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Integração e Acolhimneto
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Pilar Mosquera
Technical University of Lisbon
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CAPÍT UL O X
Integração e acolhimento
Pilar Mosquera
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O turnover inicial é aquele que ocorre no período que vai dos primeiros seis meses a um ano de vida do
indivíduo na organização.
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Porter e colaboradores (1987) estabelecem uma analogia entre este tipo de relação e o
casamento. Em sua opinião, a união entre indivíduo e organização poderá, tal como no
casamento, ser estimulante e permitir que ambas as partes se sintam realizadas; ou
deteriorar-se, podendo eventualmente terminar em divórcio. Na maioria dos casos, essa
relação baseia-se em acomodações flexíveis e compromissos permanentes, em que as
respectivas expectativas face ao outro vão evoluindo.
Ao longo desta relação, competirá à organização desenvolver o processo de sociali-
zação, enquanto por seu lado, o indivíduo tentará impor um processo que os autores
designam por individualização. Deste modo, a organização tenta moldar os comporta-
mentos individuais às suas necessidades, cultura e valores, e os indivíduos que nela
trabalham tentarão influenciá-la com o intuito de atingirem maior satisfação pessoal e a
realização das suas próprias necessidades. Este processo é tão importante quanto o
primeiro, na medida em que, sem ele, não haveria renovação da organização e esta
estagnaria. O processo de socialização tem, por seu turno, um papel relevante na integração
dos objectivos individuais e organizacionais que representa o primeiro passo para ganhar o
envolvimento do empregado com a organização, os seus valores e desafios.
Schein (1990), Porter e colaboradores (1987) classificaram as reacções individuais às
práticas de socialização adoptadas pelas organizações em três tipos: rebeldia,
individualismo criativo e conformismo (ver Quadro 1 - Reacções individuais-tipo face à
socialização organizacional)
De realçar que cada membro de uma organização pode ser classificado ao longo da
sua carreira profissional em cada uma das três categorias indicadas, variando
habitualmente as suas atitudes face à socialização em função da idade e da sua situação
profissional.
De acordo com a perspectiva desenvolvimentista do contrato psicológico, tal
como a refere Schein (1988 a), p. 23), "o contrato psicológico muda ao longo do
tempo na medida em que as necessidades da organização e dos seus colaboradores
mudam".
Estratégias Caracterização
2
Baseámo-nos em Van Maanen (1989), Schein (1990) e em Greenberg & Baron (1995). Estes últimos, por
sua vez, basearam-se em sugestões de Van Maanen e Schein (1991) "Toward a theory of organizational
socializa- tion", in B.Staw (Ed.) Research in organizational behavior (Greenwich ,CT: JAI Press), vol.1, pp.209-
264.
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Baseámo-nos, essencialmente, em Van Maanen (1989, p.48-60) para estabelecer as diferentes implicações
de cada estratégia.
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6. As estratégias fixas, por serem mais previsíveis, dão maior segurança aos novos
elementos. No entanto, por se basearem em concepções rígidas do desenvolvimento,
marginalizam aqueles que não seguem esse padrão. As variáveis dão maior flexibi-
lidade à organização, embora corram o risco de gerar confusão e incerteza.
7. As estratégias por competição permitem uma melhor distribuição dos recursos da
organização. No entanto, correm o risco de limitar definitivamente as possibilidades
de progressão na carreira, após um único insucesso, e são mais segregativas o que
pode conduzir à marginalização de alguns membros. Contrariamente, as estratégias
por concurso geram um espírito mais cooperativo e participativo dentro da
organização, para além de oferecerem maiores probabilidades de mobilidade
profissional.
As sete estratégias atrás referidas foram posteriormente agrupadas por Jones 4 (1986)
numa única dimensão — socialização institucionalizada versus socialização individua-
lizada. A socialização institucionalizada caracteriza-se por um conjunto de experiências e
aprendizagens iniciais comuns a vários indivíduos, tratando-se de um modo de socialização
colectivo. É ainda formal, sequencial, fixa, serial e de investidura. A socialização
individualizada, realizada através de experiências e aprendizagens únicas, sendo a formação
dada no próprio posto de trabalho de modo informal, é variável, não sequencial, isolada e
de despojamento.
