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DA MESMA Re
Uma Ésco LA
para 0 Povo
mais de 100 000
exemplares vendidos
Depois das propostas inovadoras de Uma
Escola para o Povo e À Escola e a
Compreensão da Realidade, a educadora
argentina conhecida internacionalmente Maria
Teresa Nidelcoff desenvolve agora
metodologias ativas para o ensino das
Ciências Sociais.
Dirigido aos professores de 1º e 2º graus, aqui
ela propõe a introdução de atividades
didáticas como o estudo de História
através da
realidade imediata, da poesia como forma
de
aprendizado, e da procura do
autoconhecimento e da auto-expressão.
Sem q pretensão de eriar modelos, Maria
Teresa Nidelcoff abre espaços à imaginaç
ão e
à criatividade dos professores,
TLIVABRIA
brasiliense
ISBN: 85-11-11032-1
CIÊNCIAS SOCIAIS
NA ESCOLA
Suse 1908
“Des
MARÍA TERESA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS
NA ESCOLA
PARA ALUNOS
DE 12 A 16 ANOS
Tradução
Déborah Jimenez
editora brasiliense
Copyright O by María Teresa Nidelcoff, 1987
Título original: Actividades para el aprendizage de las
Ciencias Sociales. Para alumnos de 12 a 16 afios.
Copyright & da tradução : Editora Brasiliense S.A.
Nenhuma parte desta publicação pode ser gravada,
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sem autorização prévia da editora.
5º reimpressão
Índice
cone neio z - 7
Introdução ....c.ccrresscenee seno desnalo
O que ocorre com os professores? es aa emas
-scus. ==> 16
Uma didática que surja de nós mesmos
(crr)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
À PE TiEIao des BAND. SE na pia 25
35
Uma didática
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Nidelcoff,re
Maria Teresa
Que atividades selecionar? ..........-
: para alunos de 12 a 16 anos
Ciências sociais na escola unhos ........ 47
/ Maria Teresa Nidelcoff ; tradução Déborah Jimenez — Atividades: interpretação de testem
indo da reali-
1. ed, — São Paulo : Brasiliense, 1987.
Atividades: o estudo da História part eseeo e
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ISBN 85-11-11032-1 dade mais imediata ......ccuresese
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—— Atividades: escrevendo “livros” coletivos ........
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Fa a Atividades: a poesia nas aulas de Ciências Soci
e ..-- - 144
Ed Atividades para promover à participação ....
s ... ... .ce eeee 159
Atividades finais para os mais novo
gre tre ree o 168
Atividade: monografias .....ceceeee
haja vista os artigos de imprensa, comentários dos pais e se queixava da forma de ser de uma professora; tendo
estudos que são realizados. Por isso cabe formular-se a sido dito a ele que essa professora geralmente tratava
pergunta que dá nome a este capítulo: O que ocorre, bem seus alunos, ele respondeu: “Claro, nos trata bem
realmente, com os professores? porque é muito fina. Mas quando você está lendo e ela
Refletindo sobre a situação dos que trabalham em diz: “Não é assim...”, você percebe bem 15%que o que ela
meios populares e com adolescentes e pré-adolescentes, está pensando é: “Como você é estúpido...'"”;
Es Err
2) a sociedade e às vezes até mesmo o próprio pro- PAES
constatamos situações que podem esclarecer na procura
de respostas à pergunta formulada: fessor não compreendem a natureza das profundas modi- .. 0 o.
ficações operadas no sistema educacional, que de elitista »=-»o"
1) frequentemente
não conhecemos, ou pelo menos ç pus A
não a fundo, o ambiente em que trabalhamos, sua cul- passou a ser de massas. É comum ouvirmos comentários
- tura, sua linguagem, seus valores, os recursos do meio. de que os alunos antes chegavam ao 2º grau muito me-
t Acorremos a nossas aulas, mas como não convivemos no lhor preparados, sem ponderar que antes chegava a esse
mesmo bairro, somente conhecemos os alunos enquanto nível uma minória escolhida, e que agora uma grande
alunos, e os pais enquanto pais que vêm para entrevistar- massa atinge o 2º grau. Isto é colocado de tal maneira
se conosco. O tempo restante, tratamos com pessoas que que nós, professores, interpretamos que agora ensinamos
falam de forma diferente, que têm outros problemas e pior que antes, quando em verdade o que ocorre é que
outros interesses. antes nos concentrávamos em um pequeno número, e
Como consegiiência disso, muitas vezes sentimos agora estamos dispersos em mais atividades e exigências;
que esse meio nos é estranho e, pior ainda, que não nos além disso, estamos trabalhando com alunos que o velho
agrada. Isto é mais fregiiente quando nossos alunos não sistema descartava. Com essas críticas estamos respon-
são mais meninos, uma vez que estes despertam em nós, dendo pelas consegiências da ampliação das escolas às
mais facilmente, ternura e encanto. Porém, com relação classes populares, ampliação que foi feita sem dotá-las
aos adolescentes, quantas vezes ouvimos, na sala dos pro- dos recursos necessários para enirentar a nova situação.
fessores, críticas a sua linguagem, seus modos grosseiros, Isto é particularmente evidente no ensino médio,
sua maneira de ponderar, chocante para nós; e os acha- onde se vive a desorientação de um sistema que tinha a
mos muito mais autoritários do que gostariamos que fos- missão de formar para a universidade e que agora não se
sem e até mesmo nos decepcionamos com seu machismo sabe bem para onde caminha. O sistema foi ampliado
ou apatia. com o mesmo modelo, considerando que o que era bom
Quanto a seu nível, tendemos a compará-los com para poucos seria bom para muitos. Hoje o fracasso ê
falsos modelos, com os quais nenhuma comparação é vá- grande e as soluções não são tão fáceis, visto que não as
lida do ponto de vista social, cultural e histórico: nossos encontramos. Nós, dos setores progressistas da docência,
filhos, outros jovens de nosso meio, nós mesmos quando temos criticado o sistema atual, porque classifica os alu-
nos em idade precoce fazendo-os escolher em um mo-
tínhamos sua idade.
mento em que não estão suficientemente maduros para
Pior de tudo é que os garotos captam as diferenças e
também não gostam de nós. Sentem a distância e a indi- isso. Defendemos soluções abertas, que não estreitem
ferença. Isto foi claramente expresso por um rapaz que cedo demais os caminhos nem congelem as opções. Con-
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 13
12 MARIA TEREZA NIDELCOFF
tudo, isto, que pressuporia um ciclo comum amplo, é . Efetivamente, nós, professores, enquanto adultos de . EN 1
uma solução cara. À idéia de uma escola comum pata nossa sociedade, participamos do desconcerto da crise de 1”,
'
todos é bela, porém, cara, porque se não se dispõe de valores, e nos pedem ainda que sejamos lúcidos orienta-
dores. Numa sociedade que massifica e vulgariza, nos
funções de apoio e de um pessoal auxiliar que permita
aos alunos menos favorecidos recuperar seus atrasos, pedem que sejamos criativos; que ensinemos a viver em
principalmente a nível de conhecimento instrumental, a liberdade, quando nossa própria liberdade é devorada e
de
escola continuará ajustada aos que já tinham tradicio- esmagada pela servidão e pelas pressões que nascem
e na me-
nalmente acesso a ela, reforçando o fracasso dos setores estruturas que não foram concebidas a serviço
aos quais se pretende abrir. Fazendo um trocadilho, po- dida das necessidades do homem.
demos dizer que muito desorienta aos professores a deso- Por outro lado, enquanto nos dizem para sermos
de
rientação geral. Nós, professores de institutos profissio- criativos e educadores livres, o que realmente esperam
nós, frente a esses milhares de jovens com os quais à So-
“nalizantes ou escolas de bairro, vivemos isto com mais
em-
intensidade, uma vez que trabalhamos diretamente com ciedade não sabe o que fazer, para os quais não há
os alunos que enfrentam tais dificuldades; prego nem recursos para se formarem?... Enquanto nos
dizem belas palavras, às vezes sentimos e entendemos 7
3) deixando de lado essas colocações mais gerais e
voltando o olhar para nós mesmos, tão criticados e auto- que o que realmente esperam de nós é que sejamos uma
criticados, vemos que somos, simplesmente, como os de- creche de adolescentes, uma espécie de polícia mais mei-
quê.
mais homens e mulheres de nossa época, submetidos às ga, que os controle enquanto esperam não se sabe o
a-
mesmas pressões e ao mesmo stress. Porém somos espe- Também esperam que sejamos bons técnicos, prepar
dores de trabalhadores eficientes e módernos. - Neste
cialmente criticados não só pelo fato de que nossa missão
é considerada mais delicada, mas porque estamos mais ponto tomamos consciência de que uma verdadeira edu-
e
expostos, como num cenário, observados por oitenta cação liberadora tem que ser encarada por nossa conta
contra a correnteza. Contudo, para sermos educadores
olhos de um público que não escolheu o espetáculo que
vai ver; em circunstâncias adversas, contra a correnteza da sub-
4) além disso, nosso trabalho põe em evidência uma missão e da apatia, deveríamos ter a força que nasce da
série de contradições da sociedade. Elena Soriano diz em utopia, quando na verdade também nós estamos sendo
o.
seu belo e intenso livro Testimonio materno: “O que é; engolidos pela vida cotidiana e seu duro pragmatism
Por isso, é comum que acabemos optando por ser trans-
então, “bom” para os jovens de hoje e mesmo para os de
amanhã? Não sabemos, não sabemos o que fazer, a deso- missores, mais ou menos capazes, de informação e aban-
rientação e a incerteza é o maior peso que nós, adultos, donemos (por o sentirmos acima de nossas possibili-
carregamos hoje. Pouco ou quase nada está dando certo dades) o título de educadores.
mesma linha de contradições, podemos acres-
com nossos filhos. Por quê? Porque nem eles nem nós Na
centar que é uma profissão que demanda de nós uma
mesmos temos uma filosofia de vida”.!
a uma
grande solidariedade como valor pessoal, em meio
quem puder” . Uma
sociedade individualista do “salve-se
(1) Soriano, Elena, Testimonio materno, Madri, Plaza y Janês Edi-
profissão centralizada na comunicação, de pessoa para
tores, 1985, p. 78.
14 MARÍA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 15
pessoa, numa sociedade que nos isola em pequenos cir- tendemos a reivindicar que nossa atualização seja função
culos de amigos e nos bombardeia com estereótipos que do Estado. Sem abandonar essa posição, creio que de-
em nada favorecem a expressão autêntica do nosso “eu”. vemos ter maior participação a fim de que caminhemos
Como, em contrapartida, não somos capazes de nos para onde realmente queiramos ir, para que nos orga-
organizar nem de nos apoiar entre nós mesmos para nizemos a partir de nossa verdadeira realidade. Esta é a
avançar e criar coisas novas, essa solidão nos leva ao aba- importância de nossas próprias associações e sindicatos,
timento e ao sentimento de impotência; a importância de nos agruparmos e intercambiarmos ex-
5) em nossa profissão, nota-se muito o peso dos periências.
anos... Passamos pelas mesmas etapas e pelos mesmos
avatares que as demais pessoas, mas a passagem do tem-
po e da vida se nota mais em nosso trabalho. Ainda
assim, se fomenta o estereótipo da professora jovem e
meiga com os pequenos ou o professor dinâmico e “pra
frente” do colegial. Outra contradição: é uma profissão
terrivelmente desgastante mas que exige mais disposição
e alegria que qualquer outra.
Frente a isso, constatamos que recebemos muita in-
formação sobre como se supõe que são nossos alunos em
"cada etapa evolutiva e sobre o que devemos fazer ou
* como atuar, mas escassa formação que espelhe a nós
mesmos. Trabalhamos com o mais profundo de nossa
personalidade e deveriamos nos conhecer, saber como
somos, como isso interfere ou fecunda nossa atuação,
como nos desgastamos e como repomos energia, de que
devemos nos cuidar e o que podemos potencializar;
Sm 6) outro aspecto a ser considerado é que poucos
profissionais têm uma linha divisória tão clara entre o
trabalhador de base e a crítica que opina do lado de fora,
- decima e de longe (técnicos, pedagogos de universidade,
“spolíticos). Isso nos torna céticos quanto a suas soluções,
mas também nos leva à frustração de sentir que fazemos
tudo errado e que “não damos uma dentro”.
Vinculado a isto está o assunto de nossa atualização.
Seja por falta de entusiasmo, por nossa insegurança com
respeito ao que somos capazes de fazer e ao que valemos,
ou pela insuficiência de nossos recursos, o caso é que
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 17
comunicação individual quando for possível, não orga- vido em outro trabalho.” Está claro que não será de den-
nizar tudo partindo da relação com o grupo, corrigir seus tro das escolas que sairão as reformas sociais necessárias
trabalhos individualmente, ensiná-los a trabalhar. Quan- para resolver as situações de injustiça. Aqui somente se '
do as autoridades educacionais nos enchem a sala com trata de saber qual é o nosso papel e junto a quem que-
uma multidão de meninos, é porque continuam confun- remos estar. O fato é que o pequeno papel que exercemos
dindo o professor com o conferencista (que, além do nos processos de tomada de consciência dos povos tem
mais, deve cuidar do comportamento de seu “público”); sido bem compreendido pelas ditaduras que vêm to-
3) gostar dos alunos, querer vê-los felizes. Isto é mando o cuidado de suprimir qualquer experiência que
uma utopia? É terrível pensar na resistência que essa fra- possa parecer perigosa;
se despertaria em muitos membros de muitas congre- 5) nossa didática em Ciências Sociais também não 90";
gações. Mas se não somos capazes de gostar deles... o tem por que1 ficar à margem da luta pela paz, pela defesa
que estamos fazendo entre eles? Método algum pode ser do meio ambiente epela justiça social. Creio que não se “|
eficaz quando existe aversão do “professor em relação ao pode pretender ser neutro nesses temas. Às vezes to-
aluno, que acaba sendo necessariamente mútuo. mamos partido por omissão, por exemplo: quando to-
mamos por princípio que as coisas estão como devem es-
Esta carência de afetoé particularmente manifesta
tar e calamos sobre o fato de haver milhares de pessoas
no ensino secundário, uma vez que a relação com os ado-
que não estão conformes com elas e que estão lutando
lescentes exige mais desgaste e é menos gratificante que a
relação com as crianças;
para mudá-las.
Temos que abrir nossa aula para a discussão do
4) ser plenamente conscientes de que vivemosnuma tema sobre a paz: o que é, o que atenta contra ela, como
sociedade com “profundos conflitos de classes, com si- se constrói. Aqui não é válida somente uma colocação
tuações “cotidianas de injustiça social, de impotência espiritualista da paz “na sala de aula”. Isto sô é válido se
frente aos privilégios de alguns. Nós, trabalitadoas do os alunos são também conscientes das causas das guer-
ensino de escolas cujos alunos pertencem precisamente a ras, das injustiças de ordem internacional, da problemá-
esses setores mais desfavorecidos, para os quais não se tica do armamentismo.
estende ainda a tão célebre “igualdade de oportuni- O mesmo ocorre com respeito à preservação do meio
dades”, não somos nem podemos ser neutros, e devemos ambiente. Trata-se de qué aprendam a cuidar do que é
começar por esclarecer para nós mesmos de que lado es- pequeno, seu próprio ambiente, mas que também co-
tamos. Devemos perceber como nossas atitudes, as ati- nheçam as reivindicações dos ecologistas, os grandes pro-
tudes que ajudamos a desenvolver, a forma de organizar blemas de destruição do meio ambiente e suas causas.
nosso trabalho e os conhecimentos que selecionamos Aqui deveríamos ressaltar que não podemos formar uma
ajudam a manter a ignorância, o acatamento e a derrota consciência ecológica se não procurarmos criar condições
ou ajudam a formar indivíduos despertos, informados, para deixá-los à vontade em um ambiente em que pos-
críticos e com a sã rebeldia que pode alimentar a vontade
de mudar as coisas. Não é este o momento para nos de-
(2) Nidelcoff, Maria Tereza, Uma escola para o povo, São Paulo,
termos neste assunto que, a propósito, já foi desenvol- Brasiliense.
