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Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no cotidiano
pelas pessoas em geral, é denominada de psicologia do senso comum. Mas nem por isso deixa
de ser uma psicologia. O que estamos querendo dizer é que as pessoas, normalmente, têm um
domínio, mesmo que pequeno e superficial, do conhecimento acumulado pela Psicologia
científica, o que lhes permite explicar ou compreender seus problemas cotidianos de um ponto
de vista psicológico. (p. 15-16)
“Para compreender isso melhor, pense na abstração (no distanciamento e trabalho mental)
que Newton teve de fazer para, partindo da fruta que caía da árvore (fato do cotidiano),
formular a lei da gravidade (fato científico).” (p. 17)
“Esse tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado de senso
comum. Sem esse conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e erros, a nossa vida no
dia-a-dia seria muito complicada.” (p. 18)
“Esse conhecimento do senso comum, além de sua produção característica, acaba por se
apropriar, de uma maneira muito singular, de conhecimentos produzidos pelos outros setores
da produção do saber humano. O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito
mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada
visão-de-mundo.” (p. 18)
“Somente esse tipo de conhecimento, porém, não seria suficiente para as exigências de
desenvolvimento da humanidade. O homem, desde os tempos primitivos, foi ocupando cada
vez mais espaço neste planeta, e somente esse conhecimento intuitivo seria muito pouco para
que ele dominasse a Natureza em seu próprio proveito.[...] Os gregos precisavam entender
esses cálculos para resolver seus problemas agrícolas, arquitetônicos, navais etc. Era uma
questão de sobrevivência. Com o tempo, esse tipo de conhecimento foi-se especializando cada
vez mais, até atingir o nível de sofisticação. [...] A este tipo de conhecimento, que definiremos
com mais cuidado logo adiante, chamamos de ciência.” (p. 19)
“Arte, religião, filosofia, ciência e senso comum são domínios do conhecimento humano.” (p.
19)
“A ciência tem ainda uma característica fundamental: ela aspira à objetividade. Suas
conclusões devem ser passíveis de verificação e isentas de emoção, para, assim, tornarem-se
válidas para todos.” (p. 20)
“O mesmo não ocorre com a Psicologia, que, como a Antropologia, a Economia, a Sociologia e
todas as ciências humanas, estuda o homem.” (p. 21)
“No sentido mais amplo, o objeto de estudo da Psicologia é o homem, e neste caso o
pesquisador está inserido na categoria a ser estudada. Assim, a concepção de homem que o
pesquisador traz consigo “contamina” inevitavelmente a sua pesquisa em Psicologia.” (p. 22)
“A Psicologia colabora com o estudo da subjetividade: é essa a sua forma particular, específica
de contribuição para a compreensão da totalidade da vida humana.” (p. 23)
“A subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada um. É o
que constitui o nosso modo de ser:” (p. 23)
“O movimento e a transformação são os elementos básicos de toda essa história.” (p. 24)
“Hoje, a Psicologia ainda não consegue explicar muitas coisas sobre o homem, pois é uma área
da Ciência relativamente nova (com pouco mais de cem anos). Além disso, sabe-se que a
Ciência não esgotará o que há para se conhecer, pois a realidade está em permanente
movimento e novas perguntas surgem a cada dia, o homem está em movimento e em
transformação, colocando também novas perguntas para a Psicologia.” (p. 26)
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo da
psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 15 - 30.
CAPÍTULO 2
A evolução da ciência psicologia
“Toda e qualquer produção humana — uma cadeira, uma religião, um computador, uma obra
de arte, uma teoria científica — tem por trás de si a contribuição de inúmeros homens, que,
num tempo anterior ao presente, fizeram indagações, realizaram descobertas, inventaram
técnicas e desenvolveram idéias, isto é, por trás de qualquer produção material ou espiritual,
existe a História.” (p. 31)
“[...] No caso da Psicologia, a história tem por volta de dois milênios. Esse tempo refere-se à
Psicologia no Ocidente, que começa entre os gregos, no período anterior à era cristã.” (p. 31)
“É entre os filósofos gregos que surge a primeira tentativa de sistematizar uma Psicologia. O
próprio termo psicologia vem do grego psyché, que significa alma, e de logos, que significa
razão. Portanto, etimologicamente, psicologia significa “estudo da alma”. A alma ou espírito
era concebida como a parte imaterial do ser humano e abarcaria o pensamento, os
sentimentos de amor e ódio, a irracionalidade, o desejo, a sensação e a percepção.” (p. 33)
“Os filósofos pré-socráticos (assim chamados por antecederem Sócrates, filósofo grego)
preocupavam-se em definir a relação do homem com o mundo através da percepção.