Numa pesquisa empírica, levada a cabo por Allen e Meyer (1990 a), p. 855), foi
possível extrair uma conclusão prática, de importantes implicações ao nível das
organizações: é possível as organizações dimensionarem as suas práticas de socialização de
acordo com o perfil envolvimento-orientação para o papel que melhor corresponder às suas
necessidades; ou seja, por exemplo, uma organização poderá conseguir desenvolver um
colaborador comprometido com os valores da organização e ainda assim inovador.
Dado nenhuma das estratégias de socialização isolada ser melhor do que a outra,
deverão ser as necessidades particulares de cada organização a definir qual a melhor
estratégia, ou conjugação de estratégias, a aplicar em cada situação.
A socialização dos novos colaboradores passa pela sua inserção na cultura organiza-
cional, ou seja, pela aprendizagem e aceitação dos valores e das normas de conduta
específicas dessa organização 5.
A cultura organizacional, por sua vez, perpetua-se e reproduz-se a si própria através da
socialização, como refere Schein (1990, p. 310).
Podemos, assim, identificar uma forte interacção entre socialização e cultura
organizacional.
Se os objectivos de uma organização forem perpetuar as suas normas e valores
tradicionais, ela procurará, aquando do recrutamento externo, localizar, de entre os vários
candidatos, aqueles que já partilhem essas normas e valores e, assim, o processo de
4
Jones, tal como Greenberg e Baron (1995), considera apenas seis das sete estratégias de socialização de Van
Maanen e Schein. Fica excluída a última estratégia por nós referida, ou seja, “por concurso/por competição”.
5
Para maior aprofundamento deste tema ver capítulo 5.
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2. 1. Socialização antecipatória
6
Greenberg e Baron (1987), utilizando a nomenclatura de Feldman (1980) , designam estas fases por: "Setting
in",
"Breaking in" e Settling in".
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externos de uma organização, estão quase sempre empoladas. Em regra, à medida que
aumenta a experiência como membro da organização, piora a imagem que dela tem.
Cada novo membro irá testar, após a sua admissão, a acuidade do conjunto de
percepções, mais ou menos estruturadas, que estabeleceu à priori sobre a organização e
sobre a sua função.
Young e Lundberg (1996) falam do "choque da socialização" 7 em resultado
dos contrastes e surpresas com que o recém-admitido é confrontado. Os contrastes
referem-se às discrepâncias encontradas em determinadas informações sobre a
organização e a sua experiência posterior. As surpresas dizem respeito às diferenças entre
as suas expectativas face à organização e as suas vivências reais no seio dessa
organização. Estas discrepâncias colocarão o indivíduo numa posição defensiva face à
organização, levando-o a pesquisar mais informações no sentido de identificar outras
possíveis incongruências e encontrar explicações para a realidade. Estes autores
defendem que entrevistas de selecção realistas ajudam a eliminar ou reduzir as surpresas,
grandes responsáveis pelo turnover dos recém-
-admitidos. Dessler (1994, p.235) refere, a título exemplificativo, o caso de uma empresa
americana que promoveu um conjunto de seminários visando reduzir a ansiedade dos
novos empregados. Os resultados atingidos foram positivos, na medida em que os
empregados que participaram nesses seminários desenvolveram, posteriormente, melhores
performances.
As expectativas individuais face à organização (e vice-versa) são muito diversas. Por
exemplo: se a organização investiu muito num determinado recrutamento, as suas
expectativas serão mais elevadas relativamente ao seleccionado. Este, por sua vez, ao
sentir-se muito desejado, desenvolverá igualmente grandes expectativas. Se os feedbacks
não corresponderem às expectativas, advirá o desapontamento. Outras situações poderão
ocorrer, nomeadamente, serem os próprios indivíduos a desenvolverem esforços no sentido
do seu auto-recrutamento porque têm informações sobre a organização que a torna
apelativa. Neste caso, o indivíduo preocupar-se-á, sobretudo, com o ser capaz de estar à
altura das expectativas que ele criou sobre o seu desempenho na organização. Em qualquer
situação importa ter em consideração que a interacção dinâmica entre as diferentes
expectativas em jogo influenciará o comportamento profissional esperado.