CIENCIAS SOCIAIS NA ESCOLA u
20 MARIA TEREZA NIDELCOFF
nsa-
qualguer regime. Isto se ajusta plenamente às respo
sam se desenvolver, se expressar e trabalhar de forma s. E impor-
bilidades de nossa área, as Ciências Sociai
relaxada. Isto nada tem em comum com uma sala de declarações
tante que os alunos conheçam as principais
aula de nível secundário, superlotada, com as paredes
de direitos (humanos, da criança, etc.); que façam suas
nuas, como se não houvesse o que nelas expressar, que os m a inter-
próprias declarações; que vejam e pratique
alunos vivenciam como uma prisão da qual querem es- camen te na im-
relação dever-direito; que procurem criti
capar, com um ritmo de trabalho neurotizante. vida cotidiana
prensa, em seu bairro, em seu colégio, na
» No tocante à justiça, ajudá-los a tomar consciência que na
os casos de não cumprimento desses direitos e
1 do justo e do injusto, na vida cotidiana da escola, mas, o e discu ti-lo ; que se co-
sala de aula possam expressá-l
Ar além disso, não lhes escamotear a discussão dos temas
mece a criar na classe um clima de “direito”;
| importantes: a divisão dos bens e das oportunidades, as o em fo-
| relações internacionais, a política nacional. 8) ter uma constante atitude de inquietaçã
dispostos, quan-
Para formar esse senso de justiça no que se refere ao mentar a criatividade. Às vezes estamos
que os alunos nos fa-
cotidiano, temos que começar por admitir amplamente a do muito, a tolerâ-la, e esperamos
em com faci-
crítica ao nosso trabalho por parte dos alunos, dar-lhes cam propostas criativas, mas estas não surg
is acostu-
explicações sobre nossa maneira de proceder e retificá- lidade, seja porque os alunos estão por dema
seja por-
| las, quando necessário, admitindo ante eles que o esta- mados ao hábito da dependência e da repetição,
numa sala de aula
|| mos fazendo. Procurar uma maneira para que sejam ex- que não imaginam que, na realidade,
armos. É nos-
|| pressas queixas. Por exemplo: dá bom resultado reservar há espaço para quase tudo, se assim o desej
propostas,
|| um canto da sala para que eles exponham publicamente so papel, portanto, dar-lhes pistas, fazer-lhes
am come çar à caminhar.
| suas críticas e que, em assembléias periódicas de classe, abrir-lhes trilhas para que poss
veis de expre ssão.
||| possam discuti-las, analisá-las e solucioná-las na medida Introduzi-los nos diversos meios possí
dário, circuns-
do possível; É lamentável ver, como no ensino secun
oral, deixando de
| || 6) devemos ser sensíveis à problemática da mulher e crever-se tudo à expressão escrita e
ches, a música,
| | | estar atentos para introduzi-la em classe: descobrir a si- lado a cor, a imagem, a mímica, os fanto
| | "1 tuação da mulher nas diferentes épocas que estudamos; etc.
sprezar as
| Por impulsionar o debate sobre a questão; não repetir em Falar em criatividade não implica meno
aquisição de téc-
| “ classe os estereótipos de condutas consideradas “prô- atividades de reforço, indispensáveis à
| || ag prias da mulher”, como arrumar a sala de aula, varrer, r um equilíbrio en-
nicas e procedimentos. Como consegui
||| costurar; ajudá-los a descobrir em seus próprios livros, o desta questão de-
tre criatividade e disciplina? Em torn
| nas revistas que lêem e na publicidade, a imagem da veríamos organizar nosso trabalho;
| mulher que se transmite e se reitera; estimular nas me- suficiente o aspecto lúdico:
a
| ninas a ocupação de espaços a elas vedados e a que não 9) valorizar de forma
alunos descubram e
se deixem subestimar; parece que, em nosso afã de que os
exclusivamente o que
| Jem 7) proponho que outro tema orientador de nossa analisem a realidade, enfatizamos UA
eis, € não
ID Re, “didática seja o dos direitos humanos, com um compro- é sério, os aspectos duros e criticáv
l, o divertido,
wu misso solidário pela defesa da dignidade do homem em suficientemente o prazeroso, O agradáve
2 MARIA TEREZA NIDELCOFF 23
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA
lúdico, como parte dos temas ou parte da relação em mentos desta busca dentro de nossa área. Um exemplo é
classe e dos mil e um incidentes que nela ocorrem
o tema da sexualidade, no qual tão difícil seria separar o
; Neste sentido, deveriamos ter o cuidado de que a psicológico do ético-cultural, quando ela passa a ser um
História das estruturas não seja encarada por nós mes- possível tema para nossa matéria. Por outro lado, me
mos como algo frio e desafeiçoado, sem vida, um prêt-a-
parece imprescindível reivindicar em nosso tempo es-
porter que não é de ninguém. Também devemos nos res-
paços livres para serem preenchidos com interesses dos
guardar do afã de explicar o porquê de tudo, dando-lhes
alunos, espaços para a comunicação e expressão de si
por ansiedade ou falta de tempo as résbostas pronta
s mesmos, lembrando sempre que se trata de pessoas, não
respostas estas que eles aceitam mas que seriam
incar de cérebros; a cd!
pazes de descobrir por si mesmos. Talvez explicando-
11) criar um ambiente sereno e de respeito no qual
LE
a
m
+” viveremos com eles a contradição entre as liberdades in- Uma didática ativa
; gu dividuais e a disciplina que a vida em grupo e a apren-
dizagem mais ou menos ordenada de uma ciência su-
põem lembrando que a ordem é um meio e não um fim
em si mesmo. Ampliaremos o campo daquilo que podem Nos cursos, artigos e livros dedicados a temas peda-
escolher, abriremos a possibilidade de que elaborem suas gógicos e até mesmo em circulares das autoridades do
próprias normas mas também lhes exigiremos responsa- sistema educacional nos falam sempre em métodos ativos
bilidades no cumprimento do que for democraticament como algo generalizado quanto a sua aceitação e utili-
e
estabelecido. zação do termo. Não obstante, não é assim que as coisas
Chegamos então ao tema da responsabilidade, que ocorrem, pois o ensino ativo não é, hoje, a realidade de
deveria ser outra norma orientadora de nossa didática. A nossas escolas. No encalço de uma explicação para esta
verdadeira responsabilidade é exercida quando se pode situação dual remontaremos aos antecedentes do ensino
“7, escolher e discutir as decisões para então acostumar-se a ativo como proposta metodológica, para nos interro-
cumprir suas obrigações, não cedendo sem necessidade. garmos então acerca do porquê de algo tão aceito e apa-
Dadas estas lihhas gerais, trata-se de elaborar uma rentemente simples não ter conseguido ainda tornar-se
didática ativa no duplo sentido do termo: ativa por estar real.
*" baseada no princípio de que os alunos aprendem através
de sua atividade e ativa no sentido de que nasça de nossa
vi-“criatividade, que não nos limitemos a copiar propos Qual é a origem da pedagogia ativa
tas
dos manuais ou outras experiências realizadas. como proposta metodológica?
campo, um treinador esportivo formando uma equipe. alcance e deixai-o resolvê-las. Que nada saiba por-
Se olharmos para trás no tempo, recolheremos o mesmo que o tenhais dito, senão porque o tenha aprendido
dado. Exemplo: os espartanos organizavam uma série de por si mesmo; que não aprenda a ciência, que a in-
experiências pelas quais deveria passar o futuro guer- vente. Se fazeis com que em seu espírito a autori-
reiro, não se limitando a explicar-lhe o que deveria fazer. dade substitua a razão, ele não raciocinará jamais,
As dificuldades se colocam, como vemos, não en- somente será o joguete da opinião dos demais”.
So*?*4
“A atividade espontânea, pessoal e fecunda é a meta mento das demais matérias. Também não parece muito
da escola ativa. Tal ideal não é novo. Foi a aspiração conciliável com as exigências de um sistema educacional
de Montaigne, de Locke, de J.-J. Rousseau, o centro em escala estatal (não numa “escola nova” experimental)
vital do sistema educativo sonhado por Pestalozzi, nem com a disciplina que implica a aquisição do método
Fichte, Froebel. Em síntese: o modelo de perfeição próprio a toda formação científica. Feitas estas ressalvas,
sobre o qual se assentaram todos os pedagogos intui- cabe perguntar se, ainda que descartemos todo o valor
tivos e geniais do passado, os grandes precursores. da palavra “espontânea”, fazemos o possível para re-
Mas examinando a difusão de sua obra e o progresso duzir os limites da coerção.
da ciência, se chega à conclusão de que a força sobre Primeiramente, a atividade foi considerada como
a qual se apoiaram — a intuição — foi também sua um fim em si mesma, mas, com a prática, passou a ser
debilidade. Fizeram conjecturas sobre os problemas uma “condição necessária” para o alcance de seus fins
da infância; mas não os conheceram de maneira educativos. ;
exata, científica. Antes do advento da Psicologia Nos Estados Unidos as correntes educacionais forte-
experimental, o educador não pressentia mais um mente influenciadas pela figura de John Dewey insis-
caminho, hoje já sabe algo, amanhã, muito mais. E tiram muito nesse conceito de “aprendizagem ativa”,
o que aprendemos? Que a criança cresce como uma aprender a atuar atuando.
pequena planta, de acordo com leis que lhe são pró-
prias; e que não possui certamente mais do que assi- “A escola atual... se propõe a dotar a criança de há-
milou por um trabalho pessoal de digestão. O me- bitos práticos e intelectuais dos quais terá necessi-
lhor dos adubos químicos, se espalhado a pinceladas dade mais tarde, numa sociedade em que tudo se
sobre o tronco de uma árvore, não aportaria ne- faz para mantê-la afastada, privando-a durante seus
nhum benefício. Se o córtex não conseguisse romper anos de estudo de todo contato vital com ela. A úni-
esse verniz, o vegetal pereceria. Assim ocorre com ca maneira de prepará-la para uma tarefa social é
frequência na escola tradicional. É necessário que se comprometê-la com a vida social.””
aprenda a colocar o alimento ao pé da planta para
que a chuva o arraste em direção às raízes, para en- Pode-se observar que esta concepção de escola como
tão presenciarmos o trabalho de assimilação, lento “ensaio para a vida” se torna real, nos proponhamos ou
mas efetivo, que fará a árvore produzir as mais belas não a que o seja. Com uma escola passiva, à margem da
flores e as mais lindas frutas” $ realidade social, também os preparamos para a vida; os
habituamos a ser massa, a admitir as coisas para não
a E evidente que esse conceito de atividade “espon- sofrer represália, a não desejar o que está reservado para
tânea” é difícil de ser assumido por um professor que outros, a não pensar por si mesmos e a seguir um diri-
está encerrado numa gama muito limitada de possibili- gente que pensa e “sabe”.
dades: normas, avaliações, tempo escasso, desenvolvi-
(7) Dewey, John, L'école et V'enfant, cit. em Palmero, J., Histoire des
(6) Ferriêre, La escuela activa, Studium, 1971, p. 11. institutions et des doctrines pédagogiques, Paris, Sudel, 1958, p. 422.
30 MARÍA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 31
Essa fase da “escola nova” centrada no desenvolvi- fazendas vizinhas, se informa, pergunta os preços, lê li-
mento das capacidades individuais do sujeito, vros, ouve conversas. Atua, então, conforme suas neces-
num sen-
tido “rousseauniano” de algo que está no interi sidades e possibilidades. Dizem: “Tentemos uma destas
or e que
apenas carece das condições para que se desenvolva, ferramentas. Se tiver êxito avançarei um pouco mais no
du-
rou até a Primeira Guerra Mundial. As perturbaçõ próximo ano”. O pedagogo que queira mudar suas téc-
es da
vida social, assim como a difusão das idéias socialistas, nicas educativas deverá proceder como o agricultor: com
colocaram em evidência a importância de outros fatore prudência e de forma gradual..."* e ele mesmo estabe-
s
que atuavam no desenvolvimento dos indivíduos: os leceu quais os passos gradativos e experimentais que po-
fa-
tores sociais, culturais, históricos e econômicos. A deriam levar a converter uma aula tradicional numa aula
se-
guinte citação resume bem a crítica à escola nova do de escola moderna do método Freinet.
pon-
to de vista marxista: Passaram-se muitos anos desde que foram formu-
ladas essas idéias e desde que se efetivaram as mais fa-
“As idéias de educação livre não são outra coisa que mosas experiências. Não obstante, as coisas nas escolas
uma típica utopia reacionária. Seu ponto de vista não mudaram tão depressa.
é
uma “natureza” de criança ideal e imutável que não Que dificuldades a pedagogia ativa encontrou para
existe senão na imaginação destes pedagogos idea- introduzir-se nas escolas? :
listas e que seria o determinante do caráter e desen- Para encontrar a resposta a esta questão poderiamos
volvimento da criança, ignorando toda a impor- refletir partindo de diferentes pontos: E
tância da história e do meio ambiente”. 1) do ponto de vista da sociedade. Há uma evidente
contradição entre as correntes que pretendem formar um
Nesta etapa é imprescindível mencionar à figura indivíduo protagonista de seus próprios processos e uma
de
Celestin Freinet e seu movimento de escola moderna sociedade onde se tende à massificação, entre a formação
e as
correntes que dele derivaram. Descobriram novas quali- de um participante ativo e a tendência atual de con-
dades necessárias a esta aprendizagem através da ativi- dução, por poucas mãos, da economia e da política do
dade: que ela seja liberadora, isto é, que conduza mundo. Outra contradição é que a pedagogia ativa visa
o in-
divíduo a tomar consciência de sua realidade, analis potencializar o indivíduo criador, e a sociedade o neces-
á-la,
criticá-la e expressá-la. Freinet se preocupou intens sita como consumidor e trabalhador bem treinado. Nos-
a-
mente com que suas experiências não fossem uma avis sa sociedade procura e estimula “os criativos”: aqueles
rara dentro do sistema educacional, nem uma experiên- indivíduos capazes de dar de si mesmos e descobrir novos
cia isolada, criando um movimento de professores e po- rumos para a produção ou para a eficácia das instituições
tencializando todas as formas de intercâmbio. vigentes, mas não suportaria facilmente que todo homem
“O agricultor não modifica subitamente toda a sua pudesse ser um indivíduo criativo e rebelde. ;
técnica de cultivo. Compara seu rendimento com Por outra parte, o Estado continua dedicando re-
o das
cursos insuficientes para a educação das classes popu-
(8) Lunatcharsky er alii, La Internacional Comuni
sta y la escuela,
Barcelona, Icaria, 1978, p. 186. (9) Freinet, C., L 'école moderne française.
32 MARÍA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 33
lares; assim, enquanto os colégios particulares de elite criança, seus interesses, seu prazer. Porém não está claro
reduzem ao máximo o número de alunos por classe, nos o que ocorre com o adolescente, no qual se apresentam
bairros de periferia as classes continuam superlotadas. algumas diferenças evidentes com respeito ao ensino pri-
Aqui devemos recordar duas condições básicas para pas- mário: o adolescente estabelece uma relação afetiva com
| sar a uma pedagogia ativa: reduzir o número de alunos
|
o professor diferente da criança, precisa desapegar-se,
por sala de aula e reduzir o conteúdo dos programas, já confia menos, precisa se confrontar com o adulto para
/ que dissertar sobre um processo ou fenômeno não é a ser-ele-mesmo. É, portanto, mais difícil sintonizar com
| mesma coisa que tentar que eles o descubram ou ana- ele e motivá-lo a partir do professor e da escola. Esse
| lisem por si mesmos. Neste caso se empregará mais tem- desapego também se dá com relação aos conhecimentos
* po mas haverá verdadeiro aprendizado; que os ministérios decidem que os alunos de nível secun-
2) do ponto de vista dos professores. As rotinas do dário devem adquirir na escola. Seus novos corpos re-
sistema educacional de que somos um produto especial clamam urgentemente outros interesses muito vivos, a
pesam muito: muitos de nós não têm experiências de tra- sociedade os bombardeia, nem sempre para seu bem,
balho fora dele, concluímos o ciclo de formação como com inúmeras solicitações. A aprendizagem escolar fica,
estudantes e voltamos a nos inserir no sistema como do- assim, facilmente fora de competição, principalmente
centes. Pesa muito, então, nossa própria formação, e para os moços mais rebeldes e abertos à vida. A nível de
tendemos facilmente a aplicar o modelo que temos tão ensino secundário, se faz mais evidente a necessidade de
interiorizado desde nossa infância. uma preparação séria e específica para um futuro que se
Pela nossa própria formação na escola tradicional, coloca muito imediato: a universidade, o mercado de
nos sentimos inseguros ao abrir novos caminhos e ao trabalho. Então, logicamente cresce a resistência dos
projetar novas experiências, e tendemos a nos agarrar no alunos, seus pais e professores contra arriscar-se em mu-
que outros fizeram, Por isso a escola ativa está danças e novos caminhos, e se prefere ir pelas desbara-
entrando, tadas vias conhecidas, circunstancialmente seguras, pois
timidamente, no compasso das editoras: estas elaboram
textos “ativos” e os professores os aplicam. D novo sempre necessita de certa rodagem para ser eficaz;
Por outro 4) do ponto de vista dos criadores de novas cor-
lado, deveríamos ser nós mesmos protagonistas ativos da
mudança nas escolas para que pudéssemos rentes. Eles elaboram um sistema sobre uma série de su-
dar aos alu-
nos a possibilidade de sê-lo também. posições, mas poucas vezes se esforçaram em conectar
esse novo sistema com a realidade da escola pública
Assusta, da mesma forma, ao professorado, a mul- tomo instituição e para ver através de que passos a expe-
tiplicidade de experiências críticas, umas em oposição a fiência seria parcial e gradualmente aplicável a esta. Va-
- Outras. Ficamos, assim, esperando a experiência, aquela lem para tanto dois exemplos: so
definitiva. na qual possamos confiar. Mas esta não exis- * como organizar escolas com experiências novas,
te: é caminhando que se abre caminho na multiplicidade que supõem professores comprometidos com elas e inte-
enriquecedora de respostas; grados em equipes estáveis, e conciliar isto com um sis-
3) do ponto de vista dos professores de ensino mé- tema escolar de promoções, ao qual como trabalhadores
dio. A maior parte das experiências está centrada na temos direito?
