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( )$ c[i$lÍl(ts náo têm o monopólio da dcÍ'esa

dir vidrr ltuttutnir, Liberalizar o aborto é fazer obstá-


culo i\ r'cgrir tlc r turo da moral univcrsa[: "Não taça
ao outro 0 cluc náo quiser que lhe façam". Desres-
peitanclo cstc princípio, uma lei que liberaliza o
aborto abala o consenso característico de toda so-
ciedade democrática. Com efeito, a democracia náo
se define pela cega aplicaçáo da regra da maioria,
mas pela vontade de rejeitar qualquer privilégio e
qualquer discriminaSo em nome da igual dignida-
de de todos os homen§. Um Estado democrático
que toma a decisão de eliminar certos seres huma-
nos, começa desde então a derivar para o totalita-
rismo.
Hoje como outrora, ideologias pretendem
"legitimar" essa deriva, com a cumplicidade de po-
líticos, juristas, demógrafos e sobretudo de médi-
cos. Umas dessas ideologias preconiza uma moral
da espécie, onde o indivíduo náo conta mais; a outra
desenvolve uma moral do egoísmo individual, onde
a sociedade não tem mais importância.
Na verdade, essas ideologias se cruzaram:
elas deram origem à ideologia da segurança demo-
gráfica. De inspiraçáo nitidamente cientificista, essa
ideologia está a serviço de um propósito imperial
sem precedentes. Esse propó§ito visa planejar rigo-
rosamente a produção qualitativa e quantitativa
dos homens segundo critérios de interesse, de con-
veniência ou de utilidade.
O autor analisa os fundamentos desse noYo
imperialismo e desmonta seus mecanísmos. Mostra
também que há meios de fazer obstáculo a isso, por
uma a$o em favor da promoçáo da mulher, da
criança e da famflia. Essa açáo requer o concur§o
tanto dos Estados quanto das Igrejas. Todos devem
conjugar seus esforços para vencer a violência es-
trutural que aclimata a idéia de que o aborto é uma
necessidade.
Assim, já que todos estáo de acordo em re-
conhecer que o aborto é um fracasso, é preciso
mostrar que ele é evitável e agir para que nenhuma
mulher seja tentada por essa soluçáo de desespero.
Pois nem aqui, no Terceiro Mundo, se resolve os
problemas dedesamparo propondo àsmulheres
que suprimam seu filho.
Em resumo, a prevenção do aborto passa por
N.Chnrn. \73.4:32 5372a uma educa$o que ensine a acolher. Ela passa pelo
Autor: Schooyans, Michel, compartilhar generoso do ter, do saber, dó saber-
'l'ÍtLrlo: O aborto : aspectos políticos .-. fazer. Passa também pelo compartilhar das razÓes
--.
que se oferecem ao homem de viver com esperança
e alegria.
I [lil ffi ill lllll llil llil lill llil lllll llfi lil llil
( )brus do mesmo autrlr:
( ) cotrtttnismo e o fiilu.ro da lgreja no Brasil, Michel Schooyans
Etl. Hcrdcr, São Paulo, 1963. Professor da Universidade
() tlcxtJio du seculorizaç'oo,
Catôlica de Louvain
Etl. Hcrdcr, São Paulo, 1968.
(' h rú ic n lé a n c o nte s to tio n : l'Amérique L atine,
É0. ou Cerf, Paris, 1969.
Dcstin du Brésil. La technocratie militaire et son idéologie,
Éd. Duculot, Cembloux, 1973.
Lo prr»ocation chinoise,
Ed. du Cerf, Paris, 1973. (Traduction italicnno.)
I)cmoin,, le Brésil?,
Éct. Ou Cerf, Paris, 1977. (Traduction cspagnolc.)
L' u t, o rte me nt. Approche p olitique,
Université catholique de Louvain, 19lil. (Traduclion ilitlicnnc
ct anglaise.)
Droits de I'homme et technocratie,
Ed. C.L.D., Chambray-lês-Tours, 19ti2.
O ABORTO:
Démocratie et libération chrétienne. Principes pour l'action politique,
Éd. Lethielleux, Paris, 1986.
ASPECTOS POTITICOS
Maíuise de la vie, domination des hommes,
Éd. Lethielleux, Paris, 1986. (Traduction brésilienne en préparation.)
'l' h é o logie et I ibéra tion.
Que stions disputé e s,
Ed. du Préambule, Longueuil, Québec, 1987.
t:, nj e ux politiqu es de I' avortement, 2." édition,

Ed. de I'OEil, Paris, 1991. (Traductions cspagnolc ct italienne;


traductions polonaise et brésilienne en próparation.)
Dc "Reru.m novarum" à Centesimus annLts,
É0. au Conseil Pontifical Justice et Paix, Cité du Vaticain, 1991.
(Avcc R. Aubert.)
Lo déit,é totalitaire du libéralisme, EDITORA
Éd. Universitaires, Paris, 1991.

A snir:
L' u t, r rl a me nt e n que stions, MARQUES SARANA
liO. rtc I'Ocil, Paris.

=
Sumário

Prólogo 11

I. A inocência dificil l3
casuísmo
Ultrapassar o 13
As manipulaçÕes 15
.
A hipótese forte 16
Dos rigores da penúria às misérias da abundância ...... 22

Il.Oretornodo[,eviatã,,. 25
A importância do que está em jogo . . 25
Ainstaura@ohistóricadajustiça ...... 27
Areflexáo filosófica 28
Direitos humanos e legislação positiva 30
Aseparaçáodospoderes ......32
O Estado hipostasiado 34
Descriminalizar? Liberalizar? . 35
Rumo à "servidão voluntária" 36

Ill.Ahonradamedicina... 39
Novosmercenários?... 39
Um médico de luxo 4l
O dedo preso na engrenagem 43

IV. Em nome de que lei? 45

A lei e suas ambigüidades 45


Aficçãoearealidade 49
Um direito híbrido 52
Ofatoeodireito 52
O legislador preso na armadilha? 54

V. Vazio jurídico? Vazio judiciário? 57

Para novos costumes, novas leis? 57


Do vazio judiciário 58
. . . ao vazio jurídico 58
A criança e a mulher: desprotegidas 59
Rumo a uma legisla$o retrógrada? 60
O direito a serviço do assassinato . 6l
Vl. Mrlritl ttii la carte" ................ o5 XIV. Ilrrmo ao genocídio intra-uterint) .. ,, 125
Morulistas làvrtr não se apresentar 65 A colonização icleológica . 125
O lilho dcsojaclo 66 Malthuseoimpério ...1,26
I Iumano-humanizado 67 Clariviclência hitlerista? .129
P«lcira nos olhos 69 Superpovoados porque subdesenvolvidos . 130
Vll. O papel dos laboratórios e das fundaçóes . . . 734
Como é usada a teologia? .... 7t A origem dos recursos . . 137
Do lado dos vitoriosos 7t
Uma querela vã O aborto: um método de limitação dos nascimentos . 138
74

Vlll.Abortoedesinformaçáo . . . . . . . o . . . . . . o . . 79 Xv.AsíndromedePanurgo . . . . . . . . . . . . . . . . ., 143

A adulteração das informaçÕes 80 Da imitação à alienação . 144


Da manipulação à amálgama 82 Umavariávelprivilegiada?.. ..149
Da ocultação à censura 84
XVI. A segurança demográÍica, etapa totalitária do
IX, O retornodos soÍistas o . ..r............. . 89 imperialismo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 153
Justiça e legalidade 89 Pan-americanismo ....153
O homem, medicla de todas as coisas? 90 Rumoaoglobalismo ...155
Enunciados subordinados a interesses particulares . 93 Miliardários uni-vos!
cle todos os países, . . . . 157
A razão mutilada 94 O mandarinato internacional . . 159
O valor em suspenso 96 Do Estado ao Império totalitários . . .16l
Alienação e liberdade 98 A ideologia da segurança demográfica - 164
Que humaniclade nova? .165
X. Uma perversáo do socialismo e do liberalismo . . 101 Uma nova religião civil . . L67
Osocialismoeasubordinaçãoàespécie ....101 O pan-imperialismo totalitário .169
O liberalismo e o rriunfo do indivíduo . 103 ...e"metapolítico" ... .l7O
Nem indesejados, nem indesejáveis . . .104
XVII. 0 aborto: perguntas e respostas . . . . . . . . . c ., L73
Xl. A cauçáo de cristáos ao holocausto pré-natal o . . . . . t07
A honra do parlamento 107 Bibliografia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 193
Uma manipulação perversa do Evangelho 110 ..193
.
IGeneralidacles
XIl. O ttmal menor" II Documentos da Igreja Católica . . . .211
eo naufrágio do essencial . . . . . . . 113
Asscgurarorespeitoàvida ...114 Índicede nomes próprios . . . . . . . . . . .' . . . . . . ., 215
LIma questão de credibilidade . . 114
Índicetemático. . . . . . . . . . . . . . . . . . . ., .223
Xlll. As mulheres e a sujeiçáo consentida . . . . . . . . ", ll7
() írpio tl«r sóculo . 117
Ittrvoluçãoinacabada.. .lZ0
l.ihcrt:tção cobjctivação .lLz
Prólogo

O presente livro é mais umA "nova edição revista e corrigida"


clc L'ovorternent, Approche politque, que teve três eclições (1974,
19t30 e 1981) e fbi traduzido em inglês e italiano.
Primeiro operamos um remanejamento substancial do estudo
Jrrecedente; Íbi podado e atualizado. Sobretudo, acrescentamos nu-
merosos desewolvimenlos, necessários devido às proporçóes que
assumiram as disenssões sobre o problema e às liEóes que se despren-
dem da experiência.
Note-se gue, embora dispostos num encadeamento lógico, os
diferentes capítulos constituem todos relativamente autônomos. Ca-
da um ó dedicado a uma faceta do problema e pode ser lido inde-
pendentemente do conjuntcl.
Com esta maneira de proceder, quisemos frisar o cunhoprático
do livro. Na verdzrde, tizemos questão de conseryar seu caráter de
org)mentação, na qual poderão inspirar-se cls det-ensores da vida. É
cclm este espíritcl que nosso último capítulo retoma, sob fbrma de
perguntas e respostAs, os principais eixos do corpo do livro.
Toda a nossa atenção concentra-se nos aspectos políticos da
liberalização do aborto. Esta, na verdade, não é senáo parte visível
do iceberg, remetendo a problemas tão diversos como a eutanásia, a
esterilizaçãro em massa, certas manipulaçôes genéticas, etc.
Hoje testemunhamos uma aliança original, mas cujos antece-
dentes são conhecidos, entre o poder político e o poder médico. Ora,
além dessa aliança, o que está em questão é uma determinada con-
cepção do lrcmem e da sociedade.
Nossa tinalidade é examinar esses aspectos complexos e sensi-
bilizar a opinião pública para uma pergunta dupla: Qu,e tipo de
homem queremos lbnnar? Q.ue tipo de sociedade queremos promover?

Louvain-la-Neuve, j aneirt-r de 1 990.

ll
A inocência difícil

Tanto c-l estudcl comparado das civilizaçoes como a história do


Ocidente atestam que a prática clo abclrto está estreitamente ligada
ao contexto econômico e social. Apelar para as fazedoras de anjos
muitas vezes foi o último recurso do casal pobre, angustiado com a
tl
perspectiva de mais uma boca a alimentar. Esta mcltivação estár longe
cle ter desaparecido hoje, mas não clcupa um lugar central ncls debates
atutris. Nestes, as atenções se concentram em torno de duas cate-
i
gtlrias cle latos. Primeiro, a evolução das técnicas obstétricas cleu
murgem a muitn cliscussãcl a respeito do aborto terapêutico. A
seguir, como os métclclos contraceptivos fizeram progressos rápi-
dos e espetaculAres, cl problema dc-l aborto em geral não tardou em
se colocar: seria este um método de emergência para prevenir os
nascimentos?

Ultrapassar o casuísmo

As duas categorias cle fatos mencionadas inserem-se num con-


textt-r global particular, e estA convergência é, a nosso ver, cletermi-
nante na problemátiur atual. Para entender sua originalidade, é
elementar levar em conta o ethos geral em que surge, para nós, este
dossiô. Da mesma maneira, gostaríamos de mostrar que cl problema
dcl abortcl inscreve-se no quadro geral da atual sociedade mundial,
onde convivem e interagem miséria c riqueza, indigência e desperdí-
cio, dependência e dominaçãro.
Assim se precisam de imediato os limites de nosso projeto:
ahordar o problema do aborto do ângulo político. Negativamente"
istt-t significa que é preciso ir além de uma problemática hasicamenre
centrada na atirmação e exaltação do inclivíduo adulto. O aborto sem

l3
I

l-
O ABOR'l'O: ASPE(:'J'Os t,Ot-Í't't(.OS
A INO(:ÊNCIA DIFÍ(:IL

dúvida diz respeito a indivíduos e pessoas. contudo,


por seu arcance, As manipulações
" o problema vai arém do âmbito particurar. o auoito
' reduzido a umA questão de não pode ser
consciência pessoal e, se fosse àssim, os
I debates atuais interessariam talvezo
moialista, não o político.
Pretendemos justamente-explicar em que o Ora, esse homem, seja ele qual for, está sempre situado. É
aborfo diz respeito particularmente importante recordar de imediato que o cientista está
à comunidade política como tar. É por
comuriouo. porítica entende_ exposto a todo tipo de manipulaçóes, seja qual for sua disciplina. Esta
mos não apenas a nação .,u a região; também
temos em mente .r tese pclderia ser ilustrada evocando-se sumariamente diversos exem-
conjunto da sociedade humana na medida em que
aspira a uma maior plos. T«rmemos o dos lilósotos. Não é raro ver tilósofos que se gabam
integração, a uma melhor clrganização, a uma
nova ordem interna_ deviver numA torre de martim, de estar a salvcl dos cclndicionamentcls
cional. o que implica a riueúriruçiu d. aborro
no que se refere i) externos. Entretanto, os procedimentos dos tilósofos muitas vezes
cclncepção que ternos das relaçCles entre
os homens dentro de uma
mesma comunidade política? E no que diz respeito são desviados pelas int-luências do meio. Assim, às vezes se transtbr-
às relações entre mam em legitimadores, ou mesmcl ideólogos, de um determinado
naçoes? será que essÍr ribcrarização àcarretariti
mudança, àdirais n, regime pt-llítico, ou lhe abrem caminho. Não é politicamente l'inocen-
detinição das tunçÕes ntt seicl cla sociedaclc'/ Scrír
qr. o clebate não te" um Hegel, de cuja obra o comunismo, o nazismcl, o tascismo e os
questiona a concepçãro c o papel da política,
ckr dircito, cla medicina
e da moral em suas respectivas reraçÕes com imperialismos contemporâneos tiraram alguns de seus [undamentos.
os h.mens?
uma abordurgem sintética E Gentile, tilósofr-l italiano, nãro se transtbrmou em teórico do movi-
quc muit.s temem ou mesmo
recusam é ta_nto mais oportuna - pelcl tato cle que mento [ascista? O que dizer de Lukács e Heidegger?
-
se desprende das discuss(res: estam«rs presos
uma impressãcr Ora, o que se observa na filosotia constata-se igualmente em
no atoleiro de um outras áreas. Serír que, em caso de "revolução" ou de "golpe de
casuísmo superaclo clo permitido e oo proluiclo,
que cleixa o moralista estAdo", é tão rarc'r assim ver juristas se transtormarem em defensores
míope. O aborto exige enÍbques múltiplos; seu
estudo mobiliza dos regimes totalitírrios ? Basta um homem ou um grupo se imporem
especialistas de diversas disciplinas. No
o que se vê no mais pela ltlrça ou pela astúcia para que juristas complacentes ponham
das vezes? A atenção está tãà vortada para "rtont.r,
o pont. cre vista da mãe mãos à obra e produzam um projeto de constituição adaptado às
que são esquecidos, ou quase, o pup"i do pai, .
pontcl cle vista da cclnveniêncitrs dos novcls senhores. Eles fornecem Ao novo regime
criança e tl da sociedacJe- Cada uma'das clisciplinas
tem pretensões "f u ndamentos", "j ustif icações " de tipo "j urídict-1" e "constitucional ".
ao imperialismo cientítico, como se seu mét.do
nos permitisse esgo_ Karl Binding ( I ti41 -1920) preparou os fundamentos do direito nazis-
tar a complexidade do problema. Num tema assim
nãcl é soberano o ta tro confeccionar um direitc-l que legalizava a eliminação dos seres
, p.nt. de vista dcl médic., do jurista, do sociólogo,
nem mesmo o d«r cuja vida não tbsse digna de ser vivida.2
moralista. Acima do especialista, é ct ltomem que
é chamadcl a se Os exemplos acima não têm nada de excepcional, e, se pres-
pronunciar. Não sendo respeitadas essas regras
d^e métodcl, há pouca
esperança de desbloquear a discussão.l tarmcls atenção ao que ocorre na seara dos sociólogos, economis-
tas, engenheiros, físiccls ou químicos, chegaremos às mesmas
(l) A brbliografia geral sobre a liberalização clo atlorro é consiclerável. Alénr cla
documentação citacla nas notas, reunimos uma
seleçáo bibliográfica incluícla no
(2) BINDING Í'oi proÍ'essor nas Universidades de Basiléia, Estrasburgo,
final do rivro. para a França, Friburgo-em-Brisgau e, sobretudo, Leipzig. Junto com o psiquiatra Alfred
crescre id o oossiê eclitacro p.r I)
LADRIERE enr número espàciat.cta :il"T-nr HOCHE. publicou Die Freigabe der Vernichnmg l.ebenxmwerten Leben,
F'rançrtise de soc.iologic (paris;, t"
ltev1rc
23, publicitdo com o título clà "La libéralisation Leipzig, 1920. Ver Rotrert Jay LIFTON, The Nazi Doctors. A Stttdy in the
clà l,avortenrent,,, I9g2" Daqui
enl diante citarentos esta publictrção conro PsyclroloO o.f Ev,il.,I.ondres-Nova Iorque. Macnrillan (Papermac), 1987, pp.
"La litréralisation cJe l,avortement,,.
46-48. foi publicada uma tradução francesa em Paris, Laffont, 1989.

14
15

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() AI]()R'l'(): ASl,la(.,1,()s
l,()1,Í,1.1(.()s
n rN«rc:ÊNCltA DtF'Íctt t-

conclusões-3 ,bservA-se, incrusive,


que, quanto mais tecnificacra
disciplina, mais a especiarizaç.i. é uma arrebataclo.s A mesma pessoit que fazia campanha contra a guerra e
torna-se Írna e mais aquere
corre «r risc. cre ser_manipurào, que a exerce
de ser,,.""up..roo,,de a pena de mortc milita com idêntico entusiasmo a favor do aborttl
tica por agentes maneira pré_crí_
influenter
roú.".s quais nãcl tem mntrore. livre e gratuito.(' Os espíritos funcionam a que nte e desejam soluções
com. o estudo
sobre o abôrtc) recorre a rápidas, por vczes radicais.
diversas, que o enrbque porítto ctisciprinas muit.
tem justamente cre se esÍbrçar Considerarcmos, pttrtantc-t, a hiptitese "Írlrte", Quer dizer, a de
sintetizar' nãtl tardartm,i, n em
uma liheralização integral. Aliás, o exemplt'r clos países ocidentais
simples Observações. -'-vt/vr ou (tr\'dlru(;
If"rreber alcance c e a vastlclao
vastidã. cdestas
mostra que, n?l verdadc, clc uma lcgislaçãtl permi,ssiva passa-se
depressa a um?r liberalizaçãro praticumonte integral. E tato notóric't,
por exemplcl, quc na França é virtualmente impossível controlar de
A hipótese frrrte maneira eticaza aplicaçiro da lei Veil" que regulamenta o abclrto. Há
inclusive razÕcs para se pcnsar quc a liberaliztrçi'rt-t do ubclrto leva à'
realizaçãro cle um maior número dclcs, sem quc ptlr isstl clesapareçam
Para que apareçam os aspect.s
p.lítíc.s rkl p,..rhlcma qu., nos r-ls abort«ls ilegais e clandestinos.
ocupn, nós .r aborcJaremos
em sra.ftirmur.çã. nr.is irgud., F,m Le Mondc c\e23 clc janeirt-r dc 1985, o Planejttmcntcl Fami-
resume a uma pergunta: "Poclc-sc quc sc
"Pode-se rjeslanchãt u*
libcr,[irr,]:,, ,b.rl.?,,; .u .incl,: liar acusa-se clc ter praticado aborttts ilegais. "MAis do dez mil mu-
proocsso quc scm s,nrbra lheres cltr França abortaram ilegalmcntc em 19[i5, cm tcrrittirio
aa ab.rto por encomcncl,,/,,. clc clúvicl, c.ncruz
Hri ilgun, ,,,r,r, clue muitos sc nacional como ncl cxtcrior (Grir-Bretanhtr e Httlancla)", assinala ct
ess.s perguntas ncl ocicrcntc. Lazcm
A Ingrãtc..r,,,r., EuA, ..s países relattirio cla Conl'cderaçiur Nacional do Movimenttl Francês pelo
dinavos, a H.rancla, , Arcmtrnhtr, cscan_
ã r*"f., .irari. e a Espanh, _ Planejtrmcnto Ftrmilizrr (MF'PF). Os prtiprios dirigentes do MFPF
para citar apenas .rguns
acr.tzrram regisiações que ilcusam-se dc tcr praticado ahrlrtos ilegais ou Í'eito Çom que outros
- . ab.r_trr -
menor ou mait-rr Íaciricracrc, autorizam, c.m
enccrrados' particrários e
Ni;;,,,. irrn os dcbates estãrir t-rs prtrticÍrsscm, assim como os membros du AssociaEãro Nacional dos
acrvcrsári.s c.ntinuam a se Centros dc IVG (lnterrupção Voluntírria da Gravidez) e de Contra-
aincla tl farãttl por muit,l cnÍ,rentar, e
temp.. os clcmcnt,rs sãr. tã. cepção (ANCIC).E* Le Monde de 11 de l'evereiro de 1985, a
que' àrs vezes' parecemos cstar ubunc,antcs
sob uma vercraclcirir sur,ivacl, ANCIC clcscja que scjam intnrcluziclas clutrs moditlcações na legisla-
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Jr r t,rs vczcs ct. r.s. s . n cl.
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clcclic.r-r a l-n scient'a porÍi.;nna. r:.s..yai.yrr.re.y.s,igniJít.otion.s, intpacto, bent clocurrentadas e cientiliulntente consistenles. Ijsscs lrabalhtls
rle'ç déntarclrcs^'rt'icntiJírJrte's',Gcnrnt.ux
1riergi.,,j, ijrcrlor, 197,1. s;hr; a fr.sic,, serão particr.rlarntentc preciost'rs ptrrrt os qLrc participarrt clos clebates sobrc o
Mnirri've cla la,ic' dominr,ion,trít,n,i),n,r.r,
I,aris, I-erhieilerix, r98(,, lbrtrtcl. I,rinteiro, há o clossrê claburado por Lrnta comissãttl cle juristats, médiccls,
[:;j',tit: políticos e intelectuais solrre l-e pcnnis légnl tlc ttrcr ou l'Qv'orlement dev'anl Le
(4) os processosp-olítictls e legais qLre lcvam
por especiitlistas n..ssuntir z) liberarizaqão cro tibrrtc-l são
cxp.sr.s I'arlcment, Petris, SIDIIFT, s. ct. I l97l l; clcpois, Dr. c Sra. .1.O" Wtl-LKE, Le livre
cnr.l.ni r,ovrrNiiii.iiir rougc de l'at'orte,nenÍ,1'aris, lrrancc-[]mpirc. 1974. Ilsta tlt'rra é uma tradução
T'hc New'poritit:s of Abortion e.r.yccogl.st Ioor{N,
t-ànor.r, sage pubri.ationr, r9B(r. do célel"rre Ilandbctok o.f Abortion, publicadtl pela prinreirtt vez em 1971, que
htltt ftlnte cle inlcrrnlaçoes o livr. ó unr:r
seguintes paÍses: I lolancla'
sol'rre ,r, nr"cnnism.s p*i.abort, inrplenrcnracl.s
,.s teve mais cle vinte ecliçÕes e foi traduziclo em cerca cle dez idiomas.
cirâ-Ilretarha. I.rUA, Irrancra, Oonsultarentos o livro que o sucede. clos mcsmt)s autores, cuitt títuloé Abc»tion.
N.rurega c ourros' r3érengàrc Irranç.. Itiiri,, l3élgica,
úatrot.,rrs prrHriiirA, quc c.r.hur.u ncssa Qtrc,stion,t ancl Answ'er.r, Cincinnati (Ohio), Flayes Publishing
(1o., 1988-
olrra c.retiva, pubric.u ,r.,r,i,
cle
rarcre
S.ci.l.gia, l/niversiclacle Livrc
I
evorÍenlent ,n iirtgq,rc, 3ruxer.s,
Institr-rt. (6) (iraças à lci clc dezenrhro dc l9tl2, prontr,rlga«la soh o regime socialista, a IVG
c]c llrLrxelas, 19,S9. e reentbolsacla pela seguriclacle social. Esse cktssiê Íirt reabertcl em 1986; cí. La
Monda cie 23 de novenrl'lrtt. 4 e 9 de dezenrbrtl de l9|l(r.
l6
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() AII()lt'lI): ASl,lr(..1 ()S
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A lN(x'l:N('lA l)llrl('ll

cticligtr pcnill' quc l'azda


intcrrupç,, tlc graviclcz . únic.
incluíd. n. cticrig. pcnur, o quc, .t. métlic. l;rz.e-llr llcnrlct'rr Í'trvrlr clo abrlrto, "suavizildo" com o cut'cmismo de
p.rtant,, singurar izit-,,.incrcvitra_ "irrtcrrullçl1o voluntária clu gravidez" (lVG)."' E, suils numerosas
mcntc"- os rnódic.s da ANGIC
crcsc.iam tamhóm quc o
dir's par, pcn.sar, prcvist. prazo crc rJ t'orrle r'ôrtciirs, B. Nirthanson Í'risor-r rcpeticltrs vczcs quc ()s partidririos
pcr. rci nrui,r, r"j;;iirinacr., pris
rc,lizaçã. crc umtr intcrvcnçã. arrasa a tl:r libcrirlização clo lrborto huvium di['unclickr intirrmaçircs Í'ulsas sobrc
quc quant. mais prccocc Í.r
bcnigna scrá. mais o rrúmcro dcssus opcracílcs clanclcstinus. Scgunclo inlorma, «ls parti-
Em suma' ptlclc-sc pcrguntar rlririos clo ubrlrLo àrs vczcs nrultiplicarum por tlcz a cilra p?tra imprcs-
sc ?t libcralizaçã0 ckl abrtrto
Iirz al,strÍlr-sc <l mitl qu" nir() sionirr a opiniiro pública! Da mcsma mancira, como o númcro rcal clc
p."i"nclc c.ntrclrrr, cm vcz
E muir. mais: li rr inrríucr qrc clc rcmecliri-*1.7 l'lrlccirncnttls dccorrcntcs clc ubortos clunclesl-inos cra rccluzido cle-
s.brc . c«rntr.rc cr. n,tarid,crc
p";;;;,, . Rcrtrttiri. d. INED
rruris [)ara chocar o púhlico, os purticlários às vczcs ununciarum uma
n, Frunçr, l iorrrr;,* qr" scrviu dc
ti lciNcuwirth sttllrc rt c.ntracepçã. ba.sc cilrir cinqücnta vczcs muis clcvacla! O Dr" Nathanson afirma, cm
çl<irtl'1c à lci Vcils«rbrc. ab.rt,
(1974)' cstá civttcl. clc sórias sLrbstirnciir. quc. sc aplictrtlir com constância, tal tírtica a mcntira
r:,irrr,. ,"i,íi,,it*,*rs .y,rnr.cr,s - accitus com()-
Bcl''r Essc cs,cciaristir pr'vn, Jr.r R. llocle lazcr c()m quc contravcrclaclcs cn()rmcs scjam
qr", cm rrcc.rrônciir dc crr.s cuju
origcm deve scr. rnotivo tlc indubitáveis. Nu Espunha. por cxcmpkl, umil lci dc novcmbro dc
prcocupirçill, irs cstirnittivrr.s
alltlrItls Jlrtlvtlcttclo's na F,onçn sobrc o.s 19S3. quc visrrvu ir clcscriminirr o irborto cm l"rôs uirs()s, sob a prcssão
,nÍ"cs cl, lci Vcil hirvirrm sid.
mcntc inllzrcltrs- Ortr, ó sabickl curi,srr- tlos pirrtidários do aborto. lcvavir cm contir tts cil'rirs ntirnilcstitmcntc
quc o imllircto cl«rs rlaclos (luc
dtl granclc númcrtl clc abrlrlos clilo cor_rtir ,.:xrrgcrrrclrrs dc 3(X).(XX) utrortos clirnclcstinos n() país. Ora, irpctrrrs 2(X)
prurvocarlrs c cl.nclcstin.s
n,ntc n. vrtuç,. crc l.crus .s rcis ó clctcrmi_ cils()s lirram registrucl()s nrr Espurthir inte ira clurantc os scis Jlrimciros
quc ribcl.irriz.m , ub.rt..
o "nrc« t:ttlptt" cltl Doutor Nathans()n lncsc.s sul'rscc1ücntcs àr Iibcralizacao parcirrl clo ahorto.
é tr llr.vlr clcssc estucl. dc Emboru irs vczcs scjam pouco confiávcis, talvcz cxpostos u
ctlistts' E'ssc h.mcm quc Ittrt.s
trb.rt,s I'cz. c h.ic ó um tic scus
ittivtls ttclvcrsáritls, I,rnccc-nos m,is irclr-rltcrirçiro. os drrclos cstatísticos proporcionam, no cntunto, orclcns
inlilrm,crrcs cxtrcm,nrcntc intcrcs-
snnles s'brc.s métrcr.s dc uranclcztr. Scgundo o Dr. Soutoul, "ap(rs lFi mcscs dc aplicação
utirizarros ;1,r.,
"rg,,n,,,.,
.,iniã. púbric. c incocrcntc tla lci, cntrc 45 c 60.(X)0 rrbortos lirrirm clccltrraclos nos
Ce ntros Of'icitris cm 1975, de pois 135.(X)() em 1976 c ct: rcrt cle 150.(XX)
(7 ) Soltrc tockt
p^,,css,,r j;i,,;,:,:,::;,,::i,J;l;),,;ii ,,,,,,i})i crn 1 t777".tt
d'ov'orranlanr,si i!'lsi:lt:iliiri
ré%tn'. r,ans, till. çr pr,it.rr,,,
s,rr,,,.,ur prcpirrou esse
i,11i,,,,),,,,1,t,, Dcsdc e ntão, vcriÍica-sc uma clcvaçiro constantc clcssas cifras,
a c.r,boraçâ.
cre viÍri.s pr,,Í.rr,rr..,
livr, crc lrtris cm l9lJ3 o INED rcgistrtr 182.862 trborl.os. ou scju, 24,4 uhortos
crc grncc.r.gia c.bsrerríci..
;:';rr:ffil,«)nr vtÍri.s nlcnthr,.s clt> c,rp,,r"00".,.
crtr r)*r. ,-.*ri',?],,"nüillfffi,:1t'cle i,..i,"*i
(ài) c)1" "l{trppttrl clc I'lnstiÍut
nirtion;rl cl'l-jtucrc.s crcrrr,graphiqLrcs (l(l) Ve r p. .+3. ,S2 ss. c as rclcrôncrrs.
Ministrc cles Alltrircs s.lcirl"*..-rr i) M.nsrcur rc (II ) ('r.rn.r iqtrttt<'a,t d'ttna loi an v'igtttur an l"runc'c daltti.s troi.s ans. Anol\'sc actualisée
la ró-rrLrlirrlon ctcs naisstr'ccs cr.r l:.rancc... ir.r
I'r4trlation' en rnoi 1978 at 1»rtpo,sitiott,; rl'uvenir (pro tnont*cripto).s.1.. s.cl. ('liturrs, l97t'i).
Irritnçit' cÍ' pp' ! litrlh.-ir-r1.sr.,c! ,l],í1, ;,f. ,i!-n,rr
r't''.'
6-5 l-i'(' t vei t.r'rhénr lll
(srbrc t)s irrr...s ,rr l'lssc texto rcssalta clrvcrsrrs clrrclos puhhcackrs no livrul ('onseqtrcnces d\tnc loi.
1; «;. r;Ái iIr'. ." r.rr,r.rrc
dcs,v.rrcrrcr.rrs iltt ntestiirl ilLr t()r.
(e) a:':;;::,i, 1
ii r,"uu, .,* te.,1)1"nr scp.r.ri,; Ohantirl lll-AY() cxaminou conr clctalhcs o proccdinrento a scr segLlido na
tttt.'.1c.lkrpport
crrircr. n,, n,,i,,',{r',::,.,-',;:i:,',:i''li,i''llillltc't
",t,i,'l';:,:;"n;;,;,,;::,;:):,::,;:,
Itntttr-sc cto rcrarrirrtr lrrança pirrit o registro clti ah«rrto provocaclo ont "l-'cnrcgistrcmcnt cle
r : n, i re, r r:,,'J
J',J::i?;iuli
1\l:'1" un .orttpr61 ('onÍrc
t,,
:íi ü..ffi
,i,
x ig.1, lli llal lrh llr*:
t.',,ãrr,r,rrnr.'ir.,r,.i,,
l'irr.'ortcnlent provoque tn I;rancc".u1l'opulnli{rn, ns.." 1-5 (1977),pp" 977-98-5.
O tral'lall"ro taz unra análise clos claclos clisponívcis para 1t)7(r, e um mapa dt>s
I':rris, r97e cr. p^rr.css.r I,. _r). ai"rrtnos provocirckls na Irrunqa cnr 197(r. Vcr tanrl"rtint. no cxame da "Situalictn
r.i I'crr. um, aruariz.çâo: tt Mi,çc
l;:i;:r' - ri jr»*crc crezcnrhr. crc clcnrographiqure clc la Iirance". ii rut'rrica ilcclicucla l'rs IV(i: "lnterruptions
vrrlontlrres clc grosscsscs". cnt I'optilotum. n;' 2 ( t97l{), pp.2\)5-297.

l8
l9
r- O AIIOR'l-O: ASPECTOS POLITICOS A lN(XlllN(:lA Dll:l(lll '

Para 1968: 2lt'947 abortos


para cada 100 nascimentos vivos. Inl'elizmente, esta ciÍra fica aquém 1rr:rítrclo
ontrc l9!l1:,'97*: !:: "*"*plo' zz'257 ' Para 1973'
1.309 para
da realidadc, pois, ao Acusar-se de praticar abortos ilegais, o Plane- l)irrir rcsiclcntcs; 'ãtt*;rJentes; I]:1lt
jamento Familiar taz o nível subir para 220.000 abortos em 1983.12 tt:tnt)s110.56t3,56.5&1e16.7.|49,respcctivamente.Para1978: que aborta-
,,t55S. E* iqàg,44oh clas mulheres
Por sua vez, o INED colclcaria o nível um pouco ucima, já que I ll.t{5 l"Z()..,o.l'
" rinuur, divtlrciadas ou scparadas;
avalia em 35 o número de IVGs para cada 100 nascimentos, num total r.irm crirm .u*nan'*i Sfrit",r.rtt"iro*,
,).3%tinhammenoscle16anos.Para7gl3,temos437o,5.7o/oeL,Zo/odcr
dc 250.000 casos por ano.l3 o comentário
rcspccriv^T"d ínrn 1g7g: lszi,657o e 2,60/o' da saúde públi-
Eis alguns dados oficiais do Eurostat 1989 para os países das ,É;il;1,r"..', õHós (administraEão
comunidades européias: la .ur.r prccrsa: clc trabalho aclicional
resultante dt.l
.,
ctt) rcr-:tlnhcça "no,*"
,olu*"
Ato cle 196'7 ..." . - ..-^.,- r. h,\Í ritária
Éparticularmenteimpressit-lnanteaporcentagemma]o abõrto' o Íenôme-
País Número Número «le Estatísticas
rlc mulheres sozinhas
(até 65%)que recorrcm ao
de abortos cm o/r, rJ,t>s in*t ém tlctlrre na França' Pclrtanto'
n0 nãrt-t ó própriO à lnglatcrro, "lJma \ci qu3
nascimentos logais nascimentos
Laure Brisboú tem motivos partl escrcvcr:
vivos Ir Dra.
e l4o/o ct>ncubinas' tlu
1lcrmitiss"..,nh^*OSeriafnu.xáuelaosirrcsponsáveisScxuals,pols
abortam são scllteiras'
RFA ( 1e87) 642.010 rilJ.540 13,13 55o/otlas mulheres que
França ( 1986)* 7'78.468 166.34rt 21,4
t:"fr:''n d:^nb"-lll]'
'"i.' *;:lllI .*o"riência cra libcrarização
Itália ( 1987)t 552.32e I n7.61Ít 34,0
várrios paíscs, i*rorn tantl discussãt-l' sc nãtl mals'
Holanda ( l9tt5) 178.136 t7.3(X) 9.7 rcaliztrda em
*
Inglaterra (1987)* 775.600 165.,3(X)* 24,,6 questócs c muittt
tlurtnttltlsdcbatosqucprccedcrt}m()p::]:".*udelegalizaçãt-ldt.l
pr.brcma suscita graves
ruh.rt..r Mais que nunca,.
,
Dinamarca (l9tt7) 56.221 20.n30 37.1
preocupaçãttl' . --..<ra .r.re.s(:entar um ntlvo elementtl a
,:rr.

f ';: o m a r ir to t a Ii-
::: ;"'"T: n'lr s cr e r c t cm
* I{esurltados pnrvisórios. ** 'I'otal para residentes.
, -'.. *:ft T :i :l,,x;t':,'ff
tomar alguma clistância
relaçít. às
dadc dt-r clebate. É pret'erlugi salicn-
no intuit,, ã.-r.r.,íizá-las, quer clizer,-cle
i-. cliscussíres em estado da sociecladc'
E interessantc analisar com mais detalhes a situação na Inglater- "urr,i n u* determinado
r"r^iJn*
tur que ra"
ra e no País de Gales, onde cl abortcl foi legalizado cm 1967.Is Em 11
anos foram registrados 1.325.146 abortos legais. Eis os dados para o

1\2'l Lc Monda, I I de l.cvereiro de l9tl5. cle 19t37"


( 13) Le Monde. I I de f'evereiro cle l9B-5. ,,LJn e".in Marie-crai,a.setembro
;u" ,rarrr"*. ch.ix respons^t"lr
( l4) Ironte: LrtIltOS'lA'l-,Demog'aphic stati,vtics. Stotistfuues demograplüqtrcs 19,99, (16)
I-uxemburgcl-Bruxeltrs, l9tl9. Para os dados referentes a cada país, convónr p' B 194' -,^-. r-,'ror"r . nnrte-âÍllerlcana'ver (l' h-li'AN(loMlr-'
consultar as tabclas 5 c (r. A Grã-Bretanha distingue os nbortcls lcgais clc (17)
à ;,u::'fi i[-fi:,!.:
i ;":l'h,T'in n nr w or!< an vt
resrdentcs ( 165.t900) e nãro-residentes ( 18.100); os 24,6 abortr:s lcgais para cacla
i H,:"
lõ8ô' pp s-q;
,
F'l.ff
philrppe ôi'rt'g1l-:'ot'tn'ent:
les leçons

100 nascimentos vivos só valem parii a (irã-Bretanha, pois a lei dc l9(r7 sotlre Occrtpntktwi, t' 25, 5 cle jllciro clc i990' sotrre a
r" i"i-tr['Belgqtrc (tiiuxetas;, rlella
o ahorto não é aplictivcl à lrlanda do Nortc.
'l't.l- I-LIWIS, "l-egtrl at'rclrti«:n in llngland ancl Wales l96t{-l97ll",in British
cle l,hisroire,,, iÍ1
,j. pEiriCO, ";;;;iJ't'ni dall'entrata in vigore
(l-5) cxperiênciii itatiana, ãi. pp' 571-586'
n Aggiornamenlo sociali't' 36' 1985'
Mcdical .lournol,2 de Í'everciro de 19ti0. pp.295 ss. legge sutl'aborto,

zl
l0
A IN(X]ÊN('IA DII' íC]IL
O ABORTO: ASPE,CTOS POLITICOS

cltls bcns disponívcis;


é prccistl salvit-
rlo númcro dos cluc ptrrticipam
Dos rigrlres cla penúria às misérias da abundância dcslrutirm closscs bens' Ptlr
quurtlur prioritariamcntc ,r* q*'nf,rrn
cicntífic. e tócnico' o homcm
Nossa socicclacle ó hascittla na aliança cstrcita cntrc dcscobcrtas
outr. l^cl.. ól'rri. com scu cltlmíniã ;" rcsponsirbiliclaclc' Esse cluplcl
tlcix^ quc sc cmb.tc *", *.n*,;
cientíÍ'icers, proclutividadc c procluçiro, publiciclaclc. consumo c dcs-
tcndc a pr()mov"r r, i,lei,, J"
qr",,r forqa faz o l:t:.i::::o ttt'
tlomínio c por ist. scnh.r
perdício. Mirrcusc c Mcl-uhan. cntrc outrcs, analisaram hem os scnht.,i
Ir.mcm a impres.rtio cle *", *"u"ftãptit' -
mecanism()s quc conclicitlnilm nosso asscntimcnto. Livrc dos rigorcs
rkt ttutro.
da penúriu, o homcm rlo munclo tlcscnvolviclo torna ?r scr aÍligido
pclas misórias da trbunclância. Ei-lo quc sc submctc à ciônciir c ir
tócnicer, ntrs quais via o insl.rumcnto tlc unra lihcrtação. Assim, t'r
ckrmínio da tócnicu rcvcla-sc ambígu(): ()u bcm 1;ropicia o llorcsci-
mento da criativiclaclc responsávcl. ou hcm o I'ascínio promctóico quc
cla cxcrce rrcahiurbsoruenclo a libercladc.ls
Ncstc contcxto, A margem dc cscolha pcssoul climinui dia a dia.
A "mASSAgcm" publicitária ol'crccc racionirlizirçõcs conlilrtiivcis ao
cxercício da agrcssividadc: a domintrção rlos outros scriir ir conc()r-
rência; a dominação da naturcza scria () pr(urcsso cicntí['ico. Dcstit
mancira sãro climinackrs ()s mccanismos rircionais tlcstinutlt)s a con-
trolar a agressividadc. Assim, os homcns ckrs paíscs clitos clcscnvolvi-
dos corrcm o risco dc sc trlrnarcm um "povo tlc crrrncirr)s", scguiclorcs
clc cegos.l')
Estãro tho obnubiluclos pela Í-úri?r consumista quc introjctariro
alcgrcmentc as iclcologias qLlc virao lcgitimirr- o sistcmrr tlo clutrl sc
aprclvcitam. Ora. cssas iclcokrgias hasciam-sc n() postulado do hcdo-
nismo máximo: fica combintrclo que carla um lcm o rlire ito dc procurttr
incondicionalmcntc o mairlr prazcr subjctivo Jrossívcl. A criitnça
anunciada ó, assim, rcbtrixada ao nívcl dc um bctn dc consumo. E
como uma telcvisão ()u um curr(): aclquirc-sc ou niro. Niut a qucrcntltl.
aborta-sc.
Avontade de Iihcralizar o aborto só podc scr cntencliclzr quanclo
rckrcionada com o clima geral cm que estamos mcrgulhttdos, ntt qual
corrcmos tl risco de scrmos cnÍ'citiçados pelo I'ascítrio do consumo t:
da técnica. Por um lado. o imperativo clo consumo postula u limitaçir«t

( lt{) Vcr, cla Dra. I-agroua Wtlll-L-l{AI-l-tj, I-'ot'ortetnent dc popo. I',.t.çtti t-r'itiqt«:
pott unc vraic réfonnc, Paris, lrayarcl. 1971. Nesse pcqueno livro- nãtt cstan]tls
de acordo cont toclas as sLras c«rnclusÕes risra. Wcill-llalté frtsa us
-,
responsabilidades cnvolvidas ntt decisíto de ttbtlrtar.
(l()) (lf. nosso Cap. XV: Ásíntlrorna de I'onrrgo.

23

22
II
O retorno do Leviatá

Todo projeto ou proposta de lei visando a liberalizar o aborto


comp«rrta uma cilada que é importantc dcsmuscarar sem oomplacôn-
cia. As discussoes a respeito dcssa liberalizaçãro poderiam levar a crer
que o clbjeto do debate está cabalmcnte circunscrito: seria a
modificaçãro ou a revogação de uma lei de caráter penal. A
cclmplexidade dessa lei ó, sem clúvida, mait)r ou menor, mas seu
alcance parece limitar-se estritamentc a um problcma prcciso: o
aborto. Seria possível imaginar quc se trata exclusivtrmcntc da
"inte rrupção da gravidez".

A importância do que está em jogo

Na verdade nãro é assim, e o que ntr verdade está em jclgo, em


última análise, ó da maior importância. Não há «rmo dissociar o
clebate sobre o abrlrtcl de uma discussão que abarque não apenas o
Direito Constitucional e seus [undamentos. como também a Teoria
Geral do Estado. "LJma pequena modiÍ'icação nas leis civis, obserua
Montesquieu, muitas vezes deságua numa modificação da Constitui-
ção. Parece pequena e tem et-eitos imcnsos."l
O exame de qualquer projeto ou propclstzr de lei visando a
liberalizar o aborto acarreta inevitavelmentc um questionamento das
instituiçoes democráticas e da idcntidade de nossas sociedacles polí-
ticas. Eis porque. neste terrencl, as meias-medidas e os compromissos
já constituem capitulações com conscqüências irreversívcis. Pclr ocil-

(l) MONTESQtIIIitI, Matériau: pour "1,'[isprit tle,s l-ois" exfi'ttils de: "Mes
pc n,§ée,r ", Paris, Ciallinrard (col. La Pléiade), l9-51. t. tl, n." 414, p. 1112.

25
() r\li( )lt'l'(): ASI'lr( "1'()S l)()l.l'l'l('()S () l{lr'l'()l{N() IX) t'l:VlA'l'A

ilnimílram tts lutas pcla


siãrl rlc um dcbirtc stlbrc o ahrlrto. o lcqisludor niro llodc cluclir o Mais pcrt() tlc ntis. csscs mcsmos princípitls
qucstionamcnto clc nossa socicdadc políticu. E sohrc cla, sobrc sua intlcpcndônciit ntls pa íses ctlltln izacltls.
nirturczrr. quc tcm incvituvclmcntc dc sc pronunciar. Ntis nos propo-
rn()s ir clcmonsl"rá-kl examinando <Jc manciru sucinta trs rcltrcClcs cntrc
clircito c lcí, a separaçãur cntrc lcgisltrtivo c jucliciírrio, a conccpçãul
do Estackr. Aclmitimos csponLaneirmcntc quc lcis positivtrs p()ssam A instauraçáo histírrica da justiça
scr injustas c cluc. portanto. a rlrtlcm lcgtrl niro csgotrr as cxigôncias
da .iustiça. Obra ckrs homcns. a lci ó pcrl'cctívcl.2 Num contcxto cltt rcllcxirtl cltls filtistltils t'lu
hist(rrico clatkr. cla tcnta qarantir condiçClcs inclispcnsírvcis pilra quc Esscs clircitos nittl rcsultirm trllct'ltts
clc umrt prtlqrcssivit ttlmacltt rlc
os homcns possum cxistir juntos cnquilnto su jcitos tlc clircitos. Esscs rl1 pcrspicáci1 cltls juristits; sãtl tlhjcttl
c.nsciôncia iur Aliírs. numtl mcsma óptlctt' cssa
l.ng. tl.s sócul,',i.
clircil.os humanos sc trtrduzcnl com mirior ()u nrcn()r trccrto na lci contormLr ()s anthientcs sticitl-
positivu. mirs siro rrntcrirlrcs u tocla coclil'icirciro c inrlcpcndcntcs dc consciôncia poclc s.l-r muit,t dcsigual
suir ritLil'ic:acito pclo lcgislaclrlr. Sir«l rcvclirdos, proclrrmirdos, rcco- culturais' , r.-,r,...,,, h,r '1.
um su]clr clc
o l'irto dc rcconhcccr cm ttlcltl scr humttntl
nhccidosl não siro aLrihuítlos. outoruutlos ncrn conccrlitkls; sao ina- tlcterminacla
histtirictr bcm
licnírvcis c irnl-rrcscritívcis.3 Tockls os grirnrlcs movimcntos sociiris lihcrcltrcle corrcspontlc a Llmtl cxpcriôncia
um l'untlttmcnttl cxpc-
I'izcram vitlcr clircitos rcuis mus nãrl rcconhccitlos pclas autoriclaclcs quc, clc ccrto mttcltl. clá a tal rccilnhccinrcnttl
quc tornam tls htlmcns
clo m«tmcnt(): tttdos os granclcs movilncntos rcvolucioniirios dit rimcntal" Na histtiria lazcm-se cxpcriôncias
lttts quais nittl.estitvam
histriria Íirram Icitos contra instituiçÕcs políticas quc impcdiam suir scnsívcis â Comportamcnt()S c Íl instituiçílcs
tutlo quc haviir dc
rrl'irnração. Btrstu lcmhrar. por cxcmplo. a Mugno CarÍu, dc 1215, ir abert.s antcs. Descgbriu-sc pr()qrcssivimcntc
cla cscraviclírtl. Sti ptltrctr
trn.rmal, clc im.ral .u iniusto na iistituiçiro
Pclition r1[ Riglrt.s. clc l(r2,3. o Bill rfl'Ri,qht,r. clc I (r89. ou a Dcclaruç'oo tlu clc uma ccrtit
rlc Inrlepenrlênt'irt r.kls Esttrckrs Unickls. clc 1776.4 Foi cm nomc it pouco sc pcrccllcu it mtrlícitr dtl ctlltlnitrlismtl' os htlmcns sãtl
l'attl tlc quc
sujcição cla mulhcr. ou mesmo o mcro
clcsscs clircitos quc Íili í'cita u Rcvoluçao Franccsa c quL: os bur- Dcsctlbriu-se tt
qucscs clcnunciaram a dcnegaçiro dc justiça do Antigo Rcuime. Foi sujcittls clc dircitos inalicnírvcis c imprcscritívcis'
() dtls séctr[()S' c csstt clCsctlbcrta
imoraliclaclc clir ttlrtura C()m pirssar
crn n()mc desscs mcsmos princípios rculisLas quc u mtrioritr dos hoje acontecc cm rclaçãtl
trincla niul cstá't"rtrir..f n.t'Arri* tirmbóm
movimcntos socialistrrs lutou pcla lihcrtrrciro cl«r prolctrrritrclo.-s Ptluctl a ptluco ó
ao racismo c às mais divcrsats cliscriminaç')cs'
suas dilcrcntcs implicaçíres'
desc6herto o dircittl à participaçit6 c
['rágcis, quc ]x(]stram a
(2) Ilunrinackr pelo tclxa hciclcggcriano cla histtlriciclaclc. o protrlcntzr clos diroitos Tr.ta-sc dc tlcsc.bcrtai histriricus scmpre
tltr justiça na stlcicd.adc clos
hunranos insprinlu vários lratrzrll'ros irnpurtantcs. cntrc tls quais temos: W.
cxistônciu clc uma instituiçirtl histílrictr
MAII IOIrlrl{. Ilecht ttnd ,\ain. I'rolegornan« zu cinar llcclt,sontologic, cltl cspírittl dtls l.iltistlltls,
Irrankf urrt-sobre-Main, 195-l: A. KA(lliMANN, NaturrechÍ und
htlmcns. A justiçtt nãtl sai prtlnttt e acttbacla
nas culturas c ntr hist(lri1 huma-
(ic,çc'lrt<'lttlichkcit, 'l-til'ringcn. l9-5(r; Lco S'l-ltAtlSS. I)roit natLrrel et histoirc, mrrrtrlistt,s c juriitas. Ela se i.n,sÍrttt,o
cujp tlhjcltl sãtl ctlmptlrta-
Paris. ['[on. 1954. Vcr tanrt'rónr.1. I-AI)l{lirtftr. ''l-cs clroits dc I'homnrc ct nas. hist(lria Ícittr clc rettlmadas críticas
I'lristoriciti".tnVic soc'iula et dc.stinée. (icmbloux, I)uculot. 1973, pp. 1l(r-l3li.
(3) llstc prol'llcma ó antplanrentc triltado no cstLldo documcntudo clc A. 1970' pp 2til-2ti3'
pour unc ll.thique stlciltlistc' I)arts' Ptty<lt'
VIll{lXX-)[)'[', Naissance el rrynificatiott tttivcrsi:llc tles tlroit,t dt l'lrottttnt:. prtlblônras, clcixiinlos cleliberaclanlcntc q:l:::
(6) Com«r ó provcitttstt tlistinguir os
| -tiuv;trn-Í)arts, Nauwc121gy1g. Iq(r-l" 2r rcgistrar_q:::.-tll:nt'p'n
(+) 'l cxtrts rcrrniclos M. I)t I\./lrl{(;lr.l{ cm ('ortsÍittilictns ct I)tx'trtnant,s o clcharc solrrc a pcno ilu ,nnrltr.l-intitamo-nos a pena de mtlrte e o mcsmo
1"xlr pclos que siltl contfa
rnvocaclo ,r ttru,,r ck't crimino.so
ixtlitirlties.I'lris. P(ll'. i(Xr-l.;'rp" 289.30().31! c ll-i. respcctivantclrte. niio-nasctcia: o rcspclttl inctlncltcitlnal
tttr
(\) r\ssrrtt. ri rdcntillcaçiro ul-rusivil cnlrc o honrcnt hurguôs c r: irontcnt cnr gcral ó aclv.gackt a favor cla crurnqa inocenii
('strqnlrtizirclir ptlr K. MAI(X cnt "l-il Qurcstion.luivc". in I'u14as dc Korl Mort ()Lltro.

Z'7
2(,
() AI]()l{'l'O: ASI,tj(t-I.()S
l,Ot_ÍT-l(.OS () lil..'t'()ltN() I)o t,tivtA't'A

mcntrs cl.s quais ó dcnunciacra a injustica


porqu.- hclmcns s«rÍrcram No concrcto clus situaçílcs. essAs cluas corrcntcs semprc cocxis-
por sua causit.
tiram c as tcnsÕcs cntrc clus semprc Íilram muito vivas. Hoje sãro mais
vivus clo quc nunca c, sc nuclu muclar, scrirt'r aincla muis intensas. A
A reflexão filosófica mttró clc Í'unckt quc pcrcorrc o mund«l c quer o triunlo cla liberalização
clo aborto tttcstit a pcrsisLôncia c a Íirrça cla primcira corrcntc que
mcncionamos. As grandcs dcclaraçtics dc dircitr), qut: são comr) quc
E verdadc quc o trabalho do tll(rsoto tls lurtiis da sociccladc clcmocráticu ocidental, utcstam o vigclr prírtico
tambóm tcm primordial
imptlrtância" Mai nestc. como jurídico" político
cm t.tkrs .s ,utr.s tcrrcn.s que dtr segunda corrcnLc" Pois ó clesta, e não cla
invcstiga' cl ÍiltistlÍtl nãr. c.nstitui
. ob.ict. ,1" ,,rn prripri. reÍlexão. -primeira, qut: proccdc - o impulso dccisivo t: quc acreditavam ató
Em re laEãto tttls clirciLtls humtrnos,
s.,u trubalh, é scgunckl; clc rcÍlete -
scr irresistíve l- quc lcvu os home ns a sobrcpu.jar a tirania do Estado,
sobrc um datlrt' Intcrroga-sc sohrc
.s lunclamcntos clcsscs clircitos cla csJlócic ou ckr inclivícluo.S
hum.n.s- Tcm,r.iza sua "cxpcriônrin,
qr", ,il)"r, cskrrça_sc cm mos_ Os csÍilrços convt: rgcntcs dos políticos, juristas c t'iltisokts prco-
trar prtrr\,c,
h.rmcm ó sujeito dc dircitt ,r.
ser rcconhccidos e promoviclos. i,,',-,-,1,rc t.is dircit.s dcvcm cupaclos cm substituir us rclacõcs clc oprcssãro por cstruturas clc
acolhicla rcsultaram numu obru cultural cspccíÍicu. Dc Iato, uo longo
Pclrranto, a rcflcxão ÍirosriÍrca
arimcnta-sc da cxperiôncia quc dtts sóculos, os homcns csÍirrçaram-sc cm claborrrr clcclarircílcs dc
htlmcm tcm cla libcrclacle c cla opressão, o
nas clil'crcntcs culturas e em clircitos humunos ilcilbilmos dc recorcltrr as principais quc nos
clivcrsas etapas cla histtiria-
A reflexão ilumina a cxpcriôncia scgund. - -
l-azem citptar u imprlrtância da disLinção cntrc clire itos humantls c
os critérios dc uma crete rminacra
.,rn."pçu,;;; homcm; mAs, por sua lcgislaçuo positivu. Uma clctcrminucla clcclaraÇão conLempla cxplici-
vcz'Lt expcriência'suscittl c provoc
aateltixàr.r. Em suma, cntre a rcllcxãrcr
e a experiôncia,!á titmcntc os clircitos clir criança.') Ncnhumrr clcsszrs cleclaractics sc
1ma ryrãçiro criarétila: ,r,, ,"r"rc à ourra.T trprcscntÍl como lci positiva; nonhuma conl'cre aos htlmens a quali-
M.s a rcÍrexã. Iirosti'ica nãr. ó ncutra.
t.mada clc p.siçã., csc.rh, dc racr.. Ertr ó cngajament., dacle clc sujcitos rlc clircitos. Tais clcclaraçÕcs cxlllicitam apenas a toma-
p.lêmica; é semprc um c.mbatc
s.rpr.,,f."r"rt. uma dime nsã.
a ravrlr,r, .,intr. . h.mcm.
da de consciência clc clcterminados clircitos dos quais todo homcm ó
tlu ctlntra uma clotcrminatla c.nccpção A Íav.r sujcito antcs clc rcdigicla qualqucr dccltrraçho. Enuncium clircitos "ina-
clc h.mcm. E dcss;r lcitura d.
htlmcm dcpcndc, cvidente mcntc. licnáveis c imprcscritívcis" quc os Estaclos c lcgislaçócs positivas
a intcrprctaçi1«l quc o tiltis0lil
cxperiôncia histtiríca' Assim, a história tlá à
cla Íjkrsirl'ia m.stra quc t.<Ios dcverão lcvar cm contrr. rcspcitar, Í'azcr rcspcitar, promovcr.
.s Íiltisrhrs nãrr pcrccberam cra mesma
seu pr.pri. cngajamen-
t. n. mund. d.s h.mens. uns abrirammancira caminh. par. aventuras impe_ (t{) Voltare rnos uo prohlcnril no Oap. IV.
riais, justificaram a tirania cra (9) (lÍ'. I{. SAtINILI{.L'en.l'unt at va.t'drctit,r'. l)aris. 1970. I-ê-se notadantentc ncssál
s.cicdadc, ap^)varam os excessos
individualismo mais cresenÍreado. cJ.
outrur, l)cclaraçíio: "l'.nr virtuclc cle suu lnlta clc nratLrndilclc lísica c intelcctuerl. a
contato estreito com as
realidadcs ptllíticas. ctlntribuíram ", cra mentalidade
para a ccl.srul
criarrça precisa dc prote !;,Itl c cuicltickls cspccitris. r'rotilclanrcntc clc un')il protcqâo
crátictt ntl sentidtt contcmporâneo rjem.- jurrrdica al"lropnacla. tanto antcs conro cle pois clc scur nascime nto." O Preâmtrukr
ckr terms. Ficaram atenL.s do pro.lcto clc OonvcnqÍio aprovackr pelo (irurpo clc'l'rabalho [...] sobrc
gôncia dtls sinais que anunci.uam à cmcr_ ir
uma sociecrade aberta a t.ckrs .s questão relutiva aos clrrcitos cla criança ret()nla cste tcxto. ('.f . ONU. ('onsallut
h.mcns. uma s.ciccracrc,ncrc cada
,,, r.rin f....tri.ro como p.rr.acrrlr Iiconôtnico a .\ociol. ('orni.v,;'rio de l)ircitos I ltunnrut:;, 1(iencbrn), 45." se.ysnct, 2lJ
do nttvrl paril tl gritnclc bcm cla dc novemltro-() dc rlazatnbro dc l()Uii. docrunenlo Iil('N411989129, de 30 de
comuniclacle humana aberta a t.cl.s.
clczentl'rro clc l()lili: (il:- ti1-10(t7r)l(t7ó2n. vt:r p.4. Citanclo csta I)eolaração, o
I'rcânrbulo cla Oonvcnqão uprovacla prcla ()Nt.l pur unanrnridade cm 20 cle
(7) ( lÍ'. s.rrrc o itssLrnto ti. wtirl-, phito,;oprtie noventbnr clc l9li9 prcservoLr a mcsma idóiii clii ncccssiclaclc da plrotcção 1uríclrca
poritiqtrc,parrs, vrin, r9-5(r, p. 39.
e não jurÍclica à criunça ilntcs c dcpois clo nascimento. (ll'. p" -50ss.

