĪđƫŰŏƸżŧŽŃŏĜÿƫŲżǜĪŧÿƫģĪĜÿǜÿŧÿƣŏÿ᠇
LOPES, Fernão. In: NICOLA, José de. Literatura portuguesa: c) ÿƸĪŰĀƸŏĜÿŧőƣŏĜÿ᠓ÿŰżƣżƫÿĪģĪƫżłƣŏŰĪŲƸżģÿƫĜÿŲƸŏŃÿƫŰĪģŏĪǜÿŏƫ᠇
da Idade Média a Fernando Pessoa. São Paulo: Scipione, 1990. p. 44.
d) ÿżƣŏŃĪŰƠżƠǀŧÿƣģÿƠżĪƫŏÿƠÿŧÿĜŏÿŲÿ᠁ŰÿŲŏłĪƫƸÿģÿƠżƣǀŰĪǀ
ŧőƣŏĜżᡰłĪŰŏŲŏŲż᠇
Tragidos:Ƹƣÿǭŏģżƫ᠇
5. ᠤÃF¦tᠥᡆtżƫƫīĜǀŧżƫåßĪåßS᠁ŊżǀǜĪŲżŰǀŲģżǀŲŏǜĪƣƫŏƸĀƣŏżᠢĪǀƣż-
Era: estava.
ƠĪǀᠣǀŰŏŲƸĪŲƫżģĪěÿƸĪłŏŧżƫŽłŏĜżᠤ᠇᠇᠇ᠥĜżŰżƣĪƫŃÿƸĪģżƠŧÿƸżŲŏƫŰż᠁
Mal magoado: muito magoado. ƢǀĪĪƫƸÿǜÿÿƫƫżĜŏÿģżđŏŲƢǀŏĪƸÿğĘżģĪŰǀŏƸżƫƣĪŧŏŃŏżƫżƫĪƸĪŽŧżŃżƫ
8
Literatura
ĪŰƣĪŧÿğĘżÿżƣŏŃżƣģżǀƸƣŏŲĀƣŏżĪŏŲƫƸŏƸǀĜŏżŲÿŧģÿSŃƣĪšÿ᠇ƫƫŏŰĜżŰż d) ƫǀÿÿƫƸǁĜŏÿĪƫǀÿƠĪƣƫƠŏĜĀĜŏÿ᠇Resposta: D.
żƫÿƣƸŏƫƸÿƫ᠁ĪŧĪƫģĪƫĪšÿǜÿŰŊǀŰÿŲŏǭÿƣÿƣĪŧŏŃŏĘżĪżģŏǜŏŲż᠇ᡇᠤßSt- e) sua descrença e sua humildade.
F®᠁ ¦żŲÿŧģż᠒ F¦S᠁ ®ŊĪŏŧÿ ģĪ ÿƫƸƣż᠒ F/¦¦/S¦᠁ dżƣŃĪ᠒ ®t¼®᠁
GĪżƣŃŏŲÿģżƫ᠇NŏƫƸŽƣŏÿ᠇®Ęż£ÿǀŧż᠀®ÿƣÿŏǜÿ᠁ᙸᙶᙷᙶ᠇Ơ᠇ᙸᙹᚂᠥ᠇ƠÿƣƸŏƣģż 8. O Auto da CompadecidaīǀŰƸĪǢƸżģƣÿŰĀƸŏĜżƠżƣƢǀĪ᠀ As características
apontadas em A e em C são do gênero narrativo e, em B, do lírico.
trecho anterior, relativo ao Renascimento e ao Humanismo, conside- a) apresenta discurso direto e discurso indireto.
ƣĪÿƫÿłŏƣŰÿƸŏǜÿƫ᠀
b) ĪǢƠƣĪƫƫÿ᠁ģĪłżƣŰÿƠƣĪģżŰŏŲÿŲƸĪ᠁ÿĪŰżğĘżģżĪǀŧőƣŏĜż᠇
I. ƣĪƫŃÿƸĪģĪǿŧżƫżǿÿģÿŲƸŏŃǀŏģÿģĪ ŧĀƫƫŏĜÿǜŏƫÿǜÿđƣĪŲżǜÿğĘż c) ŊĀǀŰŲÿƣƣÿģżƣżŲŏƫĜŏĪŲƸĪƢǀĪģĪƫĜƣĪǜĪłÿƸżƫšĀżĜżƣƣŏģżƫ᠇
ģĪǀŰÿƫżĜŏĪģÿģĪƸƣÿŲƫłżƣŰÿģÿƠĪŧżĜƣĪƫĜŏŰĪŲƸżǀƣěÿŲż
d) ĜżŰěŏŲÿÿĪǢƠƣĪƫƫĘżģŏƣĪƸÿģÿƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫĜżŰŧŏŲŃǀÿŃĪŰ
Ī ĜżŰĪƣĜŏÿŧ᠇
ŲĘż ǜĪƣěÿŧ᠇Resposta: D.
II. Os humanistas, orientados pelo pensamento greco-romano,
e) ĜżŲƸÿǀŰÿŊŏƫƸŽƣŏÿƠżƣŰĪŏżģĪǜĪƣƫżƫĪĜÿŲğƛĪƫƠżƠǀŧÿƣĪƫ᠇
ĜƣŏƸŏĜÿǜÿŰÿSŃƣĪšÿ᠁ŰÿƫŲĘżƫĪĜżŧżĜÿǜÿŰĜżŰżÿŲƸŏĜƣŏƫƸĘżƫ᠇
¦ĪŧĪŏÿżƸĪǢƸżᡆSlamīǜżǭģĪŏģĪŲƸŏģÿģĪĪƣĪƫŏƫƸįŲĜŏÿģżƫƠżĪƸÿƫĜżŲ-
III. SŃƣĪšÿÿěƣŏŃÿǜÿÿŏŲƢǀŏĪƸÿğĘżģżƫŊǀŰÿŲŏƫƸÿƫ᠁ĜżŰżěĪŰ ƸĪŰƠżƣĈŲĪżƫᡇƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᚅÿᙷᙸ᠇
ģĪŰżŲƫƸƣÿÿƠŏŲƸǀƣÿģĪrŏĜŊĪŧÿŲŃĪŧżŲÿƫƠÿƣĪģĪƫģżßÿƸŏĜÿŲż᠇
9. 'ĪÿĜżƣģżĜżŰżƸĪǢƸż᠁ᡆżslamīǀŰŃƣŏƸż᠁ÿƸŏƸǀģĪģĪᡈƣĪĪǢŏƫƸįŲĜŏÿᡉᡇ᠇/ƫƫÿ
IV. ǜÿŧżƣŏǭÿğĘżģżŊǀŰÿŲż᠁ƠĪŧżƫƠĪŲƫÿģżƣĪƫŊǀŰÿŲŏƫƸÿƫ᠁ŲĘż
ÿłŏƣŰÿğĘżƠżƫŏĜŏżŲÿĪƫƫĪŃįŲĪƣżƸĪǢƸǀÿŧĜżŰż᠀
ÿěÿŧżǀÿĜƣĪŲğÿŲÿĪǢŏƫƸįŲĜŏÿģĪ'Īǀƫ᠇
/ƫƸĘżĜżƣƣĪƸÿƫ᠀ a) ĪǢƠƣĪƫƫĘżƠżīƸŏĜÿĜÿŲƀŲŏĜÿĪŏŲƫƸŏƸǀőģÿƫżĜŏÿŧŰĪŲƸĪ᠇
a) ÿƠĪŲÿƫSĪSS᠇ d) ÿƠĪŲÿƫSSSĪSß᠇ b) ƠżĪƫŏÿģĪĜŧÿŰÿģÿƠǀěŧŏĜÿŰĪŲƸĪƠÿƣÿÿĪŧŏƸĪĜǀŧƸǀƣÿŧ᠇
b) ÿƠĪŲÿƫSSĪSSS᠇ e) S᠁SS᠁SSSĪSß᠇Resposta: E. c) ƠƣĀƸŏĜÿÿƣƸőƫƸŏĜÿƠĪƣŏłīƣŏĜÿĪĜƣőƸŏĜÿģÿƣĪÿŧŏģÿģĪÿƸǀÿŧ᠇Resposta: C.
c) ÿƠĪŲÿƫSSĪSß᠇ d) ěÿƸÿŧŊÿƠżīƸŏĜÿŏģĪżŧŽŃŏĜÿĪŲƸƣĪěƣÿŲĜżƫĪŲĪŃƣżƫ᠇
e) ƠƣżģǀğĘżƸĪǢƸǀÿŧ ŏŰƠƣĪƫƫÿĪŰŰőģŏÿƫĜżŲǜĪŲĜŏżŲÿŏƫ᠇
6. hĪŏÿÿĪƫƸƣżłĪÿƫĪŃǀŏƣ᠁ƣĪƸŏƣÿģÿģżƠżĪŰÿCantiga, de Francisco de Sousa.
10. 0ƸĪŰÿÿǀƫĪŲƸĪŲÿƠƣżģǀğĘżģÿpoetry slam᠀
Acho que me deu Deus tudo
a) ŏģĪÿŧŏǭÿğĘżģÿƣĪÿŧŏģÿģĪ᠇Resposta: A.
para mais meu padecer:
os olhos — para vos ver, b) denúncia da violência.
coração — para sofrer, c) crítica ao racismo.
e língua — para ser mudo.
d) igualdade de gênero.
SOUSA, Francisco de. Cantiga. In: NICOLA, José de.
Literatura portuguesa: da Idade Média a Fernando Pessoa.
e) reconhecimento social.
São Paulo: Scipione, 1990. p. 47.
11. 'ĪÿĜżƣģżĜżŰÿŰÿƸīƣŏÿŧŏģÿ᠁ƠżģĪᠵƫĪĜÿƣÿĜƸĪƣŏǭÿƣżslamŲżƣÿƫŏŧĜżŰż᠀
ĪǢĜĪƣƸżīǀŰĪǢĪŰƠŧżģĪƠżĪƫŏÿƠÿŧÿĜŏÿŲÿ᠁ĜǀšÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫƠƣŏŲ- a) ĪǢƠƣĪƫƫĘżÿǀƫĪŲƸĪģÿƫÿŃĪŲģÿƫƫżĜŏżĜǀŧƸǀƣÿŏƫģżƫŃƣÿŲģĪƫĜĪŲƸƣżƫ᠇
ĜŏƠÿŏƫƫĘż᠀
b) ŰżǜŏŰĪŲƸżƢǀĪƣĪŏǜŏŲģŏĜÿǀŰÿĜǀŧƸǀƣÿšżǜĪŰ᠁ƠżƠǀŧÿƣ᠁ŲĪŃƣÿ
I. żƸżŰŧőƣŏĜż᠁ĪǜŏģĪŲĜŏÿģżƠĪŧÿĪǢƠƣĪƫƫĘżģĪƫżłƣŏŰĪŲƸżģżĪǀŧőƣŏĜż᠇
Ī ƠżěƣĪ᠇Resposta: B.
II. o emprego de redondilha menor, para marcar a suave
c) ŃįŲĪƣżƸĪǢƸǀÿŧƢǀĪěǀƫĜÿƫǀěƫƸŏƸǀŏƣÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿƸƣÿģŏĜŏżŲÿŧ
musicalidade.
Ī ĜÿŲƀŲŏĜÿ᠇
III. żǀƫżģĪĪƫƢǀĪŰÿģĪƣŏŰÿƫƠÿƣÿĪǢƠŧŏĜŏƸÿƣÿĜÿģįŲĜŏÿģżƫǜĪƣƫżƫ᠇
d) ŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿĜŏƣĜǀŲƫĜƣŏƸÿđƠĪƣŏłĪƣŏÿŰÿĜŊŏƫƸÿĪƫĪǀƫŰżģżƫģĪĪǢŏƫƸŏƣ᠇
IV. ÿÿģżğĘżģĪƣĪĜǀƣƫżƫģĪĪƫƸŏŧż᠁ĜżŰżÿǿŃǀƣÿģĪŧŏŲŃǀÿŃĪŰÿŲĀłżƣÿ᠇
e) ƠƣżģǀğĘżÿƣƸőƫƸŏĜÿƣĪǜŏƸÿŧŏǭÿģżƣÿģÿĜǀŧƸǀƣÿģĪŰÿƫƫÿĪģÿĜĪŲƫǀƣÿ᠇
®ĘżĜżƣƣĪƸÿƫÿƫÿłŏƣŰÿğƛĪƫ᠀
a) SĪSS᠇ d) S᠁SSSĪSß᠇Resposta: D. 12. ÿƸǀÿŧŏģÿģĪ ģÿ ŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿ ģĪ Gŏŧ ßŏĜĪŲƸĪ᠁ Ơƣżģǀǭŏģÿ ģǀƣÿŲƸĪ ż
NǀŰÿŲŏƫŰż᠁ŲżƫīĜǀŧżåßS᠁īƠĪƣĜĪěŏģÿŲÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿěƣÿƫŏŧĪŏƣÿƠżƣŰĪŏż᠀
b) SSSĪSß᠇ e) SS᠁SSSĪSß᠇
a) ģÿƸƣÿģŏğĘżģĪĜǀŧƸǀƣÿƠżƠǀŧÿƣĪżƣÿŧĪǢŏƫƸĪŲƸĪŲżƫǜĀƣŏżƫ
c) S᠁SSĪSSS᠇
ĪƫƸÿģżƫ ěƣÿƫŏŧĪŏƣżƫ᠇
7. dżĘż Gƣŏŧż᠁ ƠĪƣƫżŲÿŃĪŰ ģĪ Auto da Compadecida, mesmo sendo apre- b) ģĪƸƣÿģǀğƛĪƫłƣĪƢǀĪŲƸĪƫģżƫƸĪǢƸżƫżƣŏŃŏŲÿŏƫĪƫĜƣŏƸżƫƠĪŧż
sentado como uma pessoa simples e menos instruída que os demais, ÿǀƸżƣᡰŊǀŰÿŲŏƫƸÿ᠇
ŲĪƫƫĪƸƣĪĜŊż᠁ÿżŏŲģÿŃÿƣż'ŏÿěżƫżěƣĪżƠƣżĜĪƫƫżģĪšǀŧŃÿŰĪŲƸżĪģĪ
c) ģÿĪŲĜĪŲÿğĘżģĪƫǀÿƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫżěƣÿƫżƣŏŃŏŲÿŏƫŲżƫ
ÿƠĪŧÿğĘż᠁īģĪƫƸÿĜÿģżƠżƣ᠀
ƠÿŧĜżƫ ěƣÿƫŏŧĪŏƣżƫ᠇
a) ƫǀÿŰŏƫĪƣŏĜŽƣģŏÿĪƫĪǀŰĪģż᠇ d) ģĪƠƣżģǀğƛĪƫģĪÿǀƸżƫ᠁ĜżŰżżƫĪƫĜƣŏƸżƫƠżƣƣŏÿŲż®ǀÿƫƫǀŲÿĪ
b) sua maldade e sua cumplicidade. dżĘż ÿěƣÿŧģĪrĪŧżtĪƸż᠇Resposta: D.
c) ƫĪǀƠƣĪĜżŲĜĪŏƸżĪƫǀÿÿƣƣżŃĈŲĜŏÿ᠇ e) ģżĪƫƢǀĪĜŏŰĪŲƸżģÿŏŰƠżƣƸĈŲĜŏÿģżÿǀƸżƣƠÿƣÿÿÿƣƸĪ
Humanismo
e gênero
orais
Slam
Gênero de expressão oral.
Chegou ao Brasil nos anos 2000.
Expressão de uma literatura
periférica feita por jovens
socialmente marginalizados.
Humanismo
Contexto: transição do século XV ao XVI.
Principais autores: Fernão Lopes e Gil Vicente.
Produção literária:
Prosa histórica: crônicas sobre a vida de reis.
Poesia palaciana: entretenimento da nobreza.
Teatro popular: autos e farsas com humor Atualidade dos autos
e crítica social. Influência na produção
Características: antropocentrismo, caráter teatral de Ariano Suassuna
moralizante, personagens-tipo, cultura popular, (Auto da Compadecida) e
comicidade, temas pastoris, cotidianos, João Cabral de Melo Neto
profanos e religiosos. (Morte e vida severina).
ěƫĪƣǜĪ᠁ĜżŰÿƸĪŲğĘż᠁żĪƫƢǀĪŰÿƢǀĪƫŏŲƸĪƸŏǭÿżƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫÿƫƠĪĜƸżƫģżƫĜżŲƸĪǁģżƫƸƣÿěÿŧŊÿģżƫ᠇/ŰƫĪŃǀŏģÿ᠁ƣĪƫƠżŲģÿđƫƢǀĪƫƸƛĪƫƠƣżƠżƫƸÿƫ᠇
1. ¥ǀÿŧīÿŃƣÿŲģĪŏŲżǜÿğĘżƸƣÿǭŏģÿƠĪŧżƫÿǀƸżƫģĪGŏŧßŏĜĪŲƸĪģǀƣÿŲƸĪżNǀŰÿŲŏƫŰż᠈
Gil Vicente inova ao agregar o humor, a sátira e a crítica social aos autos, que, tradicionalmente, tratavam exclusivamente de temas religiosos.
2. /ǢƠŧŏƢǀĪƠżƣƢǀĪż slamīĜżŲƫŏģĪƣÿģżŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿƠĪƣŏłīƣŏĜÿ᠇
O slam é considerado literatura periférica porque dá voz a jovens que vivem marginalizados na periferia das grandes cidades.
10
Literatura
Un
história e arte 2
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Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP34,
EM13LP46, EM13LP48,
EM13LP49, EM13LP52
Nesta unidade você
vai estudar:
Renascimento:
contexto histórico
A arte renascentista
O Classicismo:
características
Verbete de dicionário
e enciclopédia
Inicie a jornada!
Renascimento: contexto histórico Professor, incentive o acesso a um vídeo
sobre o Renascimento Cultural.
Triff/Shutterstock
Como você já sabe, com a decadência da sociedade me-
dieval, surge, ao longo do século XV e no início do século XVI,
o Humanismo. Ele foi um período de transição da Idade Média
para a Idade Moderna, que sinalizava grandes
transformações centralizadas nas capacidades
do ser humano. O primeiro movimento artístico
da Idade Moderna foi o Renascimento.
Inicialmente, o Renascimento se desenvolveu na Itália
também entre os séculos XV e XVI, e se configurou como uma
revolução cultural a partir do resgate de valores da filosofia e
da arte greco-romana.
Essa revolução tinha como base o antropocentrismo, ou
seja, a compreensão de que o homem era o centro do Uni-
verso. Isso deslocou as linhas de pensamento da época para
novas direções, favorecendo o surgimento de várias áreas de
estudo. Esse período coincidiu com grandes transformações
políticas, econômicas e culturais na Europa.
Uma dessas transformações foi a criação de novas formas de explicar o funcionamento do Universo, com base na O desenvolvimento da bússola
possibilitou a navegação mais
publicação da teoria heliocêntrica, de Copérnico, segundo o qual a Terra girava em torno do Sol. Essa teoria possibilitou segura, aspecto importante para
a Galileu desenvolver a sua própria sobre os movimentos da Terra. Paralelamente a esses acontecimentos, ocorreu o os grandes descobrimentos.
período das Grandes Navegações, cujos descobrimentos ampliaram a visão do mundo existente, a partir do conheci-
mento de novos povos e culturas.
11
A arte renascentista
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Vitaly Minko/Shutterstock
Pintura renascentista italiana Vênus e Adônis, por Ticiano. c. 1560. Óleo sobre tela. Cena A Pietà, de Michelangelo. Escultura renascentista alojada na Basílica de São Pedro, na
de Metamorfoses, de Ovídio, em que Vênus implora ao caçador Adônis para não sair, Cidade do Vaticano.
avisando-o de perigo.
Professor comen-
te com os alunos A arte renascentista rompeu com a visão de um mundo que se apresentava como um mistério divino. A noção de ci-
a história de uma vilidade, que celebrou a Europa expansionista do século XVI, impôs ao artista o trabalho de olhar e reconhecer o belo por
das artistas mais
significativas do meio da ordenação, da observação e da medição com instrumentos científicos. Além disso, ao retomar valores da Anti-
Renascimento guidade clássica, resgataram-se personagens mitológicas e religiosas e formas arquitetônicas da cultura grega e romana.
lendo o artigo a a) A arquitetura foi marcada pela sobriedade e pela imponência,
seguir.
resultado da busca de simetria das formas a partir de linhas retas, sim-
Lorena Huerta/Shutterstock
Anotações
Como berço da modernidade, o Renascimento significou um esforço de totalização do conhecimen-
to: nele, arte, ciência e religião buscaram um arranjo harmônico; estética e ética confundiam-se no ato
da criação. Reconhecer o belo equivalia a participar do bem e da verdade; reconhecer a perfeição na
natureza equivalia a participar da harmonia divina, irmanar a Deus. A Arte tem, portanto, uma magni-
tude teofânica, isto é, a missão de elevar o homem à compreensão do Bem divino, vivido como ordem
material e imanente, como máquina concertada.
JACOTO, Lilian. “Universo e reverso”. Entre Livros: Entre Clássicos, São Paulo, n. 4, p. 14-19, jun. 2005.
Os principais artistas plásticos do Renascimento foram Da Vinci, Michelangelo, Rafael Sanzio, Donatello, Botticelli,
Ticiano, Tintoretto, entre outros.
Converse com os colegas de sala sobre o seu conhecimento da arte renascentista (música, pintura, escultura, literatura, por
exemplo) e relacione a influência dos padrões clássicos de beleza em nossa cultura atual, principalmente a estética do corpo.
O texto acima é um verbete de dicionário. A palavra “abelha”, que segue o critério de ordenação por ordem alfa-
bética, aparece entre “abeirar” e “abelha-mosquito” e compõe uma página que começa com a palavra “abduzir”, termi-
nando com “aberração”.
Além da palavra “abelha” em destaque (grafada com letras maiúsculas em negrito), o verbete apresenta a sepa-
ração silábica, a classificação morfológica e o gênero (Sf.: abreviatura de “substantivo feminino”), além da definição
da palavra.
Essa definição divide-se em duas partes: categoria do animal e apresentação de caracteres físicos e sua atividade.
Observe que é uma apresentação objetiva, com linguagem clara e formal.
Os elementos que constam no verbete são uma escolha do autor ou da linha editoral da publicação, como origem,
pronúncia, designação de regionalidade, entre outros aspectos. As versões digitais, por exemplo, apresentam links
para conjugação verbal, se a palavra é um verbo, e outras informações, como plural, termos compostos, remissão a
sinônimos, etc.
Texto II
Esse é um verbete de enciclopédia. Como o de dicionário, ele também segue uma ordem alfabética e apresenta
informações sobre a palavra em destaque. Nesse caso, além da classe gramatical e gênero, indica a origem da palavra
(em latim). A definição é feita por meio de linguagem formal, com citação de termos científicos.
No final do verbete, faz-se remissão ao termo “abelha-europeia” e à página dez, para que o leitor complemente
a informação com novos dados, como sinônimos, explicação enciclopédica e imagem. Os elementos apresentados
nessa página ilustram a definição, reforçando a compreensão do leitor que busca mais informação. Essa é uma das
principais características desse tipo de verbete, como gênero textual distinto dos dicionários.
O verbete de enciclopédia, além de definições, apresenta informações sobre determinado assunto, utilizando
linguagem objetiva e impessoal. Como um texto multimodal, contém gráficos, ilustrações e subdivisões para comple-
mentar os dados. A leitura, no suporte impresso, é mais linear e sequencial.
A versão digital, em formato de hipertexto, não obedece a essa mesma linearidade, permitindo ao leitor a escolha
de diferentes caminhos de aprofundamento do tema, porque traz mais informações que a versão em papel ou off-line.
Além das enciclopédias e dos dicionários formais, de autoria de especialistas, há as wikis, de construção coleti-
va, como a Wikipédia, e os dicionários informais. Nesse tipo de prática, as pessoas interessadas em contribuir podem
editar e fornecer conteúdo de forma dinâmica, criando ou modificando um verbete constantemente, para atualizá-lo.
A partir de um verbete da Wikipédia, converse sobre os recursos apresentados, enfocando-se na sua natureza de hipertexto.
Depois, reflita: você seria capaz de escrever um verbete ou contribuir para a elaboração de um?
14
Literatura
Faça em sala
1. Observe novamente as três imagens da abertura da aula e relacione a) ƸĪǢƸżīǀŰǜĪƣěĪƸĪ᠇ żŰżǜżĜįƠżģĪĜżŰƠƣżǜÿƣĪƫƫÿÿǿƣŰÿğĘż᠈
algumas características da arte renascentista encontradas nelas: O texto, como um verbete, apresenta a definição de uma palavra, sua
Exploração da mitologia greco-romana, valorização do cor- classificação e seu gênero.
a) Na pintura: po humano, distribuição equilibrada de elementos, movi- b) Qual é a ironia que se esconde por trás do título da obra?
mento, luminosidade e perspectiva em profundidade.
A autora ironiza a pretensão de um dicionário em ser preciso, já que
b) Na escultura: Verossimilhança (reprodução fiel da realidade), refina- nem sempre isso é alcançado pelos verbetes.
mento de detalhes, retratação do movimento, dramati-
cidade contida, retratação da beleza do corpo humano,
equilíbrio e sobriedade. c) ¥ǀĪƣĪĜǀƣƫżƫŊĀŲżƸĪǢƸżƢǀĪĜżŲǿƣŰÿŰĪƫƫÿŏŲƸĪŲğĘżģÿƠżĪƸÿ᠈
c) Na arquitetura: A poeta inicia o texto relacionando “definição” com “tentativa malfa-
Sobriedade e imponência, simetria das formas, que são harmônicas e dada”, porque não alcança aproximar-se do objeto a ser definido. Além
equilibradas, repetição de padrões. disso, critica a minimização e a manipulação da ação de definir, que se
explica pela exclusão ou se orienta por interesses.
2. (UEL-PR) O Renascimento, amplo movimento artístico, literário e d) Que elementos são usados pela autora e que não aparecem em um
científico, expandiu-se da Península Itálica por quase toda a Euro- dicionário formal?
pa, provocando transformações na sociedade. Sobre o tema, é cor- Os elementos não encontrados em um dicionário formal são: linguagem
reto afirmar:
coloquial, subjetiva, conotativa e exemplificação com humor e ironia.
a) O racionalismo renascentista reforçou o princípio da autoridade da
ciência teológica e da tradição medieval.
b) Houve o resgate, pelos intelectuais renascentistas, dos ideais 4. Leia o verbete do dicionário on-line Aulete.
medievais ligados aos dogmas do catolicismo, sobretudo na
definição
concepção teocêntrica do mundo.
(de.fi.ni.ção)
c) tĪƫƫĪƠĪƣőżģż᠁ƣĪÿǿƣŰżǀᠵƫĪÿŏģĪŏÿģżŊżŰĪŰĜŏģÿģĘż᠁ƢǀĪ sf.
terminou por enfraquecer os sentidos de identidade nacional e 1. Ação ou resultado de definir(-se).
ĜǀŧƸǀƣÿŧ᠁żƫƢǀÿŏƫĜżŲƸƣŏěǀőƣÿŰƠÿƣÿżǿŰģÿƫŰżŲÿƣƢǀŏÿƫÿěƫżŧǀƸÿƫ᠇ 2. Explicação do significado de uma palavra, expressão,
d) O Humanismo pregou a determinação das ações humanas pelo frase ou conceito.
divino e negou que o homem tivesse a capacidade de agir sobre o 3. Capacidade de descrever (algo ou alguém), destacando
suas características.
mundo, transformando-o de acordo com sua vontade e interesse.
4. Delimitação precisa, exata.
e) Os estudiosos do período buscaram apoio na observação, no 5. Indicação do sentido real de alguma coisa: “A estranha re-
ŰżģĪŧżĪǢƠĪƣŏŰĪŲƸÿŧĪŲÿƣĪǵŧĪǢĘżƣÿĜŏżŲÿŧ᠁ǜÿŧżƣŏǭÿŲģżÿŲÿƸǀƣĪǭÿ lação desses dois rapazes precisa de uma nova definição”.
e o ser humano. Resposta: E. 6. Decisão a respeito de algo pendente: “Preciso de uma
definição sua para fazer a reserva”.
3. Leia o texto a seguir.
7. Cin. Telv. Fot. Grau de nitidez de uma imagem: “A ima-
Definição gem do filme está com pouca definição”.
Substantivo feminino 8. Fixação de prazo ou da duração de alguma coisa.
Tentativa, geralmente malfadada, de responder à questão
9. Manifestação que revela algo de maneira nítida, clara: “A
O que é?, sem alcançar uma aproximação razoável ao objeto
melhor definição do casamento são os filhos: a definição
a ser definido.
do casamento feliz não exclui a capacidade de perdoar”.
Não raro é também tentativa de recortar, cercar, delimitar,
10. Lóg. Operação que procura determinar de maneira clara
excluindo mais do que explicando, mas talvez alcançando al-
um conceito, um objeto.
guma operacionalidade.