Os responsáveis pela condução do processo de recrutamento e selecção deverão avaliar,
no decurso desse processo, as percepções e preconceitos do novo membro sobre a
organização, no sentido de eliminarem eventuais distorções face à realidade. Uma antevisão
realista da organização, e do papel individual esperado, poderá evitar falsas expectativas,
reduzindo custos indesejáveis numa fase posterior após a integração do indivíduo na
organização, como sejam o turnover, a insatisfação, a desmotivação e movimentos de
carreira disfuncionais.
No sentido de dar uma informação mais realista aos candidatos, as organizações
poderão fornecer, aos responsáveis pelo recrutamento e selecção, brochuras onde, para além
dos aspectos positivos da organização e do cargo, sejam também referidos os aspectos
7
O termo "reality shock", referido aqui por Young e Lundberg, tem sido utilizado por autores como
Greenberg, Schein, Wanous, Dessler, entre outros.
6
Greenberg e Baron (1987), utilizando a nomenclatura de Feldman (1980) , designam estas fases por: "Setting
in",
"Breaking in" e Settling in".
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menos apelativos ou menos interessantes. Estudos experimentais, levados a cabo por Weitz
(1956) 8 e Macedonia (1969) 9, permitiram concluir sobre a eficácia deste tipo de
brochura na redução do turnover inicial em diferentes tipos de organizações.
A realização de estágios profissionais, curriculares ou não, constitui uma excelente
oportunidade, sobretudo para os jovens inexperientes, de aprendizagem técnica e social
através do contacto com a realidade organizacional. Quando estes estágios precedem a
admissão, contribuem para que o indivíduo forme uma visão mais realista da organização e
do cargo que futuramente irá ocupar. Assim, deverá ser dada particular relevância aos
aspectos sócio-afectivos, em complemento dos aspectos técnicos da função, pois este
período constituirá uma verdadeira fase de socialização.
Na medida em que qualquer indivíduo, quando entra numa organização, não é uma
tábua rasa, mas, pelo contrário traz consigo um conjunto de valores, motivações e
expectativas, o processo de socialização não pode "criar" um novo indivíduo mas, antes,
modificá-lo nalguns aspectos.
2. 2. Encontro
8
Citado por Porter et al. (1987, p. 175).
9
Citado por Porter et al. (1987, p. 176).
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TÁCTICAS DESCRIÇÃO
Todas as tácticas atrás descritas têm como objectivo conduzir o novo membro à adopção
dos modos de conduta desejados pela organização.
No entanto, os autores referem que existem factores que interferem com o processo de
socialização e que não estão sempre sob o controlo da organização, nomeadamente, o nível
de motivação inicial e o nível de estímulos e punições que a organização pode usar para
manter o indivíduo ligado a ela. Para que o processo de socialização tenha êxito é
necessário ter em conta as diferenças individuais relativamente a esses factores.
No final da fase de encontro, que normalmente coincide com o fim do período
experimental, o qual poderá ou não coincidir com o final do período de formação inicial, o
indivíduo será avaliado pelos resultados atingidos. Também ele avaliará a organização pela
forma como esta conduziu todo o processo. Se o resultado desta avaliação não for positivo,
qualquer uma das partes poderá rescindir o contrato de trabalho e, neste caso, a relação não
evoluirá para a fase seguinte
2. 2. 1. Programas de acolhimento
A admissão numa nova organização representa, para o indivíduo, um período de
aprendizagem de novas tarefas associadas a uma nova função e a um novo papel social, o
que acarreta ansiedade ao novo membro.
Em particular, o primeiro dia na organização, tem-se revelado, segundo Young e
Lundberg (1996), como o mais crítico e aquele em que o recém-admitido atinge o seu ponto
máximo de ansiedade.
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Estudos realizados sobre este tema têm revelado os efeitos benéficos, para os
indivíduos e as organizações, de um bom programa de acolhimento inicial.
Young e Lundberg (1996), embora comungando da mesma opinião acerca desses
programas, alertam para o facto de, pelo menos no primeiro dia de trabalho, a organização
dever dar mais ênfase ao que é importante para os novos membros e não para a organização;
ou seja, mais do que dar muitas informações sobre a organização, esta deve preocupar-se em
fazer com que o novo elemento se sinta bem recebido e apoiado do ponto de vista emocional.