MARIA TEREZA NIDELCOFF
s;
método “explicação-exame” desenvolve uma atitude pas- saber utilizar os diferentes índices dos livro
siva e repetitiva e o hábito de conceber a aprendizagem ler com atenção;
como sinônimo de ouvir uma explicação. Os alunos for- extrair as principais idéias de um texto;
,
mados desta maneira rechaçam, frequentemente, os mé- elaborar diferentes tipos de resumos e esquemas
s, gráfi cos
todos diferentes que outro professor pretenda introduzir * concentrar-se na interpretação de mapa
Ea nt
e preferem o mecanismo habitual, que é o único que co- E estatísticas;
ão míni ma básic a, que
nhecem. e memorizar uma informaç
será o alicerce de uma informação poste rior;
clara e or-
* seguir certas normas que tornem mais
Que atividades são válidas denada sua expressão oral e escrita;
de tra-
na aprendizagem das Ciências Sociais? d) que permitam desenvolver a capacidade
balhar cooperativamente, com o conjunto da classe e em
1) A princípio, as atividades são um caminho para aos
upos;
exig ências,
alcançar uma meta, portanto serão válidas na medida
E E que estabeleçam níveis adequados de
em que sejam aptas para produzir os hábitos e atitudes r abaixo das possi-
Já que é igualmente negativo trabalha
que queremos que nossos alunos adotem e para que assi- sá-las;
bilidades dos alunos, tanto quanto ultrapas
l de tra-
) que permitam manter um ritmo agradáve
milem a informação selecionada para eles.
Se quisermos, então, formar pessoas livres, equili- ando ser um fator
balho, nem opressivo nem forçado, evit
bradas, autônomas e responsáveis por seus deveres de de métodos
neurotizante. Isto, como já vimos ao falar
solidariedade para com o povo a que pertencem, as ati- :
ativos, repercute na seleção de conteúdos.
2) Em. nossa área são básicas as atividades que le-
vidades devem ter certas qualidades, a saber:
a) que favoreçam o trabalho independente, o que a, em parte, as il
vam.asaber informar-se. Isto se ajust
não significa mandá-los sozinhos ao encontro de dificul- cas de estu o.
dades, mas sim dar-lhes métodos de trabalho que lhes tas de estudo dirigido ou aquisição de técni
aspecto impor-
permitam avançar cada vez mais autonomamente em suas Mas vai além disso: é a formação de um
rmar-se”, que pres-
tarefas; tantíssimo no cidadão, o “saber info
supõe:
b) que fomentem a expressão, e também a mani-
festação da dúvida ou da crítica; saber procurar a informação;
c) que levem os alunos a adquirir uma disciplina saber compará-la;
pessoal de trabalho. Por mais que respeitemos sua liber- analisar sua tendenciosidade;
das fontes de
dade, é imprescindível recuperar o termo “disciplina de compreender o valor e a incidência
o a
trabalho”, dando-lhe em nossas matérias as seguintes informação;
e visual em
condições: o esforço, as repetições e as exigências neces- e interpretar mapas e material gráfico
sárias para adquirir certos hábitos úteis, tais como: geral;
º saber organizar seu tempo e seus materiais de es- e analisar a propaganda;
tudo; e interpretar estatísticas;
38 MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 39
* saber escutar (uma conversa, informe de rádio, | E o que ocorrerá com a tradicional explicação do
um discurso, etc.): — professor, será necessário descartá-la? Sim, ue
* saber ver e ouvir um noticiário de televisão; Eai
método habitual ou exclusivo, Não como Fequrano
* interpretar uma foto ou uma segiiência de filme. uma atividade a mais com um objetivo específico: a
Isto é adquirido como parte de nossas matérias, mas que os alunos aprendam a ouvir uma exposição oral,
tem um valor muito amplo na formação da consciência a tomar notas, para de uma
para que aprendam
crítica do cidadão. visão global de uma unidade que se inicia, para O sig
3) Dentro da área de Ciências Sociais existem ativi- uma informação de difícil acesso para os alunos. onse-
dades específicas, por reproduzirem o método de tra- ilentemente, supõe uma preparação pelo professor, não
balho destas ciências, o trabalho do historiador e do geó- somente da informação que a exposição contém, mas
grafo, tais como: também da forma de organizá-la e compô-la e dos apoios
º a interpretação de testemunhos históricos de di- visuais que a complementam.
ferentes tipos;
* o estudo do meio, parcial ou integral;
* a cartografia; Atividades comuns e atividades especiais
* a atitude de tomar como base para a formação de
idéias e opiniões a análise de fatos e situações concretos; Organizando o trabalho escolar a partir de um mé-
* a capacidade de observar a realidade social e fí- todo ativo, distingo dois tipos de atividades ao programar
sica que nos rodeia. uma unidade. Umas são cotidianas, de curto alcance, e
4) Como também se inclui dentro de nossa área a constituem o corpo habitual das unidades de tal maneira -
contribuiçãoà formação do cidadão, serão importantes que, em função da repetição de cada uma delas ou de um.
todas as atividades q e fomentem a participação: grupo de atividad es tipo, o es
do mesmo o.
* participação nas tomadas de decisões da classe; domínio desse estilo de trabalho e aprenda a apren es
* participação na organização do trabalho, dentro nossas matérias: roteiros de estudo, resumos, ara e
do possível; mapas, interpretação de testemunhos, análise de tex os,
* participação em debates, discussões, mesas-re- trabalho com estatística, trabalho em escala, “eleção
dondas, etc; vom a atualidade. Porém também é necessário incluir
* conhecimento das técnicas de grupo que podem putras atividades de maior alcance que sejam como um
ser usadas em cada caso, para dinamizar a participação lempero da rotina, mais motivadoras e voltadas para
de seus companheiros. uma realização prática, como, por exemplo, peaenço
À participação criará contradições com nossa auto- projetos que se incluam no desenvolvimento normal, a
ridade, contradições que deveremos assumir, pois nosso rém ativo, das unidades. Seus objetivos devem estar rela-
papel é o de autoridade — democrática, mas autoridade. clonados com a unidade e podem motivar o estudo desta,
Não deveremos eludir nosso papel de adultos, mas sim
rever temas estudados ou reforçar certas aprendizagens.
nos dispor a cumpri-lo em suas contradições: autoridade- Entretanto, sua finalidade mais importante se expressa
participação e ordem-liberdade, fa mencionada frase de ser ele “'tempero e sabor”, um
40 MARIA TEREZA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 41
pouco de alegria e cor no habitual e repet
itivo. Essas ati- * permitem-nos romper com a monotonia, o tédio e
vidades nos permitem uma solução quando
atuamos so- | pessimismo, respirar um pouco de ar fresco e nos moti-
zinhos ou com algum companheiro, mas
dentro de uma yarmos, condição indispensável para motivar os alunos;
estrutura que se mantém nas vias tradiciona
is. Nestes ca- * permitem-nos ser criadores de nossa didática; ;
sos, torna-se difícil introduzir mudanças
radicais de en- * permitem-nos contar aos nossos companheiros
foque e de metodologia. Encaramos então
pequenos pro- pequenas coisas possíveis, levanta mais o ânimo e dá
jetos possíveis.
O maior inimigo desses pequenos projetos fais esperança que ingerir muitas páginas de irreali-
é o tem- ghveis teorias em nossas atuais condições de trabalho.
Po, que não deixa outra solução que “tirá-lo”
de outros
conteúdos, com a convicção de que é mais valioso
parti-
cipar de uma experiência de construção do próprio
co- Proposta de atividades, segundo Freinet
nhecimento, que engolir mais temas numa
posição recep-
tiva.
Na linha de educação popular, Celestin Freinet é
provavelmente a figura mais valiosa e conhecida. Numa
O valor das pequenas experiências de suas obras ele nos propõe uma relação de atividades
fue, ao serem incorporadas, nos vão permitindo ir pas-
O objetivo deste trabalho é recuperar o valor das dundo, paulatinamente, de uma aula tradicional a uma
pequenas experiências que muitos de nós reali nula de outro tipo, passo que às vezes quisemos dar sem
zamos nas
aulas e que, habitualmente, permanecem oculta anber como.' y
s, conhe-
cidas talvez só por nós mesmos é por isso incom Algumas dessas sugestões de Freinet podem ser in-
pletas,
não avaliadas nem contrastadas com outras opiniõ porporadas pelo professor de Ciências Sociais como ati-
es e
pareceres. Vidades. Exemplos:
Para nós que, ano após ano, vivemos a ilusão 1) passeios no meio ambiente (bairro, cidade, mu-
e o
temor de uma mudança, junto com a desil us, fábricas, etc.);
usão e o desa-
lento, pela reiteração de velhos males, peque 2) caderno de perguntas “para anotar as perguntas
nas expe-
riências, que não pretendem uma mudança total, “dos alunos”, que serão respondidas numa hora determi-
têm
valores, tais como: mada. Essas perguntas poderão ser, também, ponto de
* a multiplicação de criação e pesquisa, ainda partida para investigações de grupos ou pessoais;
que
não estejam coordenadas entre si nem sistematizadas, ; 3) texto livre. É difícil introduzi-lo se formos apenas
irão esfacelando, desde sua base, a estrutura
impessoal fessores de Ciências Sociais, mas podemos introduzir
do ensino tradicional;
Weu método para corrigir trabalhos de alunos; exemplo:
* permitem que nós, professores e alunos, Wnúlise de textos ou redações. Os passos para esse mé-
nos trei-
nemos em outra forma de trabalho, encaminhan
do-nos lodo de correção seriam os seguintes:
para uma pedagogia ativa, que admitimos na teoria
, mas
que geralmente não sabemos como praticar;
(10) Freinet, €., L'école moderne française.
42 MARÍA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 43
No caso das unidades didáticas são úteis as seguin- q a) Atividades de apresentação: são as que intro-
tes etapas: uzem e motivam os alunos para o assunto. É conve-
1) considerando os conteúdos da programação ofi- lente que cada unidade parta da apresentação global do
cial que devemos desenvolver, identificar os grandes problema, abordagem do problema como um todo, apre-
assuntos que constituirão as “unidades”; * gentando-o, fazendo com que os alunos se aproximem
2) formular uma questão principal que centralize os dele, constituindo-o como objetivo da/ das atividades de
apresentação. Têm, além disso, como missão ganhar o
assuntos da unidade. Por exemplo: “qual é a origem da
nossa civilização?”, “por que consideramos a Grécia a “Iiteresse dos alunos. Podem ser uma narração oral, uma
base de nossa civilização?”, “em que se assemelham e loltura, uma conversação, ouvir uma canção adequada
em que diferem as duas superpotências?”... A pergunta,
Ho assunto, diapositivos, uma observação da vida coti-
que pode ser o título da unidade, nos ajuda a precisar a.
diana, etc.
Na apresentação da unidade os alunos também to-
informação que queremos que os alunos adquiram, nos
ajuda também a selecionar os conteúdos, dependendo de: marão nota de seus conteúdos, do tempo que se traba-
= I|hará nela, de quais serão os trabalhos que serão reali-
sua funcionalidade, para resolver o problema no qual
centralizamos a unidade, e ajuda os alunos também a gados, de que materiais de estudo necessitarão; poderão
perceberem o que se espera que conheçam findo o estudo razer idéias ou sugerir atividades e, finalmente, saberão,
da unidade. — nproximadamente, quando serão dados os exercícios de
“avaliação (parciais ou finais) e a data de entrega dos tra-
A resposta à pergunta constitui o objetivo principal | balhos.
de conhecimento da unidade; b) Atividades de desenvolvimento ou de estudo da
3) selecionar os conteúdos adequados à resolução do " unidade: são aquelas escolhidas para abordar o estudo
problema formulado, tendo em conta o tempo que lhe fe cada um dos assuntos da unidade — exposições orais,
podemos dedicar. Contudo, não é realista programar as * patudo dirigido, trabalho em grupos, elaboração de re-
atitudes e as aptidões unidade por unidade. É mais con- sumos, interpretação de testemunhos, vinculação com o
veniente fazê-lo para o curso inteiro. A programação de presente, trabalho em escala, diapositivos, etc. Em cada
aptidões a serem adquiridas ou reforçadas será conside- " jema parcial será feita referência à pergunta central em
rada ao selecionar-se as atividades da unidade. As ati- forno da qual se está fixado.
tudes cuja aquisição ou prática se tenham em vista são c) Atividades finais de reforço: parte-se do enfoque
um ponto a ser considerado ao longo do curso; global da unidade, em seguida se faz o estudo desta,
Te-
4) formulada a pergunta que centraliza a unidade e: lema por tema, e finalmente torna-se necessário
selecionados os conteúdos adequados para respondê-la, tompor novamente a unidade. E o momento de verificar
passamos às atividades com as quais esperamos que os | resposta global ao problema central da unidade em
alunos aprendam, já que partimos do conceito de que o questão. São atividades de reforço que não devem ser
sujeito aprende através de sua própria confundidas com a avaliação final da unidade. Elas po-
ação. As ativi-
dades podem ser de apresentação, de desenvolvimento e dem ser: um comentário oral, um debate, Jogos de per-
finais. guntas e respostas, um mural coletivo, uma redação cole-
46 MARIA TEREZA NIDELCOFF
dúvida mas o canto e o primeiro testemunho oferecia à extensão do Partido Comunista na Espanha, na época
uma possibilidade de diálogo, reflexão e busca de novos la Segunda República, comprovando se é verossímil que
dados: que talheres utilizavam as classes populares cam- E puvesse circulado tal canto.
ponesas para comer na época em que nossos avós eram É
crianças?; a que se refere o canto quando diz “acima al
colher”?; e quando diz “abaixo o garfo”?; em que co- Pestemunhos visuais
midas utilizamos principalmente o garfo?: ea colher?
Hipóteses que podem ser formuladas: 1) Pintura egípcia da XVIII dinastia (reprodução
* “as famílias de classe popular camponesa da épo- Tirada de Luis Suárez Fernández, “Las primeras civiliza-
ca da infância de nossos avós não utilizavam ou utilizavam Plones”, Historia Universal, EUNSA, tomo 1, p. 181).
pouco o garfo”: Idade dos alunos: últimas séries do primário.
* “isto ocorria porque comiam pouca carne”; Atividades
* “quando o canto diz “acima a colher' se refere aos a) A época da pintura pode ser aproximadamente o
que comiam com colher, ou seja, os pobres”: ulo XVI a. €C. Numa linha que represente o tempo,
* “quando diz “abaixo o garfo", se refere aos que ar esse século e o nosso século XX. Calcular o tempo
transcorrido.
podiam comer carne, ou seja, os mais abastados”;
b) Descrever a pintura, observando:
* “nessa época, nos povoados da província de Jaén, * a embarcação, suas características;
havia gente que se declarava comunista”; * as atividades dos personagens: alguns carregam
* “nessa época, havia gente que aspirava uma mu- prcadorias; o que está no ângulo inferior direito parece
dança revolucionária que desse o poder aos mais po- ro capataz;
bres”. * observar o vestuário;
Os passos seguintes para a verificação de hipóteses * descrever o estereótipo da representação da figura
deveriam ser: “Humana observada;
| e observar os signos que podem ser vistos na parte
(*) “Acima a colher/ Abaixo o garfo / e como sou comunista / viva iperior, acrescentando o dado de que se trata de escri-
omartelo e a foice." (N. T.) N hieroglífica.
s2 MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 53
c) Observando o mapa, localizar por onde poderia b) Descrever a imagem e o que fazem os perso-
navegar essa pequena embarcação. fiagens: como obtêm água, quem e como a transportam,
d) Formular hipóteses, tais como: vom quem conversam as mulheres, o que fazem as que
“Os egípcios navegavam pelo rio Nilo em pequenos esperam, descrever as vestimentas.
barcos de três remos”: c) Hipóteses que poderiam formular:
“Em seus barcos transportavam recipientes com vi- “Nesse bairro de Madri não havia água corrente nas
nho, cerveja ou...”; CASAS ;
“Transportavam cereal”: “As mulheres e as crianças se juntavam para buscar
“Um capataz com um açoite dirigia o trabalho”; Âgua nas fontes”; !
“Vestiam sungas”: “Utilizavam cântaros e moringas”;
“Pintavam o torso e os olhos de frente e o rosto eas “Não tinham pressa”;
extremidades de perfil”. “As vizinhas conversavam nas fontes”;
e) Introduzir perguntas que não possam ser respon- “Havia um serviço policial de vigilância”;
didas através da observação direta da imagem: “As mulheres vestiam saia comprida, lenço e aven-
1]
Todos os barcos eram como esse?
A que se destinava a carga: à venda, a pagar tributo, p d) Perguntas que podem ser formuladas a partir do
à tropa? texto:
f) Estabelecer os passos que devem ser dados para Por que vieram os guardas? Estão fazendo sua ron-
verificação das hipóteses ou responder às perguntas:
a da habitual ou acudiram a algum chamado e, neste
paso, por quê? ;
* comparar essa pintura com outras pinturas egíp-
cias nas quais se vejam barcos;
Bi
De que falam as mulheres: é uma conversa amis-
'
* comparar essa figura com outras representações , estão intervindo porque houve alguma contenda,
egípcias e comprovar se era habitual essa maneira dem informação sobre alguém?
de re- Para quem é a água que o menino carrega: para sua
presentar a figura humana;
º fazer a observação de que se alguém nos deci-
, ou trabalha levando água para alguma família?
frasse o texto, provavelmente teríamos resposta A água seria potável? Trata-se de uma fonte ou de
para to- E Ê ima torneira pública de água corrente?
das as perguntas.
2) Costumes de Madri.
Desde quando existe o sistema de água corrente em
Uma fonte de bairro. 1870 Madri?
