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Aposentadoria por idade (urbana)

Agora é uma espécie das chamadas aposentadorias


programadas. Como já igualmente suscitado, o INSS entende que
nada foi afetado quanto ao requisito carência, a despeito de não
haver tal menção no texto da EC n. 103/2019, mas apenas alusão
a tempo de contribuição, que nem sempre se confundem.
Quanto às regras permanentes, ou seja, para os que ingressaram
na Previdência Social após a Emenda Constitucional n. 103/2019,
temos que agora a idade mínima para as mulheres foi elevada para
62 (sessenta e dois) anos. A dos homens continua sendo obtida aos
65 (sessenta) e cinco anos. Porém, para estes exigem-se doravante
240 meses de “tempo de contribuição”.
A partir do corrente ano (2020) a carência exigida das mulheres
sofrerá acréscimo de 6 (seis) meses a cada ano até que se
alcance a idade de 62 anos, o que ocorrerá em 2023
De toda sorte, seja nas regras permanentes ou de transição, o PBC
é o mesmo da aposentadoria por invalidez por nós já estudada, isto
é, 100% (cem por cento) de todos os salários-de-contribuição a
partir de julho de 1994 ou do mês de início dos recolhimentos se
posterior a tal momento.
No que toca à regra de transição, isto é, para os que já estavam
inseridos na Previdência Social em 13.11.2019, a carência continua
a mesma para ambos os sexos, homens ou mulheres, todavia, o
acréscimo advindo do tempo superior ao mínimo exigido somente
passa a ser computado para os homens, na visão do INSS, apenas a
contar do 21º ano, pois se utilizou o tempo mínimo da regra
permanente para fins de tal contagem
É dizer: o percentual de 60% (sessenta por cento) do salário-de-
benefício não variará, somente para os homens, entre os que
contribuíram entre 15 e 20 anos, não fazendo nenhuma diferença
o momento em que começaram a contribuir para o INSS. Isso faz
com que o tempo mínimo exigido de recolhimentos para que se
alcance o percentual de 100% (cem por cento) somente ocorra
após 40 (quarenta) anos de pagamentos.
E aqui identificamos outro potencial ponto de controvérsias: não é,
no mínimo, razoável entender pelo mesmo percentual inicial de
60% (sessenta por cento) do salário-de-benefício quando há
variação de até 5 anos de contribuição.
Esclareça-se: para as mulheres, esse mesmo coeficiente de
100% (cem por cento) é alcançado 5 (cinco) anos antes, aos 35
(trinta e cinco) anos de tempo de contribuição. Isso porque a
“carência” dela permaneceu nos 15 (quinze) anos.
Estudo de caso

