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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE
GESTÃO DE OBRAS

Aluno:

EaD - Educação a DistânciaPortal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE
GESTÃO DE OBRAS

MÓDULO IV

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do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO IV

17 ORÇAMENTO

A importância da realização de um orçamento preciso corresponde a


possibilidade direta de uma empresa obter lucro ou prejuízo em uma obra,
principalmente quando faltam critérios técnicos e econômicos mínimos para a sua
elaboração.
Pelo fato de ser uma das principais responsabilidades quanto ao sucesso ou
fracasso de um projeto, o orçamento deve ser desenvolvido de forma bastante
criteriosa.

FIGURA 76 - ORÇAMENTO

FONTE: Disponível em: <http://www.ondepoupar.com/wp-


content/uploads/2012/01/or%C3%A7amento-familiar.jpg>
Acesso em: 23 jan. 2013.

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Em uma visão tradicional, um orçamento é uma previsão ou estimativa do
custo de uma obra. O custo total da obra é o valor que corresponde à soma de todos
os gastos necessários para a sua execução.
Um orçamento corresponde a uma avaliação, previsão ou estimativa do
custo de obra ou de serviço a ser executado, por meio de quantificação de insumos,
mão de obra ou equipamentos relacionados à obra, o tempo de duração do
empreendimento e como consequência, será obtido o preço da obra (GONZÁLEZ,
2007).
Na participação de uma concorrência, o preço proposto pelo construtor não
deve ser nem tão baixo a ponto de não permitir lucro, nem tão alto a ponto de não
ser competitivo na disputa com os demais proponentes.
Há sempre a possibilidade de duas ou mais empresas chegarem a
orçamentos distintos, porque distintos são os processos teóricos utilizados, a
metodologia de execução proposta para a obra, as produtividades adotadas para as
equipes de campo e os preços coletados, dentre outros fatores.
O que é importante destacar é que o orçamento deve refletir as premissas
da construtora, constituindo-se em uma meta a ser buscada pela empresa.
Os documentos integrantes do estudo do orçamento servem como
importante fonte de informação para a preparação, organização e execução dos
trabalhos. Muitas vezes o volume de informações para um determinado caso pode
ser bastante complexo, exigindo o registro de uma série de informações interligadas,
que fazem parte de todo o processo de execução até entrega do trabalho.
Os orçamentos são as formas de saber quanto custa uma obra ou projeto.
Tem o mesmo sentido de previsão, sendo o ato de estimar uma situação futura, com
base em uma análise presente, com o objetivo de alcançar uma nova situação
projetada.
No caso da Construção Civil, uma obra é uma atividade econômica, na qual
o aspecto custo possui especial importância. O orçamento possui uma proposta do
custo de uma obra, apresentada por uma empresa para a prestação de um serviço
solicitado.

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Para entendimento geral de todos os passos que se deve percorrer para o
desenvolvimento de um orçamento, deve-se ter em conta uma série de aspectos,
conforme o fluxograma apresentado abaixo.

FIGURA 76 - FLUXOGRAMA PARA ELABORAÇÃO DE UM ORÇAMENTO

FONTE: (MATTOS, 2006).

17.1 DEFINIÇÃO SINTÉTICA DE ORÇAMENTO

É a completa discriminação dos custos e serviços para a realização de uma


obra de Construção Civil.

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Os principais elementos de um orçamento (TISAKA, 2006) são:

 Projeto;
 Caderno de encargos;
 Medição;
 Quantificação;
 Memória descritiva;
 Serviço simples;
 Serviço composto;
 Mapa de Trabalhos;
 Mão de obra;
 Materiais (insumos);
 Composição de custos;
 Composição de preços;
 Preço de venda.

17.2 PROJETO

Definição do plano geral para edificar, incluindo a informação específica para


a concretização.

17.3 CADERNO DE ENCARGOS

Documento de um projeto no qual se enumera as obrigações das partes e


condições técnicas para a execução da obra.

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17.4 MEDIÇÃO

Determinar quantidades de material, mão de obra e máquinas a aplicar em


uma determinada obra. A medição gera documento em que constam os materiais e
serviços necessários para um trabalho e que servem para fazer o estudo do
orçamento.

17.5 QUANTIFICAÇÃO

É a etapa em orçamentação em que são levantadas as quantidades de


serviços de obra a executar, por meio do registro da medição.

17.6 MEMÓRIA DESCRITIVA

Documento que contém todas as explicações detalhadas, apresentando as


justificações e soluções para a execução de uma determinada construção.

17.7 SERVIÇO SIMPLES

É o serviço realizado apenas a partir de insumos e ferramentas básicas, com


o emprego de mão de obra auxiliar.

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17.8 SERVIÇO COMPOSTO

É o serviço realizado a partir de insumos diversos, com o emprego de


técnica e equipamentos especiais.

17.9 MAPA DE TRABALHOS

É a peça gráfica em que o orçamento é apresentado. É construído pela


relação dos serviços da obra com as respectivas quantidades, custos unitários e
totalizações por grupos de serviços afins ou correlatos.