(tirado de Pierre Leon, Historia económica
mundo, tomo 4, Madri, 1980, p. 382).
e social del Existem ainda cidades e povoados em que as pes-
5 se abasteçam de água dessa maneira? Onde? |
Idade dos alunos: escola primária.
e) Passos que poderiam ser dados para a verificação
Atividades hipóteses ou para responder às perguntas :
a) Calcular o tempo transcorrido. Calcular quem, e Coligir dados (fotografias, informação oral, re-
em sua família, poderia viver nessa época; por exemp ptes de jornais) em que se veja a sobrevivência desta
lo:
o trisavô. a de abastecimento de água e comparar.
54 MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 55
* Coligir dados sobre o comportamento das “Nessa época, ao representar as cenas, não se levava
pessoas
nas fontes dos povoados, por exemplo, comp A
arando co pm conta a perspectiva”.
agravura. g) Perguntas a serem formuladas, que o texto não
º* Buscar informação em livros de História, tesponde, mas sugere: gbr
sobre o
trabalho das crianças no século XIX e sobre e Em todas as regiões da Europa as videiras eram
o sistema de:
água corrente em Madri, desde a sua insta desse tipo?
lação.
3) Camponeses medievais (“Apocalipsis
del siglo: e Emtoda a Europa Ocidental se trabalhava de ma-
XII”, Monasterio de Larvão, Portugal, 9
em Luís Adão da feira similar?
Fonseca, “La cristiandad medieval”, Historia e Para quem será o vinho que preparar: para eles
Universal,
tomo 5, EUNSA, p. 233). jnesmos, para seu senhor, para um mosteiro? ;
e Esses camponeses são homens livres ou servos?
Alunos de primário e início do ensino médio h) Passos que poderiam ser dados para responder
.
Atividades Às perguntas ou verificar as hipóteses: olRi
a) Numa linha que represente o tempo histó * comparar com outras imagens medievais;
rico, si- * comparar com a informação obtida em algum
tuar o século XII e o século XX. Situar geog
raficamente | “texto sobre a vida do camponês medieval;
acena.
* proporcionar dados sobre a ceifa, a vindima e a
b) Descrever: os trabalhos que se realizam,
os ins- Eliboração do vinho pelos mesmos métodos, atualmente,
trumentos e ferramentas.
' Te .
c) Comentar se essas tarefas podem ser
realizadas Ê cura; informação sobre os tipos de videiras, al-
na mesma época do ano, tal como estão represen
tadas na tas ou baixas, de acordo com os climas; o
imagem.
* pesquisar quando se iniciou a utilização da pers-
d) Observar a distribuição das figuras no plano tiva.
e
comparar o tamanho delas entre si e em |) Atividades criativas. Neste caso, como no ante-
relação ao ca-
való e ao farnel de cereal.
br, no primário, pode-se complementar 0 trabalho de
e) Comparar esses trabalhos com formas atuai nálise de um testemunho visual com atividades de in-
s de
trabalho, observando que em certas
regiões as coisas ção, como a de inventar diálogos entre camponeses
mudaram muito, mas que em povoados
e aldeias sobre- V iquanto trabalham, canções que pudessem cantar, etc.
vivem algumas dessas formas.
j 4) Pesadelo do rei Henrique T da Inglaterra quando
f) Formulação de hipóteses, por exemplo: tava na Normandia (manuscrito do século XII da crô-
“Os camponeses medievais de Portugal cultivavam | n de Juan Worcester, extraído de Luís. Adão da Fon-
videiras altas, de tipo emparrada”:; medieval”, Historia Universal,
4 pa, “La cristiandad
“Utilizavam foices para ceifar o cereal”: Homo 5, EUNSA, p. 222).
“Para fazer o vinho, espremiam a uva
com os pés
descalços”:
Para primeiras séries do ensino médio.
“Dispunham de prensas manuais para a
uva”; Atividades
MARIA TEREZA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 7
Com a mesma pretensão, convenciam, às vezes, par- e) Analisar criticamente a forma de enfrentar a su-
teiras infiéis a se deixarem acompanhar por jovens cris-
perpopulação e a atitude dos catequistas do ponto de vis-
tãs às diversas casas a que eram chamadas, porque é cos-
ta da época e do atual. Levantar situações similares no
tume entre os chineses, quando não têm condições de
manter uma família numerosa,
mundo de hoje.
contratar essas parteiras f) Formular hipóteses sobre a China do século
para afogar as meninas recém-nascidas em tinas cheias
d'água. Estas jovens cristãs encarregam-se de batizá-las, XVI: a
encontrando assim, estas pobres vítimas da indigência de “No século XVIII, a China já tinha um problema
seus pais, a vida eterna nas mesmas águas que lhes ti- de superpopulação”; o
rariam uma vida curta e infeliz.” Este texto, como todos “A pobreza extrema levava as famílias a abandonar
os testemunhos, é trabalhado de forma relacionada com os recém-nascidos”: E
um assunto determinado da programação que, neste “Muitas meninas eram afogadas ao nascer”;
caso, poderia ser: “A expansão da civilização européia” “A vida da mulher era menos valorizada que a do
ou “A China atual”. homem”; dogs
a) Observar de que tipo de texto se trata: uma des- “O cristianismo já tinha penetrado na China r
crição geográfica do século XVIII. “Os missionários atuavam com a colaboração de
b) Observar que o autor é europeu é cristão e ana- catequistas”;
lisar como isto pode influir no texto. Verificar se, efeti- “Os catequisadores se encarregavam de batizar as
vamente, sua religião e origem influenciam (“as pobres crianças antes de morrerem”,
vítimas da indigência de seus pais encontram a vida eter-
g) Formular perguntas e levantar dados que am-
na nas mesmas águas que lhe tirariam uma vida curta
e pliem a informação:
infeliz”, “parteiras infiéis”).
Por que matavam as meninas? :
c) Explicar o significado dos termos que despertem
Por que os catequisadores não tentavam salvá-las?
dúvidas.
Que política adota a China atualmente para enfren-
d) Resumir o texto e esquematizar suas idéias prin-
tar o problema da superpopulação? Ê E
cipais.
Que comparação pode ser estabelecida entre a “po-
breza extrema” do século XVIII e a situação atual da
a superpopulação é a causa de miséria China?
Como pode influir esse passado na mentalidade chi-
a miséria os leva a nesa atual? ;
De que meios dispomos atualmente para evitar
matar as meninas abandonar os filhos uma gravidez indesejada? Rasa
ao nascer que não podem manter Que situações de “pobreza extrema” existem no
[ Í mundo atual? Poeta
os cristãos se encarregam de batizá-los Como atua hoje o homem europeu frente à miséria e
à morte de crianças em outros lugares do mundo?
MARÍA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 63
2) Os pobres na Europa do século XVI mandaram assar pão em quantidade para distribuí-lo
(Extraído de Fernand Braudel, Las civilizaciones ac- entre os pobres, os quais seriam reunidos numa das por-
tuales, Madri, Editorial Tecnos, 1969, pp. 359-360, ci- tas da cidade sem que soubessem o que se tramava e,
tando Documents inédits de | Histoire de France.) distribuindo a cada um a parte correspondente de pão e
“.. A causa da intensa carestia do custo de vida e uma moeda de prata, os fariam sair da cidade por aquela
das dificuldades encontradas na aquisição de trigo e pão porta, que seria imediatamente fechada após passar o
na cidade e jurisdição de Provins era a grande quanti- último dos pobres, e, por cima das muralhas, lhes diriam
dade de pessoas que havia nela, das cidades e dos po- que fossem viver com Deus em outro lugar e que não
voados de Bray, de Sens, de Auxerre..., de Borgonha, da mais voltassem à cidade de Troyes antes da colheita se-
Champagne, do Bourbonnais..., pessoas que se lan- guinte. E assim foi. Os pobres expulsos depois da distri-
çaram em multidão através de toda a região de Provins, buição se mostraram horrorizados e alguns deles, cho-
alguns para comprar trigo e pão, outros para encontrar rando, procuraram um caminho a tomar para chegar a
trabalho, sem pedir outra remuneração que o pão e a algum lugar onde pudessem ganhar a vida, enquanto ou-
sopa que lhes garantiam o sustento... tros amaldiçoavam a cidade e seus habitantes que assim
«.. É impossível descrever o infortúnio e a pobreza os expulsaram, olhavam o último naco de pão que lhes
dessa época miserável, e creio que todo aquele que ler havia sido distribuído e desejavam sua própria morte,
esta ou qualquer outra história escrita sobre essa ca- muitos ter-se-iam alegrado se a terra se abrisse sob seus.
restia e esse período de fome não conseguirá crer. Dentro pés e os tragasse.
das muralhas da cidade de Troyes, na Champagne, apa- Poucos dias depois que os habitantes de Troyes se
receu um grande número de estrangeiros pobres que não fizeram valer dessa artimanha para se desfazer dos po-
pertenciam à cidade nem à referida região, e os habi- bres da cidade, a doença e a morte caíram sobre eles tão
tantes da cidade não sabiam que medida tomar. Para se violentamente que não houve maneira de escapar, e... há
desfazer deles fizeram proclamar pelas ruas que tais es- quem diga que esta morte lhes foi enviada por Deus como
trangeiros não poderiam permanecer na cidade mais do castigo por haverem expulsado os pobres.”
que vinte e quatro horas, medida acatada pelos estran-
geiros pobres. Para as primeiras séries do ensino médio.
Porém, além deles, havia na cidade uma quantidade Deve-se seguir a orientação anteriormente enun-
ainda maior de pobres que pertenciam à própria cidade e ciada, conveniente na análise de um texto histórico. Ao
aos povoados que a circundavam, até o ponto em que os analisar o documento devem ser destacados os seguintes
ricos começaram a temer que se produzisse uma revolta aspectos:
ou uma sublevação dos pobres contra eles e, visando con- O trigo e o cereal constituíam a base da alimentação.
seguir expulsá-los da cidade, os homens ricos e os gover- Sua escassez ou carestia provocava grandes fomes. À
nadores da cidade de Troyes se reuniram em assembléia, fome provocava o deslocamento de habitantes dos po-
dispostos a encontrar uma solução para o problema. A voados para as cidades e o deslocamento entre cidades.
resolução deste conselho foi de que se tinha de expulsar O pão e a sopa bastavam como alimento nesses mo-
os pobres da cidade e não admiti-los mais. Para tanto, mentos. As cidades procuravam formas de se verem livres
MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA as
64
dessas massas esfomeadas, por temer uma revolta contra vidências em razão dos domicílios e vizinhanças dos que
os ricos. se denominam ciganos; e não tendo sido suficiente para
Observar que as cidades eram cercadas de muralhas. refrear suas maldades, sendo conveniente aplicar o de-
Captar o desespero dos expulsos. vido remédio, à consulta de meu Conselho de 17 de se-
Observar a idéia de “castigo divino” e de como as tembro passado, tomei a resolução de que todos os Co-
cidades estavam indefesas ante a doença e a morte. mandantes Gerais, Intendentes e Corregedores de ca-
Podem-se estabelecer comparações entre a narração beças de província façam publicar pregões e editais, para
do texto e o que ocorre atualmente na África ou outros que todos os ciganos, que fazem vizinhança nas cidades e
lugares do Terceiro Mundo, Pode-se também comparar vilas de suas jurisdições, sejam restituídos no término de
a atitude da cidade com relação aos imigrantes indi- quinze dias aos lugares de seus domicílios; sob a pena de
gentes, com a situação atual dos imigrantes dos países serem declarados, passado este prazo, bandidos públi-
mais pobres rumo aos países mais industrializados ea cos, e de que, pelo fato de serem encontrados com ou
atitude destes frente a tal imigração. Podem ser feitas per- sem armas fora dos limites de sua vizinhança, seja lícito,
guntas a serem respondidas em trabalhos posteriores de usar armas contra eles e tirar-lhes a vida: passado o refe-
investigação bibliográfica ou imaginando asrespostas, de- rido prazo, se encarreguem estritamente os referidos Co-
pendendo dos casos, Por exemplo: mandantes Gerais, Intendentes e Corregedores, por si
O que fariam os famintos expulsos? Como conse- mesmos ou por pessoas de integridade e de sua maior
guiriam alimento? confiança que saiam com tropa armada, e se não as hou-
Quantos anos poderiam viver essas pessoas com esse ver, com as milícias e seus Oficiais, acompanhados das
tipo de alimentação? rondas a cavalo destinadas ao resguardo das Rendas, a
Os ricos temiam a insurreição dos pobres. Houve percorrer todo o distrito de suas jurisdições, fazendo as di-
nessa época alguma sublevação desse tipo? ligências necessárias para aprender os ciganos e ciganas
Como viviam os ricos nessa época? que se encontrarem pelas vias públicas ou outros lugares
Como era a arte nesse século? fora de suas vizinhanças, e pelo fato da contravenção lhes
Há pinturas que reflitam a vida social européia nes- seja imposta a pena de morte: em caso de se refugiarem
sa época? em lugares sagrados, poderão ser extraídos e conduzidos
aos cárceres mais imediatos e fortes, nos quais serão
3) Aexpulsão dos ciganos no reinado de Filipe V mantidos e se os Juízes eclesiásticos procederem contra
(Historia de Esparia, dirigida por Manuel Tufion de as Justiças seculares, a fim de que sejam restituídos à
Lara, tomo 12 (“Textos y documentos”), Barcelona, Edi- Igreja, se valham dos recursos da força estabelecidos pelo
torial Labor, 1985, p. 49.) Direito: declarando, como declaro, que todos os ciganos,
D. Filipe V, em San Lorenzo, por resolução de 30 de que saírem de seus domicílios permanentes, sejam tidos
outubro, em Conselho de 17 de setembro de 1745: por rebeldes, incorrigíveis e inimigos da paz pública:
“Por quanto pela pragmática publicada em 14 de sendo como é minha vontade, todas as milícias que se
maio de 1717 e provisão de 8 de outubro de 1738 e outras empenharem em reconhecer, perseguir e castigar os ci-
ordens anteriores estão prevenidas e tomadas várias pro- ganos de suas províncias, e os Oficiais que as mandarem,
56 MARÍA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 67
oferece dificuldades de vocabulário e é bastante simples, d) o texto propõe certas aspirações a longo prazo e
os alunos podem analisá-lo de forma autônoma, indivi- algumas medidas imediatas para aproximar-se desse
dualmente ou em grupos. Poderiam utilizar um roteiro ideal. Enuncie-as:
de trabalho, do seguinte tipo:
A) leia o texto sublinhando as palavras cujo signifi- Aspirações Medidas imediatas
cado não esteja claro. Procure-as no dicionário. Consulte
o professor se tiver dificuldade;
B) volte a ler o texto. Procure expressar oralmente o
que lembrar dele; sf sd pai SO ga AT TP
rença entre os partidos de esquerda e os de direita? Como * Na análise de uma situação histórica, tratar de
se configurou o atual mapa da Europa? Como se for- partir daquela situação mais imediata, que os alunos
maram as duas grandes potências?... possam conhecer por si mesmos e sentir como sua, tor-
Há experiências interessantes de História retrospec- nando-se a História mais vivencial.
tiva, que visam um objetivo similar a este. Porém, uma * Acostumá-los a observar a realidade que os rodeia
programação de História dificulta muito, talvez, a com- earefletir a partir dela.
preensão dos processos paulatinos de mudança que vão * Dar-lhes a oportunidade de escrever a História
sendo operados e que serão melhor percebidos se as eta- por si mesmos. ;
pas forem estudadas na ordem em que transcorreram. * Ajudá-los a observar como a História de suas fa-
Devemos lembrar que, em qualquer enfoque ou método mílias e a sua própria se inserem num contexto mais ge-
que optemos, deve-se ter em vista que o aluno adquira ral: na História de seu próprio país e em processos supra-
um esquema do passado, um esqueleto das sucessivas nacionais, e, ao contrário, tornar-lhes mais próxima e
etapas fundamentais, que é o que lhe permite a aquisição acessível a História dos grandes processos.
da noção de “tempo histórico”.