11. Rel. No catolicismo, decisão sobre questão controvertida
A depender de uma definição, especialmente se for insti-
que parte da Santa Sé.
tucionalizada, e de sua relevância e escala, alguém pode ser
12. Fil. Na filosofia de Aristóteles, conceito que revela a na-
menos ou mais alfabetizado, gay, homem, mulher, criança, ve-
tureza essencial, básica, de alguma coisa, destacando-a
lho, solteiro ou casado e assim qualquer coisa. Cientistas, polí-
das demais.
ticos e gestores têm por hábito alterar definições a fim de me-
[Pl.: -ções]
lhorar o que chamam de resultados, em realidade, números a
[F.: Do lat. definitio, onis.]
serem divulgados aos quatro ventos e que os façam parecer
eficazes e competentes. Redefinir resulta de duas ou três reu-
O verbete de dicionário da palavra “definição” apresenta doze acepções
niões de gabinete, que é mais fácil que efetivamente resolver. diferentes. Qual delas está diretamente relacionada à intencionalidade
poética expressa pelo título da obra de Ana Elisa Ribeiro? Resposta: A.
RIBEIRO, Ana Elisa. Dicionário de imprecisões.
Belo Horizonte: Edições de Minas, 2019, p. 37. a) 2 b) 4 c) 5 d) 9
15
O Homem Vitruviano,
Leonardo da Vinci, 1490.
Davi, de Michelangelo.
a) Figura emblemática do Renascimento, Leonardo da Vinci destaca-
Características: -se pela sua obra pictórica e por seu desenho do Homem Vitruviano.
I.Dramaticidade exagerada; Para ele, arte e ciência se baseavam nas relações análogas entre
II. perfeição da forma;
homem e natureza, preconizadas pela alquimia.
III. sobriedade;
IV. modelo clássico. b) O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci condensa uma série de
estudos do artista, e mesmo a leitura de uma cópia manuscrita da
São características tipicamente renascentistas encontradas na obra obra de Vitrúvio. O desenho sintetiza uma relação harmônica entre
Davi, de Michelangelo: homem e mundo pautada pela analogia geométrica. Resposta: B.
a) I, II e III b) II, III e IV c) I e IV d) II e III c) Na linhagem dos artistas-arquitetos-engenheiros renascentistas,
Resposta: B.
3. O contexto histórico no qual se desenvolveu o Renascimento não con- Leonardo da Vinci dedicou-se ao estudo da perspectiva e
templa: especialmente da aritmética, buscando harmonizar as relações
entre o homem e Deus no Homem Vitruviano.
a) o período das Grandes Navegações.
d) Leitor assíduo da física newtoniana, Leonardo da Vinci reconhecia
b) a invenção da pólvora.
que tanto a aritmética quanto a geometria poderiam ser usadas
c) a valorização do teocentrismo. Resposta: C. na arte, arquitetura e engenharia. Na elaboração do desenho do
d) a invenção da imprensa. Homem Vitruviano, ele comprovou esta hipótese.
16
Literatura
6. (UFES) A imagem do Homem Vitruviano é uma representação elabora- 8. (FGV-SP) Assinale a alternativa que completa corretamente a afirma-
da no final do século XV por Leonardo da Vinci e exprime o antropo- ção seguinte: O movimento desenvolveu-se no apogeu político de Por-
centrismo e a harmonia das formas que caracterizaram as obras artís- tugal; consiste numa concepção artística baseada na imitação dos mo-
ticas do período renascentista. Sobre o Renascimento, não é correto delos clássicos gregos e latinos. Nele, o pensamento lógico predomina
afirmar que: sobre a emoção, e a estrutura da composição poética obedece a formas
a) um dos seus principais fundamentos intelectuais foi o Humanismo, fixas, com a introdução da medida nova, que convive com a medida ve-
concepção segundo a qual o homem deveria ser valorizado como lha das formas tradicionais. Trata-se do:
o epicentro do mundo e da história, como havia ocorrido na a) Modernismo.
Antiguidade Clássica. Resposta: A.
b) Barroco.
b) o estudo do homem e da natureza, nesse período, fundamentava-
c) Romantismo.
-se no espírito crítico, o que possibilitou o desenvolvimento do
ƠĪŲƫÿŰĪŲƸżĜŏĪŲƸőǿĜż᠁ĜżŰżƫĪĜżŰƠƣżǜÿŲÿģĪłĪƫÿģÿƸĪżƣŏÿ d) Classicismo. Resposta: D.
heliocêntrica por Nicolau de Cusa e Nicolau Copérnico. e) Realismo.
c) os homens da época tenderam a valorizar a produção artística e 9. Releia o verbete “definição”. Quais dos sentidos estão relacionados ao
intelectual das civilizações do Oriente Médio, especialmente a
objetivo de um verbete de dicionário ou de enciclopédia?
egípcia e a mesopotâmica, pela conexão que estas guardavam com
a história hebraica descrita na Bíblia. a) De 1 a 5.
a) conativa, como em “valeu, galera!”. 12. A mimese, recurso amplamente usado durante o Renascimento, mate-
rializa-se por meio:
b) referencial, como em “é festejar o próprio ser.”
c) poética, como em “é a felicidade fazendo visita.” Resposta: C. a) do mundo conduzido pela razão e pela liberdade.
d) emotiva, como em “é quando eu esqueço o que não importa.” b) da cópia de modelos de perfeição greco-romana. Resposta: B.
e) fática, como em “é o dia que recebo o maior número de ligações no c) da expressão de verdades universais e absolutas.
meu celular.” d) do paganismo, ao simbolizar características humanas.
17
Classicismo
Contexto histórico Marcos: retorno de
Arte Verbete de dicionário
Sá de Miranda e e enciclopédia
Surgimento: Itália.
O Belo reconhecido pela morte de Camões.
Aparecimento de várias
observação, pela ordenação, Natureza expositiva.
áreas de estudo.
e pela medição. Características: Definição, explicação,
Grandes transformações
Retomada de valores medida nova, exemplificação e ilustração.
políticas, econômicas
e obras da Antiguidade mitologia clássica, Impressos, digitais
e culturais na Europa.
clássica. rigor formal, e virtuais.
Teorias de Copérnico e Galileu.
Principais artistas: racionalismo,
Grandes Navegações,
Leonardo da Vinci, universalismo,
mercantilismo,
Michelangelo, Rafael Sanzio, mimese, entre outras.
Reforma Protestante,
Donatello, Sandro Botticelli,
invenção da imprensa, bússola.
Ticiano, Tintoretto. Produção:
poesia, teatro e prosa
(novela sentimental e
de cavalaria, historiografia,
prosa doutrinária e
literatura de viagem).
decassílabos na literatura da época, provocando uma inovação importante na forma como se fazia poesia em Portugal.
2. Por que a mimese era uma prática frequente na produção dos escritores renascentistas?
A mimese era uma prática frequente e estimulada na produção dos escritores renascentistas porque se acreditava no princípio de perfeição, nascida da
18
Literatura
Un
resenha literária 3
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Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP45,
EM13LP46, EM13LP48,
EM13LP49, EM13LP52.
Nesta unidade você
vai estudar:
O autor Luís Vaz de Camões
A lírica camoniana: a
medida velha
Camões lírico:
a medida nova
Resenha literária
A elevada qualidade da produção lírica de Camões faz com que ele seja considerado o maior poeta lírico em língua portuguesa de todos os tempos.
Inicie a jornada!
O autor Luís Vaz de Camões
O maior representante do Classicismo português foi Luís Vaz de Camões, nascido na cidade de Santarém, em
hydebrink/Shutterstock
Portugal, em 1524 ou 1525 – não se sabe ao certo. Foi criado e protegido por um tio, cônego e chanceler da Universidade
de Coimbra, que lhe patrocinou os estudos e lhe apresentou os autores clássicos, os quais formaram a sua base inte-
lectual e lhe possibilitaram assimilar a estética e a filosofia de sua época, como comprova sua obra.
A obra camoniana, dentro do contexto do século XVI, esteve imersa na prática da mimese, ou seja, em uma rede
de imitações, alusões e recuperações que a aproximavam dos modelos de perfeição formal da Antiguidade clássica.
Camões, além de escrever, ainda lutou em várias guerras, sendo uma delas a Batalha de Alcácer-Quibir, na África,
onde perdeu um dos olhos.
Pouco se sabe sobre sua história: é certo que morreu pobre, doente e abandonado, mas deixando uma sólida obra,
que o classifica como um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos e o precursor do português moderno. Busto do poeta português Luís
Vaz de Camões em Lisboa,
Sua obra é dividida em lírica e épica. Portugal.
Afinal, quem foi Camões? Um poeta imortal, ilustre é verdade, mas um ilustre praticamente desco-
nhecido. Sua vida fervilhou de negativas — um desafio constante aos críticos e estudiosos. Sua vida, um
rol de interrogações contínuas... Em que dia, em que mês, nasceu ele? Não se sabe. Em que ano? Dúvidas.
Teria nascido em 1524? Ou 1525? E qual a sua cidade? Lisboa? Santarém? Coimbra? Alenquer? E quem é
que sabe? E sobre seus pais? E sobre a sua infância? E a sua vasta cultura? Teria mesmo frequentado a
Universidade de Coimbra?
Camões nasceu pobre, viveu na miséria. Quando voltou a Portugal, depois de 17 anos de “exílio”,
recebeu de D. Sebastião, pela publicação de Os Lusíadas, uma pensão de 15 mil réis anuais, já que a epo- Professor incentive que
os alunos assistam ao
peia era dedicada ao próprio rei. Muitos afirmam que, convertida a moeda em valor atual, a pensão seria documentário feito em
razoável. Como se explica, então, que o poeta tenha morrido na mais completa penúria, sem um lençol Portugal sobre a vida e a
sequer para envolver-lhe o corpo? Se, em vida, as dúvidas não cessam, depois de morto, o mistério per- obra de Camões.
siste. [...] Afinal, o ano de sua morte seria 1579 ou 1580? [...]
GOMES, Valderez Cardoso. O eterno viajante. Entre Livros: Entre Clássicos, São Paulo, n. 4, p. 9-10, jun. 2005.
19
Faça em sala
1. Leia o texto a seguir. b) Separe as sílabas métricas da estrofe a seguir, numerando-as e
destacando a última sílaba métrica.
12.
Eles verdes são,
Cantiga
e têm por usança
a este mato alheio:
na cor, esperança
Menina dos olhos verdes,
e nas obras, não.
porque me não vedes?
Vossa condição
VOLTAS
não é d’olhos verdes,
Eles verdes são,
porque me não vedes.
e têm por usança
na cor, esperança E/les/ ver/des/ são/,
e nas obras, não. 1 2 3 4 5
Haviam de ser,
2. O poema termina com uma pergunta. Qual seria a resposta que o eu
porque possa vê-los, lírico não compreende ou não quer compreender?
que uns olhos tão belos A resposta seria que os olhos da donzela estão verdes, porque vê a outra
não se hão-de esconder;
pessoa, que não é o eu lírico.
mas fazeis-me crer
que já não são verdes,
porque me não vedes.
a) Qual é a medida usada por Camões nesse poema? Mas mostre a sua imperial potência
Camões usa a medida velha, redondilhas menores, ou seja, versos a Morte em apartar dum corpo a alma,
duas num corpo o Amor ajunte e una;
com cinco sílabas métricas.
O eu lírico conclui que é possível amar apesar da morte e que todos *soía: terceira pessoa do pretérito imperfeito do indicativo
do verbo “soer” (costumar, ser de costume).
os outros aspectos perdem sentido diante da existência do amor.
4. (Unicamp-SP) Indique a afirmação que se aplica ao soneto escrito por
d) Obseve os substantivos grafados com letra maiúscula. Que efeito
Camões.
deseja alcançar o poeta com esse recurso?
a) O poema retoma o tema renascentista da mudança das coisas, que o
O poeta deseja personificar os substantivos grafados com iniciais
poeta sente como motivo de esperança e de fé na vida.
maiúsculas, atribuindo-lhes um sentido universal. Exemplos: Morte,
b) A ideia de transformação refere-se às coisas do mundo, mas não afeta
Amor, Ausência, Tempo, Razão e Fortuna. o estado de espírito do poeta, em razão de sua crença amorosa.
c) Tudo sempre se renova, diferentemente das esperanças do poeta,
que acolhem suas mágoas e saudades.
d) Não apenas o estado de espírito do poeta se altera, mas também a
experiência que ele tem da própria mudança. Resposta: D.
Faça em casa
Depois do apogeu da lírica trovadoresca [...] é na Tosca-
1. (Fuvest-SP) Na Lírica de Camões:
na que encontramos uma poesia que, embora prolongando a
a) o verso usado para a composição dos sonetos é a redondilha maior. (poesia) provençal, eleva o “amor gentil” a conceito metafísico,
b) encontram-se sonetos, odes, sátiras e autos. próprio dos corações nobres e virtuosos; do mesmo modo,
nessa poesia, a figura feminina reúne noções como de reflexo
c) cantar a pátria é o centro das preocupações.
da bondade e beleza sobre-humanas, donna angelicata sem-
d) encontra-se uma fonte de inspiração de muitos poetas brasileiros pre, que estimula o amante para a contemplação divina.
do século XX. Resposta: D. Dessa poesia, conhecemos, sobretudo, as obras da tríade
e) a mulher é vista em seus aspectos físicos, despojada de composta por Guido Guinizzelli, Cavalcanti e Dante Alighieri,
espiritualidade. que, versejando em língua toscana e em gêneros recentes,
como o soneto, a canção e a balada, fornecem ao século XIV
Leia o texto a seguir para responder às questões 2 e 3. italiano uma feição algo distinta da restante poesia europeia
Tão intenso é o brilho da poesia camoniana para os falan- do período. Essa lírica, que consagra o amor à poesia e o poeta
tes de língua portuguesa que, afora os estudiosos da literatura, ao amoroso, triunfa em formalizar uma linguagem em termos
poucos acham necessário conhecer o estreito contato de Ca- de estilo, sintaxe, léxico, metros, acentuações e gêneros que se
mões com poetas contemporâneos, tanto antecessores, como mostram adequados a uma concepção poética diversa, a qual
sucessores seus, na Europa e mesmo na América. Mas é sabido se tornou conhecida como “doce estilo novo” [...]
que, no século XVI, fazer poesia não era uma atividade isolada, A esses poetas se sucedem Francesco Petrarca, Matteo
envolvendo, pelo contrário, os poetas numa rede de alusões, re- Frescobaldi, Giovanni Boccaccio, Cino Rinuccini e outros,
cuperações, imitações – para usar o termo forte da época. por cuja poesia – sobretudo pelo Canzoniere de Petrarca – as
24
Literatura
a) estilo, sintaxe, léxico, metros, acentuações e gêneros. Resposta: A. 8. (UFBA) A leitura dos dois tercetos permite inferir:
b) tema, sintaxe, léxico, metros, acentuações e gêneros. (01) Há ritmos diferentes de mudança, a depender do momento da
c) estilo, sintaxe, léxico, metros, acentuações e fonética. vida do indivíduo.
d) ĪƫƸŏŧż᠁żƣƸżŃƣÿǿÿ᠁ƠƣżƫŽģŏÿ᠁ŰĪƸƣżƫ᠁ÿĜĪŲƸǀÿğƛĪƫĪŃįŲĪƣżƫ᠇ (02) A rejeição da instabilidade se torna maior, com o passar do
tempo, em decorrência da sabedoria e da experiência adquiridas.
3. O excerto começa e conclui tratando do mesmo tema, às vezes pouco
compreendido hoje em dia. Essse tema está relacionado à: (04) Há diferenças entre os processos de mudança na natureza e
aqueles que ocorrem com o ser humano.
a) crítica de antecessores do Classicismo lusitano.
(08) O processo de mudança na vida dos indivíduos cessa com o
b) negação da obra de Camões por seus sucessores.
decorrer do tempo, atingindo-se a estabilidade.
c) produção literária isolada de Camões em Portugal.
(16) A ilusão de que nada é permanente acompanha o ser humano
d) imitação de expoentes da arte como estilo da época. Resposta: D.
em todos os momentos de sua existência.
4. Leia o excerto a seguir, de uma trova de Camões. (32) Cada vez que algo muda no universo mudam-se também as
concepções mais arraigadas dos indivíduos.
Trovas
{Vós} sois üa dama (64) O processo de mudança exterior ao indivíduo é sempre
das feias do mundo; ĜżŲƫƸÿŲƸĪ᠁ĪŰěżƣÿŊÿšÿǀŰÿŰżģŏǿĜÿğĘżŲÿłżƣŰÿģĪƠĪƣĜĪƠğĘż
de toda a má fama dessa mudança. 41 (1 1 8 1 32).
sois cabo profundo.
9. (Enem) Leia o texto a seguir.
A vossa figura
não é para ver;
O livro It – A Coisa, de Stephen King
em vosso poder
não há fermosura. Durante as férias escolares de 1958, em Derry, pacata
cidadezinha do Maine, Bill, Richie, Stan, Mike, Eddie, Ben e
CAMÕES, Luís de. Redondilhas. Disponível em:
www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000163.pdf. Beverly aprenderam o real sentido da amizade, do amor, da
Acesso em: 19 abr. 2021. confiança e... do medo. O mais profundo e tenebroso medo.
Naquele verão, eles enfrentaram pela primeira vez a Coisa,
A estrofe do poema de Camões, reproduzida na questão 1, da seção um ser sobrenatural e maligno, que deixou terríveis marcas
Faça em sala, por sua temática e estrutura: de sangue em Derry. Quase trinta anos depois, os amigos vol-
tam a se encontrar. Uma nova onda de terror tomou a peque-
a) emprega a medida nova usada no Classicismo.
na cidade. Mike Hanlon, o único que permanece em Derry,
b) mescla a medida velha com a cantiga de amor. dá o sinal. Precisam unir forças novamente. A Coisa volta a
c) resgata as cantigas satíricas trovadorescas. Resposta: C. atacar e eles devem cumprir a promessa selada com sangue
d) afasta-se da métrica e temática medievais. que fizeram quando crianças. Só eles têm a chave do enig-
ma. Só eles sabem o que se esconde nas entranhas de Derry.
Leia a “Cantiga 12”, de Luís de Camões, para responder às questões 5 e 6. O tempo é curto, mas somente eles podem vencer a Coisa.
Em It – A Coisa, clássico de Stephen King em nova edição, os
5. Como se nomeiam os versos que aparecem ao lado direito do poema?
amigos irão até o fim, mesmo que isso signifique ultrapassar
a) Redondilhas. c) Glosas. os próprios limites.
b) Mote. Resposta: B. d) Voltas. Disponível em: www.livrariacultura.com.br. Acesso em: 1 dez. 2017.
25
11. (Unesp) No soneto, o eu lírico: d) A ideia de que a dor do amor não é sentida pelos amantes, presente
nos versos de Camões, é parafraseada nos versos “Anda pela estrada /
Alma minha gentil, que te partiste
Não tem compromisso”.
tão cedo desta vida descontente,
repousa lá no Céu eternamente, e) A canção recupera o tom solene e altissonante presente nos versos
e viva eu cá na terra sempre triste. camonianos.
26
Literatura
Junte os pontos
Chegamos ao final da unidade 3. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.
Lírica
camoniana
e resenha
literária
Resenha literária
O autor
Luís Vaz de Camões Gênero textual que
Maior representante do objetiva a informação.
Classicismo português. Divulgação de obras
Pouca informação sobre literárias.
Poesia lírica:
sua vida. Apresenta apreciação
medida velha e medida nova
Escreveu poesia crítica (ou não).
lírica e épica. Linguagem clara, direta e
Temas: amor espiritual
objetiva.
e carnal, adversidades
Texto e sintético.
da vida e dos sentimentos,
Estrutura padrão.
pátria, Deus, neoplatonismo,
desconcerto do mundo.
1. Por que Camões é considerado o maior poeta lírico tradicional da língua portuguesa?
Camões é considerado o maior poeta lírico tradicional da língua portuguesa pelo volume de suas produções e pelo elevado teor lírico dos seus textos,
27
Digital signal/Shutterstock
vai estudar:
A épica camoniana: a alma
de um povo
Os Lusíadas: composição
temática
A estrutura formal de Os
Lusíadas
Booktube e o estímulo à
leitura
Não só na lírica, mas também na épica o seu tema é plural, Cantando espalharei por toda parte,
pois o povo é seu herói e protagonista, se fazendo presente, Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
através desses argonautas atrevidos, que rasgaram o mar, des-
pegados de tudo, até do seu próprio viver. O convite à viagem é Cessem do sábio Grego e do Troiano
uma convocação ao sonho, mas torná-la real é uma aventura As navegações grandes que fizeram;
infinita. Assim, Camões é um eterno viajante, tanto nos ca-
Cale-se de Alexandro e de Trajano
minhos do mar, que ele perseguiu, seguindo, no plano real, a
mesma rota de Vasco da Gama, seu protagonista imortal. Em A fama das vitórias que tiveram;
Os Lusíadas, há versos que retratam a experiência de quem Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
viveu realmente os fatos narrados. A quem Neptuno e Marte obedeceram.
GOMES, Valderez Cardoso. O eterno viajante. Entre Livros: Entre Clássicos, Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
São Paulo, n. 4, p. 9-10, jun. 2005.
Que outro valor mais alto se alevanta.
O título da obra Os Lusíadas antecipa a intenção do poeta de contar E vós, Tágides minhas, pois criado
a história heroica de um povo, já que usa um substantivo que equivale a
Tendes em mi um novo engenho ardente,
“lusitanos”. O grande herói dessa epopeia é, portanto, o povo português,
Se sempre em verso humilde celebrado
com sua alma e sua postura de coragem para navegar em mares nunca
navegados e descobrir novos mundos. Para isso, Vasco da Gama encarna Foi de mi vosso rio alegremente,
a alma dos navegantes portugueses que existiram antes e depois dele. Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Vá além Por que de vossas águas Febo ordene
Conheça a adaptação completa do texto Os lusíadas em quadrinhos, por Fido Que não tenham inveja às de Hipocrene.
Nesti, publicado pela Editora Peirópolis.
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou flauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Converse com seus colegas sobre as adaptações recentes Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
de histórias épicas para o cinema, como Troia, por exemplo. Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Comentem o enredo e os recursos cinematográficos utilizados. Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Os Lusíadas: composição temática Se tão sublime preço cabe em verso. [...]
Camões, já no início do seu grande poema, expressa claramente o CAMÕES, Luís Vaz de. Os lusíadas. Disponível em: www.
dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000162.pdf.
tema de sua epopeia. Ele propõe cantar a história de grande valor do Acesso em: 19 abr. 2021.
povo português ao navegar os mares desconhecidos para ampliar sua
fé e seu império e ao construir uma história que lhes possibilitou chegar A narrativa tem como eixo central a viagem de Vasco da Gama à Índia.
a essa façanha. Leia as três primeiras estrofes da epopeia, onde o poeta Ao longo do trajeto, conta-se a história de Portugal pelo resgate da memória
declara sua intenção temática. dos seus reis. As façanhas do herói coletivo se relacionam à história do ex-
pansionismo europeu nos séculos XV e XVI, que deu início ao colonialismo.
Canto I O enredo não segue uma ordem cronológica. Isso é comprovado logo
As armas e os Barões assinalados no início do texto, porque a narração começa quando os portugueses estão
Que da Ocidental praia Lusitana em Melinde, no oceano Índico. Como uma expressão do “Maravilhoso pa-
Por mares nunca de antes navegados
gão”, uma das características do texto clássico ou de inspiração clássica du-
rante a história, há a intervenção de deuses e de outros seres sobrenaturais.
Passaram ainda além da Taprobana,
Os deuses clássicos que aparecem na história — Vênus, Marte, Júpi-
Em perigos e guerras esforçados
ter, Mercúrio, Baco, Netuno e as Nereidas (ninfas marinhas) — simboli-
Mais do que prometia a força humana,
zam a contradição entre os desejos de ampliar os limites do mundo e de
E entre gente remota edificaram preservar os limites existentes, marcados por forças poderosas.
Novo Reino, que tanto sublimaram; Vênus, Marte, Júpiter e Mercúrio estão a favor dos portugueses e em-
preendem grandes esforços para que cumpram sua missão. Baco e Netuno
E também as memórias gloriosas
são contrários a essa façanha, principalmente o primeiro, por temor de per-
Daqueles Reis que foram dilatando
der sua glória como senhor dos mundos a serem descobertos no Oriente.
A Fé, o Império, e as terras viciosas
Em Melinde, Vasco da Gama narra ao rei local partes da história de
De África e de Ásia andaram devastando, Portugal. Nessa parte da epopeia, aparecem os episódios de Inês de Cas-
E aqueles que por obras valerosas tro, do Velho do Restelo e do Gigante Adamastor, três episódios muito
Se vão da lei da Morte libertando, conhecidos do texto de Camões. Na travessia do oceano, as embarca-
29
Meridiano de Greenwich
no português e da fé católica. * Moçambique N
1
O L
Incentive os alunos a conhecer epopeia
Os Lusíadas integralmente. Cabo da Boa
Esperança
S
0 2 080 km
7
Faça em sala
1. Leia o poema a seguir, de um dos maiores poetas modernos de Portugal. 2. (Enem) Nos versos 1 e 2, a hipérbole e a metonímia foram utilizadas
para subverter a realidade. Qual o objetivo dessa subversão para a
Mar português constituição temática do poema?
Ó mar salgado, quanto do teu sal a) Potencializar a importância dos feitos lusitanos durante as Grandes
São lágrimas de Portugal! Navegações. Resposta: A.
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
b) ƣŏÿƣǀŰłÿƸżǿĜĜŏżŲÿŧÿżĜżŰƠÿƣÿƣżĜŊżƣżģÿƫŰĘĪƫÿżĜŊżƣżģÿ
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar natureza.
Para que fosses nosso, ó mar! c) ¦ĪĜżŲŊĪĜĪƣÿƫģŏǿĜǀŧģÿģĪƫƸīĜŲŏĜÿƫǜŏǜŏģÿƫƠĪŧżƫŲÿǜĪŃÿģżƣĪƫ
portugueses.
Valeu a pena? Tudo vale a pena
d) Atribuir as derrotas portuguesas nas batalhas às fortes correntes
Se a alma não é pequena.
marítimas.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor. e) Relacionar os sons do mar ao lamento dos derrotados nas batalhas
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, do Atlântico.
Mas nele é que espelhou o céu.
3. Leia o excerto da matéria “Quem são os booktubers e influenciadores
PESSOA, F. Mensagem. São Paulo: Difel, 1986.
que agitam o mercado de livros”.
a) O poema, escrito no século XX, tem uma relação direta com
O assunto da vez pode ser Machado de Assis ou uma nova
o contexto do século XVI em Portugal. Relacione seu título a série estrangeira de romances adolescentes. Uma lista com re-
esse contexto, enfatizando a importância do adjetivo usado na comendações dos melhores escritores russos ou apenas dicas
expressão. para conseguir ler ao menos 30 minutos por dia. Todos esses
O título, “Mar português”, faz uma referência direta ao expansionismo são temas que antes ficavam restritos às aulas de literatura ou
clubes de leitura tradicionais. Mas a divulgação literária encon-
português conseguido por meio do domínio do mar durante o período
trou novos caminhos nas redes sociais, numa teia que envolve
das Grandes Navegações. O adjetivo “português” especifica esse mar, (e aproxima) leitores, escritores, editoras, lojas e quem apenas
se interessa por boas histórias.
que passa a ser, simbolicamente, dos portugueses, por suas conquistas.
Quem pensa no youtuber como sinônimo de uma pessoa
jovem falando — ou gritando — sobre trivialidades, moda ou
tentando fazer humor, não navegou o suficiente pelo site de
b) Comente a primeira estrofe do poema e use um verso dessa estrofe vídeos, onde a literatura também tem seu espaço. Há alguns
ƠÿƣÿĪǢĪŰƠŧŏǿĜÿƣƫǀÿżƠŏŲŏĘż᠇ anos, usuários de variados perfis vêm criando canais para fa-
A primeira estrofe expõe o preço que o povo português teve que lar sobre aquilo que mais amam: os livros. São os chamados
booktubers, tendência também no exterior, conforme destacou
pagar para as conquistas de sua nação: o sofrimento de sua gente. Esse
recentemente o diário The New York Times, em reportagem so-
sofrimento tem uma causa, revelada pela primeira parte do verso: bre a Vidcon, conferência de produtores de vídeo on-line reali-
zada na Califórnia. Os booktubers ampliam cada vez mais seu
“Por te cruzarmos [...]”.
nicho, embora seu alcance ainda seja tímido, se comparado ao
das web celebridades.
31
Faça em casa
Reprodução/Galeria Borghese, Roma, Itália.
d) desprezarem o conceito medieval da idealização da mulher como base — Ó glória de mandar, ó vã cobiça
da produção artística, evidenciado pelos adjetivos usados no poema. Desta vaidade a quem chamamos Fama!