Discutiam se o mundo existe porque o homem o vê ou se o homem vê um mundo que já
existe. Havia uma oposição entre os idealistas (a idéia forma o mundo) e os materialistas (a
matéria que forma o mundo já é dada para a percepção).” (p. 33)
“Mas é com Sócrates (469-399 a.C.) que a Psicologia na Antiguidade ganha consistência. Sua
principal preocupação era com o limite que separa o homem dos animais. Desta forma,
postulava que a principal característica humana era a razão. A razão permitia ao homem
sobrepor-se aos instintos, que seriam a base da irracionalidade.” (p. 33)
“O passo seguinte é dado por Platão (427-347 a.C.), discípulo de Sócrates. Esse filósofo
procurou definir um “lugar” para a razão no nosso próprio corpo. Definiu esse lugar como
sendo a cabeça, onde se encontra a alma do homem. A medula seria, portanto, o elemento de
ligação da alma com o corpo. Este elemento de ligação era necessário porque Platão concebia
a alma separada do corpo. Quando alguém morria, a matéria (o corpo) desaparecia, mas a
alma ficava livre para ocupar outro corpo.” (p. 34)
“Aristóteles (384-322 a.C), discípulo de Platão, foi um dos mais importantes pensadores da
história da Filosofia. Sua contribuição foi inovadora ao postular que alma e corpo não podem
ser dissociados. Para Aristóteles, a psyché seria o princípio ativo da vida.” (p. 34)
“Portanto, 2 300 anos antes do advento da Psicologia científica, os gregos já haviam formulado
duas “teorias”: a platônica, que postulava a imortalidade da alma e a concebia separada do
corpo, e a aristotélica, que afirmava a mortalidade da alma e a sua relação de pertencimento
ao corpo.” (p. 34)
“Às vésperas da era cristã, surge um novo império que iria dominar a Grécia, parte da Europa e
do Oriente Médio: o Império Romano. Uma das principais características desse período é o
aparecimento e desenvolvimento do cristianismo.” (p. 35)
“Santo Agostinho, inspirado em Platão, também fazia uma cisão entre alma e corpo.
Entretanto, para ele, a alma não era somente a sede da razão, mas a prova de uma
manifestação divina no homem. A alma era imortal por ser o elemento que liga o homem a
Deus. E, sendo a alma também a sede do pensamento, a Igreja passa a se preocupar também
com sua compreensão.” (p. 36)
“São Tomás de Aquino foi buscar em Aristóteles a distinção entre essência e existência. Como
o filósofo grego, considera que o homem, na sua essência, busca a perfeição através de sua
existência. Porém, introduzindo o ponto de vista religioso, ao contrário de Aristóteles, afirma
que somente Deus seria capaz de reunir a essência e a existência, em termos de igualdade.
