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Inclusão Escolar:

da teoria à prática
Profa. Dra. Danielle Aparecida do Nascimento dos Santos
Profa. Ms. Ana Mayra Samuel da Silva Rezende
Profa. Ms. Jane Aparecida de Souza Santana
Contexto Histórico e
Político: por que incluir?
O direito à diferença na
igualdade de direitos?
No entanto...

• Vivemos em um mundo cada vez mais intolerante com as


diferenças...

• Algumas pessoas ainda estão segregadas dentro de nossa


sociedade, embora tenham o direito subjetivo de pertencer e não
ficar de fora...
Que tipo de corpo, cada
classe (grupo, casta,
estamento, etc)
dominante, nos
diferentes momentos
históricos, valorizou
como modelo/padrão?
Sociedades Primitivas
•O atendimento às necessidades humanas era, nas
sociedades primitivas, totalmente dependente do
que a natureza lhes proporcionava, como a caça, a
pesca, abrigo, etc.
•Assim, as pessoas com uma deficiência natural
acabava se tornando um empecilho, um peso morto.
Dia do Arremesso: Família Dinossauro
Sociedade Grega
•Atendimento das necessidades básicas garantida pelos escravos;
•Paradigma Espartano: início dos modelos que atravessam os
séculos (valorização da ginástica, dança, estética, busca pela
perfeição do corpo);
•Paradigma ateniense: na polis: há a divisão entre os homens livres e
os escravos;
•Pessoas que nasciam com deficiência eram eliminadas, praticava-se
a eugenia radical.
Personagem do Filme 300
Sociedade Cristã
•Para o moralismo cristão/católico a deficiência passa
a ser sinônimo de pecado;
•Idade Média: inquisição;
•A igreja explica a existência de cegos, surdos,
paralíticos, leprosos, como instrumentos de Deus
para alertar os homens sobre a necessidade de
praticar a caridade.
Cegos – Idade Média
• Domínio do homem sobre a natureza,
Sociedade Liberalista
produção voltada para o mercado,
possibilidade de acumulação,
desenvolvimento da ciência e da
tecnologia;
• Locke: teoria empirista de
aprendizagem;
• E as pessoas consideradas incapazes
nesse contexto?
Paradigma Segregacionista
•Preocupação com a especificidade do deficiente;
•A questão da deficiência passa da visão cristã para objeto da
medicina;
•Tentativa de integração do Vitor, o selvagem de Aveyron
(estudos de Itard);
•L'eppé: instituto de surdos mudos na França (1799);
•Hellen Keller: ensinar a surdocega Anne Sullivan nos EUA
(1887).
Hanna Arendt
•É necessário pensar sobre os elementos que
constituem a condição humana: trabalho, obra e
ação.
•Até que ponto estamos condicionados a essa
condição?
Declaração Universal dos
Direitos Humanos
•Adotada pela ONU no final da segunda guerra mundial e
pós-nazismo;
•Proclama por direitos humanos, em todos os sentidos.
Legislação Brasileira
▪Traz avanços importantes, principalmente ao
considerarmos os preconizados na Constituição
Federal de 1988, que estabelece a TODOS (sem
adjetivos) o Direito à Educação e à Inclusão
Social.
Sustentação legal
na Constituição Federal de 1988
• O direito à diferença está também previsto na Constituição
Federal de 1988 , artigo 208, quando nossa Lei prescreve
que:

O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a


garantia de:
III-atendimento educacional especializado aos portadores de
deficiência, preferencialmente, na rede regular de ensino.
Constituição Federal
(cont.)
• O direito à igualdade de todos à educação está garantido
expressamente previsto na nossa Constituição/88 (art. 5º.) e
trata nos artigos 205 e seguintes, do direito de TODOS à
educação.
Princípios da Inclusão
•Identidade: a construção da pessoa humana em todos seus aspectos:
afetivo, intelectual, moral e ético;
•Valorização das diferenças: conviver com os conflitos pessoais e sociais,
estimulando a criatividade para a resolução dos problemas e a pluralidade
cultural;
•Transformação da prática pedagógica: relações interpessoais positivas,
interação e sintonia professor-estudante, família-professor professor-
comunidade escolar e compromisso com o desempenho acadêmico.
Mudança de Paradigma
•Conforme pensavam os gregos, os paradigmas podem ser
definidos como modelos, exemplos abstratos que se materializam
de modo imperfeito no mundo concreto.
•Podem também ser entendidos, segundo uma concepção
moderna, como um conjunto de regras normas, crenças, valores,
princípios que são partilhados por um grupo em um dado
momento histórico e que norteiam o nosso comportamento, até
entrarem em crise, porque não nos satisfazem mais, não dão
mais conta dos problemas que temos de solucionar.
É O QUE ESTAMOS
VIVENDO NO MOMENTO!
Sendo ou não uma mudança radical, toda crise de paradigma é
cercada de muita incerteza, de insegurança, mas também de muita
liberdade e de ousadia para buscar outras alternativas, outras formas
de interpretação e de conhecimento que nos sustente e nos norteie
para realizar a mudança.
Ruptura
•Uma ruptura de base propõe a inclusão.
•Implica mudança desse atual paradigma educacional, para
que se encaixe no mapa da educação escolar que estamos
retraçando.
▪A inclusão traz à tona a perspectiva da diferença humana, superando o ideário da
igualdade universal.
▪Nos convida a refletir sobre como as condições sociais e materiais produzem as
diferenças e estabelecem marcações simbólicas que valorizam alguns atributos
humanos enquanto depreciam outros.
▪Implica adoção de uma nova ética, pautada no respeito às diferentes manifestações
da humanidade, abandonando, conforme aponta Werneck (2003), o equívoco de
hierarquizar as condições humanas, definindo quais delas têm ou não direitos, dos
mais simples aos mais complexos.
Modelos Ocidentais
•Etnocêntrico: o BEMCHUC (branco, organizado
socialmente pelo Estado, masculino, cristão, heterossexual e
tendencialmente urbano e cosmopolita);
•O outro é pensado devido à sua cognição, cultura ou status
quo);
•Tolerância: ação daquele que tolera sobre o que é tolerado.
•Reconhece a diferença como legítima.
Modelos
•Generosidade: sentimento de culpa que gera um
programa político ‘cuidar do outro’.
•Diferença assumida como construção ocidental.
•Relacional: entender que todos somos
diferentes.
Dimensões da Inclusão
•Essencial e Eletiva.
•A inclusão essencial assegura o acesso e a participação, sem
discriminação, a todos os níveis e serviços da sociedade, por todos os
cidadãos. Porém, há o risco de procurar atribuir um lugar fixo às
pessoas em “risco de exclusão”. Ex. inserir as pessoas com
deficiências como pertencentes somente a esse grupo de pessoas na
sociedade.
•A inclusão eletiva assegura que, independentemente de qualquer
condição, as pessoas tem o direito de se relacionar e interagir com os
grupos sociais que bem entenderem e em função dos seus interesses.
Gestão Escolar Inclusiva
A equipe gestora escolar, quando aberta a um processo democrático, pode
desenvolver ações para a efetivação dos princípios da educação inclusiva.

✓ Uma das figuras principais para a transformação do espaço


escolar;
✓ Vivência uma Processo Político;
✓ Extrapola a questão da toma de decisões;
✓ Necessita compreender, interpretar e analisar de maneira Gestão Escolar
crítica a realidade escolar;
✓ Está sempre em busca de alternativas para coordenar,
orientar e estimular a busca por soluções práticas para os
desafios cotidianos;
Por isso, é necessário que a Gestão Escolar
esteja sempre aberta ao diálogo, aos novos
conhecimentos, tendências e inovações
relacionadas à Educação, para que seu trabalho
seja realizado com qualidade e obtenha bons
resultados.
Fica a cargo da gestão escolar inclusiva articular o currículo e a
avaliação, os procedimentos metodológicos, conteúdos e
aprendizagem dos estudantes, utilizando de meios que garantam
tanto a educação inclusiva como a gestão democrática e
participativa, ambas previstas pela legislação.
Mittler (2001) defende que para que a escola se constitua enquanto
inclusiva, é necessário que os gestores não se restrinjam à parte
administrativa da instituição, mas que estejam envolvidos também
com o processo pedagógico, pois imersos no contexto pedagógico
poderão repensar o modelo educativo em vigência, transformar a
realidade, valorizar e reconhecer as diferenças, e, assim, constituir a
cultura de uma escola inclusiva.
Possíveis Ações