Ó fraudulento gosto, que se atiça
e) apresentarem um retrato ideal de mulher marcado pela como aura popular, que honra se chama!
ĪŰżƸŏǜŏģÿģĪĪżĜżŲǵŧŏƸżŏŲƸĪƣŏżƣ᠁ĪǜŏģĪŲĜŏÿģżƫƠĪŧÿĪǢƠƣĪƫƫĘżģÿ Que castigo tamanho e que justiça
moça e pelos adjetivos do poema. Fazes no peito vão que muito te ama!
Que mortes, que perigos, que tormentas,
2. (Unesp) Leia as estrofes do Canto IV de Os Lusíadas, referentes ao episó-
Que crueldades neles experimentas!
dio do Velho do Restelo, para responder à questão.
Dura inquietação d’alma e da vida
Dura inquietação d’alma e da vida,
Fonte de desamparos e adultérios,
Fonte de desamparos e adultérios,
Sagaz consumidora conhecida
Sagaz consumidora conhecida
De fazendas, de reinos e de impérios: De fazendas, de reinos e de impérios!
Chamam-te ilustre, chamam-te subida, Amam-te ilustre, chamam-te subida,
Sendo digna de infames vitupérios1; Sendo digna de infames vitupérios;
Chamam-te Fama e Glória soberana, Chamam-te Fama e Glória soberana,
Nomes com quem se o povo néscio2 engana! Nomes com quem se o povo néscio engana!
As questões 5 e 6 devem ser respondidas a partir da leitura do poema 8. A introdução de Os Lusíadas é dividida em três partes. Assinale a alter-
“Mar português”, de Fernando Pessoa. nativa que contém comentário correto em relação à parte indicada.
a) Proposição: o poeta apresenta o assunto da epopeia: a viagem
Mar português marítima. Resposta: A.
Ó mar salgado, quanto do teu sal b) Proposição: o poeta apresenta o grande herói da história: Vasco
São lágrimas de Portugal! ģÿᡰGÿŰÿ᠇
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
c) Invocação: o poeta invoca as ninfas do rio Tejo para inspirar a viagem.
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar d) Dedicatória: o poeta dedica o poema a dom Pedro I e a Inês de Castro.
Para que fosses nosso, ó mar!
9. Depois de reler o primeiro parágrafo do texto “Quem são os booktubers
Valeu a pena? Tudo vale a pena e influenciadores que agitam o mercado de livros”, pode-se afirmar que
Se a alma nao é pequena. a temática que foge ao que é abordado pelos booktubers, em geral, é:
Quem quer passar além do Bojador a) obras de autores tradicionais, pertencentes ao cânone da literatura
Tem que passar além da dor. nacional.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu. b) os livros de uma nova série estrangeira de romances adolescentes.
Disponível em: http://users.isr.ist.utl.pt/~cfb/VdS/v302.txt. c) uma lista com recomendações de escritores de determinado país.
Acesso em: 30 maio 2021. d) dicas para conseguir escrever, produzir e comercializar seu próprio
livro. Resposta: D.
5. No início da segunda estrofe, há uma pergunta: “Valeu a pena?”. De
acordo com o sentido do texto e o tema da epopeia Os lusíadas, ela: 10. O booktube é uma ferramenta que se caracteriza:
Resposta: A.
a) foi respondida, a partir de uma condição: a grandeza de alma. a) pelo estímulo à leitura. Resposta: A.
b) ǿĜÿĪŰƫǀƫƠĪŲƫż᠁ƠżƣƢǀĪÿŏģĪŏÿŲĘżīƣĪƫƠżŲģįᠵŧÿ᠇ b) pela indicação de vídeos.
c) tem resposta negativa, porque o preço pago foi alto. c) pela ausência de curadoria.
d) ŲĘżłżŏƣĪƫƠżŲģŏģÿ᠁ƠżƣƢǀĪŲÿģÿšǀƫƸŏǿĜÿżƫżłƣŏŰĪŲƸżģżƠżǜż᠇ d) ƠĪŧÿÿƸĪŲğĘżÿżƠǁěŧŏĜżÿģǀŧƸż᠇
34
Literatura
11. No início da epopeia Os Lusíadas, o poeta invoca as Tágiges. Assinale a 12. Assinale a alternativa que apresenta informação equivocada sobre um
alternativa que apresenta o nome da parte em que ele revela desilusão aspecto formal de Os Lusíadas.
e pede para que as musas calem a voz de sua lira.
a) ᙷᡱᙷᙶᙸĪƫƸƣżłĪƫƣĪŃǀŧÿƣĪƫģĪżŏƸżǜĪƣƫżƫĜÿģÿǀŰÿ᠇
a) Introdução.
b) Esquema de rimas: ABABABCC.
b) Invocação.
c) Narração. c) Oito cantos originais e dois agregados em versão recente. Resposta: C.
d) Epílogo. Resposta: D. d) 8 816 versos decassílabos.
Junte os pontos
Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.
Tema e estrutura
Tema: história de Portugal
Enredo não segue ordem cronológica. Booktube
A obra Os Lusíadas Maravilhoso pagão: intervenção de seres
sobrenaturais. Estímulo à leitura.
Maior epopeia em Passagens mais conhecidas: Inês de Castro,
língua portuguesa. Preconceitos em
O Velho do Restelo e O Gigante Adamastor. relação à abordagem.
Inspirada na obra de
Homero e Virgílio. Público jovem.
Estrutura formal Poder de influência e
Herói plural: o povo português. Dez cantos comercialização.
Três partes:
Introdução
(proposição, invocação e dedicatória);
narração;
epílogo.
do rio Tejo, para inspirá-lo a fazer o poema; na dedicatória, o poeta dedica o poema a dom Sebastião, rei de Portugal.
35
Leia o excerto da matéria sobre Lavinia Fontana, uma das expoentes da arte renascentista.
Lavinia Fontana não foi apenas uma pintora profissional num período em que isso não era comum, mas também uma
celebridade em sua pátria. Era amada e considerada exemplar em suas maneiras, erudição e comportamento. Apesar de não
ter origem nobre, casou-se com um homem que elevava seu status social, sendo querida e admirada por nomes como o cardeal
Gabriele Paleotti, autor de umas das mais importantes obras a respeito da importância das imagens para o cristianismo após
o Concílio de Trento. Ainda, seu nome consta de uma lista de laureadas pela Universidade de Bolonha, publicada em 1666. Em-
bora não tenhamos certeza sobre sua ligação institucional com a universidade, isso certamente significa que foi educada em
nível alto o suficiente para que assim fosse vista socialmente. Lavinia Fontana foi capaz não só de prover sua família com seu
trabalho, mas o fez sendo uma figura respeitada, acolhida e apoiada pela sociedade de Bolonha.
Poderíamos pensar estar diante de uma contradição — como poderia uma mulher que estava ultrapassando limites não ser
vista como transgressora, mas, pelo contrário, como parte orgânica da sociedade que estaria tensionando? Da maneira como
vejo, o cuidado de Lavinia com as balizas sociais e seu sucesso se integram num todo coerente. Tudo indica que sua carreira
bem-sucedida de artista se deva também à impecável administração de sua imagem pública e rede de contatos, engendradas
ambas em sua família.
A formação tradicional de um artista exigia do aluno grande frequência no ambiente masculino do ateliê do mestre, duran-
te períodos longos. Essa prática dificilmente poderia ser considerada apropriada para uma adolescente virginal. Isso explica por
que a biografia de Lavinia e de várias outras artistas legadas a nós pelo Renascimento tem em comum a figura do pai artista.
Sem sair de casa, a filha de um artista tinha acesso à aprendizagem do ateliê e provavelmente também (ainda que de forma
fragmentária) a aspectos práticos do métier, como negociação de preços, gestão de encomendas e formação de clientela.
O pai de Lavinia, Prospero Fontana, foi um dos pintores bolonheses mais importantes de sua geração. A família da mãe
de Lavinia, Antonia de Bonardis, possuía uma das mais importantes tipografias de Bolonha no período, o que lhes assegurava
trânsito e contato com a intelectualidade ligada a universidade. Prospero não tinha origem aristocrática, mas era um homem
habilidoso e conseguiu conquistar uma posição respeitável na cidade. Os Fontana moravam numa grande casa, decorada com
esmero numa das ruas mais elegantes da Bolonha quinhentista. O endereço e a qualidade da habitação certamente visavam
manter na residência uma frequência importante de acadêmicos de destaque, mercadores abastados e nobres, de forma a
garantir uma rede de contatos que propiciasse as encomendas de que o pintor necessitava. Por outro lado, por conta disso seu
estilo de vida era bastante custoso. Chama a atenção na trajetória de Lavinia que seus primeiros quadros assinados sejam de
quando ela já estava com 23 anos, idade um tanto tardia para uma profissão que em geral começava na adolescência. Neste
momento, Prospero estava longe do auge de sua carreira. Após o casamento da artista, aos poucos o trabalho de Lavinia se
constituiu na fonte de sustento da família, incluindo seus pais, até a morte de ambos. Seu marido, Gian Paolo Zappi, era parte
de um dos muitos braços de uma numerosa família nobre de Imola.
GUIDE, Juliana Ferrari. Mulheres do Renascimento: Lavinia Fontana. Estadão, 17 out. 2019. Disponível em:
https://estadodaarte.estadao.com.br/mulheres-do-renascimento-lavinia-fontana. Acesso em: 19 abr. 2021.
1. Comente como o texto evidencia a questão da autonomia feminina durante o Renascimento e relacione o tema aos dias atuais. Indique outro
valor percebido para o alcance da autonomia da pintora.
Espera-se que os alunos comentem sobre a exceção apresentada pelo texto, porque, na época, a mulher não tinha autonomia para ter uma carreira,
até então ocupada exclusivamente por homens. A autonomia e o reconhecimento alcançados por Lavinia (e outras poucas artistas da época) por meio
de seu trabalho é louvável e foi possível por meio de uma rede de cooperação, que administrou sua trajetória e a protegeu de situações de violência
contra a mulher. Os alunos possivelmente comentarão que, infelizmente, até os dias atuais, essa questão ainda não está completamente resolvida,
porque, mesmo que as mulheres sejam muito mais autônomas do que já foram no passado, ainda sofrem as pressões de uma cultura machista,
36
Literatura
Data: Turma:
Esperavas de viver,
1. (Unicamp-SP) Os excertos foram extraídos do Auto da barca do inferno,
calaste dous mil enganos...
de Gil Vicente.
tu roubaste bem trint’anos
[...] FIDALGO: Que leixo na outra vida o povo com teu mester. [...]
quem reze sempre por mi.
SAPATEIRO: Pois digo-te que não quero!
DIABO: [...] E tu viveste a teu prazer,
DIABO: Que te pês, hás-de ir, si, si!
cuidando cá guarecer
por que rezem lá por ti!...[...] SAPATEIRO: Quantas missas eu ouvi,
não me hão elas de prestar?
ANJO: Que querês?
DIABO: Ouvir missa, então roubar,
FIDALGO: Que me digais,
é caminho per’aqui.
pois parti tão sem aviso,
se a barca do paraíso (VICENTE, Gil. Auto da barca do inferno. In: BERARDINELLI,
Cleonice. (org.). Antologia do teatro de Gil Vicente. Rio de Janeiro: Nova
é esta em que navegais.
Fronteira; Brasília: INL, 1984, p. 57-59 e 68-69.)
ANJO: Esta é; que me demandais? a) £żƣƢǀĪƣÿǭĘżĪƫƠĪĜőǿĜÿżǿģÿŧŃżīĜżŲģĪŲÿģżÿƫĪŃǀŏƣŲÿěÿƣĜÿģż
FIDALGO: Que me leixês embarcar. inferno? E o sapateiro?
sô fidalgo de solar,
A “razão específica” pela qual o fidalgo é condenado ao inferno
é bem que me recolhais.
resume-se na palavra “tirania”, que pode ser entendida como
ANJO: Não se embarca tirania
neste batel divinal. autoritarismo arrogante (“desprezastes os pequenos”), pretensioso
FIDALGO: Não sei por que haveis por mal
(“generoso”, “fumoso”) e abusivo em seus privilégios (“cadeira”,
Que entr’a minha senhoria.
ANJO: Pera vossa fantesia “rabo”, “senhorio”). O sapateiro é condenado por sua desonestidade:
mui estreita é esta barca. “tu roubaste bem trint’anos / o povo com teu mester”.
FIDALGO: Pera senhor de tal marca
nom há aqui mais cortesia? [...]
ANJO: Não vindes vós de maneira
pera ir neste navio.
Essoutro vai mais vazio:
a cadeira entrará
e o rabo caberá
e todo vosso senhorio.
Vós irês mais espaçoso b) ŧīŰģÿƫłÿŧƸÿƫĪƫƠĪĜőǿĜÿƫģĪƫƫĪƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠁ŊĀǀŰÿżǀƸƣÿ᠁
com fumosa senhoria, comum a ambos e bastante praticada à época, que Gil Vicente
cuidando na tirania ĜżŲģĪŲÿ᠇SģĪŲƸŏǿƢǀĪĪƫƫÿłÿŧƸÿĪŏŲģŏƢǀĪģĪƢǀĪŰżģżĪŧÿÿƠÿƣĪĜĪ
do pobre povo queixoso; em cada um dos personagens.
e porque, de generoso, A falta comum a ambas as personagens é a crença de que a devoção
desprezastes os pequenos,
achar-vos-eis tanto menos religiosa, ainda que alheia (Fidalgo: “[...] leixo na outra vida / quem reze
quanto mais fostes fumoso. [...] sempre por mi”), desonera o pecador de seus pecados e lhe franqueia
SAPATEIRO: [...] E pera onde é a viagem?
o paraíso (Sapateiro: “Quantas missas eu ouvi, / não me hão elas
DIABO: Pera o lago dos danados.
de prestar?”).
SAPATEIRO: Os que morrem confessados,
onde têm sua passagem?
DIABO: Nom cures de mais linguagem!
Esta é a tua barca, esta!
[...] E tu morreste excomungado:
não o quiseste dizer.
37
ordenou, por razões de Estado, o assassinato da amante do filho. e) adverte os marinheiros portugueses dos perigos que eles podem
encontrar para buscar fama em outras terras.
Assim, o verso “Tuas aras banhar em sangue humano” significa que
4. Leia as afirmações sobre booktube:
o deus Amor exigiu o sacrifício da vida de Inês em seu altar (“ara”).
I. Apresenta formato diferenciado de outras mídias veiculadas nas
redes sociais.
II. É visualizado ocasionalmente por jovens.
III. FżƣŰÿĜżŰǀŲŏģÿģĪƫÿěĪƣƸÿƫĪƠżǀĜżǿīŏƫ᠇
IV. Gera polêmicas em relação às editoras e ao mundo acadêmico.
Primeira Missa no Brasil, de Victor Meirelles, 1860. Óleo sobre tela, 268 cm × 356 cm. Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
Este quadro exalta a primeira missa rezada no Brasil, a qual ocorreu em 1500.
Inicie a jornada!
Quinhentismo: contexto histórico
O Quinhentismo é o nome dado ao conjunto de criações escritas de inegável importância histórica, produzido
durante o século XVI. No Brasil, coincide com o início da nossa colonização pelos portugueses. Nessa época se es-
creveram narrativas de caráter informativo – as crônicas de viagem –, que descreviam os espaços encontrados pelos
colonizadores, relatando os tipos humanos e seus costumes, a flora e a fauna.
Por essa razão, a Carta do Descobrimento (Carta a el-Rei Dom Manoel sobre o achamento do Brasil), escrita por
Pero Vaz de Caminha, em 1500, é um marco importante. Esse primeiro documento escrito a retratar o Brasil não é
literatura, no sentido estrito da palavra, porque, como outros textos da época, não manifestava intenções artísticas.
Visualize imagens dos ori- Também não pode ser tratado literalmente como literatura brasileira, pois ela ainda não tinha a própria identidade.
ginais da carta escrita por Como era de se esperar, toda a produção do Quinhentismo foi realizada com língua e estilo portugueses. Também
Pero Vaz de Caminha, na
página on-line do arquivo da foi marcada pelo imaginário europeu da época e pelos objetivos das Grandes Navegações, relacionados à busca de
Torre do Tombo, localizado novos territórios para extrair riquezas, incrementar o comércio europeu e expandir a fé católica. Durante o primeiro
em Portugal.
século da colonização no Brasil, os cronistas seguiram documentando os acontecimentos e o progresso na Colônia,
ainda refletindo a estranheza estrangeira na tentativa de interpretar o que viam.
2
Literatura
Anotações
O que você conhece da Carta de Caminha? Como as intenções da expedição portuguesa se manifestam no texto?
Comente esses aspectos com seus colegas de classe antes de seguirmos com a exposição do conteúdo.
Ao comparar o texto lido com o quadro Primeira Missa no Brasil, pintado na segunda metade do século XIX, pode-
-se observar que ambos retratam o mesmo momento histórico. Isso sugere que o pintor conhecia a carta de Pero Vaz
de Caminha. A Carta de Achamento, aliás, é revisitada por muitos outros artistas ao longo dos séculos, confirmando
a importância dessa produção. Como a pintura foi produzida em um período artístico que valorizou fortemente as
características nativistas do território brasileiro, ela sacralizou e exaltou o momento de realização da primeira missa.
O Quinhentismo no Brasil foi dividido em duas tendências: literatura informativa e literatura jesuítica.
Literatura de informação
Os textos informativos sobre o Brasil, escritos por vários autores portugueses, como Pero Vaz de Caminha, Pero de
Magalhães Gândavo, Gabriel Soares de Sousa e Pero Lopes de Sousa, e de outras origens, como Jean de Léry e Hans Staden,
buscaram dar notícia geográfica da terra recém-descoberta. Eram narrativas que refletiam variadas atitudes dos cro-
nistas, exploradas nos estudos históricos e literários. Elas variam da observação objetiva e curiosa aos comentários
jocosos com juízo moral negativo. A contaminação da descrição pelos padrões culturais do homem europeu católico-
-medieval imprimiu a esses documentos uma objetividade relativa.
Além disso, outro aspecto importante a ser observado nesses textos é o tom entusiástico empregado na descrição
da natureza, derivado dos mitos europeus, que imaginam o Novo Mundo como um paraíso. O estudo dessa caracte-
rística ajuda a entender as razões de a exaltação da natureza ser um dos aspectos mais marcantes de toda a literatura
brasileira posterior, seja para reforçar sentimentos de ufanismo, orgulho da terra, exploração da cor local, ou criticar
essa visão tão delimitadora de nossas capacidades como nação.
Leia o comentário que José Aderaldo Castello faz da Carta de Pero Vaz de Caminha, considerada a certidão de nasci-
mento do Brasil para o mundo da manifestação escrita ocidental.
A carta de Caminha, desde que foi reconhecida pelos modernistas brasileiros, deixou de ser ape-
nas um documento histórico. Passou a ser valorizada como uma página de observação espontânea, até
ingênua, de legítima criação literária, mistificadora da visão primeira. Atinge o leitor atual com o seu
lirismo espontâneo e o seu humor rude, o seu impressionismo. Além do mais, o interesse linguístico
que representa ao exprimir as primeiras soluções de comunicação com o novo mundo descoberto, tão
oposto ao universo de onde provinha o descobridor. Também a ênfase dada a um programa humanístico
e cristão do expansionismo, caso a “visão do paraíso”, o eldorado entrevisto, de todo não se objetivasse.
Transformou-se num foco de renovação efetiva, de permanente vibração, ao mergulharmos no passado,
em busca das emoções iniciais das nossas origens.
CASTELLO, José Aderaldo. A literatura brasileira: origens e unidade.
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1999. p. 55.
3
Literatura jesuítica
Olga Popova/Shutterstock
Como estratégia de colonização da terra descoberta, os jesuítas chega-
ram em 1549, junto com o primeiro governador-geral, Tomé de Sousa. A in-
tenção da Companhia de Jesus era educar os colonos que aqui se instalaram
e catequizar os indígenas que viviam na costa brasileira para serem social-
mente úteis. Para esse segundo propósito, usaram principalmente o teatro
e a poesia com objetivos pedagógicos e doutrinários. Por essa razão, a pro-
dução jesuítica, composta por outros textos, como sermões e relatórios, do
mesmo modo que os textos informativos, não é considerada uma produção
literalmente literária, ainda que guardem relativo valor estético maior que o
das crônicas dos viajantes.
José de Anchieta e Manuel da Nóbrega foram os padres jesuítas mais des-
Professor, instrua os alunos
a clicarem para conhecer o tacados desse momento. Nóbrega não produziu uma obra sistemática e de
Museu de Arte Sacra dos valor literário reconhecível, mas sua postura de defesa do indígena como um
Jesuítas.
ser humano igual a qualquer outro lança sementes para a posterior exaltação
do indígena, o que se verá em Caramuru, de frei Santa Rita Durão, no século ®ĪŧżĜżŰĪŰżƣÿƸŏǜżģÿěĪÿƸŏǿĜÿğĘżģżƠÿģƣĪ
XVIII, e em tantas outras produções literárias em diversos momentos. José de Anchieta, lançado na década de 1980.
4
Literatura
Anotações
Anchieta, além de poemas de devoção cristã escritos em redondilhas, produziu vários autos com intenção peda-
gógica. Seu interesse pela língua gerou o primeiro dicionário na língua tupi-guarani, assim como as seguintes obras:
Arte de Gramática da Língua Mais Falada na Costa do Brasil e Cartilha dos Nativos. Seu repertório literário ainda inclui cartas
de caráter informativo, textos variados para facilitar a catequese, como canções, hinos, monólogos, diálogos e textos
literários de natureza religiosa sem a intenção de catequese.
A maior diferenciação da produção escrita de Anchieta em relação aos textos informativos produzidos na mesma
época está no fato de que ela expõe grande conhecimento da língua e dos costumes locais, reveladores do maior
contato do autor com a realidade brasileira. No teatro, encontramos textos escritos não apenas em português e espa-
nhol, mas também em tupi. São produções religiosas, revestidas de conteúdo folclórico, sob forte influência do autor
Parenética: arte de
humanista português Gil Vicente. Os autos e os sermões de Anchieta evidenciam que ele foi o iniciador do teatro e da pregar, coleção de sermões.
parenética jesuítica no Brasil.
Leia a seguir exemplos da produção literária de Padre José de Anchieta.
TEMA
Após a cena do martírio de São Lourenço, Guaixará chama Aimbirê e Saravaia para ajudarem a per-
verter a aldeia. São Lourenço a defende, São Sebastião prende os demônios. Um anjo manda os sufoca-
rem Décio e Valeriano.
Quatro companheiros acorrem para auxiliar os demônios. Os imperadores recordam façanhas,
quando Aimbirê se aproxima. O calor que se desprende dele abrasa os imperadores, que suplicam a
morte. O Anjo, o Temor de Deus, e o Amor de Deus aconselham a caridade, contrição e confiança em São
Lourenço. Faz-se o enterro do santo. Meninos índios dançam.
Texto monográfico
“Texto monográfico” é um termo que abarca vários gêneros textuais de natureza acadêmica, produzidos durante o
processo de um curso de graduação e de pós-graduação ou para a finalização de pesquisas cientíticas. O termo “mono-
gráfico” se refere à natureza monotemática desses gêneros que, dependendo de sua especificidade, podem ser tam-
bém monoautorais. A monografia é um deles e tem como característica fundamental ser uma produção apresentada
na fase conclusiva de uma etapa de estudos universitários. Também é utilizada como culminância de um processo
de contínua produção de diferentes gêneros acadêmicos, como seminário, resumo, debate, resenha, exposição oral,
projeto de pesquisa, relatórios, entre outros.
Como produção de natureza acadêmica, o texto monográfico deve apresentar o resultado da exploração extensa
e profunda de um tema com linguagem formal e objetiva. Deve embasar-se não apenas em estudos teóricos e con-
ceituais consistentes e validados cientificamente, mas também em rigorosos padrões metodológicos e técnicos. Para
Professor, incentive os alu-
isso, o autor utiliza preceitos de manuais de metodologia científica, de orientações das Universidades e da Associa-
nos a lerem o artigo científico
integralmente para ampliar ção Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) para alinhar sua produção com os parâmetros exigidos (citações, referên-
seus conhecimentos sobre cias, bibliografia, imagens, fonte, espaço, margens, pé de páginas, negrito, itálico, resumo, abstract, palavras-chave,
o texto monográfico. Nele, etc). Um texto monográfico articula muitos elementos da linguagem; portanto, o autor deve prezar pela coerência e
você encontrará referências
para ler a tese base, que deu coesão textual.
origem ao artigo em questão. Leia, a seguir, a introdução de um texto acadêmico, que divulga um trabalho monográfico.
6
Literatura
Relacione
O Quinhentismo é um período histórico também estudado por outras disciplinas, por exemplo, História e Geografia. Para
ampliar sua compreensão das transformações pelas quais passou o mundo, a partir do século XVI, leia as abordagens
dessas disciplinas para tratar o tema. Isso facilitará o entendimento do contexto que cercou os feitos relacionados às
Grandes Navegações e como o mundo foi configurado depois da expansão marítima. No caso específico da atuação dos
jesuítas no Brasil, leia textos que expliquem o episódio de sua expulsão do país pelo Marquês de Pombal, para vislumbrar as
consequências do projeto iniciado logo após o Descobrimento.
Reprodução/Enem, 2013.
gente interpretação sobre o caso que conheço.
Ponto prévio: o historiador Contente Domingues não põe
em causa a veracidade da viagem. Mas, antes de atribuirmos
a primazia da descoberta do Brasil a Duarte Pacheco, é preciso
perguntar duas coisas. Em primeiro lugar, o que significa “des-
cobrir”. E, em segundo, o que pensou o próprio Duarte Pacheco
ter “descoberto” em 1498. […]
Conclusões? “Descobrir” não é o mesmo que chegar pri-
meiro, escreve o autor. Mesmo essa discussão – saber quem foi
o primeiro – é hoje secundária.
Como escreve Domingues, “‘descobrimento’ implica a in-
corporação do conhecimento de uma nova terra no patrimô-
nio geográfico coletivo” (p. 19-20).
E, pormenor fundamental, “‘descobrimento’ implica ain-
da o regresso, por norma, e em resultado dessa incorporação
no patrimônio geográfico coletivo” (p. 20). É correto supor que
Duarte Pacheco esteve no Brasil antes de Cabral. Mas essa pri-
PORTINARI, C. O descobrimento do Brasil. 1956. Óleo sobre tela, 199 × 169 cm.
mazia não lhe confere o título de “descobridor”. Disponível em:<www.portinari.org.br>. Acesso em: 12 jun. 2013.
COUTINHO, João Pereira. Quem descobriu o Brasil? Folha de S.Paulo. Reprodução/ENEM
Disponível em: www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/73474-quem-
descobriu-o-brasil.shtml?origin=folha. Acesso em: 2 maio 2021. Pertencentes ao patrimônio cultural brasileiro, a carta de Pero Vaz de
Caminha e a obra de Portinari retratam a chegada dos portugueses ao
a) Depois de ler o excerto, explique por que o tema tratado pelo texto Brasil. Da leitura dos textos, constata-se que
se relaciona com o Quinhentismo. a) a carta de Pero Vaz de Caminha representa uma das primeiras
O tema abordado pelo autor se relaciona com o Quinhentismo, por- manifestações artísticas dos portugueses em terras brasileiras e
que trata de uma polêmica surgida na época das Grandes Navega-
ções, quando se descobriu o Brasil. preocupa-se apenas com a estética literária.
b) a tela de Portinari retrata indígenas nus com corpos pintados, cuja
b) Comente por que o autor considera secundária a discussão à qual
ŃƣÿŲģĪƫŏŃŲŏǿĜÿğĘżīÿÿǿƣŰÿğĘżģÿÿƣƸĪÿĜÿģįŰŏĜÿěƣÿƫŏŧĪŏƣÿĪÿ
faz menção.
O autor considera a discussão à qual faz menção como algo secun- contestação de uma linguagem moderna.
dário na atualidade, porque já está consagrado que o descobridor do
Brasil foi o português Pedro Álvares Cabral. Diante dessa verdade, já c) a carta, como testemunho histórico-político, mostra o olhar do
não cabem questionamentos, porque é uma questão já bem resolvida colonizador sobre a gente da terra, e a pintura destaca, em primeiro
historicamente. plano, a inquietação dos nativos. Resposta: C.
c) Como o autor do texto resolve a polêmica criada entre “chegar
primeiro” e “descobrir”? d) as duas produções, embora usem linguagens diferentes – verbal e
O autor esclarece que Duarte Pacheco “chegou primeiro”, mas o des-
não verbal –, cumprem a mesma função social e artística.
cobridor foi Pedro Álvares Cabral, porque “descobrir” implica a inten-
ção de incorporar o conhecimento de uma nova terra ao patrimônio e) a pintura e a carta de Caminha são manifestações de grupos
geográfico coletivo como um projeto. E esse papel coube a Pedro
Álvares Cabral. Uma prova histórica disso é a Carta do Descobrimen- étnicos diferentes, produzidas em um mesmo momento histórico,
to, escrita por Pero Vaz de Caminha. retratando a colonização.
