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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

ENFERMAGEM
PSICOLOGIA GERAL
DOCENTE: RITA ELIANA MASARO
DISCENTE: ADRYELLE CRISTINE CÂNDIDO SANTOS
30/05/2022

BOCK; Ana Mercês Bahia; FURTADO, Odair; TEIXEIRA, Maria de Lourdes Trassi.
Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia. 13ª edição reformulada e
ampliada – 1999, 3ª triagem - 2001. São Paulo: Saraiva 2001.

Capítulo 1: A psicologia ou as psicologias – Fichamento;

“Usamos o termo psicologia, no nosso cotidiano, com vários sentidos. Por exemplo,
quando falamos do poder de persuasão do vendedor, dizemos que ele usa de
“psicologia” para vender seu produto; quando nos referimos à jovem estudante que
usa seu poder de sedução para atrair o rapaz, falamos que ela usa de “psicologia”; e
quando procuramos aquele amigo, que está sempre disposto a ouvir nossos
problemas, dizemos que ele tem “psicologia” para entender as pessoas.” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 18).

“Será essa a psicologia dos psicólogos? Certamente não. Essa psicologia, usada no
cotidiano pelas pessoas em geral, é denominada de psicologia do senso comum.”
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 18).

“Existe um domínio da vida que pode ser entendido como vida por excelência: é a
vida do cotidiano. É no cotidiano que tudo flui, que as coisas acontecem, que nos
sentimos vivos, que sentimos a realidade.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p.
19).

“Todos esses acontecimentos denunciam que estamos vivos. Já a ciência é uma


atividade eminentemente reflexiva. Ela procura compreender, elucidar e alterar esse
cotidiano, a partir de seu estudo sistemático.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001,
p. 19).
“Esse tipo de conhecimento que vamos acumulando no nosso cotidiano é chamado
de senso comum. Sem esse conhecimento intuitivo, espontâneo, de tentativas e
erros, a nossa vida no dia-a-dia seria muito complicada.” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 21).

“O senso comum, na produção desse tipo de conhecimento, percorre um caminho


que vai do hábito à tradição, a qual, quando estabelecida, passa de geração para
geração. Assim, aprendemos com nossos pais a atravessar uma rua, a fazer o
liqüidificador funcionar, a plantar alimentos na época e de maneira correta, a
conquistar a pessoa que desejamos e assim por diante.” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 21).

“O senso comum mistura e recicla esses outros saberes, muito mais especializados,
e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão-de-
mundo.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 21).

“Quando utilizamos termos como “rapaz complexado”, “menina histérica”, “ficar


neurótico”, estamos usando termos definidos pela Psicologia científica. Não nos
preocupamos em definir as palavras usadas e nem por isso deixamos de ser
entendidos pelo outro. Podemos até estar muito próximos do conceito científico mas,
na maioria das vezes, nem o sabemos. Esses são exemplos da apropriação que o
senso comum faz da ciência.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 22).

“Com o tempo, esse tipo de conhecimento foi-se especializando cada vez mais, até
atingir o nível de sofisticação que permitiu ao homem atingir a Lua. A este tipo de
conhecimento, que definiremos com mais cuidado logo adiante, chamamos de
ciência.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 22).

“Mas o senso comum e a ciência não são as únicas formas de conhecimento que o
homem possui para descobrir e interpretar a realidade.” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 22).

“Povos antigos, e entre eles cabe (...) sempre mencionar os gregos, preocuparam-se
com a origem e com o significado da existência humana. As especulações em torno
desse tema formaram um corpo de [pg. 18] conhecimentos denominado filosofia.”
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 22 - 23).
“A formulação de um conjunto de pensamentos sobre a origem do homem, seus
mistérios, princípios morais, forma um outro corpo de conhecimento humano,
conhecido como religião.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 23).

“Por fim, o homem, já desde a sua pré-história, deixou marcas de sua sensibilidade
nas paredes das cavernas, quando desenhou a sua própria figura e a figura da caça,
criando uma expressão do conhecimento que traduz a emoção e a sensibilidade.
Denominamos arte a esse tipo de conhecimento.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
2001, p. 23).