* partir da experiência mais imediata ao aluno, por
exemplo: da história local e, no caso que veremos, da his- Desenvolvimento
tória da própria família. Estas duas formas têm a van-
tagem de permitir que os alunos possam realizar a expe- Esta experiência se desenvolveu de duas formas, em
riência de investigar e escrever por si mesmos a História, diferentes momentos e cursos.
com toda a riqueza que isso supõe. As experiências ex-
postas a seguir são ensaios que visam o encontro da for- Variante A
ma como os alunos devam escrever História, partindo da
realidade que melhor conhecem. a) A “História de nossas famílias” foi o assunto ini-
cial de um curso de História Contemporânea. Partiu-se
1) História de nossas famílias da tentativa de motivá-los a escrever individualmente um
Idade: curso de História Contemporânea, ensino folheto com a História de sua própria família, ampliando-
médio, 15-16 anos. a retrospectivamente até onde tivessem dados. Apesar de
Objetivos este trabalho ter sido individual e de ter sido realizado
(É importante esclarecer que os objetivos apontados fora do horário de aula, lhe foi dedicado um tempo para
para as diferentes experiências expostas são os objetivos observar que fontes poderiam utilizar: testemunhos
que levaram o professor a idealizar e realizar essa ativi- orais: conversas com os pais e avós; testemunhos visuais:
dade com os alunos.) fotografias, postais, álbuns de recordações; testemunhos
* Compreender que a História é a ciência do ho- escritos: cartas, documentos familiares (passaportes,
mem no tempo, mesmo daqueles homens mais próximos contratos, escrituras, etc.), utensílios, móveis, roupas,
de nós cuja vida não aparece registrada nos manuais de etc. Também é conveniente, enquanto se realiza o tra-
História. balho enunciado nos pontos seguintes, intercalar mo-
76 MARIA TEREZA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 7
mentos dedicados a estes folhetos, para resolver dúvidas,
* com base na estatística analisada em aula, cujos
apreciar o curso dos trabalhos e, principalmente, comu-
dados eram anotados na lousa e nos cadernos, tiraram-
nicar aos demais companheiros certos achados ou aspec-
se conclusões através de um diálogo coletivo. Assim foi
tos originais que possam ser estimulantes para o resto do
possível elaborar um resumo, no qual se notou que a qua-
grupo.
se totalidade da classe provinha de famílias que haviam
b) Simultaneamente, enquanto cada um investi- emigrado de povoados para Madri: da Andaluzia, Cas-
gava e escrevia a História da própria família, realizou-se tilla-la-Mancha, Castilla-Leôn e Extremadura; que mui-
outra tarefa: uma pesquisa sobre as famílias dos alunos, tos tinham familiares que emigraram para a América (na
em três gerações. Nesta pesquisa se sondavam dados so- geração dos avós) e para a Alemanha, França, Suíça e
bre os seguintes aspectos, comparando sempre as três ge- Bélgica na geração dos pais; comprovou-se a diminuição
rações — os avós, seus pais, eles e seus irmãos: no número de analfabetos de geração para geração, o
º lugar de residência e migrações; crescimento no nível de escolarização, mudança profis-
* emigração: quantos e para onde (neste caso am- sional de tarefas rurais para urbanas: na geração dos
pliaram-se os dados também aos irmãos dos avós, aos pais, o decréscimo da natalidade e da mortalidade in-
tios e primos); fantil, etc.
analfabetismo; c) Sobre os dados levantados, formulou-se uma lista
grau de escolarização; de questões tendentes a colocar o porquê de se terem pro-
situação da mulher (nível escolar, ocupações): duzido tais mudanças e acontecimentos. Por exemplo:
natalidade; por que os habitantes dos povoados da Andaluzia, Cas-
mortalidade infantil; tilla-la-Mancha, Castilla-León e Extremadura vieram
trabalhar em Madri? Por que diminuiu a natalidade?
ocupações e ofícios;
Por que havia tantos analfabetos na geração de nossos
* nível de vida (moradia, carro, eletrodomésticos,
avós? Por que emigrou tanta gente? Por que na geração
férias);
de nossos pais se emigrou para a Europa (Alemanha e
* mudanças experimentadas pelas três gerações em França, principalmente) e não para a América? Por que
alimentação, vestuário, transportes e diversões;
houve uma guerra civil? Em cada variação e caracteris-
* greves;
tica observada foi colocado o porquê de ter ocorrido de
* situação da família na guerra civil e no pós-guerra. talmaneira.
Essa pesquisa se efetuou da seguinte maneira: d) Dividindo a classe em pequenos grupos e repar-
* cada aluno sondava os dados de sua família; tindo entre eles os assuntos da estatística analisada, cada
* em aula, se realizou a recontagem, ponto por pon- grupo transferiu os dados, as conclusões da análise e os
to, dos dados de cada aspecto, por exemplo: entre tantas porquês finais para cartolinas grandes, em que regis-
avós, tantas tiveram um filho, dois, três, quatro, cinco traram tudo o que lhes interessou: desenhos, recortes,
filhos ou mais. Trabalhou-se principalmente com per- mapas, etc. Com todas as cartolinas juntas se elaborou
centuais, gráficos cartesianos e mapas para mostrar os uma espécie de livro ao qual voltariam repetidas vezes ao
deslocamentos; longo do curso.
MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 79
ajuda constante do professor, pois estavam diante de um troduziu-se o estudo do programa de História Contem-
trabalho no qual não tinham experiência; porânea a partir, precisamente, da Revolução Industrial.
d) a primeira etapa deste trabalho em grupos com Ao longo do resto do curso, tratou-se, em cada tema, de
roteiro consistiu em analisar as características da reali- que os alunos captassem as conexões entre a realidade que
dade espanhola no século XX e sua evolução, com os haviam constatado na História Contemporânea da Es-
mesmos itens que haviam trabalhado na estatística da panha e a História de suas famílias.
família: migrações, emigrações, relação entre população
urbana e rural, distribuição ocupacional da população,
analfabetismo, escolarização, natalidade, mortalidade
infantil, participação da mulher no mercado de trabalho, Tempo empregado
consumo, etc.;
e) posteriormente, compararam estes dados com os — oito aulas em pesquisa, análise dos dados e con-
resumos de suas famílias (pontos a e b), constatando as clusões;
coincidências das tendências. As conclusões das histórias
— uma aula em introdução do trabalho a ser realizado
familiares podiam agora estender-se e começar a ser con-
posteriormente em grupos, comparando os dados da His-
sideradas como características da História social da Es-
tória familiar com os da Espanha, países industrializados
panha no século XX;
e Terceiro Mundo;
f) em seguida compararam, sempre nos mesmos as-
pectos, os dados da Espanha com os países mais prema- — seis aulas realizando o trabalho de comparação an-
turamente industrializados e com o Terceiro Mundo, o tes indicado, em grupos;
que lhes permitiu tirar uma série de conclusões, como o — três aulas, acordo de grupos, conclusões, correções e
decréscimo da natalidade ter ocorrido antes nos países comentários.
que se industrializaram primeiro, como o comporta-
mento espanhol atual a este respeito é similar ao dos paí- 2) Escrever a biografia dos pais
ses industrializados e como, em compensação, as taxas Idade: cursos de EGB* (ensino primário).
de natalidade se mantêm altas no Terceiro Mundo. E Objetivos
assim, aspecto por aspecto; * Realizar uma experiência simples de investigação
g) os grupos chegaram a um acordo, realizaram histórica, partindo de sua realidade mais imediata.
correções, comentários e extraíram conclusões;
* Iniciá-los num conceito de História que valorize a
h) nessas conclusões destacou-se o processo de in-
vida e as lutas de todos os homens, em contraposição a
dustrialização como processo central que modificou uma
uma História tradicional de heróis, guerreiros e mo-
série de variáveis: alterou a distribuição de empregos da
narcas.
população, produziu um processo de urbanização, movi-
mentos migratórios e emigratórios e uma variação geral
do comportamento da população. Para começar a ex- (*) EGB (Enserianza General Básica): corresponde ao primário
plicar, então, as causas do que havia sido observado, in- completo, equivalente no Brasil ao 1º grau, 13 a 4º séries. (N. T.)
+
MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 83
82
dos homens e
e Valorizar o trabalho e o esforço * o encontro com sua mãe: como se conheceram, o
lar.
mulheres da classe popular para manter um noivado, formação do casal...
Tempo: aproximadamente dez aulas. * onovo lar: casas ou apartamentos onde moraram,
ção e
Pode ser coordenado com o curso de comunica os filhos, alegrias e problemas da nova família...
expressão. * atualmente: sua vida, seu trabalho, seus hobbies,
as coisas que lhe agradam, seus costumes, seus pro-
Desenvolvimento blemas, suas ilusões...
— em cada capítulo, você deve seguir as seguintes
explicar etapas:
a) Apresentação da tarefa a ser realizada: * reunir todo o material que encontrar;
s livros , se a exper iência
em que consiste, mostrar algun ordená-lo;
anter ior, coloc ar
já tiver sido realizada em algum curso
s testemunhos redigi-lo no rascunho;
exemplos práticos de como utilizar algun
realizar seu tra- corrigi-lo com o professor;
do tipo dos que podem empregar para
a proposta de
balho, procurar despertar £entusiasmo ante passá-lo a limpo.
será empr egado.
investigação, explicar o método que — para obter dados, você deve interrogar principal-
com ro-
b) A partir daí, trabalhar individualmente mente as pessoas que podem lhe contar coisas sobre a
teiros do seguinte tipo: infância e juventude de seu pai, tais como seus avós, seus
, en-
— para investigar a história do seu pai e poder
tios, sua mãe, amigos de seu pai, seu próprio pai.
claro de que par- — a estas notas recolhidas, você pode acrescentar
tão, escrever um livrinho, você deve ter
pode m dados obtidos em fotografias. Em cada fotografia:
tes ou capítulos este se constituirá. Por exemplo,
e trate de determinar a data aproximada;
ser:
de seu e descreva-a: quem figura nela, em que atitude, em
* a família do seu pai, o lar de seus avós (pais que lugar;
pai), o nascimento... * anote tudo o que puder apreender sobre a época
s, fatos
e sua infância: seus jogos, estudos, piada da foto, por exemplo: a roupa, o calçado, o que se vê ao
ocorridos; ú -
e fundo (um quadro, a sala de aula de um colégio, uma
ou não
e sua juventude: o que fazia, se estudou casa popular, etc.), as pessoas que acompanham seu pai,
por que, os amigos e diversões, O serviço militar... quem são, que relação tinham com ele, etc.
foi...
e seu primeiro trabalho: onde, quando, como Incorpore os dados que tiver obtido ao resumo do
qual era
e diferentes trabalhos que teve até agora: capítulo correspondente.
e desem-
seu ofício, por que mudou de emprego, se estev No momento de passá-lo a limpo, poderá colar as
pregado... fotografias no livro e redigir abaixo de cada uma delas
que
e o trabalho atual: o que faz, o que produz ou uma frase explicativa.
se sente nessa fábrica, escritório,
serviço presta, como — em sua casa ou na casa de seus avós você poderá
recinto comercial... encontrar mais coisas que poderão servir de testemunhos:
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA Bs
MARIA TEREZA NIDELCOFF
moradia, lugar, etc. Para isso pode pedir ajuda às mes-
mas pessoas com as quais conversou para obter os dados;
Testemunhos Servirão para saber — monte olivro com índiceecapa. .
se c) Exposição de trabalhos para a classe, leituras e
Convite de casamento . . . quando foi, onde, como intercâmbios.
festejou
quan-
Relação dos empregos . . que empregos teve,
to ganhava
Observações
Escrituras de compra de
casas/apartamentos ....em que condições foi com-
e Com o mesmo esquema, adaptando o roteiro,
prado o apartamento/casa
ou pode-se escrever a biografia da mãe e outros familiares.
Contratos de aluguel .... em que apartamentos
e Dentro do programa de curso, pode set o primeiro
casas habitaram e em que
tema de história, para ver de uma forma vivencial o obje-
condições
to e métodos desta disciplina.
Faturas diversas que importantes compras
fizeram, a que preços, em
3) Biografia de um pai: montagem audiovisual
que condições
Idade: 14-15 anos.
datas de nascimento dos
Livro de família Objetivos
filhos
Os mesmos do caso anterior e, especificamente, a
Certificado de reservista . onde e quando cumpriu o
compreensão e a expressão dos problemas trabalhistas e
serviço militar
sociais dos adultos do meio em que se desenvolveu esta
Certificados de estudos . . estudos realizados, onde, atividade.
quando
Tempo: 9 ou 10 horas de aula, mais o tempo empre-
Discos velhos a música de que ele gos-
gado pelas equipes que trabalharam com fotografias e de-
, tava em sua juventude
senhos de diapositivos e na gravação do texto.
Recordações de todo tipo. coisas que foram impor-
tantes para seu pai
Desenvolvimento
e trabalho que desempenha atualmente; * as dificuldades econômicas dos lares que de-
* causas das mudanças de emprego; pendem da renda de uma só pessoa;
* se esteve em greve, com que recursos contou neste * a falta de infra-estrutura dos bairros;
caso; * os problemas de desarraigamento derivados da
e idade aproximada em que se casou (legal ou in- migração campo-cidade, etc.
formalmente); d) Junto a essa caracterização do protagonista, fo-
º quando e por que se mudou para o bairro atual; ram recolhendo anedotas e acontecimentos da vida de
* condições de sua moradia;
alguns pais, para dar mais vida ao personagem: engodos
provocados pela imobiliária na compra da moradia, o
e principais problemas que enfrenta atualmente.
devaneio do primeiro filho, seu gosto pelo futebol, con-
b) Elaboração do resumo dos dados obtidos, atra- flitos com seu pai autoritário na juventude, uma inun-
vés dos quais se pôde caracterizar um adulto do tipo que dação sofrida pelo bairro com consequente prejuízo eco-
correspondesse às características da maioria dos pais. nômico, etc. Assim, o personagem ficou muito mais vivo
Tratou-se então de descrever esse adulto que seria O que 0 primeiramente caracterizado.
protagonista da montagem e que poderia representar a e) Redação do roteiro: a classe foi dividida em gru-
realidade do conjunto de pais: pos, responsabilizando-se cada um deles por uma parte
* um trabalhador manual de 40 a 45 anos; do roteiro e da sugestão das fotografias adequadas, pro-
* nascido em áreas rurais e emigrado para a cidade; pondo lugares e cenas.
e com estudos primários, geralmente incompletos; f) Uma equipe, formada por um grupo de alunos,
* que conheceu períodos de greve nos quais passou um pai que era fotógrafo e o professor, decidiu os temas a
por sérias dificuldades; serem fotografados para ilustrar o roteiro e realizou a ta-
e que contraiu matrimônio com uma mulher de refa. Alguns diapositivos foram extraídos de revistas e
condições similares, que não trabalhou fora do lar ou jornais. Outra equipe desenhou alguns em papel vegetal,
que deixou de fazê-lo ao casar-se e ter filhos; , com títulos, cifras, dados e frases.
* que não teve militância política ou sindical, cen- g) Diante dos diapositivos, as equipes retocaram o
trando seus esforços em manter a família, especialmente roteiro para adaptá-lo às imagens.
em fazer a moradia mais habitável; — h) Gravação do texto e música.
e os problemas atuais são: manter a família com
sua única renda, a moradia que é insuficiente, as dificul-
dades para dar estudo aos filhos e o fantasma do desem- Observações
prego. s i
c) Reflexão e diálogo sobre o que essa biografia su- * Essa montagem foi apresentada numa reunião de
gere e os problemas sociais levantados: pais e seu conteúdo foi tema de um debate entre eles.
* o problema do acesso à moradia; Assim, pôde ser o ponto de partida para o estudo de
* o desemprego como realidade e ameaça; problemas sociais contemporâneos, para o estudo com-
e o baixo nível de capacitação; parativo de duas gerações ou das condições de vida dos
es MARIA TEREZA NIDELCOFF
lução Industrial e na
trabalhadores no começo da Revo H
atualidade.
que, em experi-
e Também é importante ressaltar
urar obter a maior qua-
ências deste tipo, é didático proc
, O valor da experiên-
lidade possível, mas por outro lado ati-
obtido mas nas
cia não está na qualidade do produto
vidades realizadas, na aprendizagem
alcançada e acima Atividades
e nas inquietações des-
de tudo, nas questões colocadas
pertadas. É importante esclarecer
isto porque realizar relacionadas com o meio
correto
riais cujo uso
as primeiras experiências com mate
gem mais longo, incide,
supõe um processo de aprendiza
uto obtido.
necessariamente, na qualidade do prod
ar os recu rsos disponíveis no
e É muito útil aproveit O estudo do meio como ponto de partida no ensino
ecia muito de foto-
meio; neste caso, um pai que conh da geografia é uma proposta antiga e ao mesmo tempo
grafia colaborou com a experiência. mal integrada à experiência cotidiana de nossos colégios
e institutos. Rousseau, em Emilio, já aconselhava a não
partir do atlas, mas da observação direta dos fenômenos,
e sugeria inúmeros exemplos, entre os quais passeios e
excursões, que o mestre realizava com seu discípulo. No
mesmo sentido insistiu o movimento da “escola nova”.
Também na pedagogia de Celestin Freinet a observação
da realidade imediata e a expressão das crianças através
desta teve um papel relevante.
De outro ângulo, ainda no terreno da geografia
como ciência, são abundantes as recomendações no sen-
tido de partir do estudo do meio, como forma de utilizar
a observação direta como método básico no estudo da
Geografia. Mariano Zamorano: “A geografia é uma ciên-
cia concreta e o ideal seria submeter constantemente os
fatos à observação direta. É óbvio, não obstante, que esta
ambição é irrealizável, dada a vastidão do mundo em
que habitamos, além de dificuldades de outro tipo. Isto.
faz ver claramente a enorme importância que temo es-
tudo do local para satisfazer a essa exigência metodoló-
gica. Deve-se dar-lhe uma atenção fundamental... como
90 MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA
MN
fator de aproximação mental na aquisição de outros co- voado. Ao nível do ensino médio deve-se levar em conta
nhecimentos não diretamente observáveis”. Em termos também que o ambiente do colégio não corresponde, em
similares expressam-se os autores do Método para o en- muitos casos, ao meio dos alunos, que vêm de outros
sino de Geografia, da UNESCO.” bairros, que podem ter características muito diferentes.