8
Literatura
Guaixará
3. (UFGD-MS) Leia o trecho do Auto de São Lourenço, de José de Anchieta.
Esta virtude estrangeira
PERSONAGENS:
Me irrita sobremaneira.
GUAIXARÁ: rei dos diabos
Quem a teria trazido,
AIMBIRÊ SARAVAIA: criados de Guaixará
com seus hábitos polidos
TATAURANA URUBU JAGUARUÇU: companheiros dos diabos
estragando a terra inteira?
VALERIANO DÉCIO: imperadores romanos
SÃO SEBASTIÃO: padroeiro do Rio de Janeiro
SÃO LOURENÇO: padroeiro da aldeia de São Lourenço [...] Só eu
TEMA: permaneço nesta aldeia
Após a cena do martírio de São Lourenço, Guaixará cha- como chefe guardião.
ma Aimbirê e Saravaia para ajudarem a perverter a aldeia. São Minha lei é a inspiração
Lourenço a defende, São Sebastião prende os demônios. Um que lhe dou, daqui vou longe
anjo manda-os sufocarem Décio e Valeriano. Quatro compa- visitar outro torrão.
nheiros acorrem para auxiliar os demônios. Os imperadores
recordam façanhas, quando Aimbirê se aproxima. O calor Quem é forte como eu?
que se desprende dele abrasa os imperadores, que suplicam Como eu, conceituado?
a morte. O Anjo, o Temor de Deus, e o Amor de Deus aconse- Sou diabo bem assado.
lham a caridade, a contrição e a confiança em São Lourenço. A fama me precedeu;
Faz-se o enterro do santo. Meninos índios dançam. Guaixará sou chamado.
Disponível em: www.virtualbooks.com.br/v2/ebooks/pdf/00069.pdf.
Acesso em: 15 set. 2019. Meu sistema é o bem viver.
Assinale a alternativa que contém as características corretas, acerca da Que não seja constrangido
o prazer, nem abolido.
linguagem literária do escritor Pe. José de Anchieta.
Quero as tabas acender
a) Nos cinco atos da peça teatral Auto de São Lourenço, o autor se utiliza
com meu fogo preferido.
da visão maniqueísta (dualismo religioso), para representar de
maneira pedagógica o “bem” e o “mal”. Um exemplo é a seleção do
Boa medida é beber
idioma, sendo o português e o espanhol para as falas dos protetores, cauim até vomitar.
enquanto o tupi e o guarani são ditos pelos seres demoníacos. Isto é jeito de gozar
b) Com uma temática religiosa, o texto em poesia e prosa utiliza-se a vida, e se recomenda
da paródia e do discurso indireto, para evidenciar personagens a quem queira aproveitar.
culturalmente estereotipados, em especial, o indígena.
c) O referido Auto apresenta uma função didático religiosa, com a A moçada beberrona
descrição de metodologias lúdicas envolvendo, principalmente, o trago bem conceituada.
Valente é quem se embriaga
teatro, pois seu objetivo era salvar o seu público da barbárie pelo
e todo o cauim entorna,
ensinamento da doutrina da Igreja Católica. Resposta: C.
e à luta então se consagra.
d) Como José de Anchieta foi um padre jesuíta espanhol, o Auto de
São Lourenço é uma peça teatral formada por textos narrativos que Que bom costume é bailar!
visam à catequese dos jesuítas e dos índios nas regiões dominadas Adornar-se, andar pintado,
ƠĪŧÿ/ƫƠÿŲŊÿ᠁ģĪƫĜƣĪǜĪŲģżǿĪŧŰĪŲƸĪÿƫĜżŲģŏğƛĪƫĪŲĜżŲƸƣÿģÿƫ tingir pernas, empenado
pelos colonizadores europeus no Novo Mundo. fumar e curandeirar,
e) Com seu talento para o teatro, José de Anchieta evidencia, no andar de negro pintado.
Auto de São Lourenço, as pluralidades linguística e cultural ao
apresentar personagens europeus e brasileiros em detrimento dos Andar matando de fúria,
protagonistas indígenas. amancebar-se, comer
um ao outro, e ainda ser
4. Leia o segundo ato do Auto representado na festa de São Lourenço, de espião, prender Tapuia,
dżƫīᡰģĪŲĜŊŏĪƸÿ᠇ desonesto a honra perder.
Faça em casa
1. (Enem) e) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez
que o índio representado é objeto da catequização jesuítica.
Reprodução/Enem, 2009.
Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem
2. (UFPB) Em seu texto, Gabriel Soares de Sousa
prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos.
a) limita-se à descrição dos costumes indígenas, sem emitir nenhum Porém a terra em si é de muito bons ares, assim frios e tempe-
juízo de valor. rados, como os de Entre-Douro e Minho, porque neste tempo
b) destaca apenas qualidades negativas dos índios tupinambás, a de agora os achávamos como os de lá.
quem chama de “bárbaros”. Águas são muitas; infindas. E em tal maneira é graciosa
que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das
c) exalta a liberdade em que vivem os índios, reconhecendo-a, águas que tem.
indiscutivelmente, como um valor intocável. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece
d) reconhece a inferioridade da cultura dos tupinambás, ao compará- que será salvar esta gente. E esta deve ser a principal semente
-la com a de outros índios do Brasil. que Vossa Alteza em ela deve lançar.
E que não houvesse mais que ter aqui esta pousada para
e) tece considerações críticas a respeito da liberdade excessiva
esta navegação de Calecute, isso bastaria. Quanto mais dis-
ģżƫᡰőŲģŏżƫ᠇Resposta: E.
posição para se nela cumprir e fazer o que Vossa Alteza tanto
3. (UFPB) Leia o fragmento. deseja, a saber, acrescentamento, da nossa santa fé.
CORTESÃO, Jaime (Org.). A carta de Pero Vaz
“[...] nem os nascidos entre os cristãos e doutrinados
de Caminha. Rio de Janeiro: Livros de
pelos padres da Companhia têm fé em Deus Nosso Senhor, Portugal Ltda, 1943. p. 239.
nem têm verdade, nem lealdade a nenhuma pessoa que lhes
faça bem.”
A leitura desse fragmento permite afirmar que o autor Houvemos vista: pudemos ver.
a) ĜżŲƫŏģĪƣÿĪǿĜÿǭÿÿğĘżģżƫšĪƫǀőƸÿƫŲÿĜżŲǜĪƣƫĘżģżƫŏŲģőŃĪŲÿƫ᠇ Delas... delas: umas... outras.
b) mostra surpresa diante do fato de os índios não terem fé em Deus, Chã: plana.
mesmo sendo doutrinados no cristianismo. Resposta: B. Praia-palma: toda praia.
c) defende, em princípio, que não se deve cobrar dos índios a fé em Deus.
Entre-Douro e Minho: regiões de Portugal.
d) reconhece a obediência dos tupinambás à conversão cristã.
Calecute: cidade da Índia para onde se dirigiam os portugueses.
e) ressalta a presença das doutrinas cristãs nas práticas religiosas
Acrescentamento: difusão, expansão.
dos índios.
12
Literatura
Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 1. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.
Quinhentismo
e texto
monográfico
2. Quais as principais características diferenciadoras dos textos monográficos em relação a outros gêneros?
Os textos monográficos são monotemáticos e monoautorais.
13
A descida da cruz, no centro da obra, uma das obras maestras de Rubens. A descida da cruz, de Peter Paul Rubens, 1612-1614. Óleo sobre tela,
4,2 m × 3,2 m. Catedral de Nossa Senhora, Antuérpia, Bélgica.
Anotações
A origem do termo Barroco é incerta e se explica por, pelo menos, duas considerações etimológicas: uma
relacionada ao termo espanhol barrueco, que significa “pérola irregular”, “defeituosa”; outra, aos processos confusos
de raciocínio, a partir do francês baroque, que equivale a “irregular”, “extravagante” ou “bizarro”. Essas acepções se
originaram da tentativa de apagamento desse novo estilo pelo Renascimento, que reforçou seu caráter “defeituoso”.
Somente no princípio do século XX é que o Barroco foi revitalizado como uma forma de expressão única, com valor
estético e significado próprio. A partir de então, suas características passaram a ser vistas com nitidez, afastadas dos
sentidos pejorativos e degenerados atribuídos a essa manifestação artística.
O Barroco em Portugal iniciou-se em 1580, com a unificação da Península Ibérica, que transformou essa parte do
continente num reduto de cultura medieval, enquanto toda a Europa experimentava vários avanços no campo das
ciências e da cultura. Esse ambiente de luta religiosa, de crise econômica e dinástica delimitou a manifestação da arte
barroca, que então se expandiu para toda a Europa. Também chamado de Seiscentismo, perduraria até 1756, com a
fundação da Arcádia Lusitana, que inaugura um novo estilo de época, o Arcadismo.
Vá além
Com o desaparecimento de D. Sebastião, em 1578, seu tio-avô assume o trono, por falta de descendentes diretos do rei. Dois anos
depois, o novo regente morre e o trono português novamente fica vazio, porque ele também não tinha herdeiros. Para resolver
essa crise de sucessão, três pretendentes ao trono alegam parentesco com D. Sebastião. Um deles foi o rei espanhol Felipe II, que,
com apoio da nobreza portuguesa, assumiu o trono após invadir o país e coroar-se rei de Portugal, unificando as duas Coroas.
Em relação ao Brasil, o contexto histórico do Barroco foi apenas uma extensão dos acontecimentos em Portugal. Com o ciclo
da cana-de-açúcar, Salvador e Recife foram as cidades mais importantes na época. Por isso, foi nessa região, particularmente
em Salvador, que esse estilo de época teve sua referência mais forte, tanto nas artes plásticas como na literatura.
Características artísticas
Até o século XX, o Barroco, por optar pela suntuosidade, grandeza, rebuscamento e sinuosidade das formas
e dramaticidade refletida nos altares das igrejas, foi interpretado como forma de decadência e degeneração da
arte renascentista.
Tanto na pintura como na arquitetura, preferiu-se o jogo de luz e sombra, com preferência à obscuridade. Voltou-
-se para a dramaticidade dos movimentos e para o sensualismo visual percebidos na expressão dos corpos humanos
e nas formas arredondadas e retorcidas de pilastras e volutas. A angústia existencial levou à prática de preenchimento
de todos os espaços vazios com elementos que reforçaram a exuberância sensorial. Na pintura, tão divulgada pelo
mundo, destacam-se Velázquez, Rubens, Caravaggio, Van Dyck, Rembrandt e Vermeer, entre outros.
Na música, o estilo barroco se manifestou pela dramaticidade, pela apoteose e pela melancolia. O ritmo crescente,
a repetição temática e os abundantes arabescos promoviam uma exacerbação emocional, capaz de enternecer os
corações dos ouvintes. Bach, Händel, Vivaldi e Corelli estão entre os principais compositores de música erudita da época.
O Barroco literário, em sua manifestação pela Europa, recebeu nomes variados: Gongorismo, na Espanha; Marinismo,
na Itália; Eufuísmo, na Inglaterra; Preciosismo, na França; Silesianismo, na Alemanha. A produção literária portuguesa foi
fortemente influenciada pelo Sebastianismo, mito gerado pelo desaparecimento de D. Sebastião na África, que gerou, no
povo, a esperança do seu retorno para transformar Portugal no Quinto Império. Os autores mais representativos do Barroco
português foram: padre Antônio Vieira (também considerado um autor importante na literatura brasileira), Francisco
Rodrigues Lobo, D. Francisco Manuel de Melo, padre Manuel Bernardes, frei Luís de Sousa e Antônio José da Silva.
No Brasil, particularmente no Nordeste, as manifestações barrocas na literatura e nas artes plásticas foram
concomitantes. Já em Minas Gerais isso não ocorreu, porque ali se manifestou um estilo tardio, meio rococó, único no
mundo, que coincidiu com as manifestações árcades nacionais, no século XVIII. Artistas como Antônio Francisco Lisboa
– conhecido como Aleijadinho – e Manuel da Costa Ataíde – o Mestre Ataíde – destacaram-se na arquitetura, escultura
e pintura, respectivamente. Costuma-se afirmar que o Barroco mineiro ganhou mais originalidade, porque os artistas
começaram a se inspirar nos tipos brasileiros, como se pode observar nos traços das esculturas e das pinturas, que
trazem referências aos mestiços.
Comente com os colegas de sala o seu conhecimento da arte barroca e os aspectos que mais lhe chamam a atenção.
Anotações
nem construir como fechar secretos;
construir portas abertas, em portas;
casas exclusivamente portas e teto.
O arquiteto: o que abre para o homem
(tudo se sanearia desde casas abertas)
portas por-onde, jamais portas-contra;
por onde, livres: ar luz razão certa.
Fundindo trabalho e utopia, os versos apontam para uma visão da forma como éthos: tornar são,
habitável, respirável. “Construir portas,/ de abrir” é, para Cabral, tanto uma estética quanto uma moral
praticáveis a partir de certos objetos e valores. Sem uma pontuação que prenda ou limite a livre vibração
do arranjo no verso final da estrofe – “ar luz razão certa” –, o poema se organiza com a abertura que propõe
como tarefa do arquiteto. O leitor que queira rearranjar tal combinação, tornando-a mais “estável”, come-
çará, decerto, pelo par “ar luz” – reunião dos elementos naturais –, estabelecendo um segundo par – “razão
certa” –, que sugere tanto o atributo do arquiteto quanto uma qualificação de um espaço ideal, concebido
no cumprimento rigoroso da racionalidade. No entanto, o elemento “ar” pode ser lido como unidade,
dando vez ao par “luz razão”, cabendo a qualquer um dos nomes a função de adjetivar o outro, ambas
as operações destacando uma mesma imagem crítica: a junção do natural e do racional como condições
privilegiadas da existência humana. Já a tríade “luz razão certa” concentraria no último termo a tarefa
de qualificar, e, acoplado àquele imediatamente anterior, faria com que “luz” voltasse a ser um elemento
solto, como uma luminosidade absoluta, desprendida da razão como qualidade espiritual, mas também,
a um só tempo, radiação, fenômeno natural. E, ainda, “certa” poderia ser o qualificativo de “luz”, ficando
soltos os elementos “ar” e “razão”. Leitura mais lucrativa será aquela que abrir mão da tentativa estéril de
pontuar – atar, fechar – o que deve permanecer em aberto, como culminância do poema, que, além de elo-
gio da tectônica, incorpora o vazio, a leveza, a aeração, a pluralidade, graças à manipulação da sintaxe, que
define espaços, edifica cheios e vazios. O efeito final é o de uma arquitetura ativa, que recebe claridade e
que a emite. Resultante da razão, a claridade não se destina apenas aos nossos olhos: ela esclarece, guia, é
percepção, juízo, inteligência; mais que isso, alcança-nos por outros sentidos, realizando-se como beleza,
harmonia, equilíbrio, liberdade. Para falar em termos corbusianos, temos aí – no poema e nos princípios e
nas normas de que ele trata – a máquina de comover.
FERRAZ, Eucanaã. Construir portas abertas. Revista Serrote, n. 35 e 36.
Disponível em: www.revistaserrote.com.br/2020/12/construir-portas-
abertas-por-eucanaa-ferraz/. Acesso em: 6 maio 2021.
NOTAS
1. Os irmãos Roberto – Marcelo, Milton e Maurício – foram os criadores do escritório carioca MMM Roberto, um dos mais
importantes no Brasil da segunda metade do século XX.
2. Refiro-me aqui a algumas conversas minhas com Rodrigo Cabral de Melo.
O excerto lido é um ensaio, gênero textual opinativo, expositivo e argumentativo, cujo objetivo é expor, inter-
pretar e marcar um ponto de vista sobre determinado tema, analisado por meio de argumentos. Essas características
de domínio temático e especialização intelectual ficam claras a partir da etimologia da palavra em latim exagium,
que significa “peso”. É um gênero conhecido desde a Antiguidade clássica, mas passou a ser mais utilizado a partir
ģżᡰ¦ĪŲÿƫĜŏŰĪŲƸż᠇
Em virtude de sua natureza, o ensaio propõe a valoração por parte do leitor e a reflexão temática, sem o com-
promisso de oferecer resultados conclusivos. Ainda que seja uma escrita subjetiva, tende a apresentar introdução,
desenvolvimento e conclusão. A exposição do assunto pode tanto partir do particular para o geral quanto do geral para
o particular. Diferentemente dos textos tradicionalmente monográficos, que são mais extensos, o ensaio tem extensão
variada e nasce da liberdade temática, de enfoque e de estilo.
O excerto lido é um trecho de um ensaio literário, porque, além da originalidade do tema, apresenta estilo com
propósito estético e expressa um testemunho pessoal e didático. Esse tipo de ensaio é mais informal que os textos de
natureza científica, por mesclar análise lógica e expressão criativa. De modo geral, trata de análises de expressões artís-
ticas, como a literatura, a música, a pintura, a arquitetura, entre outras.
O ensaio científico, por sua vez, trata de temas de interesse acadêmico e se aproxima mais dos textos monográfi-
cos. Por essa razão, ainda que expresse a liberdade do autor, deve basear-se em um método e apresentar a bibliografia
que sustenta o ponto de vista defendido. Como prática escolar, pode ser usado para verificar os limites de um projeto
de pesquisa.
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12
17
êxtase da santa.
Reprodução/Enem, 2012.
Itália. ©Marie-Lan Nguyen
Reprodução/Museus do Vaticano, Cidade do Vaticano, Itália.
Reprodução/ENEM.
BARDI, P. M. Entorno
da escultura no Brasil.
São Paulo: Banco
Sudameris Brasil, 1989.
Enterro de Cristo, de Caravaggio, 1602-1603. Óleo sobre tela, e) singularidade, esculpindo personalidade do reinado nas
300 cm × 203 cm. Pinacoteca Vaticana, Vaticano. żěƣÿƫᡰģŏǜŏŲÿƫ᠇
18
Literatura
Faça em casa
Dai-me, senhor, a só beleza
1. (Fuvest-SP) Considere a imagem e o texto para responder à questão.
destes ornatos. E não a alma.
Pressente-se dor de homem,
Reprodução/Fuvest-SP, 2017.
19
Reprodução/Insper-SP, 2016.
IV. As perspectivas não centrais sugerem uma continuidade no
espaço e no tempo.
V. Utilização constante do contraste de luz e sombra.
Assinale a alternativa que contempla somente itens corretos.
a) I, III, IV, V. Resposta: A. c) I, II, IV, V.
b) II, III, IV, V. d) I, II, III, IV.
Reprodução/UEG-GO, 2018.
www.caravaggio-foundation.org
Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Rembrandt. A Lição de Anatomia de Dr. Tulp (1632). Óleo sobre tela.
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza. Disponível em: www.historiadasartes.com/sala-dos-professores/a-licao-
de-anatomia-do-dr-tulp-rembrandt/. Acesso em: 25 abr. 2018.
Começa o mundo enfim pela ignorância,
E tem qualquer dos bens por natureza A pintura apresentada filia-se ao Barroco, o que esteticamente se evi-
A firmeza somente na inconstância. dencia pelo
MATOS, Gregório de. Poemas escolhidos (seleção e organização José a) contraste entre claro e escuro. Resposta: A.
Miguel Wisnik). São Paulo: Companhia das Letras, 2010.
b) cuidado com detalhes minimalistas.
A leitura comparativa da obra e do poema permite identificar como ca- c) foco em questões ligadas ao surreal.
racterística comum a ambos o
d) interesse em subtrair a alma humana.
a) reconhecimento da efemeridade da vida, o que abranda os
e) caráter abstrato das imagens retratadas.
ģŏŧĪŰÿƫᡰĪǢŏƫƸĪŲĜŏÿŏƫ᠇
b) apego ao transcendental, como forma de escapar aos sofrimentos Analise a obra Enterro de Cristo, de Caravaggio (pág. 18), para respon-
do mundo real. der às questões 5 e 6.
c) šżŃżģżƫĜżŲƸƣÿƫƸĪƫ᠁ĪǢƠƣĪƫƫÿŲģżżƫĜżŲǵŧŏƸżƫģǀÿŧŏƫƸÿƫģż 5. A obra em questão é uma expressão barroca porque apresenta as se-
ŊżŰĪŰᡰƫĪŏƫĜĪŲƸŏƫƸÿ᠇Resposta: C. guintes características:
20
Literatura
I. Racionalidade, evidenciada pelo equilíbrio na distribuição das a) mesclar opinião, exposição e argumentação na análise do tema.
personagens na cena. b) expressar originalidade temática ao tratar de uma manifestação
II. 'ƣÿŰÿƸŏĜŏģÿģĪ᠁ǵŧÿŃƣÿģÿƠĪŧÿĪǢƠƣĪƫƫĘżĪģŏƫƠżƫŏğĘżƸĪÿƸƣÿŧ artística.
ģÿƫᡰƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫ᠇ c) ÿƠƣĪƫĪŲƸÿƣěŏěŧŏżŃƣÿǿÿƠÿƣÿƫǀƫƸĪŲƸÿƣżƠżŲƸżģĪǜŏƫƸÿģĪłĪŲģŏģż᠇
Resposta: C.
III. Obscuridade, representada pelo jogo entre luz e sombra e o d) empregar linguagem informal ao apresentar testemunho pessoal.
enfoque na personagem central.
e) ƸƣÿƸÿƣǀŰÿƫƠĪĜƸżģĪŏŲǜĪƫƸŏŃÿğĘżĜŏĪŲƸőǿĜÿĜżŰƠƣżƠŽƫŏƸżĪƫƸīƸŏĜż᠇
IV. Religiosidade, marcada pela retratação de uma passagem de
ŃƣÿŲģĪƫŏŃŲŏǿĜÿģżĜƣŏƫƸĘż᠇ 10. (UEL-PR) Conforme sugere o excerto, o poeta barroco não raro ex-
pressa
São corretas as afirmações:
Que és terra, homem, e em terra hás de tornar
a) I, II e III. c) I, III e IV. e) I, II, III e IV.
Te lembra hoje Deus por sua Igreja;
b) II, III e IV. Resposta: B. d) II e III. De pó te fez espelho, em que se veja
A vil matéria, de que quis formar-te.
6. Em relação às características da arte renascentista, a obra em questão
a) o medo de ser infeliz; uma intensa angústia em face da vida, a que
se diferencia desse estilo artístico porque
não consegue dar sentido; a desilusão diante da falência de valores
a) retrata de forma inovadora e surpreendente uma cena religiosa terrenos e divinos.
muito conhecida pelos cristãos da época.
b) a consciência de que o mundo terreno é efêmero e vão; o
b) explora com maestria as noções de perspectiva e sentimento de nulidade diante do poder divino. Resposta: B.
dimensionamento, aspectos pouco usuais na pintura renascentista.
c) a percepção de que há saídas para o homem; a certeza de que o
c) foge do tema religioso tradicional ao apresentar uma visão aguardam o inferno e a desgraça espiritual.
marcadamente antropocêntrica do fato retratado.
d) ÿŲĪĜĪƫƫŏģÿģĪģĪƫĪƣƠŏĪģżƫżĪĜÿƣŏƸÿƸŏǜż᠁ƠÿƣÿŧĪŧÿđǜżŲƸÿģĪģĪǵŧǀŏƣ
d) evidencia, de modo degenerado e grotesco, os principais valores até as últimas consequências o lado material da vida.
estéticos da arte renascentista, como a simplicidade e a clareza.
e) a revolta contra os aspectos fatais que os deuses imprimem a seu
e) rompe com o ideal clássico, valorizando impacto emocional destino e à vida na terra.
produzido pelo tema da obra no espectador. Resposta: E.
11. (UFV-MG) Os tercetos do texto ilustram
7. O temor à morte é um dos temas da literatura barroca. Contrariando a Goza, goza da flor da mocidade,
orientação religiosa de guardar-se para a vida eterna, divulga-se o carpe Que o tempo trota a toda ligeireza,
diem, expressão latina relacionada E imprime em toda flor sua pisada.
a) ao desfrute dos prazeres da existência. Resposta: A. Oh, não aguardes, que a madura idade
b) à fuga constante do tempo. Te converta essa flor, essa beleza,
c) ao sentido de efemeridade da vida. Em terra, em cinza, em pó, em sombra, em nada.
d) à transitoriedade das coisas do mundo. (Gregório de Matos)
e) à instabilidade das coisas mundanas.
a) caráter de jogo verbal próprio da poesia lírica do séc. XVI,
8. (FAG-PR) A respeito do Barroco brasileiro, considere as seguintes infor- sustentando uma crítica à preocupação feminina com a beleza.
mações: b) jogo metafórico do Barroco, a respeito da fugacidade da vida,
exaltando gozo do momento. Resposta: B.
I. ÿƣƸĪěÿƣƣżĜÿĜÿƣÿĜƸĪƣŏǭÿᠵƫĪƠżƣÿƠƣĪƫĪŲƸÿƣģǀÿŧŏģÿģĪƫ᠁ĜżŲǵŧŏƸżƫ᠁
paradoxos e contrastes, que convivem tensamente na unidade da obra. c) ĪƫƸŏŧżƠĪģÿŃŽŃŏĜżģÿƠżĪƫŏÿŲĪżĜŧĀƫƫŏĜÿ᠁ƣÿƸŏǿĜÿŲģżÿƫƣĪǵŧĪǢƛĪƫģż
poeta sobre as mulheres maduras.
II. O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam
um imaginário bucólico, sempre povoado de pastoras e ninfas. d) ÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģĪǀŰƣżŰĈŲƸŏĜż᠁ƠżƣƢǀĪłÿŧÿģĪǵŧżƣĪƫ᠁
ƸĪƣƣÿ᠁ᡰƫżŰěƣÿƫ᠇
III. A oposição entre Reforma e Contrarreforma expressa, no plano
e) uma poesia que fala de uma existência mais materialista do que
religioso, os mesmos dilemas de que o Barroco se ocupa.
espiritual, própria da visão de mundo nostálgico-cultista.
Estão corretas:
a) Apenas I, está correta. d) Apenas III, está correta. 12. (Unifei-SP) Nos versos citados, Gregório de Matos empregou uma figura
de linguagem que consiste em aproximar termos de significados opostos,
b) Apenas II, está correta. e) I, II e III, estão corretas.
como “tristezas” e “alegria”. O nome desta figura de linguagem é:
c) Apenas I e III, estão corretas. Resposta: C. Em tristes sombras morre a formosura,
9. O ensaio científico aborda temas de interesse do mundo acadêmico, em contínuas tristezas a alegria
como os científicos e os filosóficos. O aspecto que melhor caracteriza a) metáfora. c) eufemismo. e) sinédoque.
esse tipo de ensaio é b) aliteração. d) antítese.Resposta: D.
21
Barroco
Opinativo, expositivo e
argumentativo, domínio
temático e intelectual,
reflexão, não oferece
resultados conclusivos, Ensaio
escrita subjetiva e livre,
tipos: científico e literário.
os opostos.
investigação científica.
22
Literatura
Un
o poeta das ruas 3
Renato Rios/Shutterstock
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46,
EM13LP48, EM13LP49,
EM13LP52
Inicie a jornada!
Gregório de Matos: vida e produção poética
Gregório de Matos Guerra foi um importante poeta colonial brasileiro do século XVII. Nasceu em Salvador, na
Bahia, provavelmente em 1633. De família fidalga portuguesa, estudou Humanidades no Colégio dos Jesuítas e, de-
pois, tornou-se bacharel e juiz, tendo o privilégio de ter sido um dos primeiros doutores brasileiros formados pela
Universidade de Coimbra. Atuou como advogado em Lisboa por algum tempo. Professor, incentive os alu-
De volta ao Brasil, o poeta viveu em Salvador, onde trabalhou como tesoureiro-mor da Companhia de Jesus. Entre nos a assistirem, no canal da
os 48 e 60 anos de idade, produziu a maior parte dos poemas conhecidos atualmente, marcados por uma linguagem USP, a um vídeo sobre a obra
do poeta Gregório de Matos.
própria, já matizada com o falar brasileiro. Em função da proibição da imprensa, a poesia de Gregório de Matos vai
às ruas e se torna símbolo dos “marginalizados do rígido sistema colonial”. Depois de idas e vindas na sua atividade
de advogado, integrou-se totalmente ao sabor da vida entre o povo, e seus versos passaram a ser crônica da gente da
Bahia, do Brasil colonial do século XVII.
Sob a influência de Góngora e Quevedo, conhecidos poetas espanhóis da época, por seus jogos de palavras (cultis-
mo) e de ideias (conceptismo), Gregório de Matos produziu poesia lírica e satírica. Essa última, que lhe custou o exílio
para Angola, foi desenvolvida a partir de sua participação em grupos de oposição ao poder colonial e do contato com
pessoas de diferentes origens e posições sociais.