▪ Estudo sistemático sobre a Inclusão Escolar e as políticas públicas


que a norteiam no Brasil;
▪ Formação Continuada de Professores;
▪ Ações baseadas nos Programas e Ações do Ministério de Educação;
▪ Intersetorialidade;
▪ Compreensão: escola para todos;
Presidente ▪ Estudo: pressupostos legais – Educação Especial e
Bernardes/SP Inclusiva
▪ Constituição Federal de 1988;
▪ Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) nº
9.394/96;
▪ Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (BRASIL, 2008);
▪ Termo de Ajustamento de Conduta (2014);
▪ Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (2015);
▪ Estatuto da Pessoa com Deficiência, nº 13.146 de 2015;
▪ PNE, PME e PPP.

▪ Reflexão: possíveis ações a serem desenvolvidas


considerando os programas e ações do MEC/SECADI,
intersetorialidade e formação de profissionais que atuam
no contexto escolar.
Formação Continuada da Equipe Escolar
▪ Em 2016, os temas discutidos em palestras com professores e
funcionários, foram decididos colaborativamente entre a
pesquisadora e a equipe gestora, a partir da realidade da
EMEF "S".

▪ Professores:
▪ "Práticas Educacionais Inclusivas: legislação e ação“ (Profa.
Dra. Danielle Aparecida do Nascimento dos Santos – UNOESTE)
▪ "Possibilidades para Ensinar Matemática na Perspectiva da
Inclusão" (Prof. Dr. José Eduardo Lanutti – UFMS)

▪ Funcionários:
▪ Palestra sobre os direitos e deveres das pessoas com
deficiência e sobre primeiros socorros (Advogado Flávio
Azevedo)
Sala de Recursos Multifuncionais
• Solicitação ao MEC/SECADI – não atendido;
• Projeto Piloto (2017 e 2018) – atendido pela DMECR;
• Atuação de 2 Professores Especializados em
Educação Especial e Inclusiva em jornada
suplementar de 5h semanais;
• Atendimento Parcial da Demanda Municipal;
• Necessidade de ampliação do serviço oferecido.
Intersetorialidade

▪ Programa de Atendimento Especializado (PAE);


▪ Atendimento contínuo de 10 estudantes com e sem CID de todo o Município;
▪ Profissionais envolvidos: neuropediatra, psicóloga, fonoaudióloga e professora
especialista.
• Centro Municipal de Saúde;
• Atendimento esporádico dos estudantes encaminhados pelas escolas e
professores;
• Profissionais envolvidos: psicóloga e psicopedagoga.

• Assistência Social e Conselho Tutelar;


• Acompanhamento dos casos de omissão familiar dos EPAEE e amparo.
"A função da gestão é fazer a conscientização dos professores de que eles precisam mudar a sua própria prática.”
"Os nossos professores precisam compreender que ninguém nunca estará formado para trabalhar com a diversidade que tem aqui
na escola. Os nosso professores precisam compreender que a função deles aqui na escola é ensinar a todos."
(DR)

"Não estamos preparados para a inclusão: o espaço físico é inapropriado, não temos professores e funcionários formados para
isso. E, não estaremos preparados até sermos desafiados a enfrentar e vivenciar a inclusão, tentando fazer o melhor para os
nosso estudantes." (VD)

Inclusão é uma conquista diária, com tentativas, acertos e erros constantes. É preciso reconhecer, conviver, problematizar e
lidar com as diferenças do outro, a fim de potencializar as suas habilidades e torná-lo pertencente ao ambiente educativo.
Incluir significa ressignificara prática e o contexto pedagógico devido as desestabilizações.
Centro de Promoção para
Inclusão Digital, Escolar e
Social (CPIDES)
O CPIDES foi concretizado a partir de um trabalho iniciado em 1997 por meio
de uma pesquisa de doutorado que culminou no grupo de “Ambientes
Potencializadores para Inclusão” (API), criado em 2002.

