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E se a questão é: “a
cultura pode ser mudada?”
Socialização
Personalização
organizacional
As pessoas
A organização
adaptam a
adapta as pessoas
organização às
às suas
suas
conveniências
conveniências
FIGURA 5 Os dois lados da adaptação mútua entre pessoas e
organizações.17
ção a respeito de direitos e obrigaçõ es consagrados pelo
DICA: o ajustamento uso e que serão respeitados e observados por ambas as
recíproco partes. Ao contrário do contrato formal, o contrato
psi- coló gico nã o é escrito e muitas vezes nem é
Nesse processo bidirecional, a adaptação é discutido ou esclarecido. Ele se refere à expectativa
mútua, tendo em vista a busca de uma recíproca do indivíduo e da organização no qual
verdadeira simbiose entre as partes. Além de prevalece o senti- mento de reciprocidade: cada parte
bidirecional, é recíproca, pois cada parte atua avalia o que está ofe- recendo e o que está recebendo em
sobre a outra. O período inicial do emprego é troca. Se desaparecer o sentimento de reciprocidade,
uma fase crucial dessa adaptação e do ocorre uma mudança no sistema. Os contratos
desenvolvimento de um relacionamento psicoló gicos são criados entre pessoas, grupos ou
organizaçõ es.
saudável entre o novo membro e a
organização. É um período lento e de difícil
Aprendizagem da cultura organizacional
adapta- ção, no qual a rotatividade costuma
ser mais elevada do que nos demais períodos
Os colaboradores aprendem a cultura organizacio-
subsequentes. Nesse período, cada uma das nal de várias formas, como histó rias, rituais, símbolos
partes aprende a se ajustar à outra. É uma materiais e linguagem:18
aprendizagem recíproca, em que um procura
Adaptabilida Congruênc
reduzir a incerteza a respeito do outro (Figura • Histórias: contos e passagens sobre o fundador da
de ia
6). empresa, lembranças sobre dificuldades ou eventos
Demandas do trabalho especiais, regras de conduta, cortes e realocaçã o
Tarefa a executar Objetivos de funcionários, acertos e erros anteriores
Conteúdo a cumprir Papel a geralmente ancoram o presente no passado e
desempenhar Relações
explicam a legiti- maçã o das prá ticas atuais.
interpessoais
• Rituais e cerimônias: sã o eventos sociais repetiti-
vos que expressam e reforçam os valores da organi-
Mudança e Domínio pessoal zação. As cerimô nias de fim de ano e as
aquisição
comemora- çõ es do aniversá rio da organizaçã o
são rituais que reú nem e aproximam a totalidade
Elevado desempenho
Satisfação dos funcioná rios para motivar e reforçar aspectos
Maior segurança íntima da cultura da orga- nização, seus valores e objetivos,
Consequências Influência mútua bem como reduzir possíveis conflitos.
Baixo nível de ansiedade
• Símbolos materiais: a arquitetura do edifício, salas
Intenção de permanecer
e mesas, o tamanho e o arranjo físico dos escritó rios
constituem símbolos materiais que definem o grau
FIGURA 6 Processo de socialização. de igualdade ou diferenciaçã o entre as pessoas e o
tipo de comportamento (como assumir riscos ou se-
guir a rotina, autoritarismo ou espírito democrático,
Contrato psicológico estilo participativo ou individualismo, atitude con-
servadora ou inovadora) desejado pela organização.
O contrato psicoló gico condiciona boa parte desse Os símbolos materiais – como marca, logotipo, cores,
ajustamento mú tuo. Um contrato é um acordo ou uma bandeiras – são aspectos importantes da comunica-
expectativa que as pessoas mantêm consigo mesmas ou çã o não verbal.
com os outros. O contrato torna-se um meio utilizado • Linguagem: muitas organizaçõ es e mesmo unida-
para a criaçã o e a troca de valores ou o intercâmbio des organizacionais utilizam a linguagem como um
de recursos entre as pessoas. Cada pessoa representa meio de identificar membros de uma cultura ou sub-
seus pró prios contratos que regem tanto suas relaçõ es cultura. Ao aprender a linguagem, o membro con-
inter- pessoais quanto intrapessoais. O contrato firma a aceitação da cultura e ajuda a preservá-la. As
psicoló gico é um entendimento tácito entre indivíduo organizaçõ es desenvolvem termos singulares para
e organiza- descrever equipamentos, escritó rios, pessoas, clien-
tes, fornecedores ou produtos. A maneira como as
pessoas se vestem e os documentos utilizados cons-
tituem formas de expressar a cultura organizacional. GP DE HOJE: o HP Way 20
A cultura organizacional se caracteriza pela acei- Em 1937, dois jovens engenheiros – Bill Hewlett e
tação implícita pelos seus membros. Ela também é re- Dave Packard – começaram sua empresa em uma
forçada pelo pró prio processo de seleção que elimina gara- gem em Palo Alto, na Califórnia, com pouco mais
as pessoas com características discrepantes com os de US$ 500 no bolso e nenhum produto na mão. A
padrõ es estabelecidos e que ajuda a preservar a cultura. ideia era usar tecnologia de maneiras novas. Os dois
fundadores se preocuparam mais com os princípios e
valores que nor- teariam a empresa e a gestão do
DICA: opções de socialização de novos negócio do que com os produtos que deveriam
colaboradores 19 produzir.21 Hoje, a HP fatura US$ 43 bilhões ao ano e se
mantém uma empresa sempre jovem e inovadora,
O programa de integração pode ter as seguintes
graças à sua forte cultura corporativa.