“Arte, religião, filosofia, ciência e senso comum são domínios do conhecimento


humano.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 23).

“A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou aspectos da


realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem precisa e rigorosa.
Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira programada, sistemática e
controlada, para que se permita a verificação de sua validade. Assim, podemos
apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e saber exatamente como
determinado conteúdo foi construído, possibilitando a reprodução da experiência.”
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 24).

“Objeto específico, linguagem rigorosa, métodos e técnicas específicas, processo


cumulativo do conhecimento, objetividade fazem da ciência uma forma de
conhecimento que supera em muito o conhecimento espontâneo do senso comum.
Esse conjunto de características é o que permite que denominemos científico a um
conjunto de conhecimentos.” “(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 24).”

“A Psicologia colabora com o (...) estudo da subjetividade: é essa a sua forma


particular, específica de contribuição para a compreensão da totalidade da vida
humana.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 27 - 28).

“Esta síntese — a subjetividade — é o mundo de idéias, significados e emoções


construído internamente pelo sujeito a partir de suas relações sociais, de suas
vivências e de sua constituição biológica; é, também, fonte de suas manifestações
afetivas e comportamentais.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 28).

“A subjetividade é a maneira de sentir, pensar, fantasiar, sonhar, amar e fazer de cada


um.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 28).
“Entretanto, a síntese que a subjetividade representa não é inata ao (...) indivíduo. Ele
a constrói aos poucos, apropriando-se do material do mundo social e cultural, e faz
isso ao mesmo tempo em que atua sobre este mundo, ou seja, é ativo na sua
construção. Criando e transformando o mundo (externo), o homem constrói e
transforma a si próprio.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 28 - 29).

“Hoje, a Psicologia ainda não consegue explicar muitas coisas sobre o homem, pois
é uma área da Ciência relativamente nova (com pouco mais de cem anos).” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 32).

“A Ciência, como uma das formas de saber do homem, tem seu campo de atuação
com métodos e princípios próprios, mas, como forma de saber, não está pronta e
nunca estará. A Ciência é, na verdade, [pg.27] um processo permanente de
conhecimento do mundo, um exercício de diálogo entre o pensamento humano e a
realidade, em todos os seus aspectos. Nesse sentido, tudo o que ocorre com o
homem é motivo de interesse para a Ciência, que deve aplicar seus princípios e
métodos para construir respostas.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 34).

Capítulo 2: A evolução da psicologia - Linha do tempo;