17.10 MÃO DE OBRA

É o trabalho humano que é empregado na construção.

17.11 MATERIAIS(INSUMOS)

São os componentes utilizados na realização física dos diversos serviços.

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17.12 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS

É a discriminação das quantidades de insumos e respectivos preços


necessários à realização de um serviço, cuja soma define um custo para o serviço.

17.13 PREÇO DE VENDA

É a composição de custos acrescida da taxa de BDI – Benefícios e


Despesas Indiretas, que contempla os serviços realizados pelo construtor que não
fazem parte da obra em si, o emprego do capital, os riscos e o lucro.

18 TIPOS DE ORÇAMENTOS

A orçamentação de uma obra pode ser dividida em duas etapas, sendo


estas:
• cálculos de custo prévios;
• cálculos de custo posteriores à execução.

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FIGURA 77 - CÁLCULO DE CUSTOS

FONTE: Disponível em: <http://www.waterburyct.org/content/458/2987/default.aspx>.


Acesso em 24 jan. 2013.

Nos cálculos de custo prévios, os custos de produção são determinados,


baseando-se em valores provenientes de projetos semelhantes já executados ou em
valores estimados.
Os cálculos de custo prévios são feitos em uma sequência cronológica que
irá definir os procedimentos necessários em cada etapa. Assim, o orçamento prévio
pode ser classificado, segundo suas etapas, em:
 Orçamento para a proposta;
 Orçamento para o contrato;
 Orçamento para a execução;
 Orçamento dos serviços suplementares.

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18.1 ORÇAMENTO PARA A PROPOSTA

O orçamento para a proposta é feito durante a preparação da proposta. Sua


finalidade é levantar os custos dos serviços necessários, para que a proposta seja
feita.
Para fazer esses cálculos, o orçamentista parte dos dados contidos no
caderno de encargos, no qual estão descritos todos os serviços a serem executados
pela empresa construtora.
Para realizar o levantamento o orçamentista dos custos de execução, é
necessário estudar com exatidão o conteúdo da documentação do empreendimento
em concorrência e ter conhecimento profundo do processo de execução descrito.
Sugere-se, também, o envolvimento de outros profissionais no caso de
informações importantes, em especial a presença do futuro responsável pela
execução da obra.
Normalmente, há diversos métodos de execução que podem ser
empregados em uma construção.
A escolha dos métodos ideais de trabalho é de grande importância para a
rentabilidade da construção.
Esta escolha está diretamente relacionada com os materiais a serem
utilizados e também com os recursos, tempo e espaço disponíveis para a obra.
Após a escolha dos métodos de execução mais adequados, deve ser feita
pelo orçamentista uma avaliação destes métodos relativamente à sua viabilidade
econômica. A seguir, deve ser feito um levantamento dos custos que provavelmente
ocorrerão, e este deve ser tão preciso quanto possível nesta fase.
Para realizar esse levantamento o orçamentista precisa de toda a
documentação do projeto (caderno de encargos com as quantidades dos serviços a
serem executados).
A partir das quantidades dos serviços, ele faz um levantamento dos
materiais de construção necessários e seus componentes, como por exemplo;

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concreto (m3), alvenaria (m2), fôrmas (m2), aço para as armaduras (t), movimentação
de terra (m3) e outros.
Depois disso, precisam ser determinados os índices de produtividade para
os serviços, a serem executados conforme os métodos predefinidos.
O índice de produtividade (lp) é um valor numérico que representa o tempo
de trabalho em horas (h), gasto por um operário (H), para produzir uma unidade de
serviço (GEHBAUER, 2002)..

Ip = tempo gasto / unidade produzida (Hh / unid)


Ip: índice e produtividade
Hh: Homem x hora

Os índices de produtividade e de rendimento podem ser obtidos em algumas


publicações do setor da construção.
Outra forma de obter esses dados é utilizar os cálculos posteriores à
execução, realizados pela própria empresa construtora para projetos semelhantes já
concluídos. Nesse caso, o orçamentista irá basear-se principalmente em sua própria
experiência e em valores obtidos das apropriações de dados dos canteiros de obras.
Usando-se índices de rendimento e produtividade, pode ser estabelecida a
quantidade de horas de trabalho que serão gastas pelos operários ou grupo de
produção (máquinas e homens - no caso de trabalho mecanizado), para cada
serviço a ser executado. Isto é feito multiplicando-se o índice de produtividade (de
um trabalhador) pelas quantidades dos itens correspondentes.
No caso de grupos de trabalho, as quantidades deste determinado item são
divididas pelo índice de rendimento deste grupo.

Tempo gasto (homens x horas) = índice de produtividade x quantidade de produção (Hh)


ou
Tempo gasto pelo grupo = quantidade de produção / índice de rendimento (h)

Por meio da multiplicação do tempo gasto pelos custos relativos a cada hora
de trabalho de um trabalhador ou de uma equipe de trabalho, determina-se uma
parte do custo final de cada composição, no cálculo de custos para a proposta.