Portanto, a busca de perfeição pelo homem seria a busca de Deus.” (p.36)
“São Tomás de Aquino encontra argumentos racionais para justificar os dogmas da Igreja e
continua garantindo para ela o monopólio do estudo do psiquismo.” (p 36)
“Neste período, René Descartes (1596-1659), um dos filósofos que mais contribuiu para o
avanço da ciência, postula a separação entre mente (alma, espírito) e corpo, afirmando que o
homem possui uma substância material e uma substância pensante, e que o corpo, desprovido
do espírito, é apenas uma máquina. Esse dualismo mente-corpo torna possível o estudo do
corpo humano morto, o que era impensável nos séculos anteriores (o corpo era considerado
sagrado pela Igreja, por ser a sede da alma), e dessa forma possibilita o avanço da Anatomia e
da Fisiologia, que iria contribuir em muito para o progresso da própria Psicologia.” (p. 37-38)
“A burguesia, que disputava o poder e surgia como nova classe social e econômica, defendia a
emancipação do homem para emanciparse também. Era preciso quebrar a idéia de universo
estável para poder transformá-lo. Era preciso questionar a Natureza como algo dado para
viabilizar a sua exploração em busca de matérias-primas.” (p. 38-39)
“Algumas descobertas são extremamente relevantes para a Psicologia. Por exemplo, por volta
de 1846, a Neurologia descobre que a doença mental é fruto da ação direta ou indireta de
diversos fatores sobre as células cerebrais.” (p. 39)
“A Neuroanatomia descobre que a atividade motora nem sempre está ligada à consciência, por
não estar necessariamente na dependência dos centros cerebrais superiores. Por exemplo,
quando alguém queima a mão em uma chapa quente, primeiro tira-a da chapa para depois
perceber o que aconteceu. Esse fenômeno chama-se reflexo, e o estímulo que chega à medula
espinhal, antes de chegar aos centros cerebrais superiores, recebe uma ordem para a resposta,
que é tirar a mão.” (p. 39)
“Por volta de 1860, temos a formulação de uma importante lei no campo da Psicofísica. É a Lei
de Fechner-Weber, que estabelece a relação entre estímulo e sensação, permitindo a sua
mensuração.” (p. 39)
“Essa lei teve muita importância na história da Psicologia porque instaurou a possibilidade de
medida do fenômeno psicológico, o que até então era considerado impossível. Dessa forma, os
fenômenos psicológicos vão adquirindo status de científicos, porque, para a concepção de
ciência da época, o que não era mensurável não era passível de estudo científico.” (p. 40)
“Essas teorias devem obedecer aos critérios básicos da metodologia científica, isto é, deve-se
buscar a neutralidade do conhecimento científico, os dados devem ser passíveis de
comprovação, e o conhecimento deve ser cumulativo e servir de ponto de partida para outros
experimentos e pesquisas na área.” (p. 41)
“Embora a Psicologia científica tenha nascido na Alemanha, é nos Estados Unidos que ela
encontra campo para um rápido crescimento, resultado do grande avanço econômico que
colocou os Estados Unidos na vanguarda do sistema capitalista. É ali que surgem as primeiras
abordagens ou escolas em Psicologia, as quais deram origem às inúmeras teorias que existem
atualmente.”(p. 41)
“Thorndike formulou a Lei do Efeito, que seria de grande utilidade para a Psicologia
Comportamentalista. De acordo com essa lei, todo comportamento de um organismo vivo (um
homem, um pombo, um rato etc.) tende a se repetir, se nós recompensarmos (efeito) o
organismo assim que este emitir o comportamento. Por outro lado, o comportamento tenderá
a não acontecer, se o organismo for castigado (efeito) após sua ocorrência.” (p. 42)
“[...] A Psicologia científica nasce quando, de acordo com os padrões de ciência do século 19,
Wundt preconiza a Psicologia “sem alma”.” (p. 43)
“Se antes a Psicologia estava subordinada à Filosofia, a partir daquele século ela passa a ligar-
se a especialidades da Medicina, que assumira, antes da Psicologia, o método de investigação
das ciências naturais como critério rigoroso de construção do conhecimento.” (p. 43)
“As três mais importantes tendências teóricas da Psicologia neste século são consideradas por
inúmeros autores como sendo o Behaviorismo ou Teoria (S-R) (do inglês Stimuli-Respond —
EstímuloResposta), a Gestalt e a Psicanálise.” (p. 43)
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo da
psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 15 - 30.
CAPÍTULO 3
O Behaviorismo
“[...] O termo inglês behavior significa “comportamento”; por isso, para denominar essa
tendência teórica, usamos Behaviorismo — e, também, Comportamentalismo, Teoria
Comportamental, Análise Experimental do Comportamento, Análise do Comportamento.” (p.
45)
“Os psicólogos desta abordagem chegaram aos termos “resposta” e “estímulo” para se
referirem àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais que interagem com o sujeito.”