23
O texto trata da transitoriedade e da instabilidade de todas as coisas. Para expressar essa realidade, na primeira
estrofe, o eu poético utiliza antíteses: luz × noite; tristezas × alegria. Depois, demonstra a passagem do tempo e a mu-
dança dos estados humanos e da natureza, por meio de verbos, como “nascer”, “morrer”, “seguir”, “continuar”, “acabar”,
“furar”, “transfigurar” e “fiar”. Para marcar a perplexidade que esse estado de coisas provoca no ser humano, o eu lírico
insiste com várias perguntas relacionadas às afirmações dos versos da estrofe anterior, provocando o que chamamos
de paralelismo. A valorização da forma e dos sons das palavras, os trocadilhos, a repetição e as omissões constituem
também recursos para o exercício cultista.
Anotações
Exemplo de poesia filosófica:
A cidade da Bahia
A cada canto um grande conselheiro Muitos mulatos desavergonhados,
Que nos quer governar cabana e vinha; Trazidos sob os pés os homens nobres,
Não sabem governar sua cozinha Posta nas palmas toda a picardia,
E podem governar o mundo inteiro.
Estupendas usuras nos mercados,
Em cada porta um bem frequente olheiro Todos os que não furtam muito pobres:
Que a vida do vizinho e da vizinha E eis aqui a cidade da Bahia.
Pesquisa, escuta, espreita e esquadrinha
Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/
Para o levar à praça e ao terreiro. texto/bv000119.pdf. Acesso em: 3 jul. 2017.
Converse com seus colegas sobre a atualidade temática do poema, citando exemplos de aspectos da vida dos dias de hoje nas
grandes cidades do Brasil.
Vá além
Conheça o livro Boca do inferno, de Ana Miranda, Ed. Companhia das Letras. Nessa obra, a autora, de forma ágil e com
linguagem precisa, recria o contexto da feroz luta pelo poder na cidade de Salvador, Bahia, onde vivia Gregório de Matos.
Faça em sala
1. (UFF-RJ) Texto II
Lembra-te Deus, que és pó para humilhar-te, perdoar-lhe e fechados para não o condenar. Isso prossegue em
E como o teu baixel sempre fraqueja
relação aos pés pregados, ao sangue vertido, à cabeça baixa.
Nos mares da vaidade, onde peleja,
Te põe à vista a terra, onde salvar-te. b) SŲģŏƢǀĪÿǿŃǀƣÿģĪĪƫƸŏŧżĪŲĜżŲƸƣÿģÿŲÿƫĪŃǀŲģÿĪƫƸƣżłĪĪ
ƸƣÿŲƫĜƣĪǜÿĪǢĪŰƠŧżƫƢǀĪÿĜżŲǿƣŰĪŰ᠇
Alerta, alerta, pois, que o vento berra.
Na segunda estrofe, há antítese: eclipsados / despertos;
Se assopra a vaidade e incha o pano,
Na proa a terra tens, amaina e ferra. abertos / fechados.
27
Faça em casa
Leia o soneto “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia”, do poeta Gre- 2. (Unesp) A exemplo do verso “A firmeza somente na inconstância.”
gório de Matos (1636-1696), para responder às questões 1 a 4. (4ÿᡰestrofe), verifica-se a quebra da lógica em:
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia, a) ᡆrÿƫŲż®żŧ᠁ĪŲÿhǀǭłÿŧƸĪÿǿƣŰĪǭÿ᠁ᡇᠤᙹa estrofe)
Depois da Luz se segue a noite escura,
b) “Se é tão formosa a Luz, por que não dura?” (2a estrofe)
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria. c) “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1a estrofe)
d) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1a estrofe)
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a Luz, por que não dura? e) “E na alegria sinta-se tristeza.” (3a estrofe) Resposta: E.
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia? 3. (Unesp) A figura de linguagem mais recorrente nesse soneto é
a) a hipérbole.
Mas no Sol, e na Luz falte a firmeza, b) a ironia.
Na formosura não se dê constância,
E na alegria sinta-se tristeza.
c) o eufemismo.
d) a sinestesia.
Começa o mundo enfim pela ignorância, e) a antítese. Resposta: E.
E tem qualquer dos bens por natureza
A firmeza somente na inconstância. 4. (Unesp) O verso está reescrito em ordem direta, sem alteração do seu
(Poemas escolhidos, 2010.) sentido original, em:
a) ᡆ żŰĪğÿżŰǀŲģżĪŲǿŰƠĪŧÿŏŃŲżƣĈŲĜŏÿ᠁ᡇᠤ aĪƫƸƣżłĪᠥᤨ£Īŧÿ
1. (Unesp)
ŏŃŲżƣĈŲĜŏÿ᠁ĪŲǿŰ᠁żŰǀŲģżĜżŰĪğÿ᠇
O soneto de Gregório de Matos aproxima-se tematicamente da citação:
b) “Em tristes sombras morre a formosura,” (1aĪƫƸƣżłĪᠥᤨłżƣŰżƫǀƣÿ
a) “Nada é duradouro como a mudança.” (Ludwig Börne, 1786-1837)
Resposta: A. morre em tristes sombras. Resposta: B.
b) “Não se deve indagar sobre tudo: é melhor que muitas coisas
c) “Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,” (1aĪƫƸƣżłĪᠥᤨ®żŧŲĘż
permaneçam ocultas.” (Sófocles, 496-406 a.C.)
dura mais que um dia que nasce.
c) “Nada é mais forte que o hábito.” (Ovídio, 43 a.C.-17 d.C.)
d) “A estrada do excesso conduz ao palácio da sabedoria.” (William d) “Depois da Luz se segue a noite escura,” (1aĪƫƸƣżłĪᠥᤨ®ĪŃǀĪᠵƫĪÿ
Blake, 1757-1827) noite escura depois da Luz.
e) “Todos julgam segundo a aparência, ninguém segundo a essência.” e) ᡆrÿƫŲż®żŧ᠁ĪŲÿhǀǭłÿŧƸĪÿǿƣŰĪǭÿ᠁ᡇᠤᙹĪƫƸƣżłĪᠥᤨrÿƫłÿŧƸĪÿ
(Friedrich Schiller, 1759-1805) ǿƣŰĪǭÿŲż®żŧĪŲÿhǀǭ᠇
28
Literatura
5. (IFSP) Sobre o poema de Gregório de Matos abaixo, analise as assertivas. a) a vida é breve e bela, a morte é inevitável. Resposta: A.
Amor fiel b) a vida é longa e vazia, a morte é a melhor solução.
Ó tu do meu amor fiel traslado c) ÿǜŏģÿŲĘżěƣŏŧŊÿ᠁šĀƢǀĪÿŰżƣƸĪƠƣĪǜÿŧĪĜĪŲżǿŰ᠇
Mariposa entre as chamas consumida,
d) a vida é efêmera e dura, a morte é formosa.
Pois se à força do ardor perdes a vida,
A violência do fogo me há prostrado. e) a vida não é penosa, se a morte se aproxima rapidamente
Tu de amante o teu fim hás encontrado, Releia o soneto “Buscando a Cristo”, de Gregório de Matos, para respon-
Essa flama girando apetecida; der às questões 7 e 8.
Eu girando uma penha endurecida,
No fogo que exalou, morro abrasado. 7. O eu lírico, ao se dirigir a Cristo, vale-se da posição deste na cruz para
construir argumentos baseados numa lógica bastante pessoal e ten-
Ambos de firmes anelando chamas, denciosa que sugere que o eu lírico seja
Tu a vida deixas, eu a morte imploro a) adorado. d) esquecido.
Nas constâncias iguais, iguais nas chamas.
b) amado. e) perdoado. Resposta: E.
30
Literatura
Junte os pontos
Chegamos ao final da Unidade 3. Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida,
responda às questões propostas.
a partir do questionamento da efemeridade das coisas do mundo e a religião, centrada nos eixos: experiência mística, arrependimento e perdão.
31
Alessandro Cristian/Shutterstock
Nesta unidade, você
vai estudar:
• A produção literária de
padre Vieira
• Prosa e conceptismo
• A força do púlpito:
pregação e denúncia
• O sermonário de
padre Vieira
Detalhe do púlpito da Igreja da Misericórdia, importante monumento barroco, localizado em Évora, Alentejo, Portugal.
Anotações
As cartas, ainda que sejam textos menos conhecidos pelo público em geral, representam numericamente a maior
parcela de escritos de Vieira. São aproximadamente setecentos textos epistolares que comprovam a intensa relação
que o religioso manteve com pessoas-chave em processos decisórios. Essas cartas, como crônicas dos principais
temas que movimentavam o império português, expõem questões significativas para compreender o contexto da
época e o posicionamento de seu autor em relação a elas. São correspondências enviadas a diferentes destinatários –
jesuítas, diversas hierarquias da Igreja, fidalgos e monarcas –, tratando de política, comentários sobre a vida social e
interpretações das escrituras bíblicas.
Sua obra apresenta ainda textos proféticos sobre o Sebastianismo. Esse movimento surgiu em Portugal logo
após o desaparecimento do rei dom Sebastião. Com sua morte, o trono português ficou sem herdeiro direto.
O movimento defendia a ideia de que o rei não havia morrido, mas sido levado ao céu e retornaria para resgatar
a glória de Portugal e restabelecer seu império. Padre Vieira era adepto do movimento sebastianista e escreveu
obras em que o defendia.
Prosa e conceptismo
A prosa de padre Antônio Vieira é marcada fortemente pela prática conceptista. O conceptismo nasce da busca do
conhecimento interno do objeto, valorizando o conteúdo e promovendo um jogo de ideias. Esse exercício racional se
dá na esfera do pensamento, dos conceitos e das analogias. No lugar do encantamento pelos sentidos e pelas formas,
usam-se a inteligência, a lógica e o raciocínio como elementos de sedução.
Francisco Quevedo, escritor espanhol, é a melhor referência para se entender o que foi o conceptismo. No caso
específico da obra de Vieira, usou-se esse recurso com intenção de promover a reflexão para convencer e ensinar,
levando o leitor/ouvinte a uma direção predeterminada. Para isso, o autor criou extensas “redes” metafóricas, a partir
das quais foi traçando sua linha de pensamento e persuasão. Vale lembrar que, da mesma forma que Gregório de
Matos, padre Vieira também mesclou o conceptismo com o cultismo, cada um enfatizando o recurso retórico que
melhor se adequava à sua prática de escrita e de persuasão.
Observe, no excerto a seguir, como padre Antônio Vieira trata do papel do pregador, empregando o conceptismo.
Sermão da Sexagésima
[...] Mas pergunto: E se esse semeador evangélico, quando saiu, achasse o campo tomado; se se ar- Professor, incentive os alu-
nos a lerem o Sermão da
massem contra ele os espinhos; se se levantassem contra ele as pedras, e se lhe fechassem os caminhos Sexagésima.
que havia de fazer? Todos estes contrários que digo e todas estas contradições experimentou o semeador
do nosso Evangelho. Começou ele a semear (diz Cristo), mas com pouca ventura. «Uma parte do trigo caiu
entre espinhos, e afogaram-no os espinhos»: Aliud cecidit inter spinas et simul exortae spinae suffocaverunt
illud. Outra parte caiu sobre pedras, e secou-se nas pedras por falta de humidade»: Aliud cecidit super
petram, et natum aruit, quia non habebat humorem. «Outra parte caiu no caminho, e pisaram-no os homens
e comeram-no as aves»: Aliud cecidit secus viam, et conculcatum est, et volucres coeli comederunt illud. Ora
vede como todas as criaturas do Mundo se armaram contra esta sementeira. Todas as criaturas quantas
há no Mundo se reduzem a quatro géneros: criaturas racionais, como os homens; criaturas sensitivas,
como os animais; criaturas vegetativas, como as plantas; criaturas insensíveis, como as pedras; e não há
mais. Faltou alguma destas que se não armasse contra o semeador? Nenhuma. A natureza insensível
o perseguiu nas pedras, a vegetativa nos espinhos, a sensitiva nas aves, a racional nos homens. E notai
a desgraça do trigo, que onde só podia esperar razão, ali achou maior agravo. As pedras secaram-no, os
espinhos afogaram-no, as aves comeram-no; e os homens? Pisaram-no: Conculcatum est. Ab hominibus
(diz a Glossa).
Quando Cristo mandou pregar os Apóstolos pelo Mundo, disse-lhes desta maneira: Euntes in mundum
universum, praedicate omni creaturae: «Ide, e pregai a toda a criatura». Como assim, Senhor?! Os animais
não são criaturas?! As árvores não são criaturas?! As pedras não são criaturas?! Pois hão os Apóstolos de
pregar às pedras?! Hão-de pregar aos troncos?! Hão-de pregar aos animais?! Sim, diz S. Gregório, depois
de Santo Agostinho. Porque como os Apóstolos iam pregar a todas as nações do Mundo, muitas delas bár-
baras e incultas, haviam de achar os homens degenerados em todas as espécies de criaturas: haviam de
achar homens homens, haviam de achar homens brutos, haviam de achar homens troncos, haviam
de achar homens pedras. E quando os pregadores evangélicos vão pregar ar a toda a criatura, que se ar-
mem contra eles todas as criaturas?! Grande desgraça!
VIEIRA, Antônio. Sermão da Sexagésima. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000034.pdf.
Acesso em: 3 maio 2021
33
[…] dais. Tirais estas terras aos portugueses a quem nos princípios
Sem dúvida, porém, os sermões são os textos pelos quais as destes; e bastava dizer a quem as dais, para perigar o crédi-
Vieira é principalmente conhecido, embora os considerasse to de vosso nome, que não podem dar nome de liberal mercês
uma parte menor de sua obra escrita […]. Tais sermões foram com arrependimento. Para que nos disse S. Paulo, que vós, Se-
pronunciados ao longo de toda sua vida, desde 1633, quando nhor, “quando dais, não vos arrependeis”: Sine paenitentia enim
pregou pela primeira vez na Igreja da Conceição da Praia em sunt dona Dei? Mas deixado isto à parte: tirais estas terras àqueles
Salvador, aos 25 anos de idade, até 1697, ano da sua morte. Ape- mesmos portugueses a quem escolhestes entre todas as nações
sar disso, Vieira só começou a organizá-la para serem impres- do Mundo para conquistadores da vossa Fé, e a quem destes por
sos a partir de 1670 quando, retirado da corte, recebeu ordens armas como insígnia e divisa singular vossas próprias chagas.
expressas do Padre Geral da Companhia de Jesus para fazê-lo. E será bem, Supremo Senhor e Governador do Universo, que
às sagradas quinas de Portugal e às armas e chagas de Cristo,
Assim, o primeiro volume dos Sermões foi editado em 1679,
sucedam as heréticas listas de Holanda, rebeldes a seu rei e a
revisado pelo próprio Vieira, do mesmo modo que os doze se-
Deus? Será bem que estas se vejam tremular ao vento vitoriosas,
guintes. O último deles foi publicado postumamente: a nau que
e aquelas abatidas, arrastadas e ignominiosamente rendidas? Et
levava para Portugal a notícia do seu falecimento levava também
quid facies magno nomini tuo? E que fareis (como dizia Josué) ou
os originais desse último volume corrigido. Mais tarde, editaram-
que será feito de vosso glorioso nome em casos de tanta afronta?
-se ainda dois volumes, com rascunhos encontrados em seu es-
pólio, perfazendo ao todo 190 sermões em quinze volumes […]. Tirais também o Brasil aos portugueses, que assim estas
terras vastíssimas, como as remotíssimas do Oriente, as con-
Estudos recentes têm mostrado que, para publicação, Vieira
quistaram à custa de tantas vidas e tanto sangue, mais por
modificou, eliminou ou incluiu certas passagens nos sermões,
dilatar vosso nome e vossa Fé (que esse era o zelo daqueles
que não podiam ter sido proferidas como tais na ocasião em que
cristianíssimos reis) que por amplificar e estender seu império.
os pregou […]. Isso é importante por lembrar que os Sermões não
Assim fostes servido que entrássemos nestes novos mundos,
podem ser considerados espelho fiel de pregações efetivamente
tão honrada e tão gloriosamente, e assim permitis que saia-
pronunciadas, visto que muitos o haviam sido trinta ou quaren-
ta anos antes, e sendo que Vieira pregava apenas com o auxílio mos agora (quem tal imaginaria de vossa bondade!), com tanta
de apontamentos; só no momento em que foram reformulados afronta e ignomínia! Oh! como receio que não falte quem diga
para publicação ganharam então o estatuto de discursos escri- o que diziam os egípcios: Callide eduxit eos, ut interficeret et deleret
tos, com qualidades literárias específicas de textos, e que, ape- e terra. Que a larga mão com que nos destes tantos domínios e
nas em parte, recuperam os sentidos do discurso oral. reinos não foram mercês de vossa liberalidade, senão cautela e
dissimulação de vossa ira, para aqui fora e longe de nossa Pátria
MUHANA. Adma. Padre Vieira: quando o púlpito é teatro. In: Caderno
nos matardes, nos destruirdes, nos acabardes de todo. Se esta
EntreLivros, n. 5, Literatura Portuguesa, São Paulo, Duetto, 2004. p. 28-29.
havia de ser a paga e o fruto de nossos trabalhos, para que foi
Leia o excerto do Sermão pelo bom sucesso das Armas de Portugual contra o trabalhar, para que foi o servir, para que foi o derramar tan-
to e tão ilustre sangue nestas conquistas? Para que abrimos os
as de Holanda, escrito em função da tentativa de invasão de Salvador pelos
mares nunca dantes navegados? Para que descobrimos as re-
holandeses, em 1640. Em uma de suas pregações mais veementes, feita giões e os climas não conhecidos? Para que contrastamos os
na Igreja de Nossa Senhora da Ajuda, Vieira se dirige a Deus para que ventos e as tempestades com tanto arrojo, que apenas há bai-
interceda em favor dos portugueses contra os inimigos. E é atendido, já xio no Oceano, que não esteja infamado com miserabilíssimos
que Maurício de Nassau desiste da invasão e deixa a região. naufrágios de portugueses? E depois de tantos perigos, depois
Exurge quare obdormis, Domine? Exurge, et ne repellas in finem. de tantas desgraças, depois de tantas e tão lastimosas mortes,
Quare faciem tuam avertis, ou nas praias desertas sem sepultura, ou sepultados nas entra-
nhas dos alarves, das feras, dos peixes, que as terras que assim
oblivisceris inopiae nostrae et tribulationis nostrae? Exurge,
ganhamos, as hajamos de perder assim? Oh! quanto melhor
Domine, adjuva nos et redime nos propter nomen tuum. (Salmo XLIII)1
nos fora nunca conseguir, nem intentar tais empresas!
I
VIEIRA, Antônio. Sermão pelo bom sucesso das Armas de Portugal contra as
Com estas palavras piedosamente resolutas, mais protes- de Holanda. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/
tando, que orando, dá fim o Profeta Rei ao Salmo quarenta e bv000031.pdf. Acesso em: 1 maio 2021.
três. Salmo, que desde o princípio até o fim, não parece senão
cortado para os tempos e ocasião presente. O Doutor Máximo 1. Tradução livre da parte inicial: “Levanta-te! Por que dormes, Senhor?
S. Jerônimo, e depois dele os outros expositores, dizem que se Levanta-te e não repilas para sempre. Porque voltas a face? Esqueces-te
entende à letra de qualquer reino ou província católica, destru- da nossa miséria e da nossa tribulação? Levanta-te, Senhor, ajuda-nos e
ída e assolada por inimigos da Fé. Mas entre todos os reinos do
redime-nos por amor de teu nome.”
Mundo a nenhum lhe quadra melhor que ao nosso Reino
de Portugal; e entre todas as províncias de Portugal a nenhuma
vem mais ao justo que à miserável província do Brasil. Vamos
lendo todo o Salmo, e em todas as cláusulas dele veremos re- Comente com seus colegas de sala sobre a importância da
tratadas as da nossa fortuna: o que fomos e o que somos. ƣĪƸŽƣŏĜÿƠÿƣÿƫŏƸǀÿğƛĪƫĜżŰżÿƫǜŏǜŏģÿƫƠĪŧżƫěƣÿƫŏŧĪŏƣżƫ᠁ƢǀÿŲģż
[…] se proferiu o Sermão pelo Bom Sucesso das Armas de Portugal contra
III as de Holanda.
Considerai, Deus meu – e perdoai-me, se falo inconsiderada-
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12
mente – considerai a quem tirais as terras do Brasil e a quem as
35
a) /ǢƠŧŏƢǀĪżšżŃżģĪŏģĪŏÿƫƠƣĪƫĪŲƸĪŲżƸƣĪĜŊż᠇
Professor, o desenho do mapa é ilustrativo. Os alunos podem abrir novos
Padre Vieira constrói uma tese objetiva, a partir de três princípios, para campos, de acordo com a percepção de cada um.
fiéis.
Faça em casa
1. ᠤÃF¦G®ᠵ¦®ᠥ żŰƣĪŧÿğĘżÿżÿƣƣżĜżěƣÿƫŏŧĪŏƣż᠁ÿƫƫŏŲÿŧĪÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿŏŲĜżƣƣĪƸÿ᠇ 2. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa incorreta sobre o Sermão da sexagésima.
a) Os Sermões, do padre Antônio Vieira, elaborados numa linguagem a) Pregado em 1655, na capela real de Lisboa, é chamado “A palavra
ĜżŲĜĪƠƸŏƫƸÿ᠁ƣĪǵŧĪƸŏƣÿŰÿƫƠƣĪżĜǀƠÿğƛĪƫģżÿǀƸżƣĜżŰƠƣżěŧĪŰÿƫ ģĪ'ĪǀƫᡇĪƸƣÿƸÿģÿÿƣƸĪģĪƠƣĪŃÿƣ᠇ żŲģĪŲÿŲģżżĪǢŏěŏĜŏżŲŏƫŰż
ěƣÿƫŏŧĪŏƣżƫģÿīƠżĜÿ᠁ƠżƣĪǢĪŰƠŧż᠁ÿĪƫĜƣÿǜŏģĘż᠇ ģÿƢǀĪŧĪƫƢǀĪƠƣÿƸŏĜÿǜÿŰǀŰÿƫĪƣŰżŲőƫƸŏĜÿżƣŲÿŰĪŲƸÿŧ᠁
b) ƫĜżŲǵŧŏƸżƫīƸŏĜżƫǜŏǜŏģżƫƠĪŧżŊżŰĪŰģżÿƣƣżĜż interessados no aplauso da corte, Vieira ironizava: “Ah Pregadores!
ĜżƣƣĪƫƠżŲģĪƣÿŰ᠁ŲÿłżƣŰÿŧŏƸĪƣĀƣŏÿ᠁ÿżǀƫżĪǢÿŃĪƣÿģżģĪƠÿƣÿģżǢżƫ żƫģĪĜĀ᠁ÿĜŊÿƣᠵǜżƫᠵĪŏƫĜżŰŰÿŏƫ£ÿğż᠒żƫģĪŧĀ᠁ĜżŰŰÿŏƫƠÿƫƫżƫ᠇᠇᠇ᡇ
ĪŏŲǜĪƣƫƛĪƫƫŏŲƸĀƸŏĜÿƫ᠇ b) tÿĜŏƸÿğĘżĜżŲƸŏģÿŲÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿÿŲƸĪƣŏżƣ᠁ŲżƸÿᠵƫĪżǀƫżģÿƫǿŃǀƣÿƫ᠀
c) ƠżĪƫŏÿěÿƣƣżĜÿłżŏÿĜżŲǿƣŰÿğĘż᠁ŲżƠŧÿŲżĪƫƸīƸŏĜż᠁ģżƫƠƣĪĜĪŏƸżƫ ÿƠŽƫƸƣżłĪ᠁ÿŲƸőƸĪƫĪ᠁ǭĪǀŃŰÿ᠁ƸƣżĜÿģŏŧŊżĪŏƣżŲŏÿ᠇/ƫƫÿĜżŲĜĪŲƸƣÿğĘż
ƣĪŲÿƫĜĪŲƸŏƫƸÿƫģĪŊÿƣŰżŲŏÿĪĪƢǀŏŧőěƣŏż᠁ǜŏŃĪŲƸĪƫŲÿ/ǀƣżƠÿŲż ģĪǿŃǀƣÿƫ᠁ƸőƠŏĜÿģżÿƣƣżĜż᠁īĪǢĪŰƠŧżģĪǀŰÿĜżŲƸƣÿģŏğĘżģĪƫƫĪ
ƫīĜǀŧżåßS᠁ƢǀĪĜŊĪŃÿƣÿŰÿżƣÿƫŏŧŲżƫīĜǀŧżåßSS᠁ÿģÿƠƸÿģżƫ᠁ ƫĪƣŰĘż᠁ǀŰÿǜĪǭƢǀĪĜżŲģĪŲÿżżƣŲÿŰĪŲƸÿŧŏƫŰżĜǀŧƸŏƫƸÿĪ᠁ŰĪƫŰż
ĪŲƸĘż᠁đƣĪÿŧŏģÿģĪŲÿĜŏżŲÿŧ᠇Resposta: C. assim, o pratica.
d) ÃŰģżƫƸĪŰÿƫƠƣŏŲĜŏƠÿŏƫģżÿƣƣżĜżīÿĪłĪŰĪƣŏģÿģĪģÿǜŏģÿ᠁ c) ĜżŲƸƣÿģŏğĘżÿƠżŲƸÿģÿŲÿÿŧƸĪƣŲÿƸŏǜÿᡆěᡇĪǢƠŧŏĜÿᠵƫĪƠĪŧżłÿƸżģĪż
ƢǀĪƫƸĘżƢǀĪłżŏƸƣÿƸÿģÿŲżģŏŧĪŰÿģĪǜŏǜĪƣżŰżŰĪŲƸżƠƣĪƫĪŲƸĪĪ᠁ ÿƸÿƢǀĪģĪßŏĪŏƣÿǜżŧƸÿƣᠵƫĪŲĘżƠƣżƠƣŏÿŰĪŲƸĪĜżŲƸƣÿżƫĪŧĪŰĪŲƸżƫ
ao mesmo tempo, preocupar-se com a vida eterna. łżƣŰÿŏƫģżĪƫƸŏŧż᠁ŰÿƫĜżŲƸƣÿÿŰÿŲŏƠǀŧÿğĘżģĪƫƫĪƫĪŧĪŰĪŲƸżƫ
e) ĪƫĜǀŧƸǀƣÿěÿƣƣżĜÿƸĪǜĪŲżƣÿƫŏŧżŲżŰĪģĪŲƸƀŲŏżFƣÿŲĜŏƫĜż para realizar propósitos alheios ao verdadeiro zelo apostólico. Essa
hŏƫěżÿ᠁żŧĪŏšÿģŏŲŊż᠁ƢǀĪ᠁ŲżƫīĜǀŧżåßSS᠁ĪŧÿěżƣżǀǀŰÿÿƣƸĪģĪ ĜƣőƸŏĜÿƸŏŲŊÿĜżŰżÿŧǜżżƫƠÿģƣĪƫģżŰŏŲŏĜÿŲżƫ᠁ƣŏǜÿŏƫģżƫšĪƫǀőƸÿƫ᠁Ī
ƸĪŰÿƣĪŧŏŃŏżƫżĜżŰƸƣÿğżƫŲÿĜŏżŲÿŏƫĪƠżƠǀŧÿƣĪƫ᠁ŲǀŰÿŰĪƫĜŧÿ ĪƫƠĪĜŏÿŧŰĪŲƸĪżFƣĪŏ'żŰŏŲŃżƫģĪ®᠇¼żŰĀƫ᠁łÿŰżƫżƠĪŧÿżƣÿƸŽƣŏÿ
ƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿƸŏǜÿģżÿƣƣżĜż᠇ ŃżŲŃŽƣŏĜÿ᠁ƢǀĪßŏĪŏƣÿĜżŲģĪŲÿǜÿ᠇
37
Releia o trecho do Sermão pelo bom sucesso das Armas de Portugal con- Se basta a vos irar tanto um pecado,
tra as de Holanda᠁ŲÿƠĀŃŏŲÿᙹ᠁ڑģĪƠÿģƣĪßŏĪŏƣÿ᠁ƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫ A abrandar-vos sobeja um só gemido:
ƢǀĪƫƸƛĪƫᡰᚅᡰĪᙷᙶ᠇ Que a mesma culpa, que vos há ofendido,
Vos tem para o perdão lisonjeado.
9. ĜĪƣĜÿģżĜżŲƸĪǁģżĪǢƠƣĪƫƫżƠĪŧżĪǢĜĪƣƸż᠁ƠżģĪᠵƫĪĜżŲƫŏģĪƣÿƣƢǀĪ
Se uma ovelha perdida e já cobrada
a) żÿǀƸżƣŏƣżŲŏǭÿÿÿƸǀÿğĘżģż¼ƣŏěǀŲÿŧģÿSŲƢǀŏƫŏğĘż᠇ Glória tal e prazer tão repentino
b) ßŏĪŏƣÿĪǢƠƛĪǀŰÿƠżƫƸǀƣÿģĪĜżŲłżƣŰŏģÿģĪĜżŰÿŏŲǜÿƫĘż᠇ Vos deu, como afirmais na sacra história,
39
1. ¥ǀÿŧłżŏÿŰÿƣĜÿƸĪŰĀƸŏĜÿĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿģÿƠƣżģǀğĘżģĪƠÿģƣĪßŏĪŏƣÿ᠈
A marca temática característica foi denunciar aspectos da realidade, como a escravidão, as relações de poder e as arbitrariedades da Inquisição.
