Esta resenha discute o texto "Sobre remadores e professores - agir" de Rubem Alves. O autor critica o rigor excessivo do método científico e a mercantilização da ciência, que limitam os temas de pesquisa. Também aponta que a filosofia é importante para desconstruir ideias e gerar novas, e que as pesquisas são influenciadas pelas demandas do mercado.
Esta resenha discute o texto "Sobre remadores e professores - agir" de Rubem Alves. O autor critica o rigor excessivo do método científico e a mercantilização da ciência, que limitam os temas de pesquisa. Também aponta que a filosofia é importante para desconstruir ideias e gerar novas, e que as pesquisas são influenciadas pelas demandas do mercado.
Esta resenha discute o texto "Sobre remadores e professores - agir" de Rubem Alves. O autor critica o rigor excessivo do método científico e a mercantilização da ciência, que limitam os temas de pesquisa. Também aponta que a filosofia é importante para desconstruir ideias e gerar novas, e que as pesquisas são influenciadas pelas demandas do mercado.
LICENCIATURA EM QUÍMICA DISCIPLINA: INTRODUÇÃO A METODOLOGIA CIENTÍFICA DOCENTE: LAYANE DE PAULA VELOSO
RESENHA A RESPEITO DO “SOBRE REMADORES E
PROFESSORES – AGIR –” DE RUBEM ALVES Discente: Antonio Matheus Ferreira da Silva
Teresina – PI, 23 de março de 2019
RESENHA A RESPEITO DO “SOBRE REMADORES E PROFESSORES – AGIR –” DE RUBEM ALVES
No texto “Sobre remadores e professores – agir –”, Rubem Alves trata
dos problemas da pesquisa em educação. De acordo com o autor, as principais causas desse imbróglio é o rigor do método científico, o qual é tratado com primazia na elaboração do trabalho de pesquisa, e a mercantilização da ciência, essa limita a desenvoltura dos estudos aos parâmetros do mercado. Como consequência desses entraves, o cientista é associado à imagem de um remador sem perspectiva do destino da viagem, o qual não tem consciência do trabalho elaborado nem da relevância para o mundo. Em primeira análise, é apresentado a problemática do método, pois, frequentemente, a escolha do tema a ser trabalhado é definido pela facilidade de ser enquadrado dentro dos requisitos pré-estabelecidos da metodologia. Em síntese, a importância do assunto não é posta em pauta no primeiro momento, o que, por conseguinte, exclui a probabilidade de que temáticas com um grau considerável de complexidade sejam elegidas, mesmo que com uma eminente importância para a sociedade. Por essa razão, é essencial que esse dogma, que ressalta o rigor da pesquisa como central para estabelecer o objeto de estudo, seja superado. Contudo, isso não implica dizer que a pesquisa deva apresentar uma abordagem rasa, nesse caso, para contornar a questão da complexidade dos fatores em debate, propõem-se a alternativa de uma tese coletiva. Todavia, essa proposta se contrapõe com a competividade e as ideias individualistas no campo da pesquisa. Assim, inviabilizando o desenvolvimento de temáticas relevantes para o meio social. Ademais, é importante salientar que o rigor metodológico não é nem atemporal nem universal. Desse modo, priorizar o método em detrimento do objeto de estudo em si constitui-se como um erro grosseiro no âmbito da pesquisa, uma vez que o fato de ser enquadrado dentro dos parâmetros pré- estabelecidos não garante a veracidade da tese, tanto que há a probabilidade de duas teorias, mesmo que sistematicamente embasadas, sejam antagônicas, o rigor do método não irá desfazer a contradição entre elas. Entende-se, portanto, que a metodologia é apenas um instrumento pelo qual a pesquisa será realizada, logo, deve-se empreender esforços para discernir a relevância da tese, esse trabalho de valoração e hierarquização, por sua vez, não é determinada pela ciência, mas pelo cientista. Isso, consequentemente, envolve o pesquisador no conhecimento produzido, haja vista que é impossível se ausentar do problema investigado. Nesse viés, considera-se que nenhum conhecimento é produzido de modo descompromissado com o meio, esse é direcionado para as inter- relações de manipulação e controle, principalmente no sistema educacional, o qual se fundamenta na domesticação dos corpos, com o objetivo de proporcionar a manutenção da ordem social. Desse modo, se o pesquisador se ausenta do objeto de estudo, esse apenas será mais facilmente manipulado do que o que possui consciência do contexto exposto. Entretanto, está nas mãos do educador em qual linha esse irá trabalhar, se irá continuar mantendo a ordem social, essa, por sua vez, se for falha, agravará os problemas já existentes, ou se irá promover a consciência crítica, desse modo, possibilitando a mudança e transformação das condições sócio-políticas vigentes. Nesse cenário, a ciência apenas irá antever as consequências da decisão tomada. Em segunda análise, Rubem Alves aponta para outra ordem de problemas; os níveis de pesquisa. O primeiro é o do âmbito filosófico, apesar dos pesquisadores considerarem esse como dispensável no ato de pesquisar, Rubem destaca que a filosofia é de grande importância para a ciência, uma vez que essa assume um caráter iconoclasta, isto é, desconstrói as ideias comumente aceitas e provoca um estado de completa inquietação, desse modo, possibilitando a construção de novos conceitos. Contudo, é imprescindível ressaltar que esses conceitos necessitam compor o interesse pessoal, para que assim, se convertam em ações concretas na realidade. Logo, se a ciência julga aliviar a miséria da existência humana, essa deve ser pautada em problemas reais e, desse modo, ser concebida como um conhecimento relevante. O segundo nível descrito por Rubem Alves como um problema ao trabalho de pesquisa é o fator econômico, haja vista que inúmeras pesquisas são extremamente dispendiosas, logo, o mercado opta por investir no que a curta prazo irá proporcionar um retorno financeiro. Nesse panorama, a ciência assume um papel submisso às regras do comércio, no qual a pesquisa é vista como uma encomenda de pacotes de conhecimento. Assim, o trabalho que afeta diretamente o lucro das empresas é barrado. Levando-se em consideração os aspectos supracitados, infere-se que a manutenção do cenário exposto favorece a fragmentação do conhecimento, esse fato é notório nas universidades, onde as ciências são segregadas e tratadas de forma independente, como se a realidade fosse uma agregação de unidades autossuficientes. Além disso, a pressa em obter retorno financeiro influencia na análise aprofundada do objeto de estudo, no qual a parte é vista isolada do todo, o que, por conseguinte, compromete as considerações finais da pesquisa. Por essa razão, é mister compreender o destino das pesquisas empreendidas e os objetivos almejados para uma perspectiva mais ampla e um trabalho mais instigante, diferente dos remadores no porão de uma embarcação que assumem um ofício alienante e compulsório.
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