I. GREGOS II. SÓCRATES


Período de 700 a.C. Período 469-399 a.C.
(Platão e Aristóteles) Psicologia na Antiguidade, ganha
É entre os filósofos gregos que surge a consistência.
primeira tentativa de sistematizar uma Sua principal preocupação era com o
Psicologia. limite que separa o homem dos animais.
III. PLATÃO IV. ARISTÓTELES
Período 427-347 a.C. Período 384-322 a.C.
Discípulo de Sócrates. Discípulo de Platão.
Esse filósofo procurou definir um “lugar” Foi um dos mais importantes
para a razão no nosso próprio corpo. pensadores da história da Filosofia.
Sua contribuição foi inovadora ao
postular que alma e corpo não podem
ser dissociados.
V. SANTO AGOSTINHO VI. SÃO TOMÁS DE AQUINO
354-430 1225-1274
Inspirado em Platão, Foi buscar em Aristóteles a distinção
também fazia uma cisão entre alma e entre essência e existência. Como o
corpo. Entretanto, para ele, a alma não filósofo grego, considera que o homem,
era somente a sede da razão, mas a na sua essência, busca a perfeição
prova de uma manifestação divina no através de sua existência. Porém,
homem. introduzindo o ponto de vista religioso,
ao contrário de Aristóteles, afirma que
somente Deus seria capaz de reunir a
essência e a existência, em termos de
igualdade. Portanto, a busca de
perfeição pelo homem seria a busca de
Deus.
VII. RENASCIMENTO OU VIII. RENÉ DESCARTES
RENASCENÇA 1596-1659
200 anos após a morte de São Tomás Um dos filósofos que mais contribuiu
de Aquino. para o avanço da ciência, postula a
Na transição para o capitalismo, separação entre mente (alma, espírito) e
começa a emergir uma nova forma de corpo, afirmando que o homem possui
organização econômica e social. Dá-se, uma substância material e uma
também, um processo de valorização substância pensante, e que o corpo,
do homem. desprovido do espírito, é apenas uma
máquina.
Avanço da Anatomia e da Fisiologia.
IX. ORIGEM DA PSICOLOGIA X. DESCOBERTAS RELEVANTES
CIENTÍFICA PARA A PSICOLOGIA
Século 19 1846 – 1926
O crescimento da nova ordem A Neurologia descobre que a doença
econômica — o capitalismo — traz mental é fruto da ação direta ou indireta
consigo o processo de industrialização, de diversos fatores sobre as células
para o qual a ciência deveria dar cerebrais.
respostas e soluções práticas no campo Lei de Fechner-Weber, que estabelece a
da técnica. relação entre estímulo e sensação,
permitindo a sua mensuração.
Primeiro laboratório para realizar
experimentos na área de Psicofisiologia -
Wilhelm Wundt (1832- 1926).
XI. ABORDAGENS/ESCOLAS EM XII. AS PRINCIPAIS TEORIAS DA
PSICOLOGIA PSICOLOGIA NO SÉCULO 20
Final do século 19. De acordo com os padrões de ciência do
Deram origem às inúmeras teorias que século 19, Wundt preconiza a Psicologia
existem atualmente. “sem alma”.
Essas abordagens são: o Essa Psicologia científica, que se
Funcionalismo, de William James constituiu de três escolas —
(1842-1910), o Estruturalismo, de Associacionismo, Estruturalismo e
Edward Titchner (1867-1927) e o Funcionalismo —, foi substituída, no
Associacionismo, de Edward L. século 20, por novas teorias.
Thorndike (1874-1949). As três mais importantes tendências
teóricas da Psicologia neste século são
consideradas por inúmeros autores
como sendo o Behaviorismo ou Teoria
(S-R) (do inglês Stimuli-Respond —
Estímulo-Resposta), a Gestalt e a
Psicanálise

Capítulo 5: Psicanálise - Fichamento;

“Sigmund Freud (1856-1939) foi um médico vienense que alterou, radicalmente, o


modo de pensar a vida psíquica. Sua contribuição é comparável à de Karl Marx na
compreensão dos processos históricos e sociais. Freud ousou colocar os “processos
misteriosos” do psiquismo, suas “regiões obscuras”, isto é, as fantasias, os sonhos,
os esquecimentos, a interioridade do homem, como problemas científicos. A
investigação sistemática desses problemas levou Freud à criação da Psicanálise.”
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 91).
“A Psicanálise, enquanto método de investigação, caracteriza-se pelo método
interpretativo, que busca o significado oculto daquilo que é manifesto por meio de
ações e palavras ou pelas produções imaginárias, como os sonhos, os delírios, as
associações livres, os atos falhos. A prática profissional refere-se à forma de
tratamento — a Análise — que busca o autoconhecimento ou a [pg. 70] cura, que
ocorre através desse autoconhecimento." (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p.
92).

“A Psicanálise também é um instrumento importante para a análise e compreensão


de fenômenos sociais relevantes: as novas formas de sofrimento psíquico, o excesso
de individualismo no mundo contemporâneo, a exacerbação da violência etc.” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 92).

“Freud, em sua Autobiografia, afirma que desde o início de sua prática médica usara
a hipnose, não só com objetivos de sugestão, mas também para obter a história da
origem dos sintomas.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 94).

