Você está na página 1de 4

Conselho Municipal de Educação

Ato dos Conselheiros


CÂMARA DE EDUCAÇÃO INFANTIL E ENSINO FUNDAMENTAL
INTERESSADO: SME/RJ

PARECER Nº 02/2013
Aprova a implantação dos Centros de
Educação de Jovens e Adultos – CEJA e
a oferta da modalidade EJA, com
abordagem metodológica de ensino
semipresencial e de educação a distância,
no Centro de Referência de Educação de
Jovens e Adultos – CREJA e nos CEJA.

HISTÓRICO

Em 27/11/2012, compareceu a este Conselho, a Gerente da Gerência da Educação de Jovens e Adultos, com
o objetivo de apresentar os avanços da Educação de Jovens e Adultos - EJA no Sistema Público Municipal de
Ensino do Rio de Janeiro e, ao mesmo tempo, pleitear o aval deste Colegiado para a ampliação diferenciada
dessa modalidade, como demonstrado adiante.

1) a implantação de escolas exclusivas de Educação de Jovens e Adultos - EJA que serão denominadas de
Centros de Educação de Jovens e Adultos - CEJA, nos moldes da escola já experimentada no Centro
Municipal de Referência de Educação de Jovens e Adultos - CREJA. Nesses Centros serão ministradas aulas
do Ensino Fundamental – modalidade EJA, nas etapas EJA I, equivalente aos anos iniciais, e EJA II,
equivalente aos anos finais do Ensino Fundamental. Os Centros funcionarão em 6 turnos, assim distribuídos:
2 pela manhã, 2 à tarde e 2 à noite, possibilitando ao aluno um horário amplo e flexível. Desta forma, caso o
aluno precise de ajustes para atender situações da vida pessoal ou profissional, poderá ser remanejado e,
assim, evitar o abandono escolar;

2) a implantação da modalidade EJA, especificamente no CREJA e nos CEJA, utilizando metodologia


semipresencial, que propõe a realização de atividades de interação direta e indireta professor-aluno,
realizadas dentro ou fora da sala de aula.

3) a implantação da modalidade EJA, especificamente no CREJA e nos CEJA, utilizando metodologia do


Ensino a Distância – EAD, destinada àqueles que comprovarem ou demonstrarem, por intermédio de prova
de acesso, conhecimentos consolidados que possibilitem a autonomia necessária à continuidade dos
estudos na referida modalidade, de acordo com as Orientações Curriculares da EJA. Nos termos do Parecer
CNE/ CEB nº 11/2000 e do Parecer CNE/CEB nº 29/2006 e, ainda, da Resolução CNE/CEB n° 03/2010, a idade
para os jovens ingressarem na modalidade EJA será a partir de 17 anos e para os adultos não há imposição
de limites. Esta orientação legal torna-se ainda mais necessária, em se tratando da EJA semipresencial ou a
distância, pelas características especiais de ambas as metodologias de ensino. No entanto, caso a matrícula
de jovens de 15 ou 16 anos no CREJA ou nos CEJA se torne a única opção para que a sua vida escolar não se
interrompa, em caráter excepcional, comprovado o conhecimento necessário para a autonomia nos estudos,
será admitido o ingresso desses jovens, após avaliação da direção do CREJA ou dos CEJA e da Gerência de
Educação das Coordenadorias Regionais de Educação.

A proposta de elevação da escolaridade, em processo acelerativo, reconhece e valida os conhecimentos


trazidos pelos alunos, propondo sua ampliação, sistematização e aprofundamento, construindo um currículo
próprio que tem como base as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos.

Desta forma, o trabalho educativo realizado no CREJA e nos CEJA, com metodologia semipresencial e a
distância, seguirá os princípios do projeto político pedagógico para a EJA da Rede Pública Municipal de
Ensino, já praticados nas diversas escolas que funcionam com esta modalidade.
Outro aspecto relevante é a organização do tempo e do espaço, que leva em consideração o cotidiano do
aluno, apresentando-se diversa e flexível para se ajustar às suas necessidades.