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O cálculo de custos para a proposta é de grande importância para que uma
empresa receba o encargo de executar um empreendimento.
Na concorrência com outras empresas, o orçamento apresentado deve ser
convincente e realista, para que o cliente possa aceitá-lo.
Como a obtenção de contratos de construção é o objetivo de uma empresa,
estes cálculos devem ser feitos de forma cuidadosa e exata.

18.2 ORÇAMENTO PARA O CONTRATO

Após a escolha de uma das propostas, já na fase de negociações entre


cliente e construtora sobre o orçamento proposto, é feito um segundo cálculo antes
do fechamento do contrato.
Normalmente é feito aqui um controle dos cálculos de custos com o objetivo
de levantar possíveis erros. Durante estas negociações, fica estabelecido até que
ponto a empresa construtora pode ou quer garantir ao cliente um desconto no preço,
para que se feche o contrato.
De um modo geral, nesta fase do empreendimento o cliente deseja fazer
alterações no projeto, acarretando com isto, alterações também no cálculo de custos
feito para a proposta. Estas alterações decorrem, geralmente, da continuação do
planejamento do empreendimento, durante a fase de contratação.
Assim, pode ser também objeto de discussão o volume dos serviços a serem
executados e os prazos de construção.
O cliente pode desejar serviços extras, alternativas de execução, ou eliminar
alguns dos serviços propostos inicialmente. Também são estabelecidas nesta fase
cláusulas reajustáveis relativas aos preços de execução.
Nessas cláusulas são apresentados os índices para correção dos custos dos
serviços quando ocorre, por exemplo, aumento dos custos salariais ou de materiais,
durante o prazo de validade do contrato e esses não corresponde mais aos valores
considerados na orçamentação feita para a proposta.

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Depois do esclarecimento das preferências do cliente é estabelecido entre
cliente e empresa construtora um acordo sobre o orçamento e os serviços a serem
realizados, ocorre então o fechamento do contrato. Nesse processo, os valores
resultantes das negociações são transferidos para o orçamento da proposta e
estabelecidos contratualmente.

18.3 ORÇAMENTO PARA A EXECUÇÃO

Após o fechamento do contrato, a empresa contratada dá início ao


planejamento prévio da execução.
O objetivo do planejamento prévio é otimizar o processo de execução da
obra e obter o maior rendimento econômico possível. Para isso, são estudadas
detalhadamente as condições do canteiro de obras, os métodos de execução que
podem ser empregados, a utilização de máquinas e equipamentos, o planejamento
da mão de obra, a aquisição de materiais, dentre outros.
Geralmente, os valores de custos obtidos nesta fase de planejamento são
diferentes daqueles encontrados nos cálculos para a proposta e para o contrato.
A causa disso está no fato de que, quando a empresa faz o cálculo de
custos para uma proposta, ela não pode ter ainda a certeza de que ganhará a
concorrência. Assim, não é economicamente viável para ela fazer nesta fase um
planejamento dos trabalhos de obra tão detalhado, como o que deve ser feito
durante o planejamento da execução.
É importante mencionar que os custos decorrentes da preparação de uma
proposta podem variar de 0,1% até 1,0% do orçamento apresentado na proposta,
dependendo da complexidade do projeto e do grau de detalhamento com que foi
elaborada a documentação da licitação.
Além disso, os serviços considerados no cálculo de custos para a proposta
podem ser alterados de tal forma durante a fase de negociações que, ao planejar a
obra, a equipe de planejamento considere mais favorável à utilização de métodos de
execução diferentes daqueles propostos inicialmente.

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Essas alterações feitas depois de fechado o contrato, acarretarão,
naturalmente, diferenças nos custos de execução.
O objetivo do cálculo de custos para a execução é manter as alterações que
implicam em custos, dentro dos limites estabelecidos pelo orçamento do contrato,
fixando como referência os valores aí determinados. Assim, o cálculo de custos para
a execução é uma evolução dos cálculos de custos para a proposta e para o
contrato.
No entanto, ele está vinculado aos valores para os custos e prazos que
foram determinados nestes orçamentos.
Os valores indicados pelo cálculo de custos da execução passam a ser,
também, um instrumento de controle da execução. Por meio de comparações entre
o planejado e o realizado, podem ser detectados desvios com relação ao
planejamento, e ações corretivas podem ser introduzidas.
O cálculo de custos para a execução indica valores que servem como
referência também na contratação dos serviços de empreiteiras.
Se observarmos o caso de uma construtora, que desenvolve seus próprios
empreendimentos pode-se constatar que existem, também neste caso, os três níveis
de orçamentação:
• A estimativa de custos, feita com base nas medidas do anteprojeto;
• Uma orçamentação mais precisa, realizada após a elaboração dos
projetos executivos detalhados de arquitetura e engenharia;
• Um cálculo preciso dos custos de execução, quando já foram definidos
pelo planejamento prévio o cronograma da obra, e também os métodos de
execução, materiais, fornecedores e empreiteiras.