Com relação às diretrizes pedagógicas que tentamos Está claro que não se trata de uma atividade fechada
expor neste livro, o estudo do meio tem valores similares em si mesma, mas que o estudo do meio é o ponto de
aos expressos no capítulo anterior, sobre o ensino da His- partida para chegar a conhecimentos mais amplos:
tória, vinculando-a à realidade imediata do aluno. Tra- 1) a possibilidade de comparar seu meio a outros
ta-se, também neste caso, de acostumar os alunos a diferentes, o que permitirá que os alunos captem a re-
observar a realidade e a pensar a partir do que eles mes- lação do homem com a paisagem:
mos observam, em contraposição ao princípio da alie- 2) a aquisição de métodos de observação e de re-
nação que supõe uma instrução repetitiva e puramente gistro dos fatos e situações;
livresca, que nunca lhes proverá meios para compreender 3) a aquisição de um vocabulário geográfico;
suas circunstâncias sociais e históricas, nem a eles mes- 4) o domínio do trabalho cartográfico, partindo do
mos dentro desse contexto. planoe doesboço para acartae o mapa;
Se tantas vozes apóiam esta metodologia e há tanto 5) na etapa da qual estamos nos ocupando (12-16
tempo, é oportuno indagar-se sobre o porquê de sua anos), os alunos devem incorporar à simples descrição
não introdução em nossas escolas como método habitual uma tentativa de explicar o como € o porquê das coisas.
de trabalho. Creio que a principal dificuldade se en- No manual da UNESCO antes citado, mencionam-
contra em nós, professores, que, devido a nossa for- se três etapas necessárias no trabalho sobre o terreno:
mação num ensino tradicional e retórico, carecemos mui- 1) a observação do que está à vista;
tas vezes das experiências previamente necessárias para 2) a descrição dessa observação num mapa ou ca-
nos lançarmos na projeção de um estudo integral do meio, derno;
o qual, por outro lado, deveríamos conhecer muito bem, o 3) a interpretação do que foi anotado.”
que não é frequente nas grandes cidades, onde nós, pro- As limitações do meio como unidade de estudo se
fessores, realizamos grandes deslocamentos de nossos ampliam mais e mais à medida que o aluno vai reali-
domicílios a nossos locais de trabalho. Isto sem falar da zando deslocamentos mais longos e se inter-relacionando
dificuldade daqueles que precisam mudar fregiiente- com realidades mais afastadas do reduzido círculo de sua
mente de escola. No ensino médio se acrescenta a difi- primeira infância, em sua vida cotidiana. Esta idade,
12-
culdade do parcelamento do horário, o que diminui as 16 anos, é exatamente a que marca de forma clara a rup-
possibilidades de passeios pelo bairro, cidade ou po- tura com esse meio reduzido e familiar, quando por ra-
zões de estudo ou diversão (cinemas, discotecas, piscin
as,
(11) Zamorano, M., La enserianza de la geografia en la escuela se- etc.) começa a frequentar, independentemente de
seus
cundaria, Buenos Aires, Eudeba, 1965, p. 12.
(12) UNESCO, Método para la enserianza de la Geografia, Colécion
“Programas y métodos de ensenanza”, Barcelona, UNESCO/TEIDE, 1966,
pp. 56-57. (13) Método pára o ensino de Geografia, UNESCO/TEIDE, p. 60.
92 MARIA TEREZA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA
93
pais, lugares afastados de sua casa e que, por sua relação
habitual com eles, passam a integrar seu novo meio. cala, símbolos), representação de dados em gráficos,
re-
Um estudo sobre o meio pode ser projetado de uma dação de informes e resumos,
maneira integral ou parcial:
* estudo integral: abarca a descrição e explicação
Desenvolvimento
de todos os aspectos da área delimitada para tal efeito:
solo, clima, construções, serviços, cultivos, fábricas, co-
a) Colocar no mapa da cidade pequenos círculos
mércios, moradias, ruas, transportes, centros de diver- co-
loridos nos locais de onde provêm os alunos da class
são, instituições culturais e educativas. Há bibliografia e.
b) Observar a distribuição e tirar conclusões.
abundante descrevendo estudos deste tipo.
c) Realizar uma pesquisa rápida para averiguar
* estudo parcial: encara-se o estudo somente sob as
razões pelas quais os alunos escolheram a escola
um aspecto, por exemplo: “O clima”, “O abasteci- .
d) Redigir um resumo do trabalho realizado e
mento”, “A distribuição ocupacional dos habitantes”... das
conclusões. Caso decidam realizar um estudo mais
No primeiro caso pode-se fazer uma experiência de pro-
fundo, pode-se prosseguir com algumas destas varia
integração com Ciências Sociais como eixo da progra- ções:
* se a escola está localizada no centro da cidad
mação, mas integrando as demais áreas: Ciências Natu- e,
para onde os alunos afluem de diferentes ponto
rais, Matemática e Comunicação e Expressão. As dificul- s, convém
delimitar uma área convencional de estudos
dades colocadas, farão com que fique fora do alcance de ao redor
dela e centrar-se nesta tarefa com o conjunto da
muitos professores, que deverão se conformar com expe- classe;
* se a escola está localizada num baitro ao
riências menos ambiciosas, como: qual a
maioria dos alunos acorre vinda de uma mesm
a zona,
* estudos parciais do meio: pode-se delimitar uma área de estudos comu
m que cor- |
* conciliar algumas saídas em grupo com obser- responda ao lugar de onde provêm mais aluno
s;
vações dirigidas que os alunos podem fazer por conta * se o grupo está treinado para o trabalho
própria, fora do horário de aula. autô-
nomo e os alunos provêm, de forma dispersa, de uma
área muito ampla, pode-se organizá-los de
maneira que
1) Estudo das zonas urbanas das quais provêm os trabalhem em grupos, com questionários-guia,
cada gru-
alunos po em sua zona de origem, realizando-se, poste
rior-
Idade: ensino médio. mente, conclusões e um trabalho de resumo.
Objetivos Na zona selecionada, as atividades a serem
reali-
a) Conhecer as diversas zonas urbanas das quais os zadas dependem bastante das características
e extensão
alunos afluem para a escola. da zona, podendo ser as seguintes:
b) Adquirir o hábito de observar e ponderar a partir a) primeiramente dispor de um mapa da área
a ser
do que vê. estudada, de tamanho suficientemente amplo
para que
c) Exercitar-se em algumas técnicas de trabalho e se possa trabalhar nele com certa comodidade
;
de registro como: trabalho com b) percorrer as principais avenidas e ruas, anota
mapas (orientação, es- ndo
O itinerário no mapa (ensinando a se orientarem
com ele
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 95
94 MARIA TEREZA NIDELCOEFF
caso seja a primeira experiência desse tipo). Anotar de edificação recente, de edificação baixa ou de grandes
alguma forma: setas ascendentes para subidas e zonas prédios, etc.);
mais altas (se não for uma área densamente povoada po- º lugar onde as lojas se concentram e por quê;
derá ser utilizado um mapa topográfico. Neste caso, na e se a zona de estabelecimentos industriais está
aula seguinte traçar as curvas de nível no mapa, vendo concentrada ou não, e por quê;
como coincidem com sua experiência). Se os alunos não º se há locais dedicados ao lazer dos habitantes;
conhecem o conceito de curvas de nível, é o momento de º se a zona está bem equipada e em que aspectos:
aproveitar para ensiná-los a realizar vários exercícios prá- centros de assistência médica, correio, creches, jardins
ticos; de infância, centros educacionais, parques, etc.
c) numa paisagem urbana pouco ou nada resta que Estabelecer comparações entre os diversos dados
nos lembre a paisagem primitivamente natural. De qual- que permitam tirar conclusões úteis para melhor enten-
quer forma, se na região houver um rio, riacho, vale, co- der as características do bairro em questão;
lina, situá-lo no mapa e descrever seu estado atual; f) realizar exercícios de interpretação de escala dos
d) trabalhando em duplas, cada uma se encarre- documentos cartográficos com os quais se está traba-
gando de um setor reduzido, anotar sobre o mapa os ti-
lhando, calculando as distâncias das moradias até o cor-
pos de edifício dispostos nas ruas, utilizando diferentes reio, o cinema, o parque, etc.;
cores ou sinais convencionais. Para as alturas dos edifi-
g) observar o transporte público: linhas de ônibus,
cios é preferível utilizar cores que permitam combinar
pontos, estações de metrô. Observar no mapa da cidade
com letras ou outros sinais que indiquem os tipos de ins-
com quais zonas o bairro se comunica. Relacionar esses
talações térreas, como bares ou lojas. dados com os anteriores (tipo de bairro, distribuição dos
Pode-se apontar:
estabelecimentos comerciais, edifícios públicos);
h) determinar, com relação ao ponto anterior, quais
casas familiares térreas ou sobrados | bares
clínicas são as vias de acesso ao bairro, as ruas mais transitadas e
prédios de até cinco andares
escolas por quê. Pode ser incluída (se previrmos a possibilidade
prédios de seis a dez andares
ginásios de fazer observações interessantes) a descrição e con-
prédios de mais de dez andares
poliespor tivos tagem dos tipos de veículos que transitam por algumas
parques
cinemas dessas vias;
intalações comerciais
oficinas ou indústrias correios i) informar-se a respeito da existência de algum edi-
igrejas, etc. fício de valor histórico, relacionado com o passado da ci-
dade ou do bairro. Os aspectos históricos, por sua ex-
tensão, podem ser separados do estudo do meio e cons-
e) reunir esses dados e passá-los a limpo; resumir e tituir um projeto independente. Se, em vez disso, trata-se
interpretar a informação, descrevendo: de um bairro de urbanização recente, com uma história
e o tipo de bairro (industrial, residencial, comer- breve, pode-se incluir dados históricos no final. Uma
cial, bairro de cidade-dormitório, bairro antigo ou de equipe pode ser destinada para esse aspecto da investi-
+
96 MARIA TEREZA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 97
gação, realizando entrevistas com os antigos moradores ou dia, baixa, alta ou pluriclassista. Esta informação pode
em instituições que possam oferecer dados; ser complementada interrogando-se de igual maneira os
j) procurar informações a respeito das instituições membros das associações já mencionadas ou outras pes-
representativas da população existente no bairro, como: soas cuja opinião seja confiável, como professores das es-
associação de bairro, de pais, de comerciantes, clubes, colas ou comerciantes. O mesmo se pode dizer sobre a
movimentos juvenis, centros culturais. incidência de desemprego.
Entrevistar em grupos essas associações, averi- * Não foram incluídas atividades de estudo do cli-
guando: ma porque na maioria das vezes não temos meios de efe-
* que ação realizam no bairro; tivá-las. Os livros didáticos de Geografia costumam dar
* que propostas pretendem realizar no futuro; exemplos de como fazer esses estudos, trazendo, inclu-
* quais os problemas e carências do bairro, segundo sive, roteiros de observações que não requerem instru-
seu ponto de vista; mentos (sendo mais adequados para os alunos menores).
* que soluções reivindicam para solucioná-los, Também neste caso podemos fazer uma estimativa, ela-
Organizar um debate na classe sobre tais reivindi- borando, por exemplo, um acompanhamento da tempe-
cações e programas; ratura. Se a escola se encontra na capital, podemos tra-
k) resumir e organizar toda a informação recolhida. balhar com os dados publicados na seção meteorológica.
Expor os dados da maneira mais clara e compreensível,
completando-os com gráficos de diferentes tipos e, se 2) Relações econômicas de nosso meio que nos che-
possível, com fotografias. Apresentar o trabalho da for- gam através do estudo dos produtos que consumimos
ma que considerar adequada: apostilas, murais, audio- Idade: 11-12 anos, primário
visuais, exposições orais, etc. Objetivos
a) Conhecer a procedêncidos a produtos que consu-
mimos, comprovando que nosso meio está economica-
Observações mente ligado a diversos centros de produção.
b) Introduzir o estudo de outras regiões, partindo
* O estudo de um bairro fica bastante incompleto de nossa relação com elas.
se não incluir dados sobre as ocupações de seus habi- c) Realizar um exercício de observação da realidade
tantes e seu nível econômico. Não é fácil obter estes da- cotidiana.
dos com um método aceitável, se não contarmos com a Tempo: três ou quatro aulas.
possibilidade de determinar uma amostragem confiável.
Investigar as famílias dos alunos não nos dará cifras ver-
dadeiramente representativas, porque os alunos da es- Desenvolvimento
cola podem significar uma parcela acima ou abaixo da
média social, dependendo do caso. Pode-se fazer uma a) Durante um período de tempo não inferior a um
estimativa, por meio da opinião dos próprios alunos a mês, juntar todas as embalagens possíveis de produtos,
respeito de seu bairro: se é de classe trabalhadora, mêé- etiquetas, ou partes de embalagens, caso elas estejam
CO
passo foi responder individualmente o seguinte questio- cessário, a folha em duas com uma linha vertic
al e dese-
nhando duas cenas, comparando “quando
éramos pe-
et em que você se sente diferente nestes últimos quenos” e “agora”.
tempos? k d) Na reunião de pais, um grupo de alunos eleito
s
— comparando-se com os meninos mais novos, €x- especialmente apresentou “o livro" e explicou
seu con-
plique se você se vê ou se sente diferente e em quê: teúdo, resultando muitos dados em revelações
para os
em seu corpo; pais, e inclusive, surpreendentes. Outra possibilid
ade de
em seus jogos; apresentação do trabalho poderia ser diretamente atra-
com seus amigos; : vés do professor ou da classe inteira, cada um expli
cando
e em seu relacionamento com crianças do sexo sua página.
redação, um poema, uma colagem, um mural, uma his- — conflitos com os vizinhos por:
tória em quadrinhos. Tratar de que cada grupo escolha * reunir-se no portão, escada, calçada;
uma modalidade de expressão diferente. * fazer muito barulho;
Finalmente, expor os trabalhos e explicá-los. * como os adultos pensam sobre eles (adolescentes).
O trabalho pode ser encaminhado de diversas ma-
4) Dramatização sobre situações familiares, esco- neiras, dependendo das circunstâncias. As situações po-
lares e sociais dem ser espontâneas ou semipreparadas. No primeiro
Objetivos À caso, os passos devem ser os seguintes:
a) Possibilitar a expressão de seus conflitos e pontos a) coloca-se o conflito ou situação a ser dramati-
de vista em diferentes situações da vida cotidiana. zado, definindo suas circunstâncias;
b) Ajudar a que entendam problemas de uma ma-
b) o professor anota na lousa os personagens que
neira mais objetiva.
convém intervir, e os alunos podem corrigir e modificar
e) Dinamizar a participação do grupo na discussão.
ou acrescentar algum outro;
de determinadas situações ou conflitos.
Tempo: uma aula. c) para decidir quem intervirá,-recorre-se a volun-
tários e aos alunos propostos pelo grupo, ou o próprio
professor pode designá-los, se não houver resistência
Desenvolvimento manifesta e séria. Se há mais voluntários do que o neces-
sário, a cena pode ser dramatizada por mais de uma vez,
oferecendo variações;
São várias as ocasiões em que se pode fazer uma
dramatização e também as formas de prepará-las e de d) as mesas e cadeiras são dispostas em círculo e,
chegar até elas. no centro, o grupo designado improvisa a cena, o diálogo
Os temas sobre o adolescente e seus conflitos com os e as ações, atuando cada um de acordo com o perso-
adultos em diversos âmbitos prestam-se amiúde para ser nagem que representa e as circunstâncias combinadas.
representados e posteriormente discutidos. Exemplo: Antes de começar, podem completar com explicações
— discussões com os pais por: sua interpretação da situação;
horário de retorno à casa; e) para evitar o prolongamento de uma dramati-
problemas de estudo; zação para a qual não se encontra uma maneira de ter-
relacionamento com os irmãos; minar, é conveniente fixar previamente um tempo de
grupo de amigos; duração (cinco a dez minutos), pois não se trata de ver o
ordem e limpeza do quarto; desenlace das histórias, senão sua trama, seu conflito e
música; as diversas atitudes frente a ele. O limite de tempo tam-
— conflitos com os professores por: bém é conveniente para evitar o jogo histriônico de al-
º* notas; gum cômico nato;
º forma de tratá-los; f) analisar as atitudes representadas, discuti-las,
e forma de encarar as aulas; tentar comprendê-las, oferecendo variações mais acer-
112 MARÍA TEREZA NIDELCOFF
rapazes, nos quais é inculcada a idéia de que os homens Tempo: 10 a 12 aulas, trabalhando também: fora de
não choram. E assim se procedeu em cada caso. aula (fazendo pesquisas, passando a limpo os informes).
e) Baseando-se nas anotações recolhidas durante a Objetivos
reflexão e o diálogo, cada aluno se responsabilizou pela Além dos indicados especificamente para esta ativi-
redação de uma página do livro, página esta que foi lida
dade de produzir “livros” coletivos, este tema tem os se-
e aceita em classe e corrigida pelo professor, em sua parte guintes propósitos:
ortográfica. Após isso, cada aluno datilografou sua pá- * Promover o debate sobre a mulher e sua partici-
gina e, em alguns casos, agregaram-lhe desenhos ou re-
pação em diferentes aspectos da vida social;
cortes adequados. Outros intercambiaram tarefas: uns * Informar-se sobre o movimento feminista, suas
datilografaram em troca de que lhes fizessem seus de- principais correntes e suas reivindicações;
senhos. * Habituar-se a trabalhar em grupos.