alternativas:
O HP Way tem as seguintes características:
Formal ou informal: quando o novo colaborador é
• Descentralização: a política de descentralização da
segregado e diferenciado para tornar explícito o seu
HP quer manter o espírito de empresa pequena.
papel de ingressante, tão logo a socialização é formali-
Todas as divisões funcionam e são administradas de
zada. É o caso de programas específicos de integração
manei- ra independente. Cada divisão tem total
e orientação. A socialização informal coloca o novo
autonomia.
colaborador imediatamente em seu cargo com pouca
• Comprometimento com o pessoal: durante a crise
ou nenhuma atenção especial.
de 1970, a HP negou-se a cortar pessoal, sugerindo
Individual ou coletivo: os novos membros podem
que todos os funcionários aceitassem uma
ser socializados individualmente ou agrupados e pro- diminuição de 20% no salário. Esse espírito coletivo é
cessados por um conjunto idêntico de experiências, o seu ponto alto.
como no serviço militar. • Mudança e inovação: a HP é uma das empresas
Uniforme ou variável: o programa fixo estabelece
mais inovadoras do mundo. As pessoas estão focadas
estágios padronizados de transição da etapa de en- na mu- dança e na inovação, pois delas depende o
trante para a etapa de funcionário. O programa variá- diferencial competitivo da corporação. Essas são as
vel não prevê nenhum programa da empresa quanto características das pessoas contratadas e as razões
aos passos da integração. pelas quais elas permanecem na empresa. A fonte
Seriado ou randômico: a socialização seriada utiliza
primária de seu cres- cimento é o lançamento de
papéis que treinam e encorajam o novo funcionário, produtos novos, em vez de tentar esticar o ciclo de
como nos programas de aprendizagem e de tutora- do. vida dos produtos atuais. Dois terços do lucro devem
A socialização randômica não utiliza papéis e os
provir de produtos novos, com menos de três anos de
novos funcionários ficam à vontade para atuar por sua
vida. O investimento em pes- quisa e
própria conta.
desenvolvimento é elevadíssimo. A política de
Reforço ou eliminação: a socialização por reforço
“destruição produtiva” é a melhor defesa da
confirma e apoia certas qualidades e qualificações do
empresa: canibalizar o que ela faz hoje para
novo funcionário como ingredientes necessários para
assegurar a sua lide- rança no futuro. É a reinvenção
o sucesso no cargo. A socialização por elimina- ção
constante da empresa.
tenta anular ou neutralizar certas características
• Qualidade de vida: a HP é uma das melhores em-
indesejáveis do recruta e adaptá-lo ao novo papel a ser
presas norte-americanas para se trabalhar. Os funcio-
desempenhado.
nários e os dirigentes são chamados pelo primeiro
nome, a maneira de vestir é informal e cômoda. A
política de remuneração se apoia em um
programa de participação nos lucros. A contribuição
dos funcio- nários é intensamente reconhecida e
valorizada por toda a organização.
• Conteúdo do cargo: o novo colaborador deve rece-
dá uma contribuição diferente para a companhia e ber tarefas relativamente desafiadoras e capazes de
todos trabalham para alcançar uma meta comum. A lhe proporcionar sucesso no início de sua carreira
APO impõe a cada um dos milhares de na organizaçã o, para depois receber tarefas gra-
funcionários o exercício de criatividade, iniciativa e dativamente mais complicadas e crescentemente
entusiasmo. A empresa explica o que quer que se desafiadoras. Os novos colaboradores que
faça, mas não como fazê-lo. Isso é tarefa de cada recebem tarefas relativamente solicitadoras tornam-
um. Sincronismo é a base de tudo. se mais preparados para desempenhar as tarefas
• Empowerment: significa o fortalecimento dos funcio- posteriores com mais sucesso. Com isso, os
nários e das equipes pela transferência da autoridade funcioná rios prin- cipiantes tendem a
da gerência para a base. internalizar altos padrõ es de desempenho e
• Política de portas abertas: o ambiente de trabalho é expectativas positivas a respeito de recompensas
organizado para obter o melhor dos funcionários. Não resultantes do desempenho excelente. Quando os
existem paredes ou portas, mas salões para reuniões principiantes sã o colocados em tarefas
informais, computadores portáteis para promover o inicialmente fá ceis, nã o têm chance de experimen-
trabalho em equipe e garantir a proximidade com a tar o sucesso nem a motivaçã o decorrente.