Estes três níveis de orçamentação são importantes também para a


construtora que realiza seus próprios empreendimentos, para que ela possa fazer
um planejamento realista dos recursos próprios a serem utilizados e do
financiamento para a realização do empreendimento, se necessário. Além disso, o
controle de custos, feito posteriormente à execução, só é possível quando foi feito
um orçamento preciso durante o planejamento, pois controle de custos significa
comparar o custo planejado com o realizado.

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18.4 ORÇAMENTO DOS SERVIÇOS SUPLEMENTARES

Frequentemente, durante a execução da obra, o cliente deseja que sejam


realizados serviços além daqueles estabelecidos no contrato, e que logicamente não
foram incluídos neste orçamento, já que até então eram desconhecidos. Por isso,
devem ser apresentadas ao cliente, se possível antes do início da execução destes
serviços extras, as chamadas propostas para serviços suplementares que geram os
aditamentos contratuais (GEHBAUER, 2002).
A remuneração por tais serviços é feita baseando-se nos princípios usados no
levantamento de custos dos serviços contratados.
A construtora que realiza apenas seus próprios empreendimentos também
precisa calcular estes custos, quando for necessário executar serviços
suplementares em seus empreendimentos, pois estes serviços irão alterar o total
dos custos anteriormente calculados.

18.5 ORÇAMENTO POSTERIOR À EXECUÇÃO

Os cálculos posteriores à execução são feitos com o objetivo de comparar o


custo planejado, determinado pelo planejamento prévio, com o custo real, obtido na
execução da obra.
Essa comparação entre custo real e planejado deve ser feita em relação
àqueles tipos de custos mais representativos, como por exemplo: custos salariais,
custos de materiais ou de serviços terceirizados e, obviamente, em relação ao custo
total da obra.
O cálculo de custos posterior à execução permite verificar as quantidades
estipuladas durante a realização do orçamento prévio. Por meio dele, pode ser
constatado até que ponto foi realista as suposições consideradas durante o
planejamento prévio, relativamente aos índices de produtividade e rendimento.

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Também devem ser comparadas as quantidades dos diversos materiais de
construção consumidos com as quantidades planejadas.
A partir destes cálculos posteriores à execução, serão apropriados novos
índices que serão aplicados em futuros orçamentos de empreendimentos
semelhantes.
Para que os cálculos posteriores à execução sejam realizados, é necessário
que o orçamento passe por todas as etapas precedentes, ou seja, que o orçamento
para a proposta seja transformado em orçamento para o contrato, e que este evolua
para o cálculo dos custos de execução.
Outro fator indispensável é que os grupos de custos definidos no orçamento
para a execução sejam os mesmos usados na contabilidade da obra.
Por meio da elaboração sistemática e consequente de cálculos posteriores
de seus projetos, a empresa irá adquirir, com o decorrer do tempo, dados e índices
cada vez mais precisos.
Com isso ela pode fazer, em concorrências futuras, propostas cada vez
melhores e mais próximas da realidade, o que lhe garante certa vantagem em
relação às empresas concorrentes.
Mais uma vez, deve-se salientar que mesmo a construtora, que executa
seus próprios empreendimentos, deve fazer um orçamento posterior à execução
para que ela possa registrar os custos reais ocorridos na realização do
empreendimento e utilizá-los novamente em futuros orçamentos. O orçamento
posterior à execução é, enfim, o resultado do controle de custos (comparação
previsto/realizado) que deve ser feito durante a execução dos trabalhos.

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19 PARTES QUE COMPÕEM O ORÇAMENTO

O princípio básico utilizado neste método de orçamentação é de que todos


os custos decorrentes da execução de um produto devem ser incluídos nos cálculos
do custo final desta produção (GEHBAUER, 2002).
Essa fase é de grande importância nos cálculos de uma construção, pois as
quantidades descritas no caderno de encargos ou na lista dos serviços a serem
realizados, geralmente não coincidem com aquelas que foram realmente
empregadas na execução dos serviços.
É necessário que os custos dos serviços realizados sejam ordenados o mais
exatamente possível de acordo com a sua origem, para que, no caso de desvios em
relação às quantidades/custos calculados, todos os custos ocorridos possam ser
controlados.
A organização dos elementos que fazem parte de um orçamento, não pode
ser analisada apenas como uma listagem de números que foram retiradas de um
livro ou de um manual.

Os principais atributos de um orçamento (MATTOS, 2006) são:


 Estimativa;
 Especificação;
 Temporalidade.

19.1 ESTIMATIVA

A estimativa é um atributo que se baseia em previsões, possibilitando obter


levantamentos mais aproximados. Deve-se procurar analisar todas as variáveis
envolvidas, para cada serviço a ser realizado. Um orçamento não tem a necessidade

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de ser por obrigação exato, contudo pretende-se que seja o mais preciso possível,
com análise dos seus elementos procurando minimizar a margem de erro.

Em um orçamento a estimativa está contida em diversos itens:


 Mão de obra
• Relacionada com a produtividade das equipes envolvidas, afetando a
composição de custo diretamente.

• Encargos sociais e trabalhistas


Os encargos sociais e trabalhistas que estão relacionados com a mão de
obra, leva em conta diversas premissas, tais como histórico de acidentes do
trabalho, média da rotatividade para o cálculo do aviso prévio, as faltas justificadas
entre outros elementos a partir de dados estatísticos.