É coordenado pelos professores Klaus Schlünzen Junior e Elisa Tomoe Moriya


Schlünzen, e conta com equipe de professores da Unesp, estudantes de pós-
graduação, profissionais de educação, estagiários, bolsistas de projetos de
extensão e pesquisa da Unesp.
O CPIDES é um espaço localizada na região de Presidente Prudente, que
promove atendimento de alunos com diversas patologias (Síndrome de Down,
Déficit intelectual, TEA, PC, TDAH, Altas habilidades, Síndrome de Sotus e
Dislexia), bem como cursos de formação para professores da rede Estadual e
Municipal de Ensino sobre Orientações Básicas para a Inclusão do Estudante
Público-Alvo da Educação Especial.
▪Atividades realizadas no CPIDES:
▪Aproximadamente 30 EPAEE, com atendimentos semanais realizados por graduandos
futuros professores, alunos de projetos como PIBID, PROEX e Núcleo de Ensino;
▪Aproximadamente 800 atendimentos anuais para estudantes e professores da rede pública,
a maior parte deles com os softwares e os programas nos computadores do CPIDES;
▪Vídeo conferencias com gestores e professores em exercício que devido às muitas
atividades não podem participar em forma presencial das formações;
▪Atendimento a escolas da região de Presidente Prudente e Presidente Bernardes, com
aproximadamente 35 escolas da rede pública;
▪Instituições parceiras do CPIDES: Núcleo de Educação a Distância da Unesp (NEaD),
Secretaria Municipal de Educação de Presidente Bernardes e Diretoria de Ensino de
Presidente Prudente.
As ações importantes desenvolvidas no CPIDES:
▪ações destinadas à formação inicial dos graduandos, voltadas às práticas inclusivas
que despertam o interesse dos estudantes e os motivam a explorar, a pesquisar, a
descrever, a refletir a depurar suas ideias mediante o uso das Tecnologias Digitais de
Informação e Comunicação (TDIC) e do trabalho com projetos por meio da
abordagem CCS.
▪ a formação continuada de professores em exercício na rede pública, tendo em vista
a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.
Nesse sentido, o desenvolvimento de ações formativas inclui oficinas pedagógicas,
palestras e intervenções junto às escolas públicas parceiras.
O CPIDES utiliza como a abordagem de trabalho o CCS - Construcionista,
Contextualizada e Significativa, bem como o trabalho com projetos articulando as
Tecnologias de Informação e Comunicação – TIC como ferramentas
potencializadoras de habilidades favorecendo a aprendizagem e a inclusão social
dos estudantes atendidos.

Esse tipo de aprendizagem, a abordagem definida por Schlünzen (2000) como CCS.
Sugere uma inversão de papeis, em que o estudante propõe discussões e a troca de
informações, com isso aprende por meio da prática, buscando o conhecimento; por
sua vez, o professor atua como mediador da aprendizagem e propicia o
desenvolvimento das reais potencialidades dos estudantes. É importante salientar o
comprometimento profissional na abordagem CCS, pois ele é de extrema
importância para que o processo aconteça com eficiência.
Trabalhando a alfabetização com estudante com SD

O Centro de Promoção para Inclusão Digital, Escolar e Social (CPIDES)


da Unesp busca colaborar com escolas públicas visando contribuir com o
desenvolvimento de práticas pedagógicas inclusivas para proporcionar
uma educação com qualidade para todos!
Preparando para
estudante para o
mercado de
trabalho
Confeccionando as tintas caseiras com gelatina
e água no CPIDES

Utilizando as tintas caseiras para


colorir o livro ampliado
Desenvolver a autonomia da
estudante, na hora de escolher
qual alimento é melhor para a
sua saúde.
Aprendendo na cozinha:
fazer o sanduiche saudável. ▪

▪ Fonte: arquivo disponibilizado pelo CPIDES, 2018.


Aluno autista
universitário (design
de jogos) que
frequenta o centro
desde o 07 ano de
idade
▪Conquistas...
▪Inserção de estudantes no universidade;
▪Capacitação o mercado de trabalho
▪Esclarecimento dos profissionais em relação ao trabalho com as PD e o uso de
recursos de acessibilidade;
▪Divulgação de materiais desenvolvidos pelo grupo;
▪Maior inserção dos estudantes em salas regulares de escolas públicas e
privadas;
▪Aperfeiçoamento no trabalho pedagógico dos estagiários;
▪Formação continuada de professores;
▪Publicações de artigos em periódicos, livros e anais de congressos.
OBRIGADA!!!
danielle@unoeste.br
ana.mayra.amss@gmail.com
santanajane2008@gmail.com

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