f) Terminada a primeira parte do livro, iniciou-se a
segunda: notaram que apesar das limitações impostas,
Desenvolvimento
que foram vistas na primeira parte, nossas possibilidades
de liberdade ainda são amplas, podem crescer, mas po-
Este tema levanta muita polêmica e questiona mui-
dem também ser reduzidas e até mesmo perdidas. Os
tos costumes adquiridos, profundamente arraigados em
alunos responderam individualmente, por escrito, a estas
nossa educação mais precoce. A experiência nos mostra
duas perguntas:
que, muitas vezes, ao tratar-se de assuntos relacionados
* “De que forma um rapaz pode ir conquistando com a mulher e suas reivindicações, muitos rapazes de-
sua própria liberdade?”; monstram uma atitude verdadeiramente fechada e defen-
* “Que limites você põe em sua própria liberdade siva. Dessa maneira traduzem a atitude de seu meio e
por um sentido de responsabilidade?”. talvez a exacerbem, pois sua insegurança frente ao sexo
g) O professor resumiu as respostas a essas duas oposto, própria de sua idade, cresce diante da atitude
perguntas, organizando-as de maneira tal que pudesse combativa já adotada por algumas meninas nesse tipo de
priorizar na exposição as idéias mais expressadas pelos polêmica. Além disso, o questionamento do conceito
alunos. Esses resumos foram lidos, criticados e amplia- tradicional de mulher implica para eles em mudanças
dos em classe, com novas idéias. que aumentam sua insegurança e significam a perda de
h) Um grupo de voluntários datilografou e ilustrou certos privilégios de que ainda desfrutam em muitas fa-
as páginas. Foram acrescentadas também algumas char- mílias com relação a suas irmãs, como no caso dos horá-
ges sobre o tema, desenhadas por um aluno que tinha rios e divisão das tarefas do lar.
especial habilidade e prazer em fazê-lo. O “livro” foi fo- Ainda que seja boa a polêmica, considero que nosso
tocopiado e montado. papel seja o de conduzi-los à reflexão, questioná-los,
dando-lhes tempo para que possam amadurecer suas
2) “Amulher na atualidade” próprias idéias a esse respeito. Para tanto é importante
Idade: 22 série do ensino médio, 15-16 anos. que ampliem sua informação com leituras que lhes pro-
n8 MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 119
piciem novas perspectivas e dados sobre o tema. Mesmo * Elaborar uma pesquisa e passá-la a todos os alu-
assim, é necessário que o “livro” que produzem reflita nos da classe, onde se determinem quais as tarefas rea-
realmente a opinião da classe, que acolha as diferentes lizadas por cada membro da família “habitualmente”,
idéias expressadas ao longo do tempo em que se trabalha “com frequência”, “algumas vezes” ou “nunca”.
no projeto. e Fazer a tabulação e redigir as conclusões, compa-
a) Trabalhando em grupos, preparar resumos de rando as tarefas realizadas pela ''mãe”, pelo “pai”, “fi-
diversos capítulos, de acordo com os grupos, do livro Las lhos”, “filhas”, “outros habitantes de casa do sexo mas-
mujeres en busca de um nuevo humanismo, de Mont- culino” e “outros habitantes de casa do sexo feminino”.
serrat Roig, Temas Clave, nº 60, da Editorial Salvat, que e Analisar separadamente os lares em que a mãe
pode funcionar como base do trabalho na primeira etapa trabalha fora e os lares em que não trabalha.
de informação. Logo eles poderão trazer para o grupo e Comissão B: “A mulher no ensino secundário”.
utilizar a bibliografia que quiserem sobre o aspecto que Atividades: verificar nas escolas de ensino secun-
lhes haja correspondido investigar. dário do bairro ou localidade a participação da mulher,
b) Cada grupo irá expor para a classe o resumo que observando que.proporção destas há entre:
houver elaborado, * os cargos diretivos;
c) As experiências serão seguidas de um debate e o corpo docente;
serão tiradas as conclusões. Um grupo escolhido fará o pessoal administrativo;
anotações sobre estes comentários e conclusões. o pessoal de limpeza;
d) O mesmo grupo que tiver feito as anotações redi- zeladores;
girá um rascunho do primeiro capítulo de nosso livro: os alunos de colegial;
“Comentários e perguntas que nos suscitou a leitura do * os alunos de diferentes áreas de cursos de forma-
livro Las mujeres en busca de un nuevo humanismo, de ção profissional.
Montserrat Roig'. Esse rascunho será apresentado em Tirar as conclusões correspondentes.
classe e por ela corrigido, dando-lhe a forma definitiva. Comissão C: “A mulhere o trabalho”.
Dessa forma termina a primeira parte do trabalho, cujo Atividades: verificar entre as famílias de seu próprio
objetivo é proporcionar informação e levantar questões meio (a sua e as dos cinco vizinhos mais próximos) que
sobre o têma. proporção de mulheres tem um trabalho remunerado,
e) Organizar grupos que atuarão como comissões, em que consiste esse trabalho e se o salário é superior,
cada um deles encarregado de procurar informações so- igual ou inferior ao que recebe o homem ou os homens da
bre um aspecto de A situação atual da mulher em nosso mesma família. Revendo sua vida cotidiana, fazê-los ob-
meio. Ainda que os temas variem em cada caso, uma vez servar as mulheres que encontram exercendo um ofício ou
que dependem de como tenha sido encaminhada a dis- profissão: quem dirige o ônibus ou metrô que os leva à es-
cussão na primeira parte, podem ser propostos os se- cola, se têm professores ou professoras, quem atende nas
guintes: lojas que frequentam, os quiosques ou bares, quem cha-
Comissão A: “A mulher e o trabalho nolar”.. “mam (homem ou mulher) quando ocorre algum defeito
Atividades: nas instalações de água, luz, gás ou telefone, se vão a um
120 MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 121
médico ou médica quando estão doentes, quem dirige o * Em sua casa exigem as mesmas coisas de uma fi-
culto no templo ou igreja, etc. lha que de um filho, em matéria de horário, amigos, se-
Ordenar os dados, tirar conclusões e elaborar um xualidade, trabalhos domésticos, ou não? Por quê?
informe. Restam outros assuntos que poderiam ser incluídos
Comissão D: “Mulher e publicidade”. se fosse possível formar mais comissões, como a partici-
Atividades: pação da mulher em cargos de responsabilidade ou sobre
e Acompanhar a programação de televisão durante sexualidade.
alguns dias, em horário de grande audiência, e observar f) Cada comissão irá expor um informe que será
a presença da mulher nas propagandas, descrevê-las e
debatido. O professor anotará as conclusões por maioria
analisá-las com a ajuda do professor. e por minoria.
e Descrever os out-doors de seu bairro, em quantos g) Cada comissão fará a redação final de seu capí-
tulo, incorporando as conclusões finais do debate e abar-
deles a mulher é protagonista, e junto a que conteúdos.
De igual maneira, reunir anúncios de revistas e ana-
cando tudo o que sua imaginação lhes sugerir para tor-
nar a leitura o mais agradável possível. Com todo o ma-
lisá-los.
terial produzido, se montará o livro.
Esta comissão necessitará de mais auxílio do pro-
fessor que outras.
Comissão E: “O que pensam as mulheres de si mes-
”
mas
a produzir do interior de sua intimidade imagem de si mesmos condicionada pelo domínio dos
a suculência dos frutos. brancos. Situar o poema neste contexto, observando que
se coloca a questão: quem somos nós, os negros?
(Extraído de La poesia negra africana, Santiago, Edi- d) Ler mais atentamente o poema, analisando verso
ciones Nueva Universidad, 1971, pp. 12-15; Braudel
Fernand, Las civilizaciones
bor verso, captando a contraposição que o autor faz do
actuales, Madri, Editorial
Tecnos, 1969, p. 142.) papel histórico dos negros no passado com o dinamismo
e a força das imagens com que ele se refere à negritude,
a) A leitura deste poema é apropriada para a con- ressaltando a declaração da ruptura de uma prostração
clusão do tema da descolonização da África, mas tam- secular (“perfura”, “prostração”, “paciência tensa”).
bém possibilita a introdução ao debate da situação atual Relacionar o terceiro fragmento com a definição que
dos negros com relação à sociedade branca nos Estados o autor dá de “negritude”,
Unidos ou Africa do Sul, por exemplo, ou ao tema do e) O poema pode dar margem a outras atividades
racismo em geral. O primeiro passo é, naturalmente, a relacionadas com o tema, como redações, colagens de
Jeitura do poema, do qual foram selecionados três frag- recortes de jornais, etc,
mentos.
b) A partir da compreensão global de seu conteúdo, B) Poemas de Miguel Hernández: “Sentado sobre
introduzir a explicação do conceito “negritude”, que o mortos”, “Rosário, dinamiteira” e “Canção do esposo
próprio Aimé Cesaire definiu nestes termos: soldado”.
Esta atividade está incluída no tema da guerra civil
“Partindo da consciência de ser negro, o que im- espanhola, porém também pode ser relacionada com ou-
plica em assumir seu destino, sua história, sua cul-
tros temas, como o da paz.
tura, a negritude é um mero reconhecimento desse
O trabalho sobre os poemas tem, neste caso, como
fato e não comporta nem racismo nem renegar a objetivo, aproximar-nos de uma testemunha partici-
Europa, ou outra exclusão, mas, pelo contrário, pante da guerra civil, um homem comprometido que ex-
uma fraternidade entre todos os homens. Existe, pressa passionalmente suas convicções, sua imensa dor.
não obstante, uma solidariedade maior entre os ho- Captar, precisamente, os sentimentos que vão brotando
mens de raça negra; não em função de sua cor mas de acordo com diferentes avatares da guerra, é o que se
sim por uma comunhão de cultura, história e tem-
procura com a análise a seguir.
peramento”.
(Extraído da introdução de Luis López Alvares ao livro
de Aimé Césaire, Poemas, Barcelona, Plaza y Janes, Desenvolvimento
1979, p. 11.)
vejam-na agitando seu alento * leitura em voz alta, detalhada, explicando verso
e soltem as bombas ao vento por verso o conteúdo do poema, trabalhando em con-
d'alma dos traidores. junto;
* contrapor os sentimentos que inspiram o filho
que espera e a mulher com os sentimentos que inspirava
Questionário-guia para a análise individual:
a guerra em poemas anteriores;
* explique quem era Rosário, onde lutava, que mis- * aprofundar o conteúdo de:
são cumpria.
“Deixarei em tua porta minha vida de soldado
º calcule quantos anos teria hoje, compare sua vida sem presas nem garras”,
com a de outras mulheres de sua idade que conhece. “E preciso matar para continuar vivendo”,
* reveja os textos consultados para o estudo da “Para o filho será a paz que estou forjando”.
guerra civil e localize em que etapa da luta Rosário par-
ticipou, de acordo com o texto.
CANÇÃO DO ESPOSO SOLDADO
|
* descreva como a imagina na batalha, de acordo
com o que diz Miguel Hernández sobre ela. Povoei teu ventre de amor e sementeira,
* quais são os sentimentos do autor com respeito a prolonguei o eco de sangue ao qual respondo
essa jovem? e espero sobre o sulco, como o arado espera:
* em que se assemelha com a poesia anterior? Há cheguei até o fundo.
alguma mensagem para os homens que lutam no front?
Qual?
Morena de altas torres, alta luz e altos olhos,
g) Comparando ambos os poemas e dialogando
esposa de minha pele, grande trago de minha vida,
com a classe em conjunto, procure situar Miguel Her-
teus seios loucos crescem em minha direção dando
nândez dentro destas possíveis atitudes na Guerra Civil:
* testemunha cética; saltos
de cerva concebida.
º participante forçado de uma facção;
* militante comprometido com a causa da Repú-
blica; Sinto que és um cristal delicado,
temo que te rompas ao mais leve tropeço,
“
Por sobre os ataúdes ferozes à espreita i) Baseando-se no poema anterior, coloque em de-
por sobre os próprios mortos sem remédio e sem bate as questões:
fossa e Como era o verdadeiro Miguel Hernández? (re-
te quero e quisera beijar-te com a alma toda tomar o item g),
até o pó, esposa. e Como influíam nele as cireunstâncias que estava
vivendo?
Quando junto aos campos de batalha em ti pensa 3) Aprofundar o sentido dos versos:
minha fronte que não esfria nem aplaca tua imagem, “Nascerá nosso filho com o punho fechado,
te aproximas de mim como uma boca imensa envolto em um clamor de vitória e violões”.
com faminta dentadura. Comparar esta esperança de vitória com o desenlace
da vida do próprio poeta e o fim da guerra civil, Ler,
Escreve-me, vê-me na trincheira: para completar esta comparação, o seguinte [fragmento
aqui, com o fuzil teu nome evoco e contemplo, de Rafael Alberti (Entre o cravo e a espada, 1939-1940).
e defendo teu ventre de pobre que me espera,
e defendo teu filho.
O soldado sonhava, aquele soldado
de terras interiores, obscuro: —Se vencermos,
Nascerá nosso filho, com o punho fechado,
eu a levarei para ver as laranjeiras,
envolto em um clamor de vitória e violões,
e deixarei à tua porta minha vida de soldado
para tocar o mar, que nunca viu
para que seu coração se encha de barcos,
sem presas nem garras.
Mas veio a paz, E era uma oliveira
de interminável sangue sobre o campo.
É preciso matar para continuar vivendo.
Um dia andarei à sombra de tua cabeleira distante, (Antologia poética, Madri, Alianza Editorial, 1983,
e dormirei no lençol com goma e espanto p. 165.)
cosido por tuas mãos.
k) Dividindo-se em grupos, optar por alguma des-
Tuas pernas implacáveis diretas vão ao parto,
tas formas de expressão:
e tua implacável boca de lábios indomáveis,
* pintar ou desenhar murais inspirados nos poemas;
e frente a minha solidão de explosões e fendas * fazer redações: “Um poeta na Guerra Civil”;
percorres um caminho de beijos implacáveis.
e fazer reportagens imaginárias: “Um jornalista
estrangeiro entrevista Miguel Hernândez em 1937”;
Para o filho será a paz que estou forjando.
* viagem imaginária ao passado: “Eu em 1937”;
mar
por exemplo
um homem é esperto*
quando consegue milhões por telefone
e sonega consciência e impostos
e adquire uma boa apólice de seguros
para receber quando alcance os setenta
e seja o momento de viajar em excursão a capriea
paris
e consiga violentar a gioconda em pleno louvre
com a vertiginosa polaroid (*) O autor usa a expressão “un hombre es/está
listo”, que em es-
panhol tem duplo sentido. (N. T.)
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 145
e) Participação do resto da classe, através de per- b) Os mesmos que no caso anterior, com relação ao
guntas aos representantes das diferentes posições e de- desenvolvimento de atitudes apropriadas no diálogo e no
bate geral. debate.
f) Terminado o debate, diálogo intercambiando
pareceres a respeito do desenvolvimento da atividade em
seu conjunto, avaliando-a. Desenvolvimento
g) Redação individual: “Minhas idéias sobre o ser-
viço militar”. a) A atividade se desenvolveu relacionada com o
tema de História: “Situação do proletariado no século
Observações passado”. Organizaram-se em grupos para ler os se-
guintes textos:
As mesas-redondas em combinação com o debate * cópia de um recorte da imprensa a respeito da
são um recurso de utilização frequente, podendo ser
polêmica em torno da reivindicação, por parte de jovens
preparadas de várias maneiras, mas é conveniente levar do sexo feminino, do direito de serem contratadas nas
em conta os seguintes pontos: minas;
* garantir uma etapa prévia de informações sobre o e “Da mina sai seu mineral e do poço, seus servos
que vai ser discutido: (...) bandos de jovens, ai! de ambos os sexos, embora
* combinar a discussão em grupos pequenos (como nem sua roupa nem sua linguagem indiquem a diferença;
preparação) com o debate em conjunto, para promover todos levam vestimentas masculinas e promessas, que po-
a
participação de todos; deriam estremecer os homens, brotam de lábios nascidos
* incluir, no final, uma auto-avaliação das atitudes para pronunciar palavras doces. Contudo, elas serão —
e da participação: algumas já o são — as mães da Inglaterra.
* fazer com que ocorra um momento de reflexão (...) Despida até a cintura, uma moça inglesa, du-
individual, no início (alguns minutos para a anotação de rante doze e às vezes dezesseis horas diárias, puxa, com a
idéias sobre o assunto em questão); ou no final (expres- ajuda das mãos e dos pés, uma corrente de ferro que,
sando suas opiniões, resumindo os conceitos fundamen- presa a um cinturão de couro, corre entre suas pernas
tais, enumerando as questões esclarecidas, etc). forradas de calças de lona para transportar tinas de car-
vão...” (Disraeli, “Sybil”, 1845);
2) Debate: E correto que as mulheres sejam mi- º “Na Bélgica, em 1876, um decreto real proíbe o
neiras? trabalho, nas minas, dos meninos menores de 12 anos e
Idade: 22 série do ensino médio, 15-16 anos. das meninas menores de 14.” (Pierre Leon; Historia eco-
Tempo: uma ou duas aulas. nómica y social del mundo);
Objetivos e “Proibição do trabalho aos meninos menores de
a) comparar uma reivindicação atual da mulher nove anos e de todo trabalho pouco higiênico ou con-
com reivindicações do movimento operário no século trário aos bons costumes para as mulheres.” (Programa
XIX. do Partido Socialista Operário Espanhol, 1879);
152 MARIA TEREZA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA
153
* na Grã-Bretanha “o Mining Act de 1842
proibiu consciência das diferentes maneiras de vê-lo, e a ampli
o trabalho das mulheres e meninos menores ar
de 10 anos sua informação. Considero
nos trabalhos subterrâneos”. De acordo com que as votações têm os se-
um informe guintes inconvenientes:
de 1866: “desde 1842, as operárias trabalham,
ainda que * Propiciam o fechamento
não mais debaixo da terra, mas na superfície, em posições mais rí-
carregando gidas, ainda que não vejam as coisas muito claras
vagonetes, etc., levando e trazendo as ;
cubas aos canais, * Forçam a definição sobre temas com os quais
puxando os vagões, crivando o aca-
carvão, etc. São em sua bam de entrar em contato, sem tempo suficiente
maioria mulheres, filhas e viúvas de para
mineiros, que variam realizar um processo pessoal de amadurecimento.
entre os 12 e 50 ou 60 anos”. “Nós, Por
operários mineiros, isso creio que sempre devemos fazê-los sentir
sentimos respeito demais Pela mulher que não
para poder vê-la acontecerá nada se mudarem de opinião,
condenada ao trabalho das minas. Trata que pode ser
-se, em sua maior índice de maturidade. Isso não exclui à votaç
parte, de
trabalhos árduos. Muitas dessas moça ão de temas
s le- cujas problemáticas os atinjam
vantam até 10 toneladas por dia.” “É um trabalho diretamente e ante os
(o das quais devam assumir uma posição para resolv
minas) para homens fortes.” (Citado por Karl er um pro-
Marx em blema: temas relacionados com a escola, suas
O Capital). relações
b) O tema foi discutido pelos grupos. Escol com os professores, organização de atividades,
etc.
heu-se
então um porta-voz que expressou a opini
ão de seu grupo
sobre se é conveniente ou não admitir
o trabalho de mu-
3) Dramatização: “As classes sociais na Revolução
lheres nas minas. Francesa” :
c) Debate generalizado sobre o tema,
Idade: 22 série do ensino médio.
durante o
qual o professor ia tomando nota no quad Duração: uma aula.
ro-negro dos
argu mentos que iam surgindo, a favor ou Objetivos
contra.
d) Resumo oral dos argumentos. Avali a) Esclarecer a participação e os interesses das dife-
ação do de-
bate. rentes classes no processo revolucionário.
e) Individualmente fizeram uma redação b) Vivenciar uma experiência dos conflitos de classe
das pró-
prias conclusões sobre a pergunta em discu que se dão na História.
ssão.