 Material
• Preço dos materiais
Possibilidade de variação dos preços dos materiais orçamentados,
modificando os valores previstos para a execução do trabalho.

• Impostos
Os impostos incluídos no preço do orçamento na compra dos insumos podem
variar durante a realização da obra.

• Perda
Consideração do desperdício de material por trabalho realizado. Em casos
práticos diversos fabricantes recomendam uma perda específica que deve ser
considerada no cálculo orçamentado.

• Reaproveitamento
Representa a possibilidade de utilização de vezes de um mesmo material,
como por exemplo, as formas para os elementos de concreto armado.

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 Equipamento
• Custo horário
Consideração da vida útil, custo de manutenção e operação;

• Produtividade
Consideração da produtividade específica de um equipamento mediante ao
tipo de trabalho a ser executado de forma a obter o melhor índice possível referente
à execução do trabalho.

 Custos indiretos
• Pessoal
Os custos com salários, encargos sociais das equipes técnica, administrativa
e de apoio.

• Despesas gerais
As contas de água, luz, telefone, aluguel de equipamentos gerais (grua,
andaimes), seguros, fretes, etc.

 Imprevistos
• Normalmente deve-se incluir um percentual ao orçamento, devido aos
possíveis imprevistos que um serviço pode apresentar quando executado. São
custos que não são previsíveis e que podem causar retrabalho por intervenientes
diversos como condições atmosféricas ou má qualidade da execução.

19.2 ESPECIFICAÇÃO

A especificação para um orçamento de uma determinada obra é diferente do


orçamento de uma obra com as mesmas características que serão realizadas em

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outro local distante, pois pode necessitar diferentes custos de mobilização dos
funcionários e de toda a estrutura de uma empresa.
Um orçamento não pode ser considerado padrão para representar um
serviço, apesar da importância da experiência anterior, deve-se ter em causa as
condições específicas de cada caso.

Na maioria dos casos o orçamento está diretamente ligado a:


• Empresa
O orçamento representa a imagem e a política de uma empresa, na forma
de apresentação do quadro técnico, no padrão de qualidade do seu canteiro de
obras, na quantidade de viaturas e equipamentos disponíveis para o trabalho, na
quantidade de terceirização dos diversos serviços, etc.

• Condições locais
As condições locais compreendem o tipo de clima, relevo, vegetação,
profundidade do lençol freático, tipo de solo, condições das vias de acesso, distância
aos fornecedores de insumos, qualidade dos subempreiteiros da região, diferentes
taxas de impostos regionais, etc.

19.3 TEMPORALIDADE

A temporalidade diz respeito ao orçamento apresentado a um determinado


tempo e que pode sofrer com o tempo alterações em sua estrutura e base de
cálculo, principalmente com a variação dos preços dos insumos, sendo necessária a
realização de uma atualização.

As causas das variações dizem respeito principalmente à:


• Diferença do custo dos insumos com certo tempo;
• Modificação de impostos e encargos sociais e trabalhistas;
• Evolução dos métodos construtivos orçamentados;

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• Cenários financeiros e gerenciais diferentes.
Os diferentes cenários podem justificar a terceirização, delegação de tarefas,
condições de capital de giro, necessidade de empréstimo, etc.
A organização de orçamentos para obras de Construção Civil pode ter
enfoques distintos, quando analisado sob o prisma do cliente e proprietário da obra
ou pelo construtor (MATTOS, 2006).
Do ponto de vista do cliente e proprietário da obra, o orçamento é a
descrição de todos os serviços, devidamente quantificados e multiplicados pelos
respectivos preços unitários, cuja somatória define o preço total, ou seja, seu
desembolso.
Alguns pontos apresentados em um orçamento, não são uma preocupação
imediata do proprietário, como a cotação de materiais, percentual de perdas e
produtividade de equipes. De uma maneira geral estará mais preocupado com o
montante do empreendimento e como esse montante será desembolsado ao longo
do tempo.
Do ponto de vista do construtor, o orçamento é a descrição de todos os
materiais, devidamente quantificados e multiplicados pelos respectivos custos
unitários, acrescidos das despesas indiretas, cuja somatória define o custo total, ou
seja, o desembolso do construtor, mais o lucro e os impostos, gerando então o preço
total, que é quanto irá receber (TISAKA, 2006).
Para o construtor, o orçamento encerra em seu contexto todas as premissas
que passam a ser metas de desempenho durante a obra. O preço de venda dos
serviços é fixo, o custo é variável e precisa ser monitorado em função dessas metas.

19.4 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

Para a estruturação de um orçamento destinado a obras de Construção


Civil, devem-se considerar alguns conceitos fundamentais que compõem o mesmo.

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O orçamento engloba três grandes etapas de trabalho:
• Estudo das condicionantes de um trabalho;
• Composição de custos;
• Determinação do preço.