28
29
( ) Ali( )lt'l'(): ASl,lr( "l'()S l,()l_l.l.l(.()S
() ltl:'l'()l{N() IX) l.lrVlA'l'A

Dc lirttl. ncstil [)ers[)ccl.iva supõc-sc cluc o Estado rcc()nhcçu


cxistônciit clc su.icittls dc clire itos anl.crirlres a suil
. r:onl'lito: tão logo sc trtrtc dc singultrrirladc rcspcitaclit, ncccs-
pr(lpria insLauraçã. sirrirrrncrltc a() ntcn()s virtuulmcntc há conllito.l2 Contuclo, ntt
(tltl F'sttrdtl). Ptlrtitnttt. o Estarlo não ó a últirna instância - -
do prlític.. socictlirclc clc trircliciro clcmocrtitiur ociclcntal às vezcs ó uclotirda.
Sti hii I'untltrmcntt). tlu ittitcs. lcgitimiclaclc, na mcclida
em que clc
reúnc um conscnstl livrc. ltcssc scntido, uma atitudc muito dil'crcntc dlr quc vigora nos paíscs
clas vontlclcs livrcs
"r,,nrnclo.justamcntc
dtls membrtls cltl c()rpo pttlítico. Prccisiimcnte, cssui mcmhros csl.ã. cm totirlitiirios. Estcs cstorcirm-sc cm rcduzir () "outr()" ao "mcsmo". Ao
stlcicclirclc ptllíticit lt()r(luc, ircima clc suas clivcrgôncias, ilissidcntc, ao opositor, cirbc apcnirs ou hcm submctcr-sc a rccicla-
talvcz clc scus
ctlnÍlittls, cxislc cntrc clcs um c()nscns() I'unclamcntal gcm. rcpr()gramircão, mtrrginalizirçiro. cárccrc ctc., ou bcm accitar it
cm t.rn. cle ccrt.s
n()rmas tlc viclir como il quc proibc o assassintrto, ou il quc rccsnhecc rnortc. ['ísica ou psicokigicir nos hospitais psiquiátricos. Tcrcmos
cm caclit htlmcm- um su.icittl clc cJircitos. Sc talconscnso cntão, conlirrmc a cxprcssrro clc Mtrrcusc, uma sociccltrclc dc homcns
lrx prc1uclicaclo.
''
l qtulklrtrlrr mcsma clo regimc cstirrá scnclo qucstioni,du.r,i " u n icl imcnsio nir Ii zaclt)s ".
Ntl vcrtlitclc' tt invtlcitcãtl tttt "s,rbcrirniir políticil" ou E glor cstas rirzílcs quc os EsLackrs totirliLriri()s, scm cxccçiro,
4a ..regra
tltt mttioriit" pttrtt.iustil'icar ir litre ralir,,ç;,;,i,; irtrsrte clinrinam ir clistinçao cntrc clircitos humanos c lcgislirçiro positirtt:13
nã. rlcvc iluclir
ninguórn' A partir tltl mttmcnto cm que sc irdmitc (1.rc o scr-conccbicl. cstu tlcl'inc ir justicir e sulloslrtmcntc csqottt suits cxiqôncitrs.
'ó hurnitntl dcsclc sutt tlrigem, a liberirlizacill A primcirir visttr. lr libcrirlizacão do rrborl.o causa um clttno
dri rrborto comportir
inelutavclmcntc o clucstionirmcnto rirrlicirl rlc ull ntcn()r ir tirl clistinção. Essc drrno ó tolcruckl tunto mais l'ircilmcntc
rlos llrincípios
mititlrcs pilril cu.iir tlcl'csil os homcns pirssilr';rm ir r.,ive r cluirndrr ltodc I'ilzcr uso rlos itr{umcntos clc ilutoriclitclcs mótlictts.
cnr s9cic4,de
lrtrlíticir. Assittt scnclo. hii motiv,r, 1r,,.,i tlize r quc cxist c,hjati.t,rtrncnta psiquiiitricirs. sociokigiurs. I'ilosírl'icirs ou tcoltiqicus sobrc o curátcr
subvcrsã. rl, .rtlcm.polític,r c juricliur. Dcse ncacrcitr-sc
,n, 1rr,r."rr,, humtrno clrr criança trntcs rlo ltilscimcnto, sobrc os intcrcsscs cltt
't'tri(irlu tltt tlcmocritcirt. Doruvirn tc u tlas'riltt,rli.êncirt r:irrl cstii justil'icir-
mulhcr, clir l'arníliir ou dir socicdatle. Apiatlantlo-sc cltr cxistôncitr
cla c tr rcsistôncia tornir-se um tlcvcr.
inlortunirclir à clual sc supÕc cstar dcstinaclt) () novo st:r, alguns
chcgum ató ir Jrrcconizur o uborto no pr(rprio intcrcssc clu criunçir!
E,nt toclos ()s cils()s consiclertrdos, ntro sc trtrta clc rlanos com c()nsc-
Direitos humanos e legislação positiva
qüônciirs Iimitad:rs: csttrmos dc l'ato diantc clc umtr moclil-icaçÁo rlurt-
litotit,rt cxtrcmantcntc pnll'urrdir clc nossa c()nccpcão clo dircito.
A prctlcullttção ccntritl ckl Estaclo clcmocriitico ó 9 rcspcit. Nos rcgimcs rlcmocráticos. nao ctrbc tlc moclo algum trtl lcgisla-
à
clilcrcnçtt cntrc tls htlmcns. àr alte riclaclc: ó a cocxistôncia drrr constituir os sujcitos cle tlircito. Ao libcriúizar o aborto. contuclo,
dc litlcrcl.-
clcs'll Eis ptlr quc il tlcmttcrirciir não ó
Jlossívcl scnr ccrLls lirrm.s dc
tirrclirrn-rcnte (;lois lirrant l'rrlsirs clcn'lrlcracias us ciclaclcs antigas. crigiclits sohrc
( l0) A srit' stnltlnc Vl:l
[- trlcoLt cllt dn'crsos álspcctos clo urn'ta husc clc cscrirviclão. inicliiirllrclc lr,rnclarlcntal quc as Iit"'ravit cJos ntititlrcs c
;rrohlcn]ii quc cx.nlrn.nr.s
ttqui ntl qLIc Í'cz pcranrc o oongrlsso c]il ú.*ir,l ,,r-,-,
['.-t'1to.sa nlris unr.lr-rsliantcs prohlcnlrs). I)c toclirs lls conccpqílcs polÍticas. cstit c clc luto
iglT (crtiircnros
cstc lcxt() colll() l'-t'ltrt.sa). o texlo corttpllcltt clir intcncnçârt ir tttitis distilntc cla nirturcztt. ir únrctt it tritnsccnclcr. a() l'lt(]n()s nil lntcnçalo..ls
Íigura n6.l.,,v9lu'tc
clits Atits do Orlngrcsstl. pul'tlicaclas cont o tÍtulo conclrç(rcs cllr socrcclirclc l'ccirircllr." I I. lJlrl{( iSON. /.c.r darLr,sotrces dc la rnoralc
dc hÍctic', 1g77. Intet.nrrti.nrtl
I'opttlotion ('on.ferant'e ('ong'ct (Í da lo i'aligutn. in ()t'ttvrcs. l'itris. I'1. Ílr. lt)-5t.). p. l2l-1.
Intarnrttiorta! dc lrt popttirttion" Irrocccrling.s.
LiÔrc. - pcía I Inrâo
l)apcrbac:k pLrhlicttcltl ( l2) (ll..lcriri-('[lr-rdc S,,\(iNl;..('onl'lit. t'ltrtn*'ntanl, convcrsion. Var.s'une étltiqtrc dc
lntcrnacronllprirrr 6 Írsturcl. (]icntÍÍ"ic.
tltt l'tlpLrlitçtio (lLlSSl']). l97ti. pp. 51,r!-(r()2. u\ rrtrclurçãiri lu reciytl'ircr, l'irris. llcl. rlLr ('crl cl I)csclcc.t (lie. 197-l
ingles. clcstc tcxt., clc
I)irvicl [t' I)tlty. liri prrblictrcla cnr l'opttlarion rtnd l),:t,eio1)mant ( I3) Vcr. por,;xe n'lplo. conto I IOlllll:S conccbc ir lil'rcrclaclc clossLrjciltls. ea relação
llcyicw,v.l. -1, cntrt: lcr natururi c I'^r crvrl. qLlc "sc r-rrlntênt unra na ()utrit
c síttl cle igualcxte nsãttt".
n." 2 ijLrnho clc l97ti). pp. 313_32i.
( l l) "otlrnllrecnclc-se . porltlnto. qLIc a hunraniclacle sti rcnhii clrcgaclo
VcruII."punc.cir1"l.2l (cmnilrlrcr-rlirrpp.22+-227)ccap.2(rísotrrctudopp.
àr clcrlgcracirr
2lij-2fi(r).'l{cntctcrnos il ii'itrlrrÇiio Íranccsrrtle I e',tntltrin. l'itrts. Siray. l()71.

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o lcgislaclor arroga-sc uma duplu prcrrogativa cxr-rrbitantc: r:on.;íituir judiciírrit),tl()mOI]OSn()sentidtlemqueoentendemOs,nãtltemnadaa legal'


entre a conduta intliviclual e a norma
o sujcito clc clircit o; deJ'inir intcgralmcntc os direitos dcsses sujeitos, l'uzcr. o juiz constata tl desvio à
a mtlralidade pessoal irJentifica-se
c strnciona a desobecliência- Ctlmo
deve preocupar-se em t::f:,::::t
inclusivc, c cm primciro lugar, o dire ito funclamental à vida. Ora, ntr
traclição ociclcntal, matzrr l'riamcntc um vizinho por uma Í'utilicladc ohscrvância cla I"i, t'' juiz nátt "t
tlu atenuAntes' as mtltivaçóes sub-
scria crimc mcsmo sc, por alguma inacreclitávcl omissãr-r, o c(rcligo dcntrg, as circunstâncias ngrnuontt'' de constatação'
a uma tareta
pcnal não o clelinissc como tul c não o sancionasse. E o legislacklr jcrivas. a tunça,, iudicatiía é reduzida
uma intrttçáo atl cótligo de trânsito
não potlc clccidir ir vonLuclc quc matar clcstc modo não é um crime trnírloga à clo ptllicial quc presencia
Em toclos os casos' t-l ptlder
ou quc roubar não é um tlclitr)l ao contrárirl, ele deve prevenir e c emitc u multa rct'ercnte à cclntravençãtl'
da lei ptlsitiva, manitestando
rcprimir crimcs e clelil.os. Da mcsma mancira, r"r Estado também nãcl judiciárritl estát, antes de mais n,.t..,' n,"*iç.) tende'
tcm o direito dc pcrmitir o aborto; ao contrárit-1, dcvc prcveni-lo, suas exigências c punindo as
ui.'tnçc''"'irbjetivtrs' O judiciárrio
legislativo t!,:*"tutivo'
proihi-lo c reprimi-lo. pr)rtanto, a ser um apêndice clo ". e lei
entre-direitos humanos
Contudo. os l"rodcrcs lilrtcs muittrs vczes sonharam cm usurpar No clircito ctciclcntal, a tlistlnçáO
tiÀite o potler lcgislativo, evitando
tal prcrrogtrtiva. c a histtiria clas liberclades po[íticas c jurídicas no positiva também permite qr"..."
em elab.rar leis justas' quer
Ociclcntc. tantrl cm nívcl nacional c()mo intcrnacionul, coincidc com seu urbítri.-,. ó làgirtna,r, esf.rça-se nor-
inàlienáveis do homem' Enuncia
a incansiivcl clcnúncia dcssa pretcnsão Lotalitária. Socratcs morrcu clizer, rcspeit.sno ã,',,. dircittls estipula as penas
clireitos e clevcrcs'
p()r cssc iclcal quc mirl ou hcm protcgcmos hii sóculos, suhmctcnckl-se mas de conclul-a stlcial, [ormula
Iucidumcntc a umtr iniunçiro cu.ja legulidadc rccorrhccia, sabcnclo suir qucsancit-lnamaclcst-lbediência.Aatividaderjelegiferarsitua-se,
que ctlnterc caráter transpes-
imorirlicladc.la ptlrtanttl, num nível cle generalidarle
clo. legis.lador não ó garantir
a
A distinçãrl cntrc os rlirciLos humanos c rr lci positiva, cntrc a soal à lei promulgada. A runção a. poder
pcss()ir c o citlatlão, ó scm s()mhra cle clúvicla uma clas conc;uistas aplicaç.t., cla lci: ãr,. pnp.f e
.panágiti.d. juiz- Cabe
maiores cla hist(rria c rkl pcnsrrmcnto político tlo Ocidentc. E também |ubjetiva dtts acusados de in-
judiciárri. aprccittr a responroúitiinde
umrr clc suas c()ncluistus mais constantcmcntc amcaçadas. Consagra-
fraçócs objetivas à lei. ci
jui, nã() negará a realidade do crime' mAS'
atenuantes ou
cla na ópoca moclerna pclas constituiçtics, cxpressas nos cridigos civis
na Ju p.nn, l"rurír em .,,',nú, circunstâncias
e pcnais. uisa clistinçiul ó tr garuntia mais sogura tlas libcrclaclcs ^plict,ça.o legislaclor que fizesse uma lei em tunção cle particula-
agravantcs.
públicas c individutris. o muis seguro motor do progrcsso s()cial c demonstrttnclo parcialidade'
rcs grupos nJ in.tiuírjut-rs - estaria forma
político. Essu distinçiur inlirrma toclas as instituiçllcs políticas dcls -
iniqüidacl", ,.,bí,,i.1. Mas o
juiz que se limitasse a aplicar a lei de
Estados dcmocráticos motlcrnos. quc nclu viul husctrr o princípio da e à injustiça' Portanto'
mecânici tamhém úcgaria ao arhítricl
septrmção cntrc os podercs lcgislativo c jucliciírritl, c o 1;rincípio cla "."gn sutr csfera de c.mpetência e para
para que o lcfislaclor. ni() r,niplie
limitaçuo clo poclcr clo Estaclo lcia-sc tlo cxccuLivo. ní,rel de execut.r cle determinaçÕes
jui, na,ir"1,, ..t,oixado ir.
- que o
ou legislativ6' é cle capital importância
mais ou mcn(ls arhitrárins
d.t':..p9deres'
manl.er cuidaclosamcnte a separaç1tl
de[iniu e decicliu que "o aborttr
A separaçáo dos pocleres Assim, ;;;; p,rrque ,, fJgi*fnà.r
crime ou um íelito" que o abt-rrto o-i-Ii ser um
nãro é mais um le
judicativa
legislativa, assim como a
Lír tlnclc os clircitos humanos c ?l lci positivzr coincidem. o poder crime ou um crerit..rs A ntiuiJJ"

de moins'La
de M. FAVRL. enUncritna
( l4) A clistinçáro cntrc lustiçtr c lcgaliclaclc parccc tcr srckr allrnracla por Hippitrs. í l5 ) Aptlntam ncste senticlo as propostas

(lÀaux-de-Ftlncls, 197 l '
(ll. XITNOIT()N-l'l;. lvIérnoroblr:r. II. l. 12.

33
32
() AB()t{'l'(): ASl,ti(.,l.OS Ir()LÍ.t.!(,()S
() l{li'l'()RN() l)o t-EVIA1'A

ou il cxecutiva, às quais a primeira


se articula, é clestina«la a «Jef.encler
e promover direit.s humanos. Ela
não define a justiço, p...i*a suas Rcuninclo as prcrrogativas do judiciárioe do legislativr-1, excluin-
petições concretas, instaura-a na história. rlo qualqucr divisão, repartição e equilíbrio de poderes, csse Estado
E se o regisracror capiturar
cliante «le tal crime ou clelito a ponto rlisporá cle um poder cle execuçãro e cle coerçãro ilimitado e incontro-
de negar_lhes, no plan. Iegal, a
qualidade de crime ou derit., óoncruiremoí liivcl mcsmo se, bom príncipe, outorgar alguns direitos uos cidadãos.
que estará abusando d.
poder que lhe cabe c desnaturando judiciário. I-r o quc explica que certos aclvogaclos latino-americanos às vezes
o Não apenas. projet.
quc ele aprovar será anticonstirucioíar, tcnham pret'erido invocar a legislação protetora clos animais phra
ror, ure,, d'isscr, o g'.-"rro
que o aprcsentar perclerá sua legitimidade. rlcÍ'cnder acusackrs de delitos contra A "segurança do Estado" subme-
ticlos à tortura em países cle regimc ditatorial...ls

O Estado hipostasiado
Descri mi naliza r? Li beralizar?
Assim somos levacltls a considerar uma
última implicação cons-
titucional e porítica da riberalização Aqui uparece a precariccladc cla clistinção propostu por alguns
cro ot urr,r. A. cresr.nchar um
processo que desemb.cit cla ctlntcstaçãur cntrc de:;cri.minu li.zaçito c liheralizaçrio do ahorto. Descriminalizar
cla scparaçãr. entrc jucliciír-
rio e legislativo e m benctício do legisrativ. signil'icaria aqui quc o aborto esulpil àt sanção penal, o que não
dc, um processo-que leva a contestor -, inicia-sc, na vcrc,a_
signil'ica ncccssariumcntc que seja pcrmitido. Casos anítlogos, de
r, ,"pnraçrr. cntre legislativo e
exccutivo em orclcm menor, ó vcrcladc, são hcm conhccickrs: não se aplica pena cm
- que beneÍÍcitt
isto signit'ica
clct executivo. Em termos
sc rançam as bases cre um Estado
mais explícitos,
caso dc roubo clc um pão comctido por um miscrávcllaminto. Prlrém,
do que conhecemos, crrlum Estadcl muito diÍ'erentc
que transcende os cidacrãos, cre numa sociedaclc clc traclição clcmocrátiur c liberal, dcscriminalizar o
um Estado hip.stasiad..l6 o cclnsenso abrlrto significaria clcclarar que não ó passível de punição, t'r quc na
Íuntrad.r tica, assim, rompid..
Na verdade, a partir cro instante em prática equivalcria tr autorizír-lo, libcralí'zá-lo,fa'zer dele um direito
que renuncia a revar em
crnta sujeit.s de direit.s anteriorcs à vinculado irs libercladcs indivirluais. Dcscriminalizar o aborto signifi-
rei positiua, em que se reserva
a prerrogativa de, em úrtima instância, ca aceitár-lo, rect-rnheccr scu direito de cxistír:élegulizá-lo, quer dizer,
deÍinir o crimc, o legisrativ.
l-az de sua força a Íonte clo clireito, cobri-lo com a autoridtrclc da lei; é privar a criançtr não-nascida de
da tegitimictaclc c da m.ral" F.i ,
que viram perÍ'eitamente diversos tilósoÍIls tocla prctcção lcgal a sua existência mcsma.l"
políticos, clc Maquiavel .
f{egel, pitssando por Hobbes para citar s(l csses clássic.s. o Alguns vãul até mais klngc: pedem ao Estado quc desculpabilize
-
legislador cleixa então de ser representativo
dos cidadãos e repuclia o aborto. O pr(rprio vocábukr que empregam revela que percebem
seu mandato; ncl momentr) em que.solapa contusamente quc, se liberalizasse o abrlrto, o Estadtt, tal como é
a si mcsmo, instaura um e
um sri sujeito de clireito: o Levi atã.t7 ' concebiclo cm nosszr civilização, estariu cxtrapolando os limites da

(1(r) Encontramos uma boa ilustração de rudo isro enr IlollBlls. ()f . Léviatltryn,I:, e-lhe confericlcl o entprego de tal poder c tal [orça, que o horror que inspirant
parte, cap. 14 (sobre ctsconÍrato.r. especiarnrente permire-lhe nrolclar áls vontacles de toclos com vistas à paz interna e à ajuda
pp. r30_r3.5); [I.a parte, cap.
l7 (sobre a Relnibrica, especiarmente pp. nrútua contril os inimigtls externos" (I,éviathnn, p. 17ti). Ver tanrbém p. 178, e
r77ss) r.op. lg (sobre o soberano,
pp. t 7e_ le l ). o texto cle S. Vcil"
(17) o l-evi,tã é um m.nstr. bibrico que ( ltt) {)s clcÍensores cla criança nilr-nascicla em breve talvez tenham cle lançar mão
aparece principarmente em.rb 40,
Es 27 , r; Anr 9, 3; I'}s 74, 14; r04,26. 25;3,8;
Hobbes atritrur o nome cresse monsrro dzt Dccloroç'oo Uni,ersol dos I)ireitos do Ánimol., solenenrente prclclamacla nu
ao
"delts morÍnl", a quem crevemos.
sob ol)crr.r imortal,nossa paz e nossa IINES(IO em l-5 cle outuhro de 1978. l'ara a França. remetenros il lei
Ptlis' cnl virlude da autoridacle que proteçâo.
recebeu de cacla indivÍduo cla República, J'home-Patenôtre ( I 97(r).
( l9) Iletrlrnarcnlos il este prohlentA nos Oaps. V e XIII, hem cclnto nas pp. lli2s"

35
() At]OR'I'O: O RI1]'ORNO DO l-L'VlA'l'A
ASP I]CI"|OS PO LÍT'I('(-)S

missão que lhe cabe. Então, não hesitam em pedir ao Estado umil ()(luoóajustiça.EmSuma,oEstadcléchamado.afinaldccclntas,a
intervenção tal que implique não apenas uma ampliação de suas atri- "hlmaniz"àt", ie quiser' os seus súditos' rec()r-
nosso j.rnal habitual para
Basta ,*,, lãficla .lhacla em
buições, como também uma profunda mudança em sua prclpria nature- nesse§ princípi.s não pertencem
rl^r-nr-rs que os'r;;'i*"t inspiradtls
I
lza. Só o Estado-Leviatã quer dizer, tendendo ao totalitarismo hoje são muitr-r mais num()rosos
-
pode accder a seu descjo,-e eles o instituem no clia cm quc transt'crem ao museu .ro* in*tlituiç0". políticas;
e libeial. Nos países onde o ttborttr
para suas mãos uma de suas pr(lprias rcsponsabilidudes inalienáveis. quc os ,r" ,rnoiia,, ã"ã.r"iatica inu.'tndtls nas det'esas
I.i liberalizado, sã. esses prrncípios mesmos 1*
cjulgamentcl.sclecasosdgaborttr.Peranteostribunais.osarrazoados
nt.l pl1no. do positivismc'r
Rumo à 'oservidáo voluntária" cada vez mals c.locam-sc cxclusivamente
juríclict-1, a"xnnJu dc lado t,roo "
qunlquer rcterência a uma ordem
que' *:" considerandos' os
A instauraçãur
mctajurídica. à;" manitesta óàs'clispt-lsiçóes
"T legais estritamente
mesmo e sobretudo indolor desse tipo de
- vida política e, " peso croscente
trihunais atribuem
Estado transtrlrna tle- alto a baixo nossa conccpçãur clc "cláusula de consciência" que visa a
p.sitivas, effi àetrimenttt da
em particular, de democracia. E eliminada a tcnsão cntc Nação c a liberdaclc clas prol'issíres méclicas'
Estado, pois o Estado identitica-sc à Naçãro c se apresenta como ;;;;*.r vimos que a liberali-
Vam.s resumir. Num primeiro momento,
porta-voz autêntico e exclusivo de seus intcresscs. Portanto, a Naçã«r *'i1"tivjd11: tonttitui t-r eu' Num
zação clo aborto recorrin àr ::.: i'1ç1t]..recorre
nãro tem mais controlc sobre as instituiçocs quc o Estatlo conl'isca em
scgu ntltl mtlmc n tt), q ue
exami n a mos aqui' ess a libernl
benctício pr(rprio. Do mesmo modo, a pessoa ó idcntillcada Ao
à ..subjctiviclacle" que constitui
tl Estadtl' Ptlrtant0' preclsaremos
dr-r
cidadão e rcduzida à condição de luncionário. Assim também, o implicaçoes da riberariztrçã.
analisirr em deralhe as *,irtiii.r entre o papel
legítimo é identilicaclo tur legal. examinar tl víncultl
abrtrt.. Tamhóm scrá necessíirio
Por conseguinte, será justo o que emanar de uma clecisão clo públicos, ou mesm() de grupt.ls
ctlnstituinte cltl cu c .1..,, p.,.l"res i
eluclir a pergunta: quem sc
Levitrtã; será injusto o que ele definir como injusto. Vocês serão bons escondc
privados. Pois nãro podercmos 23
ou maus cidadãos se o Estaclo e seu aparelho os ct-lnsiderarem bons
por trás dtts estruturas clitas anônimas'l
ou maus cidadãros. A Razão de Estado torna-sc a rcÍcrência absoluta
e "inqucstionítvel", cle tal lorma que já não pr-lde rír subsistir o Estadt'l
de Direito.2o É o Estacio-Leviatã que determina o que é ccrto ou
erradt-l; é ainda ele quc define quem merece ser cidatlão t'ru quem, ao
contrário, não mercce. O indivíduo se torna sujeito de clireittt desde ffitlresponsávaleo{*n|,-i:1:'T:*ttltnod.ttemlodaSaSSll0S
mas também histórictrs"
clue satisflaça às nonnu,, estabelecidas pekr Estaclo, ao sabrlr tto julga- apenas soclirs, cuiturais e regionais,
dimcnsõas. nã*l
menttt, «la vonLacle e do arbítri«r dos senhores drl rcgime em questão. Rrco'rr{, "scienoe et idéotogie"' irr
(r) g.,ti'r:'Í* l?íiJÍ.,:]?ii:::l}"j) ver p.
De recur) em recuo. de abdicação em abdicaçãro, os homens podem tle l-rlru'a.in,,i.r1'
pl32ti-355' especialmente pp'
Ilcv'ue philosoltltiqrrc 9" l'11; cAsl'ELLI (ed')'
ató nem sequer perceber que estão numa escalada rumo à "servidão "L',icléologic et lesujet"' in B'
34lss.: c n. ui,t wAI]LHIINS, pp. 325-333. A sra.
vclluntárria".2l Já pedem ao Estado a segurança, o ctlnl'orto e a nut,ier"-Montaigne, 1973,
Déml,tltisori,,n ,t itléoklgie ,t,rrris, ptllític. clentr'rgráfica' só
Í'elicidad e.2'2 Em breve lhe perguntarão o que é a t'elicidade para eles, Simor.rc Veil otrserva, com
,ora.r.'iu., "1! :" lalãr-ctc si' Daí uma
unr fim em
se cstii cvocanclo um olljctivn
úiàr*.,fiário, e nao
o
qu" 'E'staclo tenha preocupaçÔes
primeira pergunta: será f"gí'i't'" tinalidades quc estã. por trás de um
(20) (:{. Cap. V. euais sáo as r.rán,l.iro,
denrrlgrírficas'l
(21) (.'.f . Etienne cle I-Â tloE'II11.
I-c di.ycour,ç tl.e l« ser",,ifitrle v,olonÍoit'c, Paris, Payot, conluntocleohletivosclenrográficos?Aqueourrá'trnalidadessáoestas
43'sclbre as relaqÓes entre
1976. Yer, por exemplo, tls textos surpreendentes das pp. l79ss. sr-rborclinaclas'I" (E'rpo'§i'
pp' S9;*"t-Vtr tambem p'
(22) A sra. Sinrone Veil refere-se a until concepção auclaciosa do [istado tru afirnrar veterinária'
meclicina humana C medioina

77
3(r
m
A honrl da medicina

Novos mercenários?
Pclr razões tibvias, o médico está sempre na primeira linha
quando se trata de liberalizar o aborto. E como poderia ele, confron-
tadcl tcldos os dias com a traqueza e a miséria humanas, permAnecer
insensível a tal drama? Contudo, effi nossa sociedade. o médiccl é
submetido, como os demais, às "mensagens-massagens" da publici-
dade e da propaganda. Deixar-se induzir a preconizar a liberalização
do aborto é uma tentação tanto mais envolvente pelo fato de que
parece justiticada pela vontade de aliviar a atlição de alguém.
No intuito de conquistar os médicos para sua causa, os partidá-
rios dcl aborto recorrem A umA lisonja que não deixa de ser sutil.
Quem ousaria pretender que, numa sociedade laicizadA, os médicos
não se deixem envolver pela idéia de que têm de assumir o lugar dos
magos de outrora? Aliás, já não desfrutam de um status privilegiado
nesta sociedade? Não são, até certo ponto, seres "separados" prote-
gidos por uma Aura de mistério? Por que seria abusivo da parte deles
proceder a uma transferência de competência, se a qualiticaçâo na
/area da moral encontra "justiticaçãt'1"
na qualiticaçãro médica'/
O médico precisa de muita disciplina cientítica e moralpara nãcr
ceder aos sortilégicls de um cientitjcismo ultrapassado que associa
abusivamente cclmpetência protissional e autoridade moral.l Nc-r

( l) Por que há entre os psiquiatras uma proporgcl relativamente elevacla cle méclicos
que preconizam o aborto? A este respeito. leia-se as conclusÕes cheias de humor
propostas por um psiquiatra norte-ameri{ânu, o Dr. Samuel A. NIGI{O, que as
apresenta em "News bd:hange" of Íhe World Fetlerotion of Doctors Wn Respect
Htunanl,fe (Ostende, Bélgica), vol. 6, 4." ano (março cle 1978), p. -51, com o título
"Docteur, vclus ête,s en détresse!". TexÍo tirado de lhunanily, publicaçiio mensal
neozelandesa pela vida, vcll. l, n." 2 ldezembro de 19771.

39
O AI]OR'I'O: ASI'ECTOS POt,Í.I.I(]OS
A IIONI{A DA MI-'DI('INA

entanto, é em virtude desse cientificismo


rarvado que arguns querem Assim tambóm, ao apoiar um projeto de liberalização do aborto,
dar ar médic. direito de vida e m.rte, e
que determinacros médic.s c com mais razá,o quando ele provoca o aborttt de conveniência, o
reivindicam cios,mente essa exorbitante
prerroga tíva.zs"J que o médicn rcnuncia ao caráter hltocrático tle sua profissão para exercê-la
cientista situa-se acima do bem
e do mar pero tato de ser,.homem
ciência"? será quejamais chega tre segunclo os interesscs ckrs mais l-ortes ou A utilidade da sociedade. O
a impasses em sua pesquisa
por razõcs morais./ cientírca médico que consente em tal mutação já nãro é senão um mercenário t'tu
um burocrata com senso cle responsabilitlade singularmente perverso.
Alguns vã'ainda mais r.nge ne.ssa
a competência d.o juiz ncl ponto
deriva: transf.e rcm ao médico Em dete rminados hospitais, inclusivc universitários, já está ex-
fundamental que ó . dircit. rle cluída toda "cláusula cle consciôncia" nesta ítrea. Mesmo Se sua
ser humano à vicra. o juiz é destituítJo cada
de sua função primordi ar: fazer ct-lnsciôncia rcleita o irborto, ginecologistas c cirurgiõcs sãttt "morAl-
'scja respeitacla, antes r:e fazer com que .s bens sejam mente coagidos" a pruticti-lo" sob pena dc pcrdcr o emprego; esttt-
::l}Jtta:].iot giárrios têm de agir da mcsma Íclrma, sob pcna dc nãttt receberem scus
P.r c.nseguinte, o mécrico devc ser arertad., diplomas.6
Ar.r menos tant.
quant. qualquer.utr. cidadão, c.ntra
as pressocs da pr.paganda
e
Além clisto, a história clc uma certa mcdicina sob cl regime nazi
.s condici.nament.s ideológic.s, contra ou as práticas vigcntcs em hospitais psiquiátricos soviéticos conllr-
tudo o quc sc criz e rcpete
no mundo a respeit. do abori..
mam que () corpo médico incorreria cm erro se subestimasse as
Sir.,-, crc maniputaçeo ao quar está
exposto deve ser mecrido: ó taniímaior
manipulações às quais está exposto.T Portanttl, é indispcnsávcl quc
crcvicrr) ,o grancrc prestígio
de que. méclic. desÍiuta cm os médicos proccclam dc vez e m quando a uma rellexão crítica sobrc
nossa sociedade. ora, tar prestígio
dúvida está vincurado A su. ciência sem
e a sua habiricra<Je. Mas também o sentido de sua atividacic. A que condicionamentos estão expostt-rs ou
é ligado a ttlda uml tradição submetickts'? Todos sabem quc, a lttngtl prazo, a"políticu tlo saluminlut"
m.ral, centracla no respeito incondici.-
nal à vida humana.-S cle Íirto luncit-lntr. Tal tática consistc cm lcvar o adversário a concetlcr
Íatia por fatia o que recusaria r:m bkrccr. Assim, de concessãto em
(2) Devemos a M. -T. METLDERS-KLIIIN concessão, degrau por degrau, os médicos ptxlem correr um risctt
"(ronsidérzrtions sur res probrôr"r um bom estudo intiturado considerável dc st:rem "manipulAdtls". Atl termtt da cscalada, eles bcm
r'[ftrmme, I)roit berge, t-égistation.s rurúiír"r-à. r,avorrcmenr. Droirs cre
et.ànge."r, Biran cres expériences poderiam ser instrumentalizadtts peltts detentores dtl poder.
érrangeres,,, in Annnleí a, nÃit j, ;;,i;
volume, que seria útil reeditar, lrrrura,n iru, ,1, pp. 425-522. .tircro ,
é clcdicaoi, nn abirrt,l: L-,Ár,orÍemanÍ.
médicatu' moratLx et juridirlua.r; sobre Áspe,.r
..s direitos c crevcrcs .tu., ,.,JJi.os, Um médico de luxo
49r-499. Assinarenr.s rambém J. pll.
IrtrRIN, c;" t_Ecnnr-, v. t{tryI-EN,
Mll(I I-DIr r\s, I -ib éro r i.çer r'avorÍ em e nr ?.Genr M. _r..
(3) ver, nesre senricr., c. nonÉt_lou-lÀr:Áããir, broux, Ducu rot. r 972.
,,t/ne nrurarion Se ó verclacle que o módico ó o guarcliãro da vicla humana por
di'spositits cle cclntrôle social: le crans res
cas cle l'avorúÁent,,, ir.t La lihérntion excelência, é preciso rcconhecer quc a socicdade clita clesenvttlvida
l'avortemenr,__p!- 3g7-416; reia-se ,e
FtrRRAND-PICARI), "Médicalisation
tambénr aconrribuição de M.
et conirôle s«rciar de ravortemenr.
Derriêre la loi, les enjeux,,,
lbid., pp. 3g3-3g6.
(4) os problemas que a liberahzação (6) Assinalou-se recenlcntentc qLlc várias clezenas dc cstudantcs clc ntcdicina, de
do aborto corocanr ao médrc.l foram naoionalidade espanholii, havianr srdo diplontttdos scnt passÍlr peltls cituais
estudados nunra pe.squisa rearizad-aras
pelos Drs' Gérarcl vEDRINEs
regrÕes cro n-1cg1o e do Loire
(França) habituais, sintplesmente por tcrem acertado Íazcr csttigitls de medicina ahtlrtiva
e_M_zrrie-nir,nç,rrl-Bor{RIIL : La roi na I'-ritnça.
veir ott ra
clén'esse de' mécr.ecins, Lyrtn,
1976.
Le d.anger tl.e noítre, paris, 197g.
ver,.;#; ;;fcssor craude sgREAtr, {7 I Cf. os livros dos [)rs" Y.
-t'tlltNON e S. FIIILMAN ÍIistoire de la matlecine S§.:
,

('5) Le I-c mn.ç:;ncre dc:; uliéné:;: I.e.s médectns ollemnnd,s et Le. Nationol-Socialisme,
;ft#i:;'.ã,1?,*Eltr, mértecin eÍ tes rtroir,ç de t,tKttntne, r,aris, -fclurnai-Paris, Castcrman, 1971-1973. Ver tumt'rém o trilllalho de tt. J.
I-tFIl)N. 'l'he Nazi l)<tuors.

40
4l
() Alt()R.'l'(): ASI)11( -t.OS l,()t,í.1.1( .()S
A ll()Nl<A I)A M[:l)l('lNA

bcir, clc umit cstranha rcv.luçã..


c'stá à
Frlrmulam-se clúvitlas s.brc
rp.rtunidadc de rec.rrcr si.stematicamcn*,
ru Hir sóculos, A mcclicina intervóm para del'cndcr cla açãrl cega cla
metJicina caríssimar cnr lcrm,s
.* cert.s casos, a uma Naturcza os monos l'avorecidos por cla. O quc os partitlários dcl
dc pe.ss.ar c cquipamcntos. Também
há queixas quanto iro s.brcc.nsumo irborto pcdem ó quc ela retorcc a ação impicdosa da Natureza em
que sc c.nstata na prática
méclica c larmacêutica .lc tttd.s dctrimento dos mais Í'racos e cm benctício ckls mzris Íirrtcs. Fazê-lcl
os dias. Ainda srr, espcracl,s
imparciais stlbrc os mercaclos estuc6s seria pral.icar uma eugcnia digntr dc um vctcrinário míopc, pois o
mundiais dc produtos Íarmacêuticrs
cquipamentrls méclictts. As pcssons e homem não valc cm primciro lugar por suas qualitladcs Íísicas.
g.stariim cte saber mais s.hre .s
ctlndicitlnamenttls e instigtiçíles Assim, a metlicina cstá num proccsso dedilucaroção prol'unda.
dJquc .s médic.s sã. objeto n.
contcxto desses mcrcac{os. Por um lado, empcnha-sc cm fazer a morte recuar; por outro ladt-r,
A, mcsm. temp. em quc assistimos a proczas torna-se seu artesiro. Aqui uma cquipc trtrbalha para salvar prema-
quc a medicina c.rrente cccre espetacurares e turos; a alguns passos de distância, outra equipc manipula a cânula e
rugar a um ,,rbl".nnsumo estigmatiza_
tltl c.m exccssiva timidcz, continuam o aspirador...'/
u exi.stir pnlblcmus méclic.s
elementarcs' aqui c no muncftr intciftl. Em todc) cas(). gostaríamos quc, nas sessClcs de inÍormaçãcl c
o critóriO clcci.sivo aincla é o propaganda quc rlrganízam, os particlários do aborto tivessem a
da 'tolvência: ao nível cla infra-cstruturtr
sanitária, cl, higicne e cla
proÍ'ilaxia. u mcclicina nãro é rcntávct. coragem cle mt-rstrar ao grande público alguns ckrs Í'etos mortificaclos
Nestc crlntcxttl, a libcralizaça. clo ou algumas das peçirs anatômicas antcs dc scrcm moídt-rs ou manda-
abrlrto ilparecc com() uma
fbrma ttdicitlnal dc mcdicina cle dos para o incinerador. Se csses "document()s" cruclmente autônti-
lux,,, clcsvi.nckr pcss.alc rccursos
tarclh.s mais cspcciricamente dc ct'rs ct-rstumam ser ccnsurackrs, ó porquc são ainda mais eloqüentes
mótJicas, pri",r,ro aincra mais
cla p.pulaçãr crc muitas "c A massa que a massa quente c palpitante vomitada pclo aspirador Karman.l0
mcdicras simprcs cÍrcazcs, h.je negrigencia-
das porquc pouco lucrittivtrs. A medicina-espetáculo nho sc l'az clc rogacla na hora de mostrar um
o que era o. rúgubrc apanági. cr..s lãzca.ras transplante cardízrco ou um parto. Por quc os partidários do abrlrtr-r
reivindicadtl p.r,lguns .,r*,, crc anj.s é h.je não o mostram, cm tocla sua cruclclaclc'J Não há clúvicla: o choque quc
c-lircit. exclusiv. cl.s módic,s:.
consum. mécric. chega, estc p.nr.. s.bre- tal visão provocaria no grandc público e noc legisladorcs seria
se rcsumiria a sabcr quem
Em úrtim. instância, .1;r.brema -
um rucle golpe para a crcclibilicladc dos militantes.
-
pode cxerccr rcgarmcntc o quc
mos, nestc cilso por ontí!i?.tú,, chamaría_
clc a .,artc .l"c curar,,. Apcsar
que cerca estc tip. dc pr.blemn, clo tabu O dedo preso na engrenagem
!á.m.tiv«ls para crcr que cletcrmi_
nad..s médic..s nã. sã. inscnsívcis"à Para o módico, a única atitudc coerentc cclnsiste em recusar
isca qrJ.ra,,
r-'- ' os novos ganhos
propiciaclo.s por um novo
mcrcado.B qualquer envolvimento cm matéria clc aborto.ll Acxperiência de que

(t't) ver tl 'surprecnclentc artigo cle


M. s. GoLDs'I'rirN, ,,oreating 1976. Molly YARD, trtivista prr'r-abclrto. lembra. neste sentido, que "C)uando
a nrccricar nrurkcr: AborÍion in ancr controring os atxtrtos cram ilegais, existia nas cidades grundes uma vistil recle de dispensiírios
Probtem.ç, Nova I.rque, r.31,
Lo.s Angetes ori"l r,t.rurizarion,,. in sociar
especializados organiz;rclos pela mrifia (Molly YAI{D, "Aborto, questâo de
19s4, pp. .stq-szs.
lanlals clcultou. tunt si'r'potias pela tirràiatizaçau
i_, i;;;;;,.qr. r,r,"r,rr,. consciêncirr".ín Lrlo é .Çanlt<»'. São l'aulo, 23 dc agosto de l9tl9, p. l3).
on ,it ort,l, putllicou unr crossiê
inquietante sohre a aplicaça0
da lei.ver I de 17 cle janeiro de (9) Cf. Nicole MALINOONI, I-lóprlol. silcncc, I)aris, de Minuit, 198.5.
cltl prtlblcnla, cora.joio e lúciclo, 1g75. Esse estudo (10) Ver, por exemplo, os Íllmes de llernard NAI'IIANSON, l-c c'ri silenciewe
é cic autorin.r. i;i,ure llll.ISSET.e
gcrztlé "l-'ílvortcnlent légalet seu títukl I-'éclipse de lo rai.von.
sÍluvírge" A pcscluisa foipubliczrcla
17, 18 e I9 ctc n.vembr«r clc n.s clias t(r, (II ) Esta foi, afinal dc contas, a recomendação do (bnsclho Nacional da Ordent dos
1977;ui"g"n,r,, pLrie, purrricacla
precisanrentc por títur.: (Jne
sotrce da profit.c;'onr.",irn, também
no clia 17, tem Médicos (da França), em seu comunicackr de abril dc 1973. Segundcl o
I'es risclue,ç cÍ r'e.ç o artig. sobre Oonselho" os médicos não dcveriam praticar at'lortos cle çonvcniêncra. mesmo
de Inv,oríemeil, em [-e Monde
'ittite.ç de 29cre setembr. de se a ler vicsse a autorrzá-los.

43
() AB( )R'l-( ): ASl,l :(
.'l'()S
I,( ) l,Í.1'l(,( )S

dispomcls mostra que, quando o médico vacila


neste ponts, é sugadcr
s.brerudo pela estcrilizaEão, c.nduz
t]: lii3snir1I 3u.,pu.:1nqg
n,: à e u t a n ás
:.1"":,11'_:1T
ciência "
clenunciand_.
i a. 2
I
E fãc i I ct em n i, . p ;r;; I ;,r".;;il;;;
que, em outro rugrtr, rc.ri..r,
mentc na repressã., na manipuraçãr. psicorrigica ilií;J;m'atiua_
execuções capitais.I3
e *"rr,, em
A c.mplacênci, diantc d. ab.rto inclica quc uma
parte apreciá_
Em nome de que lei?
ycm_. <l.erto preso ;; Jü;;'sl}."'8,,.
:::1,^.-,.,-T:]luli.,1já
d1 nã. ctiz rcipcit. apcnii,, nnr-gin"c.t.gisras
0,,.
::.^:l.ti]?,y:
e obstctras, mas ao irborto
(r, u..rr
corpo móclico como [al.
prr rrruLru() tal. .l-Jc
Dc [atcl,
Ír em nossa tr.diçã.,
cultural, o corpo mécli«1, em bloco, é por cxcclôncia A liberalizaçact dtl aborto nãtl pode ser praticada sem a cumpli-
a guardião de um

proteger a cxistêncítr trlhcia.


r;-;,";il,;;;'; cidacle ativa dos médictts. Exige também a mesma cumplicidade da
parte dos legisltrclores e juristas.lQual é a relação entre a prática
Ninguém oq.ri poclcrizr pretenclcr quc o trssunto médica e a moral? Será quc o módico é um puro tócnico a quem se
nãro lhc diz
respeit0, s.brctuckl porqr" ni-,, clcixamos
lacilment.. compromcter, pede quc dcixe de ladtt ttlda e qualquer consideração ética ? Estas
quant. mais nã. se.i, nos rccusanckr a [.mar p.siçã..
detcrminrtdos méclictls. como o dc cerLos jurist'as.
o.r,"*fkl de pcrguntas. que vimos no capítulo precedcnl-e em relação à medicina,
cicvcria alertar tr.rclcr tambóm sc colocam dc mancira análoga no que diz respeito acl
prccisa de clireito. Sem dúvidtr, o clircito positivo não ó o decalque obrigatório
::ji::l fsrc s.cirikrg.s, uma vigirância rec*rbracla, p.is se
:],:l]:T, dcmtíigr,Íils.
juristas, mrlr,liit,s etc" podem ,ti,I,;; ;; de algum sistema de mortrl. Mas seria admissívelapresentar zr leicomo
abtlrttl e tlutras intcrvcncÕcs úrntcstávcis, é u*u 1,',nstruçãtl puramentc ctlnvencional'1z Ncl entanto, é t-l que
aos méclicos quc um clia
poderiam imprtr que o praticasscm. alguns cmpenham-se cm aprcgoar no que tange à liberalização inte-
Em sumA, o excrcíci. cra .ar rrrvurwrrr(r nã, uó Il(jln
medicina lt(l(, nem neutro gral clo ahorto"
neutro nem
nem
lin.ccntc. Subiaccntc u cle cstá uma t.macra trc p.siçã,,
p,r. u*l
l:1"::ll,nitcla LL-:."pça,, ,t. tr,,r.,as,r: a mcsmÍr quc inspira
lnsplra nossas
instituiçrier jr@
A lei e suas ambigüidades
(12) o Dr' Alarr (;Llttnlálcher, ntenrbro
Na maioria dos debates, o cnlbque juríclico dt-r aborttl é apre-
ckr Comitô clc t)ircção cla plannecl scntarJo de tal mancira quc parece tratar-se apenas dc umtt questão
Pitrenthtltlcl-worlcl ['opulertion, lanrbénr cra
menrbr. clo secrctariaclo clc
Dircçãtl cta llu,thanasia Stlciety tll'Anrcrica.
I)cixanrcls clc lackr aqui as qucstÕes
dc ctlntritccpçâtl, procriação tirtilicial, rrzrnsprantcs
ctc. sobrc o conjunt. clelas, ( t) Irara o estudr) clct aborto clo ponto cle vista do direito ctlmparacltl, vsr M. --l'"
ir revist. ['r'obràme';1toritiqtrc' cÍ,çocirttn:p,bri.,r,
cn] scu n.,,.520 (rgát-5), pp. MELI I-l)L,RS-KI-lrlN, "Oonsiclérati{.)ns...", pttssim e sobret udo pp. -507-,5 19.
4-5 l ' unt cltlssiô stlbrc "I-ci drttirs cle
la pcri.nnc clevant I. vic et c.rev,nt ra (lolrsulte-se também Ln tégislation tle l.'ov'ofletnent tlons lc morulc. Aperçu das
Ver tanrbénr p. I l,S. n.,,,5. nr.rt,,.
loi.ç et ràglements en t,igrtutr. relatório publicado pela Organização Mundial cle
( l3) ver' por cxcmpltl, tl surpree nde nte zrrtigo pubricaclo na seção ,,Document,, clÍl Saúde, Genet'rrtt, 197 l.
(2) Algumas inclicaçÕes sot'lre as relaçÕes entre direito e moral em M. -T-
I]:,;:::::":,ll)1ill
vtr.les :
ll, 11. 11a!a,11
tnanipilations: menÍoles,
ren1e.rc a (
paris, Altrin Michel.
i.rcron rriiiüni:;;;;;,:;; MELiI-DBI{S-KI-L,IN, "Oonsiclérations.".". pp.452-a5(r" I-cia-se tamtrém D"
( t4)
19g9.
c aAni.vria InÍernacional criou uma "oomissão
CALI-AIIAN. Ahortion: Law, Choice and Mr»'aLiry', lnndt.s-Nclvzr lorque,
?:i: :::: Médica,'em paris enr 1970; R. BOYI,,R. "l-égalitó et nloralite face à l'avortement", in huniàre et vie,

cr.srrirsir,s human.s, pocreria cr,r uma c.ntril"ruiçrr. n." 109 (agosto-oul.ubro ,Je 1912), pp. 45-56; (1. ROBITRT, "l-e légal et le
I?:i:^r.
pclo respeito i) criança ni.io_nascicla.
elitctrzptllít a lutir moral", in Docrtmenlolion c'otholique, n." 1(162 (20 dc outtubrtl de 1974), pp.
nrJ3-890.

45
( ) Altr)lt'f '( ASI'li( "l'()s l,()l.t'l.l(.( )s
I1M N()Mti l)l1Qt III l,l:l'/

clc lcgisl.çã. p.sitiva" p.r rcgisraçã.


p.sitiva entencrc-se a qu., pro-
ccclc cxclusivamente clas cleterminaçoes como su.icittls dc lilrça e sti csLabelcccm rclaçires com 1yg[11y5
voruntárias clo legislaclt>r. -
Estc mOdrl dc conceber a rei també, ntlLadttmonto pttr contratos sc estivcrcm intcressados. E o outrg
." chama ltositit,ismo jurkri.o. -
sc n.s ativéssem.s a esta c,ncepção sír scrá intcressitnte se lirr útil. Ali oncle triunla a itléia cle que a força
cre crireito, sc e.ste Íbsse
uma questã. de tnar,,t c.nvençÕ.r é o funclamento clo direito. a idéia cla universalidade dos clireitos
seria possível propor um núme
.'rii pr,cedessc das v.ntadcs,
humantls está arruinada. c com cla a democracia. Assim, a liberaliza-
ri't ind(íniào a.s.luçoes em matéria
de aborto- Se se tratassc cre
um .simpres probrema de técnica ção dtt abtlrttt solapa us bascs cla clcmocracia dentro das nações. Além
e redaçã. de rei, r.rdas ,s s.ruç(les jurídica disstl, na mcclicla cm qut: a libcralizucãcl se espalha e se banaliza, mina
ieriam concebívei,s a pioti.Limi_
tandr-r-n.s a e_sta pcrsJlectivn, a esperança cle muior justiça c clc uma paz mais srilida entrc as naçrics.
v^encerá, pura e simpresmente,
que conseguir,sc impor no,s aopinioo Ntl entanttl, mesmtt ntt posição positivista ratlicalque acabamos
mera questão cle convenção, dc
for,;t A ici é cntão consicreratra com. de resumir, it lcgislaçãro scmprc supílc necessariamente uma deter-
maioria _ o
Íi;rçtr. A justiç, rrca .",ruri.i,, minacla ctlnccpçito clo homcm c da política. Acima cla varicclacle clus
ao direir,, n,,rlli,T::: ::?.,"::il;.1;
parte cap'<tzdc cxcrccr umil prcssão ltlrmulaçCles, o quc está cm jogo sr-ro its questtlcs lunclamentais rela-
clccisiva.sobrc as outras. A justiçtr
é clctinida pera vonr.acrc cr.s tivas à pcsstta e à sociccluclc. Scrár quc sou eu que constituo o outn'r
que.têm rirrçt, nr,, imp.r sua
particular dc justiç,' Aqui nâ. f concepção em sua subjetividadc/ A cxistência do outro estarír suborclinacla a
há mais lugar par, , idéi. tlc
suliduyla' a i«Jéia tre uma jusriça ,nit,er- mt:u ctlnsenl.imenttl e scrlt condicionacla pclo reconhccimento que
que sc ímpõc , r.cr.s.
E o quc sc: qucr dizcr ao itÍirmn. lhc ctlnceclo tlu ne-[tt'l Prxlcrci rccusilr-mc a tomar conhccimcnto dc
costumcs c tritcluzir sua cv.luçir.".
qu" "a lei dcve rellctir .s sua cxisLônci;r J Impossívcl cvitar essc problcma dc intersubjctiviclaclc.
Sc nrà,, dctcrminada s.ciecl,clc
um grup(l particultrr ittlcluirir Ou hcm ctllttco-mc numa atituclc quc, dcsclc o início, scrír cle
ltlrça suÍlcicntc para sc imprlr
lilrtcs, o grupo sc csÍilrçarii cm aos mcn()s rcconhccimcnto incondicionul, clc acolhicla, ou até dc simpatia cm
d.r a ,.u ,,rrp.rtamcnt, . pes. crc
rclaçãttl ttt'r tlutrtt mcsmo sc csLc não ó o tcrmo clc umrr
uma norm, Icgal' su:t vtlnttrclc
ridadc cla leí' cluc c.nÍ'crirá tis
particular se rá sanci.nacla pcla
aut.- rclaçittl plcnamcnLc - pcssoal, mcsmo uindu sc st'l ó conhccickr num ccrtg
cletcrminaç.es cras vrntacr cs porÍiculu-
/?J um alcitncc Keneruliz,rl, antlnimattl; t'r rcctlnhccimcnto cür t-rutro é cntiro o ato supremo cla
ir c.munidaclc prlítiur. Assim,
tritctls scrãtl csmagacl os ct't't non'te .s mtris libcrdade humantt a partir do quul poclc scr l'uncltrcla uma socieclaclc
rto lci.Erti, c.nccpçh. ruin«lsa
dircitr riri sisrcm atizada por K,rr Bincrin[ 4. cle liberclaclc, igualclaclc, l'rtrtcrnid aclc. Otr bem erijo minhu subjctivi-
cionar a crbertura cra rci à Í.rça 1is+ r-1920).A. pr.p.r_ daclc em instânciu soberana chumarlu a clecidir quem scrá ami[o,
tr.s maii Ítlrtcs, Binding rorneceu quem serir inimigtt. rescrvando-me Lanto o dircito tle acolher como
cxplicitamentc,as bascs regai.s
para a eriminaçã. craquercs ..cuja tl de rccusÍtr. E,is cntãr), cm linhas gcrais, cluas muneiras difercntes
não era cligna clc scr vivicia".3 vicra
P.r c.nscguintc, é prccist-r cstar atent. clc encarttr as rclaçCtcs cntre os homcns. É incvithvel que claí
àr dcriva cngrenacra. clecclrram tipos ratlicalmcntc tliÍ'crcntes clc Esttrclo c de legislação:
crmcça-sc crcsrizantr, cra nrlrm.
cst.tística à n.rma regar. Log. clc carátcr dcmocrírtico, no primeiro cnso: dc tcnclêncizr totalitária,
cstima, clc mancir, mais ou se
mcnos simprista, quc cros Íàt.s
os princípi.s clo .gir. Nest. ritica, é que vêm no scgunclo.
o crireit. ,.uü, sencr. absrlrrricro
srci.logi. p.sição pcr. c1u.r Glmte tinha pcra Ortt, tttdit a tradição jurídictr c política tlo Ociclcnrc rctlcte um
-
Tal concepção cro crireito conduz,
acentu,cra simpatia. cslrlrçtr cttnstantc no intuito dc fazer prevaleccr uma atitucle de
evicrcntemcnte, à crestruição acolhicla, e não rclaçÕcs dc [ilrça. clc quc sc instaure uma certa
cl. tccid'srciar. os quc Í'azema
pr.pria v.ntatjc triunlar imp(lem-se racionalidade nas relaçÕes humAnas, livrando-as do arbítrio e clcls
caprichcls das subjetividaclcs inclivicluais. Excctuando-se o caso dos
(3) p.
regimcs ditatoriais. observaremos que é subjacente a essa tradição
jurídica tt respeito incondiciclnal ao outro. Neste senLido, ela sc

47
() All()lt'l'(): ASI'11('l'()S l'()l.l'l'l('( )S t1M NOMIa DU Qt.rE, Ltsl'l

c?rrirctcriza por uma prcocupação com a objetil,kladc quc contrasta Aficçáoearealidade


singularmcnte com a lantasia irrcspr'lnsávcl de todos os despotis-
m()s. por sua vez, a tradiçãrt jurídica e política ocidental há muitt-r
Logr-1, nesta perspcctiva "objetivA", é dc capital imprlrtância clccidiu maciçamente esta questáo rcctlnhecendo 9 caráter humano
no
saber sa o criunço concebidu é um ser lutmono ou nrio. As discussÕes cla criança nã|0-nascida.Ó Tal reconhccimento é ainda pr0clamado
sobrc estc tema às vczes lcmbram ccrtas disputas mcclievais. A artigo 1.ã da lei Veil, que citamos mais adiantc.T Como acabamos de
que tal
solisticaçãro clas técnicas permitc que se dctecte cada vez mais cedo recõrdar, a biologia e ti metlicinl contemporâneas contlrmam
a presença de um ser concebido. Critérios vulgares como cls baseados posição tem furxtamentos sólidos. Da mesma maneira, a imensa
na percepçãro dos movimcntos clo lel.o pela mãe sáo de outra era; maioria clt)s sicntistas, seja qual Íbr a sua posição diante dtl aborto'
já não é
tilram arbandonados no sécukl XIX. Assim como um câncer ou uma não mais questiona o caráter humano tla criança concebicla:
aÍ'ccção do sanguc são descobcrtos c trataclos antes de o paciente tcr cm torno rJeste ptlnto precistl que gira o dehate'
conssiência cla docnça, ó normal que o ser concebido seja reco- Opcrou-ss um curioso clsslocamento: htlje, a consideração da
nhcciclo c protegiclo assim quc sua cxistôncia ó dcscoborta graçus àrs presençir objetiva de um ser humilno reconheciclg como talé ocultada
tócnicas ho.je clísponíve is. O comportarmcnto cm rclação a um scr "aÍliçãtt'r", os "riscos
pela r.ierôncia unilateral à mãrc. Dcstaca-se suil
humano nãro podcria ser conclicionado ncm por suas tlimensoes de m.rtzrlidade em cas() dc ahtlrto clanclestino", e oblitcra-se total-
nem pelo local ondc "m()ra". Por conscguintc, ó normal considcrar mentc r) sasril-ício dos cmhriírcs c l'ctos. "Coisrt curiosa: a realidade
sc impor
as rect: ntes conquistas tlas ciôncias bioltigicas. Ora, estas rcssaltam da persttnalidtrtlc tltl t'tvtl humttntl sti ctlmcçou rcillmcntc a
que, dcsclc a conccpçiro, o n()v() scr tcm um cridigo genético irtr grandc públict) gom tr Íccunclaçãttl i.n vitro;como
sc a possihilidade
original, diÍcrcntc clo de scus ptris; cstc scr ó distinto da mãe.a Em clc ver tl clescnvolvimento dc algumirs células numa proveta
sumA, o problemu nao ó muis rr singularidatlc bioltigica clo inrlivíducr autentictrssc ir al'irmaçãro tlir rcalitlatlc clc uma cxistência pré-natal"'8
humano'5 de tirto,
O pro[css6r C. Surcau apontrl a contracliçãrtl llagrante: nãtt: é,
irrisílritl cntrirr cm minúcias para stlber sc sil() lícitas as experiências
para-
(4) As ol'lrus clc rcl'crÔncitr sohrc o lcnta sâo cle uutrrrirr clc l'}hilippc (IASPAI{: com cmbriÕes i.n t,itro tluirndo sc pcrmitc tt abclrttl'l Nãttl seria
I-'iruli,iduolktn da,s êtras. ,4ri:;tota, I-aibniz at I'immtmoltNit' r'rmtarnptruina, dgxal quc um cmbriãtl cstivcssc mitis scguro numa proveta que no
I)aris, I-etlricllcurx, l9li-5; hcnl conro Lo,:tti,t'it'drt 4,gotL,lrrttnoin par I'esprit,l'aris,
L-cthielleux, l9fi7. Vcr tanrhLinr, cnr 'l'honras W. IIII.(ilil{S (ccl.), NcN, ventrc clc sua mãtc'l
Per.;pec'live:; on lltunan Abortion, I;rcclerick, Marylancl, Alctheia llooks, l9tll, Da mcsma merncinr, a Comissiul Jurídica c cle Direittls Humanos
cleclictlu cluits scssÕcs tttl tema. cm n()vembrtl dc 19tt5 c março
de
as contril'ruiçÕcs clc Mark I. MLJII-lrNIJtIIt(i c Allen D. l)VOI{AK (pp. l-5),
eis il
de I:r. RI-ll(ltlS(:llMID'l'(pp. (r-2ti), clc srr A. William I-ll-EY (pp.29-3-5). o 19it6. Quunt0 ir pcrgunta "Quttndtl ctlmcça tr vicla humana?".
ponto cle vista filosril'ico c cxposto por Ivan (;OI]RY e I{utrert SA(;ll1'ent Un os parlamen-
conclusaro cl, Comisia,o: "Estu qucstllo, llrimtlrclial para
crime. L'ev,orlemenl, l)trris, Nourvclles l:clitions lntines, 1971, pp. 3(r-7li; ltalo quc o
VANI)Irl-[-1. "l-'entbrionc unrano. una vita nuova", in I-a llivista del Cl.ero tares durantc ttlcltr a scssãttt, agora ó sccunclária' Htlje sabcmos
itoliano, [. (r2, n." 4 (abril cle l9ái i ), pp. 293-2()7 .
(5) Ilste tenra foi clesenvolvi«lo e precisado pe lo professor Jean DAITSSE'I enr 2fi 'l'alvcz ltlsse o cttstl cle litzçr um paralcltl cntrc esta tracliçãtl c tl co§tume'
cle ahril cle 197tt, quanclo dc sua iiula inaugural na Cátedra de Medicina (6) no dia
chssemina<Jo ntl l'.xtrcnro-Orientc, segr-rndtl tl quala criança ten'l um ancl
experinrcnterl dcr Oollàge de []rance. O tenra da aula foi "A singulariclade
biolngica do indivícluo''; notícia em Le Monde dc 30 dc abril-2 deiunho cle 1978. de scu nascimentt'1.
(7) Ver p. 52, n." 13, e P. 174.
clo-p^rlessor (1. SUIttrALi pcrante a
Mesnro sc houvessc clúvida quanto ao carhter hurlano e singulnr clo embriãcl, (krnrissã. 'lurídica cl6
a utilurclc qlrc se inr;loria consistiriu cnr ackrtar a suposiçân Íavorável ao ser i,ri Aloclça.
pirrlanrcnt. stltrrc tts problemas étictts e jurÍclicos da genética humana,
t:.uriopeu
crlncet"lido conro, onr cilso cle avalanche ou clesatr:rn'rento, presLulre-se que possa
Bruxelas, 29 dc ntlvcnl[rrtl dc 198-5'
haver solrrevivcntes"

4í)
4.S
O AIIOR'l'O: AS[,[:( "1'()S l,Ol_l'l'l('()S
[" IiM NoMIi Dlr OL.lti LEI'l

scr humilno comt)ça a partir ckt t.rvo Í'ecundldo." Essc ovo l.ecuncluclr "lx)r intcrmútlio clc uma ['icção", nãrt-r há clúvidit. Pt-lrém, lemos cle
prccisa cle uma ccrtrt proteção quc dcvc ser objeto cle uma clccisãg
concordur quancl(), ao comcntar o Prcâmbukl clet Convcnção sttbre
ptllítica c jurídiur. Nãtt havcnclo legislação nacional aprclpriacla, nã11
os Dircitos cla Criançu, A. Rostennc diz quc "a evoluçittt mcsma clo
é lírcil trabalhar em làvtlr cla prote
ção dos indivícluos antes ds nascimcn- tlircito cm toclas as írreas eviclcncia clc maneira convergente o carátcr
t0- No entantt-1, convém citar a recomenclação g74 da Assembléia irrcaico, insuficicntc e arbitrário das I'icçoes atuAis". Com o mesmo
Parlamentar cltl Gtnsclho cla Europa, rclativa a uma carta ckls clireitgs
irutt)r, pode-se perguntzlr sc "nã(, (...) chegou a hclra de ir até o fim
da criança- E.sta recomcnclaçãu;, clatacla rJe l979,estipula quc "1l clireil.g
nil protcção da criança, não mais protegondo seus interesses por
dc cada criança à vicla, clesde o momento cle sua concepção, dcveria scr
intcrmódio dc uma Íicção jurídica, mAS tomanclo qtnhecimento da
rectlnhecidtl, c os g()vcrntts nacionais cleveriam aceiLar a obrigaçãs cle
rcalidadc c reconhccendo a criança, tantcl antes como depois de seu
tucltl implcmcntar pitra pcrmitir quc lirssc integralmentc aplicirclg".
nascimento. como sujeito dc direito no sentido pleno das palavrAs".
A maitlria dtls cócligos ociclcntais, ou clc inspiração ociclcntal, E, o jurista acrescenta: "Um novo cntirque devcria portanto consistir
lraduz cssc rcspe ittl pcla criunça concchiclil t:m tlisp«rsiçocs tlc clpitll
numir afirmtrçãro mtris clara, nãro-equívt'lca, do conccittt juríclico de
importância para nr'ls.') Em circunstâncias que clclincm, eles tratam a 'pcssr)Ír'. prccisando quc tt criança quc vtti nasccr ó, destle a conccp-
criança quc vai nitsccr como sujcito clc clircitos: e lc podc rcccber uma
çãro, uma realidaclc cm si, um sujcittt de clircitt), c que sua cxistência
dtlaçãtl tlu hcrdar. Esttt clistrlosiçãrl rcmonta ao Direil.rl romano:
nãur está mais subme tida à rcalização clc uma condição suspensiva".ll
InJ'un,s cttn'ccpltt.s pro nato hobelu.r, quories elc aius r:otn.tngrjis ggitur.ttl
Foi u partir clc premissas iclênticas àquelas em quc se baseia csta
Observcmos que sc trata aqui nãur clc simplcs tlircitos da criançtr argumcntaçãur quc sc clcsenvolveu ii luta por liberdade, igualclacle,
não-nascida, mas clc scus intcrcsses. Da mcsma lilrma, clecrctos participtrção clc toclos na vida política, cconômicit, cultural ctc. Eli-
promulgatltls cm váritls países, notadamentc na Austrírlia c nil minanclo estc Í'unclamcnto constantc, ou apcnas o colocando entrc
Alemtrnhtt, rcctlnhcccm à mcsmu criunça nho-nascicla o clircito clc parêntcse s. a traclição juríclica do Ocidcnte pcrcle pura c simplesmen-
rcccbcr indcnizaç:rtt ptlr porclas c danos cÍlso sol'ra prcjuízo dec6r- tc totlo scu scntido. c o dircito prttmulgadtl, sutt razÁt.t clc scr.
rentc cle um ttcidentc clc quc sua mirc lirr vítima rlurantc a gravitlez. Assim, clc ccrto modo, o tlircit«r positivo transce nde os membros
A rigor, a dispttsiçãtt cltt clireito romilno sti privilcgial crilnç1 tltr comunitlacle política cxistcntc. E o quc pcrmitc à lci tcr um papcl
importantc uo nívcl cle parlugctl4io polític'o trir-ri-trt,r os ciclaclãtos vivt'rs.
(9) A esle rcspcittl, vcr l'. -11. 1'ROLlSStr, "l-a plroposition cle 1li r.t.,,2á.ig,,, ir.t Mas u "transccndôncia" do clireito nhtt pírril aí: elc contribui ampla-
Annolcs de I)roit. n.' 4 ( l97l ), pp. 4l 2-417 " A lihcralização clo ilborto ÍlcurrotÍl mcnte para garantir tt continuiclade dtt ctlmuniclacle pttlítica.
Llnla cstrállllla contradição no cJircito. Por um lackt, a criança não-nuscicla
pt:clc Desta mancira, lcgislar ó claborar um projeto c reconhecer,
recehcr heneÍÍcios, indenizerçÕes. p«rcic hcrdar. I)or outro larclo, é passível cle ser
climinacla. [tstc cstaclo cltl clireito ctii lLrgar a siluaç(res surrcalistas. IJnta criupça mesmo no cus() clos cidtrclrios do futuro, que sãto plenamente sujeittts
que ntlsceu con'l unta clcliciôncia ttcasionitcla por un'tii tentativa cle abrlrtg dc clircitos c clcvcrcs.l2Em suma, por ser ttbra de razãtl, a lei tem uma
tlbtcve, conl sLlil mâc. untit intportanto inclenização. O.julgan'lento ckl Oonsclhg funçãro educativa insubstituívcl e visn. cntre outrcs objetivos, a pro-
dc [.,stacltl (da Irrârtça) l'laseava-se nun] "erro grave'; cr»rctic6 peli nréclic6"
tcger os tracos contra os poderosos.
Assinr, este Íili ctlnclonackl. l'lenr conto o hosprtal envolviclo. C.l'. I.n l-ihra
Bcl§qrc,l3ruxelas, _5 clc outurhro clt: l()u9.
( l0) "A criançtt cclncebicla é consiclcracla con'ro nascicla c;rcla vcz qLlc sc trálrárr clc scr.rs (I l) (lf. A. I{OS'l'liNNl:. "l-'enlant i) naitre, suiet cle tlroits", in Lo l-ibrc Bclgiqrc
intcrcsscs-" (lÍ'.. por cxcntplo, (iAItlS.ln,;tittues,3..,Orimenlárig, (llruxclrrs), 2l cle clcze nrbro clc l9ti9. A respeito cla Oonvençãto sobre cts direittls
- l9(r-5, 4, I)1ris.
Bellcs-l-ettrcs. t)l-l)IANo, ('ctrrunentoit.a :;rtr t'lidit, D, 37, 9. (]f. .1. da criança. ver p. 29 s
GAtlDb.Ml;.-l',Le droit prir,é romain. paris. l()74,p"301. ver tarntrém IIAI IL, (12) Ir. I.EVINAS clesenvolve este tema repetidas vezes. (lf. notaclanrente ljn
I), l, -5,7" Stll'lre tl prtttrlema itborclackl:rqur. uer, À, BibtioÍtt.olia,9s trabulh6s décottyt'nrtt l'c.x:isÍcncc at,ec I ltt:;serl et I'leitlegl4cr'. Parts, l9(t1 ,p. 19l,l lumani.stne
de o. lII.:NNAU-llUIil_I1't'. It. I_ABO{t, I_. SriBA(; e D.VI(iNL,AU. de l'oun'e hontnte, Montplellier, lrata Mttrgana (l:ssars). l()72, pp.10-44"
I

50
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I
O AIX)R'l'O: ASI'lr(Il'()s l'j()t-í'l'l('()S Il,M N()Mt1 DE Qt-,8, LEI'l

Um direito híbrido sociais c ratilicír-los cm sua lei, tt legislador não se distinguiria cm


nacla do sociírlogo. Em última instância, a sociologia tornaria o dircittl
Vê-sc entãto qual é a rclet,ânc:ia e quais são cls limites clo estuck'r supórt1ut) e sem objeto.
c()mpar?rdo cl:rs legislaçÕcs cm matória de aborto. As comparações Este equívocr-l entre cl fato social e a norma jurítlica é tã0
muitrts vezes niul insistem o suficiente no fato de que os princípios do dil'undido que está inclusive na boca das mais altas autclridades
dire ito poclem verriar consideravelmentc conlbrme os códigos, países políticas. Pois, por Íim, pretender que a legislaçátt sobre cl abtlrtt-l
e regimes. Contuclo, o cxAmc desses princípios é de particular impor- tornou-sc "antiquAda", "inadaptAda", como provam "As numerosas
tância para o cstudo comparado da legislaçiro sobre o aborto. Na in[raçÕes" qu" sotie, é ceder a uma abominável contusão entre o Iato
vcrdade, o quc imprtrta não é tanto quc o aborto seja permitido entre c o direitcl. Poderíamos limitar-nos a estigmatizirr, nestA cclnfusãtl
4 e l0 scmanas num caso, cntrt: 5 e 15 em outro. O que conta é a atitude
alimentada, uma mant-lbra demagtlgica óbvia demais para cnganar
bársica cliante do ser concet'liclo. Sem remontar a esscs princípios,
alguém é de tãto o caso. Mas a conlusão dissimula stlbretudo um?l
chega-se apcnus Ír paralclos superficiais cluc ocultam o scntido afronta -contra os cidadãos. Na verdadc, com a clesculpa dc ttutttrgar-
prol'undo clas legislaçÕes c()mparaclas e sc prestam às mais diversas
lhes um (pseudo)-direito, os cidadãos são declarackrs detinitivamcntc
conclusôcs.
"irresponsáveis", quer dizer, incapazes de exercer seus det,eres para
Daí clecr)rrc quc uma situnçiro híbrida instaurou-se nos paíscs
com umu categoria legalmente dclimitada de seus semclhttntes.
clc tracliçãto dctnocrártica «rnde «r aborto Íbi legalizado. Uma ltrot'unda
Se a inadaptação de uma lei é demonsl.rada pclas inlrações
incoerência cstii gravatlir no ccrne tlas constituiçoes.l3 Ptrr um latlo,
constatadas. isto prova eletivamente que a lei nãcl é boa. Ela devc ser
esttrs se compromcLcm a rcspcitar c inclusivc a proteger a criança
mais rigorclsa e sobretudo ,çer completoda por medidas sociuis visandcl
nito-nascicla; por outnr lado, restuuram o dircito dc vida e mortc do
a acolher a criança, e não a destruí-la.l'5
patcr t'umi.lias, pr()grcssivumcntc aholidcl. O alcance destc último
SerÍr que a multiplicaçãro dos assaltos, seqüestros c estuprtls nos
estcncle-sc ató a criançu não-nascicia. E vai muito além: esse direitcl
ó conccdido à ntater Jurnilias, ao médico, ilo psicrilogo, ao psiquiatra, levará a concluir que prccisamos de leis mais clementes'J A prártica
ao clcmílgrrr[o e em brcvc, sem dúvida, ao teonocrattr.l4 muito disseminada da fraude fiscaldcverá incitar os fiscais à extrema
indulgência? Pclderíamos citar inúmeros exemplos que mostram t'r
caráter incoerente dos princípios invclcados ora num caso, ora em
clutro.
Ofatoeodireito
Se uma lei é violada,, é por ser severa clemais, inadaptada; se
outra não é respeitada, é por ser indulgente demais. Então é melhor
Por cclnscguintc, o quc cstá em causa aqui ó tclda umit conccp- reconhecer de uma vez que se escolhem os princípios que convêm at'l
çÍro da lei e tkl clircito. Sem clúvida, a lei sempre leva em conta, cm sabor das teses a defender e do eleitorado a afagar.
itlguma mcdicla. os costumes. Mas, caso sc limiLassc a registrar Íatos Assim, 0 argumenttt segundo o qual "a lei acompanha os costu-
mes" é fraco demais para fornecer uma premissa à liberalização do
(13) [*lairtcrrcrêrtciaapareccaténarcelchrelciVcil,n."T-5-l7cle lTdelancrrode 197-5, aborto.
cujo itrttgo 1." alirnra, nâo senr cinismo: "A lcigarantc o respeito a tockrser lrumano Será porque a escravidãcl era aceita em Roma que nãtl devia ser
clcsclc t"l cotlcço clavicla. [iste princíproxi ptxlerii scrüoliickl enr mso clc necessidacle contestada'l Ao contrário, de restcl. é preciso notar que a lei induz
«rnÍ'ornre as condi$les definidas pela presente lei." Cl'. p.1275.
(14) Sobretrparriapotestos,verJ.tiAtJDIIME'I',l,edroitprivérornuin.Oirtsvitac
naci,sque conheceu uma evolução sensível soh Adriano. Antonin«l Pio e (15) Estudamos mais de perto este problema no Grp. V: Vazio itu'úlico? Vazio
Constnntino. l:lstc últinro punlu o infantrcíclio. Irtdicial?