A aceleração, que é uma característica da modalidade EJA na Rede Pública Municipal de Ensino, segue os
mesmos critérios de uma “progressão continuada” e, consequentemente, em razão do aluno “fazer o seu
tempo”, ele poderá concluir os estudos a qualquer momento. Este princípio também será preservado na EJA
com metodologia semipresencial. Por este motivo, as matrículas no CREJA e nos CEJA também ocorrerãono
decorrer de todo o ano letivo.

A estrutura curricular estará organizada em duas etapas e consta do Anexo deste Parecer.

VOTO DA RELATORA

A primeira vez que este Colegiado se debruçou sobre as questões da Educação de Jovens, destinada aos
alunos que não obtiveram sucesso em sua vida acadêmica ou a ela não tiveram acesso, na idade própria, foi
em 1999, quando emitiu o Parecer nº 03/1999, que legitimou o Programa de Educação Juvenil - PEJ,
destinado, naquele momento, apenas aos jovens de 14 aos 22 anos de idade, no horário noturno. No mesmo
Parecer foi autorizada a terminalidade da etapa cursada, com a garantia de documentação retroativa ao ano
de 1998.

A segunda oportunidade foi em 2005, quando o Parecer de número 6, dentre outras providências, estendeu
o atendimento aos adultos de todas as idades, provocando, inclusive, a alteração da denominação para
Programa de Jovens e Adultos - PEJA. No mesmo Parecer, o Centro de Referência de Jovens e Adultos- CREJA
foi reconhecido como unidade da Secretaria Municipal de Educação –SME, apta a certificar os alunos que
concluíam os estudos. A oferta da modalidade EJA nos períodos diurno e noturno foi outra alteração
importante. Nestes breves exemplos ficam evidenciados os avanços que ocorreram na EJA. A leitura atenta
dos Pareceres supracitados, com certeza, apontará muitos outros.

Avanços maiores ainda são os observados na proposta ora apresentada. São louváveis todos os esforços
envidados àqueles que, por diversos motivos, não conseguiram o direito de obter a consolidação dos
conhecimentos/aprendizagem relativos ao Ensino Fundamental.

A proposta em tela responde plenamente às necessidades individuais apresentadas por cada aluno que
procura a EJA como espaço de elevação de sua escolaridade, ampliação de sua cidadania e inserção no
mundo do trabalho, além de assegurar aos jovens e adultos o cumprimento do direito à educação, que se
constitui em direito social previsto na Constituição da República do Brasil.

Ao reler-se o Parecer nº 06/2005, encontra-se um parágrafo significativo, que é parte do voto da Relatora, o
qual é transcrito abaixo: (...) “nos leva a concluir pela autorização à SME para:

Criar ou adaptar espaços para jovens e adultos onde experiências variadas possam ser desenvolvidas e
acompanhadas, visando a constituição de novos conhecimentos sobre a população alvo, sobre formas de
responder às suas necessidades e sobre a construção de recursos apropriados a essa modalidade da
educação escolar”.

Como se pode observar, todas as questões da EJA, aqui enumeradas, representam muito mais do que o
cumprimento de um direito constitucional, sem querer subestimar a importância da Lei Magna.

A relatora encontrou na poesia de Richard Bach, a expressão do seu sentimento pessoal, como se vê abaixo:
“Nada acontece por acaso.
Não existe a sorte.
Há um significado por detrás
de cada pequeno ato.
Talvez não possa ser visto
com clareza imediatamente,
mas sê-lo-á antes que
se passe muito tempo.”

Em face do exposto, fica aprovada a proposta apresentada a este Colegiado, no que se refere à implantação
dos CEJA e ao funcionamento da modalidade EAD, no CREJA e nos CEJA, com abordagem metodológica de
ensino semipresencial e de educação a distância, devendo ser envidados esforços para ampliar essa oferta a
todas as regiões da Cidade.

As questões referentes à matrícula, planejamento, ambientação, aula interdisciplinar, avaliação, tutoria,


interações indiretas professor-aluno, atividades culturais e outras, deverão ser regulamentadas no âmbito
da Gerência de Educação de Jovens e Adultos. É importante ressaltar que fica mantida a estrutura da EJA,
que se encontra empleno funcionamento nas Unidades Escolares da Rede Municipal de Ensino.
Este é o Parecer.