2. £żƣƢǀĪÿƫĜÿƣƸÿƫģĪßŏĪŏƣÿ᠁ÿŧīŰģÿƢǀÿŲƸŏģÿģĪ᠁ƫĘżģĪŃƣÿŲģĪŏŰƠżƣƸĈŲĜŏÿƠÿƣÿÿīƠżĜÿ᠈
As cartas são como crônicas da vida da época e das questões que moviam padre Vieira à escrita. Além disso, atestam a grande rede de contatos com
O estudo do Barroco brasileiro revelou dois grandes autores que, ao seu modo, expressaram suas preocupa-
ções com a realidade que viveram. Por isso, puseram essas questões no centro de suas produções literárias e dedi-
caram parte de suas obras a registrar as necessidades de outras pessoas. Ou seja, empreenderam manifestações
artísticas que denunciaram aspectos que contrariavam os valores humanistas. Eles só puderam fazer isso porque
desenvolveram empatia com seus iguais, passando a ver o mundo a partir do respeito à perspectiva de vida deles.
Ter empatia é colocar-se no lugar do outro para compreender suas razões, suas perspectivas de vida, seus sentimen-
tos. É também ouvir sem prejuízo, acolher sem julgamento, respeitar a diferença. São muitas as formas de desenvolver
empatia e uma boa razão para fazê-lo é empreender projetos que impactem positivamente a vida de outras pessoas.
40
Literatura
Entretanto, para que o projeto realmente impacte suas vidas, é importante ouvi-las para estar seguro da ação que vai
empreender. Há várias formas de fazer isso. Uma delas é elaborar um mapa de empatia, uma ferramenta muito usada
para o desenvolvimento de produtos e serviços.
A partir da reflexão sobre o tema, pense em um projeto que você deseja empreender para melhorar algum
aspecto da vida escolar. Por exemplo: criar uma versão virtual da biblioteca escolar. O mapa de empatia o ajudará
a organizar as ideias, após expor as bases do projeto a um grupo de colegas de sala, para ouvir o que eles pensam
sobre o assunto. A escuta atenta ajudará você a entender as razões dos colegas ao expressarem se a ideia é boa ou
não. O contato com as pessoas impactadas por seu projeto pode esclarecer aspectos importantes sobre a viabili-
dade dele.
Reúna-se em grupos de até quatro colegas de sala para que todos possam expor suas ideias e ouvir impres-
sões sobre as situações expostas. Por exemplo: o primeiro integrante expõe sua ideia de ação e permite que os
colegas expressem livremente o que sentem sobre a situação. Ouça com atenção sem comentar ou justificar nada.
Registre sinteticamente as respostas ouvidas, distribuindo-as nos quadrantes correspondentes. Cada integrante
repete a mesma dinâmica.
Agora, a partir do conhecimento que você tem sobre a realidade que deseja intervir, desenhe seu mapa em
uma folha avulsa.
importantes.
41
42
Literatura
Data: Turma:
Reprodução/IFSP, 2014.
cias. E, portanto, se os degredados que aqui hão de ficar apren-
derem bem a sua fala e eles a nossa, não duvido que eles, se-
gundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão
de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os
traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplici-
dade. E imprimir-se-á facilmente neles todo e qualquer cunho
que lhes quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu
bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o fato de
Ele nos haver até aqui trazido, creio que não o foi sem causa. Laerte, Folha de S.Paulo, 28.12.2011. Original colorido.
E, portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja acrescentar à santa
fé católica, deve cuidar da salvação deles. E aprazerá Deus que a) ÿż¥ǀŏŲŊĪŲƸŏƫŰżŲżƣÿƫŏŧ᠁ƠżŏƫÿƫĜÿƣƸÿƫĪƫĜƣŏƸÿƫƠĪŧżƫšĪƫǀőƸÿƫ
com pouco trabalho seja assim. […] ģĪƫĜƣĪǜŏÿŰżƸƣÿěÿŧŊżģżƫŰŏƫƫŏżŲĀƣŏżƫŲÿƠƣĪƫĪƣǜÿğĘżģÿƫĜƣĪŲğÿƫ
Eles não lavram nem criam. Não há aqui boi ou vaca, ca- e da cultura nativas.
bra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja b) ÿż¥ǀŏŲŊĪŲƸŏƫŰżŲżƣÿƫŏŧ᠁ƠżŏƫÿŧŏƸĪƣÿƸǀƣÿģĪƫƫĪƠĪƣőżģżƸŏŲŊÿ
acostumado ao convívio com o homem. E não comem senão
como um de seus objetivos informar Portugal sobre as novas terras
deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e fru-
e incentivar a vinda de colonos. Resposta: B.
tos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais
e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto c) a Os Lusíadas᠁Ơżŏƫ ÿŰƛĪƫƫĪǀƸŏŧŏǭÿģĪĪŧĪŰĪŲƸżƫģÿŰŏƸżŧżŃŏÿ
trigo e legumes comemos. ŏŲģőŃĪŲÿƠÿƣÿĪŧÿěżƣÿƣÿƠÿƣƸĪǿĜĜŏżŲÿŧģĪƫǀÿĪƠżƠĪŏÿ᠇
CASTRO, Silvio. A carta de Pero Vaz de Caminha. d) a Os Lusíadas᠁ǜŏƫƸżƢǀĪżłżĜżĜĪŲƸƣÿŧģÿŲÿƣƣÿƸŏǜÿƫĘżÿƫǜŏÿŃĪŲƫ
Porto Alegre: L&PM, 1996.
realizadas pelos portugueses para descobrir e colonizar terras
a) ÿŰŏŲŊÿ᠁ŲǀŰÿǜŏƫĘżĪǀƣżĜĪŲƸƣŏƫƸÿ᠁ĪǢÿŧƸÿÿĜǀŧƸǀƣÿģż ŲÿƫᡰŰīƣŏĜÿƫ᠇
ᡆģĪƫĜżěƣŏģżƣᡇ᠁ŰĪŲżƫƠƣĪǭÿŲģżƸżģżƫżƫÿƫƠĪĜƸżƫƣĪłĪƣĪŲƸĪƫÿż e) ÿżÿƣƣżĜż᠁Ơżŏƫ᠁ĪŰƫĪǀƫƫżŲĪƸżƫ᠁GƣĪŃŽƣŏżģĪrÿƸżƫ
ŰżģżģĪǜŏģÿģżƫŲÿƸŏǜżƫ᠁ƠżƣĪǢĪŰƠŧż᠁ÿŲĘżĪǢƠŧżƣÿğĘżģÿƢǀĪŧĪƫ ǜÿŧżƣŏǭÿÿƫĪŲƫǀÿŧŏģÿģĪģÿŰǀŧŊĪƣŏŲģőŃĪŲÿĪŰĪŲżƫƠƣĪǭÿÿ
ŰÿŰőłĪƣżƫƠŧÿĜĪŲƸĀƣŏżƫĪǢŽƸŏĜżƫ᠁ĜŏƸÿģżƫŲÿĜÿƣƸÿ᠁ŏŲƸƣżģǀǭŏģżƫŲż ŰǀŧŊĪƣᡰĪǀƣżƠĪŏÿ᠇
ƣÿƫŏŧƢǀÿŲģżģÿĜżŧżŲŏǭÿğĘż᠇
b) ÿŰŏŲŊÿƣĪÿŧŏǭÿ᠁ÿƸƣÿǜīƫģĪłÿƣƸÿÿģšĪƸŏǜÿğĘż᠁ģĪƫĜƣŏğƛĪƫěżƸĈŲŏĜÿƫ 3. ᠤÃF¦tᠥżěƣÿģĪGƣĪŃŽƣŏżģĪrÿƸżƫᠲÿǀƸżƣƢǀĪƫĪģĪƫƸÿĜÿŲÿŧŏƸĪƣÿƸǀ-
ŰŏŲǀĜŏżƫÿƫÿĜĪƣĜÿģÿǵŧżƣÿģÿŲżǜÿƸĪƣƣÿ᠁ģĪƫƸÿĜÿŲģżżƸŏƠżģĪ ƣÿěÿƣƣżĜÿěƣÿƫŏŧĪŏƣÿᠲĜżŰƠƣĪĪŲģĪ
ÿŧŏŰĪŲƸÿğĘżģżĪǀƣżƠĪǀᠲƣŏĜÿĪŰǜŏƸÿŰŏŲÿƫĪƫÿŏƫŰŏŲĪƣÿŏƫᠲĪŰ a) ƠżĪƫŏÿīƠŏĜżᠵÿŰżƣżƫÿĪżěƣÿƫģƣÿŰĀƸŏĜÿƫ᠇
ĜżŲƸƣÿƠżƫŏğĘżđŏŲģőŃĪŲÿ᠁ƢǀĪīƣŏĜÿĪŰŧŏƠőģŏżƫ᠇ b) ƠżĪƫŏÿƫÿƸőƣŏĜÿĪĜżŲƸżƫěǀƣŧĪƫĜżƫ᠇
c) ƣĪŧŏŃŏżƫŏģÿģĪĪƫƸĀƠƣĪƫĪŲƸĪÿżŧżŲŃżģżƸĪǢƸż᠁ƢǀÿŲģżƫĪĜżŲƫƸÿƸÿ
c) ƠżĪƫŏÿŧőƣŏĜÿ᠁ģĪĜÿƣĀƸĪƣƣĪŧŏŃŏżƫżĪÿŰżƣżƫż᠁ĪƠżĪƫŏÿƫÿƸőƣŏĜÿ᠇
ƢǀĪżĪŰŏƫƫżƣ᠁ƸĪŲģżĪŰŰĪŲƸĪÿĜżŲǜĪƣƫĘżģżƫőŲģŏżƫđᡆƫÿŲƸÿ Resposta: C.
łīĜÿƸŽŧŏĜÿᡇᠲƠƣĪƸĪŲƫĘżģżƫĪǀƣżƠĪǀƫĜżŲƢǀŏƫƸÿģżƣĪƫᠲ᠁ƣĪƫƫÿŧƸÿ d) poesia confessional e autos religiosos.
ƠżƫŏƸŏǜÿŰĪŲƸĪÿĪǢŏƫƸįŲĜŏÿģĪĜƣĪŲğÿƫÿŲŏŰŏƫƸÿƫĪŲƸƣĪżƫŲÿƸŏǜżƫ᠇ e) ƠżĪƫŏÿŧőƣŏĜÿĪƸĪÿƸƣżģĪĜżƫƸǀŰĪƫ᠇
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Literatura
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Nesta unidade, você
vai estudar:
Neoclassicismo: contexto
sócio-histórico e cultural
Arte neoclássica
Produção literária do
Arcadismo
Arcadismo: características
literárias
Culturalmente, a doutrina iluminista forjou o pensamento da época com a divulgação da felicidade como uma
possibilidade para todos. No Brasil, o Neoclassicismo se desenvolveu sob o contexto da Inconfidência Mineira e da
Conjuração Baiana, movimentos independentistas e de inconformidade com o sistema monárquico no século XVIII.
ᡰŰÿŲŏłĪƫƸÿğĘżŧŏƸĪƣĀƣŏÿģÿīƠżĜÿŧÿŲğżǀÿƫƫĪŰĪŲƸĪƫģżƫĪŲƸŏŰĪŲƸżŲÿĜŏżŲÿŧŏƫƸÿ᠁ŰĪŧŊżƣĪǢƠƣĪƫƫÿģżŲÿƫƠƣżģǀğƛĪƫ
artísticas dos séculos XIX e XX.
Converse com seus colegas de sala e avalie oralmente a concretização do lema da Revolução Francesa com base na análise da
vida contemporânea.
Arte neoclássica
O Neoclassicismo é um estilo artístico
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que, no século XVIII, propôs a retomada de
valores do Renascimento e da Antiguidade
Clássica. Essa intenção é evidenciada pelo
prefixo “neo”, que significa “novo”. Ao rejei-
tar o rebuscamento, o luxo e a exuberância
do Barroco, estilo que representava a antiga
arte cerimonial cortesã, o Neoclassicismo Professor, estimule o aluno
abriu espaço à expressão do gosto burguês, a conhecer os detalhes de
uma pintura neoclássica,
fortalecido pelas revoluções Industrial e de Jean-Auguste Domini-
Francesa. Esse estado de rebeldia em rela- que Ingres.
ção à ideologia aristocrática desencadeou
uma forma de arte que primou pelo equi-
líbrio, pela harmonia e pela racionalidade.
Seu princípio de “bom gosto” se opunha ao
Vá além
“mau gosto” da arte setecentista.
O portão de
O Neoclassicismo divulgou temas
Brandenburgo e a
mitológicos e históricos, de modo que entrada do Panteon de
a arte era utilizada para engrandecer os Adeus de Telêmaco e de Eucaristia (1818), de Jacques-Louis David, pintura francesa, óleo Paris são exemplos da
princípios republicanos instaurados pelas sobre tela. arquitetura da época.
revoluções da época. O desenvolvimento da arqueologia também favoreceu o princípio de retomada da arte clás- Procure, em livros e sites
sica greco-latina. Nessa época, a sujeição da arte a modelos e regras rígidos para as técnicas de desenho, pintura e de arte, imagens dessas
composição levou à criação de academias, escolas formais de ensino da arte. Vem daí o termo “academicismo”, que obras para compreender
privilegia a imitação, a simplicidade, a sobriedade e a linearidade. Além dessas características, a arte neoclássica, em melhor a cópia de
geral, defendeu o esvaziamento do sentido decorativo e sensual das obras artísticas. modelos arquitetônicos
Na pintura, o desenho exato, as pinceladas suaves e a composição simples acompanhavam os cenários de estru- gregos e romanos.
turas arquitetônicas de linhas retas e simétricas, com esculturas, colunas e arcos romanos. O pintor usou uma compo-
sição formal, harmoniosa e equilibrada, com cores sóbrias, contornos bem definidos. Os personagens da mitologia
greco-latina foram um tema recorrente. Um dos nomes mais conhecidos foi o de Jacques-Louis David.
A arquitetura foi marcada pela construção de grandes edifícios, que exigiram a reconfiguração das cidades: ave-
nidas largas e quarteirões maiores. Além das colunas e dos entablamentos circulares, as construções eram caracte- Professor, explore com
rizadas pela presença de cúpulas em zonas centrais. As esculturas repetiam a frieza das composições clássicas, que os alunos, os detalhes
da perfeição da escultura
respeitavam os movimentos e as dimensões reais dos corpos, garantindo a suavidade das formas. Seu maior desta-
disponível no Click.
que foi Antonio Canova.
No Brasil, a arte neoclássica ganhou notoriedade depois da chegada da família real portuguesa, especificamente
com a contratação da Missão Francesa, em 1816. Dez anos depois, essa missão fundou a Academia Imperial de Belas-
-Artes, uma escola de artes e ofícios localizada no Rio de Janeiro. Como na Europa, o Neoclassicismo aqui foi usado pela
monarquia com conotação política.
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Paisagem italiana com pinheiros (1795), de Hendrik Voogd, óleo sobre tela.
O Arcadismo é o nome dado à produção literária neoclássica. Em Portugal, esse movimento teve início com a
fundação da Arcádia Lusitana, espaço no qual intelectuais e artistas se reuniam para discutir sobre arte. O poeta portu-
guês mais importante desse período foi Manuel Maria Barbosa du Bocage. No Brasil, o marco inicial dessa estética foi
a publicação de Obras poéticas, de Cláudio Manuel da Costa, e a fundação da Arcádia Ultramarina em Vila Rica, atual
Ouro Preto, Minas Gerais. Tomás Antônio Gonzaga, Basílio da Gama, Silva Alvarenga, Alvarenga Peixoto e Frei Santa
Rita Durão foram outros autores representativos do Arcadismo brasileiro.
O nome desse estilo de época se originou de “Arcádia”, uma região da Grécia antiga, resgatada tematicamente
pelos artistas clássicos e neoclássicos. Segundo a lenda, era habitada por deuses e pastores que cultivavam o ideal de
vida simples e natural. Nesse ambiente de equilíbrio e paz, celebravam o amor e o prazer.
A retomada desse ideal de vida fez parte do que se denominou “delegação pastoral” e “convenções bucólicas”,
que consistiam num conjunto de normas literárias utilizadas pelos poetas árcades para produzir seus poemas. Por
conta disso, usaram pseudônimos de pastores e trataram preponderantemente do espaço campestre, baseados
numa postura de “fingimento poético”, porque o momento histórico não coincidia com a temática artística — um
era a expressão de agitação; o outro, de paz e tranquilidade. A postura literária manifestou também um estado de
espírito de rebeldia em relação à ideologia aristocrática, luxuosa e requintada da época.
Por meio dessa disposição fictícia, materializaram-se dois lemas representados pelas expressões latinas fugere
urbem (fugir da cidade) e locus amoenus (lugar tranquilo). No campo estético, o poeta buscou a simplicidade e defendeu
o ideal de vida natural como possibilidade de o homem retornar à bondade, à pureza. Entretanto, na vida real, ele con-
tinuou vivendo nas cidades, marcadas pelo progresso e pelos movimentos de revolução do século XVIII, porque eram
centros de decisões políticas e econômicas.
Como postura geral, o Arcadismo rejeitou o modelo de opulência do Barroco. Essa conduta colocou em prática o
sentido das expressões inutilia truncat, que significa “eliminar a inutilidade”, e aurea mediocritas, que se refere ao espíri-
to simples do homem. Na prática individual de alguns poetas, veremos que a rejeição ao Barroco se afrouxou quando
trataram de temas como o carpe diem. Por outro lado, a manifestação da introspecção anunciou o ideal estético do
movimento seguinte, o Romantismo, já no século XIX.
4
Literatura
Anotações
Arcadismo: características literárias
No ideal de simplicidade divulgado pelo Arcadismo, percebemos uma contradição visível entre a literatura e a
vida real. Isso pode ser observado no desenvolvimento do pastoralismo, porque os poetas trataram da vida espontâ-
nea e natural do campo, mas a revestiram com valores aristocráticos, para que não parecesse rude. Além da aborda-
gem temática popular, esse ideal se concretizou pelo uso de versos simples, curtos, e da linguagem clara, como expres-
são objetiva de contenção estoica (vida rígida, austera). O estoicismo expressou o contrário da vivência de prazer do
epicurismo, tão valorizado no século anterior.
Leia o soneto a seguir, de Cláudio Manuel da Costa.
XIV
Quem deixa o trato pastoril, amado
Pela ingrata, civil correspondência,
Ou desconhece o rosto da violência,
Ou do retiro a paz não tem provado.
Observe que o poeta optou por uma forma fixa, o soneto, também usado pelo estilo de época anterior. Usou versos
decassílabos com o seguinte esquema: abba abba cdc dcd. Ele empregou ainda uma linguagem clara e formal, com
um tom moralizante.
Soçobrar:
Tematicamente, o eu lírico se valeu do bucolismo para exaltar a vida no campo, em comparação com a cidade. esmorecer, extinguir.
Para isso, adotou uma postura maniqueísta, em que o bem, o bom e o positivo caracterizavam o campo, enquanto o
mal, o mau e o negativo caracterizavam a cidade.
Na primeira estrofe, alerta para o fato de que quem troca o campo pela cidade o faz por duas causas: o desco- Relacione
nhecimento das características perversas da cidade ou o fato de não haver provado a paz que caracteriza o campo. Na
O contexto histórico no
segunda estrofe, evidencia a inocência como um traço da personalidade do pastor, enquanto o habitante da corte é qual se desenvolveu
caracterizado pela falsidade. Na terceira, identifica o lugar de onde se enuncia — o “aqui” —, representando a cidade, o Neoclassicismo, nas
onde reina a traição e a mentira. Na última estrofe, continua identificando as características do “ali” e do “aqui”: um artes em geral, e o
marcado pela permanência do bem; o outro, pela instabilidade de tudo que o caracteriza. Arcadismo, na literarura,
é amplamente estudado
Principais características do Arcadismo em História, Sociologia
1. Bucolismo: valorização do ambiente campestre. e Filosofia. Aproveite o
2. Pastoralismo: o eu lírico assume o papel de um pastor e adota um pseudônimo. momento para propor
3. Exaltação da natureza como fonte de sabedoria, local de equilíbrio e paz. uma roda de conversa
4. Valorização da razão para conter os exageros emocionais. com os professores
5. Presença da mitologia greco-romana. dessas disciplinas, de
modo a consolidar seus
6. Uso de linguagem simples, mais direta, sem tantas figuras de linguagem.
conhecimentos sobre
7. Personificação com a finalidade de universalizar a perspectiva temática. Iluminismo, Revolução
8. Culto do herói pacifista. Francesa, ascensão da
9. Preocupação formal. burguesia ao poder,
10. Predomínio da poesia. invasões napoleônicas,
Faça em sala: 3 e 4 | Faça em casa: 7 a 12 dentre outros temas.
5
2. (Enem) Leia o poema abaixo e marque a alternativa correta. 4. Analise o fragmento a seguir.
Marília de Dirceu
Casa dos Contos
& em cada conto te cont Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
o & em cada enquanto me enca
que viva de guardar alheio gado,
nto & em cada arco te a
de tosco trato, de expressões grosseiro,
barco & em cada porta m
e perco & em cada laço t dos frios gelos e dos sóis queimado.
e alcanço & em cada escad Tenho próprio casal e nele assisto;
a me escapo & em cada pe dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
dra te prendo & em cada g
das brancas ovelhinhas tiro o leite
rade te prendo & em ca
e mais as finas lãs, de que me visto.
da sótão te sonho & em cada
esconso me affonso & em Graças, Marília bela, graças à minha estrela!
cada cláudio te canto & e Tomás Antonio Gonzaga, Marília de Dirceu.
m cada fosso me enforco &
ÁVILA, A. Discurso da difamação do poeta. São Paulo: Summus, 1978. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/
texto/bv000301.pdf. Acesso em: 30 set. 2021.
O contexto histórico e literário do período barroco-árcade fundamenta a) Como o excerto evidencia os valores aristocráticos no tratamento
o poema “Casa dos Contos”, de 1975. A restauração de elementos da- do bucolismo e do pastoralismo?
quele contexto por uma poética contemporânea revela que: O eu lírico usa o advérbio “não” de modo a descaracterizá-lo do perfil
a) ÿģŏƫƠżƫŏğĘżǜŏƫǀÿŧģżƠżĪŰÿƣĪǵŧĪƸĪƫǀÿģŏŰĪŲƫĘżƠŧĀƫƸŏĜÿ᠁ƢǀĪ
imaginado de um pastor. Para evidenciar os aspectos aristocráticos,
prevalece sobre a observação da realidade social.
reforça, como qualidades importantes, sua independência econômica,
b) ÿƣĪǵŧĪǢĘżģżĪǀŧőƣŏĜżƠƣŏǜŏŧĪŃŏÿÿŰĪŰŽƣŏÿĪƣĪƫŃÿƸÿłƣÿŃŰĪŲƸżƫ᠁
łÿƸżƫĪƠĪƣƫżŲÿŧŏģÿģĪƫģÿSŲĜżŲǿģįŲĜŏÿrŏŲĪŏƣÿ᠇ suas posses, sua educação e sua beleza.
6
Literatura
Faça em casa
1. (UFV-MG) Considere as afirmativas abaixo, referentes ao Arcadismo c) a expulsão dos jesuítas.
brasileiro: d) a Conjuração Baiana.
I. A natureza adquire um sentido de simplicidade, verdade e e) ÿSŲĜżŲǿģįŲĜŏÿrŏŲĪŏƣÿ᠇Resposta: E.
harmonia, impondo-se como modelo para a realização do ser
5. O Neoclassicismo se origina:
humano.
II. A vinculação ao mundo natural se dá através de uma poesia de a) da revalorização da ideologia barroca ainda vigente no século XVIII.
Resposta: B.
caráter pastoril. b) da retomada de valores do Classicismo e da Antiguidade Clássica.
III. Defende-se a imitação da simplicidade dos autores clássicos, c) da tentativa de conciliar sentimentos contraditórios e angustiantes.
que produziram suas obras na Antiguidade greco-romana e no d) do academicismo que sustenta o exercício de exuberância e
Barroco. rebuscamento.
IV. NĀǀŰÿłżƣƸĪŧŏŃÿğĘżĜżŰÿSŲĜżŲǿģįŲĜŏÿrŏŲĪŏƣÿ᠁ƠĪŧżłÿƸżģĪ e) da consolidação do racionalismo como fruto da ideologia teocentrista.
poetas como Cláudio Manuel da Costa e Tomás António Gonzaga
terem se envolvido na rebelião contra a metrópole.
6. ĪƫĜǀŧƸǀƣÿ᠁ÿÿƣƢǀŏƸĪƸǀƣÿĪÿƠŏŲƸǀƣÿŲĪżĜŧĀƫƫŏĜÿƫƸįŰ᠁ĪŰĜżŰǀŰ᠀
V. Os poetas enfatizam a subjetividade, pois estavam convencidos a) a exploração da exuberância e do rebuscamento das formas.
de que deviam expressar em seus textos sentimentos intensos, b) o uso de cores sóbrias e pinceladas suaves e delicadas.
passionais e impulsivos. c) o resgate de temas e personagens da Antiguidade clássica. Resposta: C.
Está correto o que se afirma em: d) ÿĜżŲƫƸƣǀğĘżģĪŃƣÿŲģĪƫĪģŏłőĜŏżƫĪÿƣĪĜżŲǿŃǀƣÿğĘżģÿƫĜŏģÿģĪƫ᠇
b) I, III, IV e V, apenas. Leia o soneto LXXII, de Cláudio Manuel da Costa (1729- 1789), para res-
c) II e V, apenas. ponder às questões de 7 a 9.
d) I, II e IV, apenas. Resposta: D. Já rompe, Nise, a matutina Aurora
e) I, II, III, IV e V. O negro manto, com que a noite escura,
Sufocando do Sol a face pura,
2. O Neoclassicismo, como manifestação artística, inaugura um estado de
espírito reformista e de mudanças profundas na sociedade europeia, Tinha escondido a chama brilhadora.
provocado: Que alegre, que suave, que sonora
a) pelo Iluminismo. Resposta: A. Aquela fontezinha aqui murmura!
b) pelo Feudalismo. E nestes campos cheios de verdura
c) “Só minha alma em fatal melancolia” (3ª estrofe). Por eles a alegria derramada
d) “Não sabe inda que coisa é alegria” (3ª estrofe). Tornam-se os campos de prazer gostosos.
Em zéfiros suaves e mimosos
e) “Quanto a sombra da noite mais lhe agrada” (4ª estrofe).
Toda esta região se vê banhada.
10. (Unifesp) A “hidra do mau gosto” mencionada no texto refere-se ao estilo
Vinde olhos belos, vinde, e enfim trazendo
É com base no mito da Arcádia que erguem suas doutri-
Do rosto do meu bem as prendas belas,
nas: destruindo a “hidra do mau gosto”, os árcades procuram
Dai alívio ao mal que estou gemendo.
realizar obra semelhante à dos clássicos antigos. Daí a imita-
ção dos modelos greco-latinos ser a primeira característica a Mas ah! delírio meu que me atropelas!
considerar na configuração da estética arcádica. Os olhos que eu cuidei que estava vendo,
(Massaud Moisés. A literatura portuguesa, 1992. Adaptado.) Eram (quem crera tal!) duas estrelas.
Cláudio Manoel da Costa
a) renascentista.
b) pré-romântico. 11. (Mack-SP) É um traço relevante na caracterização do estilo de época e
c) neoclássico. pertence aos poemas de Cláudio Manoel da Costa, exceto:
d) barroco. Resposta: D. a) a valorização do locus amoenus.
e) medieval. b) a poesia bucólica.
Textos para as questões 11 e 12. c) a utilização de pseudônimos pastoris.
d) a busca da aurea mediocritas.
Soneto VI e) a repulsa à tradição clássica da poesia. Resposta: E.
Brandas ribeiras, quanto estou contente
De ver-vos outra vez, se isto é verdade! 12. (Mack-SP) Na composição poética árcade, a natureza é tratada:
Quanto me alegra ouvir a suavidade, a) como uma lembrança da pátria da qual foram exilados.
Com que Fílis entoa a voz cadente!
b) como um refúgio da vida atribulada das metrópoles do século XIX.
Os rebanhos, o gado, o campo, a gente,
c) como um prolongamento do estado emocional do poeta.
Tudo me está causando novidade: Resposta: D.
Oh! como é certo que a cruel saudade d) como um local em que se busca a vida simples, pastoril e bucólica.