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O AIIOR'|O: ASI'>E('l'OS Í'}()l.l'l'l('()S l1M N()MI1 l)t: QtJIl t-lil'l

contra tudcl
tipos tle compt-lrtamentos: assim, a proporçãtl cle clivtircios diÍ'crc rrrtlubitirvclmcntc o dircito c ató o clevcr cle se prtlteger
contra tudo
segundo as variaçoes da lcgislaEão na matéria. Uma lci quc libcraliza o (luc poclc introduzir em scu seio fatores dc dissrlluçãtl'
da agres-
o aborto induz necessariamente «tmportamentos que desembtlcam ., ,1r. it l'azcorrcr tl risctl dc scr levacla a um desctlntrole
no aborto eÍ.etivo.lí' É uma das razÕcs por que merecom pouco sivitluclc.l8
que
crédito os que, por um ladcl, proclamam sua repulsa ao abctrtt) e, por Ela dcvc, de mocltl algum. esperar que Ocorram abus0s
nãro
r-lutro lado, preconizam sua liberalização. tr tilrcem a intcrvençtles repressivas. A curto prazo, intervenções
a impressão de
prcvcntivas e rcgulamentações restritivas poclem dar
e longo prazo'
i-cduzir o âmhitõclas libcrcl.des inclividutris. A móclit-r
altrtmentc benóticas tanto para os
O legislad«rr preso na armadilha? cntrctanttt, tttis meditlas revelam-sc
dcrivas pervcrsas'
indivítluos como para :l sgcicdacle' ptlis previncm
que rcgu-
FOi 0 oAS(), por exemplo, da cólebre lei vantlcrvclde
Todo o problema aqui é saber se c'l legislador tolera deixar-se na Bélgica' A
prender numil armadilha e dedicar-se intciramentc a um ccrto am- lamcntou cstritamcnte a vencla cle bebitlas alctlólicas
suas
bientc dominante, e se consente cm ccder às prcssÕes de quc é alvt-t. lci prevenia abuscls cujas vítimas cram tls operáritls e sobretuclo
t'amílitrs. Col.cavar"ri,r*.bstírcultts à "libertlade" dos ct-lnsumiclores
Nessa circunstância pode provar suu pusilanimidade ou mostrar sua e a socicdade contra
o vcndedores de álstltll. Mas protcgia as famílias
coragem. O legislador aquienf re nta um verdadeiro desalio: cleixar-se
o tlagel1'1 clg alc6tllismtl; alertava os consumidores 1; vendedores
condicicrnar ou acreditar que a lei deve l'azer prevaleccr uma certa contc.r' É t*
ct-lntra ubust'rs que tt atmoslera stlcial stlzinha não poclia
racicrnalidade sohre as paixões e os instintos, quer dizer, positivamen- que
virtucle clos m"smtls princípitls que tls psictlpatas sãtl internacltls'
te, detlnir um rair-r de açãro para a liberdade. o comércio de armtts tlc logtl
tr vcl.ciclaclc ó limitaclu nas ostradas, que
Que ncl primeircl cast'1, contudo, o legislador esteia alerta para
é regulamentadtl-..
o precedentc que abrc: cstá rcnuncittndo à Íunção pedagógica insubs-
tituível da lei. Está avtrlizando com sua autclridade o direito que
alguns querem arrogar-se de disp«tr de uma vida humana em seu
começo. Sobrctudo, ao dar-lhcs a ilusão Ialaciosa, dc uma liberdade
integral, está aumentando o pt-lder dos condicionamcntos dos quais
os cidadãos já são vítimas. Torna-os mais vulncráveis àrs icleologias
totalitárias nazis, tascistas e outras que só cstão cspcranckt a mclrte
-
da libcrdade para deixar cair a máscara.
Assim também, a lei nãro tem como únicas Ítnçtlcs reprimir e
e«Iucar. Tem também uma ÍunEáo preventiva.tT A sociedade tem

(16) Cf. .1. II. SOIITOUL, Con,séqtunces d'una loi, p.4(r e pp. 2l4ss.; R. BEI-, Un
rapport malfait, passirn. Para a lnglaterra, cf. ],'ovortatnent dev'ont le parlement,
p. 5, e sclL'rretuclo R. BEL, Qrrclqrcs é\.ément,ç de la sinmtion an Angleteffe deptis
la libéralisation de I'ev,ortetnent (1967\ (estudo mimeografado), 10p., s.l. ( 1976).
Ver também as palavras da sra. Simone Veilcitadas na p. 178.
(17) Ver, neste sentido, André BESSON e Marc ANCF.Z, La prévention dcs
infroctions conÍre luunrtine et l.'intégrité de la personne, Paris (Publications
l.a v,ic
du Centre d'études cle défense sociale, Institut de Droit comparé de l'[Jniversite
(ltt) L,oobjetohatritualdas"letscleclefesasoclal".cf"M.-T'MEL'jLDERS-KLEIN'
"(lonsidération-..", pp. 439-441 e pp' 489ss'
de Paris), Paris. Cujas, 195(r.

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V
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Yazto furídico? Yazto judicLal?
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í
No capítulo anterior, mencionamos rapidamente um dos argu-
i
mentos invocados com mais freqüência para modificar as legislações
I no que se refere ao abortcl.

Para novos costumes, noYas leis?


Este argumento costuma dar grande destaque ao fato de que as
leis existentes não são respeitadas. Como os costumes mudaram,
afirmam, as leis devem adaptar-se a sua evolução. Ora, essas leis
punem os autores de abortos.
Assim, a evolução dos costumes pede a descriminação do abor-
to.l De resto, essA evolução às vezes é corroborada pelos magistra-
dcls. De fato, alguns deles hesitam ou mesmo renunciam a examinar
dossiês st-lbre esse "dolt-lroso problemit". Alguns cedem a obscuras
pressões da opinião pública, da mídia, do homem da rua, ou inclusive
de seus superiores hierárquicos. Conclui-se, portanto, que hâ"vazio
jurídico", o que quer dízer "inseguraqça" ou "incerteza" jurídicas. A
lei não é aplicada, nem aplicável. E melhor dizer logo que está
revogada; de qualquer maneira, é preciso mudá-la.2

(1) Cf. p.33.


(2) A mecânica clesse procedimento é exposta no dossiê publicado pela r\ssociação
"Choisir" ("Escolher"), Avortement: une loi en procàs. L'affaire de Bobigny
(1972), Paris, Gallimard. Consultar sobretudo o dossiê La loi rle 1920 et
l'avortetnent. Stratégie de la presse et du droit ou procês de Bobigny, Presses
Universitaires de I-yon (Médecine et smiété), 1979. Ver também Bernard
PINGAUD, L'av'orletnent, Histoire d'un clébat, Paris, Flammarion, 1975; cf.,
igualmente, E. SERBEVIN, "De l'avortement à l'interruption volontaire de
grossesse. L'histoire d'une requalification sociale". in Déviance et société.
(Genebra), t.4 (1980), pp. 1-17.

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obscrvc_m()s, crc passagcm, o cstranh0 pr.cccrimento:


para 0b_ cm vigor prime ircl ó cxposta r\ cxecração pública devido A seu caráter
tcr a rcvogaçãtl de umu lei, é preciso comcçar
violand.-a ao máxim.
c clc públic«r, sc nccessário por intermédi,rie pcnal: é precisr-r descriminar o aborto para poder liberalizá-Io.3 En-
uma ou outra cumpri_
cidadc ntl aparclho ckr Estatlo. tão, a argumentação desenvolvc-sc «la seguinte maneira: o aborto nãct
Assim, a ab-rogação será conseguida, pera apenas faz pitrte ckls costumcs, como já tbi apontado; alóm disto, tbi
mera razãrdc que a promovido, nA prática, à condição dc direito que ó preciso reco-
Ici não cra mais aplicaàa...
nhecer à mulhcr. A lei be lga, por cxcmpkl, dcvc ser rejeitada por duas
razões. Elzr se recLtso a reconheccr à mulher um clireito que só a ela
Do vazio judicial... pertence; condena as mulheres que cxercem tal direito sobre seu
corpo, bem como os quc a ajudam a cxcrcê-lo.
Essa argumcnttrçãur ignrtra totalmcnte um clado essencial do
No entanto, nãtl devemos cair na armaclilha
das palavras: 6 vazio problcm a. Audiotur el olteru pors: ó preciso levar e m conta cl direito
que se constata nãct é
iut'ídico, é judicirír'b.
Alei não loi revogacla; . da outra parte, o cla crianqa não-ntrscicla. As lcis tradicionais que
quc acontecc é que, por razÕes alhcias ao
tlireito, os mrglit.n.tns punem o aborto proceclem de premissas quc levam cm conta o direito
hesitam em aplicá-la.
das duas partcs envolvidas.4 Sem contcstar. dc modo algum, o clireito
Esse "vitziojucriciário" 2ri{s rerativo é e os direitos da mulher, cssas leis dcstacam o cliraito it virla da criança
I

I
-
motivos- Ele pode arterar tr imagcm - malsãosempre
crc uma mtrgistratura
por divers.s
ci,rrn, concebida. Os que recligiram as lcis hojc atacadas irÍ sabiam o que
e com razáo, tant. dc sua indepcndência
.,rr,r?. sua integridade. h.j. alguns se recu,\om o lcvar etn c:onto: o Í'ato de que se trata de um
Na verdacre, esse "vazio judiciárit-r" ó
revcrad,rr, ,,rrr?o l, qurnr., ser humancl. Essas leis simplesmente zrplicam o princípio geral carac-
I cls magistradtls sãttl sensívcis às pressÕcs
I c como estão expostos a.s terístico de toda st-lciedade democrática: a igualclzrdc cle direito dc
ucasses que às vezes lhes são destilad.s
I
s'b Í.rma de «lnselho. todos ()s seres humancls cm relação à vicla. Assim sendo, o caráter
sabc-.;e rl result.do clisto. Na hora de
n.mcar para tunções imp.r_ penal da lei nãro é senão it conseqiiência de um direito anterior,
tantcs' tl exccutivo [àz a distinçãro entrc
os canclidAtr)s .,confláveis,,e inalienável, da criança não-nascida; c é a violoção desse direito rque
os que não aceitam. uma "indcpendência
limit.da,,. Entãr, a absten_ suscita e justifica uma sanção penal.
çãtr do iudici'áio é invtlcadÍt para prcssionir o lagislrrrltr.
Estctcndc
a'substituir tt iuiz na apreciaçào da.s circunstâncias
particularcs; aliás,
diantc dos obstáculos qu"
^tú.g.T ,o prripria Assembréia Naci.nar, A criança e a mulher: desprotegidas
actrntece dc determinacltts legtsladorzs
não hesitarcm s6licitar que
. exec.uri,o sugira aos magi,vtrados.quc suspcnclam as em
cliligências. Em
suma, se nã. ltrsse tipicamente triangular, ,/-
a tigur, seria chamada de Sob o pretexto de promover um "novo direito" da mulher, os
círculo vici.s.! Esse v.azict pretensamcnte \,_
judiciári., ncaba reverancro como é precária. luiídico. mas na verdade ._/gue propírem a descriminação do abclrto ameaçam o princípio [un-
mesmo nos países de damental segundo o qual todos os seres humanos são iguais perante
tradição democrática, a separação entrc.s a vida. Os autores de tais propostas, ou projet()s, querem ver triunfar
p.deres.

... ao vaziojurídicr) (3) Cf. p. ll't2.


(4) Na Bélgica, por exempkl, os artigos do Crirligo Penal quc punem o aborto datant
de 1867. Nunt artigo intrtuladcl "L'avr)rtement, un problême sr)cial", publicado
O que é mais incoerente ainda é que o remédio no jornal La Libre BelgiErc de 20 dc nraio cle l9ft7. t{udolf I{FIZSOHAZY
que se propÕe recorda que aqueles artigos foram "aprclvados no governo liheral homogeneo
para t) "vazio judiciárir)" ó um vazio juúdico
autêntico. De faio, a lei Rogier/Fràre-Orban, pois os catóhcos cstavam na oposrção""

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5e

L-
() Al]@)lt'l'( ): ASI,li( "t'()S l,( )l.l'l't( ,()S
v A'/.lo .r t rl{ lt)l('()'t v A'1,1o .ll.JDl('lAL'l

ouÍro pri.nr:Qtkt, segundo () qual, cm rclação


à criança quc tr,z ., tlrrrlc, insttrura o princípio c a prática tle umu discrimirtaçiio cntrc
vcntrc' a libcrdade inclividual cla mulhcr J total,
ilimitacla. Com. dil'crcntcs cutcgoriirs clc scres humanos. Assim, uma proposta ncste
mulheres p,clcm clisprlr clc seu corpo, é prcciso ,Ju.stil.ictrr,, as
"direito" dc dispor cltl corpo do ser humano scu scnticlo volta trs costas à clinâmica clcmocrártica quc pcrpassa a história
que abrigam. Cabc a. clo Ociclentc c dcvc, portanto, scr consiclerada reucionáiu.De [ato.
médico ajuclá-las a excrcercssc ..dircito,'.
cstamos cliantc clc uma situaçãro paracloxal. Por um lado, todas as
Portrtnt0, dcscriminar o abrlrl.o não signilica simplesmente
eli- dcclartrçÕcs clc dircitos pnrcedem clc uma rcação à usurptrçiro do
minar a sançãltl penal vinculada ao aborto."signitica
stbretu dt-t des- podcr pclo príncipc.7 Por outro Iackr, os particliirio.s da dcscriminaçíio
, proteger a criança' privá-la cle pr.teçã., rõlegá-la ao limb, cla tcnclcm a implcmcntur um movimcnto cm scntido oposto: lcvum o
I sociedaclc política c juríclica, cxpô-la at'i p,rdcr cliscricionário Estaclo arcúcir o alcance clcsstrs mcsmas clcclaraçóes.
I ceiros' Mas signiÍica tambem ctisproteger as mulheres 6iante de da
ter-
im- Ora, com() sc ncga u urticulrrçiur cntrc clircitos e clcvcrcs. tambóm
i puniclaclc crlrriqucira cr.s homens e diante de todos
.s que têm ncga-se quc um?l tlccltrração ckl clircito à vicla possa scr unive rsal. Essits
' interessc em incitá-las a abortar.-5 prrrpostas c projctos constitucm ratrotoç'õe.§ cm rclacãto à rlinâmicrr
o vazio ju.rídico a que leva uma libcralização do ab6rt9 tcm clcmocriiticrr quc sc cxprcssir nas grunclcs clcclartrsircs: siur litcrulmcnte
a
mcsma graviclacle já ntitl sttb tt ângulo do clircito
ptnal, mas cls sistema retr(tgrtrrla.r. Instituiçílcs criatlas com vistas à instauraçiro da justiçu e do
jurídictl c()mo um Ltttltt- Dc Íato, outros
ramos clo direito como o bcm comum s?-ro dcsviadas c ptlstas a scrviço dc uma obra dc mortc.
dircittl civil c tl clireittl s,cial reconhcccm , criança que -vai nascer
t-ruttlrgancltl-lhe direitos e uma - ccrta capaciclaclc.
Esiamos pensanctcl
n.taclamentc n. direit. que a criança tem clc hcrdar,
dtraçõcs .u indcnizaçÕes.í' A. regarizar çt abclrto,
receber legados, O direito a serviço do assassinato _j
quer dizer, a.
eliminar a proteção pcnal da criançI que vaí
nascer, o regislarJor cria,
por conseguinte, um pcrigoso vazio.furídico, Apcstrr clri irritaçtll dc ulguns iro ouvircm tais mcnç(lcs, a dcs-
ao qual u"r,n ,.rrar_se
uma incoerência. criminaçiur tlo aborto intr«lcluz. ussint, um princípio clc discriminaçãur
AIiás, o pre tenso "vÍrzio jurídico,'ó substituíclo trni"rklgo ao instirurado pckl nazismo. A itcusaçito cluc pcsava contra
não apenas por
um vazio jurídic<l autêntictl, mas.também os róus dc Nurcmhcrg cra mcnos a dc te r-sc clcclarrtrclo ntrzistas cluc
por um novo vazio jttdiciá-
rio este, verdocreiro, p.is as disp,siEclcs pcnai.s tucle tcr implcntcntaclo cssc princípio discriminattirio.s Nãur ó dit'c-
-
as legislações que liber alizam o aborto
quc ,comprnhn*
rcntc a ccnsllru I'unrlamcntal hojc dirigidu contru os particlários do
praticamentc não são aplica-
das. A experiência clos out.ls países atcsta-. rcgimc sul-irll'icuno ckl u prtrlhairl.')
claramente.
Assim, uma vcz mtris, vô-sc quc, isolackr clc todu rcl'crência ética,
o positivismo jurídico podc chcqar ir mobilizitr o rlireito contra os
Rumo a uma legislaçáil retrógrada? clireitos hurnunos.l0 pois o clircito llotlc dtrr sua cauçãro ir tirania c

Assim, vê-se que umár rei que regariza e liberar (1) ()Í'. p. 2.1s.
iza ct aborto (tt) A lirnte csscncrirl il cste rcsport() e Nrrrambarg meditnlcn.çc. Nurenthcrg Military
necessariamente vai além do objeliun qi" -l'rit"rurnals.
pretende atingir" Na ver_ Unitcd StnÍcs ol'Antaricn vs. Kurl l)rnndt pnedit'o pt:ssool de ÍIitlerl.
ct. al.,2vol.. National Archtves. Waslrington, l()47.
(5) A-situação cle--clesproteção cla mãe é benr evocacra (9) Al'lorclantt)s cslc problcnta enr "l)c I'aparthcid au clialoguc. I-it position clc
MALINC()NI, Ilôpiml
n«r pungente livro de Nicole
sil.encc. Ver rambónr o te.srenrunho
l'l:glisc cutholique", in Nottvclle llct'ttc théol.ogiqua, t. 109, n." -5
vllzlNA. .rournar ir',r* ovorÍée,Montrear, I-a presse. 1974. de Marie-oclile (setcnrl'rro-outu[]ro clc l9ti7), pp. (r9l-71 l.
((,) Of. p. "50s. ( l0'y 4,, positivisnro iuríclico cstãro ligac.los. por cxcntpltt, os n«rmcs de I-Óttn
I)Ll(iUI'l'e t Ians Kl:l-Sl,N.

60
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() Al]()l{'l'(): ASI'l:( "l'()S l'( )l.l'l'l('( vA7.l().lt Iltll)l('()'! v A'/.1( ) 'lt Íl)l('lAt"l
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lcgalizar o tlcspotismo. Numa socictlaclc clcmocrírtica, o Estarlo rlc Esqucccm quc um clcbutc sobrc tr lihcralizilçíro dtl abtlrto nil()
direito não sc caracLcriza apcnas pcla cxistôncia da le i c o respcito a ó umir ptllôrnictt; ó umit Lutct't'(t. Uma gucrrtt tlc mão única tlncle tl
ela.rl Caractcrizu-sc pcla promoçãur, por loclos, cla justiç Lt poro lotlo,s. ,,gr"r.,rr, dccidiclamcntt: scm c()ragcm. ncm prccisa medir-se com sua
qucr dizer, cla vicla poro íodos, cla libcrclatlc puru lodos. da igualcladc ,itima. Umu gucrril cm quc os mais [ilrtcs, t-rculttls atrás cla máscttrtt.
poro ktdo,ç. rcivindicilm íJ ptiori o llvrll tlo Estaclo partt tlcutlr impunemcntc o
in11centc. Ptlis il trbtlrttl ó. scm tirar ncm pôr, umtt gucrril tlndc
rtllam
O Estado clcmocráticrl cm que «r aborto ó legalizado é um com vcrdtrclcirtls l'cricltls
Estaclo quc consentc cm clcixirr-sc cxtraviar: dc lato. ele inicia um
sa,guc c lágrimils. Umil vcrclaclcira gucrr?I,
c vcrclaclcirtts mtlrttls-
proccss() pcrvcrso quc altera sua nutureza democrática c induz-lhc
umà tnuÍoçao totalitáritr. E o processo quc prccipitam aqueles que,
de cmenclu cm cmcncla, I'ingcm protcgcr a criança não-nascida,
enquantt) quercm libcraliztrr o aborto.
Na vercluclc, o cstudo dos totalitarismos contemporâncos mos-
tra que cstcs são provcnicntcs da omissiro, clu irresponsabiliclade ou
clo cinismo clc minorias intclcctuuis clc uma arrogância quc nacla
conscguia dobrtrr. O nazism(), por cxcmplo, quc tcve scus módicos,
tambóm lcve scus juristas, c Íilram iclc(lklgos dcmentt:s que levaram
o pov() a cncleusar Hitlcr.
Os juristas quc ltrnçam nriro dc todos ()s rccursos dc uma tócnica
abstratu parir csmcrar-sc cm suus "clisposicllcs lcgais" regulame nt.an-
clo o uborLo cstão clcstinaclos u dirr à luz um monstro. O dircito
comctcrá suicíclio sc homokrgar () crimc. Esses juristas nãro sãro
alhcios a umir lúgubrc trtrrliçiro intclcctuirl, scniro política, na qual
bcbcu Karl Binclin-q. I 2

(l l) Ver a eslc respcilo Xuvicr I)l.lON. "l-'lltat dc clroit contrc I'avortenlent", iÍ'l
Jotrnol dasl'roc'à,ç.n."ufi(2Tdejr,rnhoclc lgttó),pp. lfi-2l.Sohre ol:stacloclc
clircito. l"loclc-sc consultar "l'rinre iras.lornadas llrasilciras clc Dircito NÍrturÍr1",
cLriíls ittas foram reLrnictas num v<llume porJosó I'edro (iAI VÃO DIr. SOtIZA
c ahrrrclan't O [i:;tado dc I)ireito. São Paulo, I{evista dos 'l-ribunais. 19á10. 0
nresmo celebre iurista hrasileiro puhlicr-ru en't 1977. pela mcsnra editrtra: l)ircito
nulrtrol, I)iraito 1to,tiÍivo c I:..ttudo de l)ircitrt. Outro rcprcscnt:rntc cla l..scola
I)ar"rhsta dc l)ircito lanrl'rénr cleclicou Lu'r'l cstLrd() valioso à nrcsnta qucstlur;
tratir-sc cle Aloysio Flr.l{l{AZ PIll{lllltA.l:stado da [)ireito no parspcctiv,a do
libertnç'ao. (Urnu crítico seEtndo Mortin llckleggar), nir n')esmir cditrlrit, l9li0.
( l2) Sobrc lJrnchng. ct'" p. l-5, n." 2. Seria intcrçssantc tr:lçitr unr paralclo entre a t'rhra
jurÍclica clc l]incling e a ohra política de (larl Schntitt ( I t'itit'i- l9ti5 ). Ahandonandtr
a reÍ'crência ao l:tstackr dc clireito. Schnrrtt tradição qr"re
remontÍl a [iicl'ttc. [[ohl-rcs e Maquiavcl
- retonlando uma
chega ao riecisrr>nt:;tno'. o direito se
-
cnraíz-ir na clecislu'r políticit. (lf . ( )arl S(:l-l MI't-I'. [,o notion dc politiquc. 'l'lrcoric
dtt porÍisan, I'aris, (lalnrann-l .twi. l()12.

ír3
62
Moral "àlA carte"

Em matéria de aborto, vai-se de assombro em assombro. se já


nos surpreende a inconseqüência de determinados médicos, políticos
ou juristas, ainda mais nos espanta a atitude de um certo número cle
moralistas. Diante dos projetos que visam a liberalizar o aborto, estes
assumem duas atitudes principais: a omissão ou a "justificação".
Ambas, contudo, deságuam em posições fundamentalmente seme-
lhantes.

Moralistas favor náo se apresentar

Emvez de mostrarem que o campo da liberdade se amplia com


os progressos científicos e técnicos, os defensores da primeira posi-
ção recorrem cada vez mais à psicopatologia, ou mesmo à sociologia,
para mostrar que o homem é presa de determinismos sobre cls quais
não tem controle algum. Então, só nos resta uma conclusão: a moral
já não tem objeto próprio, e o moralista ficou decididamente incom-
petente. E, de fato, o que se afirma ao proclamar que "é preciso não
julgar", ou, como freqüentemente se diz, "respeitar a opinião de cacla
um". Assim, não é surpreendente a leviandade com que são tratadas
a sexualidade humana e os prclblemas de intersubjetividade. Asexua-
lidade é reduzida a uma necessidade do ego. Não é mais encarada
como uma dimensão da pessoa que deseja encontro, partilha, inter-
câmbio, entrega. Volta-se a Wilhelm Reich e a sua concepção da
sexualidade como pura necessidade.l Assim senclcl, e embora não

(1) W. REICH, La révolrúion sexuelle , Paris, llnion Gónérale cl'Í]ditron (10/18),


1968, pp. 481-482

(r5
I () AI]()R'l'(): ASI'lr( "1'()S I'()l.l'l'l('()S

taltc segurança aos métodos anLicclnccpciclnais, é prcciso pcnsilr n()s


MORAI- A I-A CARTE,

tlrrirlclucr outra saída. E,is que tornamos a encontrar o funesto Homo


I
imprevistos. Então, por que não pensar num aborto como rcpcsur- Itr»nini lultus ("O homem é o lobo do homem"). Hobbes colocava
gem?
t'stc alirrismo como princípio de seu pensamento político, e fez
Entretanto, tal amoralismo está longe de ser partilhado por t:scola.4 É o., mesmo princípicl que voltamos aqui, mas depois de ter
todos os dcf'ensores da liberalização do aborto. Determinados mora-
cxtrapolado seu alcance.
listas, partidários da scgunda atitude, acrescentam-lhe "justiticações"
O homem só pode atirmar se dispuser do direito de negar, e
vinculadas a dois temas. Algumas giram em torno da idéia do "tllhcr
Iodas as relações humanas são governadas pelas categorias reguladcl-
desejado", c)utrAs, ao redor da distinção "humano-humanizado".2
rcs do amigo e do inimigo. A radicalização deste antagonismo é
lcvada a um ponto tão extremo que o homem torna-se um lobo para
scu próprio tllho coisa de que nem os próprios animais dão
O filho desejado -
cxcmplos.
A questão do filho desejado ó, assim, uma das expressões de um
No primeiro caso, em que se trata do fillto desejodo, a sclrte da rnal-estar característico de nossa época. Como negar que, em princÊ
criança depende de saber se ela ó ou não desejada.3 Por mais que ela pit'r, o tilho desejado é preferível ao tilho não-desejado? Mas também
exista e esteja numa determinada etapa de descnvolvimentcl, seu ó assim em todas as relações humanas. Cada um cle n(rs sonha em sti
l direito de continuar a cxistir e a ser humana, quer dizer, de crescer e tratar com pessoas afáveis, simpáticas, encantadoras. Podemos ima-
tornar-sc, é-lhe conccdido por sua mãe, por seu pai, pelo outro. A ginar um mundo sem Negros (ou sem Brancos), sem Germânicos (ou
criança pode continuar a existir , desrle que seja recr-lnhecida como um scm Latinos) etc, conforme o caso. MAs, ao cabo dessa redução dtt
valor poro outro. Estc outro pode prcvalcccr-se de sua condição de outro ao mesmo, chegaríamos a umA relação especular conosco
adulto e dc sua posiEãro de Íbrça para lançar unilateralmente um mesmos. De fatcl, assim que surge no campo da minha consciência, c-l
veredicttt de rcconhecimento r-lu de não-reconhecimento, e aLémais: outro torna-se clbstáculo, interpelA-mc, força-me a tomar partido. De
de vida ou de morte. Logo, é por ref'erôncia a outro que a criança é maneira ainda mais protunda, nós vivemos um tempo em que, para
ou não aut«rrizacla a continuar a sor. O outro-quc-não-eu pode alguns, cr louco é o outro. Então, cada um define o seu sistema de
continuar a ser se eu o institur) como vaktr-para-mim. "rAcionAlidade" e, portantcl, de loucura. A era da "grande exclusão"
O princípio axiológico aqui invocado ultrapassa, assim, qual- caminha de par com a era dc-r "grande [êchamento".-5
quer consideração sobre a etapa do devir ou sobre a fase atual da sua
existência. E o outro em geral que é autorizado A ser, desde que eu
consinta em seu ser. Em caso negativr'1, se cu puder ou se me derem
os meit-rs, terei poder sobre ele. Pclr mais que ele exista ou, como
Humano-humanizado
dizem alguns fikisotos, que "esteja presente, em suA Íacticidade", se
eu não o constituo como valclr-para-mim. ele é Íorçosamente rejei- A segunda "justiticação", baseada na distinção entre ser huma-
tado à categc-rria antagônica e. em última instância, tenho direito de no e ser humanizadcl, é portadora dcl ranço de uma velha antrtlpolo-
eliminá-lo.
Fica-se, portanto, preso à alternativa amigo-inimigo, excluindo
(4) Cf. Cap. II.
(5) Ver a este respeito Michel FOLTCAIII,'I-, Histoire de la t'olie à l'âge classique,
Paris, Ci"allimard, 1976, e Sun'eill.er et punir: Naissance de h prison, Paris,
(2) cr. André I-EONAI{I). "l-'enfant à naitre est-il clé;à humain I I-e point devue (iallimard. t975; 't'homas S" SZASZ (ed.), L'âge de h folie. L'histoire de
du philosophe". in I-a l-ibre Belgiqrc- de 5 de janeiro de 1979.
L'hospitalisation psychiatriqtte int,olontaire à traver,ç un chok tle textes, Paris,
í:3) Cf. p. I tt3s.
Perspectives Crrtiques. 1978.

66
67
O AII()R'l'(): ASI'ti( "1'()S l'()l,l'l'l('()S M()l{Al- A l,A CAI<'l'ti

gia dualista. Aqui, o princípio dcl reconhecimento e da rcciprociduclc tlcsscs clois tipos dc atirmaçãcl desembocaria na justaposição de duas
é deixado em snrsis. proposiçõcs que atinal não têm sentido.í'
Sem dúvida, é difícil contestar o tato de que a relação com o
clutro e o reconhecimento que dele advém sejam decisivos na cons-
tituição da personalidade: o processo de humanização é contínuo. Prrcira nos olhos
Mas a "justificaçãc-r" aqui examinada apresenta a distinção huma-
no-humanizado de maneira tão radical e abrupta que insinua que, É notável que as premissas das quais procedem essas duas
em seu devir, a existência humana é marcada por uma divisão atitudes e essas duas argumentações são não apenas muito diferentes
essencial. como rigorosamente inconciliáveis.
Ora, essa passagem sub-reptícia de uma distinção em nível de Na primeira argumentação, relativa ao filho desejado, éo adulto
razáo a uma distinção real é pura e simplesmente indevida. Se um ser que se coloca como parâmetro de valor, como ponto de referência
cc-rncebido se humaniza, é porque, já de início,já é humano; porque único e exclusivo. Assim, a importância das consideraçoes sobre o
a ccrndição humana é vivida na duraçao; pctrque, já de início, ele é dcsenvolvimento físict-l t'lu psicológico da criança não-nascida é só
capaz de ter relações humanas. Isto merece uma breve explicação. sccundária, senãc-r negligenciável. A qualidade da existência da crian-
Antônio e Bernardo sãrt realmente seres distintos: a distinção entre ça não é questionada, mas a opclrtunidade de deixá-la prosseguir é
eles é real; ela é física e independente de minha mente. Mas posso cntregue à apreciação de um sujeito ou instância dif-ercntes da
considerar determinadas características de Bernardo: ele foi estudan- criança.
te e depois soldado; tornou-se agricultor, paide família, contribuinte; A segunda justificação, onde se explora a distinção humano-hu-
por uma intervenção de minha razã,o, distingo lógica ou concei- manizado, questiona a qualidade da existência da criança, motivo
tualmente -
dif-erentes traços característicos de Bernardo. A dis- pelo qual o adultcl sente-se autorizado a intervir. Baseia-se no desen-
tinção que -opero por intermédio de minha razrao tem, sem dúvida, vcllvimento "imperfeitcl", inacabado, dcl ser humano em devir.
um fundamento na realidade concreta de Bernardo; mas não existe, Aprimeirz justitlcação está na linha das conveniências do mais
em Bernardo, distinção física entre a criança, o agricultor, o contri- lbrte. Assim, a criança pclde eventualmente ser reconhecida, e cabe
buinte etc. ao adulto consentir em que a criança continue a ser. Ntl segando caso,
a criança é reduzida à condição de ser pré-pessoal, visto que é incapaz
É a esta última ordem lógica conceitual que pertence a
-
distinção entre o ser humano e o ser humanizado. - Tal distinção de reciprocidade e reconhecimento. Não é passível de ser verdadei-
ramente reconhecida antes de ter chegado à "humanízaçrao".
resulta da análise, pela razáo, de um processo único, integrado,
Em suma, estamos diante de duas argumentações: a primeira é
durártel. Mas a distinção física que se quer'fazer corresponder a essa
subjetiva; a segunda, objetiva. A primeira justificação concede ao
distinção lógica é desprovida de fundamentos biológicos e antropo-
adulto uma liberdade de decisão total e incondicional que a segunda
lógicr-rs. A humanizaçao é um processo único, integrado, contínuo,
contesta e limita, cc-lnsiderando-se a etapa atual do desenvolvimento
que dura do início ao fim da existência. De qualquer maneira, o alvo
da criança. Mas a segunda justificação não aceita que a criança em
do aborto é o embrião ou o feto no qual é lesado, hoje, o homem cujo
formação tenha um status que a primeira em princípio lhe reconhece.
devir nãcl é interrompidcl, mas cortado. Se os partidários da primeira justiticação atribuíssem ao adulto o
Em suma, essa argumentação repousa numa ambigüidade astu-
ciosa: o deslizamento da distinção à divisão. Na realidade concreta,
não há patamar nem limiar algum que marque a passagem de um ((r) Ver E. POUSSET, "Être humain déjà", inEtutles,n"" 333 (novembro de 1970),
pp. -502-51e.
modc-l de ser humano a um modo de ser humanizado. A disjunção

69
6fr
( ) AIt( )lt'l( ): ASl,l i( .'t'().S l,( )1 .í,1't(,( )S

papclclue lhe é imputado peros def-ensores da segunda,


nãg pgcrcriam
logicamente pensar na liberalização do aborto. úrr,r, partidáriss
clir
segunda justificação também não poderiam cogitar,
sá adotasscm il
concepçã. dos defênsores da primeira em relação à criança.
Quando se esperava que essas duas justificações se córroboras_
VII
sem mutuamente, elas, em última instância, mostram
[undamentar_se
em premissas incclerentes, inconciliáveis; estão uma de costas
clutra. Seu único pontcl de convergência é uma tese que
para a Como é usadaateología?
é preciso
demonstrar a toclg custo. As premissas são forjadas po., as
neces-
sidades da causa. Pouco importa se têm fundamento;
pouco importa
se se harmonizam, desde que atirem poeira nos olhos e
levem à Acabamos de ver como um determinado uso da moral natural
conclusão desejada.
ptldia confortar a causa dos partidários do aborto. Por mais surprecn-
clente que pareça, esse uso perverso da moral repercute e se prolonga
nos círculos teológicos.

Do lado dos vitoriosos

Esse tipo de fenômeno não é novo na história da teologia. Mais


de uma vez aconteceu «Ie teólogos moralistas ficarem do lado dos
vitoriosr-1s.1 Lisonjear os príncipes foi, outrora como nos últimos
tcmpos, a preocupação de mais de um deles. sem remontar à época
colonial, tica-se pasmo diante das bondades de dignitários eclesiásti-
cos para com o regime nazista.Z Pouccts cristãos estão informados
clesse lúgubre precedente. Como então tirar daí liçoes para os dias
de hoje ? Ignclrando a história, corremos o riscc-r de repetir seus erros.
os tempos mudaram um pouco, mas a tentação de degradar a

(l) A cegueira de que são capazes certos teólogos e/ou eclesiásticos (e certos
filósofos) aparece no estudo de Louis SALAMOI-INS, Le code Noir ou le
calv,aire de Canaan Paris, PUF, 1987, passirn e especialmente pp.3-5-41 e
92-105. tr indispensável completar a visão desse autor com o estudo cle Henri
WAI-LON, publicado em 1847 com o título de Histoire de I'esclavnge dans
I'Antiquité. Esse célebre livro foi reeditado em 1988 em Paris, Laffont. Wallon
estuditvit a escravidão na Antigüidade mas tinha em vistzt "a escravidão nas
colônias" francesas de seu tempo. ver a importante Introúrction, do próprio
wallon, pp. 7-84; .lean-christian Dumont, que reeditou o texto, foimuito f'eliz
ao âcrescentar-lhe uma lmportante bibliografia. pp. 1009-l0lát.
(2) (lonsultar Xavier de MoNTCLos. Les chretiens
face au nazisrne et au
stalinisme. I-'épreuvt: totalitaire. 1939-1945, Paris, Plon, 1983.

7t
rr
I
( ) Al)()lt'l'(): ASI'11( "l'()S l,()l-l'l'l('()S (:()M() I) t ISAI)A A'l'li()t-O(ilA'l

démurc:ha tecllcigica, transformando-a em ideologia legitimacklra, rriro sc tritta do salvar princípios pelo mero prazü de fazê-lcls valer-
continua igualmente seclutora: o próprio Cristo, no descrto, co- Os princípios não são um fim em si mesmos. Não são de forma alguma
nheceu essa tentação.3 "abstrAtt-1s", como alguns apregoam: implicam a vida de seres huma-
o fato da degradação ser fêita para proveitt-r de um príncipe, n()s.6 Assim sendo, haveria hipocrisia e má fé sc os cristãos em
dos burgueses da sclciedade bem-pensante, de cclnsumidores cle fato particular os moralistas mudassem os princípios que orientam sua
-
ou rlo desejo, ou mesmcl de alguma potência imperial, não muda nada -
conduta para acomodá-los um comportamento que se quer justificar.
a
na questão. Da mesma fbrma, assim como o Estado não pode mudar a
sem dúvida, é preciso felicitar o teólogo atento às perguntas definição do crime c-lu do delito a seu bel-prazer, a Igreja não podc
l
que a sociedade contemporânea se faz.4 Mas esta atenção não o mudar a definição de pecado ao sabor do magistério ttu dt-rs moralis-
I
autoriza nem a renunciar à sua démarche própria nem a deixar-se tas. Se ela tivesse a pretensão de erigir-se em árbitra soberana do bem
I vergar de modo pré-crítico. Como resultado de uma abdicação assim, c do mal, deixaria de ser testemunho e presença contínua do Deus
o p,vangelho, com toda sua intransigência, ficaria estéril. o que Salvador. Ficaria reduzida a umA realidtrde intramundana, puramen-
I
distingue o tetilogo moralista do mero moralista é precisamente o te histórica; sua moral se tornaria uma mc-lral positiva imposta por
n
entoque particular que o primeiro deve dar aos problemas morais de uma instância secular entre outras. A tunção da Igreja não é decidir
seu tempo. Cacla época e cada cultura insta o moralista a reativar o o que é ou não pecadcl; ela nãc-l é autora da criação nem/on,te última
de perdãcl e salvação. Se agisse assim, cairia no sacrilégio e no
l

Evangclho, quer dizer, a reapresentá-lo a quem quiser ouvir seu


I
I
dinamismo provocador, contcstador e profético. perjúrio; atrairia para si o justo desprezc-l dos homens se, usurpandcl
um poder que não tem, ela usasse suA autoridade para "desculpabi-
I
Mas essa reativação deve obedecer a certos critérios. Sob a
I
alegação de que ela não adapta sua moral ao comportamento realde lizat" mesmcl levemente o que alguns reclamam em altos
l
cleterminados cristãos, a Igreja é regularmente taxada de hipócrita e brados.T
- -
desumana.-s ora, a Igreja não tem poder de impedir os homens de A distinção entre legislativo e judiciário é, assim, sugestiva até
transgredirem as regras da moral naturalou a leidivina. Mas ela deve para a Igreja.s Recorda, effi primeiro lugar, o quant(l é necessárit-t
dizer que cles as Lransgridem, e cls homens têm c't direito cle saber que salvaguardar a distinção entre moral cristãr e sociologia, em particular
as transgridcm. Da mesma maneira, o que restaria da moral evangé- religiosa. Também deve instigar os cristãos a distinguirem cuidado-
lica sc fi-rsse induzida a partir da conduta dos cristãos? Na verdade, samente o papel do teólogo moralista, que desvenda as exigências do
apelo evangéliccl à conversão, e o do confessor ou conselheiro espi-
oÍ. Mt.
ritual, que particulariza essas exigências e leva o perdão.
(3) ,+, 1-l l.
(,4) unr dos estLrdos mais notáveis é o c. I{otsllRT, Os teólogos estariam cedendo a um clericalismo bastante insó-
"L'interruption de
cle
grc)ssesse", in supplérnent à Psychiun'ie et vie clrétienne, Rennes,
n." 12, s.d. lito se solicitassem a autoridade da Igreja no intuito de cauciclnar
(final de 1971?). Boa documenração pp.3l-35. ver também R. HECKEL, posições queesta mesma Igreja nãcl poderia apoiarsem comprometer
"Avortentent. I-'heure de vérité", in Cahiers de l'acrualité religieuse eÍ sociale,
n." (r 1 ( 1- l-5 de julho de 1973'). Jean-Louis BRUGUES toca diversas vezes no
problenra do ;rborto em seu livro sobre La.fécondation artificielle au crible de ((r) Por este motivo, no intuitcl clc miircar clarantcnte o respeitcl que tsm pela vida
l'éthiryte clrétienne, Ptrris, F'ayard, (Communio), 1989. Ver também humana em seu começo, a Igreja manteve a excomunhãçt laÍae sententiae pata
Jean-Maria HENNA[IX, Le droit à la v,ie. La déclaration des év,êques belges au os que causam um aborto, se o efeito ó alcançado. Of. o novt) Codigo de tlireito
n$et rle l'avorÍetnent (juin lqsg).l3ruxelas, Institut d'Études Théologiques, canônico, Cânon 1398.
1989" (7) Cf. L. CICCONE,, Non ucciclere. Questioni di morale tlel.la v'ita fisica, Milão,
(5) As principais tctntadets de posição recentes do magistério eclesiástico sáo Ares (Ragione & Fede), 1984.
evr.icad«'rs no final do livro" na Bibl.iogrnfia II,. (8) Cf .p.22s"

1Z 73
( ) Alt()l<'l'(): ASl,lr( "l'()S l,()t.t'l'l('( )S ('()M() Ir t,SAl)A A 'l'11()t.(XilA'l

suÍl idcnticladc. A me nsagcm cristã c t-l compromisso corrcspondcntc Essas trcusações merecem ser examinadas, ainda mais por nãtl
a cla nãtl são artigos de liquidação que se poclc protanar camuÍlanclg
scrcm dcstituídas de tundamentcl. De fato, muitos movimentos de
suas cxigências- A stlciedade que liberaliza o aborto tem scus idc(rkr-
inspiraçãcl abcrtamente cristã tustigam a liberaliztrçát-t do aborto em
gos. Tem também st: us l-eólogos, mais retr(rgrados clo que se imagina.,,
nome, sobretudo, de princípios religiosos. Seria difícil contestar-lhes
Numa épclca em que tant. se fara sobre o respeitd ac-ls pobres, é
o direito de proceder assim, mas com essa argumentação correm o
constrangeclclr o espetáculo oferecido por ccrtos teiilogos qr" i" deixam
riscr-l de sri ter eficácia "internA", própria ao mundo cristão, na medida
cooptar por ideologias cu19 quilate não avaliaram, qr" manipulam o
em que pressupõe, parA merecer créditcl, que a pessoa tenha aderido
Evangelho a seu serviçr-1. E o profetismo clc cabeça "paia baixo!
a determinadas verdades reveladas, qur: pertença à Igreja, respeite
seu magistério etc. Sem dúvida, a lgreja tem algo a dizer sobre o
Uma querela vá aborto, e diz.l2 Entretanto, não se pode esperar que o não-cristão dê
a tais declaraçõ-les o assentimentcl que deve vir dc-l cristão.
Em vez de pôr em dúvida a honestidade dos cristãos, ó preciscr
Niro obstante, a cleriva que cstigmatizumos está longe de ser desejar que tenham mairtr clareza quanto ao método usadcl para
generalizacla na Igreja. Para pe rcebê-kr bzrsta lembrerr qu", nã* cliscus-
abcrrdar a questão. De fato, a liberalizaçár-t do aborto não pode ser
sões sobre a liberalizaçÁt-t do aborto, nãur ó raro que os crisr.ãos,
considerada um problem a em primeiro lugar religir-lso. Cclmo vimos,
católic.s em particular, sejam acusados cle querer impor a toclos os
trata-se, antes de mais nada, de um prc-rblema filosótico, biológictl,
htlmens seus ptlntos clc vista sobre a qucstãro. À u"r.s insinua-se ató
político, jurídiccl, mclral.13 É tclrncl destes aspectos do problema
que os cristãos estão agindo dc má Íé c quc dissimulam suas verda- "m
que giram as discussões, Antes e indepen«lentemente de qualquer
deiras motivaçÕes na luta contra o ab.rtô.t0 Em última instância, a
Igreja apareceria como o único obstáculo dc pcso à liberalização cle referência religiosa. Neste sentido, tica patente quc, como aponta-
tal prática; uma vez mais, ela estaria senckr obscurantista.l r mos, as posições divergentes, a favor clu cctntra, não são paralelas à
divisão das pessr)as em não-cristãos c cristãcls. As posiçoes dos cris-
tãc-ls nesta matéria caracterizam-se por um certo pluralismo cujas
(9) Ver Alfrecl FIATISSI 'ItÍ\,T-he BcÍrayol oJ'the T'lrcoktgians (Íirlheto tracluziclo
raízes,como vimos, são pré-religiosas; não é diferente, evidentemen-
do alenlãtl ptlr I Iurman l-iÍ'e Intcrnational, 4lfi C Streci, N.Ii., Washington
I).C.
20002). te, o caso das posições dos não-cristãcls.la
( l0) cf. p. 177. Dito isto, é precisrl reconhecer aos cristãros cl direito de perceber
( Il) Seria difícil afirntar que certos autorcs cvitam arnalganrar ss clcÍ"ensores cla vicla nc-r abcrrto uma dimensãcl que o torna tamhém um problema religiosc-r.
(notadantente.cristâos) ao espíritct "conservaclor". "rsitcionário,,. ,,integrista,'.
"Ílntifeminista", "antiprogressista" etc. Ver. a tÍtukt cle llustração: W.
RAg.
"Konservativer Widerstancl und soziale Bewegung. Prcltllemverstândnis
und (12) Muito boa exposição a este respeittt de autoria de Mgr L. A. VAN
Welta uslegu n gvon Lcbcnsrechtsgru ppen ", in E7 u'o pri is c h e Il o c ltsc hu l.s c l vifte n, PIITEC}I'IEM, in rRespect potff l'enfant à naíÍre, s.1., s.d., (Ciand, 1973). Sobre it
Reihe xxII, soziologie I I I, Irrankfirrt-sobre-Main, [_ang, l9g-5; .I.-.1. RAy, posição da Igreja católica em matéria de procriação em geral, ver o estitdo da
"Attitude to abortion. Attitude to life and conservatisnt in Australia,,, in questão segundcl G. MATIION, artigo "Procréation", in Clatltolici:;rne, ltier,
'soc'iologt ond social Re,search, Los Angeles, t. 68. 19t34, pp. 23(t-246; (-,.H. ru{ow'tl'luti, demain, t. 2, Paris, l-etouzey & Ané, 1988, col. lll7- 1214. Sobre
DEITCII, "Ideology and opposition to abortion. Trends in public opinion, o aborto, cf. col. ll29-1137, esse estudo baseia-se numa bibliogratia
1972-19ti0", in Alternative Lifestyle. A Journal o.f changing'panerns)Nova principalmente de língua Íiancesa.
Irrrquc, r. (r, 1983, pp.(t-z(t; R. pol-l-ocK-pET'CHllvsKV, iiL'antiféminisme (13) Cf. Oaps. II, III, IX.
et la montée dc la Nouvelle f)roite aux États_t.lnis,,, in Notnelles qtrcstion.s (14) Cabe até perguntar-se se alguns não caem no cisma. de tão divergente que é
Jéministes, n." (t7 (1984), pp. -55-104; M. H. BIININ, ,,Determinant of opposition sua posição nestát matéria em relaçáo ao ensino constante da lgrela. Ver, por
to abortioll- An analysis of thc hard ancl sofl scÍrlcs",in Sociological peis'pectiv,as, exemplo, o dossiê de H. I-OT'S'IRA, Abortion. The Catholic Debate inAmerica,
l3everly Hills ((h"), r. 2[i, l9u-5, pp.l99-zl(t ver ranrbém p. l(r4, n."
13. Nova Iorque, lrvington Publishers. l9{J-5"

74 75
( ) AIX )R'l'( ): ASI'l :( "l'()S l'( )t.l'l'l('()S ('()M() ti t JSAI)A A ]'t1()t-O(ilA'l

()s cristiros I'azem muito bem em ressaltar a especificidadc dc scu Em sum1, lcvancltt em ctlnta eSSeS problemas de método, evitar-
em pé
cnloquc, baseadcl na antropologia cristã: o reconhecimento do outrtl sc-á a confusãtl dos problemas. De tato, não é possível colocar
se [undamenta, afinal de contas,, no fato de que ele e eu recebemtls de igualdade, nem suhmeter à mesma abordagem, problemas tãcl
clilercntes como 1-l aborto e a cclntracepEáo, sejam quais tilrem
as
gratuitamente a existência que partilhamos. Todos nós tomos criadtts
à imagem do Deus trinitário, e por esta razrao mesma somos capazes relações entre eles-17
de entrar em relação com Deus e com os homens; somos chamados Respeitando-se essas regras elementares de métodr-r, as discus-
à vida eterna.
l-5
sões sobie a liberalização do aborto não degenerarãcl
em conflittl
Ao proclamar essas verdades, os cristãos dão testemunho de sua entre a Igreja e . Estaão que alguns, sem dúvida alguma, desejam
reconhecer aos cristãos
fé no homem. Estariam sendo inct-lerentes, e talvez algo mais, se Se ardenteríeni".'t Também 'será possível -
membrc-ls do
refugiassem numa teoria da dupla verdade em tunção da qualseriam nem mais nem menos que aos judeus, franco-maçons ou
contra o aborto como cristãos, enquanto se declarariam dispostos a Partido o direito depronunciar-se sobre um problema com-plexo'
-
Sem usar a clcasião como pretexto para criticar-lhes
as intenções ou
admiti-lo enquanto homens com um compromisso pr:lítico. Pode-se
imaginar o clamr-lr que tal ambigüidade e acrobacia casuística susci- buscar uma querela vã.
tariam Se, "enquanto cristãos", se declarassem contra a exploraçãcl
do hclmem ou contra a tortura, mas "enquanto autoridades políticas"
estivessem dispostos a permiti-las! l6
Dito isto, três coisas devem ficar muito claras. Primeiro, que não
é in«lispensável, de forma alguma, concordar com a antropologia
cristã para se opor à liberalização do aborto. A seguir, que é perfei-
tamente legítimo, e a nosso ver até indispensável, contestar a libera-
lização dcl abc-lrto lançandcl mãcl dr-ls recursos das ciências humanas,
antes de apresentar argumentos de clrdem teológica. Por fim, que os
nrgumentos próprios acls cristãos, longe de proceder de uma atitude
arbitrária ou clbscurantista, cclntêm talvalor intrínseco que merecem
ser razoável e atentamente consideradcls pelos nãcl-cristãos.
Acrescentamos que, por sua vez, os cristãos também têm razão
ao fazer certas perguntas aos que não compartilham da visão "cristá"
das coisas. Por exemplo: Com que direits superior? poderiam
- -
eles impor Aos t-rutros uma concepção que, com base em sua cons-
ciência, cristãos e não-cristãos estimam ser nociva para todos? Pclr
que não se veria também nessa atitude uma imposição abusiva aos
outros de sua prripria opinião?