Observação
Desenvolvimento
Dentro do possível, não me parece convenie
nte in-
cluir votações, nestes debates, que implique
m tomadas de
posição bastante comprometedoras, a) Quando foi posta em prática esta atividade, os
porque o objetivo
não é definir a classe em um ou outro senti alunos já haviam completado e corrigido um roteiro de
do, mas co- estudos
locar os alunos em situação de ter que sobre a Revolução Francesa, no qual uma das
buscar argu-
mentos para fundamentar suas opções, perguntas se referia à falta de conformidade, por razões
expressar pontos
de vista, ajudá-los a esclarecer o prob diversas, dos diferentes estratos sociais, no início do pro-
lema, tomando
cesso revolucionário francês. Haviam lido e anali
sado
154 MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 155
também um “Livro de queixas” contendo reivindicações Num primeiro momento dividiu-se a classe em se-
de camponeses: tores, personificando cada setor em:
* aristocracia
e alto clero;
* Que todos os impostos sejam pagos pelas três or- º burguesia;
dens, sem exceção, cada uma segundo suas possibi- * classes populares urbanas;
lidades econômicas. * camponeses, alguns com terra, outros sem pro-
º Que haja uma única lei para todo o reino. priedade.
* Supressão total de todas as taxas e impostos. b) Cada setor caracterizou oralmente seu grupo,
e Isenção de impostos para todas as feiras e mer- expressando como eram seu modo de vida, suas ocu-
cados e abolição de todos os pedágios. pações, seus privilégios, seus deveres e obrigações.
º Supressão de toda ordem de décima" em vigência. c) Cada grupo redigiu um “Livro de queixas”, ou
* Extermínio dos pássaros, que provocam muito seja, sua própria lista de reivindicações, de acordo com
prejuízo, tanto durante a semeadura como em tem- seus interesses.
po de colheita. d) As reivindicações foram expostas, escritas na
* Que o direito de propriedade seja sagrado e invio- lousa, de forma que pudessem ser vistas por todos.
lável. e) Cada grupo simulava que a classe a qual estava
* Que a justiça seja aplicada com mais rapidez e representando tomava o poder e arrolava as medidas que
menos parcialidade. tomaria em função dessas reivindicações. As demais
* Abolição total das corvéias,” de qualquer classe. classes sociais reagiam com queixas ou oposições, na me-
* As paróquias necessitam de um vigário, tendo em dida em que lesavam seus interesses. Assim puderam ver
conta a distância de algumas fazendas; também como às vezes, dois estratos sociais se reuniam para opor-
precisam de um professor e uma professora para a se a determinadas medidas. Viram também como ha-
educação dos jovens. viam interesses irreconciliáveis.
* Que todos os padres sejam obrigados a realizar 9) Depois foi a vez da “burguesia” tomar o poder e
todas as funções de sua atribuição sem exigir ne- negociar com os representantes da nobreza e do povo, as
nhuma retribuição. reivindicações (da lista, elaboradas no início) que pode-
riam ser outorgadas e as que não poderiam ser aten-
(Citado em Materiales para la clase, Grup Germania-75,
Editorial Anaya.) didas por serem inconvenientes a seus próprios inte-
resses. Viram então, como os setores populares podiam
se unir à burguesia contra a aristocracia, mas logo se de-
Essa dramatização tinha o caráter de atividade final
paravam com interesses antagônicos a ela. Os membros
do tema.
da “burguesia” deliberavam e apagavam da lousa aquilo
gue não aceitavam, restando, finalmente, apenas o pro-
(13) Décima: imposto que abrangia a décima parte de um rendi-
mento.
grama que concediam.
(14) Corvéia: trabalho gratuito prestado pelo camponês ao seu se- g) Foi lida a “Declaração dos Direitos Humanos”
nhor ou ao Estado. chamando a atenção para os artigos aonde podiam ser
156. MARÍA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 157
Observação
À propósito destas atividades é conveniente recordar
que objetivos atribuímos às Ciências Sociais dentro do
O rádio é um meio de comunicação que ultima- currículo que os planos de estudos propõem para os ado-
mente está fazendo interessantes experiências de partici
-: lescentes.
pação dos ouvintes com suas opiniões, denúncias e con- Poderíamos sintetizá-los da seguinte maneira:
sultas. Há diversos esquemas de participação e as emis-
a) Adquirir uma informação mínima para:
soras concorrem na busca de programas mais dinâm
icos, * compreender as principais características da épo-
participativos e abertos à problemática social. Muitos
de ca atual e sua origem; :
seus esquemas podem ser levados à classe numa
espécie * compreender a relação do homem com o meio.
de “brincar de rádio”, que os faça afrontar a infor
mação b) Adquirir um senso de observação das atividades
sobre um assunto, de maneira divertida e ativa.
Outra humanas e dos fatos contemporâneos, que os introduza
possibilidade, é substituir a clássica monografia sobre na atitude de pensar criticamente a partir da observação
um tema pela criação e gravação em fita de um suposto da realidade.
programa de rádio, com o modelo de funcionamento
es- ec) Adquirir métodos e técnicas de trabalho intelec-
colhido pelos alunos.
tual que possam ser aplicados à capacidade de informar-
se a partir de diferentes fontes. Temos por hábito acre-
ditar de que é na escola, e mais especificamente dentro do
ciclo de ensino obrigatório, onde estes objetivos deveriam
ser cabalmente efetivados. Daí nossa angústia se, por fal-
ta de tempo, não conseguimos desenvolver este ou aquele
tema. Não obstante, é absurdo pensar que nesta idade
irão adquirir toda a informação que necessitam como ci-
dadãos para se instrumentarem de forma crítica e cons-
160 MARÍA TEREZA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 161
ciente em nossa sociedade
, Por outro lado, é eviden
Os conteúdos informativos te que Com estas crianças também devemos evitar que o
são esquecidos, basta ver o
lembram do Programa que ritmo de trabalho seja sufocante, que se. a pois
de História da série ant
experiência nos leva à obs eri or. A rendo” por inúmeros temas, sempre pesa a se
ervar que, em compensação, relógio. É dmponente foi Ce
que permanece são: o
* as descobertas que ten icação do que foi estudado, r ti
ham feito por si mesmos, ga cep E um mau sintoma omitir o
altamente motivados;
atividades (insisto principalmente no caso dos mec E
* as grandes linhas de evo
lução e mudança (se hou vos, de 11-12 anos) e devido à ansiedade de a e
vermos trabalhado de man -
eira que as possam ter prazo e a programação, passar para novos mo a e
bido em lugar de intoxicá-los com perce-
datas, fatos e cif
ras): ter tomado o cuidado de assentar e aprofun E a E
* os conceitos muito riores. Também considero negativo apito a
investigados e repetidam
usados; ente
i ir um projeto que nos pare ;
* os hábitos e técnicas gras agir de novas aprendizagens, po
de trabalho que tenham
adquirido: se introduzido subtrairá tempo para o E
* o gosto pelo saber ou, inf neiro deste ou daquele tema da pres rosado oficial.
elizmente, a resistência a
ele. Assim, recaímos em um assunto já visto: um e
Tudo isto é ainda mais ativo, motivador, desenvolvido num ambiente asrad ea
importante para os men
que iniciam um aprendiza inos e não neurotizante implica esiago os cones a e
do sistemático e formal
disciplinas, nas últimas destas implificá-los. Ao invés disso,
séries da escola primária,
aproximada mente 11 anos. Neste caso, com sairia ds levar à extensão e profusão de dadas =
ver os objetivos enunciados não se trata de
como um fim a ser alcanç não tomarmos o cuidado de selecionar a me e
ado nos proporcionam. A necessidade de revisar ospe pdoe
e adaptá-los à realidade de nossa escola o pe a
lhar com a programação de maneira coordenada a
outros companheiros do mesmo nível. cor oca
também é imprescindível para elaborar “ma progr
mação de técnicas que devam ser adquiridas M
* interpretação de mapas (orientação, escalas, sim
informação social e Políti
ca, de muita transcendênc
seu processo de amadureci ia em
mento. E interpretação e elaboração de gráficos de diversos
No caso dos alunos mais nov tipos e de dados estatísticos simples; à ola
os do conjunto ao qual
se refere este livro, trata-
se fundamentalmente º a análise de testemunhos de diversos tipos;
Possibilitar experiências de lhe
cuja realização realmente * interpretação de informação escrita; 7.
sam desfrutar, o que abr pos-
irá boas Possibilidades * preparação ordenada e eficaz dos SERRA de es-
aprendizagens posteriores. par a
tudo (anotações, resumos, esquemas, sinopses);
MARIA TEREZA NIDELCOFF
CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 163
* experiência de trabalho em grupo e de partici-
pação em assembléias e debates. tulos e intercalar entre os desenhos outras folhas com
A programação em conjunto pressupõe o estabele- subtítulos e alguma frase conveniente. :
cimento de uma gradação de níveis de complexidade *) Confeccionar a “televisão”
em que será visto o
crescente em cada uma destas capacitações e atividades filme, com uma caixa revestida de papel escuro, no fun-
repetitivas de aplicação das mesmas. do da qual se instalarã um soquete com lâmpada. Na
parte dianteira, fazer lateralmente, em cima e em baixo,
1) Um filme com desenhos dois furos nos quais passarão cabos de vassoura onde se-
Idade: 11-12 anos.
rão colados os dois extremos do “filme” que será enro-
Tempo: cinco ou seis aulas. lado neles. Girando os cabos passará todo o filme pin-
tado pela “televisão”.
Objetivos
a) Revisar de uma maneira divertida e ativa a in- f) Cada aluno redigirá o roteiro de seu tema que
formação sobre uma região que tenha sido estudada. acompanhará cada cena.
b) Aprender a construir objetos que nos propor- g) Gravar o roteiro com música típica da região. Os
cionem satisfação, utilizando materiais muito simples ou alúnos deverão definir a forma de efetuar a gravação, se
descartáveis. com a participação de todos ou escolhendo um grupo
É para fazê-lo.
h) A “projeção” exige um certo ensaio, para ir pas-
Desenvolvimento
sando os desenhos de forma sincronizada com o texto
gravado.
a) Escrever na lousa todos os temas propostos pelos
alunos para que sejam incluídos no “filme”, sobre o re-
levo, clima, atividades humanas, folclore, etc., da região Observações
O e
em questão.
b) Repartir os temas de forma que façam uns vinte * Esse procedimento, que foi empregado também
desenhos. Os alunos, ou alguns deles, farão um rascunho para temas sobre o meio, países e biografias é, natural-
E
do projeto do tema designado para representar, por mente, uma atividade para alunos bem pequenos.
exemplo: um desenho que expresse ser uma região de * Estas atividades podem ser coordenadas com Ar-
chuvas abundantes. Discutir os projetos com o professor, tes Plásticas, o que também permite empregar mais tem-
incorporar sugestões deste ou dos demais companheiros. po nelas. O mesmo pode ser feito com os murais de que
c) Fazer o desenho definitivo em papel transparente falaremos a seguir.
e pintá-lo com canetas hidrográficas, tinta ou lápis de e Uma variação dessa atividade é fazer os desenhos
' em cartolinas e fotografá-los em diapositivos, fazendo
cera, com cores vivas.
i com eles uma montagem audio-visual.
d) Colar todos os desenhos, um em seguida do ou-
tro, na ordem estabelecida, numa longa tira que cons-
tituirá o “filme”. Colocar no início a apresentação 2) Murais coletivos
e tí- h Idade: 11-12 anos.
164 MARIA TEREZA NIDELCOFF CIÊNCIAS SOCIAIS NA ESCOLA 165
e) Definir a segiiência das tiras e começar a dese- As roupas podem ser fixas, unidas ao boneco defi-
nhá-las, repartindo os personagens, de modo que haja a nitivamente, ou este pode ter uma roupa básica, de qual-
maior continuidade possível nos traços. Escrever os tex- quer pano, sobre a qual seja possível pôr os trajes apro-
tos. priados ao tema em questão.
f) Montar as “revistas” e intercambiá-las com os O teatrinho pode ser improvisado com cadeiras e
demais grupos. um lençol. Neste caso, não é possível pensar em telões de
fundo de cena. Mas se a escola dispuser de um teatro de
marionetes, coisa acessível, pode-se trabalhar com telões
Observação de cartolina, representando um fundo adequado.
Preparação do material
* que os trabalhos tenham uma redação pessoal e b) é também o momento, se não o sabem fazer, de
exprimam um verdadeiro manejo da bibliografia consul- que aprendam a citar e a confeccionar fichas resumindo
tada; a informação ou citando-a textualmente:
* que se reduza a extensão e profusão de dados em c) selecionar dados e organizá-los em fichas, orien-
função de uma maior clareza e uma verdadeira assimi- tando-se pelos pontos ou perguntas do roteiro, separando
lação da informação selecionada; as fichas em três tipos:
* que os alunos saibam explicar e expor o conteúdo * fichas com os temas do roteiro, como título, co-
do trabalho, caso lhes seja solicitado, demonstrando um piando ou resumindo informação, devidamente citada:
domínio do tema sobre o qual escreveram; * fichas com novos títulos, que não haviam sido
º* se o objetivo é que os alunos adquiram um mé- previstos ao redigir-se o roteiro, contendo informações
todo adequado para abordar um tema e/ou realizar o sobre aspectos do tema em questão;
aprendizado de uma informação determinada, é conve- e fichas com opiniões pessoais ou perguntas que
niente que sejam feitas somente as monografias que o vão surgindo à medida que se lê e se trabalha.
professor possa corrigir, comentar com os alunos as cor- 4) Organização do fichário: uma vez concluída à
reções efetuadas e voltar a corrigi-las, uma vez que te- consulta bibliográfica, ordenar o fichário confeccionado,
nham sido feitas as alterações sugeridas, refeito o que de acordo com os temas e subtemas iniciais e os que fo-
não estiver claro, retificados os erros e reapresentado o rem se acrescentando. Este é outro momento de consulta
trabalho, com melhor qualidade. Os passos sugeridos e trabalho conjunto com o professor, que pode ajudar a
para dirigir a realização de uma monografia são os se- ordenar as fichas, sugerir subtemas e distinguir o caráter
guintes: dos textos: colocações gerais ou questões particulares,
1) aproximação do tema e exploração de suas dificul- enfoques descritivos e compressivos ou enfoques polê-
dades e possibilidades, por meio de uma introdução oral micos, dados mais antigos e outros mais atualizados,
do professor (no caso de todos os alunos trabalharem so- afirmações ou colocações de problemas, conclusões, hi-
bre o mesmo tema) ou de uma leitura do material mais póteses...
simples e geral de que os alunos disponham, como por 5) Elaboração do roteiro definitivo.
exemplo, o material escolar; 6) Após adquirir bastante desenvoltura no manejo
dos dados recolhidos nas fichas, para cada tema, ela-
2) elaboração de um questionário ou roteiro sobre o
borar um esquema-base de cada ponto do roteiro. Trata-
qual se irá trabalhar. Comentá-lo com o professor, que”
se de outro momento em que se requer a consulta e orien-
sugerirá as modificações que considerar necessárias, de
tação do professor.
forma que as questões ou pontos fiquem claramente
7) Redação ponto por ponto, tomando em conta o
enunciados ou compreendidos;
esquema prévio.
3) pesquisa da informação; 8) Leitura e autocorreção do trabalho.
a) se os alunos não têm o hábito de frequentar bi- 9) Elaboração de um capítulo final que leve neces-
bliotecas, é o momento de aprender a manusear os fi- sariamente a dominar e ponderar a informação com a
chários e de procurar neles a bibliografia; qual se trabalhou; por exemplo: tirar conclusões pes-
172 MARÍA TEREZA NIDELCOFF
Sobre a autora