Faz tudo, do que foi, mui diferente! e) como uma fonte para o retrato crítico às desigualdades sociais.
8
Literatura
Junte os pontos
Observe, com atenção, o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.
Inicie a jornada!
Indianismo nascente
A manifestação da literatura árcade no Brasil encontra um contexto histórico-social marcado pelo deslocamento
do foco econômico da produção de açúcar no Nordeste para a exploração do ouro no Sudeste, particularmente em
Minas Gerais. A intensificação das atividades culturais na região, em função da riqueza gerada pela atividade explora-
tória, coincide com os movimentos de natureza separatista, como a Inconfidência Mineira. A pintura, a escultura e a
arquitetura rococós mostram traços de um Barroco tardio em Minas Gerais, enquanto a intelectualidade literária
e a política giram ao redor das academias.
De acordo com Massaud Moisés, o Arcadismo foi um movimento poético por excelência.
Assim, quando se menciona o Arcadismo, pensa-se imediatamente na poesia, e poesia lírica, tal
como se apresenta na obra dum Cláudio Manuel da Costa, dum Tomás Antônio Gonzaga, dum Silva Alva-
renga, dum Alvarenga Peixoto. Entretanto, ao longo da época ainda se cultiva a poesia épica, de extração
camoniana ou contrária ao modelo dOs lusíadas, onde se inserem episódios líricos que revelam parcial
apego às formulações arcádicas, como na obra dum José Basílio da Gama, dum Santa Rita Durão e dum
Cláudio Manuel da Costa. Praticava-se ainda a poesia satírica, na pena de Tomás Antônio Gonzaga... [...].
MOISÉS, Massaud. História da literatura brasileira: origens, Barroco e Arcadismo. 3. ed. São Paulo: Cultrix, 1990, p. 254-255.
Anotações
Desde a época da literatura informativa e jesuítica, o indígena aparece como personagem. Entretanto, somente
no século XVIII, por seu contexto histórico, os poetas produziram um conjunto de obras que evidenciou uma nascente
consciência de nacionalidade. Afastando-se das referências ao universo da mitologia greco-romana e da Arcádia, os
textos épicos árcades se voltaram para a história nacional, encontrando no indígena os elementos representativos de
brasilidade. Com isso, introduziram o indianismo como tema literário.
Embasados pela filosofia de Rousseau, os poemas narrativos setecentistas materializaram a imagem do bom sel-
vagem associado à de guerreiro. Cláudio Manuel da Costa, por exemplo, em Vila Rica, conta a história de fundação de
Vila Rica, atual Ouro Preto, protagonizada pelo bandeirante Garcia e a “bela indiana”.
O indianismo, como corrente literária com clara intenção nacionalista, será explorado de forma mais intensa com
o Romantismo, no século XIX. Muitas serão as obras produzidas no período romântico, como Primeiros cantos e Últimos
cantos, de Gonçalves Dias, onde figuram os poemas “O canto do Piaga”, “Leito de folhas verdes”, “I-Juca-Pirama”, “Ma-
rabá”; A confederação dos Tamoios, de Gonçalves de Magalhães; O guarani, Iracema e Ubirajara, de José de Alencar, dentre
outras. Nessas obras, que ainda estudaremos, o índio representará, de forma idealizada, o elemento primitivo funda-
dor da nação brasileira, sempre virtuoso, nobre de caráter, forte, corajoso e bom.
windwalk/Shutterstock
Esculturas de Iracema e de Martin, na capital ceaerense, Fortaleza.
Já no século XX, o indígena, como personagem, retornará como foco da literatura modernista, às vezes como ele-
mento idealizado na constituição da raça brasileira, associado ao português e ao africano, como em Martim Cererê, de
Cassiano Ricardo. Outras vezes, como em Macunaíma, de Mário de Andrade, surgirá sob uma perspectiva crítica, irônica
e bem-humorada, passando a ser caracterizado por comportamentos não tão positivos, como a preguiça.
Ainda no século XX, surgirão obras que farão a exposição do índio de forma mais realista, como Quarup, de Antonio
Callado, e Nove noites, de Bernardo Carvalho. Também teremos a oportunidade de estudar esse importante período da
literatura brasileira.
Descrição das maquinações de Balda para entregar Lindoia, viúva de Cacambo, ao inimigo.
Fuga de Lindoia para a floresta, por fidelidade ao marido.
Canto IV
Apresentação de uma das cenas mais famosas da epopeia: a que Lindoia se deixa envenenar por
ǀŰÿᡰƫĪƣƠĪŲƸĪ᠇
Leia atentamente o trecho a seguir, de O Uraguai, que apresenta a primeira parte do diálogo iniciado por líderes
indígenas (Cepê e Cacambo), às margens do Rio Uruguai, com o General Gomes Freire de Andrade, responsável pela
expedição portuguesa.
12
Literatura
Anotações
Eu, desarmado e só, buscar-te venho. Será; mas não o creio. E depois disto
Tanto espero de ti. E enquanto as armas As campinas que vês e a nossa terra
Dão lugar à razão, senhor, vejamos Sem o nosso suor e os nossos braços,
Se se pode salvar a vida e o sangue De que serve ao teu rei? Aqui não temos
De tantos desgraçados. Muito tempo Nem altas minas, nem caudalosos
Pode ainda tardar-nos o recurso Aqui não temos. Os padres faziam crer
Com o largo oceano de permeio, aos índios que os portugueses eram
Em que os suspiros dos vexados povos gente sem lei,
Perdem o alento. O dilatar-se a entrega Que adoravam o ouro.
Está nas nossas mãos, até que um dia Rios de areias de ouro. Essa riqueza
Informados os reis nos restituam Que cobre os templos dos benditos padres,
A doce antiga paz. Se o rei de Espanha Fruto da sua indústria e do comércio
Ao teu rei quer dar terras com mão larga Da folha e peles, é riqueza sua.
Que lhe dê Buenos Aires, e Correntes Com o arbítrio dos corpos e das almas
E outras, que tem por estes vastos climas; O céu lha deu em sorte. A nós somente
Porém não pode dar-lhes os nossos povos. Nos toca arar e cultivar a terra,
E inda no caso que pudesse dá-los, Sem outra paga mais que o repartido
Eu não sei se o teu rei sabe o que troca Por mãos escassas mísero sustento.
Porém tenho receio que o não saiba. Podres choupanas, e algodões tecidos,
Eu já vi a Colônia portuguesa E o arco, e as setas, e as vistosas penas
Na tenra idade dos primeiros anos, São as nossas fantásticas riquezas.
Quando o meu velho pai cos nossos arcos Muito suor, e pouco ou nenhum fasto.
Às sitiadoras tropas castelhanas Volta, senhor, não passes adiante.
Deu socorro, e mediu convosco as armas. Que mais queres de nós? Não nos obrigues
E quererão deixar os portugueses A resistir-te em campo aberto. Pode
A praça, que avassala e que domina Custar-te muito sangue o dar um passo.
O gigante das águas, e com ela Não queiras ver se cortam nossas frechas.
Toda a navegação do largo rio, Vê que o nome dos reis não nos assusta.
Que parece que pôs a natureza O teu está muito longe; e nós os índios
Para servir-vos de limite e raia? Não temos outro rei mais do que os padres.
GAMA, Basílio da. O Uraguai. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn00094a.pdf.
Acesso em: 30 set. 2021.
O excerto revela um diálogo em que os indígenas, para marcar posição no conflito, apresentam-se desarmados.
Ao analisar a fala dos indígenas, podem-se observar algumas crenças, como a de que a paz pode ser restituída pela
ação dos reis, a de que o povo indígena almeja a paz e a de que o rei dos índios são os padres. Essas crenças estão as-
sociadas a vários argumentos, como:
a) A imagem dos portugueses não é boa.
b) Defende a vida de tantos que podem morrer com a guerra, se for deflagrada.
c) O rei espanhol pode dar as terras, mas não as pessoas que nelas habitam.
d) A troca não é vantajosa para o rei de Portugal.
e) Os portugueses não vão querer abandonar seus domínios.
f) As terras desejadas não têm minas de ouro nem grandes rios; têm apenas áreas de plantio.
g) As riquezas que podem oferecer são: pobres choupanas, tecidos de algodão, arcos e flechas, penas vistosas e
muito suor.
h) A distância dos reis de Portugal e da Espanha.
Depois da leitura do excerto, discuta com os colegas a validade dos argumentos apresentados pela parte indígena,
relacionando-os com a situação das nações indígenas atualmente no Brasil.
Síntese da obra
Após proposição, invocação, dedicatória e evocação, a narrativa se inicia com o naufrágio da embarcação de Diogo Álvares Correia e com sua
Canto I prisão e a de sete marujos pelos Tupinambás. Quando os prisioneiros vão ser sacrificados pela tribo antropófaga, ela é atacada pelo cacique
Sergipe, que vence e liberta os prisioneiros.
Diogo utiliza sua armadura e sua espingarda para intimidar e aproximar-se dos indígenas. Com a arma, consegue submeter os
inimigos a Gupeva. Por causa da explosão provocada pela pólvora ao disparar a espingarda, o português passa a ser chamado
Canto II
Caramuru, que significa “filho do trovão”. O autor apresenta Paraguaçu, uma indígena de pele branca que sabe português e está
prometida a Gupeva. Caramuru acaba se apaixonando por ela.
Gupeva explica que a tribo será atacada por Jararaca, um caeté sanguinário, que também está apaixonado por Paraguaçu. Uma vez
Canto III
mais, Caramuru usa a arma de fogo para afugentar o inimigo.
Jararaca convoca outras tribos para lutarem contra os tupinambás. Submeter-se a ele significaria perder as terras e ser escravizado. Até
Canto IV
Paraguaçu luta corajosamente e é salva pelo colonizador português.
Após a guerra, o casal avalia a maldade humana. Caramuru consegue controlar todos os nativos, eliminando as possibilidades de
Canto V
resistência de Jararaca.
Fica muito evidente a construção do herói e a valorização dos grandes feitos de Diogo. Os caciques oferecem suas filhas a Caramuru,
mas ele as recusa por amar Paraguaçu. Saudoso de casa, parte para a Europa numa embarcação francesa, levando Paraguaçu. A união
dos dois representa uma aliança entre o colonizador e o povo indígena. Nesse canto, é descrito o episódio mais trágico da obra: a
Canto VI
morte da indígena Moema. Várias nativas interessadas em Caramuru ficam inconsoláveis com sua partida. Muitas delas nadam,
tentando alcançar a embarcação, até que, cansadas, retornam. Porém, Moema não suporta vê-lo partir, nada até a caravela e pede a
Caramuru que lance um raio sobre ela. Exausta, não suporta mais e morre afogada.
Na França, o casal é recebido na corte e Paraguaçu é batizada com o nome da rainha Catarina de Médicis, mulher de Henrique II, que
Canto VII
lhe serve de madrinha. Diogo lhes descreve tudo o que sabe a respeito da flora e da fauna brasileiras.
Henrique II se predispõe a ajudar Diogo Álvares na tarefa de doutrinamento e assimilação dos índios, oferecendo-lhe tropa e recompensa.
Fiel à monarquia portuguesa, o valente lusitano recusa tal proposta. Na viagem de volta ao Brasil, Catarina-Paraguaçu profetiza,
Canto VIII prospectivamente, o futuro da nação. Descreve as terras da Bahia: povoações, igrejas, engenhos e fortalezas. Fala sobre seus governadores
e a luta contra os franceses de Villegagnon, aliados dos Tamoios. Discorre sobre o ataque de Mem de Sá aos franceses no forte da enseada
de Niterói e sobre a vitória de Estácio de Sá contra as mesmas forças.
Canto IX Prosseguindo em seu vaticínio, Catarina-Paraguaçu descreve a luta contra os holandeses que termina com a restauração de Pernambuco.
A visão profética de Catarina-Paraguaçu acaba se transformando na da Virgem sobre a criação do Universo. Ao chegar, o casal é recebido pela
caravela de Carlos V, que agradece a Diogo o socorro aos náufragos espanhóis. A história de Pereira Coutinho é narrada, enfatizando-se o
apoio dos Tupinambás na dominação dos campos da Bahia e no povoamento do Recôncavo Baiano.
Na cerimônia realizada na Casa da Torre, o casal revestido na realeza da nação espanhola a transfere para D. João III, representado na pessoa do
Canto X
primeiro Governador Geral, Tomé de Souza. A penúltima estrofe canta a preservação da liberdade do índio e a responsabilidade do reino com a
divulgação da religião cristã entre eles. Na última (epílogo), Diogo e Catarina, por decreto real, recebem as honras da colônia lusitana.
No desfecho, o autor trata da necessidade de preservação do indígena, defende a submissão deles às leis da Coroa e a importância de
torná-los cristãos. Para encerrar o poema, Paraguaçu e Diogo recebem as honras da colônia lusitana.
14
Literatura
Faça em sala
1. O excerto a seguir registra a resposta dada aos indígenas pelo General Gomes Freire de Andrade, responsável pela expedição portuguesa. Leia-o com
atenção.
Acabou de falar; e assim responde Da sua proteção. Esse absoluto
O ilustre General: Ó alma grande, Império ilimitado, que exercitam
Digna de combater por melhor causa, Em vós os padres, como vós, vassalos,
Vê que te enganam: risca da memória É império tirânico, que usurpam.
Vãs, funestas imagens, que alimentam Nem são senhores, nem vós sois escravos.
envelhecidos mal fundados ódios. O rei é vosso pai: quer-vos felizes.
Por mim te fala o rei: ouve-me, atende, Sois livres, como eu sou; e sereis livres,
E verás uma vez nua a verdade. Não sendo aqui, em outra qualquer parte.
Fez-vos livres o céu, mas se o ser livres Mas deveis entregar-nos estas terras.
Era viver errantes e dispersos, Ao bem público cede o bem privado.
Sem companheiros, sem amigos, sempre
O sossego de Europa assim o pede.
Com as armas na mão em dura guerra,
Assim o manda o rei. Vós sois rebeldes,
Ter por justiça a força, e pelos bosques
Se não obedeceis; mas os rebeldes,
Viver do acaso, eu julgo que inda fora
Eu sei que não sois vós, são os bons padres,
Melhor a escravidão que a liberdade.
Que vos dizem a todos que sois livres,
Mas nem a escravidão, nem a miséria
E se servem de vós como de escravos.
Quer o benigno rei que o fruto seja
GAMA, Basílio da. O Uraguai. Disponível em: www.dominiopublico. gov.br/download/texto/bn00094a.pdf.
Acesso em: 30 set. 2021.
a escravidão deles. Os verdadeiros algozes são os padres, que escravizam os índios pela fé.
3. hĪŏÿżłƣÿŃŰĪŲƸżÿƫĪŃǀŏƣ᠁ģżĪƠŏƫŽģŏżģƣÿŰĀƸŏĜżģĪCaramuru.
XLI
Enfim, tens coração de ver-me aflita,
Flutuar moribunda entre estas ondas;
Nem o passado amor teu peito incita
A um ai somente, com que aos meus respondas:
Bárbaro, se esta fé teu peito irrita,
(Disse, vendo-o fugir), ah não te escondas;
Dispara sobre mim teu cruel raio.
E indo a dizer o mais, cai num desmaio.
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a) ƢǀĪĪƠŏƫŽģŏżĪÿƢǀÿŏƫƠĪƣƫżŲÿŃĪŲƫģżƸĪǢƸżīƠŏĜżƫĪƣĪłĪƣĪżĪǢĜĪƣƸż᠈ żŰƠƣżǜĪƫǀÿƣĪƫƠżƫƸÿĜżŰĪŧĪŰĪŲƸżƫģżƸĪǢƸż᠇
O excerto conta o episódio da partida de Caramuru para a Europa e apresenta as personagens envolvidas nessa cena: Moema e Caramuru.
Isso pode ser afirmado pelo uso do feminino e do masculino e pela descrição do sofrimento amoroso de Moema (traduzidos por termos como “aflita”,
“moribunda”, “pálida”, “com mágoa”) e sua visão em relação à partida do amado, vista como abandono (descrito como bárbaro, fugitivo, cruel).
b) ƸƣĪĜŊżģĪƫĜƣĪǜĪǀŰłÿƸżģƣÿŰĀƸŏĜżƢǀĪŃĪƣÿĜżŲƫĪƢǀįŲĜŏÿƫ᠇¥ǀÿŏƫƫĘżĪŧÿƫ᠈
O fato dramático é a partida de Caramuru para a Europa, acompanhado de Paraguaçu, abandonando Moema, que é apaixonada por ele e não suporta a
separação. Ela nada inutilmente, tentando acompanhar a embarcação, e acaba, sem forças, afogando-se, metaforicamente, em sua mágoa de mulher
abandonada.
c) SŲģŏƢǀĪżƫÿƫƠĪĜƸżƫłżƣŰÿŏƫģÿƫģǀÿƫĪƫƸƣżłĪƫ᠇
As estrofes têm oito versos decassílabos com um esquema formal de rimas: abababcc.
XL
Prodígio raro, estranha maravilha,
Com que tanto mistério se retrata!
Onde em meio das trevas a fé brilha,
Que tanto desconhece a gente ingrata:
Assim do lado seu nascendo filha
A humana espécie, Deus piedoso trata,
E faz que quando a graça em si despreza,
Lhe pregue co’esta flor a natureza.
a) ÿżƠƣżĜĪƫƫżģĪĜżŲǜĪƣƫĘżģĪ£ÿƣÿŃǀÿğǀđłīĜƣŏƫƸĘ᠇ Resposta: A.
b) ÿżƠżģĪƣģÿǵŧżƣŲÿĜǀŧƸǀƣÿŏŲģőŃĪŲÿŲÿĜŏżŲÿŧ᠇
c) à riqueza da natureza tipicamente brasileira.
d) à disposição dos europeus em aceitar a religião indígena.
e) à relação amorosa vivida por Diogo e Paraguaçu.
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Literatura
Faça em casa
ěƫĪƣǜĪÿƠŏŲƸǀƣÿĪŧĪŏÿżłƣÿŃŰĪŲƸżÿƫĪŃǀŏƣƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫᙷĪᙸ᠇
1. ᠤÃ/GᠵGᠥłƣÿŃŰĪŲƸżĪÿƠŏŲƸǀƣÿƫĪÿƠƣżǢŏŰÿŰƠżƣ᠀
a) ƸĪƣĪŰƸĪŰĀƸŏĜÿƫƫĪŰĪŧŊÿŲƸĪƫ᠇ Resposta: A. c) ƣĪłżƣğÿƣĪŰƸĪŰÿƫĪŏģĪÿŏƫŏŧǀŰŏŲŏƫƸÿƫ᠇
b) retratarem o mesmo acontecimento. d) ÿŧǀģŏƣĪŰÿżŰĪƫۿۿŰĪŲƸżŊŏƫƸŽƣŏĜż᠇
3. (UFPR) O UraguaiłżŏƠǀěŧŏĜÿģżƠĪŧÿƠƣŏŰĪŏƣÿǜĪǭÿŲƸĪƫģÿSŲģĪƠĪŲģįŲĜŏÿģżƣÿƫŏŧ᠁ĪŰᙷᚃᚂᚅ᠁ĪŲÿƣƣÿÿƫģŏƫƠǀƸÿƫĪŲƸƣĪĪƫƠÿŲŊŽŏƫĪƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫ
ƠĪŧżƫƸĪƣƣŏƸŽƣŏżƫģżƫǀŧģżĜżŲƸŏŲĪŲƸĪ᠁ĪŲǜżŧǜĪŲģżżƫőŲģŏżƫĪżƫšĪƫǀőƸÿƫ᠇tżłƣÿŃŰĪŲƸżÿƫĪŃǀŏƣ᠁ƠżģĪŰżƫĜżŲłĪƣŏƣǀŰƸƣĪĜŊżģÿłÿŧÿģżĜżŰÿŲ-
ģÿŲƸĪƠżƣƸǀŃǀįƫ᠀
O nosso último rei e o rei de Espanha
Determinaram por cortar de um golpe,
Como sabeis, neste ângulo da terra,
As desordens de povos confinantes,
Que mais certos sinais nos dividissem.
GAMA, Basílio da. Canto primeiro. In: GAMA, Basílio da. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 47.
O talento de Basílio da Gama, que transforma o árido assunto em matéria literária, recebe, cem anos depois, o elogio de Machado de
Assis. Ao compará-lo com seu contemporâneo, Tomás Antônio Gonzaga, o escritor afirma: “Não lhe falta, também a ele, nem sensibili-
dade, nem estilo, que em alto grau possui; a imaginação é grandemente superior à de Gonzaga, e quanto à versificação nenhum outro,
em nossa língua, a possui mais harmoniosa e pura” (A nova geração. In: Obras completas. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1973. p. 815).
17
1. ĜżŲƸĪǢƸżŊŏƫƸŽƣŏĜżƸƣÿěÿŧŊÿģżŲżƠżĪŰÿģĪÿƫőŧŏżģÿGÿŰÿīłǀŲģÿŰĪŲƸÿŧƠÿƣÿżƫĪǀĪŲƸĪŲģŏŰĪŲƸż᠀ÿģĪƫĜĪŲƸƣÿŧŏǭÿğĘżģżƠżģĪƣĜżŧżŲŏÿŧ᠁
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segunda metade do século XVIII.
2. Ao longo dos cinco cantos de O Uraguai, compostos em decassílabos sem rima, podemos perceber a marca da epopeia, na narração da guerra e dos
łĪŏƸżƫģżƫŊĪƣżŏĜżƫƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫ᠁ĪģÿƫĀƸŏƣÿ᠁ŲÿĜÿƣŏĜÿƸǀƣÿģżƫšĪƫǀőƸÿƫ᠁ƠÿƣƸŏĜǀŧÿƣŰĪŲƸĪŲÿǿŃǀƣÿģż£ÿģƣĪÿŧģÿ᠇
3. ŃƣÿŲģĪģĪƫƸÿƢǀĪģÿģżÿżƫőŲģŏżƫĪđģĪłĪƫÿģÿƫǀÿƸĪƣƣÿ᠁ÿĪǢÿŧƸÿğĘżŧőƣŏĜÿģÿŲÿƸǀƣĪǭÿĪÿĜĪŲƸƣÿŧŏģÿģĪģżƠÿƣÿŰżƣ᠓ŰżƣƸĪ᠁ƠƣĪƫĪŲƸĪŲÿƣĪŧÿğĘż
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brasileira.
4. £ÿƣÿŲÿƣƣÿƣÿĜżŲƸĪĜŏŰĪŲƸżƫƣĪÿŏƫģÿÿğĘżģĪƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫĪĪƫƠÿŲŊŽŏƫŲÿģŏƫƠǀƸÿģżƫƸĪƣƣŏƸŽƣŏżƫģĪŧŏŰŏƸÿģżƫƠĪŧżƣŏżÃƣǀŃǀÿŏ᠁ƢǀĪŊżšĪ
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no poema, para não se comprometer.
Está corretożƢǀĪƫĪÿłŏƣŰÿĪŰ᠀
a) I, II e III d) I e III Resposta: D.
b) I e II e) II
c) II e II
18
Literatura
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XIV
Já estava em terra o infausto1 naufragante,
Rodeado da turba2 americana;
Veem-se com pasmo ao porem-se diante,
E uns aos outros não creem da espécie humana:
Os cabelos, a cor, barba e semblante
Faziam crer àquela gente insana,
Que alguma espécie de animal seria,
Desses que no seu seio o mar trazia.
XV
Algum, chegando aos míseros, que à areia
O mar arroja3 extintos, nota o vulto4;
Ora o tenta despir e ora receia
Não seja astúcia, com que o assalte oculto.
Outros, do jacaré tomando a ideia
Temem que acorde com violento insulto,
Ou que o sono fingindo os arrebate
E entre as presas cruéis no fundo os mate.
XVI
Mas vendo o Sancho, um náufrago que expira,
Rota a cabeça numa penha5 aguda,
Que ia trêmulo a erguer-se e que caíra,
Que com voz lastimosa implora ajuda:
E vendo os olhos, que ele em branco vira,
Cadavérica a face, a boca muda,
Pela experiência da comum sorte,
Reconhecem também que aquilo é morte.
XVII
Correm depois de crê-lo ao pasto horrendo;
E retalhando o corpo em mil pedaços,
Vai cada um famélico6 trazendo,
Qual um pé, qual a mão, qual outro os braços:
Outros da crua carne iam comendo;
Tanto na infame gula eram devassos:
Tais há que as assam nos ardentes fossos,
Alguns torrando estão na chama os ossos.
XVIII
Que horror da humanidade! ver tragada
Da própria espécie a carne já corrupta!
Quanto não deve a Europa abençoada
À Fé do Redentor, que humilde escuta?
(Arcadismo: líricos e épicos, 2010.)
7. ᠤÃ/ᠵrᠥƸƣĪĜŊżƸƣÿŲƫĜƣŏƸżŲÿƣƣÿ
a) ÿƣĪƫŏƫƸįŲĜŏÿģżƫŏŲģőŃĪŲÿƫģÿÿŊŏÿĪŰÿĜĪŏƸÿƣÿƣĪŧŏŃŏĘżģżƫƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫ᠇
b) ÿƸƣĀŃŏĜÿĜŊĪŃÿģÿģżƫƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫđÿŊŏÿÿƠŽƫżŲÿǀłƣĀŃŏżģĪƫǀÿĪŰěÿƣĜÿğĘż᠇ Resposta: B.
c) ÿƫÿŲŃƣĪŲƸÿģŏƫƠǀƸÿĪŲƸƣĪŏŲģőŃĪŲÿƫĪƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫƠĪŧżƸĪƣƣŏƸŽƣŏżģÿÿŊŏÿ᠇
d) a emboscada preparada pelos indígenas para capturar as embarcações portuguesas.
e) żĪƫłżƣğżłĪƣżǭģżƫƠżƣƸǀŃǀĪƫĪƫĪŰĜÿƠƸǀƣÿƣżƫŏŲģőŃĪŲÿƫģÿÿŊŏÿ᠇ 19
9. ᠤÃ/ᠵrᠥ/ŲƸƣĪÿƫŧŏŲŊÿƫƸĪŰĀƸŏĜÿƫĪǢƠŧżƣÿģÿƫƠżƣ®ÿŲƸÿ¦ŏƸÿ'ǀƣĘżĪŰƫĪǀƠżĪŰÿīƠŏĜż᠁ÿƢǀĪŧÿƢǀĪƫĪŰżƫƸƣÿŰÿŏƫǜŏƫőǜĪŧŲżƸƣĪĜŊżƸƣÿŲƫĜƣŏƸżī
a) a descrição da natureza local. d) a exaltação da pureza indígena.
b) a rivalidade entre tribos indígenas. e) a descrição da vida indígena. Resposta: E.
c) ÿěƣǀƸÿŧŏģÿģĪģżĜżŧżŲŏǭÿģżƣƠżƣƸǀŃǀįƫ᠇
hĪŏÿÿƫƫĪŃǀŏŲƸĪƫĪƫƸƣżłĪƫģż ÿŲƸżSƠÿƣÿƣĪƫƠżŲģĪƣđƫƢǀĪƫƸƛĪƫģĪᙷᙶÿᙷᙸ᠇
I
De um varão em mil casos agitados,
Que as praias discorrendo do Ocidente,
Descobriu recôncavo afamado
Da capital brasílica potente;
Do Filho do Trovão denominado,
Que o peito domar soube à fera gente,
O valor cantarei na adversa sorte,
Pois só conheço herói quem nela é forte.
II
Santo Esplendor, que do Grão Padre manas
Ao seio intacto de uma Virgem bela,
Se da enchente de luzes soberanas
Tudo dispensas pela Mãe donzela;
Rompendo as sombras de ilusões humanas,
Tudo do grão caso a pura luz revela;
Faze que em ti comece e em ti conclua
Esta grande obra, que por fim foi tua.
III
E vós, Príncipe excelso, do Céu dado
Para base imortal do luso trono;
Vós, que do áureo Brasil no principado
Da real sucessão sois alto abono;
Enquanto o império tendes descansado
Sobre o seio da paz com doce sono,
Não queirais designar-vos no meu metro
De pôr os olhos e admiti-lo ao cetro.
10. tÿĪƫƸƣżłĪS᠁żƠżĪƸÿÿƠƣĪƫĪŲƸÿ
a) a invocação. c) a proposição. Resposta: C. e) a dedicação.
b) o epílogo. d) a narração.
11. tÿƫĪŃǀŲģÿĪƫƸƣżłĪ᠁ƠÿƣÿƠżģĪƣƣĪÿŧŏǭÿƣƫǀÿƸÿƣĪłÿģĪĪƫĜƣŏƸÿ᠁żĪƫĜƣŏƸżƣƣĪÿŧŏǭÿ᠀
a) a invocação. Resposta: A. c) a proposição. e) a dedicação.
b) o epílogo. d) a narração.