( 1-5) Analisamcls este problema em l)émouatie et libération chrétienne. Principes


pour l'action pol.itiqrc, Paris, Lethietleux (Le Sycomore), 1985; ver
i
especialmente pp. 14l-201.
( 1ó) Ver P. LADRIE,RE,, "Religion, morale et politique: le débat sur l'avortemeÍlt", (17) Cf. pP.8l, lO2,l2l e t33s-
lr in La l.ibéral.isation tle l'av'ortetnent, pp. 417 -454. (18) Cf. CaP. XI.
i,
I

77
76

il
r
i

VIII
Aborto e desinformaçao

A desinÍormação sempre fc-li utilizada cclmo arma estratégica.1


O papel que tem dcsempenhadcl manil'esta, de forma particular, a
cumplicidade entre a violência e a mentira. A história contemporâ-
nea proporciona um caso exemplar de desinÍbrmação. Trata-se de
uma dcterminada leitura da ConÍ'erência de Yalta (1945), segundo a
qual a divisãc-l do mundo em "zonas dc inÍluênciA" ctu "csl'eras de
interesses" teria sido decidida e corroborada naquela instância. Ora,
embora já tivesse sido esboçado pelo Pacto germano-soviético de
1939, esse "bibloquismo" só floi sistematizado em 1948, por Jdanov
em particular. A retroleitura "bibloquista" dos acontecimentos ante-
riores a 1948 era evidentemente interessante para a URSS. Permitia
que esta consagrasse um fato consumado: cl domínio da União Sovié-
tica sobre os países da Europa Oriental, graças a governos de coalizão
apoiados pekr Exército Vermelho...2

( t) A importância da iJesinÍbrnração na guerra iá fora observacla por Sun 'l'zé.


célebre estrategista chinôs, no século VI a.(1. Diversos estudos sobre a questãcr
foranr pr-rblicrclos recentemente; referem-se, em sua maioria, à URSS.
Oontudo, os mecanismos dcsvendados nesses estudos estão presentes em
outras situaçÕes cle desinformação sobre as quais autores e editores são menos
loquuzes, como o caso que analisitmos aqui. Ver Alexanclre DOITOZYNSKI
(ed.), La manipuktion des esprits... et com,nent s'en protéger, Paris, G. Le Prat, 1981;
I{. JACQIIAIID, I-a grcwe dtt mensonge. Ilistoire seuàte de ln dé:tinfonnoion,
Paris, Plon, 1986; Vladimir VOLKOFF, La désinfonnation, anne de gtrcre, Ptvis,
.Iulliarcl, l9ftó. Não esquecer o "clássi«l" de Serge I{)HAKFIOTINE. Le viol des
.foule.r par l.apropagonde politiq.rc, Paris, Gallimard, 1939.
(2) Cf. Daniel YERGIN, La paír saccagée. Les origines cle ln grcffe froide et la
div,ison tle l'[\trope, Paris, Balland-France Adel, 19t30; Jean I-ALOY, Yalta,
Irier, oujourd'hrti, demain, Paris. [-affont, 198ÍJ. l]m Le Monde de 1." de agosto
de 1989, p.-5, Michel TAl't-] publicou um dossiê sobre "Le pacte
gernrano-sovrétique et ses protocoles sccrets"-

79
() All()lt'l'(): ASl')li("l'()S l'()l.l'l'l('()S ABORI'O E DESINFORMAÇAO

Ó
A adulteraçáo das informaçoes
dc nataliclacle e/ou como complemento da contracepção. O Dr.
Lagmua Weill-Hallé explica a este respeito, a importância do con-
gresso realizado em Dacca de 28 de janeiro a 5 de fevereiro de 1969:
Em suas formas contemporâneas, a desinformação às vezes se
"PelA primeira vez num congresso da Fédération Internationale de la
baseia em dados "cientíticos", sem hesitar em adulterar alguns deles,
Parenté Pl.anifiée (IPPF), o aborto é oticialmente apresentado como
às vezes até fabricando-os inteiramente.
u.m meio contraceptivo l. . .l como um método de controle da natali-
O aborto, assim como todos os problemas relativos à transmis-
dode." E, adiante: "Foi o fracasso maciço da contracepção imposta
são da vida humana, dá margem a muita desinformação.3 Conforme
(sic) às populações não motivadas do Terceiro Mundo que fez com
as teses para as quais se busca aceitação, são inculcadas á opinião
que o abortc-r lbsse adotado (. . .) pelo Planning Familial Internotional
pública as "infbrmaçeres" mais aberrantes, e, às vezes, as mais contra-
como meio de emergência para entientar o excesso de população".7
ditórias'a A Dra. Patricia Sande,rs flez um trabalho pioneiro dedicando
Citamos mais adiante a retlexão enunciada pelo prot'essor Sou-
sua tese de doutorado em medicina a esse problema difícil por
toul a respeito da correlação entre abortcl e natalidade.s
delrnrçao.'
Outro exemplo. E perleitamente comum ouvir dizer que a
Vejamcls alguns exemplos. Alguns levam a ousadia ao ponto de
divulgação da contracepção hclrmonalé o melhor meio para prevenir
afirmar que o abortcl não tem qualquer incidôncia sobre a taxa de
o aborto. Outros, contudo, apresentam a legalização da contracepção
natalidade. Quando do debate de 26 de novembro de 1974 na As-
hormclnal como primeira etapa do caminho que leva ao aborto.9
sembléia Nacional, a Sra. Simclne Veil declarava: "As observações
Marx e Engels toram radicalmente contra o malthusianismo;
demográÍicas não permitem demonstrar a existôncia de uma cor-
não se pclde dizer o mesmo de todos os que, hoje, reivindicam sua
relação entre uma moditicaEão da legislação sobre cl aborto e a herança.10 Os comunistas chineses atirmaram alternaclamente c'lu
evolução das taxas de natalidade, e sclbretudo de f'ecundidade." que nãrcl havia superpopulação em relação aos recursos disponíveis
Entretanto, outros apresentam o aborto como um meio de limitação na China, t.lu o contrário.
O mesmo ocorre em escala mundial. Agrônomos célebres anun-
(3) À tista cle problemas sobre os quais reina desinformação sistemática, convém ciam que estamos rumando para a tome,ll acl passo que clutros
acrescentar os nrétodos naturais de regulação dos nascimentos. Sobre estes, ver, garantem que é possível alimentar tranqüilamente o dobro da pc'tpu-
por exemplo, Dr. C. COIRIER, Michôle DANNUS-LONGOUR et al., Donner
lação mundial atual.l2
lo v,ie!, Paris, Maison de t'E,mmanuel, 198ál; Dr. Gabrielle BONOMI,I metodi
nanral.i. Per un atnore e una procreazione responsabili, nitmero especial da
revista Coppia, n." 82-83-84, Pávia,1982, Centro Studi Pavese di Sessuologia.
Consultar também os célebres trabalhos do Dr. John J. BILLINGS, The
(6) cf. p. 134.
(1) Lagroua WEII-I--I{ALI-I1, L'atorletnent de papa,ver respectivamente pp. 21,
Ot,tilation Method, Melbourne, Advocate Press Pty, 1983, e da Dra. Evelyn 23 el3 (sublinhado no texto).
BILI-INC}S e Ann WESTMORI:, The Billings Method, Hawthorn Victoria (u) J..I{. SOt/I'OtrL, Conséquences d'une loi; cf. adiante, p. 133, n. ltt.
(Austrália), Anne O'Donovan, 1986. (9) E cr que explica, por exemplo, Pierre SIMON em De la vie ovont toute chose,
(4) Circulou na Bélgica um periódico estranho, destinado ao grande público e Paris, Mazarine. 1979, pp. 9(rss. Ver também L. WEILL-HALLE,,
intitulado D. Santé. Apropriada para os salÕes de beleza, a revista parece ser
L'av,ortetnent de pepo, pp. I 19-122.
patrocinada por firmas farmacêuticas. O n3 62, de junho de 1989, pp. 15-lB,
(10) Cf. as referências p. 103, n. 3.
inclui uma rubrica "Info" intitulada "Avortement et RU 486": é um belo (l l) Cf., grr exemplo, René DLIMON'I', Nons allons à la famine, Paris, Ed. du Seuil,
exemplo de desinformação"
196(t; e Lfuopie et ln mofi,Paris, Ed. clu Seuil, 1973; Mes combaff, Paris, Plon, 1989.
(s) Cf. Dra. Patricia SANDIIRS,lnformation medicale continue dugrand public en
Também é bom recordar William YOGf ,Lafaim út monrle , Paris, Hachette, 1950.
matiêre de reprodttction humaine, tese mimeografada defendida em 3 de
(12) Cf., por exemplo, Joseph KLATZMANN, Nounir dir,milüards d'hotrunes,Paris,
novembro de 19U-5 na Faculdade de Medicina de T'ours (França). Agradecemos
à l)ra. Sanders ii ajuda que nos prestou na preparação deste capítulo e na
P[IF, 1983; Ester IIOSERUP, Popilation and technolagt, Oxford, Blackwell,
1981.
revisão de nosso texto.

81
80
O AIJOR'I'O: ASPIJ(]'I'OS POLÍ'I'I(]oS
Alx ) l<'l'( ) t1 DH,S I N F-ORMAÇAO

I)a manipulaçáo à amálgama


O quc hír dc novo ó que, por terem a sensação de que se tornam cada
vcz mais trtrtes e influentes, tts partidários do aborto revelam cada
A rJesinlbrmação aparece sclbretudo quando se trata dos meios
vcz mais sua tática. Vários livrcls explicam como eles agiram, ou como
utilizados no intuitcl de chegar à liberalização do abc-rrto.
ó preciso agir, para capturar a opinião pública.lÓ Sabe-se hoje que
As observaçoes do Dr. Bernard Nathanst)n a respeito dos EUA
todos os argumentos e processos habituais tbram requisitados: men-
concordam com as dc René Bel sobre a França.I3 Nos EUA, recor-
tira, omissões, processo e Bobigny, pressões, manifestações, declara-
reu-se a uma prírtica habitual que consiste em aumentar as ciÍras
correspondentes acls abortos (pseudoclandestincts, bem comg dos ções etc.r1 O mais grave é que as próprias estatísticas oficiais foram
"ajeitadas: é o que nos diz um estudo de René Bel, baseado em
acidentes Íatais por eles ocasiclnados). Além disto, as cifras das
pesquisas aprofundadas. Esse matemático não teve dificuldade
sondagens tbram manipuladas. Falava-se de 600/o cle americanos il
alguma em mostrar que cl número alegadc-l de abortos clandestinos
favor dcl abclrto, no momento em quc 99,5o/o dos americanos eram, para utilizar um eufemismo.
era da ordem da mais alta fantasia
ao que tudc-l inclicava, contra!
Para obter a aprovaçíro da lei, Íbi -
preciso crer que na França eram
E interessante ver tetmbém como os particlários dcl aborto recor-
provocados 250.000, 360.000 ou até mesmo 1 milhão de abortos
reram à assimilação para clesacrcditar a hierarquia cat(rlica.la B. pclr ancl! René Bel demclnstrclu com toda tacilidade as manipula-
Nathanson tlbserva que "Íoi f'eita a amálgama entre os católicos
ções, às vezes grosseiras, que ajudaram a tazer com que tais misti-
contrários ao aborto e os conservadores Íàvoráveis à guerra do ficações tossem aceitas.ls Mas o argumento de autoridades sempre
Vielnã"; assim, tts primeiros podiam ser qualificados de reacionários. dá resultado, e o que dizem os gurus da demografia oficial é tido
Além disto, a imprensa talou muito de certos grupos católicos como líquido e certo.
"progressistas" Ieia-se favoráveis ao abortt't.A inÍenção era quebrar
-
por esso via a imagem de unidade do mundo c:atóli.co. Paralelamente,
fbram mantidas sob silêncio as tomadas de posição das outras reli-
gioes contra cl abttrttt. Por meio desses procedimentos, era criaclo um
Ohronologie des événemcnts et des prises de position", in La libéralisation de
condicit'lnamento pela assc-lciação entre clpclsição ao abrtrto c catoli- l'av,r»'tetnent, pp- 503-518. Ver também N. J. DAVIS, "Abortion and legal
cismo conservâdor. Para completar, pretendia-se que a Igreja católi- policy", in Contemporoty Crises, Amsterdã, t. 10, 1986, pp.873-897; este artigo
ca estava imiscuindo-se em política. que era precisrl respeitar a nos mostra o cncadeantento entre diversas etapas: criminação, descriminação,
liberalização, legalização, medicalização. Consultar também o livro de J.
separação entre Igreja e Estado. Não chegavam a acrescentar que a
LOVENDTTSKI e J. OLll'SIIOORN, citado nas pp. 16s., n. 4;ver também p.
demtlcracia impunha à Igreja que se calasse sobre todos os problemas 132, n. 13.
"delicados". ( l6) Ver, por exemplo, as c-lbras citadas na p. 40, n. 3, e na p. -57, n. 2.
Na França, durante os anos que precederam a votação cla lei ( l7) Sobre o processo de Bobigny, cf . ibid.
( l8) Ver Emóreptienne de I-AGRANGII, Marguerite-Marie de LAGRANGE et
veil ( 1975), a opinião pública e os parlamentares Íoram habilmente I{ené BEL, Un complot conlre la L'ov'ortetnenÍ, l'aris, SPL (em particular
v'ie.
"trabalhados" para que o projeto de lei introduzido em 6 de junho pp. a7 -6\.Ilssas priginas anerlisam cl relatririo do IN ED, solicitado em l9ó5 pelo
de 1963 pudesse "pnr Íim ser aprovado" 11 que de [ato aconteceu.
l-5 Ministro da Saúde, Raymond Marcellin. Nas palavras do ministro, tratava-se
- de satler qual poderia ser o "efeito sobre a natalidade da adoção de uma política
mais liberal em matéria de regulação dos nascimentos". Além das páginas às
i
( 13)
Clf. Bernard NAI-HANS( )N, "Abortus: «le lezing van een man clie weet waur quais remetemos aqui. René BEL preparou um estudo aprofundado sobre cl
t, hij irver spreekt", in Katlnlieke Stemmen, 14." Ílnr), n..'2 (fevereiro cle 196-5), mesmo clossiê cont o título de Lln rapport mal.fait! Recherc:hes critiques
concernont le rapport tle l'INED yr la régilation rles.naissanccs; este estudo é
I
pp. 7(r-8-5 (obras de René RIIL são citadas na p. ltr. n..,9, e na p. 83, n. lg).
I

( 14) o livro de s. D. MIIMFORD ó um mocrelo cto gônero: cÍ. p. 164. n" i3. mimeografaclo c pode ser obtido por intermédio das Editions SPL. Ver também
(l-5) Cf. A. M. DEVI{EI.IX e M. FERI{AND-PICAI{D. "1-a loi sur l'avortemenr. o artigo clcl demógrafo J. LEGRANI), "Avortement. Impossible dialogue", in
I-a ljrance cathol.iErc. Le temps de la ftii, 1." de dezembrcl de 1989, p. 35.

82
83
O At]oR'I'O: ASI'ECII"OS POLíTI( ]OS AtsORl'O E DES INITORMAÇAO

f)a ocultaçáo à censura tlctcrminarJas coisas sobre tem o direittl de ttrlar, não
as quais nãcl se
sc tom o direito de escrever: o aborttl é uma delas." De fato, há alguns
Ainda na França, o próprio centro Nacional da Pesquisa cien- ilnos, na FrançA, a maioria clas mensagens contra o abortcl era censu-
tífica forneceu .r. prova da desintbrmação em matória de contracep- rada pela mídia. Como exemplcl, pode-se citar os pr(lprios termos dct
çãcl e abttrttt.l" É o que se deduz da análise de seis jornais tranceses Dr. Esccrftier-Lambiotte.22 A jornalista de Le Monde qualificava os
publicados de 1965 a 1975. A sondagem revela, primeiro, que os médiccts de "conseruadores, ignorantes e dramáticos ao extremo"
principais "locutores" são, em ordem decrescente, os particlos políti- quanclo eles exprimiam sua preocupação em relaçãtl atl aborto'
cos (32,5o/o), os jornalistas (17,8o/o), os eclesiásticos (14,9a/o), os Srtb àngultl, A situação atual não melhorou; ao contrário'
movimentos especializadcls a tavor ou contra cl aborto (10,'tVo) e sô "r."
ató piorou. Todos os que externam sua preocupação a respeito do
em último lugar os méclicos (l\Vo). Or jornalistas consideram que, aborto e de suas conseqüências físicas e/ou psicológicas sãt-r etique-
nesse campo,tls principais atores sãcl, primeiro, o legislador, depois,
tadOS de "pasSadiStAS", "reAgionáfit-ts", Ou incluSive "integfiStas".23
a mulher e o casal, a seguir as autoridades morais e em último lugar
De resttt, o mesmo ocorre no que se refere às doenças sexualmente
os médiccts.
transmissíveis. Seja como Íilr, t-ls que manitestam eSSas preocupilções
Ctlmpreende-se assim por que os temas abordadc)s nos debates
tornam-se suspeitos ou são acusados de atentar ctlntra a liberdade
sclbre a c«rntracepção e o aborto durante a época "quente", de 1965
clos indivíduos. Neste caso, por que seria necessário prtlcurar a
a 1975, eram antes de mais nada de natureza polític a (32,5o/o), clepois
opinião dos médicos?
mrrral (26,87o), a seguir social (20,5o/a) e s(r então técnica e cientítica
Assim tambóm, é tbrçostl reconhecer que, a partir de 1975, a
(14,7o/o) e demográfica (2,4o/o).sempresegundo a mesma sondagem,
«lesinformaçíro estencleu-se a todas as grandes questões atuais rela-
cl aspectcl cientíÍlco, já pouco discutido quanclo se trata de contracep-
tivas aos aspectos tócnicos, éticos dcls problemas relativos à reprcldu-
ção, quasc não é mencionado quando sc trata de aborto. As "inter- especialistas nãtcl podem
rupções voluntárias cle graviclez" silo encaraclas sobretuclo do ponto ção humana. Além do caso do abclrto' os
ã"p."*rnr-se I ivrcmen tc, nem sequer quando cclnsideram neccssáritl'
cle vista políticr-r e social.
Assim sendcl, será que a trustração dos médicos, e mais em *.',6r" inseminaçãtl com doador tlu tecun daçao post morlem, transt'c-
particular dos especialistas em ginccologia e obstetrícia, é motivo de rência de ovt-r càngclaclo ou manipulações genéticas, fecundaçáo in
surpresa ? Elcs praticamente não ttrram consultados pela mídia. No vitrocru contracepçãur em geral. Essa censura dissimulada estende-se
entantt-r, é um problema sobre o qualsua competôncia é indiscutível; a outros assuntos preocupantes, como as intecçC-les genitais por
além disto, é a eles que cabe aplicar os novos tcxtos legais.2O Qual é doenças sexualmente transmissíveis, a prevenção dessas doenças, as
a margem cle libcrdacle dc consciência de que ainda clispÕem ? conseqüências inteccit-lsas dcl aborto provocado. Sãcl todos temas
uma sondagem l'eita em 1985 entre especialistas em reprodu- s6bre i',s quais os ginect-llogistas-obstetras e outrt'rs especialistas são
ção humana revela o mal-estar que reina entrc eles.2l Esses especia- igualmente pcluco solicita«los e escutados. Eis t'l comentáricl de um
listas clescjam externar suas idóias e rcivinclicam a libcrcladc dc dlles, registrado pela Dra. Patrícia Sanders: "Atualmente, se

expressãttl. Um deles resume bem o pcnsamcnto gcral dizenclo: "Hír explicáss*,-,t a um jornalista que a inseminação com doador é uma
cumplicidacle com o adultério, Que é problema dc'r casal e que tl
médico não deve imiscuir-se, A matéria seria por ele redigida em tom
(19) Cf. Conrrucaptionet evoilcment. Diron:; da dêbaÍs dans lo presse, Paris, Ecl. clu
CNRS, I979.
(20) Ver M. ITBRRANf), "I-es ntéclecins lace à l'avortement", in Sociologie tlu (22) Ver "I-'avortement. 197-5-l9tt-5: dix ans pour appliquer une loi", in Le Montle
t.30, Paris, l9tj8, pp. 367-380.
T.ray,ail.,
de 11 de fevereiro de 198-5.
i
(21) C:f . Dra. P. SAND|IRS,Infonnation médit:ale,pp.l88-193. (23) Cf. pp. ttls.; 164 n. 13.

!
t'
84 Ít5
I

li;
o AtloR'l'o: ASPt-j(:'l'Os p91-l'l'l(l()s AII()R'I'() u DESIN FORMAÇAO
rr
irônico, o que defbrmaria completamente o pensamento do métlico; a sc nos lembrarmos que os jornais sãtl empresa* q.u" visam tl
impotentes
inseminação com doador é, na ótica moderna, o presente máximo que lucro, será lácil enten«le, qu" muitos médicos se sintam
uma tàmílíafelizpor ter filhos pode dar a uma f amília que não os tem."24 l)aracorrigir o rumo das opinióes divulgadas pela mídia' A preocu-
dos lornais ó dar a inÍormaçáo que lhes parecer
ao mesmo
Alega-se a incompetência dos médicos. Tudo acontece como se i,rçã.
"E inútil perder tempo para saber o que tcmp6 a mals exata pclssível e a maii atraente para o público' A^ssim'
dissessem sobre eles: eles
informa.çóes cclnforme o
dizem; de qualquer maneira, não interessa." Esses médicos são víti- tls redatores-chefes tendem a selecionar as

interesse que potlem despertar junto ao púb.lico.


A expectativa do
mas de uma "nova censura". Como não os escutam quando eles falam
pressões são
sobre aborto, por que lhes dariam atenção quando denunciam as público somam-s" n* pr"*róes dt-l poder polítict-r' Essas
firmas' que
novas técnicas de reprodução / Um deles, e não o menos qualificado, totalmente tliretas, pilis a publicidade está nas mãos de
nacionalizadas, outras
constata o seguinte: "O que interessa aos laboratórios de citogenética cstão nas mãos do Estado; umos porque são

não é a f-ecundação in viÍ.ro nem a transf'erência de embrião, que não po.qu" precisam ou poderiam p"titnt !9
.anoio
do Estado' Há
jnrnài* que desaparecem porque os publicitários sabem que não lhes
lhes importa, e com raz'ao, e sim o material que representam os
ovócitos manipuláveis e os embriões que podem modelar à vontade. Lt-,nuém'apoiar este ou aquele título'z7
O jornalista llca aterrclrizado. mas cstá impedido de escrever, sob
pena de ser demitido. Pode, no máximo, fazer alusão à ética e à
grande potência da engenharia genética cujas perspectivas sãr-r imen-
sas: vira imediatamente de cabeça para baixo o que lhe dizem."25
Censurados e ritlicularizados por determinados jornalistas mili-
tantes, c-ls médiccls sentem-se impotentes diante desses novos costu-
mes que atropelam a lei, a mrlrale a ética. Neste sentido, a sondagem
que acompanhamos nos intorma que uma nítida maioria de médicos
de hospitais, universitários e outros, bem como os clíniccls particula-
res, não são membros de um comitê de ética. Um deles declara:
"Sempre me recusarei a fazer parte de um comitê de ética, pois como
os juristas hoje admitem que as leis devem acompanhar os costumes,
os membros dcls comitês de ética adaptam sua ética aos costumes.
Ora, a lei e a mc-rral estão acima dos homens por detinição; são ['eitas
para fixar os limites, sejam quais forem os costumes. Isto não impede
as pessoas de ultrapassá-los, mas devem saber que estão ultrapas-
sando. Acompanhar a opiniáo pública e os costumes só pode levar a
uma escalada contínua."26

(24) Cf . P. SANDERS,lnformation médicale, ibid.


(25) Professor Yves MALINAS, ginecologista e obstetra: "f)ans pression, il y a
presse", in La Pratíque médical.e qrctidienne (publicação da qual ele e
redator-chefe), de l7 de outubro de 198ó.
(26) Em P. SANDERS,lnformation médicale,p.2tb. Ver tambénr aqui pp. 32-234;
t75. (27) Yves MALINAS, "f)ans pression, i[ y a presse"

87
86
O retorno dos sofistas

As reflexóes expostas nos capítulos precedentes convergem


para uma única e mesma conclusão. Seja qual for a via pela qual a
abordamos medicina ou direito, biologia ou política, moral ou
teologia -a discussão sobre o aborto remete inevitavelmente a
problemas- filosóficos fundamentais.l É o qu. já sugeria o capítulo
precedente, dedicado àdesinformação. Cada um dessesenfoques nos
leva de volta ao centro de um debate sempre presente na história do
pensamento humano e que se apresenta como perpétuo desafio.

Justiça e legalidade

As tradiçóes platônica e aristotélica caracterizam-se desde o


início por um realismo radical que moldou toda a civilização ociden-
tal. Esta submissão à realidade é encontrada em todas as atividades
culturais e possibilitou a eclosão das ciências da natureza; ela é o
ponto de partida de nosso direito. Traduz-se em duas fbrmas espe-
ciais de respeito: a busca da justiça, a preocupação com a precisão.
Assim, para Platão, as idéias são as realidades por excelência.
Quer o homem as contemple clu náo, elas sdo. Platão não se limitava,
de modo algum, a denunciar a cupidez dos sofistas, as técnicas de
sucesso com as quais faziamcomércio, sua demagogia sórdida.z Con-

(l) Para aprofundar a abordagem filosófica dcl problema do aborto, consultar I.


GOBRY e H. SAGET, Un crime. L'av,orternerÍ, Paris, 1971. O Dr. Saget
examina sobretudo o problema sob o ângulo médico. Os caps. I e IV, que nos
interessam mais diretamente e são notáveis, são de autoria do Professor Gobry.
(2) Essas técnicas do sucesso foram modernizadas e hoje se apresentam com a
etiqueta de técnicas de pcrsuasão. Ver pp. 143 s., n. l.

Ít9
() AIX)l{'l'(): AS['l]( "1'()S l'()l,l'l'l('( )S
O ITIiI'OI{NO DOS SOT'IS1'AS

tI]
mais
tra clcs c scus exccssos, ele prclclama quc ncm tuclo ó rclutivo iul lr.clcria can.nizar a
[.rça; com Protágoras' o prazer'5 Séculc-ls
A' Smith'
htlmem. Ao contráricl, estc devc submeter-sc a realidadcs quc niur t irrdc, mas na mesma
linlra, Bentham cÃ,'nizará a utilidade;
a ciôncia e a técnica. Até me
inventa, não constitui, mas reconhccc e pode contcmplar: as idóias. tr lucrtl; W. James, a eficácia; Comte'
de um grupo' definir uma elite'
Encontramos a mesma atitude funclamental em Aristtiteles diantc scrá possívelrJecretar a superioridade
uma determinada
a
das tendências unilateralmente empiristas. A existência da naturcza privilegiar uma raça. atribuir um papelmessiânico eo
não é subordinada à percepção qu«: o homem tem dela. Não hír nação.í'Eu poderin' ,o, Nietzsthe' proclamar a morte de Deus
já áe início colocado além do bem
conhecimento que não passe por esszr submissão ao real percebido. nascimento de um super-homem
com Sartre, que Sou meu
S«icrates, é bem verdade, abrira caminho para ambos. Para ele, c dcl mal. Por fim. eu talvezdesct-lbrisse,
o homem não é nem o rellexo elêmerc de uma natureza sempre
mutável, nem a medida de todas as ct-lisas.3 A ironia aliás lhe revela a cngajamenttt,talvezdaaniquilaçãcl'Pois'medidadoser'ohomem
opacidade do mundo e a finitude daquele que se interroga. Co- também é meclida do nada' .. ^^r^
nhecer-se a si mesmo! Procurar o bem nãr'r nas coisas exteriores Esta antr.p.l.gia prometéica
naturalmente' uma coloraçãtl
clá,
- Primeiro' por seu
poder, dinheiro, ftirça mas em si mesmo! Ser sincero: procurar muit. particular às1elaç(rcs entre .s htlmens'
-
conhecer o hem e adequar seu próprio comportamento a ele.. Fazer raclical ,elattrztltl medo a característica
fatale dominante
pessimismo
prevalecer os direitos inalienáveis da pessoa proclamando, com An- narelaçã()c()motrutrtl.A'ssim,MaquiaveleHobbessãotlbcecados
tígona, que não há necessariamente harmonia perfeita entre as leis com a seguranç^. Sua .bra pc-llítica
é bascada n(') trinômio pes-
no pensament. dcsses dois
humanas e a moral, entre a legalidade e a justiça, e que as leis não simism., mcd., aut.ridade. Dtií a relação,
escritas aplicam-se tantt'r aos magistrados como aos cidadãos...4 a lõrça c a lei'7
autttres, entre a moral e o clireitc''
Será que é preciso acrescentar que a Bíblia e a tradição cristã, omeclt-l,porsuavez,geraotemtrraoexercíciodaliberdade,
mesmo consideradas como meros produtos culturais, vieram reforçar
induzoclesejtlrjeumgovernoautoritário.Emuittlmais:C(]m()Soua
consideravelmente csse reali,smo de princípio com as doutrinas da o termtl da relação amorosa' Eu
medida d() outro, cu mesmo institut'l
criação e da salvação'? segundcl minha conveniência' Ele
objetivt-l o ttutro: eu () construo
mim mesmo' Recons-
agora não passa da imagcm que eu firojet:§
dele, para encontrar
titu. t-r outr. à minha imagem para me apropriar
O homem, medida de todas as coisas?
e tl; Simonide; ibitletn' 338 c e 339
a:
(s) Ver I'I-AT ÃO,A Reptiblica,Í.332'a
t.l - +af
Ora, contorme se pense ou não que o homem é a medida de rrrrasinraq ue;Górgiís, +a: .c..!1ftf?:lP1?11:'::i',;tL'irroRINr;
em R- von .THERING'
(6) ffixlHã§;;ífi; integrar d. y. srrRNER, vimos
todas as coisas, chega-se A concepções muito dit'erentes da sociedade à expressão, pelo E,staclo, dcr egoÍsmcl
um-iurista para quem o Diieito reduz-se
e da civilizaEão. Se eu sou a medida de todas as coisas, isto pode coletivt.tdeumpovo.EsteautorpublicouDerKamp.fums.Rec/tt,Viena,lST2.
Prince"óaps' 17' 18 Capitolo "de
significar que erijo minha subjetividade em princípio e critério abso- (7) De MAQTIIAVEI,, ver notada'"n"7' 'l'exttls É'jrfl oeuv'res complàtes' E' Barincou
lutcl de todo valor. Com os sofistas Górgias, Cálicles e Trasímaco, eu l,Ambition" A Lttigi Gtricciordini. e 9l-95'
ta pléiade). 1952,-pp. 3319-343
(ed), paris, Gallimarà lnintiotneg:"i" FR.MM' Escape
27 'Yer também E'
De H.BBES, cf. iii'in'nnn, t' i:; lt'
(3) Sobre a célebre expressâo de Protágoras, ver, por exemplo, PLATÃO,Crátilo, fromFreedolrr',Novaltlrque,lg4l;traduçáofrancesacomotítulodeLapeur
"rl, 1963'
386 a, e Teeteto , 152 a; ARISTOTELES, Metafisica, A, I , 1053 a 35 e sobretudo ln liberté,Paris, Buchet-Chastel'
.,medo dentográ[ico" e a "poluiçáo humana" agora
K,6, 1062 b 12-15. c)s debates sobre o ãbnr,o, o
(4) Recorrlemos aqui SOFOCI-ES,Antígona, v. 446ss., Edipo Rei,v.863ss., e, é dispÕem de um enfoque historico
qu. in. é sugc^riclo pelo estudo de Jean
claro, Apolo§a de sócrntes, de PLATAO. É, avanÍ la lettre,a idéia de Estado DELI-IMEAII sobre La pet* O"ia'ie du flV au XWI1 siàcle' Une cité
que começa a nascer.
'n
assiégée, Paris, FaYard, 1978'
)

t
91
90
() l{li'l'()RNO t)os soFls'l'As il

O AIIOR'l'O: ASI'11( "l'OS POL-l'l'l('OS

a mim mesmo no tlm de um desvicr narcísico. Pt-lis o outro mc amcaçil; linunciad.s subrlrdinados a interesses particulares
a alteridade ameaça a minha itlentidade; cl outro me questiona.s
Ele me revela minha finitude humilhante. Ele é colclcado como oímpcttlatualafavtlrdalibcralizaçãtldoabortonoslevaa se
da soÍ'ística com toda ttlrça' De tato' como
limite ac-l demiurgo que eu quero ser. Então, por nãcl poder act-llhê-lo llrcsscntir um rctorno
rlccluz cle nossas análises precedentes,
é legítimo perguntar-se se a
pelo que ele ó, quero negá-lo, física ou mentalmente. Seja ele quem
linguagem dos chet'es dos partidários do
aborttl ainda está a serviçt-l
tor, ele sempre signitica para mim questionamento, perigo, ameaçâ,
a serviçt-l do interesse subjetivo' da
provocação, desafio. Assim, já que o outro é um fator de insegurança cla verdade tlu se nãto estará antes
a si mesmos as motivaçÓes
pesstral, eu preciso ou elimi.ná-lo, ou reduzi-lo ao que cu sou" cÍ'icácia 0u da torça" Porque dissimulam
fazem das tripas coração
Essa depravação essencial da relação amorosa esse sadismo, particularcs que.i instigam, ou até porque
para chamá-lo por seu nome -
encontra na liberalização integral dcr prrra 6cultar seu sUbjetiJismtl, cle si mesmos
e/t'ru rJcls t-rutrcls'lodos os

aborto uma de suas mais trias-e cínicas expressÕes.e A criança conce-


sãtl hipo-
enunciaclos pelcls partidários clo aborto
.jttízos rle reolitlode subordinodos a
téticosno sentid6 lato tla palavin, ,rri,
bida não é só uma novâ docnça; ela é também um novo inimigo: eis asserç(lcs sãt.
juízos sáçt relatil'os àqueles
onde desemboca essa iwoluçtio conservadora, essa regressão ao suas m()tivações subjctiva.s. Todcls csscs
e que, ao Cnunciir-ltls, esperam a atlesãtl clcls.utros'
instinto. que oS
Esse sadismo manif'esta-se no direito que se arrogam os det'en- "nunlir*
ü"rrr, démart:lte, apaga-se com um únictl mclvimcnLolonlrt
a natureza
daqueles
hipotótica dt-rs iufr.rí anunciad c)s, cotno o
subjetivismo a
sores do ahclrto de apropriar-se de um ser humano, ou melhor, de
Espcra-se que essc cluplo apagamen-
aniquilá-lo, na etapa mais tênue de sua existência. Estranha vontade lu"* ess.-s juízts síul relativcts, qualquer retlexátl.crítica'
de poder que se exerce sem correr o risco de ser contestada! "A to subtraia r-ls cnunciados à pcrtinência de
tirania não lisonjeia cl orgulho de maneira bastante mais viva que a e alimenta a ilusãg de um tliscurso
impessoaltotalmente tlbjetivo' Em
um.novo cientificismo que
beneficência? Aquele que se impõe, em suma, nãu-r é senhor de modcr suma, dessc cluplo apagamenttl prtlõedc I
muito mais seguro que aquele que partilha ?" A pergunta era feita
_qerA inevitavclmente *n itletlltigia ttltalitária'1
explicitamente no século XVIII, pelo Marquês de Sade.l0 morais dessa
vê-se imediatamcntc quais são as ctlnseqüências
cl6 sujeittl particular' o juíztl moral
concepçãrr-l cl6 conhecimento, Fora
Nãtl ptlde enrai-
nãO tem mais basc em quc possa funclamentar-se'
sujeit11, 63m na{a cluc seja dit'e-
zar-se em nacla quc seja extcritlr atl
o sujcito' t* l1ga quc se
rcntc cl. sujeito, em ni.tn quc transcentla
(8) Esses temas são abundantemente dcscnvolvidos por J. -P. SARTRE em L'êíre sumtl, se () juízo é hipotótico
imp.nha .. sujcit ç't. a lorlg sujeito. Em
néanÍ. Essai d'ontologie plúnotnénolo§qrc, Paris, Ciallimard, 1955. Cf., por
et le
ncr plano ,Ja ri,émorcltc cctgnitiun,
ó latal quc tambóm tl seja ncl plantl
exemplo, pp. 127-139,313-320, 431-503 ("A essência das relaçÕes entre
e provis(trios'
consciências não é o Mitsein, é o conflito". p. -502); pp.508-561 ("[...] Se a m,)rnlt ,;ó ltá iuízos mc'rai'i ltipotéticos
aniquilação é precrsamente o ser da liberdade, como recusar a autonomia às p.r sua fr(rpria virulôncia, csstr tratliçãtl so['ística ó a mais
paixÕes e concedê-la à vontade?". p. 519): pp. 7ll-722 ("A ontologia e a ctlntemptlrânct-ls' O tt-l-
perniciosa [t-lrnccedora dtls totalitarismos
psicanálise existencial [...] devem revelar ao agente moral que ele é o ser por um juÍzo hipotétictl'
nreio de quem os vnlores existem", p.722). Ver tambént L'a.ristentialismc est talitarismo comcça onde um sujeito enuncia
c()mg "sistemA de co-
un humanisrnc, Paris, 195,4. Cf. igualnrente, adiante, pp" 103 e 123. retlextt dc seus intcresser, npr"r"ntandtl-t)
(9) Cf. L. TIEIRNAERT'. "Irréductible violence", in A la recherche dlme théologie nhecimcnto" clo muncl., ,ln histílria-
ora, o que é ocultado é a
de la violence, Paris. Ed. du Cerf, 1968, pp. 53-70. Ver adiante, p. 1(r9s" "
Consultar, igualmente, Erich FROMM, La passion de détruire. Anatomie de la n' I
as técnicas clc persuasão; ver pp' 79'
destntctiv,ité luunaine, Paris, 1976. ( I 1) Doncle a lmportância que assuntirltm
(10) tustine ou les molheurs de la verfit (1791), Paris, tlnion Générale d'Édition e 143s., n' l.
(10/1{r), 1973, p. 170.

93
92

&
r O ABOR'fO: ASl'}ti( ]'l'()S l'Ot-l'l'l('()S
() l{lr'l'()ltN() I)OS SOF'lS'l'AS

não hiptltétictl da
resetva crítica severa que juízo mesmo chama em virtude dc suir
esse tloruvirrrtc nãut hír mais lugar para um fundamenttl
hipotótictl terá como
relatividade, intrínseca às subjetividades. É precisamentc aqui quc virll nu sgcictllde políticã. Essc funclamenttl Este
única cla vida política'
aparece o arbítio anunciatlor de totalitarismo. Este começa a edil'i- t:xprcssãt() concre ltr crtntt'oto sociol. base
t-»

de ret'erir vida
a
car-se a partir do momento em que ra norma do agir moral passa a bloqucia, cm scu princípitl mcsmo, ttlcla possibiliclaclc
subjetivo. Ttrdo é
basear-se apenas na adesão de todos ao juízo estritamente hipotético cm s.ciedadc a um funclamonto que não seja
encerra a vida
de um sujeito que dissimula sua própria particularidade. ttas;oci.rit,cl, porrltte trtrlo é convenç:oo"Lt-tgo' !::)ntrato
cujtl caráter hiptl-
A torma mais pert'eita dessa alienaçao do espíritcl e da vontade política na cstrittr imanência. A uertJade ptllítica'
lei, referida a cssa verdade
enctlntra sua maniÍ'estação nos abusos contra o imperativr-r categórico tóticg seçcgh.o. ó dctinida pclo cclntrato' A
uma
de Kant, esquematizaclcl no aclírgio: "Cumpre o teu dever." Cumprir rla c:,nt,ençã.,é o funclamento hipotético dcl.agir. Ela adquire
fortes ou d6s mais
o dever porquo é cl dever, como se o cclnteúdo do dcver não tivcssc .;untklafla c:ivil que ['az cla vt-lntade dos mais
pt'rrtico de todo totalitarismo presente, passado
importância... Ao invocar, em clefesa pr(rpria, t-r latt-r de ter cumpri«lcl numt3rosr,,s ,-, úni"o
a recuso do idékt
estritamcnte ordcns de scus superiorcs, os criminosos nazistas com- c futuro. Dc [ato, tl tclttrlittrrismo é essencialmente
de vi abi liclade à possibilidade
prometiam-se com essa l(rgica totalitírria da qual eram ao mesmo r l rt d c; tracluz-se na negação
a u n h, e rs o l id
cttistts singulares, inclividuais;
tempo vítimas e cúmpliccs. mcsma clc umu c.municlaclc: há nf,oint
its capttcidades de sua
os hcrmens sãut 0[)enos inclivít]utls que reduzcm
scus interesses e praze-
própria razÁct" i'nr". clcltr tl instrumcnttl de
A razáo mutilada rCS, 3 ctlntra tuclt-l O quc pOSSa'surgir comtl um obstácultl
muralhtr lria
quando tod a s
dcvido a al gu m a cli I erença,".,', nú."icl a- Et'etivamentc'
o termt-l nalurezu
O drama, nessit trs afirmaçítes sittl classilicadas como hipotéticAs,
tradiçãro sofística, ó que a própria razáo é tlutrtls termtls que
não pttde mais rcmetcr a nada, com0 tamptluctl
t-rs
mutiluda em suns capacidacles; pedem-lhe menos do que pc-lde dar. cxistcnte, ht-lmem' horiztlnte'
Embora ol'ereça ao homem a Í'aculdade de clescobrir relações neces- a cxprimem ou cletalham: t-lbjettl, ser.
sárias, notadamente de causalicladc, reluções de onalogia, prctporções, mistóritl, vttltlr ctc. ,. '
Se for relel-
eis que a razrao é reduzida à [aculdade de medir e comparar, Nãro A inciclência ética clessas pgsiç(res é considerírvel'
tacla a iclóia rlc naturcza ou qr,ilquõ'
tlutrtt itJéia quc corresptlnda a
estando mais aberta à leitura dct sentklo das coisas, cla é votada a 1;nflg se enraizarlt a
() (]m particulttr tt clc naturcza humana
tornar-se puramente insüurnantal e a inventar sentido ret-erindo-se cltr
- -,
h u m it ntls'l
u ni.t, e rs a lkl a'tl e clos rJ i rc i tt-rs
apcnas a si mesma.
Aliás, nesse exercícit'r, a razáo fará maravilhas. A eficácitr da Astl['ísticamtlclernil,C()mseuceticismotradicitlnal,coltrcou-Se'
cntãrr-r, na situaçãtg cle impossibitktucle
dc pensar afirmaçÕes quc
razáo explode nas descobertas da física moderna e em suas aplica- em virtude exatamente
cxigiriam ,-, as*entimenttl cle ttldos tls htlmens
ções. Mas, umA vez transposta às ciências humAnAS, a redução cla apenas de vontades
razrao à ltrculdade de relacionar medidas entre siserá desastrosa para rle uma r-lrdem 6hietit,tt quc nãtl ftlssc procluttl
a capaoidade de conhecer
o homem. Maquiavcl, por exemplo, encAra. antes de Hobbes, subjetiv.s. Ess, stitística trpaga ntl htlmem
Ela ct-lltlct-lu-se na
a vertlarJe c agir scguncltt ,i b"* rectlnheciclo'
c)
campo do político à maneira cle um campo fhico, onde tudo é relação
situaçãO clc impr-rssibilidadc dc pensar
qualquer relação; com a idéia
rf de lbrça e preocupação com a eficácia pura. Arazãct identitlcada ao a idéia mesma de
eu vai produzir (para si) verclade como produz (para si) bens mate- de universaliclaclc, expulstltt ck sou horizonte
rclaçãtl, e com() toda
riais. Amoralismo de princípio: como tomar o pocler, pela astúcia ou rcsponsabilidaclc. ora, como nãtl hír mais
Subsiste apenas
irfirmação é hipgtótica, noo ltú muis tr1ns{!"essdo'
l; pela Íilrça, e, uma vez o poder conquistado, como conservá-lo ?
Althusius, Hobbes e outros depois deles explicitarão as conse- umamoralnaprimeirapesstladtlsingular,egocêntica..oúnico
l, e estA seria heteronômica
qüências dessa fhica social. dessa política da eficácia pura, pois tundamentt-l dtr mclral é a minha vontacle,

95
94

H
O AIIOR't'(): ASpll("l.OS l,()t_i'l,l( .()S
() ltl:'l'ORNO DOS SOFISTAS

se se ret'erisse a algtl Íora de si mesma.


Como não tenh o nodtt a O único critério que governa meu comportamentcl é o clos
esperar de outrtl e como deve ser excluída
a possibiliclade 6e uma
relação com o lranscendente, é a m.rte, e s(r valores quo eu instituo e com os quais me comprometo sempre
"sentid«:" a minha vida, mas esse .,senticlo,,
a mortc, que crá um
«mdiciorutlmente, sempre hipoteticamente, quer dizer, numa - "[ideli-
é absutdo. Em suma,
assistimos à voltir do niiristno com t,da torça. tlade" sempre em sarsis. Logo, se instituo em valor para mim a
Atualmente, essa
c.ncepçã. atroliada de razT,tr-t exprime-se com vig.r satisfação de meu instinto, o dinheiro, a força, a técnica, o conforto,
na tradição
stltística' É ela qrrc está subjacente a todas as tentativas
de
.Justifica- o consumo, a militarizaçáo ou qualquer coisa que me aprouver
ção" do ab.rto. E nã. hárazão arguma para que um uso tão irracionar valorizar neste momento, eu poderei, sem ter de prestar contas a
da razão humana não pr.crurn ,rútr.r. iirto"p.rJres,
cujos nomes ninguém, equiparar seres humanos a coisas. 16 A crianÇâ, o velho, o
além de ab.rto são cutanásiar2 e gen.rrjio.,.,Á rá;i.r'r,rtirri.o - dt-lente, o estrangeiro, o "meteco" ou simplesmente o outro: seu
-
está vottrtla a desembocar no obsurcrõ: é "razoáver,, ser desmedicr', reconhecimentcl é hipotético; seu valor está em suspenso. Pois nada
pr'lis o real, er natureza, o clbjeto, o outro etc., me obriga, demiurgo que sou, a reconhecer o outro pelo que ele é,
não contam para valer.
nem a consentir em sua existência. Portanto, se usutiuir das coisas
me satisfaz mais que conviver com os homens, eu pclderei dominar
O valrlr em suspenso ou mesmo eliminar os homens para possuir as coisas. O homem? Uma
mercadoria entre outras. Como o valor é essencialmente função de
uma decisão do sujeito, a esfera do não-eu é indiferenciada até que
. O antrtlpt'rcentrismo clcls soÍistas e de sua numerosa descendên-
cia ctlmporta risct)s que nãt-l sc dcve per«ler cle
visttr. Tll antropocen- ea. constitua o que é valor para mim. Num mundo assim não há mais
trism. [.rna-se tã..invasor que desàcredita nã. apenas amor: só há apropriação, dominação, aniquilaçáo.17
toda morar
Íilosóllctr como qualquer clisiiplina intelectual e científica. Salta aos olhos que tal antropologia, onde o orgulho e a feroci-
cont'ere
primazia absoluta à cxperiôncia .subjetiva e singular; dade disputam o primeiro lugar, determina uma concepção igual-
desacred ita arazat-t
c esvazia a histtiria dc su. duraçã.. Desemboãr, mente impiedosa da medicina, da economia, da política, da moral e
nrrnn teoria da lingua_
gcm em que, convencitlnalmente, o bem e o da teologia.
malsão cletinidos conflorme
as conveniências dominantes.l4 Mais perto Tal antropologia tornece a cada uma dessas diversas disciplinas
de nós, essa tcncrência tem
um. de suas mais altas exprcsstles no'.círculo cle viena,,.l5
SCHLICK,Fragen der Ethik,Viena, 1930 (tradução inglesa de S. Rynln com o
(12) Cl. pp. t 13 c lát8s. título de Problems of Ethics, Nova Iorque, 1939); W. KOHLER,The Place of
( 13) (rf. Cap" XIV Value inthe Worklof Facts,Nova Iorque, 1938;C.L. STEVENSON,Ethics and
(la) Aqui aparece tl vínculo cstreito entre o senticlo clo outro,
o l.angmge, New Haven, 1944; C.I. LEWIS, An Analysis of Knowledge and
cla história e a
linguagem. sot'rre o trxxrer cre crcstrurigo cra paravra, vcr Vahmtion, La Salle, 1946. Consultar também A. HÀGERSTROM, InEtiries
r)I_Aíío,àirg,*,466 tt
- 467 b' Partt um estudo aprofunclac1o clirs problemas
que aborclamos aqui, in the Nafire of Law and Moral (trad. inglesa de C.D. BROAD), Estocolmo,
consultar .r- LAltGIjAtrLT. rinquêta ,i,u. re notnina1isme, I_ouvain, 1953, e V. GIORGIANNI, Neopositiv,ismo e scienza del Diritto, Roma, 1956.
Nauwclaerts, 1971:ver tambóm cl estudo cle A.s. O livro La philosophie tlu XX" siàcle. Essai et textes, de Jean LACOSTE, Paris,
McGI{ADE,T-irc politicat
l-hrtught of william of ( )ckhom. Per.çonol nrul Instintional. principl.es,l-ondres, Hatier, 1988, constitui uma boa introdução a essa problemática.
c)amtrridge llniversity Press. 1974. sobre a utilizaçâo
cla' palavril nas
( l6) Desenvolvemos esse tema em La dérive totalitaire du libéralisrne, especialmente
dcmocracias popurares contemporâneas, ver crzesraw no cap" X.
MILOS r., Lo pensée
_ c:olttiv'c. Ii';sai sw'las logoc:raties poptilaires, paris, (iailimard,
1g53.
( l7) Para o estudo das conseqüências polítrcas dessas posiçÕes próximas do sadismo,
( l5) Aqui há vasto.terreno 1ru.n p"rq,risas instiganr.r. noruoanrente
em matéria de
sempre será útil report.ar-se a duas obras antígas e discutidas: E.F.M. DURBIN
filosofia mora^l e [iltlsttfia política. Recorãemos prrnreiro
um pioneiro: G.E.
e J. BOWLEY, Personal Aggyessiveness and War, Londres, 1933; T.R.
Mool{t1. princ'ípia Ethi<:n. oambriclge, 1903. A segurr, convém GLOVER, War, Sadism and Pacifisrn, Londres, 1933. Completar com A.
citar M.
STRACHEY,The Unconscious Motives of War, Londres, 1957.

97
() Alt()lt'l'( ): ASI'lr( "1'()S l'()l,l'l'l('()S t I ltlr'l'()l{NO l-)OS SOtrlS'I'AS

é primeirtt, é.ela quc


os princípios subjirccntcs sobrc os clutris sc htrscialx, sir() princí1lios ,,\ r:xigônci1 {c rcciprocidadc cltrc tls htlmcns
cltl mesmtl cspíritt) qut:
(luc qucrcm quc o dircito scja idcntil'icadrl t\ Íirrça; o bcm, ao prazcrl ,tri ir 1iráxis scntitltl c intcnçiro. É aincla dentrtl
à ctlncliçãrtl tlc
t) hom, att útil. Cada umu clcssas disciplinas ú passívclclc tornar'-sc um Krutt rccomcntla clttc 1nmuili tl htlmcm scja rcbaixadtl
i.nstn.ttnanÍo mais ()u mcnos ccgo suhmctido a uma vontadc dc podcr,
l)iu'() nrcitl.l') c da cultura
it um iclcal hcdonisl.a ()u ()portunista. O móclict), t:m particular. scn- Dc mlnciru gcral, o que cspcram(ls tltts instituiçoes
a stllidtrriedadc
tc-sc itutorizado, ou ató convidaclo. a climinar o imprlrtuno. A ativi- t: t;uc cltts itprtrri"*"* tls htlntcns, qur: Í'avtlreçttm
(.ntrc cles. Nãttl ctlnccbcmtls a [cliciclail" t"* alguma harmtlnitr
daclc cconômictr ohcdccc a impiecklsas lcis du sclvir: a tlu stlcial'
()u alimcnte tensÕes;
ctlncrlrrônciir, ir cltl lucro. Sob o prctcxto clc zclar pclos intcrcsscs clu Itcpuuna-nos quulqucr [ilrmalismo quc cric
si mcsma c comprgmeta
nirção, o polítictt I'irz prcvalcccr os intercsscs ckls partidos, c os scus t.(:cusam(ts t.di merli.çãrt) quc sc l'cchc cm
prtiprios" Pura trplacar a consciônciu dc toclo mundo, o mrlralistir rl cncontrtl dtls htlmens.
da civilizaçãt-l
proptlc rtrcionalizaçt1cs muis ou mcnos convinccntcs quc tctilogos Ptxleríamps clizcr quc um cltls principais traçgs
obsccluiosos avtrlizilm com canclura... renovaclo para l'a'zer
trciclcntal rcsidc no cstilrço Constantcmentc
stlhrc it
prcvalcccr um idcal clc rcct',nhccimcnttl c dc rcciprtwicltrdc
Há aí um tilitttisrttrt
ctcrna tcnttrçtul tla dtlminttcãtl c tla trniquiltrçãtl'
Alienaçáo e liberdacle t,is-ri-t'i.t' tl tlutr() como cm rclttçritl atl
muntltl
tlc ltrincípig tanto
rnrtural: há irí unlu rccusu de vcr í/ priori ntl
outrtl umtl ilmcttçtl contra
Jri ol'rsctvam()s corn() crir clil'crcntc a birsc clc nossirs i.nsti.tLriçõc,s rnim'
iuríclictrs. O rculi,\'r??(/ cluc as ctrractcrizu ó tirnl.o rr tramrr de nosstrs t - i--r ir,,i,.Ã.'c ,, lr-rrl ils nossits atlvlidtrclcs
Por fim, tttclas ils nossils instituiçílcs c tt-ldtts
instituiçíres políticirs c()tn() ir tlc nossirs csIruturas cc()nômicus c so- e dessit
culturuis tcndcm ao I'avorccimcnLtl dcssc rectlnhccimento closc
citris. Scm clc. udcus igualdaclc .itrrírlir:n c prilítit'ttt As tcns(rcs c cm ttlclits elas uma
recipr0cidtrrlc. como ncgllr quc scmprc hír
conllitos, mcsmo «ls mrris irgudos, dc que nossirs rlrgunizaçírcs políti- que as pessoas c os
m.is ou mcn.s consiclcrávcl dc ambigüidaclc'l
cits são pulco sullílcm rl rcconhccimento próvirl c inctlnclicitlnal do cm si mcsmtls'J quc hár
grup()s scmprc scjam tcntucltls tr sc lcchilrcm
oulro c()nl() tlif'cranta" Eis p()r quc, no clchatc quc nos ocupa. tls dcscjtls c as situaçtics'
dcl'asagcns mais ()u mcn()s tlc(j ntutrtlas cntrc
ó
impcrioso clcixtrr clc laclo o clcil.oralismo stirdido c míopc. O quc cstá c suir cxccuçittl'l ctlmo ncgtlr a histtiriil
cm scu llcrpótutl
os prgjctos
em.iogo ó, ncm mais ncm mcnos, () con.iunto clc princípios nos qutris
rlcvir',)
sc busciam n()ssos regimcs clcmocriiticos. bcm como os idcais quc tôm algtl dc
Isto signil'ic1 quc ils col'lquistas nrtlrtris dtl Ocidcnts
busurm o lx)r caminhos dilcrcntcs.
culturll c. por ctlnscquintc, tlc prat'ririo. Dc Lanttl
clcnunciitr uma
Niro ó clit'crcnte na vicltr ctrmôntir:a. Tirmbónt ncsLe [crrcno, o scnsívcis
iclcal tluc guitt tocltrs as rclilrmas ó brrscaclo nu rcciprtlcidtrtlc tlos dctcrminaclir inj ustiçtr. as pcssoa; ttlrnam-sc lilrçtlstlmcnt1;
dcsllcrccbidls ptlr muittl l"cmptl' Mtrs
ir outrils injustiç1s quc ptlsstlram
sctviços c nit igual participaçiro nos bcns clisponívcis. Os bcns matc- qar^nticltl ptlrtl scmprcl
riitis slul. cm princípio. patrimônio c()mum tlu humaniclaclc. O homcm ncnhum pr,rgr.r*,ió .t"l'initiv. ntl scntid. tlc
hist(lria tambóm mtlstra' Mtls-
os tritns['igura com sclr trabirlho c poclc. assim. scr rcconhccido pclo niur hát ctlnquistits irrcvcrsívcis' Isto a

outrul.l8 Quunclo csscs hcns sc tornam instrumcntos clc podcr, lal


ll ttlocurs' II'" scqão' unrit
situirçt-ro ó pcrccbida como imrlral c contráriir a clestinaçiro clas coisas. (lg) Vcr KAN'l'. l;çntlen'rertt,s rla lrt Métttplrt'sirlue-..<las.
tcx(o' clc Victor l)cthtx' liri prrlrticaclt:f llll:i]lil:i:.-l,]:]::S"'"t'
I

traclutçíro clcstc
pp' t17- l5 I : "( ) intpcrtttivrl práticti
[,aris. 195(). Ncssit ccltçi-ttl. r'e r csçlcciltlnrcntc
Àgtt tit:.trtl itrido qtt(: '\ct,1!Dt'( tola'\ t
lttttttrtnidoda' lantrt cttt
( ll'i) A cstc rcspe ito, 1'lotlc-sc consr.rltar a larrrt'rsa tlialética ckl rncstrc c clo cscravo clc scrii, p.,rtan,,,.
"a,", t.na'\n1() l.am-.P()' ('()ttlO tutt l'ittt' a iotnois
I Ilcgcl. t:u.itt vcrsãt) ntals cclchrc cnconlrir-sc na I'lrcnotncnologtt: tle l'l;spru,ll. lIt(t pe,\.\()(t,',r,rn''' rut tle'tlttaltltt':r'rt"i"i' ',."
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lV. À. l'urts. N4onlirrgrtc-z\r-rhrcr. i()j(J: r,cr l. l, pp. l(rl-l(r«r. {tPcn(t.\ ('ott1o tÜtt rttt:itt't (pp' i'5(lss-'
grt[ttcitl rttl tlriginttl)'
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I
O ABOR]'O: ASPECTOS POLÍTICOS

r;
lr
tra igualmente, sem precisar remontar a
tionado um direito dêscoberto com muita
Hitler, que ali onde é ques-
dificuldade e reconhecido
depois de grandes esforços, o processo
de regressão e de derrocada
li já começou. será rr.p."éndente a prática
do ãrbítrio, da ."f."rrao
da tortura em poÍ:": ondg pouco foi
feito p;r; a promoção de todos"
os homens, sem distinçãcl? É, inversamente,
será surpreendente que,
onde o arbítrio triunfa, haja muito pouco
emp"nho em promover Uma penrersão
todos os homens?
Liberalizar integralmente o aborto ? ou bem
amedida de todas
do socialismo e do liberalismo
as coisas está em mim, em meu grupo
de pressão, em meu partido,
no Estado- ou bem acorho o óutio pero que
ere é e deixo_me
interpelar pelo que sua existência significo
puio mim. cabe a mim, ao
grupo' ao partido, Ao Estado r"spóitá-ro Em quase todo o mundo, políticos vinculados tanto à tradição
em sua existência e seus
direitos. Não há terceira via. É uma arternativa, liberal como à tradição socialista defendem projetos ou propostas de
um juízo disjuntivo.
Se prevalecesse a primeira eventualidade, lei que visam a liberalizar o aborto. Contudo, o debate sobre o tema
isto significaria que
o ocidente consente na perda de sua identidade evidencia diferenças de sensibilidade política entre essas duas gran-
e concorda com cr
naufrágio de sua autenticidade. E comcl des famílias políticas tradicionais. De resto, essas diferenças de sen-
duvidar que arguns desejam
que seja assim? Apenas a segunda possibilidade sibilidade repercutem nos meios políticos cristãos.
corresponde ao reto
desenrolar de nossa história] Assim, em benefício daclareza do debate,é interessante anali-
sar a diferença entre os contextos doutrinários nos quais surge a
vontade de liberalízar o aborto. De fato, o contexto varia muitíssimo
conforme seja herdeiro da tradição socialista ou da tradição liberal.
Aqui enfocam os um aspecto fundamental desse contexto-

O socialismo e a subordinaçáo à espécie

(Jma tradiçáo socialista que deve muito à influência de um


-
dos mestres de Marx, o materialista Feuerbach (1804-1872)
-pode-
ria estar hoje em vias de reativaçáo. Essa tradiEão tende a fazet
prevalecer uma moral da humanidade genérica,, QUer dizer, da espé-
cie. O indivíduo humano é considerado aqui como um membro, no
sentido próprio do termo, de um organismo social. Assim sendo, cabe
à sociedade fazer uma triagem e discernir se tal ou qual membro é
útil ou nocivo ao corpo social. À uer"s até é atribuído novo sentido
à expressão "segurança social". que passa a significaÍ a necessidade
de que a segurança da sociedade prevaleça sobre a dos indivíduos-
Os médicos poderáo intervir para praticar uma medicina
do corpo social,seja a pedido da sociedade, seja oferecendo-lhe

100
l0l
AIIOIt'fO: ASI'l "l'( )S l'( )l,l'l'l('( )S llMAl'llltVlilts^()l)OSOCIAt'lSMOIrl)Ol-lBIr'RAL'ISM()
flr 1(

seus serviços, scja ainda sendo diretamente associados ao cxcrcício () liberalismo e o triunfo do indivídutl
do poder. Esta maneira de ver é bem explicada por Pierrc Simon.l UmatrarJiçãroliberal-quedevemuittlàint]uênciadeAdam
tcndc a [azcr prcvtrlccer umil
A histriria contcmporânea mostra que cssc vcio da traclição Srrrirh c tle B"nÀ.* (sécul. XVm) -
socialista leva direto a uma deriva totalitária que se chama nucionnl- rrroritlrJt'tindh'ídlto,desuautilidade'dcscusintcrcsscs'Oindivíclutl
socfulisnto.2 humancl é totalmcnte senhor de
sua cxistônciii: não dopcndc dc
Com a cooperação ativa de médico.s. o nacional-socialismcr lrirlguém,nãtlóresponsávelporninguómccletcrminasttzinhooque
conduta em normtl
dcdiccru-sc entronizar <> Uhennensch e a eliminar os "inúteis". Tuckl
a
"parA o bem cla sociedade": questão de saneamento.
t:. bcm ., o quc ó ti mul. Transflorma sua prtipria
rttrlrttl. sua mor?rl ó scnhtlritrl'
Essa deriva ó uma pen,arsão pura e simples do espíritcl do aincla tili rcativitdtl em nossos
Esse clima de libcralismtl absoluttl
sociolismo originol. Este, de fatcl, qucria precisamente reagir con-
tliasptlrcertastcscsclcsartrc:..Minhttliherclaclclliá]]:.1:::lu*n
tl tcciclo de
tra os despotismos. Em su?ls exprcssÕcs e manil'estaçÕcs mais naturcztt; cla ó muittl exatamcntc
notáveis, essc socialismo cledicclu-se à detesa tkls mais l'racos os llrtlpriccl.«lc clc minha
proletírrios contra os extremos clos mais tbrtes. Sem dúvida, - mcuscr[...1.Nãtlseriaptlssívelcnctlntrartlutrtllimitcaminha
- lihcrclaclc alóm dcla mcsma"'4"' cxaçer-
cabe perguntar-se sobrc clctcrminuclos métoclos que às vezes Íirram libcralismtl ttrmbém estít nas vorsílcs
Essu hipcrtrtllitt clo
a uma
empregadr-ls ou recomcndackrs. No entanto, nãro sc pclde cluvidzrr Ela leva cm linha rcttl
lrirclirs tl<tna6li.lterulismrtctlntcmporânco'
da vr"lntacle p«tl'unda de permanecer fiel ao objetivo constantc- Astlcicdade ttnttrquista
dcriva tOtalitírriil quc se chama' a no rquismo'
mentc buscado. ctlntcstacl. trtó cm Suil
ó cm (luc it .uttlriclitclc g.vcinante.ó
À lu, dcssa pervcrsão da traclição socialista origintrl, a Iiberali- ^qucl^ ftrla c ninguóm escúili ttldtl
cxistônciu. Ncssu stlcicdacl., t,r,[ ffiuncltl
cstír dispos'ttl a tlbcclccer' Babcl-
zaçát-'t do abclrto aparece como um dcls piclres avatares da luta de
classes, clncle os mais [brtes c mais saudáveis atacam sem piedadc t'ts mund0 quer comancltrr c ninguém
Aqui iír nao sc trrtta miris clc
mais lracos.3 c consagraqa0 da vitt'lriit cltl mais ltlrtc.
ds livrc c«tnctlrrência' stllvôncia'
luta dc classcs, mas clc clcixrtr c()rrcr.
mcrcat1o. Dc um mcrcitcltl tlnclc
a cxistência humttntt acabc sencltl
cntrc tls inclivícluos sãcl
aquiltaradu inrutr0s bens. Ttxlas as rclaçítes e
(l) Of . l'}ierre SIMON, I)e lo vic o\,ont tr»tte chct:;e, l9l9.ltenretemos itqui, it tÍtulo que se rcfletc (]m contratos -
dc ilustraçãcl, a nlgunras passárgens signiÍicittivas desse livro. Sobre a vida con'lo
rcgulaclas tul strbOr dtr utiliclatle -
quais tt mtlccla ó tl signtl's
"nratcriÍrl a ser gericlo": 1'tp. 1(r, ái4ss., 2l(), 232; st:hrc il transcendência cltt seguncl. c.rrclaçílcs clc tilrça, clas
sociedacle: pp.ft7, 233,210;sobrc a sociecladc conro rtrganisntttvivo: p. 84;sttbre

of. .lcitn-l'aul SAI{'l'l{l';', I.'Ôtrc ct le néant'


a nrcdicina do corpo social: pp. 35, 53, ti-5; sobre o papel político do médictl: pp. I"ssai cl'ttnttlltlgie
l(r, 53, 85,222,2-5(r; sobre a mrtral: pp. 49,.53, l86ss. O Dr. Sinron expÕe nessa (4)
obra por que e com() a liberaliz-aEão dcl ahorto frri irprovada nu Irrunçzt, as razÕes plrénoménol«rgiquc, Paris, G"l!Ti::l:- l'.:l | ) ),),:.
(5)illH-T,ill":'l*l'n"l,iil,ll;il;,ili;ii''i:"1?*::;i."1"!i{i;'*:llllíí,f '::;
para promover cssa prática c outras cnl escala mundial. l). Sinton tanrbóm
- na claboraEão kl:l;'"Jl,',J;]lll'ü*':'ffi;'*; rr(' ; r, i Motrv
papel clas lojas- maçônicas Nunlit clllrgvlsttl Lluu t-rt(rrrr\/!' lz' .1' -l-Ailll:1T13lnl:
expliczr o c na difusão desse itictls. Scoobjctiv.é
cleclar. senl rtxlcit'rs: "vt1n-rt1.1:: fI ír,,í. c,hv{,nr:i.nirr ir
',;;i,ü;.
mu,inlcnt. pró-zrhorto. ti:.
:HH:i;:; ilffi
pcnsan'lento na linha do livrc-pensament() e dos p«rgramas que este suscita. ; Dasar u m a x,rr
:::. :,'l)..,,T'::::, I
r

",srh«rr
O papelrla Íianco-maçonaria nessas questí)cs também é cxplicaclo na srlnclagen't
ffilllj' á:''*' ; #,
"I -*'"i^"
c'id^ck)s prc c 1x.rs-naras' .t'
ll de Claude WE,ll-l- sobrc "O poder clos [ranct)-mitç{)ns", in I-e Nour.'el
()bsen ate ur de 30 de jtrnciro a -5 de fevereiro de l9ti7, pp. (t4-7 l: ver em especial :il'.TH:" ,_;fi';;;;;;;ii^
.lmencanos ilttlttls'
:.,
Lrrrr (r,t'rr, wLrrr'r' 200
:'.11, Y3
-" clórares. os
::::1,
t;^'"-í'rrslitnl
t[1l1:'J:'
t:'*'11'i:?,1";,,
"'Jli:fl:I:
..,,.- I íVl \rÍ\?Í's. nf ltiS
2l() nlcn()s l(xlvczgs ntais'"
parto. a criitqâ«r e a eclurcit<;âo cle uma
I

::TÍtir * r'N nY: rníir dr: t'enlrtnr.


pp- 6-5ss. No mesmo sentido, ver o dossiô sohre "I-cs Íiancs-n')aç{tns", in I-e
Crapotúllol, fevereiro tle l9til. espccitrlnrentr: pp. 4tlss. i:lil::'i:,'J'*ff Âllffi; ;; ;;''i;l 1i." "' ::
üIi,;):: ffi1,,,,1í,ii:íi'^1::!::1j:l;,']]'t'j.; cr'ótudes
^,::*,';:::.'';;
Í:
ioci^rcs. service }J[HI':,
Itetomamr)s cste prohlenra no Oap. XVI, sobretuclo pp. l(r5s. ',',',1,,,1i,i,i,' et de
(2)
(3) Ver os textos de Karl MAIIX e lrricdrich IiN(illt-S reunidos sob «t títultt de li,1['l1i.:,.J"í;:,',1i,, íiilffi"à'..-nrruiics
Critiqrc de Molthus, Paris, I'etitc Collection Maspéro, 1978. clrrcumentittion 1, I 9[36'

I
103
rctz
I
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AtsOR'l'( ): ASI'l:.('l'OS l'( )1 .Í'l'l( :OS t,MAl'liRVt:RSAODOSOCIALISMOTiDOLIIJI:RALISMO

políticas da humanidade: valores


Essa dcriva é uma perversão pura e simples do cspírito do rrlkrram nas duas grandes tradiçóes
,alorós da pessoa, Pot outro lado'
liheralismo original. Este também visava, precisamente, a reagir con- dircom,nidarte', f,o, "* lado;
nãoos imuniza contra as toxinas
tra o despotismo. Locke (1632-1704), por exemplo, mostrou muito A fó que os cristãos reivindi.am lízar seus efei tos perver-
t t I t al it á ri u., poJ,
até, infel izmen te, po ten:il
bem que sri havia autoridade soberana em virtude do consentimentt'» t:, 34; Mt 25,45) convida-os
sos. contudo, o novo mandam;;iln não
do povo. Tratava-se de cclnter os excessos do poder monárquico. Ora, à pro*imo lá onde ele ainda
mesmo tendo cometido abusos, a burguesia evidentemente abriu ir tomar a iniciaiio a.r""onr,áràr eficácia inerente à
caminho para a idéia da igual dignidade de todos os homens. I,oi reconhecido (Lc 10, 2g-31\".-;l'ligcn.iu a 9"traduzir esse reco-
ademais,
A luz dessa perversão da tradição liberal original, a liberalização caridade ("f. óà 5, 6) instaios,
do abc'rrto aparece como um dos piores avatares da livre concorrência. nhecimentonãoapenasnapráticasocial,mastambémnaprática
Minha tirrça, que dá a medida de minha liberdade, também dá a pt'lítifiunto refere ao respeito
ao aborto somo no que se
em relaçáo
medida de meu direito; a censura já foi formulada por Marx. Assim
sendo, se sou mais forte que outro ser humano, sou livre para dele àvidahumanaemgeral,ocorpo.potíticopodeesperarqueesses
segundo vias diferentes e
cristãos nã política pàrtiôipem,
dispor conforme minha utilidade. Ele faz parte do meu domínio: "rgu;oo.; de uma comunidade humana
sem
tenho direito de vida e morte sobre ele. Os médicos serão convidados complementares, da construçâo inde-
indesejadr, 1.c,rn., desejaria
;;;;;rrrão oo liberalismt'r) e sem
a colocar sua perícia a serviço dos interesses individuais dos mais como os cristáos
sejáveis(como desejaria o
p"*ã*o do socialismo)' justiça ao
fortes.
para fazercrescer o desejo de
poderiam contribuir melhor
dedicam o melhor de si mesmas?
qual u, fomnio*.-oriuii*,a e liberal

Nem indesejados, nem indesejáveis

O que confere às sociedades ocidentais sua dimensão democrá-


tica é sua moderação. Ao longo de sua histriria, essas sociedades
provaram que podiam ceder a perversóes radicais, tanto oriundas do
liberalismo como do socialismo; portanto, não estão protegidas con-
tra as duas grandes derivas totalitárias evocadas. Ora a sociedade
sobrepuja os indivíduos, ora a sociedade não tem importância. En-
tretanto, para além das derrapagens sangrentas da história, essas
sociedades mostraram constantemente que dispunham de recursos
éticos suticientes para se recuperarem sozinhas, com paciência sem-
pre renovada.
Propor a liberalizaçáo do aborto significa reanimar impruden-
temente os velhos demônior que levam às derivas totalitárias, das
quais, aliás, essas propclstas constituem as premissas"
Os cristãos engajados na política estão vinculados, segundo
modalidades diversas e no contexto de compromissos multiÍormes, a
essas duas tradições que são falsas gêmeas e distinguem o mundo
ocidental. Os cristãos são chamados a defender valores universais que
105
104
A cauçao de cristãos
ao holocausto pré-natal

Não é raro que políticos cristãos se declarem a favor da lihera-


lização dr"r abrlrto. o quc poclc ocorrer cm dois contcxtt-rs principais:
ou num partidcl de tipo dcmocrata-cristão. ou em outro partido no
qual militem. No segundtt ursr-r, trata-sc quasc semprc de um partido
clc inspiraçãro socialista «ru de um partido de inspiraçãro liberal.
Esses sãcl os tipos cle contexto cm que esses políticcls cristãros
clesenvolvem uma posição que, no mais das vezes, articula-sc ao redor
cle dois pontos:
1. "Vivemos num mundo irremediavelmente pluralista. Sem
dúvida, sou contra cl abclrto, pois é um mal e um lracasso. Mas o latcr
de que vivemos numa sociedade democrática, ondc todo mundo deve
ter liberdade para tazer o que quer, também é uma realiclade incon-
tornávelc um princípio inviolável. Prlrtanto. os que qui.serem praticar
o aborto devem pocler ter liberdacle para tanto. "
2. "Assim sendo, mediante algumas emendas. votarei a tavclr de
uma determinatla proposttr liberalizAntc, nTact ope,sur de ser cristão,
mas porqríe sou cristãul.
A posição aqui resumida deve scr dcnunciada como dupla
mistiÍicação.