(p. 45)
“A razão histórica refere-se aos termos escolhidos e popularizados, que foram mantidos
posteriormente por outros estudiosos do comportamento, devido ao seu uso generalizado.”
(p. 46)
“O homem começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomado
como produto e produtor dessas interações.” (p. 46)
“Esta linha de estudo ficou conhecida por Behaviorismo radical, termo cunhado pelo próprio
Skinner, em 1945, para designar uma filosofia da Ciência do Comportamento (que ele se
propôs defender) por meio da análise experimental do comportamento.” (p. 46)
“Quando tais estímulos são temporalmente pareados com estímulos eliciadores podem, em
certas condições, eliciar respostas semelhantes às destes. A essas novas interações chamamos
também de reflexos, que agora são condicionados devido a uma história de pareamento, o
qual levou o organismo a responder a estímulos que antes não respondia.” (p. 47)
“Lá pelo vigésimo pareamento do som da campainha com a água fria, a mudança de
temperatura nas mãos poderá ser eliciada apenas pelo som, isto é, sem necessidade de imergir
uma das mãos2.” (p. 47)
“Vale informar que animais como ratos, pombos e macacos — para citar alguns — foram
utilizados pelos analistas experimentais do comportamento (inclusive Skinner) para verificar
como as variações no ambiente interferiam nos comportamentos. Tais experimentos
permitiram-lhes fazer afirmações sobre o que chamaram de leis comportamentais.” (p. 48)
“Um ratinho, ao sentir sede em seu habitat, certamente manifesta algum comportamento que
lhe permita satisfazer a sua necessidade orgânica. Esse comportamento foi aprendido por ele e
se mantém pelo efeito proporcionado: saciar a sede.” (p. 48)
“Esse estímulo reforçador é chamado de reforço. O termo “estímulo” foi mantido da relação R-
S do comportamento respondente para designar-lhe a responsabilidade pela ação, apesar de
ela ocorrer após a manifestação do comportamento. O comportamento operante refere-se à
interação sujeito-ambiente. Nessa interação, chama-se de relação fundamental à relação
entre a ação do indivíduo (a emissão da resposta) e as conseqüências. É considerada
fundamental porque o organismo se comporta (emitindo esta ou aquela resposta), sua ação
produz uma alteração ambiental (uma conseqüência) que, por sua vez, retroage sobre o
sujeito, alterando a probabilidade futura de ocorrência.” (p. 49-50)
“O reforço positivo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o
produz.” (p. 50)
“O reforço negativo é todo evento que aumenta a probabilidade futura da resposta que o
remove ou atenua.” (p. 50)
“O reforçamento positivo oferece alguma coisa ao organismo (gotas de água com a pressão da
barra, por exemplo); o negativo permite a retirada de algo indesejável (os choques do último
exemplo).” (p. 50)
“[...] A função reforçadora de um evento ambiental qualquer só é definida por sua função
sobre o comportamento do indivíduo.” (p. 50)
“Entretanto, alguns eventos tendem a ser reforçadores para toda uma espécie, como, por
exemplo, água, alimento e afeto. Esses são denominados reforços primários. Os reforços
secundários, ao contrário, são aqueles que adquiriram a função quando pareados
temporalmente com os primários. Alguns destes reforçadores secundários, quando
emparelhados com muitos outros, tornam-se reforçadores generalizados, como o dinheiro e a
aprovação social.” (p. 51)
“Estes estímulos são aversivos, mas os primeiros nos possibilitam evitar ou reduzir a
magnitude dos seguintes, ou seja, tapamos os ouvidos para evitar o estouro dos trovões ou
desviamos o rosto da broca usada pelo dentista.” (p. 51)
“Punir ações leva à supressão temporária da resposta sem, contudo, alterar a motivação.” (p.