12. ƠÿƣƸŏƣģÿĪƫƸƣżłĪSSS᠁®ÿŲƸÿ¦ŏƸÿ'ǀƣĘżĪǢƠƣĪƫƫÿ᠀
a) a invocação. c) a proposição. e) a dedicação do poema ao rei D. José I.
b) o epílogo. d) a narração. Resposta: E.
20
Literatura
Junte os pontos
Observe com atenção o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.
A épica e a poesia
indianista árcade
1. Quais são os aspectos inovadores da epopeia O Uraguai, de Basílio da Gama, em relação aos modelos clássicos?
A obra O Uraguai apresenta somente cinco cantos e versos brancos. Além disso, explicita uma crítica dura à ação jesuítica no conflito descrito.
21
Andreas G. Karelias/Shutterstock
Habilidades da BNCC
EM13LP01, EM13LP46,
EM13LP48, EM13LP49 e
EM13LP52
Nesta unidade, você
vai estudar:
Poesia lírica árcade:
Silva Alvarenga e
Alvarenga Peixoto.
Obra de Tomás Antônio
Gonzaga.
Poesia de Cláudio Manuel
da Costa.
Produção satírica e
pré-Romantismo.
Inicie a jornada!
Poesia lírica árcade: Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto
O gênero lírico é predominante no Arcadismo. Silva Alvarenga, com a obra Glaura; Alvarenga Peixoto, com poemas
dispersos; Tomás Antônio Gonzaga, com Liras; e Cláudio Manuel da Costa, com Obras poéticas, compõem a lista dos
autores e das obras mais importantes da lírica árcade. Em seus poemas, de temática bucólica, habitam pastores que
vivem de modo simples, ora contemplando a natureza, ora se dirigindo a pastoras para declarar seu amor. Como era
comum os poetas usarem pseudônimos em suas produções literárias, eles também são identificados, respectivamen-
te, como: Alcindo Palmireno, Eureste Fenício, Dirceu e Glauceste Satúrnio.
Manuel Inácio da Silva Alvarenga nas-
onneur/Shutterstock
Sua poesia lírica é marcada por intensa musicalidade. Trata dos temas comuns do Arcadismo, como a existência
simples e pacata do campo, envolta numa auréola de galante sensualidade. Uma característica de sua obra é que há
momentos em que o poeta, liberando-se do rigor clássico, expõe sua personalidade brasileira, incorporando à paisa-
gem bucólica elementos típicos da nossa natureza. Em meio a faunos e ninfas, há lugar para a atmosfera tropical: um
cajueiro ou uma mangueira sob a qual Glaura descansa.
À mangueira
O cajueiro
Vem, ó ninfa, ao cajueiro, Carinhosa e doce, ó Glaura,
Inácio José de Alvarenga Peixoto nasceu no Rio de Janeiro, no dia 1o de fevereiro de 1744. Com nove anos, mudou-se
para a cidade de Braga, Portugal, onde concluiu o curso secundário. Em 1769, formou-se em Direito em Coimbra, onde
exerceu a magistratura. Em 1776, retornou para o Brasil como ouvidor, passando a viver em São João del-Rei, Minas Gerais.
Em 1781, casou-se com Bárbara Heliodora, com quem teve quatro filhos.
Alvarenga Peixoto também desenvolveu atividades relacionadas com a mineração e, em 1785, foi nomeado coro-
nel do Primeiro Regimento de Cavalaria da Campanha do Rio Verde. Além de se dedicar à poesia, envolveu-se com a
Inconfidência Mineira e, por isso, foi deportado para Angola em 1792, após período de prisão no Rio de Janeiro. Com o
confisco de seus bens, parte de sua obra se perdeu.
A poesia do autor, além do tratamento do tema bucólico, apresenta elementos da mineração e da paisagem local.
Sua obra conhecida reúne alguns sonetos de caráter laudatório, dedicados a exaltar uma figura ou um fato público, e
poucos poemas líricos, marcados por profunda tristeza e amargura. Os mais conhecidos são: “A dona Bárbara Helio-
dora”, “Estela e Nise”, “A Maria Efigênia”, “A alteia”, “A lástima” e “A saudade”. Alvarenga Peixoto faleceu no exílio, dois
meses após sua chegada à África.
Leia o soneto a seguir.
23
II XLVII
Leia a posteridade, ó pátrio Rio, Que inflexível se mostra, que constante
Em meus versos teu nome celebrado; Se vê este penhasco! já ferido
Por que vejas uma hora despertado Do proceloso vento, e já batido
O sono vil do esquecimento frio: Do mar, que nele quebra a cada instante!
Não vês nas tuas margens o sombrio, Não vi; nem hei de ver mais semelhante
Fresco assento de um álamo copado; Retrato dessa ingrata, a que o gemido
Não vês ninfa cantar, pastar o gado Jamais pode fazer, que enternecido
Na tarde clara do calmoso estio. Seu peito atenda às queixas de um amante.
Que de seus raios o planeta louro Mas que diversa é tua natureza!
Enriquecendo o influxo em tuas veias, Dos contínuos excessos da porfia,
Quanto em chamas fecunda, brota em ouro. Recobras novo estímulo à fereza.
Outra nuance que merece destaque na obra de Cláuido Manuel da Costa é o fato de, frequentemente, denunciar
o aspecto cruel da amada. No soneto XLVII, o eu lírico, em primeira pessoa, revela suas emoções baseadas numa com-
paração com elementos da natureza exterior. Ele também compensa sua frustração pela falta de atenção de sua musa,
Nise, com a caracterização dela com termos do mesmo campo semântico da palavra “ingratidão”.
Faça em sala: 1 e 2 | Faça em casa: 1 a 6
24
Literatura
Entre outras obras, escreveu as liras de Marília de Dirceu, sua poesia lírica mais conhecida. Inspirado em seu ro-
mance com Maria Doroteia, adotou o pseudônimo Dirceu. Essa obra é marcada por simplicidade e ingenuidade, na
primeira parte, e por revolta e amargura, na parte final. Nos textos da primeira parte da poesia, identificam-se os
aspectos marcantes da escola árcade; nas duas últimas partes, as questões pessoais – prisão, exílio e fim do noivado.
Critilo apresenta, em seus versos, a tirania e o abuso de poder de Fanfarrão Minésio, pseudônimo do represen-
tante da Coroa portuguesa em Minas Gerais, Cunha Meneses. Nesse fragmento, faz referência a uma prisão como o
patrimônio a ser deixado pelo governante. Leia a descrição dessa personagem no texto original:
No fim do período árcade, percebe-se um movimento pré-romântico, e a literatura passa a valorizar outros aspectos.
Reflita sobre os trechos das Cartas chilenas e comente com os colegas sobre a atualidade dessa obra. Se possível, dê
exemplos concretos da realidade atual.
Não houve, de fato, um período pré-romântico, mas é possível identificar na obra de alguns autores a intensidade de
sentimentos, um caráter confessional, e, por isso, chamá-los de autores pré-românticos. Na literatura brasileira, pode-se
considerar o pré-Romantismo na obra de Cláudio Manuel da Costa, que também tem traços barrocos, e Tomás Antônio
Gonzaga, em especial na segunda parte do poema Marília de Dirceu, produzido após sua prisão como inconfidente.
O autor projetou na vida do pastor Dirceu todo o seu sofrimento, as coisas que perdeu e, especialmente, a sepa-
ração da amada. O fragmento apresenta a masmorra (prisão), a saudade e a tristeza de Dirceu afastado de Marília.
Além de Gonzaga, Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama e Santa Rita Durão, em seus poemas épicos, es-
colheram fatos da história brasileira e apresentaram o ciclo do ouro em Vila Rica, nossa natureza e o indígena — o
bom selvagem de Rousseau — como elementos literários. No Romantismo, o indígena será apresentado como herói
nacional, e a natureza, como cor local, isto é, como algo peculiar, característico de nosso país. Uma identidade nacio-
nal começa a ser construída.
Leia os excertos da matéria “Saiba o que realmente foi a Inconfidência Mineira e o que resta do período no Brasil”.
Cartas chilenas
A mobilização que resultaria na chamada Inconfidência começou em 1785, com a circulação,
em Vila Rica, atual Ouro Preto, das Cartas chilenas, poemas satíricos criticando Luís da Cunha Mene-
zes, governador da Capitania de Minas de 1783 a 1788.
Nesse último ano, assinala Villalta, chegava ao Rio, vindo da Europa, o mineiro José Álvares Ma-
ciel (filho), cunhado do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, segunda autoridade
militar da Capitania de Minas e um dos inconfidentes.
“Sabe quem o esperava no porto, no Rio? Tiradentes, que logo propôs a rebelião contra Portugal,
embora o recém-chegado não tenha dado muito crédito”, narra Villalta. Mesmo assim, o movimento
vai crescendo e se espalha pela região de São João del-Rei e outras localidades do Campo das Ver-
tentes.
Em 8 de outubro de 1788, já não havia mais como parar. E pairava sobre as Gerais o fantasma da
derrama, pois, naquele ano, Luís Antônio Furtado de Castro do Rio Mendonça, visconde de Barba-
cena, chegara a Minas com ordem de decretá-la. A situação gerou descontentamento, em especial
nas pessoas ligadas a grupos privilegiados — contratadores, clérigos, militares, contrabandistas, etc.
Na casa do pároco Carlos Correia de Toledo, em São José del-Rei (atual Tiradentes), alguns dos
futuros inconfidentes começam a arquitetar a conspiração. Há sucessivos encontros em Vila Rica:
no fim de dezembro, na casa do tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrada, com a pre-
sença de Alvarenga Peixoto, Álvares Maciel e os padres Toledo e Rolim; e na casa do contratador de
impostos João Rodrigues de Macedo, proprietário da Casa dos Contos.
Delação premiada
Para ajudar a entender o que estava ocorrendo é imprescindível conhecer o cenário no século
18: novos ventos sopravam sobre o Ocidente, trazendo a filosofia de pensadores franceses que cri-
ticavam o poder absoluto dos reis, a administração colonial, o monopólio comercial, a intolerância
religiosa e o sistema de trabalho.
“A Inconfidência floresceu no ambiente de efervescência intelectual e política, como ocorria na
Europa e Américas, nesse caso em especial com a independência das 13 colônias que deram origem
aos Estados Unidos (1776)”, observa o professor.
No fim de 1789, a derrama foi suspensa e comunicada em 14 de março do ano seguinte. Com a
delação “premiada” feita por Joaquim Silvério dos Reis, o movimento dos inconfidentes é abortado
e as prisões ocorrem a partir de 2 de maio.
Ao entregar os inconfidentes à Coroa portuguesa, com a qual estava em débito, Silvério dos Reis
teve sua dívida perdoada.
“Fez uma denúncia por escrito e uma delação premiada, porque teve benefícios e não pagou
suas dívidas à Fazenda Real”, observa o professor. Preso durante três anos, no Rio, Tiradentes foi
enforcado em 21 de abril de 1792.
Disponível em: www.em.com.br/app/noticia/gerais/2018/04/21/interna_gerais,953234/saiba-o-que-realmente-foi-a-
inconfidencia-mineira-e-o-que-ainda-resta.shtml. Acesso em: 7 jun. 21.
A análise que o professor Luiz Carlos Villalta, da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), faz da In-
confidência Mineira relaciona o movimento do século XVIII com aspectos da atualidade brasileira. Dois deles
são a corrupção e a delação premiada. Baseado na leitura dos excertos, escreva um pequeno texto sobre como a
prática que envolveu Joaquim Silvério dos Reis pode ser referente a valores como cooperação, responsabilidade
e solidariedade. O professor combinará com a turma a dinâmica para compartilhar o conteúdo dos textos e a
forma de entregá-lo.
Professor, espera-se que os alunos relacionem a delação premiada com um ato de cooperação com a Justiça que provoca o
28 rompimento do estado de cooperação entre quem delata e outras pessoas, que passarão a assumir a responsabilidade do crime
Literatura
denunciado pelo delator. Os alunos poderão também comentar a questão ética envolvida nesse tipo de ação.
Faça em sala
Leia o texto para responder às questões 1 a 4.
Soneto VII
Onde estou? Este sítio desconheço: Árvores aqui vi tão florescentes,
Quem fez diferente aquele prado? Que faziam perpétua a primavera:
Tudo outra natureza tem tomado; Nem troncos vejo agora decadentes.
E em contemplá-lo tímido esmoreço.
Eu me engano: a região esta não era:
Uma fonte aqui houve; eu não me esqueço Mas que venho a estranhar, se estão presentes
De estar a ela um dia reclinado. Meus males, com que tudo degenera!
Ali em vale um monte está mudado:
Quanto pode dos anos o progresso!
COSTA, C. M. Poemas. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 7 jul. 2012.
1. (Ufscar-SP) O estilo neoclássico, fundamento do Arcadismo brasileiro, de que fez parte Cláudio Manuel da Costa, caracteriza-se pela utilização das for-
mas clássicas convencionais, pelo enquadramento temático em paisagem bucólica pintada como lugar aprazível, pela delegação da fala poética a um
pastor culto e artista, pelo gosto das circunstâncias comuns, pelo vocabulário de fácil entendimento e por vários outros elementos que buscam adequar
a sensibilidade, a razão, a natureza e a beleza. Dadas essas informações:
a) Indique a forma convencional clássica em que se enquadra o poema.
O poema é um soneto, dividido em dois quartetos e dois tercetos.
b) Transcreva a estrofe do poema em que a expressão da natureza aprazível, situada no passado, domina a expressão do sentimento do eu lírico.
Na terceira estrofe do poema há uma descrição da natureza aprazível: “Árvores aqui vi tão florescentes, / Que faziam perpétua a primavera: / Nem
2. (Ufscar-SP) Um dos elementos que diferenciam Cláudio Manuel da Costa de outros poetas do Arcadismo brasileiro é o fato de ele ainda conservar algu-
mas características do estilo barroco. No poema transcrito, a presença barroca se dá no rebuscamento sintático causado pelas inversões, atenuadas por
exigência do ritmo e da rima. Sabendo que as inversões de ordem sintática acontecem em todas as estrofes:
a) Reescreva a segunda estrofe de modo a preservar a colocação normal pedida pela sintaxe.
A segunda estrofe na colocação normal ou na ordem direta fica assim: “Houve aqui uma fonte; eu não me esqueço / De estar reclinado a ela um dia. / Ali um
b) Transcreva dois versos de terceto que, mesmo sendo reescritos segundo a colocação normal pedida pela sintaxe, preservem a rima escolhida
ƠĪŧżᡰƠżĪƸÿ᠇
O primeiro e o terceiro versos em ordem direta seriam: “Aqui vi árvores tão florescentes, / Nem vejo agora troncos decadentes”.
3. (Ufscar-SP) A crítica literária brasileira tem ressaltado que o terceiro verso do poema é aquele que concentra o tema central. Essa mesma crítica, por
outro lado, anotou com propriedade a importância do décimo segundo verso, que exprime uma mudança de atitude e se corrige nos versos finais graças
à descoberta, feita pelo eu poemático, da verdadeira causa do fenômeno descrito em todo o poema. Responda:
a) Que tema o terceiro verso concentra? Transcreva outros dois versos que o repercutem.
O terceiro verso trata da transitoriedade e da mudança da vida e das coisas. Essa temática caracteriza o Arcadismo. Os versos que comprovam isso são:
“Quem fez diferente aquele sítio?”/ “Ali em vale um monte está mudado”.
29
5. (Unicamp-SP) Nos dois poemas a seguir, Tomás Antônio Gonzaga e Ricardo Reis refletem, de maneira diferente, sobre a passagem do tempo, dela
extraindo uma “filosofia de vida”. Leia-os com atenção.
a) /ŰƢǀĪĜżŲƫŏƫƸĪÿᡆǿŧżƫżǿÿģĪǜŏģÿᡇƢǀĪÿƠÿƫƫÿŃĪŰģżƸĪŰƠżƫǀŃĪƣĪÿżĪǀŧőƣŏĜżģżƠżĪŰÿģĪ¼żŰĀƫŲƸƀŲŏżGżŲǭÿŃÿ᠈
O autor defende o ideal do carpe diem, isto é, aproveitar o presente.
b) Ricardo Reis associa a passagem do tempo às estações do ano. Que sentido é dado, em seu poema, ao outono?
O outono representa o declínio da vida.
c) Os dois poetas valorizam o momento presente, embora o façam de maneira diferente. Em que consiste essa diferença?
No primeiro texto, o eu lírico está no auge, então valoriza o aproveitamento dele; no segundo, a vida está no fim, de modo que valoriza a contemplação,
6. (Unifesp) O lema do carpe diem sintetiza expressivamente o motivo de aproveitar o presente, já que o futuro é incerto. Tal lema se manifesta mais expli-
citamente nos seguintes versos de Tomás Antônio Gonzaga:
a) Ah! socorre, Amor, socorre d) Se algum dia me vires desta sorte,
Ao mais grato empenho meu! Vê que assim me não pôs a mão dos anos:
Voa sobre os Astros, voa, Os trabalhos, Marília, os sentimentos
Traze-me as tintas do Céu. Fazem os mesmos danos.
b) Depois que represento e) Ah! enquanto os Destinos impiedosos
Por largo espaço a imagem de um defunto, Não voltam contra nós a face irada,
Movo os membros, suspiro, Façamos, sim, façamos, doce amada,
E onde estou pergunto. Os nossos breves dias mais ditosos. Resposta: E.
c) É bom, minha Marília, é bom ser dono
De um rebanho, que cubra monte e prado;
Porém, gentil pastora, o teu agrado
Vale mais que um rebanho, e mais que um trono.
30
Literatura
Faça em casa
Releia o soneto “VII”, de Cláudio Manuel da Costa, para responder às questões 1 e 2.
1. (Vunesp) O tom predominante no soneto é de:
a) ingenuidade. c) ira. e) perplexidade. Resposta: E.
b) apatia. d) ironia.
2. (Vunesp) No soneto, o eu lírico expressa um sentimento de inadequação que, a seu turno, se faz presente na seguinte citação:
a) “A independência, não obstante a forma em que se desenrolou, constituiu a primeira grande revolução social que se operou no Brasil.” (Florestan
Fernandes, A revolução burguesa no Brasil.)
b) “Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo ‘sentido’. Este se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos
fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num largo período de tempo.” (Caio Prado Júnior, Formação do Brasil contemporâneo.)
c) “A ocupação econômica das terras americanas constitui um episódio da expansão comercial da Europa. A descoberta das terras americanas é,
basicamente, um episódio dessa obra ingente. De início pareceu ser episódio secundário. E na verdade o foi para os portugueses durante todo um
meio século.” (Celso Furtado, Formação econômica do Brasil.)
d) “Trazendo de países distantes nossas formas de convívio, nossas instituições, nossas ideias, e timbrando em manter tudo isso em ambiente muitas
vezes desfavorável e hostil, somos ainda hoje uns desterrados em nossa terra.” (Sérgio Buarque de Holanda, Raízes do Brasil.) Resposta: D.
e) “A formação patriarcal do Brasil explica-se, tanto nas suas virtudes como nos seus defeitos, menos em termos de ‘raça’ e de ‘religião’ do que
em termos econômicos, de experiência de cultura e de organização da família, que foi aqui a unidade colonizadora.” (Gilberto Freyre, Casa-
grande e senzala.)
3. (Enem) Assinale a opção que apresenta um verso do soneto de Cláudio Manoel da Costa em que o poeta se dirige ao seu interlocutor.
a) “Torno a ver-vos, ó montes: o destino” (v. 1) Resposta: A. d) “Vendo correr os míseros vaqueiros” (v. 7)
b) “Aqui estou entre Almendro, entre Corino,” (v. 5) e) “Que, da Cidade, o lisonjeiro encanto.” (v. 11)
c) ᡆƫŰĪǀƫǿīŏƫ᠁ŰĪǀƫģżĜĪƫĜżŰƠÿŲŊĪŏƣżƫ᠁ᡇᠤǜ᠇ᚂᠥ
4. (Enem) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação
entre o poema e o momento histórico de sua produção.
a) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na primeira estrofe, são imagens relacionadas com a Metrópole, ou seja, o lugar onde o poeta se vestiu com
ƸƣÿšĪᡆƣŏĜżĪǿŲżᡇ᠇
b) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do
mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. Resposta: B.
c) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma
representação literária realista da vida nacional.
d) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é uma formulação literária que reproduz a condição histórica
paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole.
e) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à
transformação do pranto em alegria.
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a) Moema; (2) Caramuru; (3) Santa Rita Durão; d) Iracema; (2) Iracema; (3) José de Alencar;
b) Marabá; (2) Marabá; (3) Gonçalves Dias; e) Marília; (2) Marília de Dirceu; (3) Tomás A. Gonzaga.
c) Lindoia; (2) O Uraguai; (3) Basílio da Gama; Resposta: C.
6. (Unichristus-CE) Toda história é literatura, toda literatura é história. A epígrafe do livro Um poema para Bárbara resume bem o objetivo da autora, a
desembargadora mineira Mônica Sifuentes: resgatar um episódio importante da História do Brasil por meio de uma bela história de amor. Bárbara
Eliodora e Alvarenga Peixoto se conheceram em São João del-Rei, Minas Gerais. Os dois tinham posição social bem-sucedida e, em 1776, casaram-se e
foram felizes até a prisão de Alvarenga por participação na Inconfidência.
No contexto histórico da Inconfidência Mineira, Alvarenga Peixoto foi preso por:
a) defender a independência política do Brasil. Resposta: A. d) escrever história de amor entre classes sociais distintas.
b) atacar as críticas dos intelectuais a favor da República. e) participar dos movimentos a favor da “derrama”.
c) declarar sua opinião a favor da Monarquia.
7. (Vunesp) Há, no Arcadismo brasileiro, uma obra satírica de forma epistolar que suscitou dúvidas de autoria durante mais de um século. Assinale abaixo
a alternativa que apresenta o nome correto dessa obra e seu autor mais provável:
a) O reino da estupidez e Francisco de Melo Franco. d) Cartas chilenas e Tomás Antônio Gonzaga. Resposta: D.
b) Viola de Lereno e Domingos Caldas Barbosa. e) Os Bruzundangas e Lima Barreto.
c) O desertor e Manuel Inácio da Silva Alvarenga.
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I – Nise? Nise? Onde estás? Aonde espera
Achar-te uma alma, que por ti suspira [...]
II – Glaura! Glaura! Não respondes?
E te escondes nestas brenhas?
Dou às penhas meu lamento;
Ó tormento sem igual!
III – Minha bela Marília, tudo passa:
A sorte deste mundo é mal segura
Se vem depois dos males a ventura,
Vem depois dos prazeres a desgraça.
Os poetas árcades brasileiros tinham suas musas inspiradoras, a quem se dirigiam frequentemente em seus poemas. Pelas musas, evocadas nos versos
acima, pode-se dizer que seus autores são, respectivamente: Resposta: A.
a) Cláudio Manuel da Costa, Silva Alvarenga e Tomás Antônio Gonzaga. d) Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Frei Santa Rita Durão.
b) José Basílio da Gama, Cláudio Manuel da Costa e Alvarenga Peixoto. e) José Basílio da Gama, Frei Santa Rita Durão e Tomás Antônio Gonzaga.
c) Tomás Antônio Gonzaga, Silva Alvarenga e Alvarenga Peixoto.
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Literatura
Assim também serei, minha Marília, Verterão os meus olhos duas fontes,
daqui a poucos anos, nascidas de alegria;
que o ímpio tempo para todos corre. farão teus olhos ternos outro tanto;
Os dentes cairão e os meus cabelos. então darei, Marília, frios beijos
Ah! sentirei os danos, na mão formosa e pia,
que evita só quem morre. que me limpar o pranto.
No conteúdo da quinta estrofe do poema, encontramos uma das características mais marcantes do Arcadismo:
a) paisagem bucólica. Resposta: A. d) ǿŧżƫżǿÿŰżƣÿŧ᠇
b) pessimismo irônico. e) desencanto com o amor.
c) ĜżŲǵŧŏƸżģżƫĪŧĪŰĪŲƸżƫŲÿƸǀƣÿŏƫ᠇
11. (UFRGS-RS) Com base nos fragmentos a seguir, extraídos da Lira II, da obra Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, assinale com V (verdadeiro)
ou F (falso) as afirmações que seguem.
Pintam, Marília, os Poetas Tu, Marília, agora vendo
A um menino vendado, De Amor o lindo retrato,
Com uma aljava de setas, Contigo estarás dizendo
Arco empunhado na mão; Que é este o retrato teu.
Ligeiras asas nos ombros, Sim, Marília, a cópia é tua,
O tenro corpo despido, Que Cupido é Deus suposto:
E de Amor ou de Cupido Se há Cupido, é só teu rosto,
São os nomes, que lhe dão. Que ele foi quem me venceu.
[...]
ᠤ ᠥtÿƠƣŏŰĪŏƣÿĪƫƸƣżłĪ᠁żƠżĪƸÿģĪƫĜƣĪǜĪǀŰÿǿŃǀƣÿƣĪƠƣĪƫĪŲƸÿƸŏǜÿģżÿŰżƣŲÿŰŏƸżŧżŃŏÿĜŧĀƫƫŏĜÿ᠇
( ) Na primeira estrofe, a amada Marília é alertada sobre a violência que se esconde por detrás da superfície do amor.
( ) Na segunda estrofe, o poeta transfere o retrato de Cupido para o rosto vencedor de Marília.
( ) Na segunda estrofe, o poeta confessa à amada sua rendição em relação aos poderes do amor.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é: Resposta: B.
a) V - V - F - F. d) V - F - F - V.
b) V - F - V - V. e) F - V - F - F.
c) F - F - V - V.
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Junte os pontos
A lírica e a sátira árcade no Brasil
Observe com atenção o esquema que sintetiza os principais aspectos dos conteúdos trabalhados. Em seguida, responda às questões propostas.
1. Quais são as principais manifestações da poesia árcade e quem foram seus representantes?
As principais manifestações da poesia árcade foram: épica (Cláudio Manuel da Costa, Basílio da Gama e Frei Santa Rita Durão), lírica (Cláudio Manuel da
Costa, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Silva Alvarenga) e satírica (Tomás Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga).
2. Qual é o traço comum aos poetas líricos árcades, caracterizado como afrouxamento do cânone arcádico?
O traço comum que caracterizou a produção árcade nacional como um afrouxamento com cânone árcade foi a inclusão de
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Literatura
Data: Turma:
1. (UPE) Do século XVI até meados do XVIII, duas manifestações estéticas II. Gregório de Matos foi um repentista, que sabia improvisar; um
são de extrema relevância para a formação da literatura brasileira: o menestrel baiano que buscava inspiração no cotidiano, nas
Barroco e o Arcadismo. Para refletir sobre esses dois momentos e res- circunstâncias da vida, quer pelo êxtase religioso, quer pelo
ponder à questão, leia os textos a seguir. afetivo.
Texto 1 III. O texto 1 é marcado pela temática do carpe diem, característica
Discreta, e formosíssima Maria, notável também do Barroco.
Enquanto estamos vendo claramente IV. O texto 2 tem sua temática ligada ao pastoralismo, ao bucolismo, e
Na vossa ardente vista o sol ardente, remete à mitologia grega.
E na rosada face a Aurora fria.
V. Cláudio Manoel da Costa, cujo nome pastoral é Glauceste
Enquanto pois produz, enquanto cria ®ÿƸǁƣŲŏż᠁ƸĪŰłżƣƸĪŏŲǵŧǀįŲĜŏÿģżƫƠÿģƣƛĪƫĜǀŧƸŏƫƸÿƫ᠁ĪŧĪǜÿģÿ
Essa esfera gentil, mina excelente inventividade lírica, e deseja exprimir a realidade de seu país.
No cabelo o metal mais reluzente,
Estão corretas apenas:
E na boca a mais fina pedraria.
a) I, II, III e IV. Resposta: A. d) III e IV.
Gozai, gozai da flor da formosura, b) II, III, IV e V. e) II e V.
Antes que o frio da madura idade
Tronco deixe despido, o que é verdura. c) I, II e V.
Este pranto, estes ais, com que respiro, a) o uso da emoção em detrimento da razão, pois esta retira do
Podendo comover o vosso agrado, homem seus melhores sentimentos.
Façam digno de vós o meu suspiro. b) o desejo de enriquecer no campo, aproveitando as riquezas naturais.
(Cláudio Manoel da Costa) c) a dedicação à produção poética junto à natureza, fonte de
Sobre os textos 1 e 2 e seus respectivos autores, analise as seguintes inspiração dos poetas.
proposições. d) o aproveitamento do dia presente, o carpe diem, pois o tempo passa
I. £żģĪᠵƫĪÿǿƣŰÿƣƢǀĪǀŰÿģÿƫĜÿƣÿĜƸĪƣőƫƸŏĜÿƫģżÿƣƣżĜż᠁ƠƣĪƫĪŲƸĪ rapidamente.
no texto 1, é o tema da efemeridade da vida, como pode ser e) o sonho de uma vida mais simples e natural, distante dos centros
percebido no primeiro terceto. urbanos. Resposta: E.
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Literatura