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Palavras-chave: Sistema de Equações Diferenciais; Interdisciplinaridade; Modelagem
Matemática.
1. INTRODUÇÃO
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para a Matemática, um significado para os conceitos trabalhados e uma metodologia de
ensino que explica o realizado.
Os professores envolvidos no projeto discutem suas ideias, tendo como basilar a
ideia da rede: os conceitos, significados e relações que se enredam e se articulam,
complementam as metodologias utilizadas por eles em suas aulas, nas diferentes
disciplinas que ministram.
Esse relato apresenta uma das experiências que vimos realizando, enquanto grupo,
contado com a participação dos alunos, colaborativamente com os professores das
disciplinas e do PAI, em discussões e produções, em rede.
Especificamente, no trabalho realizado, essa analogia da rede se personifica
quando, ao se falar da segunda lei de Newton, reporta-se a um modelo matemático que
necessita de uma equação diferencial de segunda ordem para ser exemplificado e, também,
quando se recorre à lei de Hooke para se modelar o impacto da vibração do terremoto em
um dado andar.
O terremoto é um movimento brusco e repentino do terreno resultante de um
falhamento nas placas tectônicas, onde a ruptura da rocha é o mecanismo pelo qual o
terremoto é produzido. Grandes consequências podem ocorrer em regiões urbanizadas com
construções que não têm uma estrutura adequada para resistir aos efeitos de um terremoto.
(TEIXEIRA; TOLEDO; FAIRCHILD; TAIOLI, 2008)
Os efeitos causados num prédio podem ser descritos, utilizando a Matemática,
através da teoria das equações diferenciais e a Física, com base na lei de Hooke, que
envolve os conceitos de elasticidade e amortecimento, e na segunda lei de Newton, que
traz o conceito de aceleração e, consequentemente, o conceito de derivada.
O trabalho consistiu em apresentar um modelo matemático baseado em princípio
da Física capaz de descrever, com simplicidade, o efeito da propagação de um terremoto
sob os andares de um prédio.
2. O TERREMOTO E AS CONSTRUÇÕES
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se e seus principais efeitos.
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Quando o movimento abaixo de um edifício é forte o suficiente, ele rege o
movimento do edifício, começando pela fundação e se propagando ao longo de todo o
edifício de modo complexo. O movimento do edifício, por sua vez, induz outras forças que
podem provocar danos à estrutura das edificações.
A complexidade dos movimentos do solo se deve a três fatores: as ondas sísmicas
geradas no foco são de naturezas diferentes; ao se propagarem sob a superfície, as ondas
são modificadas pelos meios em que passam e uma vez que as ondas chegam a uma
edificação, os movimentos estarão sujeitos às características do terreno abaixo da
edificação. (THOMPSON; TURK, 1997)
Os danos que um edifício pode sofrer num terremoto não dependem nem do
deslocamento nem da velocidade, mas da aceleração a que o chão está sujeito. Alguns
edifícios, em países onde os terremotos acontecem com certa frequência, são equipados
com acelerômetros para se conhecer melhor a sua resposta aos terremotos. Além de
fornecer informações importantes sobre os terremotos, os acelerogramas, que já
registraram vibrações naquele local, servem de base para futuros cálculos estruturais.
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A importância da aceleração pode ser explicada pela segunda lei de Newton, onde
a força exercida no edifício seria igual a sua massa vezes a uma certa aceleração, e quanto
maior a força maiores os danos.
Outros fatores que influenciam a resistência das construções são a rigidez, que é a
capacidade de resistência ao rompimento de um material, a ductibilidade, que é a
capacidade de reformar-se sem romper, e a capacidade de amortecimento.
(TERREMOTOS, 2008)
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Por sua característica de aplicação, o ensino baseado na Modelagem proporciona
uma aprendizagem contextualizada, que procura ligar o real à necessidade de
experimentação matemática. Tal aprendizagem permite a conexão entre várias ferramentas
e conteúdos matemáticos, fazendo com que eles tenham sentido para o aluno.
O trabalho interdisciplinar é favorecido pela Modelagem, como coloca Burak
(2007), entre os vários campos da própria matemática (Números, Álgebra, Geometria,
Grandezas e Medidas e o Tratamento da Informação) e com outras áreas do conhecimento.
Possibilita transitar em várias áreas, com profissionais diferentes e com isso ampliar as
formas e modos de conhecer.
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onde k é uma constante de elasticidade e x é a posição do andar. (NUSSENZVEIG, 2000)
Para uma constante de elasticidade ki entre o i-ésimo e o (i+1)-ésimo andar, a
força restauradora entre os dois andares, resulta em:
F = − ki ( xi +1 − xi ) , (4),
onde xi da fórmula (4) é número do andar, conforme ilustrado na Figura 1.
Ki*(xi+1 - xi)
m1
Ki-1*(xi – xi-1)
A equação (6) permite que seja realizada uma análise da estabilidade do edifício
durante o terremoto, através do estudo dos autovalores e autovetores associados a este
sistema linear (ZILL, 2003).
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mn kn-1
mn-1 kn-2
. .
. .
. .
m2 k1
m1 k0
chão
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve por finalidade mostrar que a partir de discussões realizadas em
grupos interdisciplinares, pode-se utilizar metodologias diferenciadas para tratar de
conceitos científicos das diferentes áreas, colaborativamente, e tendo a rede como base
para articular tais conhecimentos. Como objeto específico de pesquisa, foi possível
observar que conceitos matemáticos podem ser aplicados juntamente com conceitos de
física, para entender situações reais dentro do Curso de Engenharia de Produção Civil ou
em qualquer outro contexto, manifestando-se, assim, a interdisciplinaridade e o
pensamento em rede.
Como algumas situações não são tão frequentes, acabam não sendo abordadas.
Assim, o objetivo foi mostrar que as equações matemáticas aplicadas em situações como a
abordada podem propiciar um melhor entendimento dos conceitos estudados em sala de
aula.
Por outro lado, a organização e o tratamento de conteúdos em rede, continuamente
lembram de que os nós/significados são naturalmente heterogêneos, no sentido de que
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envolvem relações pertencentes a múltiplos conteúdos, a diversas disciplinas. As noções,
os conceitos realmente relevantes sempre terminam por ultrapassar as fronteiras
disciplinares.
5. REFERÊNCIAS
PONTE, J. P. Investigar, ensinar e aprender. In: Actas do ProfMat. Lisboa: AP, 2003.
p. 25-39. 1 CD-ROM.
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ZILL, D. G. Equações Diferenciais Com Aplicações Em Modelagem. São Paulo:
Editora Thomson Pioneira, 2003.
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