19.5 ANÁLISE DAS CONDICIONANTES DE UM TRABALHO

Toda a análise para a orçamentação de um trabalho é feita inicialmente com


a verificação dos possíveis elementos disponibilizados pelo cliente e que servem de
ponto de partida para a execução de um orçamento.
Em muitos casos é apresentado um projeto e um caderno de encargos que
apresentam diversas especificações técnicas de como executar os diversos
trabalhos, estes elementos permitem a quantificação dos tipos de serviço e
determinam o tipo de estrutura necessária para a realização do mesmo.

Em uma fase de análise dos elementos de um trabalho, torna-se conhecida


as condições da obra, possibilitando a realização dos seguintes passos:

19.6 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DO PROJETO E CADERNO DE ENCARGOS

A obtenção dos elementos necessários para a execução do orçamento, por


meio dos documentos apresentados pelo cliente, como o projeto e o caderno de
encargos depende da forma de análise do orçamentista, que devido a sua maior ou
menor experiência em casos anteriores e similares, consegue avaliar a melhor forma
de execução.
As especificações do caderno de encargos são os documentos que trazem
as informações de natureza mais qualitativa do que quantitativa.

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Os cadernos de encargos contêm:

• Descrição da qualidade dos materiais a serem utilizados;


• Padrões de acabamento exigidos;
• Tolerâncias dimensionais dos elementos estruturais;
• Critério de aceitação dos insumos;
• Tipo e quantidade de ensaios a serem realizados para uso dos mesmos;
• Resistência do concreto e argamassa.

19.7 ANÁLISE DO EDITAL

Um edital corresponde ao documento que descreve uma licitação, tendo as


suas regras e condições indicadas, para ser aberta uma concorrência, e
corresponde ao principal documento da fase de uma licitação.

Devem-se analisar com critério os elementos do edital, para que se possam


utilizar estas informações na elaboração do orçamento:

• Prazo da obra;
• Prazos contratuais;
• Penalidade por atraso da obra ou prêmio por antecipação;
• Critérios de medição, pagamento e reajustamento;
• Regime de preços (unitário, global, por administração);
• Limitação de horários de trabalho;
• Critérios de participação na licitação (capital social da empresa, etc.);
• Habilitação técnica requerida com relação à empresa e responsável
técnico;
• Documentação requerida;
• Seguros necessários;

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• Facilidades disponibilizadas pelo contratante (instalações de água,
energia, etc.).

19.8 VISITA TÉCNICA

Uma visita técnica ao local da obra em edital é necessária para o


levantamento de possíveis dúvidas e possibilita obter as características reais que
muitas vezes são omitidas nos documentos do edital.
Um relatório fotográfico é sempre recomendável para que se possa avaliar o
estado atual e o que se pretende, bem como verificar todas as condições da região.
Em algumas ocasiões a visita técnica é a única forma de se obter as
informações necessárias para a realização de um orçamento.

20 COMPOSIÇÃO DE CUSTOS

Segundo Mattos (2006), a composição de custos de uma obra deve ser


realizada tendo em conta os seguintes elementos:

• Análise detalhada dos materiais e serviços;


• Contendo a descrição e a quantificação dos materiais e serviços
possibilitando o planejamento das compras e identificação dos fornecedores;
• Definição de índices para acompanhamento dos trabalhos a realizar;
• Dimensionamento de equipes;
• Capacidade de revisão de valores e índices
• Realização de simulações;
• Considerar diversos cenários de orçamento com diferentes
metodologias construtivas, produtividades, jornadas de trabalho, lucratividade, etc.;
• Geração de cronogramas físico e financeiro;

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• O cronograma físico retrata a evolução dos serviços ao longo do
tempo. O cronograma financeiro quantifica mensalmente os custos e receitas desses
mesmos serviços, é a distribuição temporal dos valores;
• Análise da viabilidade econômico-financeira.

Os orçamentos possuem mapas de trabalhos e devem ser apresentados da


seguinte forma:
1. Dividir os trabalhos (ou projeto) em capítulos;
2. Para cada capítulo devem-se individualizar as tarefas;
3. Conferir as tarefas; verificar se estão todas consideradas; (um
orçamento antigo semelhante pode ajudar);
4. Medir quantidades sobre peças desenhadas definindo previamente a
unidade de medição.

20.1 PREÇO DE VENDA (UNITÁRIO) DE SERVIÇOS

O preço de venda de um serviço é o preço calculado por uma empresa para


venda do trabalho em questão.
No estudo do preço de venda devem-se considerar os custos da empresa
para a execução do trabalho. Esses custos são definidos por meio de composições
unitárias de custos de serviços.