No Quadro 4 apresentamos um exemplo do que poderá ser um cronograma de um programa
de acolhimento inicial. Trata-se de um programa de um dia (o primeiro na organização) e, como
tal, será suficiente para que o indivíduo se sinta integrado. Ele deverá ser seguido de um
programa de formação em sala e/ou no posto de trabalho, e de um acompanhamento próximo,
por parte do superior hierárquico ou de um tutor designado para o efeito.
13H00 Almoço
Para além da visita ao futuro local de trabalho, deverá ser efectuada uma visita aos
restantes departamentos a fim de o novo colaborador tenha uma visão global da organi-
zação, conheça e seja conhecido pelos membros desses departamentos e, assim, se estimule,
desde o início, a comunicação interdepartamental.
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Repercussões possíveis
Erros
no Recém-admitido
Esquecer o recém-admitido logo após a Sentimentos de abandono e desprotecção
admissão e o acolhimento inicial
Uma mensagem rápida de boas-vindas pelo Percepção de desinteresse pela sua pessoa e
Director de Recursos Humanos (D.R.H.) e sentimento de não-pertença à organização
enviá-lo de imediato para o seu superior
hierárquico
Um acolhimento rápido pelo D.R.H. e Sentimento de não-pertença à organização
envio imediato para o seu posto de trabalho
Atribuição de tarefas iniciais demasiado Auto-estima profissional ferida
simples
Atribuição de tarefas iniciais demasiado Gera uma ansiedade excessiva que poderá
complexas inibir a aprendizagem
Fornecer logo nos primeiros dias de traba- Grande ansiedade por não conseguir
lho grande quantidade de informações assimilar todas as informações
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2. 2. 2. O Manual de Acolhimento
O quadro acima não visa ser exaustivo no que respeita ao conteúdo de informação
incluída num Manual de Acolhimento. Ela difere, de umas organizações para as outras,
dependendo muito do sector de actividade em que se encontram inseridas. Neste sentido
alguns dos tópicos acima referidos poderão não ser muito adequados, ou haver outros mais
pertinentes. Trata-se, aqui, tão somente, de apresentar um modelo que sirva de orientação,
ou base de partida, para a elaboração de um Manual de Acolhimento.
2. 2. 3. Cursos de Acolhimento
Um curso inicial de acolhimento traduz-se, regra geral, em acções de formação inicial, que
podem ter a duração de apenas alguns dias até várias semanas, e que visam:
• Dar a conhecer a organização e o negócio
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Benefícios Riscos
Psico-Sociais: Psicológicos:
Suporte afectivo e social facilitadores Dependência excessiva, face ao tutor,
da sua integração na cultura da atrasando o desenvolvimento da sua
organização. autonomia.
Funcionais: Funcionais:
Obter informações, sobre a organização O tutor pode sobrecarregar o protégé
Para o e o seu papel, de forma mais rápida; com trabalhos que seriam da sua
própria competência.
protégé Apoio técnico personalizado;
Para a carreira:
Ter um interlocutor experiente com O sucesso do protégé se basear no do
quem pode esclarecer dúvidas. seu tutor e, em caso de fracasso deste,
reflectir-se na carreira do primeiro;
Para a carreira:
Usar a influência pessoal do tutor para Os conselhos do tutor poderem não ser
seu benefício pessoal, nomeadamente os melhores.
na progressão na carreira.
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Benefícios Riscos
Psicológicos: Funcionais:
Gratificação por ser útil e solicitado; Sobrecarga de trabalho para o tutor
caso tenha que continuar a desempe-
nhar as suas funções habituais.
Funcionais:
Espera que o protégé cumpra as suas
funções e seja um empregado muito
produtivo.
10
Na pesquisa empírica levada a cabo por Chao e colab. (1992) o sucesso profissional dos protégés foi medido
por três variáveis, a saber: a satisfação no trabalho, o salário e a socialização organizacional.
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FASES CARACTERIZAÇÃO
A duração de cada uma destas fases é muito variável, dependendo do contexto em que se
desenvolvem. No meio académico, uma relação orientador-orientando pode durar vários
anos. Numa empresa industrial, os objectivos da tutoria e o grau de complexidade da
função do protégé são muito diferentes, sendo a tutoria um processo muito mais rápido.