“A percepção de um acontecimento, do mundo externo ou do mundo interno, pode


ser algo muito constrangedor, doloroso, desorganizador. Para evitar este desprazer,
a pessoa “deforma” ou suprime a realidade — deixa de registrar percepções externas,
afasta determinados conteúdos psíquicos, interfere no pensamento.” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 101).

“A característica essencial do trabalho psicanalítico é o (...) deciframento do


inconsciente e a integração de seus conteúdos na consciência. Isto porque são estes
conteúdos desconhecidos e inconscientes que determinam, em grande parte, a
conduta dos homens e dos grupos — as dificuldades para viver, o mal-estar, o
sofrimento.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 103 - 104).

“A finalidade deste trabalho investigativo é o autoconhecimento, que possibilita lidar


com o sofrimento, criar mecanismos de superação das dificuldades, dos conflitos e
dos submetimentos em direção a uma produção humana mais autônoma, criativa e
gratificante de cada indivíduo, dos grupos, das instituições.” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 104).

“O método psicanalítico usado para desvendar o real, compreender o sintoma


individual ou social e suas determinações, é o interpretativo. No caso da análise
individual, o material de trabalho do analista são os sonhos, as associações livres, os
atos falhos (os esquecimentos, as substituições de palavras etc.). Em cada um
desses caminhos de acesso ao inconsciente, o que vale é a história pessoal. Cada
palavra, cada símbolo tem um significado particular para cada indivíduo, o qual só
pode ser apreendido a partir de sua história, que é absolutamente única e singular.
[pg. 81].” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 105).

Capítulo 3: Behaviorismo – Fichamento;

“Portanto, o Behaviorismo dedica-se ao estudo das interações entre o indivíduo e o


ambiente, entre as ações do indivíduo (suas respostas) e o ambiente (as
estimulações).” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 46).

“Comportamento, entendido como interação indivíduo-ambiente, é a unidade básica


de descrição e o ponto de partida para uma ciência do comportamento. O homem
começa a ser estudado a partir de sua interação com o ambiente, sendo tomado como
produto e produtor dessas interações.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 46).

“Esses comportamentos reflexos ou respondentes são interações estímulo-resposta


(ambiente-sujeito) incondicionadas, nas quais certos eventos ambientais
confiavelmente eliciam certas respostas do organismo que independem de
“aprendizagem”. Mas interações desse tipo também podem ser provocadas por
estímulos que, originalmente, não eliciavam respostas em determinado organismo.”
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 47).

“inclui todos os movimentos de um organismo dos quais se possa dizer que, em algum
momento, têm efeito sobre ou fazem algo ao mundo em redor. O comportamento
operante opera sobre o mundo, por assim dizer, quer direta, quer indiretamente.”
(BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 48).

“Assim, agimos ou operamos sobre o mundo em função das conseqüências criadas


pela nossa ação. As conseqüências da resposta são as variáveis de controle mais
relevantes.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 50).

“O reforçamento positivo oferece alguma coisa ao organismo (gotas de água com a


pressão da barra, por exemplo); o negativo permite a retirada de algo indesejável (os
choques do último exemplo).” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 50).
“Quando os estímulos ocorrem nessa ordem, o primeiro torna-se um reforçador
negativo condicionado (aprendido) e a ação que o reduz é reforçada pelo
condicionamento operante. As ocorrências passadas de reforçadores negativos
condicionados são responsáveis pela probabilidade da resposta de esquiva.” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 51).

“A punição é outro procedimento importante que envolve a conseqüenciação de uma


resposta quando há apresentação de um estímulo aversivo ou remoção de um
reforçador positivo presente.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 52).

“Na vida cotidiana, também aprendemos a nos comportar em diferentes situações


sociais, dada a nossa capacidade de generalização no aprendizado de regras e
normas sociais.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 54).

“Na verdade, a Análise Experimental do Comportamento pode nos auxiliar a


descrever nossos comportamentos em qualquer situação, ajudando-nos a modificá-
los.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 55).