A honra do parlamentrr

Para clar-nos conta dcssa dupla mistificação, basta substituir, no


primeiro ponto, o aborto por qualqucr outm prática social de mesmo
tipo. Exemplcls: "Sou contra a eutanásia. Mas o fato dc que vivemos
numa st-rciedade pluralisttr, onde torftls clevem ter liberdtrde de tazer

107
O AI]OR'I'O: ASI'I i(].I'OS POI.Í'TICOS .I{
A (:AI. Iq.ÀtI DIi ( IS.I.AOS AO HOLO(]AUSTO PRE-NA1.AI.

o que quiserem, é ao mesmo tempo


uma rearidade e um princípio.
Por conseguinte, os que quiserem praticar c à liberdade. Esses direitos inalienáveis são proclamados na Decla-
a eutanásia devem pocrer
fazê-lo livremente."'isou contra ração de 1948, quevê em sua promoção o mais seguro penhor de uma
o àrogu. Mas
o fato de que vivemos
numa sociedade prurarista, onde sociedade de justiça e paz.
todoúevem ter riberdade de fazer
o que quiserem , é ao mesmo tempo De restc-r, a história confirma: sempre que os direitos humanos
uma realidade e um princípio.
Por conseguinte, os que quiserem são desprezados, sempre que é vedado a seres humanos gozaÍ desses
drogar-se, ou fornecer à.ogu uo,
dependentes, devem pode r fazê-rorivrãmente.,, ..sou direitos, democracia infalivelmente desaparece. Basta abrir o jornal
a
contra o opart_ para constatar. E, por fim, importa pouco que essa exclusão seja
heid- Mas o fato de que vivemos
numa sociedade prurarista, onde decidida por uma minoria que reina pelo terror ou por uma maioria
todos devem ter riberdade de fazer
o que quiserem, é ao mesmo numérica, pois não se pode acreditar, e ainda menos f.azer com que
tempo uma rearidade e um princípio. poi
conseguinte, os que quise_ outros acreditem, nem fingir acreditar que a democracia define-se
rem praticar o apartheid devem poder
fazê-rolivremente.,, essencialmente pela aplicação mecânica e cega da regra da maioria.
Exercício: comprete os "raciocínior;;qr"
começam com: ..sou De fato, há algo mais, anterior ao uso dessa regra: é que a
contra o terrorismo", "Sou contra
Auschwitz, au contra o Gurag,,, democracia se define primeiro por um consenso fundamentalde todo
"sou contra a esterili zaçá,dos
marginais,,, ..sou contra a pedofilia,,, o corpo social quantcl ao direito de todo homem a uma vida digna.
"sou contra a tortura" Não é prãcis. ser um gênio para perceber
"t..
que todos esses raciocínios Este é o direito que deve ser promovidct eprotegido. Por conseguinte,
não passam de mistificação. É o é a necessidade desta proteção que justifica a atitude do legislador
tilósofos chamam propriamente de,,sofismas,,.l que os
Mais precisamente, o vício básico o"rsrs no sentido de reprimir as ações dos indivíduos que se arrogam o
argumentaçoes reside "direito" de dispor da vida, da liberdade ou dos bens alheios.
na idéia falsa segundo a quar, numa
sociedade prurarista e democrá- Sem dúvida, a história, inclusive a contemporânea, mostra que
tica, todo grupo de cidadáos com
uma certa importância _ ou tarvez talconsenso pode ser abalado ou mesmo destruído. Mas então já não
cada cidadão tem o direito de fazerqrutqu".
-
é a negação mesma
coisa. ora, esta idéia há democracia verdadeira. A honra do parlamento reside em ser,
de uma sociedad" ràum"nte livre
democr ática.
e antes de mais nada,, guardião vigilante da qualidade democrática de
De fato, o raciocínicl que denunciamos
pressupÕe que a sociedade nossas sclciedades. Mesmo se, num país democrátictt, uma maioria de
democrática seja definida como
aquera onde deve ser permitido que cidadãos votasse pela exterminaçãcl dos judeus, nem por isto a medi-
cada um faça o que bem entender.
ora, uma sociedad'e deste tipo é da ganharia legitimidade democrática. Aliás, esta foi uma das princi-
uma sociedade antirquica, é aselva,
onde impera a lei do mais forte: pais acusações que as democracias ocidentais dirigiram contra os
a lei da selva. Assim, a democracia
verdadeiia é impossíver sem um criminosos nazistas no processo de Nuremberg. No entantcl, mesmcl
consenso em torno de determinados
princípios fundamentais. homens que foram vítimas desse câncer do espírito e do coraçãcl
uma das expressÕes maiores desses
princípios encontra_se na esquecem as lições da história e estão dispostos a repetir seus erros.2
Declaração (Jniversar dos Direitos
Humoio, à. t94g. Mas quantos E ocir-lso dízer que, entre esses direitos humanos, o primeiro é
parlamentares crnhecem esse
texto? No entanto, a Declaração incontestavelmente o direito à vida. Respeitar a vida do outro, sejam
as liçÕes da segunda Guerra tira
Mundiar: o nazismo e o fascismo des_ quais forem sua idade, sexo, raÇ] cultura ou religião, é o mais
prezaram o direito de cadzr homem
à existência, à integridade física fundamental de todcls os direitos. E o que muitas vezes é chamado
de "regra de outro", Çue reveste expressões diferentes em todas as
( l) 'sofisma: "RaciocÍnio cuja t"tt"ç1:]:g::1é op::T aparenre, grandes civilizações do mundo. "Não matarás": nenhuma sociedade
enganar os outros, ou para enganar apresenrado para
asi nresmo",, 6r. nouiO úieio,iriàrnrirc
de la langte phiro.ropriiq,,r, pãris, puF,
,";.i.
rqCI. te,,sophisme,,).
(2) Cf. p.6ls.

109
( ) AII( )tt'l'( ): ASI'l r( "1'( )S I')( )t,l'l'l('( )S A(.Atlq.A()l)11(.1<lS.|.4()SA()ll()L()(.AI.IS'1.()PRtl-NA.I.AL
[['
quc strcrit'ica tl htlmcm
[)olíticit, p()r mais plurtrlista c clcmt)crátioa quc sc prctct)dit, llotlc r.rruçirtl às tlcrivtts clcmcntcs tlc um stlcittlismtl
indivitluttlista, tlndc a vida dtls
dcsprezar esta rcgra dc cluro scm mcrgulhtrr, milis ccdo ou muis turdc, ir stlcictliulc, t)u tlc um ncolibcrtrlismtl
dtls mais lilrtcs'?
na harbárie. Inais l'racos ó sacril'icacla ir lihcrclaclc irrcsptlnsávcl
,.tctilogo tla libcrtuçittl"quc () clissc. Qucm'l Lactlrclairc: "QUe
lr()i um
striham tls inimigtls dc Dcus
suihrrm, ,rlrtant.. ()s quc,iign,rin*,quc
quc entrc o.ft-rrtc e tl
Uma manipulaçáo perversa do Evangelho c rl., gôncr, hurnân,.,, seiir {ual lrtr scu nomc.
é a libcrdadc
l'raco. cntrc o rictl. ,, p,rÉr., cntrc o mestrc c tl scrvidtlr'
A luz clessas obscrvucÕcs, pcrccbc-sc c()m() ó inaclmissívcl ir cluc tlprimc c tr lci que libcrttt!"('
rel'erônciu tu'r cristitrnism() rcsumitltr no ponto tlois trcima.
Dc [ato, o uhorto, quc ó cm primciro lugar um problcma dc
moral humana nal.urul c()mo acirbamos clc vcr tambóm atingc,
prlr motivos particularcs, - u consc:iôncia crisl.ã. -,
Ora, cssa rct'crôncia ao cristitrnismo ó aí invoctrclu dc mancira
pcrvcrs?l: ó um cas() cxcnrplar dc mtrnipulação.
RcgisLrcmtls primciro quc aquclcs quc aÍ'irmam scr contru o
ahtlrttl mAS ito mcsmo tcmpo trabalham por suit liberalizaçiro se
cxpírcm à ttcusaciur clc rluplir:idudr. A tcoritr cla dupla vercladc. tão
cartt it ccrttls ambicntcs. não tcm vcz na Igrcja. Em Mon.si.ctl"Ouinc.
Bcrnan«ls clissc quttsc Lutkl a cssc rcspcito. Corno nos clizia um siibio.
"a Igrciir pcrckrtr os peurd()s. mils nem por isto os autorizrr".
Ctrntuclo, hít algo muis gruvc. Pois ó um sot:rilégitt manipular a
rcÍ'crôncitt iul cristianismo pura Íilrncccr um aval aos quc atucam ir
vitla tltls inttccntcs.r E um cscândalo invocar o Evangclho parir
justil'ictrr cluc l'ilhrls c t'ilhas scjirm strcril'icackls, hojc como ontcm, aos
ícltlltls scclcntos do strnguc clos justos.a E blasl'cmaLtirio rccorrcr il
Dcus parit cohrir o único pccatlo pilrâ o c;ual niul há pcrdiul: o pccado
contra o Espírito."\
Em sumil. () quc cstir ['untltrmcntalmcntc cm .jogo no tlchaLc:
strhrc ir libcrtrliztrçiut tltt aborto ó. por um larlo. a quulidurla dcmrx:rú-
ti.t:rt tlc n()ssil stlcicdtrtlc c. por outro, a crcrlihilidurlc cltls políticos cluc
sc dizcm liguclos i\ trurliçiro cristã. Serri quc. dianlc du histtiriu, urrr
parlamcntttr tlu um lltrrtido (luc ostcntir a mitrcil crisLã ousarír scr Lill
dcsprovickr dc c()ragcm polítictr a ponto dc t()rnur-sc cúntplicc dc uma
l trtriçirtl c clc tlm n()v() holocrrusto. prú-nirral'.' Scni c;uc vni cltrr suu

(3) (lf. Sl e1.21 37.32: Ml 2. 16- lti.


(4) (lt. SI l0(r.3(,--12.
(5) (;l.Mr l2.3ls. (6) l.A(l()l{l)AIl{l:, '\icrrnrtn a Ntúra'l)ttma ie l'nrts' 1i'i'l§'

lll
Il0
)ilI
O "mAl meÍlor"
e o naufrâgto do essencial

Em 30 de setembro cle 1938, Daladier e Chamberlain assinaram


os act-rrdos de Munique com Hitler, concedenclo à Alemanha a
anexaçãur dos territtirios dos Sudetos. Os protagonistas francescs e
britânicos desses acordos alegavam o mal menor; sem dúvida, sacri-
['icava-se :r Tchect-lslováquia, mas os outrcs países europeus eram
sulvos da guerra.
Ora, naquelc momento, a realidadc drl regimc hitlerista era
conhecida; sabia-se da cxistência dos campos clc concentração; o
Anschluss da Áustria ocorrera em 13 de março último;t:ra nccessário,
prlrém sutlciente, examinar a ideologia nazista para comprecnder
que seu objetivt-r era dominar r-r mundo intoirul. O que raulmente
estava em jogo nos ncordos dc Munique não cra a rccomposição
territrlrial da Alemanha, mas a liberdade dos homens t: dos pt'rvos,
suas razões de vivcr e os idcais que as determinam. A assinatura
daqueles acordt-ls apenas confirmou tr convicção de Hitler de que as
clemocracias assistiriam a seus golpes de lorça passivas c estupe fatas.
O que cle fato fizeram. Deram sinal verde à escalada, e estA pros-
scguiu: na Boêmia, na Morávia, na Polônia. As democracias ociden-
tais estavam pre()cupatlas, antes cle mais nada, com scus problemas
particulares. sobretudo econômicos; estavam dispostas a evitar um
conflito a qualquer preço. Tinham ficado cegas cle tanto que)rcr
protcgcr interesses sctoriais. E cederam no esscncial. Sabcmos o que
veio depois.
As clcmçlcracias quc se empcnham em liberalizar o aborto
corrcm o risco dc cncontrar-sc numái situaçiro scmclhantc à de
1 938"

lr3
() NAt.Ílrl{A(;l() lX) l:SSllN(llAl'
() AIt( )l{'l'(): ASI'11("1'()S l'()l.l'l'l('( )S t I "MAl ' Ml lN( )l{" l1

I Assegurar o respeito à vida tlt.


..irttrirliz^r" u lcgislaçãro existcnte, chegam a questionar
fazer com que todo t:t
t't.espírilr-t

,ltt lri,a únictr razta-r-tcleier clesttr lei: taq:::" -l:.*ono


alcance universal
sr.:i. rcspcittrdo- Nãro vêm qt" ;;;; "
De fato, nãro é raro ver políticos cmpcnhados cm discussõcs
jurídico-bizantinas sobre as mudanças protundas ou emendas quc, tlt:s(cprincípitl'Assim'ct-rnsentememiniciarumaescaladacujcl
inícitl'
"cc-lnsiderando-se a evolução dos costumes", seriam ncccssárias a t'ontrtllc lhcs escapa clescle t-l pântano de uma casuística
dcl
no
legislaçóes tradicionais na matéria. Dessa rnaneira' ao mergulhar
i.
lr vista ., A discussão versa sobre
De fato, a dimensãcl repressiva dessas legislaçCres tradicionais ltssassinatcl' percle.se de ",,"n,ial.
o:- g"lotedores se mostram
lr
!r
não são senãcl a conseqüência lógica do objetivo, eminentemente rninúcias, preteriçóes e ambigüidades; etuÍtiqu'on-
i

positivo, que o legislador visava: o respeito u todo ser humano, ..ttrlerantcs,,,.,abJrt{.)s,,,,.d" *"nte ampla", "pluralistAs"
1

pelo joguinho do "toma-lá-dá-


inclusive antes do nascimento. De mancira mais geral, a preocupação ri. paralelamenre, deixam-s. ";;;;;r de víslo o que
oo mesmo tempo, perde-se
em promover esse mesmo princípio ó subjaccnte a outros artigos do c1r,,e do camprclmissc-r. Mas,
código penal. A legislação traclicional em matéria de aborto assegura t; esse rrc i u ls m in a -
o b e m',.p t'' d"' i

esse princípio fundamental. Ncste sentido, apenas implcmenta o caIad a, q u e co m eço u tã


:: :..'5 :i 1 "-o :,:
tletlcientes'2
princípio fundador de toda democracia, segundo o qual loclos os sercs recém-na'óidu"t'* nlguma mll\r'*'çãn' d.s
çir. d.s cspera a
incuráveis'3 enquanttl se
humanos sãro iguais e mcrecem a prulteçãro da lei. Na verdade, tal cutanásia dcls velhos e doentc--s d"pende)'a
meninas (ou dos meniÁo*t
princípio sri tem sentidr-r se seu alcance Ít.,r unil,erual. Quando, nos climinaçãro, à la carte das dispost. a liqui-
Numa dem.cracia, um g;;"
fatos ou na teoria, cclnstatamos que a abrangência universal desse político quc está
scr
princípio é reduzida, denunciamos as injustiças decorrentes. Revol- a ttldo ser humano merece
clar (-) respeito in",rnoi"ionriderido
tamo-nos, com razáct, contra t-t aparÍ.heid na Africa do Sul, contra os renegacltlpo,*"u*eleittlres.Scnáctmerececredibilicladentlquetcrcet
renascimentos dcl racismo, contra as perseguições políticas e/ou reli- àviclahumana,Comt)0mcreOeriaemmatóriastlcial,ectlnômictt,
giosas, porque estamos convcncidos de que, a[inal, o direito à vida, c
fiscal, sanithria, cscolar
etc"l
à vida com liberdade, não é privilégio de reis, cla nobre za, da burgue-
Se,nessesaspecttlsparticulares,oseleitt-lresgeralmentepen-
sia, nem de alguma raça de senhores ou membros de um partido
é direito inato e inalienável dr: todo ser humano.l
- Samqueserão.ng,.nn.losporSeuSmanclatários,porquenãc-lrenegar
o essencial,l Na dem.cra.iu,
o respeitr-l dcvidcl
os que translgem sclbre
Dominados por uma cegueira menos desculpável que a dos
atcltltlserhumantlnãtlénegociável.osqueesquccemestaverdade
negociadores de Munique, determinados políticos contemporâncos cle seus adversárit'ts'
elementar sri colherão .-, deJpr"zrl
entram em discussires sobre qualquer assunto, tnenos sobre o e,\-
senciol. Seriam jogos bem inclcentes sc esses políticos nãro caísscm na
própria armaclilha.
"Ethiquc ti qé1.:'i1':,.,,11:
(2) (:r. l;.A. rsAMBr.l{'t',
ffi J: -' :
::ç('rrÜvrrrr(uv-.-] ;.}::}:,,c,):-::::ffll f[;
i.l;,LtJ:l#J":
contrÔle cles malttlrmatl()ns ü1 " "'i1 1';11:::
^"^n,"".,r* l' Y':?l' iii, ;iiiiii "Lil
,*i G. P'-.,RICO,
Paris, t" 2r, let'iO, pp' 331-354- so!r1":t::.1"'.:.:::f':
'
i'
i srtcioti,
oc
)'ooinrnn,renti
i,,nri" . in tt sgior ame nt n s i a t

lJma questáo de credibilidade ilü};,1; li; llill; |[*ijl; ]il;;,,';õã,t


mctticuLe at itrutiqtrc'
t,'euttmnuste Approctte
(3) X;ilff.l;-,ill;rt[,rllí.fffi,
Nclssa geraçãro também tem seus Chambcrlain c seus Daladicr. Toulousc, Privat" I9tl7'
n
'#dlI
I
,f
Seus cpígonos não querem ver, ou fingem não ver que, soh o pretexto (4) l'illxlli;"il,il;1,1i1;o'"',er
' i:::]"ff
i'l rl,lilxl:"i,r'àt.,.
.uul-:'li::Íi,'.,:',*1T:\Xll'ÁiifffT:
::'ffi lX.f,',.": i iianir.,a*ar"';, in ià.ir;::-t scicnca
i
l ondli,i,')ll,l?il,,%
l'ii : :: mcttet'ine' oxford' t' i
( l) Cf. ()ap" ll. 16, l9ti2. PP. tt79-lit{5'
I
I

I 115
tl
114
I
Irl

)ilII
As mulheres e
a suieiçáo consentida

Será que a mutação de valores nos planos político e jurídico,


que a liheralizzrçãro dcl aborto pressupõe, não ó o preço a ser pago
para promover a libertação da mulher? Será que, na histírria da
emancipação c1a mulher, não nos defrontaríamos com um obstáculo
que conl'irmaria a necessidade de liberalizar o aborto? São as qucs-
tões que ainda devemos examintrr.

O ópio do sécukr

Scgunclo as publicações dos movimentcls t-eministas favoráveis


ao aborto, tuclcl act-lntcce oomo se fosse possível liberalizar o abclrto
tendo cm vista, primeiro c antes de mais nada, a emancipação da
mulher.l Tais movimentos não são alheios às preocupações eugêni-
cas, demográficas e sricio-econômicas, mas estas não constituem seus
primciros argumentos. A propaganda desses movimentos muitzrs
vezes é acompanhada pcla dcscriçiro tranqüilizaclora das técnicas
abortivas modernas.2 Sua simplicidacle é elogiada; insiste-se não
sem grande cxagero
-
no caráter indolor cla intervcnçãur, na ausência
-
(l) A literatura sobrc a questão é abunclante. (litemils apenas I'1. BONNEI-
"l-iberté de I'avortement ct libóration cles femmes",in l-tuniàre et Vie,n"" i09
(agosto-outuhro de 1972), pp. 3-5-a3l D. SCtIt)l-Dt1l{ L- Ir. KENNHDY.
Av,orÍetnent, droit des.fetnmes. Paris, Maspe«r, 1972.
(2) Mcncionenros .lenn OtlOtrN, fJernard A(]I{AI{D. All(l tles techniques de
ploni.licotion .lhtniliale. ('onlrnt'e1ttion. stérilisrüictn, internrytion voktnÍaire da
gt'osscsse, I'aris. Mns.son, 1978" Nenr ó preciso chzer que, clcscle cntão" "as
tócntcits cvrllriíraÍ11 ""..

n7
I () AllOl{'l'(): ASl,lrt:'1'1;5 l,Ol,Í.1'l(.()S
i
AS Mt Il,l llrl{lrS l1A SL,.ll1lq'AO (l()NSUN'l'll)A

de riscos, de seqüelas etc. Esquemas, firtos e prospectos


sãul uns mlis sinriladu tt um "agressor" cttntra tl qual fosse possível invclcar a
persuasivos que os outros, com vistas a convencer
a mulher dc quc lcgítima clct'csa. O homem e a mulher que têm relações sexuais estão
agora ela pode facilmente, segundo a célebre e propositalmentc
a par clo risct-l que estas comportam: o surgimentcl de um novo ser
vulgar expressão, ser "senhora de seu próprio ventre,,. humano. O conhecimento dc causa acarreta uma responsabilidade à
Tirar um órgão doente é uma coiia; éxtrair um embr iáo éoutra qual eles não podcm subtrair-se eliminando o ser eventualmente
bem diferente. o embrião não é "um órgão como
qualquer outro,,. conccbidcl.
Ele já é diferente; há outro presente. De resto, é eite É vcrclatle que a maioria dos movimentos feministas partidários
o ponto
problemático: estaríamos doentes do outro?3 do aborto não insiste nesses ent'oques objetivos. A cegueira seletiva
ora, se está estabelecido que a criança concebida tem uma quc com ['reqüência os caracteriza às vezes os torna cúmplices obje-
existência distinta da de sua mãó, por que Àotivo tivos de um imperialismo de estilo novo. Comtl sua principal preocu-
esta e o Estado
seriam dispensados do dever de reconhecer o ser que pação é a emancipação de mulher na sociedade, é por esta via que
traz no ventre
e de protegê-lo, respectivamente? abrtrdam cls problemas da maternidade e dcl aborto. Também será
E hclnra suprema da murher ser aquera que, no mundo, reco- por este canal político que procederemtls.
nhece em sua carne a presença tênue de um novo ser Há muitt)s Anos, um grande semanário parisiense publicou uma
humano; é sua
hc'lnra ser a primeira a poder acolhê-lo livremente; lista de mulheres famttsas, quase todas ricas, que haviam recorridcl ao
é sua honra
apresentá-lo ao reconhecimento dos outros, AO do pai, para aborto.s Uma rápida olhada à lista confirma de sclbra a estreita
come_
çar-' ligação entre o aborto prttvocado e A sociedade de consumo
se a criança concebida é sujeito de direito para o jurista abusivamente identiticada à sociedade desenvolvida
-
da qual essas
e para
o político, com mais razáo cl será para sua mãe: o fato de alguém -,
mulheres são, de certt't modo, expressões paradigmárticas. Todo cl
depender de mim nã. me autoriza a exercer domínicl sobre prt'lblema aqui reside em saber se é pelo comportamento dessa
.É.r E
não se poderia usar a diÍ'erença de desenvolvimento vanguarcla que nossas comunidades políticas devem regular a legis-
corporar como
pretexto para fundamentar uma desigualdade de direitos lação.
tão radical
que outorgasse à mãe um poder discricionário sobre Uma vez mais, vemos a necessidade de ultrapassar a prttblemá-
o tilho.í, Sua
Iiberdade com mais razáç-ta do casal- é,portanto tica estreitamente "privada" do aborto. Uma sociedade que taz do
-e
direitos inerentes
,limitada
ao sujeito que traz ncl ventre, e AS nrroriooo",
pelos
consumo seu projeto principal sutoca o senso da responsabilidade
devem fazer com que estes sejam respeitados, como sr'tci:rl de seus membrcls. A maximização do confbrto tclrna-se a normil
.s de quarquer
outro sujeito.T absoluta cla produçãro e do comportamento em geral. Produzir, con-
Pelas mesmas razóes, a criaqça concebida não poderia sumir, desperdiçar: eis cl trinômio inculcado atravós da publicidade
ser as_
maciça. O cidadão ó antes de mais nada uma combinação de desejc-rs
(3) Cf. p.48s. e necessidades, Sempre reestimuladcls nc.l momentcl em que estãtl
(4) Cl Marie HENDIIICKX, ,,euelte
mission pour la femme?,,. in Lotuain, prestes a serem satisfeitos. Em suma: o consumtt é o ópio do século.
Louvain-la-Neuve, n.o 4, abril de 1989, p. l-5s.
(.5) cf- A. KtrTcHtIM, "'lhe moral status of the bodies of persons,,,
É precisamente neste ptlnto que o princípio do prazcr, mobili-
in social
Theory and Practice, Tallerhassee (F-la), t. 10, 19g4, pp.
25_3g.
(6) A psicologia do infanricÍdio marerno'foi esiuctadu'poictrrce cARLONI (8) Ver "Le manifeste cles 343", in Le Nouv'el Obsen'oteur, 5 de abril de 197 1. Cf.
e
Daniela N0BILI, in La tnaut,aise màre. phénoménologte
et antlüopoktse de tambénr La liv,rc blonc rla l'at,orÍetnent.Ç.lul:t de l'C)bservÍlteur, caderncl 2, Paris,
l'infanticide, Paris, payot, l9g l.
1971. Sobre cl aborto no exterlor.'/er. por exemplo, P. Van PRAAG,
(7) sobre os direitos cra murher, cf" M.-T. MEULDEI{S-KLEIN
!^sv rr-L'rr!' "Poliklinisch abrtrtcring van IJe lgische vrouwen in Nederland", in llev'olking en
"Oonsidérations...", pp.472-452. (iezin, n." 2 ( 197u), PP.273-262.
I
I
il

l18 I l()
( ) A I] ( ) lt'l'( ): AS I,l r( .'l '( )S l,( .(
) L l.l'l( )S AS Mt ll,l ll'l<l'S l1A StI.llll(,'A() ('()NSI'.N'l'll)A

z'àdo pelo consumo, cncontra-sc c()m


o princípio dir lilrçir. ir() (luirl tlilicuklirrlcs rlirs mulhcrcs cm situaçãttt pcnttsa nãtt sãtt rcstllviclas atl
nos reÍ'erimcls em relaçãtt aos regimes
totalitários. o cncontr. rkr sc lhc ol'crcccr a climintrçãtt cltt Í'ilho quc trazcm no ventrc"
hedtlnismo com a-vitllência, cle cálicles
e Grirgias com pnltág.r,s, Assim scndo. pilra libcrtar a mulhcr ó ncccssáritl que.stittnar tt
não ó mero acascl-9 i

(luc, cm n()ssa socieclade, incita-a a rccorrer ao rtbttrttt. E prccistl


rrl'irmar com litrça quc uma socicdaclc quc sc dh att luxtl de mantcr
cxórcitos caríssimos e enviur homcns ao cspaço pttdc nito apcntts
Revoluçáo inacabada cuiclar com carinho cle scus vclhos c protcger scus cltlcntcs, mas
tirmbóm ajudar cficazmcntc as mãcs soltciras, cclucar as crianças
Em ttldos tls tcmpos' os ricos destrutaram lirnçadzrs à cxistôncia por imprevidôncia ou surprcsal2 c lacilitar suil
dc privilégios injust.s;
semprc vitllaram a lci cttm tt-rda impunida«le: cvontual itdoçiut.
muitas vezes até s.- Voltamos cntão uqui ao imperativo dc uma socializaçãtt respei-
nharam cm litzcr clo dircito positivo um
retlexo c escud. de seus
intcres^scs' Apesar das lutas Lravadas tosa cm rclaçãrcl às pcssoas. Em vcz tlc pcnsar na libcrtrlização cltl
c tlas viLorias conquistadas, .s
ricos ainda htlje ptlclcm cttnsumir clrr-rgtr, irbortrr, ó urgcnte atucar ils (:ottso,r clcscsperaclas quc lcvam a cclnsi-
dcsperdicar ou poluir além
da conta c rccorrcr, quanckl ó «r cÃo, clcrar cssu soluçãro. Dt: Iuto, scm umtt ccrta mír tó nãttl seritt pclssívcl
complacentes quanto ganancit)sos: um
, ,ó,licos-aborteir.s tã. prcconizar a libcralizaçãur clo abr-rrtt) scm primcirtt implcmcntar umtt
sécuro crcpois crc Ma.,, tcltros
esses abusos continuam a ser a vergonha
cla sociedacl" ,npitrlista.r0
rclitrmu fiscalvisando a corrigir injustiçtrs às vozcs esmagacl()rtts, scm
Mas a revcllução que a riberariroç]ir., <Jo
aborto acarreta ó singurar_ rotctrma judiciária pilra pôr tcrmo à justiça dc classe, scm uma regu-
mente dif-crentc clas d. passad.cl. Estas Itrmentação muito cstrittr clo cródito c clu publiciclaclc, sent questitlntrr
queriam exr.irpar a injustiça
em nomc de um determinado ic-tear crc justiça. uma política habitucional c urbtrnística bascutJa em primeirtt lu-[ar ntl
ab.rto c.nsistc em quercr trecrarol A dos partioali,r, ,t,,
e mesm. justo _ lucro, se m il dcnúncia vccme ntc cle Ludtl o quc srlbretucltl na mídia
"desculp abilizar" er" é Lgar -
um ato em totar dlssonâniio ,u, nossa niro prrssa clc lirrma clcscarada cle exploração c humilhação da
m'ral e juríciictr. I I-para [ant., aregam quc uma iradição -mulher, sem umii pcllítica salarialc lamiliar quc nãro obriguc a mulhcr
min.ria abastacra tem
tt meios para recorrer atl abortt) com totla tt trtrbtrlhttr Íilra.
impuniclacie. Uma c.nclusã. se elu não quiscr
tãcl absurda é um verdacleir. desallo
r,,', mai, elementar b.m sens.. Se
- -
Pretcndcr libcrtrlizar o trborto niro ptrssttrá clc umtt I'arsa cnquiln-
alguns enriquecem através cla corrupção,
clo subrlrng, d6 trátic. cle to, num casal mistitlcackt por uma publiciclatlc irrespttnsávcl, a mulhcr
clrogas etc', é precistt aperÍ'eiçoar a
icgislaçãur, aumentar ., controle, tivcr quc sc csgotar para I"azer o salário durar ató tt lim do môs, alóm
relbrçar as sançties- o mesmo vare prri,,
nbo.t,, p*rv.cacrr-1. de procluzir para merecer scu lugar na socictlaclc clc consumo, cfl-
E surpreendente o lhto cre a mulhcr
as ambigüidacles que pesam s.brc uma
nã. se rebelar mais contra quanto, cm nome tle umtr pudicícia itnacrônictt, nitt'r houvcr uma
certa c.ncepçã. crc sua eclucaçãt) para a paterniclaclc responsávcl ttu cnquanLtl at cclucitçittl
Iibertaçã,- Prlr que nãd reagir mais c.ntra
tucro o que a crnfina em para o ilm()r se reduzir. cm nomc cle impcrativtts malthusiantls, t)
seu slatus de tlhjettl,.predispon«Jo-a.a
il
ser a primeira vítima cl. ab.rt.
banalizackl? E precii. acrescent.r. iniciação àr contraccpçãro, cnquantt) uma ccrtit hiptlcrisia bur-uucsa
c.m mais raza., quc t.trils ?ls continuar a punir tts mãtcs stlltciras t: ti mantê-las à margem dit
ll

lr
(e) oÍ. p. e0.
I (10) (lf' (1" R'rlv()N, "I-a loiet scs injustices", rn lichrtnge, (12) Sotrre as nlães solteiras, consullar (lharltttte I-l:. MII-LOtrR, I'a molernité
.'^' ' n.., l()4 (1anei1r r)e
r
pp. 2âi-3(). l()72), singtliàrc. Récit.s tle v,itt tlc rnàre célibatoira.l)ttris. I-arl'ftttlt, 11)f92; ver tanrbérl
(I 1) (lf. pp" 36 c 1ti2. .loirane (lAI{()N, I)cs merc,v c'elibataire.\; cnlra lo:;ctrut'ri,ssion et ln';trltv'er.sion"
l Parts. I{aray. l9ti2.

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AS Mt Il.l ll'l<l',S l: A StI.ll'l(,'A() ('()NSI'.N'l'll)A

stlcictltrclc' cnquallto a paternitlaclc


n.s ftrr aprcscnt.tru c.m() Lr,
t gravirJez ,,,ru uma d.cnça c a criança como unr tluc rlcvcrl scr usudos contilrmc indica a natureza, scm dil'crcnciá-krs
;:'ri:l::. cm soisrt rrlguma". l7
Al'inul de ct-lntus, se nãul vivenciam no amor nem o reco-
nhccimcnto nem a rcciprclcidade, como poderiam as mulheres estar
Li bertaçáo e objetivaçárr clispostas tr reconhecer e acolher aquele que é, no cntantr-1, scu
prriprio Íilho.18 Já subjugadas por uma sr-rciedacle cujtrs opções [un-
clamentais não são criticadas, aÍ pr-tur couse, unidimcn.siclnalizadas,
o mais .surprccncrcnte nc,,ste crebatc ó "igualizaclAs" ao homem, reduzidas ao modek; paclrão clc consumi-
radtlra's dtl's mt-rvimentos Í'cministtrs
que creterminacras inspi_
ckrras-produtoras, seriur aincla mais submetidas aos caprichos impe-
fav.ráv"ilnu
abort. parecem ter
interiorizacl. . p.nÍ. dc vis.a tuoscls dos machos pc-rssessivos. Dc sujeitr-ls de consumo, elas se
machist. s.brc a murher.l3 Eras
vêem com um ,rrhr. mascurino, se trlrnarão, por sua vcz, objeto de consumo cle tipo particular porém
objetivante,
bem verdade que, num t,etcrminadcimom;"i; aniquiracrclr, sácric.: ó anônimo e, r1A solidãcl de desamor. serão as primeiras a suportar as
r ideal do escra.u,, que quer ribertar-.s. J d. processo clialétic.. conscqüências de suzr sujeiçãur consentida.
mesrno com o clrhar dcl mcstrc.la
iriror . mestre c ver a si
A tragiridaá. ao p.iquism. human.
é tal que ele c.nsegue "crcsmatcrnar
izar,, a murhcr.r-5
Entrctanr"o, a ribcrarização cro
rpres.sã. d" quc,s mulhcres abrlrto sír t.az aumentar rr
se queixam. De fato, o saclismo
atingc a criança também ataca que
aquela que é chamada a revá_ro
seu ventre, ct-lncruz dirct. em
à maitir crominaça., 0,.,., h.men.s: ()
sempre sc es'am.tcia é quc que
d. abclrt. à v.ntarcrc sãci .s.shc,mens,.r;"
primeir,r., mai.res bene[iciários
" impóri,, (17) Sade expÕe sua conccpção de "amor" humrlno, notaclamentc om .lrtstine et le.s
Afinal' "Será quc eu nã. seria uma se ampria.r(,
tclra sc tivesse piedade cJ. malhermv de l.o t,erlu, pp. 170- l7(t e 214-218. ti ritit reÍerir-se às ásperas críticas
Í'rang. cruc matam par. o meu.iantar?.. de .I.-P. SARTRII ao Marquôs de Sadc na Critique de lo raison dinlectiqrc, t.l:
com ., marid. nã, tôm conseqüêncitr orr. as rerações aa esposa Qttcstions de Mérhodc, Paris, Gallimarcl, l9(r0, especialmcnte pp. 7-5ss. Sartre
c.migo; amb.s sã- animais croméstic.s mainr que as d. f,rango afirnrii, entre outras coisas, a respeito clo "divino n]arquês":
destinacros a servir, animais "Scu filmos«r sadismcl é umu tentativa cega de reafirmar seus direitcls dc
guerreiro na violôncia, haseando-os na qualidacle subie(iva tle sua pessoa. C)ra,
esta tentativa jzi está impregnada de subjetivisnro burguê.s: os títulos de nobreza
,rr) vcr D DrrAVrir{NA s, r)roir sâo substituídcls por uma superioridade incontrolávcl dcl I3go. Seu Ímpeto de
l;:;:r;, ?;;;:..), des fbmmes, pot*,.ir de,s
violência é desviado dcsde o inícir-1. Mas quando ele quer ir mais longe. vô-se
( l4)
Iclcnrificanl-se aqui .lgLrns temas
sartrianos, tanrbém crcsenv.rvicr.s
na .bra rJe diante da idéia capital: a idéia dc Natureza. Ele qucr mostrar que a lei da
Sintone cle llcaLrvojr. Ver tamlténr
p. 9ti, n. l{J. Natureza é a lei do mais forle, que os massacrcs e as torturas não fazem mais
(l-5) c;r. Irrrsaherh B,tDrN-ti:lti',
i_'à,n.tff en phr. r,aris, Franrnrarion, que reproduzir as destrurções naturais etc. Mas a idéia contém um sentidcl
tirrnhénl o livro clc Yvonnc KNIIJIIIiJt-trir 19g7. ver
dc' màre,s, rru MqcnÂgc à no,s jottr,r,paris,
. i:uirr..in. Iro(/Qt/lr T, Flisroira embaraçoso para cle: para todo honrem de 1789, nobre ou hurguês, a Natureza
Ilachettc, t9ri2. (.-onrpretar c.m é boa. Oom istr-r, todo o sistema vai se desviar: sc o ilssassinato e :r trlrtura nâo
IIolItll- c Il' LIloMilrun' "iv.rtentent A.
ct nror.rc marerncile. l9(rg- fazenr senão imitar a Natureza, é quc as piorcs ;rcrvcrsiclaclcs são boas e As nrars
in I_a libéralisotion da I,ovortemenr. r97g,,.
pp.4g7_502. belas virtuides, nralvadas. [...J Desta idcologia aberrante rcsurltará: a úniçr
( 16) É .nrotivo pelo quitl r pil;i; a
respon.sabiricjacre do rronrcnr relação de pessoa pÍlra pessoa ó a quc liga o carrusco à vítinra." Ver poróm, no
apagacrrs; ver, a csre rcspeir,, são senrpre
A.B. shos.rn«, iiM"n ancr ab.rtron: mesmo livro, pp. 92 e l0-5, outras palavras de Sartre.
ethical itspccts", tn Ilttmanih' rhree
rtrul ,srcir,r"t. 7, oxftrrcr (ohio), (18) G. FESSAI{D examina a relação hclmem-nrulher à luz du dialctica hegeliana
ff:f,:].;-l r9ár3,
dcr mestre e do escravo em [)t: I'octualité ltistorkluc, t" l'. lo rcclrcrclrc dltne
métlnde, Paris, f)esclie cle Brouwer, [9(r0, pp" 163-17-5.

t22
t23
II

)ilv
Rumo Lo
genocídio intra-uterino

Será que o Íato cle a liberalizaçÁct do abrlrtt-r criar concliçóes


propícias para uma trunsfbrmaçãu-l proÍunda da naturcza tlo Estado
acarreta nccessariamente a rcstauração dc algum rcgime totalitário,
clc tipo nazista, por exempkr'l Esta é uma clas conseqüências possíve is
clcssa liberalizaçãcl, mas não é a única. Dc lato, ó pcrt'citamcntc
conccbível quc as leis positivas aceitcm uma certa incoerência nos
princípios que as inspiram. Assim, cliante dr-l ser humano que acabu
tle ser conccbido, a lci positiva podc considcrar que o poder do
Estadt-r é ilimitado; diantc do cidadão nasciclo, pode considerar qut:
ele é "discre [t)", quer dízcr,limitaclo. Dois pesos. duas medida.s
duas visÕcs inconciliáveis do papel e cla naturaza rJo Estado.
-
Entre tanto, scrá pclssívcl pretender, em nome «le uma situaçacl
cle l'ato, que ó prccisr'l aceitar uma amálgama tão híbridal Nãul
pcnsamos assim, de moclo ulgum, c para demonstrá-lo clcvcmos
ultrapassar a pcrspcctiva adotuda até cste ponto: a do Estackl cons-
titucional. Tal atitudc cxige-nos assumir tuclo o quc dissemos até
agora numa pcrspectiva mais ampla.

A crrlon izaçáo ideolrigica

O Estado nacional. na Íbrma. muitas vezcs ríeida. como o


concebem as constituicões modernas. cleixou de scr cle fato uma
instânciu sobcrana dc poder, senhor único e último dc suas decisões,
aquclc quc Iaz c clestaz alianças pilra conlurar as prctensoes hcgemôni-
cas dos mais lilrtes. Os tempos mudaram: os imperialismo.s conLempo-

r25
() Al]()lt'l'(): ASl,l:(' l'()S l,()1.í'l'l('()S l<t lM( ) A( ) ( il:N(x'íl)l() lN'l'l{A-t I'l'lllt lN()

rânctls rcc()rrcm tt mót.oclt)s novos, tanto mais cl'iurzcs lx)r sct'cnt tl...l ()s ;lrimciros movimcntos malthusittncls cle alguma impclrtância
discrettls,que afctam proÍ'undamente as relaçÕcs cntrc as naçCrcs. sr() ()rganizrrclos na Inglaterra no linal clo sécultl XIX. Suas tescs sãtl
A ambiçãttl das potências imperiais ó limitar não apcnas a sobc- tlivtrlgirtlas c tcsttrclas cm diversas regiões do Impéritl britâniccl, na
rania clos países do Tcrceiro Munckr, mas a de todas as naçõcs. Essc íntliir cntrc outrus.2 Sem dúvida, em suas expressões extremas, cssAs
objetivo pode ser atingido por diversas vias. It:scs malthusiilnas por muito tempo loram consideradas assuntc-r
Pocle-sc, por exemplo, apoiar um regime tbrtalecendo a máqui-
trrl'ru. Qucm, hár cinqüenta AnOS, ttusaria preconizar abertamente a
na esLatal e/ou rccorrendo aos militares. Cômodos no Terceiro Mun-
libcralizaçãut ckt aborto, quando já cra malvisto falar de contracep-
do, esses mótodos atualmente são pouco recomendáveis na Europir
ocidcntal, onde a dominação imperial lança mão de novas Í'cr- çiro'? Mcsmo sc se'u objetivct declarado era cl bem-cstar familiar,
ramentas. Ptlr um lado, as clisciplinas científicas tornam-se instru- comunitário e intcrnacional, mesmo so eram da tlrclem da eugenia,
mentos de combatc; estamos pensando, por exemplo, nas ciências scus clcÍ'cnsorcs cxpunham-se a serem taxadtls de racistas.
bioméc1icits, na clemogratia, na economia. Por outro laclo, recorre-sc Ora, nãro ó casual que um dos precursorcs tJo racismo cttntem-
àt coltlnização ideológica, por meio da qual as socieclades domináveis lrrrrânco scja um inglôs, Houstttn Stewart Chamberlain (1t'i35- 1926).3
tlu dtlminadas [ornam-se hcterônomAs, inl.erir-lrizando os projetos
que as sociedacles dominantes traçam para elas. (l) Os particlários cla liberalizaçãtl do abtlrttl dispÕenl de uma espécie de
A sociedadc dominantc quc mais nos interessa aqui é a norte- v,atle-meaun editacltl por M. POT'|S e C. WOOD: New Conc'epts in
americana. Cclntudo, seria injusto cair num unilateralismo tácil. Por Contr"ac'a1ttion. A Cluitle to Develol)menl:; in Family Plnnning, Oxftlrd e
I-ancaster, 1972. O I)r. Potts era então diretor médico clo International Planncd
um lado, politicamente Ialando, os EUA são cle Íato herdeiros cliretos parcnthoocl lreclcration, orgirniz-açâo i) qual nos referirenlos mais adiantc.
dc umtt longa traclição anglo-snxônica c inclusive e uropéia. Pclr c-lutro Sobre a histriria, iis motivzrçr1cs e os mótoclos dos ntovtntentos de plitneiamcnttl
lado, se movimentos militantes contra a vida humana têm sólidas familiar,ver tr introclução cle M. l'}Ol-l'S: "ProblemS and Stráitegy", pp. l-l-5.
raízes nos EUA, também é ncste país que se atlrmam com maior Sclbre Íl mcsma qucstátt, ctlnsultttr igualnlcnte, ntl nlesnlo volume, ll.
SLJI'l-l'EI{S, "The 'lnternatic'lnal lramily I'lanning Movemcnt': Aspects of its
clareza, c vigtlr i nquebra ntável, organizaçoes eticazes, determinadas (irowth ancl I)evclopment (l8ul-1971)", pp. l7--5-5. Nesse livro aparece
a clbter t-r respcito integrul à vida humana, da concepção à morte.l clariinrcnte a ligação entrc contracepqão e aborto.
açao rlesto tiltinto froçrio du opiniao ptiblico norte-ornericano justifica (z) Sobre as qLtestÕcs clc política demográlica, consultar nãtl apenas as publicações
g'ondíssimo,\ esperonços em escrtIo mundiol. Sua ação certamente não clo l'}opulation l{eference llureaur (Washingtcln), mas também tr revisttt

é alheia it sentença clitacla em 3 clc júÍho cte 19,39 pela Corte Suprema bimestral Bihtiogroplry of' Iromily Planning and I'opulation, Canrbridge, I).
I-INZIrI-I. (ed.). Ver, sobretuclo, .lacqures VL,RI{IEI{II, Les. politiques tlc
dtls EUA, itutorizanckr os Estados cla Fecleração a limitar as pos- poltrlation, Paris, I)tJIr, 1978. Ilibliografia básica enl II. (iLll{AIID e G.
sibilidades de rect)rrer ao aborto. WIINS(ll l,Cotnprcndrc lo démog'opltie, Verviers (tsélgica), Marabout, 1973,
Mcsmo assim, contudo, os círculos norte-americanos que se pp. 174-178.
(3) ()s aspcctt)s iltuais clos problcmas que abordamos aqui sãtt aprtll'undadtls nunt
prcocupztm com a segurança demogrírfica da metrópole e estãO
clossiê inrpressionanÍç: "Mctrituri". Cutx qui doivent mourir. I"a délivranca par
cclnvcncidtls da necessidade cle pcrmitir o aborto não podem dispen- la morÍ, l'lutmani:;rnc biolol4iqtte, ct le "racisrne ,scienti.líquc" (mimeografaclo),
sar o concurso da Europa ocidental. B.lr.2O2, 1.92205 Ncurilly-sLrr-Sernc (lédex. l97rl. Para contpletá-lo, Bernard
SOHIIEIlll.,l\,'l'he Mon. lk:hind Ilitlu" Á Gennan Worning ro the World.
"(ielrcime Reic'lts,tac'hr:", I;7lt 139 l-es Mureaux. l']ublications [-a
tlaye-Mureaux, s.c1^ Os at'lclrtomaníacos não plarccem nada crtnstrangidos por
Malthus eo império se encontrilrem na contpanhia de Ilitler, quc prcconizou e tnrplenlentou teses
funclamentalntentc scntelhantes às deles. Ver, por cxcrnpltl. ent Mein Kantpl,
Parrs, Nouvclles Í..ctitions [-alines, s.d., pp. 133- 138. Todos csses prohlemas Sãtr
Hír cerca de um sóculo as potências anglo-saxônicas preocu- estuclaclos por (ieorgcs NAtl(illl-ON, rn I-e cltctc' du passé! Av'orlemenÍ,
p?lm-se em elabt)rar programas clc controle ou limitaçrio da natalida- néo-nozisrnc, norn,elle morole , F 78 I 70 l-,r Celle Saint-Cloucl, (i:rrah, 1974.

I
t26 127
( ) u\lt( )lt'l'( ): z\Sl,l..( , l'( )S l,( )l .(
.l,l.l( )S t{t lM( ) A() (;l1N(xrÍl)lo IN'l'RA-1,'fERlNo

Suits tcscs' Lttlvcztlincltt mais (Juc


ils clc Gobincilu, cxc.ccrirn
citt ctlnsiclcrávcl cm ctttis mund.s i,lluôn- rkrs quais os clcsejos e o egoísmo do indivíduo são considerados
que ptlrcccm primcira vistit. Ntt
àr
mcnos c.stranh.s ,. .utr. d. um nadu...; clc dcve utilizar os mais avançados recursos da medicina para
muncl. angl.-s.xônic. csclarecer suA religião; deve declarar que nenhum indivíduo ncltoria-
1lrinr"ir,,
inglês e, deptiis, cacrA vez mais,
nrlrte-am..ifnn,, _, p()r -um rucr., as mcnte doente ou afetado por taras hereditárias... tem o direito de
tescs clc chamberlain rcÍttrçaram
as [cscs malthusianas cliissicas rcproduzir-se, e deve privá-lo materialmente dessa taculdade".T Sa-
sugeriram novos campos crc apricaçã.. c
Ariírs, com seu racismo .,tcu_ bc-se que entre as "taras hereditárias" definidas pelo Estado racista
tônicr-r", o mcsmo H. s. chamÀcrrnir,
qr. r. ,,rrn,r, cicratrãro arcmã., l'igurava notadamente o fato de pertencer à raça judaica. Sabe-se
crntribuiu Íirrtemcntc para rcavivar .
nacionarism. arcmão quc também que o rcgime nazista levou ao extremo sua lógica int'ernal.
rcmtlnta a muittl antcs clc Fichte,
para reativar a icléia hcgeliana cle Começou organizando esterilizaçóes, depois promoveu a eutanásia;
missiltl impcrial cla qual o Rcich scri,
herdcir', para c.ns.lidar a Íé cntão podia chegar ao genocídio, que surge ao cabcl de um processo
ntl "fu1,pcm supcrior" cttntackr por sistematicamente programado. Não bastava esterílizar os "importu-
Nictzschc c do qual . arian. puro
scria a cxprcssão cxcmltlur, e por nos" de todo tipo; era preciso eliminá-los.
sinal única.
Da mcsm. mirncir., Hitrcr tevc .
mórit. _ por assim cfizcr _ Tais práticas e o regime que as inspira fc'lram contestados em
clc pcrcebcr it ligaçirtl ncccssária nome dos princípios que norteiam a tradição democrática. Eo direito
cntrc. malthusitrnism. e . racism.,
por um lttcltl' c il conccpçir. d, Estaclo, dos judeus à singularidade tbi reivindicado notadamente porque há
por outro. o artcsãra clir
histr'rri. cl. muncr,r, ,"grn.i. crc, primazia da pessoa sobre cl cidadão, da Naçãt-l sobre cl Estado.
ó . Est.cr. racisttr, que crevc zcrar
Jrclit sclcçãtl clc scus mcmbr«rs : "o Eslodrt roci,ttrr
clistribui scus habi-
lrtntes cm três classcs: ciclacli-ros,
súclitos clo Estacftr (.u natos)
estrangcirtls" Em princípitl, o nascimento c
con|crc ap., nas a qttrtli1rttlt: Clarividência hitlerista?
rla nokt t..-l o títuro de ckrudão,
.rnt o,s crit.citos quc crtnlere, scrá
conccclicltl clrt mancirit mais s,lcnc
tr. jovcm clc b.a saúclc e b.a Por mais que custe afirmá-lo, é preciso dizer que certos círculc'ls
rcputação, depois clc prcstaclo o scrviço
militar nclrte-americanos hoje surgem como herdeiros diretos da Inglaterra
Alóm disttl' graçils às ctlnccpções racistas. I...1,,.0
cabe ao Estackr d,r ir malthusiana, tanto por seu racismo do qual o grande público só
luz uma crtr mclhrlr. En[ãrrr, ,r, h,rÃcns ,,p*lcurarão
merh.rar a raça cclnhecc as manil'estaçÕes dentrc-r do- próprio país como por seu
humitna; ["'f uns, tcncltl rcconhcciclo
a vcrclaclc, saberãr. abnegar-se -
antinatalismo. Tampcluco seria possível duvidar do cruzamento que
cm silôncitl; tls tlutrtts. Íirrão . ckrm.jubikrsrl
de si mesmos',.5 cocrentc ocorreu nos EUA entre a tradição malthusiana e as teses racistas que
ctnsigr-r mcsmo, Hitrcr prcc.nizil
até um, ...ut.rizaçãrr) para pro_ inspirariam o modelo nazista. O mestre do III Reich não se enganara.
criar",í'0u incrusivc a citcririzaçrro: ..o
Estads creve intcrvir c()mo Antes de tirar as liçoes de sua ret'lexão para a Alemanha nazista, ele
quem tcm tt tlbrigaçatl de zclar pckl
Í.utunr cle milhares clc anos, cliante as explicita sobre t-l "modelo" norte-american«l e observa, elogiando,
que "em nossa ópoca há um país onde se pode ver ao menos tímidas
(4) I II'l-t_l1l{. Main Knm1l., p.43tt (grilackr tentativas inspiradas por uma concepção melhor do papel do Estado
no onginai)"
Ibiclcnt. p.
Iem matéria dc cugenia]. Não é. naturalmente, nossa república alemã
(.5 :10-1"
)
((, ) otrnlpitrirr corll zls tlpinrrlcs clc It. I)U.MoN'l'cm [-,tuopie ott paris. mcl«lekl; são os Estados Unidos da Amórica que se esfbrçam em
seuil' 1973' ptrl' ll-si e prt,;.tírrt: "Mcrirclas ar-rr.ritánas rim'rtativasln morí.
[ar-sc-âtl crtclit ve z n]itts ncccssiiriits. cia nataricracre obedecer, ao menos em parte, os conselhos da razão. Ao recusar o
nriis sti serâo aceiliivcis,ç (. (.omeÇorcm
1toi,tc,t rit'o.s'c plela cclucação clos clcnriiis,,ipp .l9ss. pel,s Acesso a seu territórit-l aos imigrantes cuja saúde é ruim e excluir do
iclóí, clc "itLrttlrizitçâ, piriii iigrif,l e ile Dunront). A
1rr,r.r,,,r'j Í,ri ricóir, p,r,. estii
tnslllLrcirr.l.tliz,,ttru na chin.,
n. vicrnÍi. enr i.)ing,pLrr, ".-iii.rosos,r-r[()res;
c cnr oLltr()s p,íscs. (7) [{ITLER, Mein Kamp.l',p.404.

l2s
l2e
() AItoR't'( ): ASt'tr( .,t.(
)s I,()t_i.t,t( .( )s
rl l{t IM() A() (;I:NO('ll)lO IN'l'RA-Ll'l'trl{INo

dircittl à naturalizttçÁoos reprcscntanLes


clc cerl.as raças, aJrr.ximam-
se um pouc. da concepção racista do paper tlcnrogrírÍ'ictr dçsscs países geralmente é baixa, mesmo se contam
tr. E.stacr.,,.* t;orn clcvadu proporção de jovens, e com alta taxa bruta de natali-
E.stc Lcxtct foiescrito nu ,
,, arerra à ..bomba p1op,rnfrl,il',iffi1X[#Xl;[I:Xl;]l.jl tlircle .

crescimcnto! ", quc,Jizer,quando


o marthusianismo ec.nômic, ain_
Dc rcsto, não é ocioso recordar aqui alguns dados recentes
cla nã. ti-lra recomenclad..,r ( 1986). Para alguns países, vamos dar a densidade por k*2, depois
Ora, se o ,"*u, de uma .,cxp*rsã,
clemtlgriílicA" jír se maniÍ'estava.na indicaremcls a taxa bruta de natalidade, quer dizer, o número anual
Inglaterra vitrlriana, e sc tal lcm«lr
se cruzaria c.m rl racism. cr, Aremrint o uni., clc nascimentos vivos por mil habitantes.
mcsmo da subida dc
Hitler atl po«ler, nãtl há mtttivo para Países relativamentc pouco industrializados: Indonésia 86,,7
dade dessa dupra preocupilçãul
assombrr) ilo constatar a vitali- -
habitantes p()r km2 c sua taxa bruta de natalicladc é de 28 por mil;
na ,.rri"Jnie n«rrtc-americana «rc
hoje' A naçãr quc substituiu a Clrina t 1 (l,Z e 19 respcctivament e: Índfu 237,6 e 32; Zaire
imperiat Àtt,iun em escara muncriar - - -
está enÍ-eitiçada pelo racism. I 3,6 c 45: Pcnt 15,4 e 32; Brosil 76,3 e 29; Vanezuelo 19,5 e
cresde a época cor.niar;r0 tamhóm
perceheu, s.bretud. apris rg4:,a 30.
- - -
imp.rtâ;;i,, p.rític. c cc.nômica
cl0s problcmas dcr,rgrátj.os. Países industrializtrdos: Fronçu 101,3 e 14; Rcino-Unklo
Entretant., tais prcocuptrçt1cs nã«l sã.
apanági. clos ELJA, m.tiv. pcro 231,4 e 13; Alentunlta Federal
-
244,6 e 10: Bélgica
-
31 9.4 e 12;
quar têm tanta rcpcrcussir. n.s -
Eurrpa ,cicrenrar, crc .ncic 356,1 c 13; Canodá
- e lZ: EUA
ljil;,l' ," ,rriginam, hístrricamcnrc Holonda e l5; Japao
25,f1 e -l6; UR.§S -\6
'12,5 e 19.1
-326,6
1

os m.tivr-rs da atitucre d.s EUA - -


Assim senclo, afirma-se: o crescimento demográtlco dessas po-
sã«r múrtipr.s, e nã. cabe aqui
ret.má-lo's cm crctarhc. Arguns pulaç(rcs pobrcs, supcrior uo da maioria dos países ricos, faz pairar a
crcres, nu r.êm intercsse direr..
para nosso p«lptisito. "nruni,r, ameaça tla "bomba P" sobre o plane La inteiro. Dcssa "bomba" resul-
tariam prcssrics c violências clivcrsas t'rs quais os países ricos só
superprvoad.s porque poclcriam l-azcr frcnLc rcnunciando ao padrão de vida de que atual-
su bdesenv,rvid,s mcntc clcsl'ruttrm.I2
Ató hojc, ()s pr()gramas que visam a prcvenir esse "cataclisma"
Sem clúvicra, pouco sc chama
. atcnção para Íat. de quc, sarv. . demográ tlco tôm sickl bascackrs nos cliversos métock-rs dc prevenção
exccçãrr-r, .s
1r.íses cr. Terccir. Muncru rrà;..{i., ,.ur,p.v.acros:
'tttpct?)ot'}oado's em raloçrÍrt tr scu saôclesenvolvimentcl.
s. sã.
A dcnsiclaclc (I l) Segrrnckr olla77)ort stü la dét'cloppement dnns le monda 198(y, Washington D.O.,
Ilanco Mundi:rl, l9titi: ver as 1at'relas l, pp.25(rss. e 28, pp. 310ss. Os dados sãxl
I II'l'l-lil{, trÍcin Kumll, p. .13(r. rclitlivos a l9t9(r.
II) Aluclimos
(9) tttlui rtos ,,i.'ir,N .t" ,nl livftr cilel.rrc clc p. l1l II{l.lCH, paris, (12) l{ccrlrclcmos o cstuclo de I). PI{AI)lil{VANI), "l-es pays nantis el la limitation
cla pesqr-risa cltl olubc cle l{onta,
11)72.e
clcs naissunccs clans lc 'l'icrs-Mr)ndc", it't I)évekry1)cment ct ()iv,ili:;ation.s, n.o
publicaçcrcs alinrcnÍarnr, ,r.
os _l972.NuDrenlsu,s
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s.nr, ariás, cscrarecê-r.. 39--10 (março-ltrnho cle 197(l). pp. -l-4{) (bibliograÍiir irnportante ). AcrcsccntÍlr,
ffl]'i,t;;r,,lll* .i, do nrcsnrrt aLltor: Una À.fi'itltta cn ntorc'ltc. Itt rév<tltilion:;ilencieuse dcs poysont
r
;r
{ r, ri M A *,* *' l.,iill'il ;, : 1ll, ;lTi \ : i: ;;:;' ;; :;,;:: ii. fli, i;; í, tt.li'it'om.s.l'aris. l'kl'r. l9li9. O papcl ckr Il'Pl'r nesse cilnrp«t é analisitdo prtr
"Ílaltc ri ra t'ruti,ç.çon{'c",
r)Írns, [rct. ctu scuir, r974; .racquc.s
: (lolvillc I)liVHl{11[-l-, "'l'he Intcrnationui l'lanned l)arcnthtxrd lrederation. Its
(itilLI-AtJMr'.. I.'anri-éconr»niqr«:, A.[-r.AI_r c Mirrc role in clcvckrping countrics",in l)emogr"ridq,,n.''' 2 ( l9(rll), pp.57a-577. A Dra.
I,.ris. lrt,r,,' tq7+, AIricd )^AUVy.
L'écorutmic tltt-tlioble, I)ilris, I-c livrc clc p,chc, I97ri. Vcr Wlll I-l -l IALLI r Íirrne cc ulgunrtrs prucisócs sobre a inspiraçâtl
r'rosrlr{r,,r', .r.-r-. srMoN c.r.M.
clc t',. tanrr"linr .s tr.[.r.lh.s norlc-an'lcncarrir c auglo-saxôr'trca clo "pianc.1aÍ'lrcnt() fttntilittr'' enT l-'ot'r»'tcmant
(10) (:t. lrti.sc MAI{il1Ns'r'rtA.s;. a^.sAs'rr)r{rals.
r'.c., tnvtrrc,r.lrtrurute,,rr
dc I'a1n, cnt espcciul nas ptl. 2[-53; rcsunrc no(aclur]lcntc as extravagantes
l)Írris, Ma.spenl, I977. rr, rn notion runéri.oine. propostils clo l)r" Ilerclson para linritar a nataliclircle no (tcrceiro) nrundo. pp.
3 l --il.