Neste meio utiliza-se, com maior frequência, a tutoria para cargos de elevada complexidade
técnica, geralmente em funções de chefia ou de grande responsabilidade.
Tratando-se, sobretudo, de relações mais duradouras, é fundamental que exista empatia
entre tutor e protégé. Esta será mais fácil se entre eles não existirem grandes diferenças. É
neste sentido que Greenberg e Baron (1995) nos alertam para que, na escolha de um tutor,
se tenha em consideração outras variáveis pessoais — aqui ainda não referidas —
nomeadamente, o sexo e a raça. Segundo estes autores, as probabilidades de se obter uma
relação de tutoria mais bem sucedida aumentam quando tutor e protégé pertencem ao
mesmo sexo e raça. No entanto, é possível que o êxito da relação dependa mais da
percepção que cada um tem do outro, em função dos seus valores e estereótipos, do que das
diferenças propriamente ditas.
Apesar das reconhecidas vantagens para as organizações, do estabelecimento deste tipo
de relações, deverá conduzir-se uma análise de custos e benefícios tendo em consideração
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os dispendios de tempo, recursos humanos e dinheiro, antes de decidir por esta forma de
acolhimento e integração dos novos membros na organização.
2. 3. Mudança e aquisição
Espera-se que, quando o indivíduo chega a esta fase da sua integração na organização,
tenha modificado algumas das suas atitudes de acordo com os objectivos da organização.
Será, agora, o momento de aprender e desenvolver novas ideias e comportamentos. Caplow
(1964) 11 refere quatro requisitos desta fase: uma nova auto-imagem; novos relaciona-
mentos; novos valores e novas formas de comportamento (ver quadro 10 - Requisitos da
Fase de Aquisição e Mudança).
REQUISITOS CARACTERÍSTICAS
11
Citado por Porter e colaboradores (1987, p. 165 — 168).
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o tutor) e pela hierarquia. Estes avaliam o desempenho ao longo das várias fases do
processo e chegam a uma classificação qualitativa e/ou quantitativa. É frequente pedir-se
aos novos membros que elaborem um relatório final, o qual poderá também contribuir para
o processo de avaliação.
Outra forma de avaliar a eficácia dos programas de acolhimento é através de testes
aplicados aos recém-admitidos após finalizarem o programa. Na escolha dos testes a aplicar
deverá ter-se em consideração a sua fiabilidade e validade, tendo em conta os objectivos do
acolhimento.
A fim de melhor avaliar a relação custos/benefícios dos programas de acolhimento,
algumas organizações têm procurado obter o feedback dos recém-admitidos quanto às
sessões de acolhimento de que foram alvo, através de questionários de avaliação elaborados
para o efeito. Deste modo poderão obter críticas e sugestões que lhes permitirão melhorar o
seu programa de acolhimento.
Young e Lundberg (1996) levaram a cabo um interessante estudo que constituiu,
precisamente, no envio de um questionário a jovens de uma universidade que tinham
acabado os seus cursos nos dois últimos anos e se encontravam a trabalhar em várias
organizações. Esse questionário visava avaliar, passado algum tempo sobre o período de
acolhimento nas respectivas organizações, quais as percepções que os inquiridos tinham das
experiências por que tinham passado nessa fase inicial de acolhimento. Embora o objectivo
do estudo fosse testar empiricamente hipóteses teóricas, a utilização de questionários de
avaliação deste tipo pode ter aplicações práticas relevantes para a reformulação dos
programas de acolhimento dos novos membros nas organizações.
Em conclusão, os diversos estudos efectuados apontam para a necessidade de as
organizações reflectirem sobre o acolhimento e integração dos seus novos membros. No
entanto, não queremos deixar de salientar a importância de se encarar esse processo como
contínuo na vida desses elementos, na medida em que cada situação profissional individual,
tal como a organização, evolui, donde a pertinência de sucessivas aprendizagens e
ajustamentos mútuos. Citando Caplow (1964, p. 169): "os comportamentos adequados para
um cargo não se adquirem de uma vez para sempre, quando assumem esse cargo, mas são
aprendidos e reaprendidos ao longo de uma carreira".