Capítulo 7: A psicologia do desenvolvimento – Fichamento;

“Esta área de conhecimento da Psicologia estuda o desenvolvimento do ser humano


em todos os seus aspectos: físico-motor, intelectual, afetivo-emocional e social —
desde o nascimento até a idade adulta, isto é, a idade em que todos estes aspectos
atingem o seu mais completo grau de maturidade e estabilidade.” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 127).

“O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento


orgânico. O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza
pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Estas são formas de organização
da atividade mental que se vão aperfeiçoando e solidificando até o momento em que
todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de
equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, vida afetiva e relações
sociais.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 128).

“Estudar o desenvolvimento humano significa conhecer as características comuns de


uma faixa etária, permitindo-nos reconhecer as individualidades, o que nos torna mais
aptos para a observação e interpretação dos comportamentos. [pg. 98].” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 129).
“Todas as teorias do desenvolvimento humano partem do pressuposto de que esses
quatro aspectos são indissociados, mas elas podem enfatizar aspectos diferentes,
isto é, estudar o desenvolvimento global a partir da ênfase em um dos aspectos. A
Psicanálise, por exemplo, estuda o desenvolvimento a partir do aspecto afetivo-
emocional, isto é, do desenvolvimento da sexualidade. Jean Piaget enfatiza o
desenvolvimento intelectual. [pg. 100].” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 131).

“Vigotski foi um dos teóricos que buscou uma alternativa dentro do materialismo
dialético para o conflito entre as concepções idealista e mecanicista na Psicologia. Ao
lado de Luria e Leontiev, construiu propostas teóricas inovadoras sobre temas como
relação pensamento e linguagem, natureza do processo de desenvolvimento da
criança e o papel da instrução no desenvolvimento.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
2001, p. 139).

“O desenvolvimento infantil é visto a partir de três aspectos: instrumental, cultural e


histórico.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 140).

“Assim, para Vigotski, a história da sociedade e o desenvolvimento do homem


caminham juntos e, mais do que isso, estão de tal forma intrincados, que um não seria
o que é sem o outro. Com essa perspectiva, é que Vigotski estudou o
desenvolvimento infantil.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 141).

“No estudo feito por Vigotski, sobre o desenvolvimento da fala, sua visão fica bastante
clara: inicialmente, os aspectos motores e verbais do comportamento estão
misturados.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 141).

“Fala e ação, que se desenvolvem independentes uma da outra, em determinado


momento do desenvolvimento convergem, e esse é o momento de maior significado
no curso do desenvolvimento intelectual, que dá origem às formas puramente
humanas de inteligência. Forma-se, então, um amálgama entre fala e ação;
inicialmente a fala acompanha as ações e, posteriormente, dirige, determina e domina
o curso da ação, com sua função planejadora.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001,
p. 142).

“A teoria de Piaget apresenta também a dimensão interacionista, mas sua ênfase é


colocada na interação do sujeito com o objeto físico; e, além disso, não está clara em
sua teoria a função da interação social no processo de conhecimento.” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 143).

“A teoria de Vigotski, por outro lado, também apresenta um aspecto construtivista, na


medida em que busca explicar o aparecimento de inovações e mudanças no
desenvolvimento a partir do mecanismo de internalização. No entanto, temos na
teoria sócio-interacionista apenas um quadro esboçado, que apresenta sugestões e
caminhos, mas necessita de estudos e pesquisas que explicitem os mecanismos
característicos dos processos de desenvolvimento. [pg. 110].” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 143).

Capítulo 23: Saúde ou doença mental: a questão da normalidade –


Fichamento;

“Embora o sofrimento psicológico possa levar à desadaptação social e esta possa


determinar uma ordem de distúrbio psíquico, não se pode, sempre, estabelecer uma
relação de causa e efeito entre ambos.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 347).

“As condições externas — poluição sonora e visual intensas, condições de trabalho


estressantes, trânsito caótico, índices de criminalidade, excesso de apelo ao
consumo, perda de um ente muito querido etc. — devem ser entendidas como
determinantes ou desencadeadoras da doença mental ou propiciadoras e promotoras
da saúde mental, isto é, da possibilidade de realização pessoal do indivíduo em todos
os aspectos de sua capacidade.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 347 - 348).