130
r3l
RtlM()A()(iliN(x:ÍI)l()lN'I.RA.I.J.I.tjRlN()
o AtloR't-(): ASI,E( "t'()s Pot.Í'l'l('( )s

livrtlparapr()varocontrário.lTEmlugardeutilizarataxadecresci-
dos nascimentos e na esterilização.13 Ora, na opiniãrl dc scus promo-
rnonro global da população -9,:
i* p;ít' está ante: **:n:: nnt
que os
tores, essas campanhas estão longe de ter dado cls resultados prcvis-
clensiooá" demográfica do país. Demonstra, assim'
cifras de taxas de
tos; a cxperiência, mesmcl a chinesA, mostra, ademais, como siro o"*.gta[ica muitas vezes têm
países com elevada densioãoe
aleatórias todas as políticas demclgráficas.la Por conseguinte, é prc- rrãng-rong é um notável exemplo
ciso sensibilizar a opinião pública mundial, induzir nela o "medo orcscimenro ec;;ômico "t"uoaur. ricoso::fY
cle superpopuro[ào t'"ner'u ";p;;teã ""onomi3'
à
demográfico".l5 Nc, Terceiro Mundo, será explicado que uma eleva-
da taxa de crescimento demográfictl é um clbstáculo decisivo à deco- tcnta-seexplicarque,sequlseremmanteremelhorarseunívelde
sua população' dando assim
lagem econômica.1ó vida, clevem estabiiizar voluntariamente
O economista norte-americano Julian L. Simon dedicou um () exemPlo acls Países Pobres'
Contudo,nãobastaumacampanhadeinformação.Comoos objetivos desejados'
agora não.ievar.T
mérodos empregados até i?t há pouco temp.'
ãe métodos aos quais' até
ó preciso obteráceitação
( l3) Popilation Reports putrticou principalmente, a partir de l9tJl, um clossiê
dedicado a "l-a stérilisation volontaire: tendances et problônres juridiques". tinha-seaversão.Entreeles,()abortoOcupaoprimeirolugar.De
Após o exame da "situnção atual" (li 6), são abordadas as "modalidades cla fattr,pareceque..nenhumpaísdesenvolvidclreduziusuataxade seja legal' seja
reforma do direito" (ti l(r) e áls "questÕes jurÍdicas" (E l7). Trata-se de uma grande meclida ao aborto'
natalidade sem recorrer em o objetivt'rvisado
purblicação bilíngLie dcl Populotion InÍortnotion Progyam da Johns Hopkins não J"r"nu.,tvido atingirá
tlniversity, Baltimore (ed. em inglês: março-abril de l98l; ed. em liancês: maio ilegar; e que nenhum país recorrer maciçamente acl
matéria oe(jon,,.,t" da tertilitlade Sem
de 1982; série E, n." ó). Este dossiê explica tlem por que e como proceder para em
nrodificar as legislaçÕes. Cl. também, aqui, p. 83s. aborto seja legal, seja ilegal"'18
(14) Balanço e perspectivas cnr .1. VtrRItlEItlr, I-es politiqtrcs de popilation. -
Oonsu ltar, igualme nte, K.Y. I-Al{lt Y (ed.), T'he P op il a t io n C ris i.v. I mplic' a r io ns M art in Rotrert son'
N, rhe y
and Plan,; .for Áction, Bklomington, Indiana [Jnivcrsity I'ress, 1970; E.D.
DttlVE,R, Worl.d Popilation Policies: on Annoíared Bibliograplry, I-exington
ffi o ii,li;oxrorcr'
_u,,:::i :::',iL'lorntne' notre tlerniàre chance'
lggt. citrlremos a traduçãn"ion."rrr: Paris' PUF'
nnnuulles et niveatt 4e vie'
rírrnr-rriu,
Books, 1972 (instrunrento de tratralho indispensável). Estado da questão de Croissance clémograplriqur,
autoria de Il. IIEIIELSON (ed.), Pctpilation Policy in Devcloped CounÍrie,s, 1985. ?O'ftS e C' WOOD' New
strate8y'l
Novnlorque,Al'}opulation(iruncilliook, l9T4.Panoramaclasituaçã«lmundial (18) M. POTTS, "Problems and ii-y'
elaborado por f)orothy NOR'I-MAN e l-illlen HOl.-S'fATTIiR, "Population and concepts...,,pp.llss.Determinados-autores,ébemverdacle,atenuama
e queda da taxa de fecundidade'
family planning programs. A Factbook", D.o 2,in Reports on I'opttlationfi'amily importanciu''da ,.loçao entie'^iãr"
Planning, Nova lorque, Population Council, r'lutubro de 1976. Entretanto,acitaçãodoDr.Pottsmostrabemqueoabortoocupaumlugarde
( ls) A limitação cla natalidaclc, cnfocada em suas relaçÕes conr as políticas clc destaque(porassimdizer)"n.,"aSpráticaspreconizadaspelosmovimentos
desenvolvimento, é . estudada por P. PI{ADEI{VAND, "Lil peur pelo Dr' Potts'
antinatalistas'oqueimprrca.lreconhecimentodeumarelaçár:diretaentre
É:i"_línculo, observado
démographique", in Ec'onomie et l'lumanismc, n.'' 21-5 (janeircl-fevereiro tle aborto e queda cta raxa o" r".unoià;à;i Cf'' por exemplo' Emily
1974), pp.6l-71. Este estudo, benr document:rdo, suscita o <lesejo de ver pela maioy do:::p,::1?tt"us'
é ahrmaclo com clareza inventor!"'' P' 640:
atuirlizada e publicada na íntegra a tese de doutorado do autor: Les politiques CAMPBELL MooRE-cÁv-AR' ':':::il?*' must tre considered as
"Conceptually, abortion and
de popl.ation enAf iqrc ft'ancophonc dc l.'Ouast: obs.tocl.es at possibil.ités,2vt-t\., contraception
tlniversité de Paris (Ecole Prertique des Flautes Etudes;, 1972-73. Sohre a the most widely
complementaryelemtnt'"'ploy;ài;try1-wti"mofbirthplanningand
is ofteídescribed as
Africa, mas enr outro espírito, ver S.H. OMINDts et al., L'occrois,çement de la fertitity controi". E ela precirá|"ÁUo"ion also the means by which the greatest
and possiury
population eÍ l'avenir économiqtrc dc l'AfriErc estudos patrocinados pelo practiced form of birtn contÃi prominent
-
Population Oouncil (Nova Iorque), Paris, 1974. Ainda sobre a frica,ver o artigo t'reen u*'i"0"' tnO""à ahortion played a
numtrers of births have devetoped world' ohanges tn
de.lzicques VAI-[-lN, "f)émographie. Maitriser la croissance" ,inleune A.frique, role in the declines in rertiriti;;;;:"g some lllt cases uy clramatic cleclines in
n." 1457 (7 de dezenrbro de 1988), p. -571. foito*ect in
abortion laws (...) rrave treeá "Ern qrrc
1ó) J. BOURGEOIS-PICHAT e S.A. TALEB, "I.Jn taux d'accroissement nul pour pi"tt:sor SOIJTOIJL pergunta:
(
fertility" (p' 6al)' l'or sua"ve'l " clo francês métlio pafa
ousar
les pays en voie de développentent en l'itn 2000. llêve ou Íealité?" in Popilation,
panmar'i sinmdo o ,ír,d- ,t',e- iirctigoncia
n"" 5 (1970), pp.957-974.
r33

t32
() Alr()R.1,():
ASI»li(.,1.()s I,()1.Í,1.1(.(
)s
Itt IM«) A() ( ;l1N(X'll)lO lN'l'RA-L,'l't1RlN()

em cm 1.96e,scgunct,
é um â:fTJpresentatla P:,::l a c;u.t«r,h,rr, l'iz.cram, há muitos anos jír, investimentos que só se comparam aos

;:*ffi *l: t t #ü,n',.1 ffi ill:,,ll ?* i:Ii ;l iJili t:l'ctuadcls, com apoio dos governos da França e da Alemanha, para
ir criação do funesto RU 4fl6 pelas firmas Roussel-UclaÍ-Hoechst.23
:8:[ffi :::iffi
:T1*:,:,.:,=;,1Jffi ,::]:[i::,:,il::;;*::
[Jm avançcl decisivo na pesquisa garantiu-lhes uma pronta amortiza-
çãro do capital, a[ém de lucros substanciais. Mas as legislações permis-
porra n r«r deve ser o iei to r., 1,,',",
ibera,,r, J#lff:ifr ';
r q ue
i
sivas ainda precisam se generalizat.
:'aT
a I eg is I a ã o q
gem à ignorância
ç u e tit,e r at i a,i n r,,,.,,,
cientíú, ;;, vez que não :'il Xffi fill'.,*:..iTl
;; ffi Pclrém, o interesse que despertam as pcsquistrs e campanhas
antinatalistas vai muito além dcls labrlratóricls com fins comerciais:
e i m in a e u p r
ro cl r r., i,rg' ri,",
q o * q r;; ;
I s
importantes grupcls tlnanceinrs dos EUA dãro-lhes apoio direto ou
rem fivos à contra
cep.çrÍ o,Z p."",r,r
;;,; ;" :: ;,:r;i:;:r:^;, #:; indireto. A Fundação Ford, a Fundação Rockefeller, para citar só
dispõe de mei.s .iiror", reconhecer
praricar í;; ü;;#ffi1ffi:ffl*: estas duas, apóiam generosamente clrganismos que se dedicam a
divulgar a contracepção em tclclas AS suAS formas.24
;:'5 ::lil,i[: :::il:i:i]: ,.|,t c o n, r,,, a r, n a, a, d a .
3,ç*;ú. i
Naturalmente, é impossível enumerar tt-rdos os organismos que
llntrnciam as campanhas antinatalistas no mundo.2-5 Contudo, JAc-.
O papel dos laboratórios
e das fundações
an(ífrascs. A primeira citada é do Dr. Karnran. 'lambént se fala dc
"intcrccpçã{)", "inclução das regras", "mini-sucçãlr)", "interrr.rpção de un't
projeto de vida", etc.
r:::*.,'J[ii'i*in','::'J':ffi
níver internaci.'r,1r: #x:i3.,-EuA,masrambém,
do', pont.], o" vista está em jogo, em (22) A firma L-lpiohn teve o cuidado de justificar seu programa de pcsquisas sobre
a pt ica d a u rn econôque o assunto num panflcto cJestinado a seus empregados. C) títukl do panfleto era:
a po ríti"n, i, i r, rrin,
o * r.i;;;;.T:i ;Jiixlru;:n:: Medical Abortion: Upjohn I'rcsents View Ío Employers. Ábortion Stand. Áired.

il: : i.: :ff []:"r,]-J; ", ü j:["'


s re o or
*'> rç.' edenre a ri zad p
Scientific Role Makes Upjohn Non-['oliticol. Lê-se, notadamente, no panfleto:
"The l-Ipiohn Oompany hopes that timely use of prostaglandins before a
tracepçã,, -L oú.;i.d;;"ffiT.T:1,1ffi",uisas sc,bre a con- technically-de.fined pregnancy has occrurerl -
will virtually eliminate and need
dos lucro.s, aos quais to considcr an abortion" (gritct nosso). ISnt -suma, enquanto a gravidez não Íbr
cerros ràboratóri.,
para a eraboração
do que
na,r.#ii:Tr[:Illlr,.J. diagnclsticada, não se poderia [alar «Ie aborto, que se torna supért]uo com o uso,
é a tempo, das prostaglandinas vendidas pela Íirma!
"rr.ri.ti..ràr,"
1.i., .hrrnd., de ,.contra_ (23) .lá fclram publicados numerosos artigcls sobre o RU 486. Ver, por exemplo, cr
;Jfí:,:Í:;:,;lll
ru " (re'ç24 Y', ii:.J,
m e ns
-í.,ü ;;;; f rão
i,,lJil',í;.il
to,
as regras,, o u .,exr ra d do f)r. Jean-Yves NA[], "Avorter à domicile",in Le Mond.e,2l de junho de
t at
- r eia f ;'
;"Jj:il:1g
cã n
l9ÍJ9. A conl'usão nroral, e talvez os compromis.sos político-econÔmicos de
determinados círcukls cientíllcos, aparecem na concessão, cm 27 de setembro
garantir-rhc,
co.nr unra certeza de 1989, do prêmio Albert l-asker ao inventt'rr do Rt.l 486. Cf. Le Mondc de 28
centenas de milhares que faz temer a inconsciênciir
cte emtrriobs atiraor;;;,r;'in.]n".ooores ou a nrá fé, clue de setembro de 19B9.
(24) Apontamos a influência desses grupos in tempore non suspecÍo em nosso estudcr
,.,,,*iál,'l,,.,* .,.
cros hosprtars
nutorià,iáe?,,. ,n
.u
I-'et,orÍatnent, problàme politique, Universidade de Lc'ruvain (Departamento de
l::,:+mJÍi,ffi:',T,,:;;i";,'ir^:,ra
;; Oiência Política), duas tiragens, 1974 e lt)75. A pesquisa foi realizada pelo Dr.

[,,l
"qü*[*.,friiix,J:*,#.,,í",.Í#
esrãr: sea rre- ort h.
r.l oi nron .[ ;
nrrn rnn j. il;"-;r
(21) A rirerarura p«i-aooit.;;;;;
ffi;:]:*il
ãr euremril;;,;";r.a.ses,:fimerárorás
jihi:,
i ila
f, lnu
u,,,
EmmanuelTttEMBI-AY, em "L'a.ffaira Rocke.fell.er'". L'Europe oc'cidentale en
danger. s.1., s.d. (ltueil-Malmziison. 1978), estudo publicado em 1977.
I{ecentemente, tomamos conhecimento do folhettr de ltandy ENGE,L, I
Pro-Lifc lteport on PopúationGrowth nndthe American F\ilurc,s.l., s.d., (1972);
e-ortro. fornece grande núnrero de informaçÕes que confirmam e ilustram nossas
palavras.
t34
r35
It't lM( ) A()
(il:'N()('iDlo lN'l'l(A-t-t
t ) All()lt'l'( ): ASI'lr( "l'( )S l'( )l.l'l'l('( )S

por sua ação


E,ntrccstcstlrganismtls,clcstacltmosoPopulationCouncil'fun-
quclinc Kasun está em condiçties cle mcncionar alguns clclcs:2(''l'hc
ttirtt. p.r John ;: ffiil?;íi", ,r em 1952,e conhecido
AIan Guttmacher Institute; The American Association lirr thc Ad-
vancement of Science;The American Home Economics Associtrtion; .,, grl,".lc número cle Países'z8
The American Humanist Association; The American Public Hcalth
Association; The Association fcrr Voluntary Sterilization; Carolina
Population Center; Center for Development and Population Activi- A rlrigem dos recursos
ties (Great Britain); Center for Population and Family Health; The
Center for Population Options; Church World Service; Family Aorigemtltlsrdcurstrsdestinadclsat)gontrt)ledapoputaçãotoi
ct-rbrem
alguns exemplos que
Health International; Family Planning International Assistance; cstudada por luiinn i. si*,r1._rinr"m.s
primárias que alimentam
a19,76,.zgAs [ontes
Ford Foundation;International Federation for Family Health; Inter- ccrca «le 10 anos, de 1965 apresentavam-se
national Projects Assistance Services; John Hopkins Program for o" o*rirtencia à população
os tundos internacionais Jrrr^t"t' Éeieitn' 2'3ti8;
Canadá:
International Education in Gynecology and Obstetrics; National *;;;ir., "* *i,n;,o;"
tla seguinr. 33'3901 Suécia:
Abortion Rights Action League; National Academy o[ Sciences; 33.t346r A";;;hn'
É"0"' '"tt'-zl'stz: Holandã: -
ni'lt'" a' 867 '534' A ai uda g?Yernamen
25 '17 2;ÉÚ
National Alliance for Optional Parenthood; National Family Plan- t3 4.4g 1; n"int-)' Ü Ford participava com
r .z+g.i98;o Funooção ajuda
ning and Reproductive Health Association; The Pathtinder Fund; tal total ^ to* eg'oel ' Somando-se
"t"unro]*" founáàiinn'
Planned Parenthttod; Planned Parenthood Federation oÍ' America; 177 -757;o nn"it"feller
t;l' ;;;iyog g; s1 a U S$]-' 4e6'022'000' a organls-
International Planned Parenthood Federation (IPPF); The Popula- sovern a m" " "h" aS Verbas alocadas
tion Council; Population Crisis Committee and Draper Fund; Popu- Durante o perícld.., "..,níderado, milhares a 78'95[l
9" lóln:s'
#:ffi "' tT' ôi'ncil' A's universidades
lation Information Program; The Population InstitutePopulation mos privados elevavam-*"' '"ãft"
Action Council; Population ReÍ'erence Bureau; Population Resour- Dara o IPPF; 31'628poln punão das Naçóes Unidas para as Ativi-
'hn
ce Center; Populaticln Service International; Rocket'eller Founda- in* recebido 1 1 1'Ó41t t''
1 17'040'30 de
tion; The Sierra Club; Trilateral Commission; Worldwatch Institute; dades PoPulacit''tni*' hem como em matória
Financeira, científica eioliticamente,
Zer o Popul atio n Grow th.z1

ffi(sequ1'o3j.PRADERvAND,I-espaysnantis,..,p.1.l. e a aqão que


(2s) O Population Crisis (lommittee [Washington] publicou em seu boletim popuratiori'i;r';;i;ispoe o"iÃto, meios po'o ti pesquisa
(2rr) o
Popilation, n." l6 (dezenrbro de 1985), uma lista de Priv,ate Organizations in intimidar não
the Population Field, onde diz que "population organizations worldwide now esú-em-condiçÓes de
ocupa,defato'emnível^mundial'umlugarexcepcionalnocstudodos
e
prot'rlemas poputacion^", I
,'T;;uiçao mas ttlmbém oS g0vernos
number literaly in the
hundreds". Evidentemente, essas organizaçÕes
apenas ..,, de pesquiso,.J.àog'áficas,
Frank w' N
diferenciam-se umas das outras por motivaçÕes, meios e fins que não sáo ".n.,o, se u ti' noador''er
soúe
organizaqó; i;;;;;ionais' 3rd: A 'TESTE'IN'iÍl
personal appreciation"'
idênticos.
"ln memoriam John D' n"tr"iJrtr oe t'1i81' pp' 501-508'
(2{t) Segundo Jacqueline KASI IN, La grcna coníra la poblacion, (versáo traduzida
à"i i"i'p'"''-\!;;;;' n'o 3-4 çt"tt't'iã
Poputarion expÔu ,un, idéras
centrais com muita
econdensada do livrcl The War Against Popttlation), Vida Humana J.* ;"RbcrBrgiLE,R
Internacional, 10-5 SW I St., suite 210, Miami (Fla 33144),p.24.
o prÓprit-l
popuration- o rexro
(27) A respeito do IPPF, ver M. POTTS e C. WOOD, Ncw concepts..., onde serão ,nronlo"r',r," s.i"n,Inc study of
timpidezemconferênciapronun.inouemagostodelgT4emBucareste,il
International Review' o'"
encontradas diversas informaçôes que dispensam comentários. O IPPF reúne convite da
conferência toi publi*,f,.
à* f oprtlarion oni b"''t'p'ncnt
organizaçÕes oriundas de cerca de 100 países. Vários movimentos mencionados dessa
aqui são analisados pelo Dr. e Sra. WILLKE em Le liv,re rouge..., p. 183; outras 3-4,pp.sog-iiÀ,.o*àtítult.ldã..Popuíotiong,n*tn:theroleofthedeveloped
indicaçÕesa respeito são dadas pelo Dr. e Sra. J.C. WILLY'E, Abortion. World"'
2l-2'p'321'
Í29\C.f-JulianL'SIMON'L'hotntne'noffeclerniêreclwnce'tabelaZl-l'p'317'
Questions and Answers, especialmente nas pp. 291-300. Ainda é preciso nàiíã"'"iàre clnnce' tabela
i3oi cr. J.L' sIúó N' L'homm''
acrescentar: dsia Foundation, Christian Aid, Commonwealth Fund, Josiah
t37

136
rtI
( ) Al]( )l{'l'( ): ASI,li( ..1.( ,(
I )S l,( )l .Í,I.t( )S
Itt IM( ) A() ( ;l1N(X'll)lO INl'RA-1.11'llRlN()

míclia, cssas instituiçõlcs rccebcm


um apoio muiLo imprlrtantc tlos
EUA. É ,l caso notaclamcnte do IppF, sociaçircs antinatalistas c prri-aborto já é inquictante e reveladtlra.
ao qual são associackls :r 'l'ais motivações variam confttrme os públicos c. em função das
Fódératign bclge pour le planning
Íamilial c o Mouvcmcnt Íitrnçais
de planning Íamilial. circunstâncias clc tempo c lugtrr, sãu'r apresontaclas cle Íitrma seja
Apriadar p:r, tundaçoes privadas, essas crudita, scja popular. Ora invocam-se consideraç(-)es dc eugenia; ttrit
instituições muitas vc-
zes também receb", up,ri,-, cre. alcga-se a libertaçãro cla mulher; ora lcvantam-se argumentos ectlnô-
orglnism.s governamentais, como
Nati.nar Insrirure of Fiearth dos o
bue
EUA para. Desenvolvimentcl Interno.iunni;.:,
o, i usAID (Agência
\ c,---- aos
micos e sociais.
É ribvio que nos países ricos o primeiro e principal argumenttl
os dad.s m,is recentes, .-..,r"t.J.rr-f,r.'Hnrry ir scr convt-lcado, por motivos táticos, titi o tema neomalÍlttt,çiano
fcrram comunicaclos por Julian cross, que nos
-f L. Simon, não clássico cla libertação da mulher com seus corolítrios: hedttnismo
9.".i':re Agê n c i a cr os E uÁ u.n o Des individualista, matcrnidtrdc-carga etc. Mas. a partir tltls antls (r0, as
",;: fi; HL r::'Jffi: i
e n v",
(usAID) dispô-s,.lTn r", p.,',grama «te organizaçõcs antinatalistas clcsenvolvem lilrtementc argumentos
porítica popuracionar, ncr
período 1984-1giJg, cras verb.s
quc discriminamos a seguir, exprcssa.s c:conômic()s c sociais. Ao Iazê-lo, chamam a atcnçãtt cltls ítrgãos
em milhares cre crtirtrres. Torar:
is..zoq1qr", JJer, r r.053 p.r an.), governamentais ou internacionais, que pass?tm et t"luvi-[as. preocupil-
que equivalc a 1o0o/o- A distribuição
i.ri taiir, cra seguinte maneira:
.
ckrs com a "cxplosãrcl demogrática mundial". Nota-se aqui a intluência
coleta de cJaclor 20.509 (4.102),.
t.ru se.ja, il,fo, pesquisa sobre persistente das idéias do próprio Malthus, particularmente visíveis
t'ertilidade: 9-399 a
(]-:s,1Í]),' .u seja, 17o/o; apoi. àr porític a: 25.356 nas agências da ONU:33 a Cttmissãtt dc Ptlpulaçãtl, o Conselhtl
46o7o.32' gssim c.mo clecicliram,
,fj;jlil]:_1para
tnquerttos :_..ir, com razãr,abrir Econômict-l e Sclcial, a Organização Internaciclnal dtl Trabalho, a
apurar casos cstrondosos clc suborno,
de detcrminacr.s países ttúvcztambóm as aut.ridacles UNESCO, o Banco Intcrnacittnal para a Reconstrução e tl Desen-
fizessem muitt-l bem em per_ volvimentr-r, t-t UNICEF,34 bem como a Organizaçãrtl Muntlial cla
guntar-se qualé a.rigem .o crinheir.
de qr. Jirpocm as t.trganizaçÕes
antinaLalistas tavrtráveis ao abrtrto. Saúcle.3-5
Relotórb ckr Banco Munclial sobra o desenvolvi-
Pcrr sua vez, o
rnento no mundo (1984) cxpõc claramcntc a ativiclade antinatalista
desse crrganism() no Tcrcciro MuntJo.3t' Essc Relatório acena com o
o ab,rto: um mét,do de rimitaçá, dos nasciment,s
(33) Cf. IJ. SLrI'n-l1I{S, "The Internertional tanrily planning movement...", in M.
sti a heterogeneidode dns moti.r,rtçcies inv,cacras PO'fIS e (1. WOO[), Ncw, concepÍs..., pp. 3lss. Ver também l{. SYMONDS e
peras its-
M. CAI{DF.lt, 7-lte IJnited Nation:; nrul tlte Populntion Qucstion. I-onclres.
Sussex [.lniversity Press, 1973.
(31) Scgunclo P. PI{ADIIIIVAND
(Le,r payl; nonÍi,r..., p. 33), de (34) Sobre o L.INICEIT, ver, por exemplo, o que dizia ent 1984 seu Diretor (ieral,
organizaçÕes' "a AID norte-nm..i.unol...1 rodas essas janres I,. (iItANT' em I-a sifimtion des en.fant:; dons le mondc. 19<94, Nova
a limitaçãtl clos nascinlentos tanto
ti.r, ..*
o parte cro 1eão e gasta conl
quanto tocras as outras organizaçÕes Iclrqr-rc e (ienebra, ONfl, l9tl4; essc rclattirio tambóm foi publicaclt), con'l
(7-5 milhÕes c,c clól.res no
ano conrábil cle f lf,9_7i),:. S"grncl,t.l.-L. iuntas alguns complenientos, por Aurbier-Montaigne. Parts, l9Í{4.
TJSAID gasroLr g(r7 nrirhÕes cre SIMON, a l.'' da OMS
crórares em I0 0nÁ (35) Le onziàme ropport annrrcl (l lLelatório Anural) exp(le
exempro. r2 nrirhÕes cre cirirares 1rg6-5-lg7(r). AJocou, por
aorppF- en-t rgi+,,e cerca deTgmirhÕes cletalhaclamente o I'rogrammc spécial de reclterclrc, de développament ct de
dólares em l0,anos ( l9(r-5- t976);ao de (ienebra
Pathfinder Founcl, crestinou .o redor de .fonnation à la recherclrc en Reproduction luunainc. Foi puhlicitdtl cm
milhÔes cle dólares Do ffis51111'v 3I
pãríodo. cf .l,,hornmo, ,oo, em 1982.
derniàre chance, pp.
3 r5-32[J (vcr tan]bém a
figura zr-2, p-323, benr .,rr., (36) Esse Rapport foi publicacto pelo Banco Mlrndial, Washingtr-rn D.Cl., l9ti4. Clf.
(32) (irifr nosso. fl
sr. u.r.y'ii,rJs e nremt ri, vr'
a-tabera 2r-1, p" 3r7).
Claire IIRISSET,l,n sonté dans l.e tius mondc, Paris, La découverte et le
Office of Population. 1IS'AID ,rrv/ Deveropmenr
or, rrjài,.v t''çvur('pn.lent f)ivision.
t;l'
Moncle, 1984: "No transcurso clos últinros ck'ris anos, o Banco Mundialdecidiu
notadantente partrcipar cle açóes de saúcle comunitária inclusive no campo
-

r39
( ) Altr )l{'lI): ASI»li( .,Í,()S I,()l,t,l,l(.( )S
l{t IM( ) A( ) (;llN(X'll)l() lN'l'RA-Ll'l'tiRlNo

cspect*l cle uma sutir chantagem


financcir n,rr)Í.Írrn rrr. ^
d esenv.rvirne.n
ro, o b rigad.s a im p rcme ^ c:l'iciiciu cm matória dc rcdução clos nascimcntos! A publicação
Relatóio explica cÍ
n ra r
;.!lL:';T;: m:A Ili
L'Erytrcss ['ez uma rcprlrtagem há pouco tcmpo sttbre a Sra. Chen
",rr,ias .;l
; : x;í: *, : ::.
o

prec ; ::" ::il ; : H:]:l ;: ::i11x];, ,1'
Muha, membro suplcnte do Comitê Político dc Pequim,38 ttnde essa
scnhora reconhece que, desde 19f10, é desenvolvida na China uma
ctrmpanhu antinatalista autoritária. Ela precisa que a "política de u,rn
;:**;Hffi:,1;§,ri;::::TL?Íf:T:l'íJí:iÍl'.,11,",Ii I'ilho por cosal é incanth,udn pelo Ocidente" (grito nosso). Em 194t1,
Entre os fatores que determinam o presidcntc Reagan cortaria todas as verbas alocadas pelo USAID
a contracepção figura, a redução da fecundidade,
evidentemente, em rugar iro IPPF e ilo Pathfintter Fund, a não sar qlte estas organizaçóes
de destaque, mas deixassem por comploto de promover o aborto cm outros países. "Em
,il;ffi il:'â:|jrlm a sra n de pr«,p..ia.,' J" ; bc,r ros, ng,l.o m a is 19É15, cl Congresso tlos EUA, nas mesmas condições, cortava igual-
A partir daí o abtlrto é classiÍicaclo entre os mentc as verbas clestintttlas ao Fundo das Naçoes Unidas para as
mét.d.s de limita-
çãr. da Í'ecuncridacre.3T A csteriri zaçãr.t
; ir;;;ratra e subvencionada; Atividacles Populacionais (UNFPA), e* virtudc dt-r apoio dado por
não esquecem de incitar essa agência da ONU a() programa dc abttrttls e de gentlcíditl na
as pessons ir atra.sar
"os governos quc quiser"m a iclacre
cro casament..
redrzir a fecunàiona. p.dem China."3"
os programas de prancjamento cclmpretar Sofrendo prcssõrcs ckr exterior, mas também agindo por vontade
famiriar ,r;';r,rgramas s.ciais
mcdida's dc incitação "
e dissuasã., pccuniírrir,J. c.m pr(tpria, os clirigcntes dc Pequim querem atingir o crescimento cle-
vem os pais a tercm menos outrAS, que incenti_ mogrático zero no uno 2.(XX) ou seja, urna população de 1.2 bilhão
sistemas de incitaçã.
firh.si" au, intrtório (p. r40). -
nessa data. Equivale a dizcr quc o aborto é praticado em série, pondo
"
e dissuasão exi.stiriam Esses
mri, de 30 países do
", tcrmrr a 80a/o clas gestaçClcs em clctcrminadas regiÕcs, como em
Hff': H*** :.f i '"rinl"nte muir. inÍ'eri.r à rearidade. Tudo Cantãro, onde a intervcnçãur é realíztrda, em um tcrço dtts casos,
depois tlo sexto mês. A eugenitr tambóm ó um ttspecl.o imptlrtante tltl
regim e o", n",ii,t:il
licença-maternidade na
i.:il:'ll:T
siJj:,fl::. il :,;,ll]:*ff ;: plancjamento dr-rs nascimentos, pois a debilidadc mental laz a Naçãtt
terJra gravidez, com aumento percler tempo!ao
para r parto, prioridade d.s tariÍas
para «.,.s Íirh..s.r. rn*íia
acesso à escrra, atribuiçd. pouco numerosa no
dc habitaçã. p;;;i;*írias
crc baixa rencra
clo número ct" iittr,r*,
:*,rlr#entemente cirar ;;; apenas arguns
A china resp.ncreu muito bem
a essÍr p.rítica antinatarista
ffi::lj':'â::i::f:iy:) 9 r:: da
."{;,;,u',,n (38) Ver L'fir.pres,s de l0 de agosto cle l9tj4. I'ara o Victnã, cl quadro tambénr c
durante a c.nr.erãncia
Murãior pofiilft;.lílTi::il:
meda,ha da oMs sombrio. Vcr LAN-'l f.lANII-l-lllM, "La planification tamiliale au Viêtnan]",
in l'optl.ation,n;" 2 (março-ahrilcle l9ti7), pp. 32l-336.
(39) (ff. I)r. e J.(.. Wll-KE, Ábortion. Question.s orul An:;war'.§, pp. 299ss.
do pranejame_njo famiriar
n.,: croi.s Iêmes, no pa-quistã..
(40) Sohre o caso cla (lhina, vcr a ohra de reÍ'erência clc I (lhuan Wtl-BI1YENS,
Comores, no Malawi, -
n,., S.n"gãl e no_peru ,,
na Incronésia, nas Politics in thc I'aopla's llapúlic' o.f China. Thc Case of F'ertility Control.
(37) Ver pp'tJl e (p. 177). 1949-l9lló, tcsc cle cloutrlrado enr (liências PolÍticiis. 764 p., Llniversidacle
127' tl'tiÀii.j'N".tions
Irunct roi poputari.n Acrivities
em Nova rorque, em re7e, pubricou Oatcllica de l.ctuvain. I-ouvain-la-Ncuvc, l9lJ7: a n]esma especialista put'llictlu
..,y9ã ,ir'íi)i',ii,rrl'nn
" knrury con*or, dividicto
em duas parres: uma crecricr,uu,::,:riri,aá,,1pi.'ii.r.,.,
1, "srrcioeconomic cliscrepancies and fertility control in l'eople's Republic of
i) .,rerminarron
;::i:flil#;?i[y#.3' r.i" cc,nsidôra iiár,úi,, un,ourra
métrxro oc «,ntrore
Ohina", tnllevtrc da.r Pays de l'Est,llruxelrts, t.2, 1987, p. l-"51. Ver também
I-ucien IIIANOO e IIua CI-IANG-MING. "La population chinoise face à la
rêgle clc l'en[ant unique", inÁctc,t dc la rccherchc en:;ciences sociol.es, n." 78
( junho dc l9á19), pp. 3l-40.

140

t4l
A síndrome de Panurgo

Pobres carneiros! Pobres vcndedores de carneiros! Rebelais


cxplica-nos por que no oitavo capítukl do seu livro quarto do Pantu-
yytel. Para que Dindenault precisava vender um carnciro ao patit-e
clo Panurgo, capaz de tudo, c principalmente de atirar "em pleno mar
scu carneiro que gritava c balia"? Ora, eis o que aconteceu: "Todos
os t-rutros carneiros, gritando e balindo na mesma entonação, come-
çaram a se jogar e pular ao mar em fila. A multidão disputava para
ver quem era o primeiro a saltar atrás do companheiro. Impossível
detô-los, como sabcis que ó natural no carneiro, sempre seguir, aonde
quer que vá, aquelc quc cstár em primeiro."
Alguns dos mais sagazcs psicrlkrgos contomporâneos estudaram
cssc compt-rrtamento grcgário no homcm e o chamarilm cle "síndromc
de Panurgo". Esta cxpressãr«r clcsignu trqui um conjun[o de] atitudes c
comprlrtamcntos em quc: as pessoas gritam e btrlcm, como o primciro
que baliu, ao qual scgucm sempre, aondc qucr que vá...
Uma das manitestaç(les mais comovedoras da síndrome dc
Panurgo é a precipitação com que os cArnoiros hoje cstão colados
aos calcanhares dos Sacripantas dc scmprc.
Vamos estuclar essa I'amosa síndr()mc cxaminando, para nt-ls
surpreen«ler, a prcssa com que setores inteiros tla sociedade curopóitr
colaram-se aos calcanharcs dos prt-rmt-ltores das campanhas interna-
cionais pelir libcralização clo aborto.I

(I ) Muitasvezesestudrrclasdo pontoclevistu do murkeíinc. as tecnicasde pcrsuasiro


sâo igualnrenle unaliszrdas na perspcctiva política. Ver. alóm cias indicaçÕcs
citircias ntr p.7t). n. I..litnrcs A.(.. 13l{OWN,'lechniquc,s o.l'Per,suo,tion. Fx»rt
I'roltaganda to lJruinn,ashing. I-ondrcs. Pengr-rin l'kxlks, l9(r3, .lcan-Noêl
KAPlrl.:ltlrl{, /-c.r chatnins da lo persunston. I-t: rncxlc d'inl'hrcncc dcs rnédias et
da la publicitti .s'ur le,s <'o»tpot'tcmcnt.\.I)aris. I)unoci. l9li.l; e Iütntcttr.s. l-c plns

143

À;
A SlNl 111t lMl: l)lr l'ANt ll<(;()
() At]()R'l'(): ASI'l:( "1'()S I»()l-l'l'l('()S

suplante a primeira sucede


Da imitaçáo à alienaçáo rlc lugtrr c()m u c?tusa; qualqucr ltlrça quc
que se pode desobedecer
ir scu clircittl- A partii tltl mtlmento em
impuncmcntC,pocle-seclestlbeclcccrlcgitimamcnte,ecomotlmais
conseguir ser o mais
No capítulo precedente, vimos que a liberalização do aborto crir
Íilrtc scmprc tem razáO, trata-s" np"ú. de
mais que um problema interpessoal, mais que um problema nacional.
fortc."3
tlcidental persistisse ner
Ltrgtl, scria Constrangedor se a Europa
E, um problema político, econômico e socialde envergadura mundial.
c(x)pcraçãr. c.m a maitlr hccattlmhc
demográfica dc ttldos os tempos'
No plano das relações entre o Ocidente e o Terceiro Mundo, as o aborttl ptlra te.r creclibilidade
Fjruprcci.§o quc os EUA auttlrizasscm
conseqüências da liberalização do aborto são incalculáveis. Seja na ttlssc pitlncira em.matéria
no cxterior. Era ltrer:isrt quc il Inglatcrra
AÍrica Central, no Oriente Médio, na Amazônia ou no Sudeste para que seu "ex., mplo" tilsse
ttc libcraliz.ç,. cio ab.rtti 1t"i Oc tlOZ;
Asiáticcl, a história recente frrrneceu-nos demasiados exemplos céle- Impóritl' ntltadamente na
mais facilmcntc scguiclo cm scu antigo
bres de etnocídio, genocídio c extermínios de todo tipo para que seja a seguisse cle perto para
Í'J1,, (lci clc lg1 l).Ér^ prr.i.ro clue a França
possível aplacar a nossa consciôncia [ingindo ignorá-los. Gostaríamos Alrica franc(ltona, ou
c()nvcnccr, it ltlngO prazo. n, p.,p,laçílcs-dtr
que o homem se tivesse tornado incapaz 'Je humilhar. explorar, Móclio' a scguir seu exem-
mcsmo da Améri'ca Latinr, ,)u cl,r-oricntc
dominar e matar seu semelhante. Mas os tatos nos imptiem a modés-
plo.EraprecisrlquequascttldostrstlutrtlspaíscsdaComunidade
no
tia c realismo.z cle Panurg0, mergulhassem
Eurttpóir,, cl,)minados pcla síndrome
No auge do poder, c apesar dclvigor de sua tradição democrática antecipaclo- Deste ptlnto de
abism. cla liberalizaçãrir do infanticíclio
e liberal, os EUA são trabalhaclos por potentes fclrças ávidas de posse que tls países o"''"1.I:,,vidtls
vista, a libcralizaçãrtl cltl abtlrtt-l é tl prcçt)
e dominação, atcrrorizadtrs com a idéia de ter de partilhar. Essas para cclnter o cresclmento
pilgam, dand. uÀ .*"*pltt mtlnstrut-lst'1,
lorças querem reger cl mund«r. Entretanto, só podem caminhar em po"pulacitlnal do Tcrceirtl Mundo'
direção a seu objetivo conquistando a adesão de cúmplices eticazes exemplo clo quc acontece nos
Deve-sc, portantt'1, cspcrâr quc' a
para suas tescs malthusianas c neomalthusianas na Europa ocidental. cm rcconsidcrar sua legislação
Estadgs Unidtls, a Eurtlpa nãtl tardc
AIiás, com toda Iacilidade. umtl qucstãtl cle justiça para com
em mtrtéri,,,t" nt.rtt't.4 Pnrn cltr ó dt)
Assim, a Eurulpa ocidental tornou-sc uma peça-chave no tabu- questãro clc crcdibilirJadc diante
as crianças não-nascidas; uma que
leiro de xadrez mundial, conlbrmc é concebido pelas tbrças inspira- e apcsar das pressões
Tercciro Mundo. Dtr mesma mancirtl,
doras da política mundial nortc-americana, quc apostam no binômio scl[rem, *ui«.,., países do Tcrceirtl
Muncltl pcrccbem claramentc as
medo e seguronço demográficu, tazendo com que a Europa partilhe ó "rccomendad." tl c.ntrtlle cltls
razócs p..-,t,rná,1., f"rn* quais lhes
essa dupla preocupaçãro. nascimenttls.''
Afinal de contas, a política antinatalista clesenvolvida no
plano internacional clbedece aos intcresscs dos mais lortes. "...A
(3) .1.-J.t{O[]SSITALI ,I-e ('rtnu'ot:;oc'ial' l-'l' cap' 3' Paris' Aubier-Mt)ntillgne'
descriminar e liberalizar,
partir dt-l momento em que é a força que faz o direitt-1, o efeitcl lrcca .,t...;a., esclitrece er clistinçírtl entrc
1943, p. (17. Ijsta
qlrc cxatninam()s na p.35 :+.. ..._rr,r \/^r lll]' IrA,,l Fll ,.Abortion,'
"Abortion"'
multo ceclo' Ver I IAYl-lrl{'
vieux méclia clu monde, Paris, Ed. du Seuil. Pierre I-E,NAIN. La (4) ftstu rcc0nsrderaçãtl ttli esboçtrcla 1979' pp'
19t37;
ir.r signs. .l.trnrtl o.l'Wttmcn ii Cttltrtre anrl Stx'rct1', r' 5' Novit lorque'
maniptlation politiqte, Parrs. Ijconomica, 1985; Serge MOSCOVIC[ e Gabriel
MtlGNY, Psychologie de In conversion. Enulcs xr l'infhrcnce tnconscienÍe, em M.V. clc ASSIS PAc,r1(lo'
1Ll-tr';',,rrncias .ptrrecem n()rad^nlonrc
ltio clc.lttneircl, l96ti:^l'l' lltillNE'lt
(lousset (Fritrurgo S.), Delval, 1987. (-s )

(2) A relação entre violência e clominaçâo é investiga«la em I'-. WElt'IH ANI,A sign Neoc.lonialism. a'r.ontrole rlrt natttlitlarlc,
.fctr Coin. An fixpktration o.l'Htunan Viole,nce, Nova Iorque. Warner Paperback
(iAI,I-r),filnlitotlclaexpltlsk.lntlemtlg.ti|ica.I-oautor,cgtluciónrutfitaldelos cle l''
Oonsurltar tamtlém ils trat'lttlhtls
Library, 1973 (ver, em particular. o cap. VI: "-l'he Malthus Myth", pp.99-113). poltlacutru:.r, IJuentts nires. 1961ç

145
t44
() z\lt( )l<'l'( ): z\Sl,l,( ,,1,(
)S l,( )l.l I,l( .( )S
A SlNl )l<( )MI1 l)11 l'ANt IIt(;()

A título clc cxcmpltl, citcmos um


csllcciirlist;r 5r-irsilcir.,: ..( )
Buc.rcsrc, .g.sr«, trc te74l . pr irrrt.irir rrrctirclc clo sóculo XVIII, a França cra tl país mais ptlvtladtl
:,:,,:T:ll.lY::.:Y. l: lll,raç,«,, rl;r lrrn'()l)ir. Dctcrntintrckls historiadorcs vôem aí uma das principais
q u c c c'' n,, íi?:,.,.'liiil :'I f,iI'Jil: .;,,;,,Jiil ( ;ursits rkt llorcscimcnt«l cltr agricultura, clas manutaturas c cla cctlncl-
;1, ff,ll Hil r::i
r

";
dadc' Para o govcrntl brasilciro
c para muifas,utrus crlrrcntcs rrrirr, cprc lcvirriir às rclirrmas iniciaclas cm l]89: sua tesc lttictlnfirma-
nais que rclle tcm a. tlpini,o nirci,-
pública inclusivc corrc,tc.s ,riunrlirs 1l;1 s: prccisu(a pclos trabalhos clc Simon Kuznets. Essc cctlntlmisttt
cla .prsiçãul -
o ritm. ,tuai dc crescimcnt. l)r()v()u quc ao contrário clo quc aflrmava Malthus, tt crescimenttl
de ntlcivcl' é -,
cra p,puraçãul, cnl vcz
bcnél)ctl para . dcsenv.lviment. rlt'nrr)Sriit'ico acarrcta aumenttl clc riquczas.S
junto com .,utrn,, .,rnricreraçõcs c dcve scr unalisrrckr
pararcras. Em tcrmos gc.poríticos, Dit mesma maneira, Julian L. Simtln, economista norte-ameri-
se a mera existôncia clc uma ('ilt'lo já citaclo.') cxplica por quc as teses de Malthus sti ptldiam scr
populaçã. 2(x) milhcres dc habit.ntc.s
(q" o Brasil dcvcrá atingir n,, iirini cloclesócukr lrrls:rs c mostra, ao contrírrio, os eteitos benól'ictls a lttngo praztl dcl
um p.ís numa grantre p,riênci,, XXI) não IransÍirrmrr
nã. existc, e m compcnsaç.., grundc ('t'cscimcnto clemogrírtico sohre nossos rccurs()s c nosso modo de
potêncitr sem população numcrosil.,,í,
virlir, ttrnto nos paíscs dcsenvtllvidcls como ntls chamados cm vias dc
uma razÁo particular clcvcri, impclir rlescnvolvimcnto. "A situncao alimcnLar pttr habitttntc mclhtlrtlu
a Eur,pa a rcc.nsicler,r.
sua p.siçã. s.bre cssÍls qucstõc.s.
.cidcnt.l é, crc r.r.., Í.v,ríivcr a.s
o cnvcrhccimcnt. cra Eur.pir tlurunte trs trôs décaclas subscqüentes à Segunda Guerra Mundial,
invcstimcnt.s a l.ng. prazo quc rinict-l pcríodo para o qual dispomos dc dados ctlnliávcis. Também
*tram leit.s pcl.s EUA; nada
mcrhrlr clue tratar com um dcvctrrlr sirbcmos quc a frcqüôncia das ópocas de Íbmc diminuiu progres-
senil c lácil clc manipular"T
sivamcntc, uo menos clurante tl último sécultl" (p. 11). Também nãtl
o p*"lpri. p,ss.cr,
cr, Eurrpa rcva a pcns.r qu.,
, sc,s prrbrcmas sc clcvc tcr mcdo dc quc o cstoquc cle terrtrs agrícttlas so csgtltc, como
dcmrlgrárÍlctls ittuais losscm colourckls
visãtl cltl l'utur«l tltl Tcrccirtt
numil pcrspcctiv. histriric., tr te mia Malthus: "Ao contrírrio, a supcrfícic agrícctlit aumcnttlu consi-
Munckr seria .timisttr. N. clcc.rrcr rlcravclmentc, cttntinutt aumentandtl, c tudtl leva a crer quc assim
dtr
"(ls rccurs(ls
l)rosscguirilr sc litr nccessário" (p.12). Do mcsmtt mtldtl,
PI{AI)lrltvz\NI),rc.tr)rr.\nrtnri.v...crttl.teurtrénuryt.rtphirlrrc.r;.r.u
IIirn sUyrN. cércbrc csi"ciarisrr,'"n., r97r.ar)r.. nrrturais trtrnar-se-ittl cada vcz mcnos raros. mcnos cAros, e repre-
c;rrin,r, cscrcuirí. ,..r.hc expr,itecr scntaruo uma [)roltrtrçãro mais rccluzidtr dc nttssas clcspcsas ntl luturt)"
worlcl Ílrc vcly conscitltts ,it'rh" in rhc
genOciclal policics ,rt'r,,.i.r,r. .l'hat
nrany .Í'trrc p.pur.ri.ns arc
À.stire ro ramiry pra,ning. .r.rrcy
is why in AÍiica
(11. l2). Alóm disttt, cxclttmtt tl Auttlr, "quanttt mais gcntc htluve r, mais
p'pularion expr.si,n rhcory is, kn.w thar rhc
r,cisr invcnrcd ry,ir. :iir.y kn.w
rrr.t rhey are mcntcs huvcrár para dcscobrir novas jazidas c aumcntar a produtivi-
uncler not over p.Puratec] ancr th.r ,r.,"i,. ',,
- -
nlilny pc.plc, [rut thtrt t. be a ntinrtritl, fl*"rf
,.,,r, bcc,r-rsc o[ t..
'I'hird wt)rcl"'"' is r.l.rc wcak..(,.|{ircc rcluti.ns ancl the
lrti:'::-l:" 13(l't7l)l,p (.).0iracloerrr
l{oberr lllrNIlwlCK,lt.N. (ft) Vcr, entrc seus numcros()s trabalhos, "l)«tpulÍtttt'ln, revenu ct cilpital", in
lllll{KI, lthiku PAIUTKIT 1cis.; Bulletin internatirtruil tle,y Scicnc'e,s srtc'iules, I 9-5.1, pp. lt3 I - lfiu:
,Kn),,r,tr,tg, anrt t)crie/.in poriric.s,.r.rre ,robrent
o'l' Ideolog, I-orrcrrcq_(ieorgc "tJnclcrclcvcktpccl (ltuntries ancl thc Prc-inclustrial l)hascs in thc Advancecl
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,\ttil noltÍczo, trnplicuç.(.)(,.\ ( (.()n.\,(,qiiantttli,lJrtrsrliir.
f;rn.irça,, I lnivcrsrcjaclc clc SIN(;l l."l'lte 1..<'orutmic:; o.l' Llndertlo'cloprncnt, I-tlndres, ()xÍilrcl Ilnivcrsity
IJrasr'h;r. r973, p. 30. su.,metrla
. ftr.cs pr.rrcr.. *xrern.s. . porítrcu l'rcss. l1)5ti. p1-r. l-53 ss.: cl'. Sinttln KI.lZNl'-'l-S,l:,t-onomic (irow'th o.l'Nrttions,
dcnltlgrál)ca brasrlciril tornoLr-se
antimlahsta a parrrr clc 1g73. I{rrrvrrrcl IJnivcrsitt, l'rcss. Oamhriclge (Mass.), l()71:, ('rois.\once el ,\lt'ttclures
prol'rlcntrr ent I )ériv,e totalitrtirc Aburdamos esrc
dtt libentli,çntt:. écongntiqttas, Pitris, Otrlmann-l-Órry l()72. (]onsultllr tamhórn I'. SINGEI{,
(7) N ent I ( )clos os clc nr ogrit Ii ls ociclcni,,;; ;; ,ii;J.x I)inâmicu ltoltttlut'ionul t: I)csenvrtlv'imenlo. O prtpe! do crc.scime nÍo
populot'ionol no rlcscntttlyimcnto etonôtnico Sãttl):tultl. ('L'llll{Al'. 1971. vcr
:; ti,::'l;
: ti; "'r'' ;;;; :1i:í : ü:i1 i,:fi :1ffi i.'
n
; i:1 I,' 1 i ffi : :: igualnrente unt clossiÔ clc clivulgaçãtl Oarlo M. (llPOl-1.4. I,'explosion
",,-, * u,,,)!,"1'lí,r}];1:1' rl ;,
vi c, rr e ssc
I il-i..i'l: ;:]ffi ; l : ;;Í ; lj:Í;,
(e)
démog'opltiquc, l)itris, t-allilnt, I975.
(lf..l.-l-. SIMON. L'homma, ruttre dunit)re chancc.

t47
A SlNl)l{()Mll t)l: l'ANt Il{(;( )
( ) Alt( )l{'l'( ): ASI'lr( "l'( )S l'( )l ,l'l'l( '( )S

clirclc!" (p. 242). A.ssim tambóm. "irs criirnçirs arlici«rrriris irtuirnr sobrt' St:(ll.lcrintlltlrl)ilrrlctlntô-ltlclovcmscrrevistosdemaneiraradical.
suburirizacla'
r )cc.rrc tambóm
quc o homcm;;; ;. p.ssibirittacre. tlutras e
a cc()nomia ckls paíscs mcnos dcscnvolvickrs lcvtrntkl ils l)clis()ils .r mcio tla agrtlntlmia, cntre -
trabalharcm c invcstircnt mais, provocando u mclhoria cla inll'a-cs- tlc intcrvir na naturczzr - por
truturu socitrl, notadumcnLe das cstraclas c du rcclc dc comunicução" tritstlcictltttle:ótlpapelclapolítica.PtlrtrcasiátlclacstadadeM.
19ti9' um cle scus c0nselhcircls'
(iOrt.ruchcv cm Pttris, ntl verltt) de comel:í::l:'-' "'
(p. 310). Por ['im. "umtr lirrtc clcnsidaclo populacional ntur prcjurlicir dois tatos quc disp.cnsam
N ikolai Shmolcv. a agricultural
a saúde nem () bcm-csLar psicol(rgico c social" (p.21l), c "o crcsci- '"'*ottuu q,i" trahalham com
mento clcmográl'ico niul ó rcsponshvcl pcla variaçiul tlo nívcl dc tJRss há 3 milhcrcs cte [uncioná;i,; uma gestã. melh.r dtr
poluição" (p. l2). Aliás. "a cs[)crança dc vicltr, mclhor índicc global
n.s EuA, t,e .i.ri, milhóes d.';;;i;:it,',."r!
massas pt-lbres as meclidas
rraturczu cla socicclad. p,rupãria. às
c nenhum
cla poluição, aumcntou scnsivclmcntc à mccliclir quc u populaçiut
rlcsastrosas quc lhes úo
i*portl, pelos ricos c náo resolvem
munrlitrl crcsccu" (p. 13). Umtr tzrbcla aprcsentada prlr Julian t-.
Simon l0 mostrrr aincla quc il supcrtícic módia das Lcrras agrícolas p()r frtrt',t"ma dcfuncltl'17 .-..*^.,^hq munclial liberal'
nela liberalização
rn.nr{iâl pe]a
Afinal dc c.ntas, a atual campanha misiificação' Dc Iato'
pcss()a utiva no sctor rural aumcntou cm todos os paíscs inclustriali- tl() u*"
rlo abort,r..t,'""-nos clitrnt" $igit":::::r sc ft-rssc bem-suce-
zados dc 1950 a l960.ll Scu livro Lumbénr aprcscnta numcrosils clestc tiptl
()s bcncficiírritls tlc uma camptrnha -
curvas muito persuasivas sobrc as mtrtórias-primas, scm csqucccr irs
clida-seriam'trmóclitlpraZ(),tlsrictlsdcntlssaópt-lctt'cnãtt.ltrsnaçCles
tr Eurtlptr tlcitlcnttrl sc
cstaria ilu-
klntcs dc e ncrgia" l2 Ji:r cm 1969, Estcr Boscrup cscrcvitr no final dc
cltt Tcrcciro Muncltl. E,ntretitnttl.
scu cstuck): "Uma socictladc primitiva tcm mais chanccs clc clcslan- ti*,r hcnclícitt. it longtl praztl, cltl
dincltl SC pcnStISsc quc ,ui ^rg"*
char um processo dc dcscnvolvimcnto econômico sc suÍr população À,'"tt''*encltrç(lcs ttntinattrlistas
c()nours. prcstad. àr c^mpanhtt. algtr
sc encontrar cm cxpansiro tlcmogrti['ica tlo quc sc cstivcr cstagnada, .os pov()s cltl Tcr."i'u Muncl. its vczcs 1ôm inclusivc
clirigiclas vczcs sãtt'r
desdc quc, ó claro, scjam Ícitos os invcstimcntos ncccssários nu aos paíscs rict'rs' muittrs
clc cômic,r, ,ljli:-ü ";';;iáo polucm me-
agricultura. Poclc acontcccr que csta condiçãur niul scja satisÍ'cita nas subpttvtlacltls' cons()mc*
*tni"' dcsperdiçam monos' cle vicla' o
socicclaclcs com populaçãro clcnsa, sc a taxa dc crcscimcnto [irr clcva- ctcladãtls tôm menor cspcrança
nos. c()mcm menos c scus
dA."l3 humtlrrrtóliciramilrgoquandtlscsahcqucassubvençóespara(-)quc de plancjamcntt-r
A Sra. Boserup corroboru, ltrnçanckr miro cla gcogralia e cla ó chrrmtrcl() t'rcqüent.*.;;; por cut'cmism. - cla ajucltr sanitária'
etnografia, as críticas cle F. Wertham àrs tcscs clc Mtrlthus.l4 - sitem cltl tlrçamenttl
lamiliar muitíssimils vczcs g;r. hipoirisiir osstr tlc ser mesquinhcl
Da rcflcxiul clcsses autorcs, Íros quais poclcríamos acrcsccntar módica, alimcntar, eductrtir.. ctc" cnquanttl sc linancia
J. Klatzmannl-5 c J.M" Ctrsus Torrcs,lí'cntrc outros. dcduz-sc que o com . .iudtr *ó.1i.n, trlirncnta', "du'àtivtt
crescimento clcmográfico niro ó Í'atirlmentc um obstácuk) p()r cxcc- cstcriliztrçãrtl e trbtlrttls!
lência ao dcscnvolvimcnto, c quc, prlrtunto, os mótodos clrásticos quc

(10) Ibklarn, p. l3ti lJ ma variável Privilegiada?