Ricardo começou a pagar ao INSS em 01.1999. Embora tenha


ficado algum tempo sem recolher, em dezembro de 2019 ele,
que já tinha pagado 180 recolhimentos até 06.2015, fez 65
(sessenta e cinco) anos de idade. Como seria calculado sua
aposentadoria? Que salários-de-contribuição seriam
considerados? Qual o coeficiente que fará jus?
Caso ele tivesse pagado 18 anos e não 15, isso traria alguma
diferença no valor de sua aposentadoria? Como regra, compensaria
ele continuar contribuindo para obter uma renda mensal mais
vantajosa?
Notas: quanto à aposentadoria por idade rural – agora chamada de
aposentadoria do trabalhador rural - nada foi alterado, assim como
das pessoas com deficiência, excetuando-se, neste último caso, a
previsão, de acordo com o INSS, que o período básico de cálculo
deve contar com 100% (cem por cento) dos salários-de-contribuição e
não apenas 80% (oitenta por cento) dos maiores como era
anteriormente à EC n. 103/2019. O mesmo se diga quanto à
aposentadoria por idade “híbrida”, prevista nos §§3º e 4º do art. 48 da
Lei n. 8.213/91.
A despeito de haver controvérsias sobre a manutenção do cálculo
do salário-de-benefício anterior para o cálculo das aposentadorias
das pessoas com deficiência, retratando-me de entendimento
anterior, concluo que, data maxima venia em respeito aos que
interpretam de forma diversa, não há como ser defendida tal tese,
eis que a Lei Complementar n. 142/2013 faz expressa menção ao
art. 29 da Lei n. 8.213/91 ao tratar sobre tal ponto.
De todo modo, o percentual de 100% (cem por cento) resta
garantido em qualquer aposentadoria por tempo de contribuição às
pessoas com deficiência, assim como o cálculo da aposentadoria
por idade continua com a regra anterior, é dizer, será obtido o
coeficiente somando-se 1% por cada ano de contribuição ao
percentual inicial de 70% (setenta por cento) até o limite de 100%
(cem por cento).
Permanece, porém, a discussão sobre a partir de qual momento
será devida a elevação do percentual na aposentadoria por idade
para os homens: se depois dos 15 ou 20 anos. Isso não foi sequer
tratado, aliás, no Ofício Circular n. 64/2019.
Aposentadoria por tempo de contribuição
Extinta para os que ingressarem na Previdência Social após a
EC n. 103/2019, há algumas regras de transição para os que já
se encontrassem no sistema da Previdência Social.
Como já salientado anteriormente, a regra agora é a aposentadoria
programada por idade aos 65 (sessenta e cinco) anos para os
homens e 62 (sessenta e dois) para as mulheres, com carência já
levantada alhures.
Mas, vamos às regras de transição contemplando tal prestação
previdenciária.
(1) Para os segurados que tivessem faltando menos de 2(dois), ou
menos, anos para completar o tempo mínimo, há uma regra
específica em que se cogita de um “pedágio” de 50% (cinquenta
por cento) sobre o tempo faltante em 13.11.2019 para se alcançar
o então tempo mínimo exigido de tempo de contribuição (35 para
os homens, 30 para as mulheres) e no qual, excepcionalmente,
ainda falaremos em fator previdenciário. Nesse caso, não se fala
em idade mínima como requisito.
(2) Restando um tempo superior aos mencionados dois anos,
existe outra regra na qual igualmente se cogita do “pedágio”. Este
à razão de 100% (cem por cento) sobre o que faltasse, na data da
promulgação da EC n. 103/2019, para alcançar os necessários 35
(trinta e cinco) anos de tempo de contribuição para os homens e
30 (trinta) para as mulheres, sem aplicação do fator
previdenciário. Nesta modalidade, contudo, há limite etário mínimo
de 57(cinquenta e sete) anos para as mulheres e de 60 (sessenta)
para os homens.
Aqui não há “compensação” entre a idade mínima e o que exceder
o tempo mínimo exigido. A idade mínima sempre deverá ser
observada nos parâmetros estabelecidos.
(3) Aposentadoria por tempo de contribuição com a regra dos
pontos.
Primeiramente, registro que, diversamente da regra anterior, aqui
haverá o direito de se abater na idade mínima exigida o período
excedente ao tempo mínimo exigido de 35(trinta e cinco) anos
para os homens e de 30(trinta) para as mulheres.
Ano passado seguia-se a regra dos 86 (oitenta e seis) pontos para
as mulheres e de 96 (noventa e seis) para os homens. A contar
deste ano de 2020, a cada ano se elevará um ponto até se chegar
ao limite de 105(cento e cinco) pontos para os homens e de
100(cem) para as mulheres, o que acontecerá, respectivamente, em
2.028 e 2.033. Em 2020, a pontuação mínima exigida é de
87(oitenta e sete) pontos para as mulheres e 97 (noventa e sete)
para os homens. Aqui também não se cogita de fator previdenciário.
Nota: a idade e o tempo de contribuição serão apurados em dias
para o cálculo do somatório de pontos.
Para os professores, de modo geral, serão reduzidos 5(cinco)
pontos, exigindo-se, de outra banda, o tempo mínimo de 25 (vinte
e cinco) anos de magistério para ambos os sexos.
(4) Aposentadoria por tempo de contribuição com idade
mínima e elevação desta em seis meses por ano até se
chegar aos 62, se mulher, ou 65, se homem
Para esta regra é necessária uma idade mínima, além do tempo
de contribuição. Assim, são reclamados, no mínimo, 30 (trinta)
anos de tempo de contribuição da mulher e 35 (trinta e cinco) do
homem, além de idade mínima de 56 (cinquenta e seis) anos, se
mulher, e 61 (sessenta e um) anos, se homem.
Além disso, a idade mínima sofrerá acréscimos de 6 (seis) meses
a cada ano até alcançar a idade mínima da regra permanente (65
em 2027/62 em 2031), sendo que para este ano de 2020 a idade
mínima é de 56 anos e 6 meses para as mulheres e 61 anos e
seis meses para os homens.
ESTUDO DE CASO