“O louco era visto como “tendo um saber esotérico sobre os homens e o mundo, um
saber cósmico que revela verdades secretas.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001,
p. 348).

“Os loucos não eram vistos como doentes e, por isso, integravam um conjunto
composto por todos os segregados da sociedade. O critério de exclusão baseava-se
na inadequação do louco à vida socia.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 349).

“Os métodos terapêuticos utilizados no asilo eram: a religião, o medo, a culpa, o


trabalho, a vigilância, o julgamento. O médico passou a assumir o papel de autoridade
máxima. A ação da Psiquiatria era moral e social; isto é, sua função estava voltada
para a normatização do louco, agora concebido como capaz de se recuperar.” (BOCK;
FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 350).
“Doença mental é igual a doença cerebral. Sua origem é endógena, dentro do
organismo, e refere-se a alguma lesão de natureza anatômica ou distúrbio fisiológico
cerebral”. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 350).

“Algum distúrbio ou anomalia da estrutura ou funcionamento cerebral leva a distúrbios


do comportamento, da afetividade, do pensamento etc.” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 350).

“Se a doença mental é simplesmente uma doença orgânica, ela será tratada cora
medicamentos e produtos químicos.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 350).

“Para a Psicanálise, o que distingue o normal do anormal é uma questão de grau e


não de natureza, isto é, nos indivíduos “normais” e nos “anormais” existem as
mesmas estruturas de personalidade e de conteúdos, que, se mais, ou menos,
“ativadas”, são responsáveis pelos distúrbios no indivíduo.” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 350 - 351).

“Todas as formas de manifestação da neurose têm sua origem na vida infantil, mesmo
quando se manifestam mais tarde, desencadeadas por vivências, situações
conflitivas etc.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 351).

“O traumatismo desencadeou uma estrutura neurótica preexistente.” (BOCK;


FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 352).

“Na depressão, o indivíduo pode negar-se ao contato com o outro, não se preocupa
com cuidados pessoais (higiene, apresentação pessoal) e pode mesmo, em casos
mais graves, buscar o suicídio.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 352).

“As neuroses referem-se a distúrbios de aspectos da personalidade.” (BOCK;


FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 353).

“A partir de dados da cultura e do comportamento do próprio observador ou


especialista, que nesse momento avalia este indivíduo e diagnostica que ele é
doente.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 353).

“Do ponto de vista cultural, o que numa sociedade é considerado normal, adequado,
aceito ou mesmo valorizado, em outra sociedade ou em outro momento histórico pode
ser considerado anormal, desviante ou patológico.” (p. 353).
“O comportamento homossexual, que em uma sociedade é considerado doença, em
outra pode ser um comportamento absolutamente adequado ou até mesmo
valorizado.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 354).

“A questão da normalidade acaba por desvelar o poder que a ciência tem de, a partir
do diagnóstico fornecido por um especialista, formular o destino do indivíduo
rotulado.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 354).

“O médico ou o psicólogo, como cidadão e representante de uma cultura e de uma


sociedade, acaba por patologizar aspectos do comportamento que se caracterizam
muito mais como transgressões de condutas morais (sexuais, por exemplo) que não
são considerados desvios em outros momentos históricos ou em outras sociedades:
isso demonstra a relatividade do conceito de normal.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA,
2001, p. 354).

“Significa pensar na pobreza, que determina condições de vida pouco propícias à


satisfação das necessidades básicas dos indivíduos, e, ao mesmo tempo, pensar na
violência urbana e no direito à segurança; no sistema educacional, que reproduz a
competitividade da nossa sociedade; na desumanização crescente das relações
humanas, que levam à “coisificação” do outro e de nós próprios.” (BOCK; FURTADO;
TEIXEIRA, 2001, p. 357).

“Como cidadãos, é preciso compreender que a saúde mental é, além de uma questão
psicológica, uma questão política, e que interessa a todos os que estão
comprometidos com a vida.” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2001, p. 357).

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