(ll) Ibidern, p.241
( l2) Ver, por cxempkr, as Íiguras ckr livro clc J"l- SIN{ON. I-'homtnc. notrc derniàrc
clmnca, pp.43,8(r, 107 (1." [igura), l()9 (1." I'rgura) c ill Umtlcbatccxaustivtlstrbret-labtlrtttnát-tptldetratarCSSCS
(13i (lf. ['.ster l]OS11l{tll), Iiv'olution oqrairc eÍ prcssion dunog'opliqtrc, I'itris.
lilantmarron. 1970, p.213. Apltis cssc trahalhri. a nrcsn'rir cspccialrsta puhlrcou
ttspccttlscltlprtlhlcmapol.simplesprcterição.Semclúvirja.nãoó
ti hon"*iitlnd" dc intcnç(lcs
ncm
possívcl qu"*ti,-,n tt u Tttioti a boa fé,
Poyil ation a nd'l'a<- hno1ogr,, 1'.13,
(14) (lf. p. 144, n. 2.;
(l-5) (ll. p. t34, n.I2 crn Ln tlerit'c totnlituira rlu libéralnmc' 11)\)(l

Of. .1"M. (IASAS 1'()l{l{l:S.l'oblucit)n v cnlidrttl. da viúu Ma{.1n" (l7) Discutirlrls estc problenla
í l(r) l{lAI-l}. l()u2

149

148
( ) Al]( )l<'l'( ): ASI'l:( ''l'( )S l'( )l.l'l'l('( )S A SlNl)l{( )Mll l)lr I'ANt ll'L(i()

ptlr um
dC intcrvcnçirtl' dcctlrrcntcs'
o rcspcito pclo sofrimenLo humano que animam clctcrmirtirrlos llirr'- cnr Icnll()s tlc llrcvcnctl() c()lTl()
rr:ltttivit' e' por tlutrtl' cle desigualdades
ticlários da liberalizaçao do abr-rrto. Mas nãur ó mcnos vcrtlatlc que lirrkr. tlu situuçiur tlc pcnúritt
causa cstremecimento a idéia de quc poderiam cair, scm cstar claru- irl'rcrritntcs. 'clade
mentc conscientes, nA cilada temívcl da colt-rnizaçãul iclcolírgica das I-illcrirlizrtrtrahtlrttlscmqucsti()nar,n()plantldact-lmunt
superpotências. humrtnit.tlshiillittlsr.lcC()nsum(),cscmumaptllítictr[iscalmcntls aos dircitos c ncccs-
com ()s suPCr-ricos *:t]:.
Serír que cles avaliam as implicações, o prcço c as conseqüências Prcoctrpttcla " i:::::
l.rtttttr tls c()nscqüôncitrs dtl
mal' c não suas
políticas dc suas reivindicaçt1es/ Será que tiram todas as liçõcs das sitl^dcs cle t.cl,s. signil'ictt covarcle-
() rcs,()nsrtvcl C()m il vítima' É "''ns"ntir
expcriências rcalizadas há alguns an()s por diversas nações, entrc as cirusits; c.nl'untlir dc umtt stlcie-
vítimas.intlccnlcs
quais a China? Scrá quc rctletiram sohrc os motivos quc levam os tncntc cn] quc SCrCs humittrtls..1..,'" ilos pitlrcs
r.tr,rrcclcr, cm sumtl'
Estackrs Unidos a reconsicle rarem a atitude dccidida e m 1973 pcla cludc quc sc ,rctcndc r.lirrm,,r.'É
Corte Suprema?18 clcsm tr ncltls ckr cg()ísmo
lihcrirl'
De qualquer mancira. impílc-sc uma tarcÍa urgcntc: nos clebu- Maisparticulirrmcntc.irsitutrçir«lmuncliirlincitaaEurtlpaa ctlnsigtl
tlttr mtlstt'as tlc miris sinccriclitclc
tes sobrc o crcsciment(') c o dcscnvolvimcnto, é prcciso purar clc prirtictrr Llmrl í11l/( tcríÍit'rr. it uma
tl Tcrce irtr Muncltl' Na mttitlria dtls lliríscs ptlbrcs'
privilcgiar a variávcl rlemográrl'ica.l". Alguns a privilcgiam a ponto de mt:sma c com
tlc ooll:umo c ostcnti::nu Ut'
ot-erccer uma cxplicaçãro tnono('ou.sul: a úniur vcrdadcira causa do min.riu ntrci.nal uckrtou os htibitos
§/ílltí§' csstls mintlrias rtcccssttriamcntc
subdesenvolvimento scria a taxu dc natalicladc elcvada do Terceiro ocielcntc. Pura mttntCr sctl
Mundo! Ora, a variírvcl clcmográl'iur dcve scr sil.uada num contexto tômtlccxpltlritrtlrcsttrtlalltlllulttçixlltlcirl.muitttsVcZCscom()
cuja complexidadc scria clcsoncsto ocultur. Scria nccessário notada- ttsscntimcntoclc gruptlscstrrtngcirtls'll ! ircustlr.........r,rasirsrTr
CSSIIS mlnorltls
ó côm.tltl
mentc rcafirmar, com Galtung, quc sc cxistc umir violôncia do nolu- E,ntrctunttt. cttm t'rcquÔricia' dc vidtr
rezo, existc tamhém uma violônciir r/n.r astttríuru.§, c quc o homem tem c()m .spc'czu. Ja qr. ct'e tivurncntc . cstiltl
c ccnsurii-l^s
poclcr sohre ambas.20. cur()peu cxcrcc stlbrc
u*n gl.nn.l" sctluçittl, a Eurtrpa"tlciclcn-
"1.,*
Rcsta, portunto, sabcr sc, cm lugar c'lc instar os clcmais a não talincitttriaCssasmintlritrsarepcnsarscush..bitn*soredcfinissc
procriarem, ()s ricos tlcstc mundo cstirriam clispt-lstos a consumir scus,rr,j"ti,r,r*t'un.lamcntaiscscprcparasscparaactllhcrtlsócultl
mcnos, a clcspcrdiçar mcnt)s c ?l partilhar mais. Assim, o prohlcma clo **''r"ntr. comparar
p.clcriam cntão
aborto cvidcncia a nt:cessicladc dc umu socializaçho bcm entcndida. dc pouco tcrnp. tais min.rias
impclc atl hiperconsumo'
Não a quc hipostasia o Estado: tumpouco a quc restitui a um cktis mOclckls clc'tlcscnvtllvimcnttl: um quc
partickr, umil classc ou umrl raça privilógios ultrapassados. Mas a m^is c.nvinccnt; que ,ircita umtt ccrta ^ustcridadc
. .utr. - -
quc atribui tros podcrcs públicos clircitos c dcvcres novos, tanl.o
seur país
ffi,].-::.l::lclcrcpuraçãtonluncliit1ctlnloOctiivitlPAZestá
(ltJ) (.11. p. l4-5, n.4 inruniz.,cl. conrra a rcntaçiro,;;;;;;i"]]l:Yn'^:l"tl:lill|':.:::t
li' tl qLle se pcrCcbe atl lcr
cltlnriÚttntcs'
( 19) Ir o que fat. l'. l'l{AI)lil{VANI). apris (iunntrr Myrdal, cm l,n petr stt5 titlCa cnlprcstaclrt cltts naçC'les
r-rt"ttit
y (3 ntltas stltrrc clcnrtlgraÍia)"" in El ow'o 'filantroltic'o'
rlémoprtplticlttc. p (r(r. Vcr ranrbém [;" Bl-..'/-Y. I)emogaphic eI ""11tanuÍos stts lronlpa'r"
I]iblitltecii {1reve, 1979. pp. 1(lti-l|í(),
Méxrct;.
sotts-dév'eloppctncnt. Os zcladrlrcs clcl "nrcdo domográl'ico" Í'ingem ignorar os Ilisnria t,,I,olítit'u. l()7t-197á1. trr,o n:::':t trcrt morulíi' mostrou
bcnt ''r
progressos cspetaculart:s que podcm ser razoavelnrente esperados cm matória .lairc lll{lSSl,r'l', cnr scLr trít,., i,
de produção alimentar (sobretudo <le ccreais) c de energia (notadamente risctlclcqLlc()ttrttltlrttstitttlstll()l.l(lrtg-anlcricitltt)sc]tlrel()mar|l.ltlr,viiriospttÍscs
.l.crccir. Mr.rnd.. np,i. ,, ri-,nferôncia clc Ilurcareste ( 1974).
clcterminacios
nuclear) num [ut uro prtiximo. z\ssint, e xinrcnr-se un]Íl vcz mais cle pensar numil do
ação plositiva enl nível clas clecisÕcs polÍtrcas salvo, é clar«:, a quc consiste cn'i pirÍscsilcl()taran]tln()valcsoscgLlncltlaqural..()ctlntrt)lccltlcrcscinlcnttl
ptlra () dcsonvtlivtn]cnt() ectlnÔmictl"
prontovcr scus lntcrcsscs.
- clcnlo-urá[ic() 1()rn()Ll-sc
Lll]la [crritntcnlri
(20) Analisamos estc protrlema em Lo dériv,e totalitaire du libérnlisme, 1990. (P'5e)'

l5l
150
porquc c.stáabcrto à partilha. Em
rccrtrdam à Eururpa suma, a.s cliscussric.s
ocidental duas Larelas sobrc o ahrlrltr
u rgen tc.s c incl
sua i,r"n,ionJ",'.à,. i.ssociávc is :
ü,#5::rdar rrar s ua crcclibilidaclc
no Tcrccirr r

A segurança demog ráfrca,


etapa totalttârta do imperialismo

Para entender o que, em última instância, está em jogo na


questão da liberalização do aborto, devemos, antes dc concluir,
esclareccr o debate à luz da evolução mais recente do imperialismo.
Não se trata. dc forma alguma, de criticar as intençíres de quem quer
que seja. A ltigica que vamcls analisar pode não estar clara na cons-
ciência dos que militam pela liberalização do ahorto. Nem por isto é
uma lógica mcnos pcrvcrsa. que cxpõe os que a ela aderem a sc
tornarem aliaclos objetivos de uma causa que, em outras circunstân-
cias, talvez combatam.
Assim, vamos mostrar que a vontade de dominar a vicla humana,
da concepção à mrlrte, é a expressão maior do imperialisttto inÍeg'al
como f-loresce hoje. Como veremos, esse imperialismo é metnpolíÍir:o,
uma vez que procede rle uma concepção particular do homem. As
expressões políticas e outras desse imperialismo são apenas as con-
s eclii ê n c io s p e rc e ptítt e is d e ss o u n trop ologia . Mais p recisa men te, sere-

mos levados a discernir a dimensáct totalitrína desse imperialismo. do


qual ainda não sc dcsdobraram todos os ettitos.
Vamos partir da idcologia cla scgurança nacional para desmon-
tar a gênese dcsse impcrialismo quc cstá nascendo cliante de nossos
olhc-ls.

Pan-americanismo

Sabe-se da importância da ideologia da segurança nacional ncls


152

153

Ê
)( il<Alil('z\
u\ Sl;( it ll{r\N(, A I )llNl(
( ) r\ll( )l<'l'( ): i\sl,l1( "1'( )s l'( )l.l'l'l('( )s

()s progrtlmtls tlc tlcfcstr


militar tlcvcm scr
nrclhtlr rt ttltltls tls nívcis:
rcgimcs militrrrcs latino-amcricunos.l Ess,, iclcokrgiir articulir-sc cnr
torno tlc umir raclicalizaçiro clo antagonismo Lcstc-Oestc. Entrc ('rs ctlortlctttttltls' r..,rz, rrm, (^rorra total. colabOritÇãroscrítl()tttl:ttlcltls
clois blocos, a gucrra ó total. O inimigo cstá lirra, mas tambóm dcntl'o
tr
os c m s ritó r i tcs. En r rc ra n r''
ns r. rm a cr
::X:1:":TJ,?:,"ü concliçã. ctc
tkl bloco ociclcntal. nu t'igura riir suhvcrsãto. O conÍ'ronto mobilizir
loclas trs [irrçtrs das nacircs: lirrças militarcs sc Írtr prccisr'r, mas ttrmbóm
,,
"1ffi
* o scrãro p.::*t'''itl.s
.s rclativ.*.n,J-*ni*.i"."nr,rtrian, mancira' tr colabtlrttç[ttl tcra
à

quntqucr
lilrças ptllíticirs, cconômicus. "psicossociais" 61sgr dizer, todus irs "satólitc privilcuitrtltl"'. P".
litrças ligaclas aos mcios clc comunicação dc - mussa, ao cnsino, ir lugirr dcntro tltr tlcllcntlcnctit'
pesquisa. Essa idcoloqitr cÍnana tlc umtr "clitc" minoritÍrria quc sc
arroga ir cxclusividrrtlc dc tlcÍ-inir o quc ó ou não compatívcl com o
impcrirtivo clu sellironçT r da nact-ro no contexto tla Stterru lolul. Rumo a() glohalismtt
Ttris rcgimcs buscitm, portanto. um?r apilrôncia cle lcliititttirlorla
numa cstrttnhu contrircliciro: ir "clitc" minorittiria no poclcr dcfinc quc bltlctls"' quc
Dcsclctl[imcltrguorritclclg3g-45,atliplomttciant-lrte.trmcrictt-
pelo tema clcls "cltlis
dominatta
it ltitc;ttl cncontril-se e m cstuclo clc {ucrrir total; mas ó ncstir clcÍ'iniçiro na tem ri.t,., n*fin*át" dc ôn[asc'
;;;i;.r" v.ii^.-,., i.,,* .s dcslocamcntos
quc sc birscia a missito clc salvaçiro nircional quc cla mcsnril sc ;rrrogil. ó anrerit.r, e .,,'.,'lt gucrru fri^' c.nlrrnt.
Assirn scttclo. cssrr "clitc" niu) vircilu cm idcntil'icar Estudo c Nação. cssc tcma runcramcntal
,...r," ió,,u,,', dc pací[ica' dcgcltl' dis-
clc innrenlia. c,''cxistôn'ü
citlrttli-ro c 1)cssort, cstratógia c política, c suborclinir o clcscnvolvimcn- Lcstc-Ocste, zr-l,us pctrólctl dc 1973. Ccrl,()S
to à scgurirnçit. Dcssrt ckrutrina tlccorrc ttrmbóm quc toclos os paíscs ctc. ortr. po, .,.,,*,n.., tltr crisc.l..,
tensitt-r
tkl ntunclo oc:itlcntul dcvcm Íirrmur umu única lrcntc para protegcr círcultlsntlrl'c-trmcricantlsC()mcçam-up",,.bcraimptlrtâncitrdc já tinhir tr
clivisir,, Nnri"-dul. B"ntlt)cng' cnr 1955'
scus "vitltlrcs comuns". .utra cliv^gcm: a
d.s
Esta vertcntc cla doutrina rlcvc muito aos Lcóricos da gue rra lria; aspectodeummani[cst:]'::'u't'apoutro'pt'''J*'osCNUCE'DcttsimpÕcm sc à trl'cnçãr.
ó clescnvolvida pclos tctiricos latino-amcricunos. mas pcdia uma reuniócs rlc cúpul.
rl.s."a,r*ii"hutlt"'t ( 1e*e) t.i
.1" õ;;;;;; (1er''ai " Bclgrtrtl.
vcrsão homt'tkrga que clcvia cmirnar da potôncia-lídcr do mundo países in,rrrtiioiirnau*,
países cl. T'cr-
i;t;i'''cio.naliza-soi .s
ocidcntal. Tal cxplicitaçiur liri lornecic]a jár cm 19(t9 no célcbrc Relu- pcrctlrritl.,u*"nminhtlaprcciável.Durantcttrclo(]ssctemp().()
tririo ,sohre u.t Amérir:«.r. cle Nclson Rockcl-cllcr.2 Trata-sc cla atuali- cliáI.g. N.rtc-sul sc.rga"i;;'
u,ll Noun ordcm intcrntrcionttl' chitmara
ztrção c tltl tlcscnvrtlvimcnto da doutrina Monroe, Íirrmulacla cm ceiKr Muncl0 rcivinclicu* M. Zbignicv Brzczinskijá
1,323, c quc dcsclc cnttur rcgc us reltrcõcs cntrc os E,UA c a Amórictr Em livr0 publicacl,, "*iô20,
Ltrtinit. Orit, pitra N. RockcÍ'cllcr, o rlcscnvolvimcnto do continente pctrtilctl poclcm orgtlnt-
ttatençitt)partttlprtlhlcm:...Acrisc.l.',petrí.,lctldcl().T3tevctlpapcl
paíscs'p")ti"tt)ro
ttmcricitntl clcvc sct' inÍcgrudrx as cc()n()mias dcvcm scr comple me n- sc os 1:
de catalisaclora:
paíscs pt-lbrcs, p:}::,
tarcsi os csÍorços políticos. conscrtacfurs: a inlirrmaçiut clcvc circular Zar-seeameaçar()sfundirmentosmcsmostlttccontlmiaclospatscs p.rtldu-
() Cluc actlntcccrlr sc tls c lmpor
industrittlizacltrs' j;;irem c(x)rdcntir suas aqõcs
tttrcs r,c matóritrs-prrmr,.,
co nd iç.c: tir a nd.' cls res r'.'
(l) I)ccltcitnttrs viiritls tritl'ltllhtts it c§lc ptplriç61i1. Vcr sttl'rrctucl<t I)cstin du Brtisil.
:::,li:;?ff::' g,,. n,,,,i.r R.ckc rcl
lcr
-
I-o Ít:c'ltnot'rotit: rnilitrtirc e I son idcologia. (icnrblor-rx (llclgica), I)ucr-rlot. 1973.
l)errurin. lc llré:;il'?.1'trris. lrd. rlu (lcrf, l9-li; "Militansnlc ct sócurité nationalc. q," iirzcmtrs clas idctas
l)crsllectivcs hrcsihcnncs et sud-iintiric..rincs", tn ilnrutttit'a dtt'l'iers-Morule"
(3)'l'rattt-sedeBeween'[w'o-Aga.s'Ama'nca"'!'':::'1"'i''tlrcT't:chncÍxtnu'tr'-ro"
l],oo}ts' i.i;s. Na cxposiqán tiu'u' S.t'lre tls "cltlis
tlarn.,un.t,,u.,iin, l,cngutn clc pcrto tt'J
l97l]. Pitris. 1971), pl1't. ()0-101. Irssas or-rblicaqrlcs clesenvttlvcnt Í.)s pontos clc M. Ilrz-czinski. actinlp.r'rhun',,'''
mul(o
ahorcluclos aqui c contônr hi['lliogral'ia al'runclanlc 79s
(-.1.'l'ha llocka.faller llcport on the Amcricn.t , Ohicirgo. Quaclrangle l]ooks, l9(r9. hlocos". cf' aqui PP'
(2)

155

154

Él
( ) AIJ« )lt.l (): ASI)11( .,1,()S l,()l.l l,l(,()S
,\ Slr( it rl<AN('A I)l'.M( )(;l<Aljl('r\

i,ili::lii':: ::n§.[.jrzczinski - tan.,,,õe parai, crivirsc,r


vigiirm e llotlcm l'rcirr o dcscnvolvimcnto cconômico tlits t-titçtlcs-sir-
,:'J:.;;ff "'J,1,";i';::;,";:X-ii:;#';:l::';:;'***Il tólitcs.
; ,g,
:;il' i,il
,i : il:,,,',x;, : .,,'; : I:; #,ÍÍ:ff ; :;J ;, i,,.,,,
A pc.trlui.ru cicnlíl'icrt, por sua vcz, clcvcrá scr intcnsiÍ'ictrda c
conscrtada pirra girruntir rr mirnutcnçi1o clc um ilvilnc() constantc c
dccisivo. A tccnologia de ptlntu s(l scrii cxportucla com purcimôniu,
Brzczinsú, ;ilu"Hli:,ili!':il:Í:
EUA' Eu.na--cicrcntar :ruô:lí;:§:l Tfl#;:jl; para quc os paíscs já adiuntuclos no proccsso rlc industrializuçãro não
aõu., possutm concorrcr com a procluçiro sol'isticrtclir, cla clual os paíscs da
ct. Tcrccir. Mund,, iii
dcpcndcm
il;.,"^i.pe,,
u".,r,,,,., "nt"n,r.,._se mcrh,r cri.ntc
.*r;;,;l;:tc .rganizar-se, c dclc
era pírs-inclr,rsl.rial prctcnclcm prcscrvtrr ciosamcntc o oligoptilio tam-
os p:rísc.s i".rr-,.i,,r;r,,.r,r*'n,l bóm nos sctorcs dc ponta. tl

4
ora,
;:::" rc|crc . m.tóri.s_pri_
r"..áir<, Muncr, csrá
"\^;:,:i:,'ili":,*\;;:::«rs " pr"n,,
", 11
Assirn. voltamos a Miliardários de trdos os países, uni-vos!
"rrirarcr;1f ". cnc(l
. icróí, ,t" ,rin','ii,';i::^;o',:r,::J.,,il::,.u. pcr. mund, crir
scgurilnÇil c itDrcscntirrla'c()m() quc piririt sohrc ir iri
rambóm esrii prcscnrc p.rlcntt. ,.,,.,tÇ" Obscrua-sc irqui quc () l)irn-Írmcricirnisrrto dc Ne lson R«rckclc-
. icréi. uJ li
llcr ó diltrtado. cxtrtrpolirdo. tottrlizarlo, c ccdc lugrrr a() quc M.
l,roi,;;::'I':j;Lili:T:"1i*?
ric.s,, i, Brzczinski chamir clc "globulist'tl()". Há pouco tcmpo, tt tcrnto st:
:ffi
.suas
,'il TlJfi' [:,i,'.?;
v,ntagcns.
*:*s p,,.r. m cr cv. ra r _s c
--\'rY('r-ru' Lr('VCm prc'scrvar
c mcsmo acentuar rt.s
u n,s a os
rclcria a uma n()vir socicclarlc pan-amcricarttr. Dorirvutttc trrtl"tt-sc clc
As cmprcsas nttrltinacionru,r
construir uma novit ordcm mttnrliul, clc tipo crtrprrut.ivi.sltt. que sc
apareccm trlrnou urgcntc asscgurirm dcvitlo à intcrclcpcndôncia clas
il
naçõcs. Poróm, o - quc jii octlrritr - cm csctrla piln-amcricuna agora
r ;:H :r
i.[x ilr
prli n.s dc rrcc
ta ôt ff
i';,',
i.s, r,,ir,,._ i niiiin
m*i [liTlI,:rffir::r:",J;:,ff ,
ffi : :,T,: acontccc cm cscalu mundirrl: passa-se rtrpidamcnte tla intardapcndên-
cio à depcndêncitr. Dc ['ato. os paíscs niro siro toclos igualmcntc
r., ;,;iil:...,i:
m ãr-dc -r b r,' ^
Ar i m c n ti;r :;;;;.
Íiíbríc,s , outr..s paíscr. r,-qcm p,,r r
cr. cres r.c.rn cn r.
:: clcscnvolvidos. Por sua prcscnça c scus compromissos no munclo
.,,r,, r,,nri.r"r", .;;;;itrrntes
"i,, dc intciro, p()r st:u p«ltcncial cconômico, político c cientíl'ico, os E,UA
çircs cr.s tr,balh.d.rcs i;;,;..organizr,r',,"r,,nc.rrênci., as reivincrica_
pcnsam cluc tôm motivos para arrogur-se a missãro clc ussumir u
mcsm() tcmtrlo a c«lnl.r«llam.
Dc lato, as rclaçíles ma.s,o i
:i
liderançir munclial. Ortr. u csta missiro rlcvcm scr ass()ciaclas as nuç(te,s
#
ricus c us r:/n.r.rc,r ricas clo mundo intciro. Esttrs c aquclas clcvcm scr
i::{::!;i';'::"':!"'r"i"íi'rti"i'i"';il:l,I11H::::il::i1'I $
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lcvaclrrs a reconhcccr que cxistc umil semelhortçru da inÍcra,sses cntrc
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ffi iX, I : il j,j :. ii zetam
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toclos os ricos clo mundo intciro. A scgurancir, surt scgurilnça, tlcvc
: : : Í liJ:::
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por'scus fi p.,,,.g;;,';fri;ll?rl;
mcrctrd.'. i,, " ? 1; 1
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scr a prc()cupação comum c prcclominantc dtls ricos. Tal prct)cLlpa-
lt,",,,naci.nais T

ção justil'ica u criaçiur dc umir l'rcnLc comum muntliitl, umit uniito


(+) Ilnr liirnc.cs ..r ..r rl.,r ._.,.. sagradu. sc quise rcm conscrvar scus privilógios. Diante do impcrativo
,y/|i,,,,,ü;:.']y:1,,1li;il. cla scgurança c()mum. tocltls os t'atorcs dc divcrgôncia cntrc: os ricos
;,i:il,rffiil1,,Íi\,?iliir9i,mc,,,c cni t,a t4ondc ,i
y,l" têm imprlrtância mcramcntc rclativa t)u IileSmo sccunclária.
ii, ll iil:,:l',? il ::r i i ;.,
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(sctcr:rbrt: clc,.,rr.,' ":j.'-"" :1t*.,.l', Íi l" x ; :f iilili,'i
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Entrcta n to. cssir .fi'c n t c (' ortlu t?1 tru t nrl iu l sti poclerá articulur*sc
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c,,nscrv,,is,,l:',,,1:;,]l;,1,1 a 1;urtir clos EUA c soh suir liclcrança. Em virtudc cle scu tlescnvtllvi-
i;,..ji::[:1i?ü]illil;i,i:,,q::;:J;; mcnto c tlc sr-ru riquczu" ir Europu rx'i.rlenÍtl c o .loltuo scrãto tts-
# sociackls. ii título cle aliados privilcerirdrts. ir [)rc()uupttclio com il
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i 157
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Jirtltl tl [rltlctl c.rrgl.st.
crnllcnh;rr-sc cm c.,tr.rtrr pcrirs rrirÇrlcs l.icirs
, .r"r"nr,rrvintcnt. .. lrru,a. rrcvc.ii hii lirnitcs potcncilrlrncntc rlcsc.jiivcis pura a cxtcnsiur indc['inidu cla
A austcr-irlitclc não ó clrr gcl.irr. tlcnrocrrrciir llolít icil. "7
mais uma virÍuclc; ó
um dcver. Tornur o Assirn, cstirmos cliantc tlc umtr versirrt mundiuli'zatla clo vclho
t:': I'rca r a rrct u r iui.r,,,r., crcsci_
ffi: #j:l' .str«r [unto maís ncccssriríos,
.1:: .p f, .u t irn, . m, r rh us
i, n isnrt r rrrcssiirrrisrno n«rrtc-rrmcricano. Entrctanto, ó inclispe ttsávcl obscrvar
prccis. pr,tcgcr . .jirã,,, pclo lato tlc cluc () quc a lormulaqrlo tcm dc substancialmcntc novo c origintrl. Essc
mci. umhicnt" ,,m"nçarr, ó
rnessianisnro clc I'irto prctcndc rrssociar a suil açiro nao irpcnas o
mcsmil mitncirit' a.jr'rstil'ictrcã«r llcrtr p.ruiçã.. D;r
tcririr,, ,i;; ':;rcscimcnt,l c()ncurs() das naç'r)cs mais riurs, como tirmbóm rt das c/n.r,rc.r ricas clas
cm r972 no R.rrttório zcr,l,,.surgiu
Ma«rr.w,,v, c í.i .riuurgad, socicditclcs pobrcs. Aos ricos do mundo intciro, ilccnam com quc os
i m c n t,,,
pcr, crubc dc
.q" n c ros, m c n r c l'i n a n c í, lrobrcs constitucm Lrma ot't'tcfiç'o prúanc:irtl r.ru inclusivc uíuul o suu
§:]I:,,:ilJ]J: " "l tt.s pe r, gr u po
.taÍ{trença. Scm tlúr.,idir. () quc estii cm clucstiro cm primciro lugur ó it
os puí'sc't' r'.ntr,ti,r/a,ç
nã- c,cvcriirm ric.r dc scgurançu clos EuA, ou mrris cxuttrmcntc ckls ricos ckrs EUA. Mas
gl.bal dc 'scgur.nçÍr' e Íirra crcsse pr..;ct.
cxccllcittnirl. Assim,
. ,rripriri chin,;';;."r" um. não cstii mcn()s cm qLrcstiro rr scgurirncir dos ricos clc torlos os paíscs.
con.sicrcr,çii.
c.stri dcmonstrirdo _ Os ricos tlo mundo inte iro srlo convirlatlos u constituir, sob zt liclcrançir
impicrr«r's' p,rític,.crcm,-n,.li1i.,, como vim.sí, --
clos Estarlos IJniclos. r.rma uniiro sirgritdir cu.ju rtrzão rlc scr c objctivo
illltliitclit c mcsnlo inccnti'',,,1,, imgrremcntirtrrr nir chin:r ,,,,rr,Lxr,ií é crmlcr ir cxpansirtl rlir pollulirçi1o globrc: "Miliirrtliirios rle trttkls os
prlr cíl'cur.s nrlrtc-amcricrn.s
clcnl,is [)l'c()cupitcltls c .ci- piríses, uni-vos!"
c.m () ,sccnsa crc unt
prrrt.ntr. ,.s n()vo ..pet.ig. ,nl.rcr,,,.
P.ísc.s tr<t Tarcei,.,, hí;;r;;;,crcvcrã. Rcintcrprctacla. a doul.rinrr clo coníuinntt:ttl, tla contcnção, tlir
,crcrir , ur.r "rctcncãtr)", rcssurgc c()mo a Fônix rcnascc rlirs cinztrs. São sutts tcscs
illilfil' Ji :iTilif,;,i*ll,s,rt ís cs ric.s n cccs.s
i Í a m dt,s rcc u rs(,s I'unclamcntais tluc inspiram o Jlro.icto mundialistu atuul clos EtiA. A
rev. r.crt,s pcr a m, Europir ocidcntal c o Jirpão suo miris cstrcitirmcntc associados it l"itl
r
n u r c nõ' ;:i;:,1 I: ;JXIHI,"'U::;|j
;
prcci's, irccit;rr quc
scrit«r cltlgiirtlas
sc dcscnv.rvirm.
,r,r r,,t, ,,ntr.rc: sc rtlr ,, .,,,.,,. ; projcto com() cúmplices c itlvos ao mcsmo tcmpo.
it's virtudc's tla
c:rtrtvi.t,êncirt.s"r,í p.ssívcr.
incl ú'i; ;,,, prt ucn
cntrc «rutr,s
r cs, crccr,*,as
,lii;i;,il:l'[:"'hcs incrcsc jiiveis O mandarinato internacional
,,rganizc,"'.,,,;,iJ;"",;,;ü"J:,:iT:1rilxi,,,,,,r"".,,:;J,i,l"x,r
lrcntc, ;roclcriio ser_lhcs
f,i,,,, conccssrjes no campo Na rcintcrprctuçãrt) quc N. Rockct'cllcr clava ao pan-ilmcricanis-
mcdid. Ii; ;;p,,, cre dar ckls clircitos
l#::I]iilr::i:' ,, i,p,",,r,. crc um, ccrr:r
m(), ir prcocupirçiro com a scgurilnça.já alturcciir num cotttcxto glohu-
lizantc. Essa gkrbalização ó cxtrupolirda pclos consclhciros tlc Duvicl
ass im c(, m (, h ii Rockcl'cllcr. A scgurilnçrr, cujo campo dctalhava-sc cm divcrsos
t. cc.nômic..
Y:il::,: Ii,
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limite, ,,,,
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Samrrr.i p ,,.^,,.. . ,r.


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político. Era
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tcrrcnos, ag()ra ó aprccnclicla como Lrma totaliclirrlc: ir,r(',çtlr'lt1ç:0 ó cm
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Essa n()vir doutrinir pcdc ii implemcntirção dc instrumcntos
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cicntíl'icir. cconômica c tccnokigiur. As univcrsicladcs c ccntros de


If] CI" llrtlrt: ri lrt <.roi.ç.yonc.c.
((r) Ot. p. l.il. (ll{ozll:l{.
(1) (lt'. Michel sarrrucl I'. I ll iN'l-lN(i'l'( )N, .loji WA-l'ANt tKl.'l lu:
('ri,çi.v o.l I)arnocracr,. NcrvYttrk Iiniversitv I)ress. 1975. p. i l5

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l)es(luisils tct'Ítt suit liltcrtllrtlc dc irticiirtivir rlriclttrrrlir. ou l'ncsll)() scntirll lis.njcircllts por scrcm cooptadat P"[]t
;tgú áe Bilclerberg, a Trilateral
irtttot'ditcirclit, c suir I'urtção críticir corroídu. Surrs subvcnçilcs scnjtr mais ou mcno. ",rnt ""ia,r* 1",rm",,
contliciot'titdits Jtclrt cotnplircônciir conr ir cluul irccitrrrcnr subnrcLct'-sc ()u()ClubcdeRtlma)9u-menos-tacilmenteidentificírveis.Uma vassalo'
minoria que sc arr()ga a missão
ã;;g;t u- m'ntlu usará comoou recu-
a programirs dc pcscluisrrs tlcl'inidos ltclrr minoriir dominantc.s inteínacional,,llu cúmplice
Scrír cltrcla gruntlc importâncitr rro cstudo tlos llroblcmtrs cctllti- com e§tc fim, um manclarinato
gicos pois por csttr via ó possívcl convcnccr os satólitcs a conscntircnr ..,* in',ituiçoes complexas, lutar
perado,masdequalqucrmaneiracompoucavisáo'Nãoénecessário'
na ausl.cridrrdc()u nu Jlobrcztr: "Strtttlli,s bauutilitl".') Amesma minrlriir cle mt-ldtl algum, s0brecar,"gn,-,"
porumCarg()eletivtl()uocuparumafunçáocxerJutiva.Umaveztendo
I'inanciará trs pcsquisas sobrc a rcprodução, a I'ccundiclacle e u clcmo- il,, r.gurançtr .demográfica' esses .novose
grat'ia para tcntrtr clcstrrmur tr "bomba P". As univcrsiclades-intermc-
intcri.rizn.tn n iJ"nt.,gi,, à tática indigente do
entrlsmo
mandarins ?lpressam-se.* ,"r,rícr
cliírrias c a míclia sc encarrcgarão dc dil-undir no mundo inteirrl,
d a in ril t r aitii], exi ge
drttmirtizttndo-as, as teses multhusiilnas quc ocultum os intercsscs clus t ão gl tü, I e t á.
t'l:'..*:i..""''"1:l:ffi
".,,, .tu Sob este :Xf
ângulo' os
dispositivos jurídica e pt-rlitito*"n-* ^p::t::idos'
classcs ricas.l') O .liscurso-programa clc ação scrri conciso. Scrá tlcs-
tucitcltt ir rirriclirdc clrts tntrtórirrs-primrrs c ir I'ragiliditdc ckr mcio irmbicn- precetlenteslatintl-americitn0sSã()Sugestivos.Merecemaatençãtl
e.habitantes ão Terceiro
Mundo' umA vez
tc. Ttris tlitclos scriro ilprcscntirdos como ncccssidirdcs rlatanninurlu.s rj0s europcus, japoneses
pclir Naturezir. A populuchtt clcvc na<'e,;suri.omcnla scr cirlibradu cm
o':t*:::"..'"i,f J'líi1;.;'":l'*'33il';i'J't['ij'{':'ffi':
proprlrcão rr csscs cluclos ç1111cluirão. pr.nta
Assim cstito rcunitlas- us condicClcs l'unclirmcntais quc oaractcri-
"elite" se separa do pt'rv. e está
mesma
;ilrfi:J,11.^r:';ta
nn.ri.,rções. Está Jisponível
para deiempenhar. papel
zam ohjeli.ttumente um reginre dc tiptl Í'uscista. Parir Juan Br>sch, o para t.das n* «le tipo trilalmenlg n91;11, QÜe
pcntitgonismo cra a cxpkrritciro tlo p()vo nrlrtc-umcricuno p()r uma de intennerliáritltle um.
ccntrtl tle ptlcler
rninrrriir nortc-irrncriurna.ll Hrric o penl.ngon.i.smo csl.a munrliuli.zudo evoc?lrem()s Pâra tcrmtnar'
c ir nlinorz.o dornintrntt: , internucirmulimdu.
Esl.tr minoritr scrá composta p()r "pcssoas clc pt)sscs"" quc sc

(fi) Batwean 'l »rt Ága,r, ppr. 9- 12,2(l lss. (lontcntunckr as idóras clc M. llrzcz.inski
('.1.
Do Estado arl Impérirl totalitários
a cstc rcsl'rcito, Antl'tonv r\l{tll-z\S'l'l:l{ cscrcvc: "ll is clcprcssing enough thut
intcllcctuals sl'roukl hc rvilling to álcccpt (hc r()los rvl'rich llrz-cz-inski litrcsccs Íitr oimpéritlqueseestáconstruincloé,defatcl,semprecedentes soviétictl
thcnt spcciitlisls [...] involvecl t..l in sovcrnnrent unclcrtakings irncl housc o faicismo, () nazismo e mesm() () c0munismo
- na história. três cast'rs'
iclcologucs lirr tl'tosc in prrrver llul thc sulrorclinution ol'intcllectr,rals to the p.rr"ii,r* ,l* ,o,nlitarismtls' Nos
statc itncl its rcquircmonls clocs-.no occLrr only at the inclivicluirl lcve [. 'l'hcrc is a pr.p.rcionam """*pr,r,
strcngthcning tcnclcncy lirr the institutionsu'ithin u'hich [...] nrost intcllcctuals d.s indiví-
oEstacltltranscenclcoscielaclãrtls;fa.tttguerractlntraoeuemtodas
now rvork, illso lo hc shirped according to thc purtrcular politicirl priorities as su,s .imcns(rcs: física,
prir;i;ig*,, e"spiritual-rz Exige
se m f'ilhi";;ü;q."'
*" bem lhe aprouver' a vidtt
ol' pitrttcr-rlar governmcnts'' (ldaolon' orul Intallactttels j contrit'ruiçãro ir du.s uma submi*'itt' a procriação'
llllNlrWI(lK e al., Knon,ladge ond llalrc.!'in l'alirit'r,pp" ll-5-129; <t trccho Estaclo suhmete o casttmenttl'
lhe scia *nrririr,,Jn. Ér*.
crtuclo (rsla nil p. 123s.).
(9) Iclcntilicti-sc-' arluri a alr.rsão ti l'..1:. S(llltlMA('tlllt{. Srn«ll i.r I}cutuilitl.
[,conotnic,s ns i.Í'l'eoltlc MoÍtcrcti. Nova Iorquc, l'ercnnial i.ihrary l!)75. Paris'
L'-p'lrcno'nine socnliste'
ffismt1ver.Iean-.Iacquelw1\.!1,r]R,I-csmat,lincsto.tal.ilait,as,
(l()) (ll. I)anicl Illrl.l-. l'ltclirul o.l'ldcolog'.OnÍhe|-.rhausrir;nr;l'l'oliticol ldcn:;in l9tt2; lgor CI{AI;AIif'Vt'fCg'
Pitris, [)enr-rêl' 'l'onlitnrt'srn' N.rvtt
oiigtns of
tlrc I;i.f'tias. Nova Iorque-l-itnclrcs, I'irr:e l'ress l'apcrtrack. 1965. Ilcl. clu ser.ril, 1977;
(II ) Vcr.luut't l'l( )S('.ll,lil ltantrt&tniçrno, stt,tlitruo dal intparittli:;nto. Maclri, ( )rtinicir 'an"g.AiüNil7t'rn'
ii',rqu*. Mericlian []ooks' I95e'
dc un Si-glo. 19óli. esltccialntcntc pp. lfi-21.

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l (r0

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( ) Alt( )lt'l'(): ASl,l1(..1'()S l,()l,l'l.l( .(
)S A Slr( i( Il{npq'A l)ljM(Xil{AIrl('A

a Íirmília e a eclucaçãcl a um controlc


muito cstrito. Mais cxplicit.- cirbc, cstima-sc, submctcr o cliscurso ao crivo do juízo pessoal: elc
mente' a tamília é submetida a uma vigilância
particultrr, peis ó ,li cstá lrronto para scr consumido: fricl, objeLivt.t, impeiosrt.
que se Íormam as bases cla personalicladc
cla criança. o Esttrcl. Emhrlrtr perma neça m ocul tos, existem, eviden temente, sujei tos
ttltalitário que conhecemos pela hist(rria
cclntemporânca, d, qual . quc produzcm essc discurso destinado a outros sujeitos que devem
Romênia Íorneceu um exempr. n.táver,
empenha-se em subtrair . consumi-lo. Mas se violasse o segredo que o esquiva, cl sujeito pro-
criança à intluência Íamiriar e prop.rciona-rhe
educaçã. inr.egrar. dutor dc iclcologia não Jrodcria mais reivindicar a impessoalidade e â
Esse Estaclo inibe a capacidade'pes.s.ar
de juízoe decisão; insr.aura objctividacle pura. A climensãro subjetiva, utilitária, interessa da, hipo-
uma políciir das idéias; curpabiriza e d.ut.inr,
despr.grama e repro_ tétic:a de scu cliscurso Í'icaria imediatamente óbvia. O alcance preten-
grama' Impõe uma nova irletllogia; organ
iza ocultà do chete; institui samente universal cle seu cliscurso, bem como a pretensão "cientítica"
uma nova religião civil.
cla qual é rcvestido, Lambém se mostrariilm como sãrr-r: uma mistitlca-
Entretant., t-lbscrva-se que em cacra um cros
três exempr.s ção. Logo, o produtt-lr clc idet-llclgia deve guarderr o segredo: ele é
lembrados, a expcriência totalitária tem onipresentc poróm imperceptível.
como scde inicial um E'tad'
parti'crlurque é c.r.cacro como tramp.rim Assim. o prt'rprir-t seg'edo instala uma mentira do cerne do
cre um projct. imperiar. A
missão cesítrea clesse Estaclo particuiar
scrá cletinicla c ,.legitimadA,, discurso. Niur hír diálogo entrc pcssoas que troctrm livremente idéias
a partir da ide.krgia r-cltalitária, quc,
supÕc-sc, ..justificará,,o Estacr. sobrc seus juízos e projetr)s em prolda clareza. Um dos interlocutclres
imperial c seu d,ce, pclis, n,s trés exempros,
dc cultcl é nãrtl apenas cttnhecirlo mas
. cher-e quc era objct. qlte r permancccr à sombra c quer quc o destinatário de seu discurso
investiclo clo poder sober,n.. ignore sua idcnticltrde e intenções. Portantcl, sohre todt-r discurso pesa
Por ['im, em cada um de nossos três exempros, a vclntade cle iludir a respeito daquele que o emite.
uma ideclllgia decra_
rada cientíÍlca relcga às trcvas clo obscuruntism, A linguagem, que deveria ser o protritipo cla mediaçãro entre as
todos os que nã.
esl'iverern convencidos a ponr.o cre pcssoas, torna-se o meio por cxcelência dc possuir o outrcl. Cc-lmo cl
aderir a era.
o pro.iettl imperitrl e totalitário que está tomanckr corpo suje ito prclclutor cle cliscurso jamais cliz realmente quem é, sobre tudo
cliante
de nossos cllhtts incréclulos aprescn ta o quc elc cliz rccai uma clensicladc cle clissimulaçãcl e mentira. Seus
particularidacles surpreenden-
tes quandtl comparadtl às características dizercs são, assim, transformados em instrumentos que agridem a
quc marcaram ,s s.nh.s
impcriais clc Muss.rini, stirrin e Hitrer. intcligôncia c a vontadc daqucles a qucm cssos mcsmos dizeres são
o Império que cstá emergind.
apresenta o lraço inst'llittl dc não prccecler tlirigidos. Dc fato, scu cliscurso cxcrce violência contra outros sujei-
muis esscncialmente rlas
ambiçclcs hegemônicas cle um Estackr tos, quc sito rccluzickrs r\ concliçãro de receptáculos passivos de uma
particular. Também nã. emanil
de uma cclalizão de EstacJos. Ao contrári«), vcrdaclc que vcm clc outrr-r lugar. dc clepositárrios de um saber alienado
como vimos, as desigual_
dades ou mesmtl cliviscles entre nações e alicnuntc, ató mesm() esotérico. De um saber prctensamente cien-
não o incomotlam; até conse-
gue tirar proveito deras. o impérià tífico, cuja reve ltrçãur imaginam ter siclo I'eita aos iniciados pela ciôn-
qr. está sencio c.nstruítj. é um cia; de um sahcr cluc dá a csscs iniciaclos a idéia de quc têm razões
império de c:lasse c emana cr. c.nsens()
que reúnc, arém cras lrontei-
rAS, a internacional da riqueza. para clesempe nhur um papcl mcssiânico para que, por [im, a socic-
Mas se nãtl há um Éstaclo com contr-rrnos cladc humana conhcça o caminho da l'eliciclaclc...
visívcis. como seria
ptrssível discernir um duce'! No Que territririos aincla restam a sercm conquistados pelo ho-
contexto cles[e impe rialismo cle classc,
ninguém sabe quam crecitie nem querz mem'l As novas l'ronteiras do imperialismo nãro são mais físicas, mas
é rcsp.nsÍrver. A ringuagcm coinciclcm com as da humanicladc. Dizer que é preciso alienar o
parece scr totalmcnte cresvincuracra
d. sujrit,, quc a produz: .utr. homem. ()u possuir toclas as climensiles de seu ser, é muito pouco. O
ac.ntece no anonimato, crc maneira impcssoar
c sccrcta. o pr.dut.r que é preciso t'azer surgir ó um homem novo. totalmente purgado de
clO cliscurso iclcor(lgico pcrmanccc
veracro: ,,Íaram,,. p.rtant. nã. suas crenças pÍlssaclAs, de sua mrlral sexuul, t'amiliar. social, de sua

t62
163
( ) Al]( )R'l'( ): ASI,lr( "l'( )S I,( )l .Í,1'l( ,( )S
A Slr(;L IRANqIA I)llM(Xi RAIiI('A

crcnça n() valor pessoal de cacla h.mem, cle su. crençil


cm Dcus. burgucsia, quc cai em sua própria cilada; de má té, apontará Sartre.
stlbrctudo num Deus que se revela na histriria no intuiLo
cle associar.
o homem a seu desígnio cle criação, salvação c amor. No século XVIII teriam dito que ela cedia a seus pr(lprios precon-
Assim tornam.s a encontrAr, em reúção com o novo ccitos. Os juízos que emite, e que constituem a textura da ideologia,
impcria_ são, pclrtAnto, hipotétict-ts, inclusive cm dois sentidos: têm de ctlr-
lismo, a terceira característica do totalitari*r,r. O
novo imperialismo,
como vimcls em primeiftl rugar, não emana de um respclnder a uma dupla condição, correspondendo a uma dupla fun-
Estarro particurar;
provém tltt classe internetcional clcls ricos c poderosos. ção que se espera da ideologia. Por um lado, ela deve dissimular
Em compen- tliante dos produtores de ideologia as razóes protundas pelas quais
saçãro, tivemos dc consl.atar, num seguncro
momentr), que esse novo
imperialism. nã. tinha o scu cruce : ai prriprias pessors eles produzem seu prtiprit-l discurso. Aqui, a ideologia está a serviço
quc o promo- da má Íé. Concretamente, a idettlttgia da segurança demclgrática é
vem têm cuidado em não se clescot rir. ôuanto ao
terceiro ponto, uma intelectualizaçãt-r que dissimula diante da pr(rpria classe imperial
cclntuclcl, a nova classe imperial reata com a
traciição tgtalitária
clássica: clivulga ur,] icleologia oncle se encontra, as verdadeiras razÕes que motivam seu comportamento e inspiram
garante cla, . seu discu rso. Por outro lado, essa ideologia tem como função ludibriar
lundamento de sua "legitimiclade".
os que sãto convidaclos, ou mesmo ftlrçados, A introjetá-la. As mu-
A ideologia da segurança demográfica lheres submetidas ao aborto, os pclbres que são esterilizttdt-ls, sãtl
reprogramados de modo a interiorizarem o pontt"l de vista que stlbre
_.
A ideologia em questãt'r ó a da scgurança tlem.grártica. r3 com. eles têm os que estão interessadt-rs cm aliená-ltls.
cxplicou Marx, a ideokrgia sempr".rú.r" ,mn irnng"m
invcrticla da Assim, a iclertlclgia cla segurança demclgrática inicia uma dupla
rcalidtrde e scmprc proce«le de uma consciência Íulsa.
A ideologia perversão. Dt-r laclo clos que a produzem, ela gera má té; eles sãt-l as
scmpre mascara tls interesses cltts que ?l prclduzem.
Pocle-se recsrdar primeiras vítimas tla racionalizaçao que cclnt'ecciclnam. E comcl ador-
um excmplo. In[luenciaclo pela Declaiaçuo cle 1789,
9 clircit6 das nam su?l construçãro icleol(rgica com o r(rtulo cltr cientitlcidade, prtlí-
sociedacles liberais burguesas do séculcl XIX proclamava
a liberclacle bem a si mesmos de procurar Íirra de sua pr(lpria cclnstrução a luz
e a igualdaclc entrc tls cicladãos. Esse clircitcl apresentava-sc
como que poderia libertá-los da prisão do espírito que tabricam para
extensivrl i) ttltalidade dtts ciclaclãos. Marx denuncia
que esse clireito outros, mas na qual eles caem. Dcl ladtl dos que a consomeffi, â
p.sitiv. ó umu superestruturu que tem como objetivo milscarilr ideoklgia da segurança demclgrárfica gertr o consentimento com sua
a
infra-estrutura, esta rear, crc natureza econômica, com
suas injustiças, própria servidãt-l e o cclnfirma em sua alienação.
cujas curusas st: quer dissimular.
Até hoje nãro se conhecia exemplo algum de idet-rlogia imperial
A ctlnstruçãtl juríclictr lormal proporcionacla pelos juristas que fcrsse ao mesmo tempt-l tão totalitária e tão reacionária-
bur-
gueses é ideol(lgica, pois sua ünaliclade é ocultar
relaçílesic gpressãr6
c desigualdade- Essa ctlnstruçho procecle tla talsa csnsciôncia
cla Que humanidade nova?
(13) Ptlr su:t posiçãtl enl tlrttéria Mas nãcl é s(r isso. A perversão essencialclessu ideologia, da qual
clc clenrograÍia, a Igre.ia constitui unra anreuç1
scgurançil nacitlnttl clos []tlA. Ilsta ó a test: cxposta
i) são vítimas tanto oS quc a prt-lcluzem como oS que a Consomem, é que
conl sanlla por Lrm autor
que nâo ptlderia scr acusacltl cle granclc cieicnsur clc ela procede por antítrase; o mul é chamadó de hcm. A transgressão dit
icléias p«rgressistns:
Stephen D. MtJMIioRD. Átncricrin l)emouttc.t,<k
tl.tr: Vatic.an. I;optil.otion lei àoral é negatta. À r,rnsciência individual só resta rel'erir-se a si
()row'llt «8 Nolionol
'leutrity, Nova krrque, Ilumirnisr press, l9ái4. Glmpletar mesma, clu mais exatamente aos que. intérpretes qualiÍrcadtls da trans-
ctlm Stephen I)' MtrM[roltD e lllton KESSIII-. "l{ole
o[aborrron in conrrol cendência social, dizem-lhe o que ela pode clesejar ou tleve querer.
.f globrrl p.purati.n g^)wth", in crinic,t in ()hstc*ic,t- ,rd (i1,nr,rr.o,.oo.
(març. cle I9át6), pp. l9-31; s.hre Kesser. ver I_" wrir,-,--HAI_,_E.
,. ,, Tal ideologia é subjacente a instituiçoes políticas e jurídicas que
L'evorÍctnent da p0p0, p. .53. se situam na descendência direta da obra de Binding, que já mencio-
namos.la O direitr-r" prtr exemplo, que por detiniçãtl deveria empe-

164
r65
I
I
I'
ut __ ü
() Alt( )lt'l'( ): ASl,lr(.,1,()S l,( )1.Í.t,1(.( )S A SI :( i l. I l{ANÇA I)[]M()(; RAITICA

nhar-se em instaurar a justiça para todos,


ó objcto clc maniput:rção c()rn() sc aclministra um material, em elaborar uma nova moral basea-
ideológica em benefício da minoria dominante,
constiLuída pcla in_ rla no novo significaclcl da vida, em entrar na política para fazer ctlm
ternacional da riqueza.
quc nasçil uma socieclacle nova, em derrubar a concepção tradicittnal
Embora em sua particularidacle os membros
nante de maneira gerar sejam imperceptíveis,
da minoria ckrmi- clc Iamília clissocianclo com total eficárcia a dimensãcl amorosa e il
é, contudo, pgssíver tcr dimensãro procriadt-lra na sexualiclatlc humana, em transÍêrir à socie-
uma idéia bastante precisa do espírito
dessa minoria. De Íat., essa dadc zr gestão cla vida humana, da concepção it mttrte, procedendo,
n.va classe imperiar tem uma irrentidade que
se pode dccitrar remon_ assim, a uma seleção rigorosa dcls que serão autorizadc-ls a transmitir
londo a partir da ideologia que ela produz
e dtrs destinatários visacl.s a vida: são todos temas clolorosamente atestados na hist(tria, mesmo
por essa própria ideologia.
recente, mas aqui estrepitosamentc reutivadcts e integrurlos num
Quanto at-l tet)r, o discurso icleológico cla nova classe
imperial é lúgubre painel dedicaclo à morte.
bastante tosc.' No princípio é atirmrldo
. event. libertad'or Ora, a esses temas com dclminante neomalthusiana somAm-se
constitui a m.rte de Deus. Este princípio .,libertador,,porquc quc
ó Deus, temas malthusianos clátssicos. A t'clicidade da sociedade humanâ
dizem, é um obstácuro à autonomia cro
homem e Ír sua tericidade. argumen[216
-
cxigc nãul apenas uma seleção qualitotirlíI; requer
P.rtant., é preciso que ere m.rra. e mesmo que. -
ajudem a morrer, também um recrulamenlo rluantitalit,o. "Sabemos, ntls sabemos" que
para que o h.mem possa viver e, por
fim, toma, u p.ópri. destino nas os recursos clisponíveis sãro limitados, e que um planejamentcl real-
mãos. Desdc que Deus csteja morto, a
humanicracle n,rrn p6de nascer, mente etictrzda população mundial é condição para tt sclbrevivência
e é neste part. q.ue devem empenhar-sc
os quc rcceberam a ruz. da humanidade. "Sabemos, ntis sabemos" qr" esse dever é particu-
Nessa prtlduçãt), o pÍrpei cle mécti.,',l;
esrlrreci«Jos será detcrmi- larmente urgente no Terceiro Mundc-r, ttnde sc observa uma trágica
nante c' no entanto, ctlntradittirio. É
a cles que cabcrá clenunciar as disparidacle entre os recursos vitais e o crescimento populaciclnal.
"crençAs passadas", "pró-cientítlcas",
bem ,,rr,, .s ..tAbUS,, que as
são e/cs que definirãro essa tarera, mas
'companham. é na alirmaçã.
desses postulados que basearão sua
missão.l-5 Eres precisam de uma Uma nova religiáo civil
ideologia para "regitimar" seu paper, mas
szr. eres mesmos que A icleologia imperial quer, portanto, ser uma ideologia rJa oclu-
detjnem o conteúdo da ideoklgia. ,t.i,
como os militelres que são u todtr transcendôncia que nãcl lorsocial. O discurso no qual se
teorizavam s.bre a segurança nacionar,
c-rs tecn.cratas médícos quc
regem o novo império r.ambém não sã. expressa é estritame nte hi.potético, no sentido jír explicado: ó o retlexo
suÍ.cados c.m tais petiçÕes da vontacle clos que o exprimem.lT Tem a funçãrtt tle ser eficaz, mas
cle princípio. Eles crizem que o objetivo
a perscguir a quarquer cusr.cr nãut tem valor de vertlade. E útil aos que o procluzem e apresenta-se
é a ,segurança dem.grírfica; mas é o impeiativ.
«la scgurança dem«r- como linguagem universal; mas ó a expressão inverticla tlos interesses
gráfica que deve c.nstituir a base da "regitimidade,,da
Ct) rajclsa m e n te aj ud ados po r demó"gra
lecnocracia. particulares dos riccls e clos poclerosos. Não tem valttr cle verdade
Íbs, c-rs tecn.cra tas es tã r-r algum porque, em seu princípio, trAncA-se no grande ['echamento: tl
disptlstos tl serem os parteiros gue ajudarão
a humanidacle a tlar à luz pensamento é elabclrado a portas techadas, em sentido lato e tigura-
tl sentido geradtl por sua evcllução. São
chamaclgs a exercer uma novu
medicina: uma medicina clo coipo social, aincla do. Esse discurso é a mais recente expressão da antiga tradição do
mais que uma mctli_ cientismq numA tbrmulação aquielaborada em benetício das ciências
cina cl.s indivídu.s.ló uma medicina que
consiste em gcrir a vida biomédicas. Apenas os métoclos clessas ciências nos pt-ltlem fttrnecer

( r4) cf. I 5s.


(ls) cf. 1.5-5. ( l{r) Cf. p. l(12.
( l7) Cf. p. e2-ett"

167

s
A Slr( ;t Il{ANq'A I)tjM(X iRAt"l('A

asseguram-n(x conhecimcntos vcrdaclciros;


- - dar c, s.brctucll, .sri tamhém é do intcrcssc geral; logo, umbos os intcrcsses rccomendam
podem a. homem n ,ãrpur,a A su,.s inrcrr.gaçrrc.s
;l]ffJ:ncias quc o número clc pobres scja detiniclo pela utilidadc que estes
o discurso d. cientism«r aÍirma que é impr.cedentc t.aa tivcrcm.ls
cura Íil.sófica pr._ Pois, scgundo a icleoklgia que examinamos, a utilidacle é o
.raz!t,r.lrtog"i., _ da verdade s.bre,
e, com mais
-
h.mem' a sociecrade, o mundo. critério único que deve ser levaclo em conta para aceitar que um scr
em pn.ii!rtr., totJ. cri.scurs. s.bre
um ser transcendcnte nã- intramun,ràno humano tenha acesso à existência. Ele produz? Consome? Rende?
é proibid.r. a
de uma rel'erência criadoril comum f.Jpria idéia Dá prazcr I Caso negativo, elc é nocivo; é inimigo. E como nadzr
a t.d.s .s h.mens é a prirtri
declarada .sem scnticrcl; é inútir garante que sempre será útil, o ser humano constitui uma ameaça
c.nsicrcrn, , qr.slãr.. Tendo
c.nstatada a mclrtc pai,
d«r a Íraternicroo" à"i* de ser
sicro permanente para a scgurança de st:u semelhante.
há mais participação na existência pr.s.síver e nãcr
recebiã, ,r" um mesm. criador.
o puro vorunrári.. A ,.,"i"iràe
[r;t, XHJ- é crecrarn.ro i.nnscen_
O pan-imperiali smo totalitário
n o vo r e i n o . Iil IÍ,1,

riqueza, ter, saber. Através "lx f


;:i 1il ;J it L ;,H : fi il:,.::l** I
aeieu triunt. sobre.s [iac.s, os Por fim, com toda lírgica, a ideokrgia da segurança demográtlca
dispõem de rique-a, saber quc
e pocrcr a.estam ser just. tem como Íundamento e tcrmo ct horizontc rlu rnorta. A execução da
papel mes'siâniccl' De lattt, quc cxcrçam um
cics.,ã,r a meclicla clc si mesmos criernça nãro-nascidu camutla a violência de nossa prírpria sociedacle,
0o tnesmo Íempo. c d,.ut^l
ainda mais pckl lato de que, em sua materialidacle, essa execução é
Dessa icre.rogia quc, como feita furtivamente. 1" A criança abortada é o bclde expiatório ao qual
a morar senhoriar inercnte a
messiânica e hermetic,mentc era, é
reiga, a.rur." a necessicracre, é transf'erida a violência de nossa sociedade. Ele é meu concorrente,
que a produzem, de reprogrmort para os
outros. É pr.riru reprogramá_r.s meu rival; é um obstácukr aos meu.s intcrcsse.s, ao meu prazeÍ, a
física e psicorrgicamênte; é precis,
educação' será preci^s- ir bu.scar
pt.rqr, .sua procrução c sua minha vida; ele é a causa da pobrcza, obstáculo ao desenvolvimentcl.
no Íundir o hedonirmà semprc Ele vai rlesejar o que eu descjo, na ordem do ter, e depois na ordem
latente, apr'star n, procura cro
prazer- ainaa mais porque a tracrição ckl scr. Ele vai surgir como meu cluplo: um homem que será demais.
t-euerbachiana é uimbém scniuarista. Portanto, ó preciso eliminá-lo.
Mas, ,,., ,"rr. temp., .será
precist'l alienar tls casais clespossuindo-os Mas nãro se trata aqui de uma "pequena violência", nu mesmo
de tod:r re.sponsabilidaclc
em seu crmp.rtamento sexuar. de uma violência simbrilica, como as trtcstadas pela história clas
Em suma, .s tccn.cratas médict.ls,
peça's-chave.s d. tabureiro civilizações e pelas mitologias. A criança quc ó morta no ventre dtr
de xadrez imperiar, deverão exercer
cont^rle t.tar s-bre a quaritrad:: um
n ,iun;ridroe de seres human..s. mãe nãrcr é saciticoda: cla não se torna sagrada para assegurar a
Esse discurso icreortigicu,.jí,r"rr.rp,*luitirn, ccresãrcr «la comunidade humana.20 pl', é execulrrdo sent que aviolência
zante ao níverdos homens, também tc e desm.biri_
. é ,; ;r;;" ders s.ciedacres. para seja expulsa da sociedade humana. Pois a sociedade totalmente
o Terceiro Mund., em particurar, laicizada deve clessacralizar tudo. inclusive a vidal clesmistitlcar tuclo.
essc disiurro e t.talme nte reacicl_
nárir e desastr,rsa" c.n.siste em fazercom inclusive o bode expiat(rrio. De tato, o sotrimento e a morte são o
que as pessoas acreditem
que a p.breza é noturor, que
é uma Íataridade estritamente
il um excesso de crescimcnto crcmográfico. vincurada
A. racro cressa considera_ (18) (rf. pp. l4-5 e l5(,-I-5e.
ção quantitativa, insinuarão, no espirito de (19) Quanto menos a vítinra é percebida pclo carrasco, menos este clomina sua
Garto n (rg2z_r9r l quc
a p.breza cl.s p.bres é a ). agressividade contra ela. Of. Stanlcy MILC}I{AM,,\oumission à l'autorité. Un
melhr)r prova cre sua ,"ji,.,"ril.í
P.rtanto, eles nã. crevem atravancar nrrurnr. point de vrrc e"rperimenlcl, Paris, (lalmann-Lévy, 1984
o praneta. É d,, interesse creres; (20) Of. René (iIItAItD, I.o t,iol.ence et lc socré. Paris, (irassct, 1972.

t68
169
n\
I

ll
() Ati()l<'l'(): ASI,l1( "1'()S l,()l-Í'l'l('()S
A SI1( it IRANq'A DIIM(X;RAIrl('A

non-sensc abscllutcl, justiticam a revolta contra o Pai. Assim scndo, ir


icos, cicn tíl'icos, cconôm ict'rs, cltr mícl ia, j urícli«ls, mi l i tarcs. rcl i-
116l ít
criança destruída significa a destruição do Pai. Sua execuçã6 nãg
giosos ctc. Tock)s csses aparelhos [uncionam como intermediírritls cltl
ctlnjura a vic'llência; anunciA, ao contrário, seu clcsencacleiment«t.
p6dcr impcrial c o transmitcm, como por hiptistases. até tls contlns
ü

I
Salvt-l umer fltlrça maittr, ntrda mais pode nem cleve scr obstáculg a
do muntltt.
minha Íbrça. E ainda mais grave: entre as ÍunçÕes tla ideologia figura
Assim, esse tipo cle império imperceptível é um prtllclngamenttl
a de dissimular cssa violência itimitorto e subtraí-la ao dúínio cla
clo Leviatã que mencionamos no início do livrtt, embtlra haja dilcren-
razãl-t.
ças ncrt(lrias. Por mais que o Estado totalitáric» cliÍssico cxerça a
Assim, a liheralizaç'|aodo aborto assinala iminência do retgrng
a
itnipotência clcntrt-l tlc suas tronteiras, seu ptlder não deixa de ser
galc-lpante de um dclírio irracional, dissimulaclo sob a camul1agem
limitaclo pelo cltts tlutros Estadtls. Elc se cncarna num príncipc (tlu
mentinlsa dc uma idcologia da segurança.
num govcrntt) ic-lcntificárvcl, visível, portanttl atingível, cxptlsto, ptlr-
Pclrtanto, a ideokrgia neo-imperial da segurança demogrática
tant6 clestrutível. Arluia rcvclluçãto parece imptlssível, pois tl príncipe
está bem prtixima da icieologia nazista, cla qual cclnstitúi inclusive, sob
cleste mund6 tem u cuiclaclo cle não revelar tt prtipritl rosto (Ct- Jtl
mais cle um aspecto, uma extrapolação. Enquanl.o o nazismo apre- (t,44). O impório metapolítico visa a uma supremacia incondicitl-
sentava-se como um nacionol-socioli,smo, agindo no interesse tla
nal e inconclicionercla, não quer conhecer ou reconhccer iguais nem
naçãr-r alemã, ou, antes, da raça ariana, a icreorogia neo-imperial agc
rivais.
no inl.eresse da classe rica espalhacla em escala munclial. Os princípiós
Aliás, a mídia, que tem a [unçãcl de intormar, também tem, ntl
que inspiram ess?ts cluas icleologias estãrcl, no essencial, em Feuerbàch:
c6ntextg desse projeto tt"ltalizante, umA funçãt'l de tlcultação indis-
mas dtr nocional'sociolistno ao neo-imperialismo atualos métodos se
pensável. Tolera-se os vaticínit'ls de Cassandra, desde que se tenha a
sofisticaram. Nãttl se trata mais cJe um imperialismo preclominantc-
certeza de que nãro serão levados a séritt. A intilrmação deve ser
mente militar, como no c?rso dos romanos, ou econômico, como no
tratada cclntitrmc os intercsses claquelcs que a prtlcluzem e segundtl
cla Inglaterra vitoriana. Trata-se de um imperialismo com nítida
6 gsstt-l clos que a consomem. A colonizaçittl cltt opiniiro pública deve
natureztr totalitária. Os manipultrdrlres flzeram um esfbrço real para
melhor se dissimuletr. O papel da idcologia tornou-se maii importan-
tci et'citos securizantes para tls primeirtls c angustiantes para tls
últimos. A única ctlisa quc realmente importa é a segurança dtls
te: a cr-rnquista e o contrclle dos corpos agora passa pekl dominio das
abasLaclgs; gs fracr-ls nãro tôm valor algum: ltlgt-r. os rict-rs ptldem disptlr
inteligências e «Jas vontades, e vice-versa. Estamos diantc de um
deles c continá-los à tlrla da humaniclade.
l'enômeno novo: o pun-inqtcriulismo, no qual a engenharia das almas
Assim, tts prtljetos de liberalização do abtlrto não passam da
trlrna-se tão imprlrtante quanto a dcls corpos.
parte visível cle um it:eberS4 que encerra muittls perigtls.

. . .rB t6metapolítico "


Por [lm, clirctamentc inspirado cla lorma mais rccente cle cien-
tismo. esse pan-imperialismo tem essên cia merapolítica: cmpenha-se
em Iazer triunf ar uma novit concepção da vida humana e em colocá-la
stlb tl signtl da transccndência social. De tato. o pan-imperialismg
caracteriza-se antes cle mais nada por uma concepção paiticular ckl
homem, que cstá oc:itno do polític,r. É cm nome ,i.,t*n antropologia
que o novo imperialismo utaca os ílparclhos que necessita para ogir,

170 171
U
.},

)§/II
o aborto: perguntas e respostas

A liberoliz.ação do ahorto é apresentado como único soluçao


satisfatória nu.ma séie de cusos dramáticos. Entretonto, sua liberali-
znção su.scito problemas mais numerosos e complexos qlte os que
pretenrle resolt,er. JtÍ os disctttimos nos ptiginas precedentes. Para
resumir, e com vistas o oferecer o nossos leitores um conjunto de
argumentos; vomos exami.nar olgtlnos dus "rozões" int,ocodas cotn
mais freqiiêncio na discussao a favor de uma ret,iseio das leis que
attt,olmente reprimem o abofto.

cristãos não estão querendo impor sua moral aos outros?


Os cristãos não têm o monoprilio da det'esa cla vida humana. O
respeito a toda vida humana é um preceito de mclral universal pro-
clamadt-l em todas as grandes civilizaçÕes, e é o tecid«: de toda
socieclade democrática.lSc o direito à vida não lbr respeitado e
protegidcl, tr-ldos os outros direitos cstarãro ameaçados. Na Bélgica,
por exemplo, a lei de 1867 que reprimia o aborto lbi aprovada sclb
um governo liberal homogêneo; naquele momento os cristãos esta-
vam na oposiçãro.2

2)\A criança não-nascida é um ser humarut?