52)
“Os behavioristas, respaldados por crítica feita por Skinner e outros autores, propuseram a
substituição definitiva das práticas punitivas por procedimentos de instalação de
comportamentos desejáveis. Esse princípio pode ser aplicado no cotidiano e em todos os
espaços em que se trabalhe para instalar comportamentos desejados. O trânsito é um
excelente exemplo. Apesar das punições aplicadas a motoristas e pedestres na maior parte das
infrações cometidas no trânsito, tais punições não os têm motivado a adotar um
comportamento considerado adequado para o trânsito. Em vez de adotarem novos
comportamentos, tornaram-se especialistas na esquiva e na fuga.” (p. 53)
“Diz-se que se desenvolveu uma discriminação de estímulos quando uma resposta se mantém
na presença de um estímulo, mas sofre certo grau de extinção na presença de outro. Isto é, um
estímulo adquire a possibilidade de ser conhecido como discriminativo da situação
reforçadora.” (p. 54)
“Na generalização de estímulos, um estímulo adquire controle sobre uma resposta devido ao
reforço na presença de um estímulo similar, mas diferente. Freqüentemente, a generalização
depende de elementos comuns a dois ou mais estímulos. Poderíamos aqui brincar com as
cores do semáforo: se fossem rosa e vermelho, correríamos o risco dos motoristas acelerarem
seus veículos no semáforo vermelho, pois poderiam generalizar os estímulos. Mas isso não
acontece com o verde e com o vermelho, que são cores muito distintas e, além disso, estão
situadas em extremidades opostas do semáforo — o vermelho, na superior, e o verde, na
inferior, permitindo a discriminação dos estímulos.” (p. 54)
“Uma área de aplicação dos conceitos apresentados tem sido a Educação (veja capítulo 17).
São conhecidos os métodos de ensino programado, o controle e a organização das situações
de aprendizagem, bem como a elaboração de uma tecnologia de ensino.” (p. 55)
BOCK, A. M. B.; FURTADO, O.; TEIXEIRA, M. de L. T. Psicologias: uma introdução ao estudo da
psicologia. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2001. p. 15 - 30.
CAPÍTULO 5
A Psicanálise
“Freud ousou colocar os “processos misteriosos” do psiquismo, suas “regiões obscuras”, isto é,
as fantasias, os sonhos, os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas
científicos. A investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da Psicanálise.”
(p. 70)
“Freud abandonou as perguntas no trabalho terapêutico com os pacientes e os deixou dar livre
curso às suas idéias, observou que, muitas vezes, eles ficavam embaraçados, envergonhados
com algumas idéias ou imagens que lhes ocorriam. A esta força psíquica que se opunha a
tornar consciente, a revelar um pensamento, Freud denominou resistência. E chamou de
repressão o processo psíquico que visa encobrir, fazer desaparecer da consciência, uma idéia
ou representação insuportável e dolorosa que está na origem do sintoma. Estes conteúdos
psíquicos “localizam-se” no inconsciente.” (p. 73)
“[...] Desses eventos, destaca-se o complexo de Édipo, pois é em torno dele que ocorre a
estruturação da personalidade do indivíduo. Acontece entre 3 e 5 anos, durante a fase fálica.
No complexo de Édipo, a mãe é o objeto de desejo do menino, e o pai é o rival que impede seu
acesso ao objeto desejado.” (p. 75)
“Entre 1920 e 1923, Freud remodela a teoria do aparelho psíquico e introduz os conceitos de
id, ego e superego para referir-se aos três sistemas da personalidade.” (p. 77)
“O superego origina-se com o complexo de Édipo, a partir da internalização das proibições, dos
limites e da autoridade. A moral, os ideais são funções do superego. O conteúdo do superego
refere-se a exigências sociais e culturais.” (p. 77)
“E importante considerar que estes sistemas não existem enquanto uma estrutura vazia, mas
são sempre habitados pelo conjunto de experiências pessoais e particulares de cada um, que
se constitui como sujeito em sua relação com o outro e em determinadas circunstâncias
sociais.” (p. 78)
“São vários os mecanismos que o indivíduo pode usar para realizar esta deformação da
realidade, chamados de mecanismos de defesa.” (p. 78)
“Recalque: o indivíduo “não vê”, “não ouve” o que ocorre. Existe a supressão de uma parte da
realidade.” (p. 78)
“Formação reativa: o ego procura afastar o desejo que vai em determinada direção, e, para
isto, o indivíduo adota uma atitude oposta a este desejo. Um bom exemplo são as atitudes
exageradas — ternura excessiva, superproteção — que escondem o seu oposto” (p. 79)