Maria, empregada doméstica, após ter trabalhado por 35 (trinta


e cinco) anos para Fernanda, requereu sua aposentadoria no
dia em que completou a idade de 51 anos, o que ocorreu em
12.11.2019.
Ela nos 05 primeiros anos recebeu apenas um salário mínimo,
tendo posteriormente, após acumular a função de babá, passado
a receber o equivalente a três salários mínimos, o que ocorreu
até os últimos dias trabalhados. O fator previdenciário dela, se
aplicado, seria de 0,552.
Como seria calculada sua aposentadoria por tempo de
contribuição (consideremos o salário mínimo no valor de
R$1.000,00 para fins de ilustração e cálculo)?
E se ela tivesse requerido apenas após o feriado do dia 15 de
novembro, seria diferente?
Aposentadoria especial
Esse benefício, uma espécie de aposentadoria programada,
também foi objeto de algumas modificações, a exemplo do
período básico de cálculo - PBC, que é igual ao das
aposentadorias por idade e por tempo de contribuição, nos
termos por nós estudados anteriormente.
Também não se garante mais o coeficiente de 100% (cem por
cento) indistintamente, como era antes. Dependerá do período de
contribuição pago, sendo acrescidos 2% por cada ano além do
tempo mínimo de exposição a agentes nocivos.
Manteve-se o tempo mínimo exigido de exposição nas três
modalidades (15, 20 ou 25 anos), excluindo-se a possibilidade de
obtenção de tal benefício, por ora, para situações de
periculosidade, mas se estabeleceu, também aqui, idade mínima,
seja na regra permanente, seja na regra de transição. Isto é,
a) 55 (cinquenta e cinco) anos de idade, quando se tratar de atividade
especial de 15 (quinze) anos de efetiva exposição;

b) 58 (cinquenta e oito) anos de idade, quando se tratar de atividade


especial de 20 (vinte) anos de efetiva exposição; ou

c) 60 (sessenta) anos de idade, quando se tratar de atividade especial


de 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição.
De outra banda, aqui também temos regra de transição, uma
apenas, sendo que se poderá aposentar com menor idade ao
tempo em que o total da soma resultante da sua idade e do
tempo de contribuição, observado o tempo mínimo de tempo
especial e a carência de 180 meses, forem, respectivamente,
de:
a) 66 (sessenta e seis) pontos e 15 (quinze) anos de efetiva exposição;
b) 76 (setenta e seis) pontos e 20 (vinte) anos de efetiva exposição; e
c) 86 (oitenta e seis) pontos e 25 (vinte e cinco) anos de efetiva exposição
Uma ressalva, diria, positiva: para alcançar o total de pontos, o excedente
ao mínimo de tempo especial pode ser comum.
Foi, outrossim, vedada a conversão de tempo especial em comum para
períodos trabalhados após a Reforma da Previdência.
ESTUDO DE CASO

Fernando trabalha desde 01.2000 como frentista, exposto ao


agente nocivo benzeno, reconhecidamente cancerígeno.
Assustado com a Reforma da Previdência, hoje, com 45 anos
de idade, busca saber quando conseguirá se aposentar, seja
na modalidade especial, por tempo de contribuição ou por
idade.
Aposentadoria dos professores
Como ficou
Entra no cálculo toda a contribuição, a partir de julho de 1994.

Começa com um coeficiente de 60% e, a cada ano contribuído, é


acrescido 2% a partir de 15 anos (mulher) e 20 anos (homem).

Uma mulher professora com 25 anos de contribuição terá um


coeficiente de 80%.

Um homem professor com 30 anos de contribuição terá 80% de


coeficiente. Acrescenta 2% a cada ano.
Regras de transição
Para aquele professor que ainda não tinha direito à aposentadoria na data da
publicação da reforma.

Tempo de contribuição + idade


Exemplo: É preciso completar um tempo mínimo de contribuição (25 anos) e
cumprir a idade mínima de uma tabela, que começa em 51 anos, para mulheres,
e 56 anos, paras homens.
A tabela vai subindo meio ponto a cada ano até chegar a 57 anos para
mulheres (2031) e 60 anos para homens (em 2027).

Exemplo: mulher com 51 anos e um homem com 55 anos


Eles não precisam chegar aos 57 e 60 anos, respectivamente. Porém, a
cada ano, aumenta seis meses de pedágio.

Em 2020, será necessário ter 51 anos e seis meses de idade, e assim vai
subindo até a idade determinada.
Regra de pontos
Consiste na fórmula 81/91, ou seja, somando a idade e tempo de
contribuição, a mulher precisa atingir 81, e o homem, 91. Claro,
respeitando o tempo mínimo de 25 anos de contribuição.

Também é preciso comprovar tempo de atuação no magistério na


educação infantil e no ensino fundamental e médio.

A regra prevê um aumento de 1 ponto a cada ano, até atingir 92


pontos para mulheres (2030) e 100 pontos para homens (2028).
Pedágio 100
Se a mulher tiver 52 anos, e o homem, 55 anos, é necessário
cumprir 100% do que faltava para se aposentar.

Exemplo: mulher que faltava três anos para se aposentar terá de


trabalhar mais seis anos. O dobro do que faltava.

Para cumprir este pedágio, a mulher precisa ter, pelo menos, 52


anos, e o homem, 55 anos.

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