Para o cálculo de preços de venda deve-se criar a decomposição em


capítulos de um mapa de trabalhos, conforme o exemplo a seguir de um edifício
corrente:
Capítulo 1 - Demolições
Capítulo 2 - Terraplanagem
Capítulo 3 - Fundações e estruturas
Capítulo 4 - Construção civil
4.1 - Alvenarias

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4.2 - Revestimento exterior - fachadas
4.3 - Revestimentos interior - tetos
4.4 - Revestimento interior - paredes
4.5 - Revestimento interior - pavimentos
4.6 - Coberturas e impermeabilizações
4.7 - Carpintaria
4.8 - Serralharia
4.9 - Pinturas
4.10 - Vidros
4.11 - Diversos
Capítulo 5 - Instalações Hidráulicas
Capítulo 6 - Instalações Elétricas
Capítulo 7 - Instalações de Ar Condicionado
Capítulo 8 - Instalações de Gás
Capítulo 9 - Elevadores

20.2 COMPOSIÇÕES UNITÁRIAS DE CUSTOS DE SERVIÇOS

As composições unitárias de custos são as "fórmulas" de cálculo dos custos


unitários nos orçamentos discriminados. Cada composição consiste das quantidades
individuais do grupo de insumos (material, mão de obra e equipamentos)
necessários para a execução de uma unidade de um serviço.
Exemplos:
(1) Para a execução de escavação de solo para vigas de fundação, o
único insumo é a mão de obra (servente), sendo estimado um consumo de 4 horas
para cada m3 escavado

Escavação de solo normal, até 3,0 m de profundidade – m2

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O custo unitário do serviço é obtido multiplicando-se a quantidade
empregada do insumo por seu custo respectivo. No caso apresentado, o valor da
hora é de R$ 2,00.
Acrescendo-se os percentuais de Leis Sociais, considerados como 180%, o
preço do insumo "Servente" é de R$ 5,60/h e o preço do serviço "Escavação" é de
R$ 22,40/m3.

(2) A execução da armadura de uma viga, em aço CA-50 de 12,5mm,


envolve os seguintes insumos, já incluídas as perdas nas quantidades unitárias:

Segundo González (2008), os percentuais de Leis Sociais estão embutidos


nos custos de mão de obra. Não é necessário que seja assim, podendo-se calcular
em separado, acrescendo-se como um subtotal. O valor adotado depende de vários
fatores, principalmente da legislação vigente na data e nas condições particulares da
empresa (rotatividade, horas extras, índice de ações trabalhistas, etc.).
Para estes dois exemplos, o valor calculado é o custo, válido genericamente,
para obras comuns. Contudo, em cada caso, devem ser verificados aspectos
singulares, tais como: local da obra (transporte), horário e condições de trabalho
(horas extras, periculosidade, insalubridade). Além disso, devem ser acrescidos os
custos não discriminados e o lucro desejado (BDI) (MATTOS, 2006).

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20.3 OBTENÇÃO DAS COMPOSIÇÕES

As composições de custos podem ser obtidas de várias fontes. A melhor


forma é o levantamento direto nas próprias obras, verificando-se o consumo de
acordo com a produtividade da mão de obra local e nas condições técnicas em que
se produz. Porém, pela quantidade de trabalho envolvido, geralmente no início das
composições são obtidas por meio de referências em publicações (GONZÁLEZ,
2008).
A utilização indiscriminada, porém, é perigosa, pois os coeficientes foram
determinados em locais distintos, e não há garantias de que sejam adequadas para
as condições das nossas obras.

21 SEQUÊNCIA DOS PROCEDIMENTOS DA ELABORAÇÃO DE UM


ORÇAMENTO

Para a realização de orçamentos, devem-se organizar os elementos


identificados no estudo, geralmente compostos pelas seguintes etapas:

• Recebimento do conjunto de documentos e informações


complementares (prazo, condições de execução, entre outros);
• Análise preliminar dos documentos e busca de esclarecimentos ou
detalhes para elementos sobre os quais há dúvidas;
• Identificação dos itens e discriminação orçamentária preliminar dos
serviços;
• Quantificação (medição em obra ou por meio de projetos);
• Lançamento em sistema informatizado e/ou busca das composições;
• Listagem e cotação de materiais, mão de obra e serviços
subempreitados;

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158
• Lançamento dos custos, análise de BDI, análises de prazos e
viabilidade; ajustes finais;
• Fechamento do orçamento, redação das condições da proposta ou
minuta do contrato.

Regras gerais para execução de orçamentos:

- Definir claramente as necessidades;


- Saber o que se compra, para que fim e onde comprar;
- Planejar as despesas;
- Organizar os documentos de despesa de forma funcional;
- Evitar desperdícios.

Um orçamento deve conter:

- Apresentação da empresa;
- Quadro técnico;
- Memória descritiva;
- Relatório Fotográfico;
- Mapa de Trabalhos e Quantidades;
- Descrição dos serviços oferecidos;
- Planilha de Custos;
- Cronograma de Execução;
- Prazo de Entrega;
- Validade da Proposta;
- Fichas técnicas dos produtos mais relevantes.

Nos casos em que o orçamento não seja gratuito, o profissional deve


informar sempre ao consumidor previamente do valor do seu custo, a não
informação condiciona a não obrigatoriedade de recebimento por este serviço.

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159
Normalmente não é prática usual na construção civil o pagamento pela
realização de um orçamento, mesmo que seja preciso realizar um estudo técnico
que pode corresponder a muitas horas de trabalho.
Essa pratica caracteriza o risco que existe por parte das empresas de
construção civil, que muitas vezes dedicam parte de seu tempo na criação de um
orçamento técnico, que mostra o perfil técnico e profissional da empresa, sem a
certeza de que terá sucesso.