DECISÃO DA CÂMARA
Ana Maria Gomes Cezar Presidente/ Relatora
Ana Celeste de V. Reis Moraes.
Mariza de Almeida Moreira
Mariza Lomba Pinguelli Rosa
Regina Helena Diniz Bomeny
Roberto Guarda Martins
Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2013.

DECISÃO DO PLENÁRIO
Este Parecer foi aprovado pelos presentes.
Rio de Janeiro, 29 de janeiro de 2013.
Anexo do Parecer CME Nº 02/2013
ESTRUTURA CURRICULAR

A EJA I, etapa referente aos anos iniciais do Ensino Fundamental, será trabalhada, em média, por dois anos
letivos, possuindo 400 horas de carga horária anual, distribuídas em dois blocos:

Bloco I - o aluno vivencia o processo inicial de alfabetização, compreendido como aquisição da base
alfabética da escrita, numa visão de leitura que considera a relação texto-contexto. Neste Bloco,
considerando que os alunos ainda se encontram em fase de aquisição do código escrito, necessitando da
mediação presencial de um professor, a abordagem curricular é realizada, exclusivamente, por intermédio
de interações diretas professor-aluno;

Bloco II - amplia e aprofunda a relação texto-contexto, a partir da abordagem interdisciplinar das diferentes
áreas do conhecimento. A EJA II, etapa referente aos anos finais do Ensino Fundamental, será estruturada,
também, em dois blocos de aprendizagem, com duração de 801 horas anuais. Cada bloco incorpora três
unidades de progressão, compostas por cinco componentes curriculares: Língua Portuguesa, Matemática,
História e Geografia, Ciências, Linguagens Artísticas (especificamente no Bloco I) ou Língua Estrangeira
(especificamente no Bloco II). Cada unidade é organizada em cerca de 270 horas trimestrais, sendo que 134
horas são de atividades curriculares de interatividade direta professor-aluno, realizadas na sala de aula, e
133 horas de atividades curriculares de interatividade indireta, realizadas fora da sala de aula. O quadro
abaixo dá maior visibilidade à dinâmica de funcionamento.

Na EJA II, as atividades presenciais de interação direta professor-aluno, serão realizadas em salas ambiente.
Cada componente curricular será trabalhado em uma sala: sala ambiente de Língua Portuguesa,
Matemática, História e Geografia, Ciências, Linguagens Artísticas (somente para EJA II Bloco 1) e Língua
Estrangeira (somente para EJA II Bloco 2). Nesses espaços serão ministradas as aulas presenciais, com
duração de duas horas do respectivo componente curricular em cada dia. Assim, ao término da semana, o
aluno terá participado das aulas de todas as disciplinas, em cada uma das salas ambiente, em um dos 6
horários oferecidos, conforme explicitado no item 1.

A EJA, com metodologia de Educação a Distância – EAD, tem amparo legal para a sua implantação na
Resolução CNE/CEB n° 3/2010 e, por possuir características de flexibilidade de espaço e tempo, tal e qual a
EJA, se constitui em ferramenta adequada para atingir pessoas que não podem ausentar-se de sua “rotina”,
para frequentaruma escola.

A proposta de implantação da EAD ganhou força, diante da experiência vivenciada no projeto piloto,
elaborado e realizado em parceria com o Departamento de Educação do Exército Brasileiro (DECEX), por
meio da Fundação Trompowsky, que proporcionou aos professores e à coordenação do CREJA um curso de
tutoria a distância, assim como a assessoria técnica dos seus profissionais. As matrículas feitas para a
Educação de Jovens e Adultos na Educação a Distância – EJA/EAD, serão oferecidas no CREJA e nos CEJA. Na
EJA /EAD, apenas poderão ser matriculados candidatos à EJA II Bloco II, respeitando-se a legislação vigente
(Resolução CNE nº 3/2010), que impõe a oferta da modalidade nos anos finais do Ensino Fundamental.
Gradativamente, e à medida que a experiência da EJA/EAD se solidificar, esse trabalho poderá ser oferecido,
também, às demais unidades de progressão da EJA II Bloco II (UP 1 e UP 2).

Você também pode gostar