administração. • Supervisor como tutor: o novo colaborador pode
ligar-se a um tutor capaz de cuidar de sua integração
E por que a HP é uma das empresas mais na organizaçã o. Para os novos funcioná rios, o su-
admiradas do mundo? Com certeza, por causa da sua pervisor representa o ponto de ligação com a orga-
forte cultura corporativa. nizaçã o e a imagem da empresa. O supervisor deve
cuidar dos novos funcionários como um verdadeiro
tutor que os acompanha e orienta durante o período
inicial na organizaçã o. Se o supervisor realiza um
MÉTODOS DE SOCIALIZAÇÃO ORGANIZACIONAL bom trabalho nesse sentido, a organização tende a
ser vista de forma positiva. Se, porém, ele é
inefi- ciente na recepção e condução do recém-
As organizaçõ es precisam promover a socializaçã o
chegado, a organização tende a ser visualizada
de seus novos membros e integrá -los adequadamente
negativamente. Para tanto, o supervisor deve realizar
à força de trabalho. Em algumas delas, a socializaçã o é
quatro funçõ es bá sicas junto ao novo
impositiva e contundente, como o trote dos calouros
colaborador:
nas escolas e universidades. Nas empresas em geral,
a socializaçã o visa a criar um ambiente imediato de
– Transmitir uma descrição clara da tarefa a ser rea-
trabalho favorá vel e receptivo durante a fase inicial
lizada.
do emprego. Ninguém é jogado na cova dos leõ es para
– Proporcionar informaçõ es técnicas sobre como
se defender por si pró prio em um ambiente
executar a tarefa.
desfavorá vel. Pelo contrário, a socializaçã o quer
– Negociar metas e resultados a alcançar.
aplainar o caminho. Os métodos mais utilizados de
– Proporcionar retroação adequada sobre o desem-
socializaçã o organi-
penho.
zacional são os seguintes:
Os supervisores devem ser adequadamente esco-
• Processo seletivo: a socialização tem início já nas
lhidos para acolher e tutorar os novos membros para
entrevistas de seleção, por meio das quais o candi-
que eles sejam bem supervisionados, acompanhados
dato fica conhecendo o seu futuro ambiente de tra-
balho, a cultura predominante na organização, os e orientados. Para funcionar como verdadeiro tutor
colegas de trabalho, as atividades desenvolvidas, os ou mentor, cada supervisor deve possuir um alto grau
desafios e recompensas em vista, o gerente e o estilo de segurança pessoal, a fim de que não se sinta pes-
de administração existente, etc. Antes mesmo de ser soalmente ameaçado pela falha ou sucesso dos novos
aprovado, o processo seletivo permite que o candida- colaboradores, além de uma dose cavalar de paciência
to obtenha informaçõ es e veja com os pró prios olhos para lidar com os novos e inexperientes recrutas.
como funciona a organização e como se
comportam as pessoas que nela convivem. • Equipe de trabalho: a equipe pode desempenhar um
papel importante na socialização dos novos colabora-
dores. A integração do novo membro deve ser FIGURA 7 Métodos de socialização organizacional.
atribuí- da a uma equipe de trabalho que possa
provocar nele um impacto positivo e duradouro. A
aceitação grupal é fonte crucial de satisfação das
necessidades sociais. Além disso, as equipes de
trabalho têm forte influência sobre as crenças e as
atitudes dos indivíduos a respeito da organização e
sobre como eles devem se comportar.
• Programa de integração: é um programa formal e
intensivo de treinamento inicial destinado a novos
funcioná rios para familiarizá -los com a linguagem
usual da organização, com os usos e costumes inter-
nos (cultura organizacional), a estrutura organiza-
cional (as unidades ou os departamentos existentes),
os produtos e serviços, a missão e a visão da
organiza- ção e os objetivos organizacionais. Recebe
também o nome de programa de indução e
constitui no princi- pal método de aculturamento de
novos participantes às práticas correntes da
organização. Sua finalidade é fazer com que o novo
participante aprenda e incor- pore valores,
normas e padrõ es de comportamento que a
organização considera relevantes para um bom
desempenho de sua força de trabalho.
Métodos de socialização
organizacional
Formal/informal
Opções de socialização Individual/coletivo
Uniforme/variável
Seriado/randômico
Reforço/eliminação