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22 RESUMO GERAL DOS PROCEDIMENTOS DA ORÇAMENTAÇÃO

- Salários
- Materiais
- Depreciações SCD
- Juros
- Reparos
- Manutenção
- Combustíveis CO
- Serviços terceirizados

- Salários de supervisão
- Salários serviços gerais de Custo da Obra
- Depreciações gerais de Custo da Obra CIO
- Aluguel
- Montagens e desmontagens
- Viagens
Preço da
Proposta

- Planejamento
- Administração CGN

- Seguros
- Juros

RL
- Riscos e lucro

- Impostos

Resumo dos procedimentos da orçamentação, Fonte: (GEHBAUER, 2002).

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Resumo dos procedimentos para a determinação do preço da proposta de
um item do caderno de encargos, com sua respectiva unidade de medida.

Legenda das abreviaturas usadas:

SCD = Soma dos custos diretos;


CO = Custo de obra;
CIO = Custos indiretos da obra;
CGN = Custos gerais do negócio;
RL = Riscos e lucro.

Estrutura de Custos de Uma Obra

A estrutura de custos de uma obra. FONTE: (GEHBAUER, 2002).

A definição para a estrutura de custos na Construção Civil em um orçamento


é a organização dos custos das empresas de construção para que os orçamentos
possam refletir os custos com maior rigor.

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162
A estrutura habitualmente utilizada é a seguinte:

• Custos diretos – Tudo o que é diretamente imputável às obras e em


particular às respectivas tarefas (tijolos, pedreiro, carpinteiro, equipamentos ...).

• Custos indiretos – Custos associados à vida da empresa e que não são


diretamente imputáveis às obras (salários de pessoal do escritório, administração,
custos com a sede, estrutura da empresa...).

• Custos de canteiro de obras – Custos imputáveis a uma dada obra


particular, mas que não podem ser imputadas às tarefas do orçamento
(electricidade, água, salários de pessoal de chefia, vedações, vias de comunicação
provisória, equipamentos não imputados aos custos diretos, etc.)
Outra forma de auxílio para um orçamento aproximado consiste na
consideração da participação percentual média dos grandes itens no custo total,
preferencialmente obtido em obras similares anteriores. Os percentuais-referência
podem servir para estimar custos para algumas etapas de projeto ainda não
desenvolvidas ou para verificar outras etapas, identificando certos erros ou
inconsistências destes projetos. Uma distribuição razoável é a seguinte (Tabela
abaixo), adequada para prédios de apartamentos residenciais de padrão normal,
com 8 a 12 pavimentos (GONZÁLEZ, 2008).

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TABELA - PARTICIPAÇÃO PERCENTUAL MÉDIA DOS SERVIÇOS EM UM
ORÇAMENTO
EDIFÍCIO DE PADRÃO NORMAL, DE 8 A 12 PAVIMENTOS

Levantamento pessoal da experiência do autor do curso em diversas empresas de construção de


edifícios. FONTE: Autor.

Uma referência da utilização dos percentuais, caso não existam ainda os


projetos de instalações elétricas ou hidráulicas, pode-se determinar
aproximadamente os valores correspondentes utilizando os dados da Tabela
anterior.

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Exemplo:
Se o valor orçado (com base nos outros projetos, disponíveis) foi de R$
850.000,00, e as instalações elétricas e telefônicas e as hidrossanitárias são
previstas como normais, pode-se complementar o orçamento da seguinte forma:

a) Define-se a participação: Instalações elétricas e telefônicas=5,20% e


Instalações hidrossanitárias= 9,80%, somando o equivalente a 15% do edifício;
b) O orçamento básico representa (100% - 15%)= 85%, portanto;
c) As instalações podem ser estimadas em R$ 52.000,00 e R$ 98.000,00,
respectivamente;
d) Conclui-se que o orçamento total será de R$ 1.000.000,00

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Encargos Sociais e Trabalhistas

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Na análise dos encargos sociais e trabalhistas, relativos à mão de obra,
existem alguns encargos fixos e outros variáveis.
Os fixos são aqueles em que qualquer empresa está condicionada a
legislação vigente, sendo que independem de considerações como tamanho da
empresa ou capacidade gerencial.
Os encargos variáveis dependem das premissas de cálculo adotadas por
cada empresa.
Neste tipo de encargos, uma empresa pode tornar-se mais competitiva
devido as suas estratégias próprias. Com a finalidade de reduzir o percentual de
encargos, toda empresa procura empenhar-se em reduzir as parcelas variáveis, que
são basicamente: aviso prévio, faltas, acidentes de trabalho, auxílio-enfermidade.
O aviso prévio, por ser o item variável mais representativo, deve ser
permanentemente monitorado pela empresa. Ele pode ser mantido em níveis baixos
se a rotatividade de trabalhadores for pequena.

FIM DO MÓDULO IV

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FIM DO CURSO

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