---/ Até as leis que liberalizam o aborto começam proclamando o
caráter humano do ser que, no entanto, autorízam a matar em certcls
casos. O artigo 1 da lei Veil-Pelletier na França é de uma incoerência
típica neste sentido: "A lei garante o rcspeito n to«kr ser humano

(l) A respeito da dcnrocracia c cla "regra dc ouro ver pp. 99s., n. 19; I l0: 192 e çt
cap. IV
(2) Of. P. -§9, n.4"

t73
() All()l{'l'(): ASl'»l:( "1'( )S l'()l.l'l'l('( )S () Alt( )lt'l'( ): l'lrl{( it lN'l'AS l'. l{l:Sl'()S'l'AS

da criança nãtl-nas-
descle o começo da vida. Este princípio síl potlcrii scr violirtlo L:nl cirso t.0nse:9uônciir clc um dircittl ttntcritlr, intrlicnável,
dessa dit'cito que suscita e justifica uma sançãtl
de necessidade conÍbrmc as condiçíres tlct'inidus llclrr prcscntc lci." I
Í: it vittlrtçrio
citlir.
É justamente porque tr criança conccbida ú um scr humano (pr(' ;lctritl' I
l., srr.i.rlarle- as pessoas
b) Em ttltla stlcieclade, prectsan n saber o que favorece
o seu nascimento não é desejado. Sabc-se quc () scr quc sc irnunr:irr
é um obstáculo à
em breve será um bebê, depois um adolesccnte e mais turclc utrr c () quc ohsttrculizA a convivência. A desonestidade
mesm.-, deve ser
adulto. E porclrrt está clestinaclo a ser um bebê, um atlolcsccntc c unl vid. sgciul pgsitiva: também é tl caso do estuprtl' O
não ptlde se tletender'
adult«r que o eliminam. tlito rlo ttssitssinattl, sobretudo quandcl a vítima
,,-,nr.grr" impedir o ttnn*gtessãtl; ela a sanciclna' Numa
A lci ni,,-,
atenuantes dcl
3»A mulher nfut é tlona de seu corpo? s.ciccltrd" .t"m,r""rática, ptldc haver circunstâncias
-J irssrrssinut1.1 eu do estupro, mas ninguóm
tem tl dit'cito de estuprar,
Salvo nas regi(res onde ainda existe a escravidãro, nenhunt scr pode ser considerado um
pcm tlc matar um intlcente. O abt'rrtt-r nãcl
,humano pode tornar-se propriedade de outro. Ora, a criança não-nrrs- rlirei.tt»da mulher. Nãtl é porque a leitliz
q'ó u estupro e o assassinattl
cicla não é um órgão cle sutr mãrc; ó um ser único, distinto, com suir crimes .u
individualiclatle gõnética pr(rpria. Essc ser úni«r scguirá/uma cvolu-
sii. crimes ou delitos que essas ações tlcli.sas se lornutrz
.i"ít-rr. ã p.r.qu" essas ações srTo õdi.sas que a lei
as pune.-s
ção original, sem soluçiro de conl.inuidacle. A mulher não poc'lc clispor
da existência tlessc scr como. numa deLcrminacla épocit, o potu' -)
não deve ser considerada uma etapa
familiu^t romano dispunha clc scus lilhos.a Dondc decorre um aspcc- |' »)A liberalização do aborto rumo a suü liberta'
tt-l que devc scr previamente: csclarecido: é prcciso strbe r rumo a quc iláportante naiorrgo caminhada das mulheres
sooieclade queremos caminhar, que sociedade queremos promovcr. ção?
Queremos Llma sociedade quc trccllha todo ser humano, nssim que suir vítímas dtl
a) Junto com us crianças nãtl-nasciclas, as grandes
presença puder ser cliscernida. ou uma sociedadc quc rcstaure o e nat alma; os grandcs
aborto são as mulheres, maúucadas no corpo
privilégio ckrs mestres e até sua prerrogativa dc dispor da vida ckr c os que tiram. prgvcittl
bcne[iciárrios dtls abtlrttls sãtt"l t'ls htlmcns
u

outro? Este último tipo de socieclade teria bases muito clit'erentes das
t'inanceir() ou rtutro clesstts tlperaçõcs.6
A rcivinc'licaçirtl dcl abtlrttl
que inspiram as socieclades democrírticas, pois admitiria que todos os oviclencia de maneira
liheralizado, ou mesmo simpiesmónt" livre,
sercs humanos não são igualmentc respeitírveis. nossa st-lcieclade'
clramírtica as tenclências talclcráticas cle
b)Essareivindicaçãomostra,umavezmais,quetrlgumasmu-
4) A lei que pune o ahorto é odiosa para a mulher e ignora r§ezs dos htlmens que usam de
lheres p.dem tornar-seiúmplices objetivas
clireitos. tcldas as manhas para as expltlrar. De
fattl, é ptlr um espantoscl
a essa reivindicação'
a) As leis que reprimem o aborto não cclntcstam, de moclo paradoxt, qr* nigu*n, mulheros se asstlciam
sexo é aprescntada pt-lr htlmens
algum, os clireitr'rs cla mulher, mas ressaltam o clircito cla criança p.is a pretensa ínnrng"* cle seu
concebida à vicla, direito hq" escamotcaclo. O que essas leis afirmam zelosr-rs em manter iÃiclitlsamente su?l própria e clesprctlcupada
é que ninguém podc dispor cJa vida cle um inocente. Essas leis dttminaçáo nas rclaçCles sexuais'
uma regressoo
simplesmentc aplicam o princípio geral caracl"erístico clcr toda socie- c) A liberaliza(ãro clo abtlrttl assinala, ptlrtanttl'
pclo recr-lnhecimenttl cle sutt
clade democrírtica: igualdadc tle clireitcls rJe todos os scrcs humanos grave na pacientc pàcura clas mulhercs
quanLo à vicla" Assim scndo. o carátcr penal clcssas lcis não é scniur a dignidade.

(3) {lf. pp.4tt: 53, (5) Of. pp. 34ss; 45s.; ti(r'
(4) (lf. p. -52. (6) (lt. p. 42,n.8.

t75
t74
() AI]()lt'l'(): ÂSl'l:( "l'()S l')()l.l'l'l('()S ()Alt()tt'l'():l'l:lt(itlN'l'ASl:RIrSl'!()S'l'AS

corpo c do sua trlma; vtlltarit


Gruças :r cssa libcralização: supOrtarii sOzinhtr u dilitcertrçãrtl clc scu
clc certtl mtldtl' existe o sofri-
- os homcns criam contliçoes que lhes pcrmitcm dispor de qualqucr à solidiro uinda mais machucada. Pois'
mulher contrlrmc sua convcniência e quanclo bem lhcs aprouvcr; ..curto" e o scll'rimentcl "lt)ng{.)", p?lra nãttl falar dt-l remtlrso"'
mento
antes dc qualquer
- eles sc livram, clesclc o princípio, de qualquer rcsponsabilidadc cm Daí decO.r* qu" há medidas a sere m tclmaclas'
mulheres cm dificuldade
relação à criança que possam gerar; outra considernçi,,). com vistas a ajudar as
- eles se dispensam cle promover medidas que melhorem a situação discrettl' elicaz e calclrost-r
e a garantir-lhcs um "Ílc()mpanhamento"
da mulher na sociedadc; a gcstaçãtl a termo nas
durantc a graviclcz. Assim ptlderãtl levar
- as mulhcrcs tornam-se clbjetos cxploráveis at-ls quais, a)s vezes, a perspectiva de ctln[iar tl Í'ilho a
melh0res condiçíles possíveis, com a
esteriliztrção ó ot'crccidtr ou imposta como prêmio.
-
exacerba-se nelas um ct-rntlito, -
amplamente atiçado pela mídia,
pais adtltivtls, sc rtssim dcsejarcm'
entre trabalhtl. consum o, lazer e maternidade. \ pode ser considerado um mal menor
.l) Aexperiência tiancesa mostrir, em particular, os estrAgos que D) Srra que o ahorto não
-- quando as diliculdades são extremas?
a libcrtrliztrçttt-t do ahorto faz cntrc as adolescentcs, entregues sem
deÍesa, clesclc a aurora dc su:r vicla clc mulheres, u loclas as expklra- a)Amtlralc()mumctlbtlmscnsotêmcomomáximaqueentre
ções, degraclaçÕcs c humilhaçõcs.7 Em 1978,2,(9/c das mulhcrcs quc tlois tl mal mcnor' mas que tl fim
mal es inet,iÍ(tL,cis clcvc-se cscolhcr
abortaram na Inglaterra tinham menos de l6 anos. se pode/n zer urn mal para
nãtr justifica os mcitls, qucl tlizcr' q.u":1t'
Assim, u reflexão sclbrc a liberaliztrçitt'r do abtirto revela não quc certamente se
qu".l"l.' rcsultc um bem. E um racitlcínitl simplcs de quc
apenas a cxlrema vulnerubilidade cla criança, mas. além clester, rr Nittl se ptlcle matar uma criança nil Csperilnça
lplica a() çtso.
extrema vulnerabilidade da mulher na socicdade. Por conseguinl.e,
surge a necessidacle imperiosa clc não desvincularr nas discussões a isto mclhorc tl situaçirtl de sutt mãc'
promr4ão integ'ol da mulh cr do protcção à oriança que vai nascer. b)oilrgumcnttlscguntltltlqutrlhaveriac:onJlitodevalorcs
"sc bcns' tl
tambóm não trplica. Dc fattl, a vidtr é tt primcirtl dOs
() a ttlcltls ()s tlutrgs' O
primeirg dtls vitltlrcs quc ctlndicitlna accsso
6) O ahorto não proporciona, apesar de tudo, um alívio ao soÍri-
dircitoclacrianEiràrviclavemttntcstlcttldt)S()Sdireitosqucsuamãe
I
mento das mulheres?
tem em relttçirtl tttls tlutrtls valtlres'
Deixanclo de lackr o caso aterrorizantc clc mulhcrcs que cclnsi-
\ . .,i,ln da
,r^ -.-- ^--]a.t ^ vida ,ln mãe e a
deram a criança um obstáculo a sua carreira ou a scus prazeres. as quanckt é precistt escolher entre a
[uturas mãres em clificuldaclcs csperarn quc as ajudcm, não que matem
i' S) ,b qtte,faz.er
{o filho?
seus filhos. Portanto, não é climintrndo uma criança que vai nascer
ttlrntlu-sc rarlsslmo'
que se moclil'ictr a situaçáo cle sofrimenl.o cla mulher. A mtrirlria das Trata-se tle um problc.ma quc, ntr prhticit'
um scr humttntr
mulheres que procur?lm o aborto são mulheres sozinhas. A pesquisa E,m ncnhum cas() SaCnfica-.sc clclibcraclamentc
sttlvar alguóm'
teita na Inglaterra em 1978 rcvela quc 65o/c rlas mulheres que recor- porl sulvar outrtl. mtrs ptlcle rtctlntcccr qug, tcntandtl
é primeirt'r sttlvttr tudtl () que
reram ao aborto legal cram solteiras. O aborto rcsolvc seu p«lblema l'aça-sc uma vítimtr. O quc sc qucr fa'ter
tle solidão'? Será que, ao cuntrário. não o agrava a longo prazo'! É Pudcrsersitlvtl" , ,-.-
preciso dar-nos contu de que a libcralizaçáo do aborto desobriga a QuandtlseprirticaumattlctlmduplocÍcito,umpositivt-leoutrt.l
é tolcracltl.
sociedade de ajutlar a mulhcr cm clificuldaclc. Em seu dmma. esta nunca Se quer tl cl'cittl negativtl: clc
^.tcgtttivtr,

(7) Ol'. D.2(!e Oap. XIII. (tt) Of, OaPs' II e trV'

t'7'7
176
( ) AIt( )lt'l'( ): ASI)l:( 'l'( )S l'}( )l ,l'l'l( '( )S ( ) AI]()l{'l'(): l'lil{(itlN'l'AS ll lttlSl'()S'l'AS

9) Portanto, promover a mulher na xtcietlode implica prevenir (, I I ) Na rlemtrcracia, é a maioria que decide; portanto, o parlamenttt
ahorto? yxle mutlar a lei"
É a mulhcr a primciru u rcc«lnhecsr cm suil carnc a prcscnçir tlc N16 ó cxatg quc it democracia seja tJetinida essencialmente pelet
um n()vo scr humuno. E a primcira a scr chamacla a trcolhô-lo livrc- irlllicuçíur mccânicà. t"gn da rcgra da maioria. De [attl, há outra coisa
mentc. É a primciru a propor que out«rs tambóm o acolham." ttnteri.or a() uso clessa regra; é que a democracia define-se primeiro
rJe ttldo tl corPo social a respeitcl dcr
Logo, promover a dignicladc clu mulher também é rcvakrrizar Ix)r um t:onselln fundomental
o papcl insubstituível da mirc na socicdaclc. Em vcz clc culpabiliza r ils rtireitrt rla rodo ltomcm o vit,er utm dignidode. E este o rlireito que tem
quc tôm filhos, ou pcrdcr-sc cm cliscuss(les bizantinas sobre a exis- dc ser pr6m6vidr-l e pr6tegiclo. Ptlr ct-lnseguinte, é a necessidade de
do legislador das ações
tência ou niur clo instinl.o mtrtcrno, ó preciso criar contliçõcs nas quais llrotegô-lo que justitica a re prcssão por parte
as mulhcrcs tcnhum re almcntc a possibilidaclc dc scrcm mães, mcsmo aus iÀaluítlucls que se arrogam () "dircito" cle dispor da vida, da
II
se nãto quiscrem ou niro puclercm rcnunciar Íl suas prolissõcs. liberclade ttu dos bens de tlutrtl.

I 2) A lei não é mais aplicada. O Estado de direito naofica aviltado?


I0) A lei reÍIete os costumes; ora, o ahorto passou a,fazer parte dos
atstumesl kryyt, o ahorto deve ser legaliz,ado. pirra quc haja Estatlo de clireitr) num país. não hasta quc cxista
uma legislaçãrc, qutrlquer e que ela seja aplicada- Acontece de t-r direittl
Ncssc camp(), o quc é vcrdaclc sobretuclo ó que os costumes
dar suã cauçãto zj tiranitr e legalizar o dcspotismo' O flatcl tle que a
seguem a lei: "Modi['iurndo-zr, al'irma Simonc Veil, vocôs podcm
China e a Alnânia tcnham suas lcis, c clc que cstits scjam aplictrclas,
mocliÍlcar todo o pzrdrão (paltern) drl comportamcnto humtrno" (Ii- tlc
nãr-t signilica quc tls chinescs ou albancscs vivam num Estacltl
tnes,3 clc março clc 1975). Os mclhores obscruadorcs concrlrclam cm tlireito. Há Esiackr rJe clireito quando a lci cstá a scrviçt-t da l2ju.stiço
quc, na França, muitas tlas mulht: rcs quc rccorrcram ao abrlrtcl teriam poro loflos,c niro sti para o grufx) mais lilrte tlu mais numgrost-l- Sc
encontrado outra soluçãul sc não existissc a lci que o liberalizou. Um Lrp"r,-, que a lei protej aantinha vicla c aminhu libcrclacle, ela tambóm
Estado tlemocrálico rer:ctnlrcce o direito clc scus mcmbros à vicla. à cleve prtlteger á vidri c a liberclade d6s clutros, cspecialmente clos
liberclade, à scgurança dc seus bcns. Elc não sc arroga a prerrogativa [ract'rs.
clc cleclarar qucm, cntrc os inoccntcs, tem o dircito clc vivcr ou podc
ser mrlrto. Também não se arroga u auLrlrizaçãro cle clellnir quem teria I j)
Denuncia-se a existência de um 'fuazio iurídic7" em tletermi'
o direií.o de roubar, cstuprar ou matar. O Estadr) que agissc assim nados países. Esse vazio não é inadmissível?
pcrclcria sua qutrlidaclc tlcmocráLica, pois intcgrar ao cnunciado cltr
N6s luglres onde aincla cxistc umtr lci que reprimc tl abtlrtcl,
lci as infraç(tcs tolcracltrs síl podcria t-avorcccr sua multiplicaçho. Mas
cleterminacltts magistracltls hcsit?lm em aplicÍr-la, àts vczes por causa
tu lragilicladc cla clemocr;rcia ó ttrl quc csta trtó poclc dar-sc lcis pclas
tle pressoes. Hh, fortanto, vuzit-l iudiciol, c nãtt'r jurídico. Esse vatzitl
quais coklca sua prt'rpritr cxistôncia cm peri{o.10 judicial acarreta tluas conseqüências- Ptlr um lacltl. pril'a a criança
Por cssc caminho pode-se ir muito krnge. pois sc tor admitida a
nã,l-nn..icta cla protcção legal à qual tem rJireittl- Ptlr tlutrtl lacltl,
climinação clas crianças não-nascitlus, krgo serii aceita já se admitc (]
- despratege as mulhores contra a impuniclade habitual dtls homens
a dos recém-nascidos dcclaraclos anormais, clos clocntcs incurírvcis. üontra todos os quc estão intcrcssa.l,',, *rn incitír-la a ttbtlrtar.l3
-clos velhos: "todos os quc cstiro a carg() cltr soc:iccladc."
ili (lt. çrp. 2-5ss.; 30: i07
(9) (lÍ. p. I lfi, n. 4. l2) ili. op. 27s-
(10) Ol'. pp.3()ss.; 3.5s. l3) (:Í. Oiip V.

i
l
17()
178
( ) All( )l{'l'(): ASI'11( "1'()S l,()l.l'l'l('()S ( ) All( )lt'l'(): l'lrl{( it lN'l'AS lr ltllSl'()S'l'AS

--\
141 t16 que os ahortos existem, não seria melhor legaliz.eí-kx, - Pclir constirtuçãro do cl-cito du lci sobre its taxas clc natalidatle. quc
'transÍormantkt-os cuíram alltis a legalizttçãttl.
em ato métlico, para que se.jam,fbitos ,rem hoas
condições"? b) A expcriôncia l'runccsa aro laclo cla clos outros paíscs tlndc
o ahorto liri libcrtrlizado -
m(xtra quc a lei Veil-Pelletier nao pôs
Um ato médictl não sc clcfine pclo uso clc instrumentos, mccli- -
tcrmo aos abortos pudicamcnte chamudos dc "não-rccenscadt)s".
camenttls, insttrlaçõcs hospitalurcs, ncm pela aplicaçao clc co-
Scgunclo algumas cstimativas, estcs scriam inclusivc aprttximacla-
nhccimcntos ttu técnicas. ncm sequcr ncccssariamcntc pclo diploma
mcntc titct numerosos quanttt tts aborttls computadcls. Qucr dizcr, t-l
univcrsitáritl cltrquclc quc o realiza. O ato móclico clctinc-sc por uma númcro nãur climinuiu. A instalação dc umA mcntalidade abortivtr
finalicladc: salvar a vida. mclhorar a saúdc. o transeuntc quc lirz incita incvitavelmcntc as mulhcres a rcoorrercm ao abtlrttt por mo-
rcspiraçãro trrtiÍlcirtl num trlilgaclo realiza um ato móclicg. O móclic6 tivt'rs c cm momcntos não prcvistos pcla lei. Portanttl, clandestina-
quc ctlltrbtlra com a tttrturu não cxccuta um ato módico. O lzrto clo mcntc t: "cm más cttndiçt1es".lí'
ctlrrasc() scr suhstituídtt pckt méclico não basta para clar a um suplícict
a qualidzrclc clc ato médico. 16)) Mas o que tliz.em os partidários tkt ahorto a respeito das
Da mesma mancira, tt l'ato dc o ahorto scr rcalizaclo por I .. ^
unr cuíseqüências de mográlicas dessa prática?
médictl, c com técnictrs apcrÍ-ciçr'raclas, não basta para lazcr clo ahorLo 4
Fazem dois cliscursos ctlntraclitílritts:
um attl módictt.14 D,t maça h bomha clc nôutrons, os homcns I'izcram
tr) Anta,t cla legalizuçao do uborto. clizcm quc cstc ó ncccssáritl
I
"progrcss()s" contínutls na rtrtc dc maLar os semclhantcs "cm boAs
"para controltrr a expkrsho dcmográl'ica", ptlis acrcscen[is111 i1
ctrndiç(lcs". Em 1941, os módicos SS dc Auschwitz Í'clicitavam-sc por
conlraccpçãro ó insuliciente"
- -
lcr "humanizadtt" tt cxtermínio cm scus campos dc conccntraçiro: b) Após a lcgalizacão, dizcm quc cstu nãto tcm cteito demtlgrír-
haviam substituído o montixiclo dc carhono por um gás àr basc dc fico notávcl, c quc não se sabe a quc atribuir a qucda da nataliclitcle.
ciancl.tl. Os cstupros c ttssassinutos são scmprc Í'citos cm más concli-
çtlcs (atl mcnos pilra as vítimas). Acaso serão organizaclos centros 17) Será que os .juíz.es não terão poder para .fazer com que seia
tlnclc cstuprtls c itssttssinatos possam scr pratictrclt)s cm "hoas" con- respeitatla uma lei que liberaliz,e o ahorto?
clicocs (para scus uut.rcs), s.b supcrvisã. mótlica'?ls
i Como a cxperiência mostra, tr aplicaçãro clc loi é praticttmente
i
inconÍrolár,el;17 doncle a ncccssicladc dc mantcr uma legislaçiro pre-
I5) O,fato é que exisÍem ahortos clantlestittos. Então não serri
ventiva, dissuasiva c mcsmtt rcprcssivit.
melhor legaliz.ar o ahortut para reduz,ir seu número?
- Prevenllya, pois ó prcciso prevenir uma agressãttt irrcparávcl
a) E inclubitável quc o númcro clc abortos clandestinos loi contra umu vitla humana cxposta ir ser climinacla peltts mais lortcs.
aumentadtl para susciLar o mcdo c conseguir a mudança da lei. Como - Dissuasiva, pois é preciso dissuadir a mãe cle tttmar a decisão
sabemos'/ cle abortur, c oIercccr-lhe soluçrics altcrnativits, cficttzcs c caltlrostls"
- Pt-lr declaraçõcs dc módicos quc praticrlram abortos. B. Nathanson, - Repressiua, pois, numa socicc-laclc democráticu, tudtt quc aten-
por cxcmpltl, csLima que o númcro de abortos clanclestinos nos Lc contra a lihcrdadc do outro, e com mais razÁo cttntra sua vida.
EUA toi multiplicado por 10! clcvc scr coibiclo, levanckr cm contA, cvcntualmcntc. circunstâncitts
atcnuantcs.
(14) of. 11.1'l{l:MI}l.AY, "Narure cr crcfinition cle I'acrc mcclical,' in Lais"saz-les
l,iure. ['aris, LethicllcLrx. 197-5, pp. 333-33(r. (16) (ll'. pp" l7s.
( 1.5) ()bservaçãro sr.rgcrida 1"rclo I)r. .1.C. WII_l,KI:. (t7) lbidem.

ltto It{l
( ) Ali( )l{'l'( ): ASl,la( "1( )S l,( )l ,l.l,l( ,(
)S

l8) Nao há uma dilbrença entre descrimirrar o ahorto, quer


üiz.er, l)irril criirr Lunil mcntaliclaclc ubortivu cluc multiplicaria o númcro dc
tirá-b do cridigt penal, e liheralizcí-b, ou seja, torná-16
ntais livre, rrllortos lr.:gais c clanclcstinos.
mais,fiícil?
a) Entrc u:lrYyinaçrio e a li.berolizuçrÍodo
aborto, a clisrinçã.
I9) Nao se.justifica urn ahorto en, caso de estupro?
é muittl prccária.l8 Descrimintrr .signitlcaria quc Rcmctlia-sc uma in.justiça grrrvc comctcnrkr outra mais gravc
o abortcl esc.pa à
sançã. pcnal, o. guc nho signitica nóccssariamente aincla /
quc seja pcrmiti_
do. sãro conhecidos casos análogos, dc ordcm Os czrsos clc cstupnl seguickrs clc gravidcz são, I'elizmcnte, bas-
menor, é bem verdacle:
nã. se pune cl r.uh. cre um pão cclmetid. por um miseráver [antc raros.
laminto;
no entanttl, tl attl nãtl ó declaritdo permiti«kl. A mulhcr csLupracla clcvc ser mclhor dcl'cnditla pckl pt-rder
Poróm, numa sgcietlaclc
democrática, .nde, p.r assim áir.r, tucr. que quc dcvc os csl.upradrlres cm potcncial. Por
não é pr.ibido é .jucliciárir), clissuaclir
permitido, descriminar o ab.rto significaria decrarar
que não p.de outro lackr, o aborto incluz um comportamcnto pouco respeitoso em
ser punido, o que equivalcria, na piátirn,
a ttutorizá-lo, Iibe ralizá_l<t, à mulhcr, concluzindo. assim, à banalização clo csLupro.
quer rJizer, torná-ltl um direito vinculado às liberdacles Iglr,ça,,
intJividuais.
Descriminar o abtlrttl signitica aceitá-lo, reconhecer 20)p ahortu não se justilica quando a criança que se anuncia não
que tem direito ,
rle. existir: é legalizá-lo, «rbri-lcl com
autoridade cla lei. portanto, é 'éúeseiada?
privar a criança nãr.-nascida cie quarquer proteção
rcgar a sua cxis- a) Niro clispomos clc critório algum para clizcr sc uma critrnça
tência me.sma p^ltcçã. da quar a penrtlizaçiio nTat> é senã. a
-
co n s eq ti ê n c ia lógíca.
clcscjacla scrti f'cliz ou sc uma critrnça não-dcscjada scrir mal amaclir
Vê-sc: o objetivo visado ó a liheralização: facilitar ou inl'cliz. Niur l'trltam crianças imprcvistas bcm amuclas; não [altam
o aces.so ao criirnças dcscjtrclus inl-clizcs. Os quc maltrutam as crianças desejam
aborto. O meio cmpregackl é a descriminação:
promulgar uma lei tcr filhos.
au tt-lrizando t-r aborto.
b) sabe-sc que alguns vão aincla mais krngc: peclcm Além disto. ó prcciso obscryar quc, mcsmo tcndo sickr desejacla,
at-l Estaclo
que rle,sc'ulpohilizc o ab.rt.. A própria palavra tr criança quc vcm sempra suscita um risco. e mcsmo inúmcros riscos,
que us.m revela que
percebem ctlnfusamente que o Eitackr, tal como para scus pais c para u sociccladc. Também não se podcriu csqucccr
é concebickr em
nossa-civilizaçã., estaria urtrapassand. a missão l
,
quc uma criança clcscjtrcla antcs do nascimento podc scr percebicla
que lhe cabe caso 'i
liberaliz.sse o ab.rt.. Entã., não hesitam em pedir como indcsejiivcl clcpois dc nasciclu, scja por causu dc suu cvoluçiur
a esse mesmo
Estad. uma intervençã. tal que implica nã. apenas
uma ampliaçãr. Í (clclinqüência, por exomplo), seja por causa da evolução tJe scus pais
de suas atribuiçoes, como também uma mudança $
( descntcnclinrcntt), p()r cxcmplo). Prlrtanto, imp(rc-se a im plemcnta-
pr.Íuncia em sua ,§

própria natureia. o Estado a quem se pede que diga :


ção de uma eclucirçiro parrr o acolhimcnto.
o que está ccrt. t
t-lu errado, que diga quem p.de viver b) Acresccntem()s quc, cm alguns mt:scs tle gestação, a psicolo-
e quem pode ser eliminad.. é
um Estado empurrado p.r seus pr(rpri.,,, cidadã.s gia da mire pussa quasc scmprc du contrariccladc à accitaEão, e da
a uma deriva
totalitária.1e accitaçut) ao amor. O dcscjo em relação ao l'ilho nãur pára no início
Em suma' já que, numa cremt-lcracia, proibir sem prever da graviclez: clc progriclc, umudurccc" Provavclmentc, nem toc-lcls nris
sanção
não tem sentidcl, uma descriminação contribuiria Íirmos descjados; mas tcmos u ccrtcza de que fomos trcolhidos.
inevitavelmente
Por [im, u cstrutura naturrrl dc accllhimento da criança é o cusal,
(ltt) Cf. pp.3_5; -58; l4-5
onclc clois sercs humanos constitucm umirJ'omíliu, quer clizcr, lormam
(le) of. pp. 3-5; 120. um pnljcto quc irnplica duraÇiul, Ílclclidaclc c conliança para lazcr
frcnte. iuntos, tur imprcvisto. Toclo um scnso do acolhimento deve scr

182
Iri3
() All()R'l'(): ASl,la( "t'()S l)()l.l'l't('( )S ( ) AIi( )l{'l'( ): l'lrlt(;t IN'l'AS I: l{lrsl'( )S'l'AS

clcsenvolvicltl na sociedacle quc, com clcmasiaclu I'rcqüônciir,


dissuirtlc irssirrr, à luz clo rliu: u .sriluç'ãr) püro u pobrczu nãrt é clirnirtur o pobra,
tls casais dc projctar e prt-lcriar, ou quc culpabiliza o.s quc tôrn purti.lhur tr»n ala.
l'ilhes. trttt,s
c) A única paternidade/maternirlacle «ligna do homcm é 1 pertcrni- d) Nossa socicclaclc nunur Íoi tão rica. Bastariu uma política clc
cI ade/m a tcrnid adc rcsponsávcl.
N in guém con test a cs t a verclaclc. Ass i m. irlloio ir matcrniclaclc quc lossc bem pcnsAcla, bcm aplicada c bcm
um certtl plane.iamenl.t-r dtls nascimentos imptie-sc a todos os casais. controltrcla para que toda criança ao nascer clispuscssc clo mínimo
Mus
o que signi[ica esse planejamento'/ Trata-se dc clominar totalmentc ir matcrial inclispcnsárvcl quc lhc gurantissc uma cxistência digna.
t'ecundidade, ptlr todtts tts mcicls contracepção radical, abgrts clc
repescagem, es lcrilizaçãur, c u ttr nás -
ia das cria nças dcticie n tes ?... 22) Em nome do direito à qualidade de vitla, não se deve recusar
Na verdacic, se tilr admiticlo que se pode eliminar todos 1ls inde.sc- a vida a um ser destinado ao stúrimento ou a unta deÍiciência?
jados, a stlcieclade humana se clestruirá. Se não
lor admititla a presença
dtls outros' com suas diÍ-erenças, a vicla em sclciedade se tornará Não sc dcvc idcntilicar a vi.do humana c a quulidurle do vidu
int'ernal, humana. Essas cluas noçõres não cstãr) no mcsmo planr), um pouco
s_e-gundo a det)nição cle sartre: "o inl'erno são os
r)utros.',20 como não se cncontrrrm n() mcsmo plano a dcmocracia c as qualicla-
/)
(, zt dcs (ou dcÍcitos) du dcmocracia. O rcgimc ó clcmocrírtico ou. por
lntrnamo-nos sensíveis à qualidade da vida. Muitas crianças
cxemplo, totalitário. O Í'ato clc cstar cm rcgimc dcmocrático não
"-córcebidas serão infelizes e não terão uma vida de qualidade. o
impcde tluc'cstc comporte clcÍcitor. É prcriso combatcr os cle l'citos.
ahorto previne e resolve este pnthlema?
mas o pi«rr mcio clc comhatê-krs scriir dcstruir u clcmocracitr. Volta-
a) Ptlde-se tcr algumas razões para pensÍrr que o csntcxts n6 mos aqui à questão cxaminacla no n." 7.
qual uma determinada criança que vai nasce r nãro será favorável
il suir
Da mcsma mancirA, umir criança detlcientc ou um vclho cntrc-
Í'elicidade- Diantc desta intcr«lgaçiro, é possívcr pcrguntar-se vado vivcm. mesmo assim. umtr cxistôncitr humanu. Sua cnl'crmidaclc
quar é
a strluçãttt mois ltumona: climinír-la ou cshrrçar-se nãur intrt-rduz modil'icaçtio intrínscca algumtr ncssc dackl bírsico.
para criar mclhgre.s
condiçoes clc existência pzrra cla ? Isto signi['ica quc ()s clircitos humanos siro inercntcs ao scr
b) A proposição examinada partc do seguinte pressup.str-r: a humano porqLta cle vivc uma cxistôncia huntuno. Essc carátcr
t'ido ,çÓ vule n peno ,ser vit,ida u pot'tir rie um rleterminudo iimiar humano está nitidamcnte inscrito cm scu corpo: a existência hu-
de
mana compr-rrta uma tlimcnsno corporal quc lhc é cssencial. Fular
Etalfulade. É evidente que estamos aqui em pleno campo do subjeti-
,t'r.21 o que é cssa qualidade dc vi«la, e onde se situa das qualiclaclcs ['ísicas ou psíquicas do homcm sti tem scntickl
esse limiar? rclativamcntc a cssa cxistôncia. Raluti.votnenÍa a signilica quc sri sc
Ctlnctlrdaremos cm que a Í'elicidade de uns não é t'eita das mesmas
ftrla dc qualiclad es atn raluç:iio ír uma cxistôncitr real. na clcpcnclên-
coisas quc a de tlutrtls, c quc Peclnl chega a sorrir ali nncle pzrull
cia desta.
pensa em suicídio.
c) Sc ó lcgítimtl matar um ser humano porque clc corre o risc6 n
t\\
l.
23) Quantlo a criança esperada é portadora de unta mallbrmação,
cle ser tãro ptlbre que suu vicla niro vtrleria tr pentr .se vivicla,
r também não será melhor recorrer ao ahorto para poupar-lhe uma vida
ó legítimtl matar ttldtts os que, neste exato momento, jír cstão
mor- indigta do hr»nem?
rendtl de lome- É eviciente quc ninguém deÍ'en«lcria esta conseqüên-
cia, ctlntudo rigtlrosamentc l(lgica. O vícío drl raciocíni6 aparece, a) Esta pe:rguntzr c convergcnte com uma antcrior (n." 21)"
Diante cle um deficientc, qual ó a soluçao mais humarna: climinir-lo
ou ajudá-kl a levar a mclhor existôncia possível lcvando em conta sua
120) I htis clos.
(21) (ll. oap. IX. capacidac'lc? Será quc. se a mãc e/ou a firmília não sc sentem com
torça sul'iciente para assumir cssa situação. a sociedadc rleve acuá-las

184
r ti5

,1tr
( ) ,\ll( )l( I'( ): ASI'l'.('l'( )S I'( )l .l'l l('( )S () Ali( )l{'l'( ): l'l:l{(;t IN'l'AS l' l<l1Sl'( )S l'AS

il tilnil s()luçã() tlcscsllcrarla, lazcncl()-as crlrrcgaI sozir]hitti () l)cri(), ()u, rnlrlthusi.los 1t'irmtrm que há clisplridtrdc cntrc il progrcs-
1) Os
ck-rs rccursos
it() c()ntrárrio, clL:vc procurar trjuclá-Ias'/22 srrtr gc,rrtétrít:rt d. p.pultrçãr. c a pr()grcssir. oritntétit:n
cltl clircittl
b) O quc ó trágico ó t1uc. cm dctcrminaclos ambie ntcs. u criarlçir trlinrcnt.rcs. Os neimult.lutsíonos combinam csttt tesc com tl
tcscs siro dil'uncliclas
é rcbuixtrda àr concliçiur clc objcto dc consumo: quercm um l-ilho parlr .r() prilzcr scxual scm risco clc procriuçãro. Ambas tts
tcr prazct. É atrmr') um vidct'rursscte ou um carro: sc "aquikr" agrada, n6 muntltt it'ttcirtl pcltls intercssticltls nclas, tlu sciit.6s rictls'
c()mpra-sc; st: não, abrlrtu-sc. b) A pobrcza nãtl é uma fatalidlclc, tt ftlmc tamlltluctl' Os
No cntitnto, Ír criança porLackrrtr tlc mallilrmtrção ó mcmbro cxccdcntcs alimentitrcs, por cxcmllltl, nunctr lilrtrm tittl vtllumosos'
pleno dir espócic humanal mcrccc vivcr como quulqucr sr: r humano. mas são mal clistribuícltls. com() mal clistribuícltls sãttl'
ptlr cxcmpltl' tls
à hiqicnc' à regulaçãtl
Se tirr climintrdo por cilusa clc sutr mallirrmação. serão tamhém climina- conhccimenttls rclativt'rs t) agricultura. à saúclc,
clos os que nao tôm a crlr cle pclc ou o scxo cspcructls. Em sumir, niul ó clt-ls nttscimenttls ctc.2a O quc tls pobres cspcram
é aiuda partl
natural
sair da misória, c nã() a possibiliclaclc clc permilncccr nclit.
a criunça clcl'icicntc quc niul ó dcscjada: é a suu dcllciência. acompa-
c) Tomcmt)s o cxcmplo clos tntmgilóirles. Com que clircito nhacla cltt "ot'crccimcntt)" dc itbtlrttls c cstcrilizaçílcs'
alguórn vai dcciclir quc scrão inlclizcsJ Sc pcrguntásscmr)s aos ptris, c) Os rict-rs p()ssucm uma misteritlsa engcnhtlca chamada eude'
a csmaguckrra maioria clclcs cliria quc scus filhos satl crianças Í'clizcs; mômcfrrt, trparelho cluc mccliria tr t'clicidade; esttr -apreciaçãto
ó' ntt
passam a() ltrrgo clo quc constitui um problema pura as pcssoas vcrcladc, buscadtr nrrs cstutísticas rclativas a rcncla.25 A partir clztí' tls
têm baixtr
"normuis"! E mais: u mirittria clcsscs piris sc cliz l'cliz com cssc I'ilho. ricos cstimtrm quc a vidtt cltls ptlbrcs nãttl tcm scntitltl, lltlis
do quul quilsc scmprc os irmhos c irmãs cuidum. Hár inclusive casos renda; pttrtanttl. ó prccistl impeclir tls ptlbrcs de te rcm l'ilhtls'
A vidtr
prazcr' Assim'
cm quc cssc Í'ilht) rcrrpr()ximou casuis abalackrs. clos pohres vulcria a penll sc cstcs tivcsscm acesso ?lo
dc
d) Esta qucstiur tambóm ó convcrgcntc com as unteriorcs, pois são-lhcs rccomcntlatlos tl abtlrttl c a cs1crilizttçãttl, stlb tl prctexttl
coloctr ir scguintc porgunttr: o quc trlrna uma cxistôncia di1inu rlo quc seriam mcnos pttbrcs c teriam itCcSSo lto prilzer.
ltotttcttt'J Scm clúvicla, há cusos trágicos c viclas cujrl significado ó dilícil
clc clisccrnir, ckl ponto dc vista humano. Mas niro ó muito prcsunçoso 25) Serít que não paira unta terrível arneaça sohre a lrumanitlade
cleclarar quc. pckr l'irto dc niur o vcrmos, cssc signiÍ'icirclo ó incxistcn- rt a explosão demogrQfica fut Terceiro Mundo?
te'/ Não se tr:rtirria clc umir opção intclectual e moral que nãul podc -
justificar-se racit'rnulmcntc ató o l'im'] Além clisLt-r, ondc scrÍr situackl A pessotrs niul são pobres p()r sercm numcrosas demais; sãtl
a na-
numcr()sas tlemaiS p()rquc sãtl pttt'rres. Ctlntcr cncrgicamcntc
o limiar a partir do qual uma cxistência é incligna ckr homcm? Na
talidacle ng intuito cle pôr tcrmtl à ptlbrcza é trbtlt'tar tl prtlhlcmtr atl
França, uma mulhcr loi aconsclhadu tr abortar p()rquc tr criança cluc que
tinhir no vcntrc corriu o risco clc scr cstóril!23 contrário. A ptlbrcza sempre é avaliacla a partir cla capitcidaclc
tem . h.mem «lc l'azer t'rcnte a scu ambiontc: uma naçirtl é ptlbrc
porque nãt'r ctlnscgue alimcntttr sua ptlpultrçãtl' ly'sslc' sentitlo'
ó' tr
24) Ao menos unt quinto dos homens vive nunta situação tle
pohrez,a ahsoluta, etn atndições infta-humanas, intlignas clo ho- pobicza quc ó causa clc superpopulaçãro, c nit() o invcrso; a superpo-
situaçãtl
pulação é somprc rclttlit;u-a uma situaçãtl clada'Z(' Ora' csta
ment. Nao seria melhor impedir e.rsÍzs pessoas tle terem.filhos, ent
seu próprio intere,ss'e e no tle suas.lanúlias /
(21) .,por excmplo, os trahulhos cle lx)slll{l.lP. llll-l.lN(is etc'
(:.f
j rt'r.'ltc Hrttnan
iZS Sfrni.n I-. (IAMI' nã. hesirou cnl cclitilr unl Joltter quc cxp(re
(22) Ycrohelolivroclc.lórôntcl-l:.lltl.lNIrc(icncvicvcl'()t,l-l-()'l'.Matarnite,çuns '- ' Stlffering tnrtr^. purblictrclo cnr Wtrshington pclo Popr'rltttitln
Orisis Conlnlittcc,
gli(r.
.fiontiàrcs, l'uris. ll.d. V.,,\.1-., I l9tt7.
(23) Vcr oLrtro cxcnrpltl pp. .5()s., n. 9. (2(r) (lf. Oap. XIV.

t87
186
( ) z\lt( )l{'l'( ): ASI»lr( ' l'( )S ,(
l»( )l .l'l'l( )S ( ) Alt()l<'l'(): l'lllt(;t IN'l'AS Il I{llSl'()S'l'AS

lx)dc sct' t'tlodiJ'it:urlu pcla intcrucnçtlo clo homcm. tlcsrlc quc hljir cla cutrrnrisia ó l'unclirmcntulmcntc a mcsma quc a dos particlários clo
vontadc moral c política.
aborto. Ambos considcram quc minhu vidu c u clos outros s(t tôm
Isttl nãtl signilica quc os problcmtrs clcmográ[icos scjlm incxis-
scnticlo no pritzcr. Sc o outro c()nstitui um obstácukl u mcu gozo, sc
tentcs: aqui há cleclínio, llt há crescimento. As autoriclaúcs clcvcm.
ptlrtanttl. prcocupelr-se com o problema, mAS sua intcrvcnção tcm clc clc mc ó inútil, p()sso climiná-lo; sc o outro nao potlc vivcr umu viclu
respcitar «ls dircittts ['undamcntais clo homem, nãrt-r podcndo scr Í'cit. clc pmzcr, suzr vicla poclc scr climinacla. Esta últimu ohscruacão
por querlclucr mcir) ncm a qualclucr prcço. mostra quc há uma ligaciul rctrl cntrc u e ugcnia hojc chamitclit dc
ortol4eni.st't1o
-
c u cutunírsia: qucr sc trtttc dc uma critrnçu ou clc um
26) o au.tor qlirma que se -
clrrcntc, suu cxistônciu sti é aclmissívcl sc clcr prazcr.
passa com .facilidade do ahorto à
eutantísia. Mas, apesar de tudo, não se trata de prohlemas muito Vô-sc, ussim, quc umu sociccluclc hcclttnistit, quer clizcr, que
diferentes? maximizrr a procura clo prazer, Iatalmcntc clcgcncrit numa sttcicdadc
cle violôncia c mortc.
tl) É prccistl constatrtr um l'ato: nos paíscs em quc o abrlrtg Íili
-lcgaliztrcltl, rapidamcntc surgcm prcljctos ou propostas tle leivisancll 2S) A prática tlo ahorto não vai motlilicar a imagem da medicina?
a auttlrizar a cutttntisia. Alóm disto, ntrc os quc militam a Íavor cla
e
cutanásia cncontrilm-st: pcsso?rs quc militÍlram pclo abgrtg.27 A logtrlizaçiro c a "me(licalização" clo ahorto cliro início a umir
2')
b) Sabc-sc r.ambém quc, paril lcgalizur o a'borro, quasc scm[)rc mucltrnçtr rtrclical na c()nccpçãtl cltt móclictt c cla mcclicintt.
sc comcçtt vitlltrncltl a lci c clcsalitrndo os juízes no intuiio r/c O méclico que clcrivu parÍr a libcralizucão do uborto prtdc tcr u
muclar ir
lci- Esta tírtictr dtl tirttt consumactl sc rcpetc no urso clu cutanírsia: imprcssirrt tlc cstur scruinclo il sua pacicntc. No cntttnto, cahc intcr-
primcirtl ó práticada para clcpois scr lcgaliztrtla. O proccsso c-lc lcga- rogar-nos sobrc sua itLituclc.
liztrçao scguc um csqucmtt tcstaclo. PriÃciro timidrimcntc cxprcss2s, - Será quc cssc módico ainclir cstá inconclicionalmcnte u se ruiçtl clit
combtrticlits, pcrtliclits clc vistrt. cssÍls proposLas dcpois voltam à rup"r- vicla dcsclc suir origcm'? Nãro csttrrá cxcrccnclo sutr artc a scrviço clits
t.í9ie com implacávcl insistôncia. Acahirm clomesticanclo a spinião convcniônciirs rlos rnrti..; J'rtrÍa,r? Não cstarti sitcril'icancltl a titis
púhlica na cspcrança cle vcnccr as rcticôncias do lcgislackrr.zs intercsscs a cxistôncia tltt mtris [ractt'/ 30
c) A histtiritr ctlntcmporânca tambóm nos mostra quc 9s parti- - O móclico niro corrc o risco clc cxcrccr sua itrtc uo sabor rlits
cliiritls cltt eutanírsia às vt:zcs utilizaram outrr-l pcrcurso para aiingir convcniôncius do Estad() ou dc grullos clominttntcs'/ Nito sc ltlrntt
seus ohjetivos- A Alcmanhtr nazista, por cxempkr, rcgulamentaru um nlcr('anririo prc()cupaclo niro cm protcgcr a vitlir c at saúclc. ntits
tl
abtlrttl: cla tl Iacilitavil para as raças clitas impuras c o dificultava para cm scrvir a um prttrtto, nittl it um cltte ntc'l3l
a raça ttriana. O que prcpitrou os espíritos para admitir a euLlnásia
- Subc-sc quc hojc cxistcm módicos quc pnrticam a cstcrilizttçiur, o
liri s.brctudo a cstcrilizaçã. cm grancl" abrtrto, a tortura c ?l cutanásiit ativit. Nito cstarcmos assistindtl tt
"r.iln. umtr muclançÍt quoli.trtti.r,í1 csscncial na reluçuo ntédico-1trtc:ienÍ.a'!32
27) Mesmo tentlo de reatnlrccer que a legaliz,açao da aborto ahre
caminho para a tla eutaná,sia, não se trata, apesar de tuclo, de
- Muito mais, cstuclos puhlicirdos rcccntcmcntc mostram quc detcr-
minrrdos móclicos tôm o pro.icto clc associrlr-sc rro ltotlcr, particiltar
pruhlentas muito tlifbràntes ? clele c inclusivc assegurirr umil "gcstito cstatizaclu cltt vitlir". Quctn
A ctlnccpçãtl cla vicla humanu na quul sc inspiram os del'ensores
(2e) (ll. oap. III.
(3()) (lÍ. p. -t2.
{27) Of'. pp.43; ()6; l6t).
(2u) Of" pp. 16s.: .57; Oap. VIIt"
(31) (ll. pp.3ess
(32) oÍ. p" "l l.

I tirJ
I l.ig
() Alt( ). z\Sl'1,( "l ( )S l,( )l .l'l'l( '( )S
() Alt( )l{'l'( ): l'l'lt( ;t lN'l'AS I: l{l:Sl'}( )S'l AS

l)irgÍll'il cssit /sr:rrrx'ruci.rt móclica? As naçtics clitas clcscnvglvidrrs/ ()


l'crcci«r Mundo? Os pobrcs? 33 hli tirnttls c litntos casais quc chorilm pilr?l aclotur um t'ilho. irma-lo t:
Dtlncle ó ncccssáritl quc cacla móclico clô a conhcccr ['azô-lo l'cliz...
scm ambi- b) Muitos cusuis ltrmcntam niio poclcr tcr Í'ilhos c clcscjam
güidade sua ptlsicãtl r-lianteckr respcito àr vicla
c sua posiciul cliantc d.
ptlclcr polítictl- E ó neccssário que os móclicos scrvitllrcs ttcltttitr. Alóm clisttt, rnuiLas mulhcrcs dcsisLiriam clo abrtrto sc cstivcs-
incentlici'- scm mclhor inlirrmitclas sobrc as possibiliclacles clc cntrcg?lr o ['ilho,
nais cla vicl. sc organizcm cm nirer internaci.nar.
lclgtl alttis o nascimcnto, u umir Ízrmília que o rcconhcccssc c ?rmassc
29) A prática út ahorto não vai modiÍicar a imagem c()mo scu pr(lprirt. Fucilitar as lormaliclaclcs para aclotur c clar em
da ntagistratttra ?
A le-qalizitçãtl c it "mcclicalizaçãt)" do ahorto acloçãtt contribuiria, assim, para prevenir o uborto, como Lumbóm
anunciam uma ctlntribuiria a critrçãtt clc uma mcntaliclaclc acolhccklru cm rclaçho a
tnurlu nç:u rudir:o I na conccpçã. q uc se tcm
cla magistraturÍl c do juiz.
tttclas as crianças abandonaclas, quer sejam clos paíscs curopcus ou
- A expcriôncia mtlstrrt quc, nos paíscs onclc o abort«r tbi libcralizacl,.
trs..iuízcs prrttir:rtmcntc ntrct tôm a possibilidadc do Terccirc Mr.rnckl.
cle I'irzer c()m quc ir
lci seja rcspcitacla.
32) Então a tlescriminaçfut do afutrfit e a liheraliz.açcut que é sua
- o quc ó ,incl, muis grilvc ó quc u mtri.ria cr,s rcgislaçÕcs quc
libcralizaram o ahtlrLtl Íran,s!'eren1 aomóclico a compctência a»tseqüêttcia prática acanetam ameaç&\ sérins para nossa xrciedntle?
cl6 juiz.
Assim, o juiz ó privaclo dc suu I'unção primorclinl, Simtlnc Wcil cscrcviu u Bcrntrnt-rs: "Quanclo rrs autoriclaclcs
iirzcr com que a
vicl. humana se.i. respcitacl., ,ntcs clc fazer com tcmptlritis c cspirituiris colocum uma czrtcgoria clc scrcs humanos lirrir
quc ()s hcns scjam
respeitaclos. cltl grup«t cuja viclu tcm vulor, naclu mais nuturtrl pilra o homcm quc
- Daí clcctlrrc quc cltlrttvitntc os juízcs cstarão mclhor mtttar. Quttncltt sc sitbc c;uc ó possível mutur sem corrcr rt risco tlc
aplrclhaclls
ptlra imptlr tl rcspcittl àr proprieáucic ckl quc à vicla castigtl ncm ccnsurtt. mttta-sc: ou ao mcnos os (luc mtrtirm siro roclca-
clc cletcrminac-las
ctttcgtlritts clc scrcs humanos. Sc lhcs lirrictiracla dtls clc sttrrisos cncoru.jirclorcs. Qucm por acirso scntir clc início um
a compctôncia de
I'azcr c()m quc a criança nãto-nascicla seja
rcspcitacla, Ílcarãro igual- pouc() clc ntt.itt, citlit-sc c o sulircil, por mcclo clc se r p()uc() viril""34
mcntc dcstlmparaclt-rs quunckl sc tratur clc imp«rr
o respeitr, à"vicl,r /-)
ll,s vclh.s, clas cl.cnr.cs incurávcis, clas ,,incôrnados,,ctc. Qy'A lgreja católica deveria levar em conta a evolução tlos costu-
mes e adaptar a ela sua concepçao th pecatb.
30))Nao há ao ntenos unt ponto com o qual partidárirts
'rrí,ç
e atlversá- A lgreja pcrcltla tls pccaclos, mas ncm por isto os uutrtriza. Cristo
do ahorto concordam?
clclcgtlu tt pttclcr clc pcrcklilr os pccaclorcs arrcpcnclidos. não clc ncgilr
Ttlcltls ctlnctlrcltlm .-m dizer qu., () aborto scmprc
é umfrrtcssso. a cxistôncia cltt pccado. Scmpre houve pccaclorcs quc rcconhcccm
Diantc clc um ato quc, sabc-sc dc antcmão, scrír scu pccado.
um fiacasso, cleli_
nciam-sc duirs utir.ucres. por um racro, ó possívcr O clemcnto nttvo quc () clcbatc sobrc o abrlrto suscitou Íiti quc
rcsignar-sc com o
frttcttsstl' c mcsmo rcgulttmcntá-lo. P,rr,rutro httje r-r pccacltl é ncgackl; ncga-sc a [ransgrcssho da lci tla moral
luckl, poclc-sc cstimular
a açfttr convcrgcnte cltts htlmcns clc boa von.atlc ntttural, cm primcirtt lr-rgar, c cla lci divina: ao dcclarur bcm o cluc é
pura prevcni.r
l'rircrrss.. Estc. clc I'irt., nud, tcm clc [ht;rl: cle
é et,i.tat,al. ' mul, o homcm usurpil o lugar cle' Dcus c substitui-sc il clc.3-5 Nãro
3l ) A ad,ção r4ferece uma "alternativa', a, tth,rt,?
a) Sc umtt mrtc nittl sc scntc captvcle amar o (34) ()tackt. c«trn vários oLltros texto-\ igr_ialntcnte intcrcssÍlntcs. por .lacqucs
l'ilho c I'azô-lg lcliz" Vl'rl{l Iz\l:(;llN t'til ncil colctíirrcu organiz-uclu por ck l.iceité en droií positif at
rc.lUrancc,s lcgala,s ottt volertrs. Ilruxclas. llrLrylant. 191.i2. ()s e.tc()rpto cstal() nÍrs
(33) (l XIV pp. i.Sfi-l(r7; nossa citaçlro ó cla p. l(16.
(3.5) Ol-. pp.3-l: (,3; e0.

190
l(,1
( ) AIt( )l<'l'( ): ASI'l:( "l'( )S l'}( )l .l'l'l('( )S

il[)cllils sc rccustl a vcr c rcconhcccr o mal quc litz. com() dcclirrir rltrc
o mttl ó bcm pitra clc. O pcrdão quc Dcus olcrccc tro homcrn I'ica.
ttssim, scm objcttt. Destc moclo, ccganckr tr si mcsmo sohrc scu crr(), Bibliografia
tl htlme m sc I'ccha ir salvaçu() quc Dcus lhe ol'crccc. Talvcz scja isto
o pccaclo contra o Espírito.
Ptlr suit vittlôncia, as campanhas pckl aborto e a e utanÍrsizr visam I
c irtingcm o homcm. mits visum igualmcnLc Dcus.
Generalidades
34) Além tlas raz.ões que acaham tle ser enunciadas, há motivrts
particulares que levam os cristãos o se oporem ao ahorto?
A presente bibliografía relativa ao aborto retoma e completa a citada
A mttrtrl cristã aclcrc scm rescruas ir "rcgrA clc ouro" cla moral ao longo do livro.
univcrsirl: "Não I'az aos outnrs () quc nãro clucrcs quc tc facam."
Alóm clisto. o cristão nao sc pcr[unta qut:m ó cligno clc scr scu AneULo, L., Les trois menaces à la societé contemporairze, Hull
prtiximo; pcrgunta-sc como clc mcsmo podc lornor-.\e o próximo clc
(Quebéc),Ed.Mouvement Vivere, 1986 (sobre o aborto, cf. pp.
rrutrrr (cÍ'. Lc 10,25-37).
3s-62).
Ptlr fim, tt cristiut crô que as lilrças do mtrl cstiur trgindo no
muncltl, c quc [iti purtr c-lclas salvar toclos os homcns quc Jesus veit'r ir
BeL, R. Quetques élements de la situation en Angletete depuis la
tcrra. Essas litrçits, importanLcs paru clcstruir Dcus, qut:rcm clcstruir
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ó ptlr isttl tluc sirtt irmãos. Por conscguintc, toclo homcm clcvc scr nãro
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apcnas rcsl;citaclo como tambóm amaclo. p()rque cxprimc algo da
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t94 l().\
II
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Assinalamos a seguir alguns documentos importantes e recentes.


- s e a Documentatio n Catholique, P aris. A s princip ais de cla -
D C refe re
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78, na rubrica «aborto», p. I e ss.

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?
ti
.:
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du 7 juin 1981, pp.527 et ss.; Exhortation apostolique «Familiaris
l

consortio" dl22 novembre 1981, dans DC, no 1821 du 3 janvier


1982, pp. l-37, spécialement.les no'30 et ss.; Discours auCongràs
monrlial des médecins catholiques,dans DC,no 1840 du 2l novem-
bre 1982, pp. 1029-1032 Allocutions à la Conférence épiscopale
t'anadienne, dans DC,no 1882 du 21 octobre 1984, pp. 983-985;
Alloc'ution oux représentants dei paroisses â Utrecht, dans DC,no
1893 du 16 juin 1985, pp.63l-633; Discours auVI'Symposiumdu
Conseil des Conférences épiscopales d'EuroBe, dans DC,no 1906
du l7 novembre 1985, pp. 1083-1087; Encyclique oSollicitudo rei
socialis, du 30 décembre 1987, dans DC,no 1957 du 6 mars 1988,
pp,233-256; Discours devant le Conseil de l'Europe, dans DC,n'
l97l du 30 octobre 1988, pp. 1001 et ss.

197
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lation à Mexico, 8 aoüt 1987 ,dans DC ,no 1883 du 4 novembre 1984,
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thropologiques de «Donum vitaerr, dans DC, no lL)77 du 5 avril
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l6 mars 1986, pp.325-328; DC , no du I 5 décembre 1985, pp. | 162- Episcopado dos Estados Unidos:
n64.
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ANTÍGONA, 90. BONNET, H., I 1 7, 195.
ARBLASTER, A., 160. BONOMI, G.,80, 195.
ARENDT, H., 1(r1, 193. BORREL, M.-F., 40, 208.
ARISTOTELES, 90. BOSCH, J., 160.
ASSIS PACHECO, M.V. tlc, 145, BOSERUP, E.,,81, 130, 148, l[J7,
I
1 e3. 195.
ATTALI, J., 130. BOURCIER de CARBON, P.,
I
195.
BADINTER, É, 122, 194. BOURGEOIS-PICHAT, J., 132,
l

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BELL, D., 160. BRANDI ALEIXO,J.C., 146, I95.
BENEWICK, R., 146, 16(t. 194. BRANDT. K.. 6I.
BENIN, M. H., 74. 194. BRISBOIS. L., 21,I95.
BENTHAM, J., 103. BRISSET, C.. 42, 139, 151 , 195.
BERELSON. B., 131 s., 194. BROAD, C. D., 97"
BERGER, H., 194. BRUGUES, J.-L. 72, 195.
BERGSON. H., 31. BRZEZTNSKI, 2., 155-157, 160.
BERKI, R. N., 146, 194. 196.
BERNANOS, G., 110, 191. BURUIANA, M.. I96.
BESSON, A., 54, 195.
BEZY, F., 150. CALLAHAN, D., 45,196.
BIANCO, L., 141," 195" CALLICLES. 90, 120.
il BILLINGS, E., 80, 187, 175. CALOT, G., 1É1, 196.

2(n
201
INI)l('li Dt: NOMITS l'R()l'ltl()S ÍN»lctr DE NoMES PRoPI<los

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133, 796. DELAYE,, J., 2OO. FOUREZ, G., 1(I. HILGERS, T. W., 4tl, 199.
CARDER, M.' 139,207. DELUMEAU,J.,9I. FRANCOME, C., 21, I98. HIPPIAS, 32.
,130, 197. HITLER,, A.. 62,99, 1 3, 1 2[l- 1 30,
CARLON[, C., 11Éi, 196. DEVERELL, C., I3I. 197 . FREEMAN, G., 1

CARON, J., 121,196. DEVREUX, A. M.,82, I97. FROMM,E.,92, 199. 162.


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CASPAR, P., 48, 196. DICKENS, B. M., I97. GALTON, F., 1(r9. HOCHE, A., 16.
CASTELLI, E., 37, 197. DIJON, X., 62. 198. GALTUNG, J., 150. HOFSTATTER, 8., 132, ZO3.
CERRUTI. F.-R., 115, 196. DOMMERGUES, P., 156, 198. GALVO «le SOUZ A, J. P.. 62. HORAN, D. J., 19Ét S.
CHACHUAT, M., 196. DOROZYNSKI, A., 79, 198" GAUDEMET, J.,50,52. HORELLOU.LAFARGE, C., 40,
CHAFAREVITCH, I., 1 61, 196. DRIVER, E.D., I32, 198. GENTILE, G., 15. 200.
CHAMBERLAIN. A. N., 113 s. DUCHENE, G., 198. GERARD, H., 127, 799. HOUEL, A.,122.200.
CHAMBERLAIN, H.S., 127 s" DUGUIT, L., 62. GIORGIANNI, V.,9(I. HOUGUE, A. de la, 200-
CHANG-M[NG, F{., 141, 195. DUMONT, G.-F, 198. GTRARD, R., I70. 199. HUNTINGTON, S. P., 159, 197.
CHAPELLE, A., 199. DUMONT, R.,81, 12it, 198. GLOVER, T.R., 97. HUSSERL, E., 5I.
CHAUNU, P., I9(I. DURANT,P,.21. GOBINEAI.J, A. de, 12FJ- HUBNER GALLO, J. I., 145,
CHEN MUHA, 14I. DURBIN, E. F. M.,97. GOBRY, L, 4[], 89, 199. 200.
CTCCONE, L., 73,19(1. DUVERGER, M., 26. GOLDSTEIN, M. S., 42, 199.
CIPOLLA, C.M., I4'7 " DVORAK, A. D., 48. GORBACHEV, M.. 149. ISAMBERT, F. A.. I I5, 200.
CLARK, C., 197. GORGIAS, 91,96. 120.
coHEN, J., I 17, 197. EHRLICH, P., 130. GRANT. J.P.. 139, 199. JACOBS, V., 2(X).
cotRIER, C., 80, 197. E,NGEL, R., 135, I9[I. GRASSE, P.-P., 2()1.
I13, JACQUARD, R.,79.
coLE, H., 130, 197. ENGELS, F., 81 ,IOZ. GUILLAUME, M., 130. JACQUINOT. C., 2ü).
COMTE, A,, 46.91. ESCOFFIER-LAMBIOTTE, Dr., GUTTMACHE,R. A.,44. JAHODA, M., 130. 197-
cooK, R. J., 197. rJ5. JAMES, W.. 91.
coT. J.-P., 156, 197. HAGERSTROM, A.. 97. JHERING, R. von.91.
CRATILO, gO. FAVRE, M., 33, 19[J. HALL. R.E., I93. JOHNSTONE, D., 156. 2(X).
CROSS, H., 13[I. FERIN, J.. 40, 1gfJ. HAUSMANi, N., 199.
CROZIER, M., 159. 197. FERRAND-PIC]ARD, M., 40, HAUSSLER, 4.. 74, 199. KANT,8."94,99.
82.84, 197 s. HAYLER, 8., 1 45,799. KARMAN. 43, 135.
DALADIER,8., 113 S. FERRAZ PERETRA, A.,62. HECKEL,R*,7Z, 199. KASTLER, A., 136.
DANNUS-LONGOLIR, M., ÉtO, FESSARD, G". 123. HEGE,L, G. w. F., 15, 34,9[i. KASUN, J" 13ír. 2(X).
197. FEUERBACH. L., I01, I68, 170. HEIDEGGER, M., 15, 26,51,62. KAUFMANN, A., 26.
DAUSSET, J., 4f.i. I97. FrcHTE, J. C." 62. 128. HELMAN, S., 41.207 . KELSEN .H.,62.
DAVIS, N. J.. IJ3. I97. FOUCAULT, M.. ó7. HENDRICKX, M., I I13, 199. KE,NNEDY, F., 117,206.
DAWSON, D. A.,207. FOI.IGE,ROUX, F., 1 9[J" HENNAU-HUBLET, C., 50, 199. KESSEL, 8,", 764,203.
DEFOIS, G., 19fi. FOULQUIÉ, P., I08. HENNAUX. J. M., 72, 199. KETCHUM. S. 4., 11[3, 2(X).

lo.1
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Íruplc:t: Dti NoMt;s t,Rc)t,RI()s ÍN ulc'ti DIr. N()MIls I'}ttot'R l()s

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KNIBIEH LER, Y ., 122, 2OO. MAIHOFER, W., 2(r. NEUWIRTH, L., I8. RICGUR, P., 37, 205.
KOHLER, W.,9(r. MALINAS,Y,,2OZ. NIETZSCHE, F., 91. I2Tt. ROBBINS, J. M., 205.
KUZNETS, S., 147, 2O(,1. MALINCONI, N., 43, 60,202. NIGRO, S. A., 39,203. ROBERT, C., 45. 72,205"
MALL, D.,200,202. NOBILI, D., 118i, 19(r. ROCKEFE,LLER, D., l5(r, 159.
LA BOETIE, É. dc,3ó,201. MALTHUS, T., 126 s., 129 s., 139. NORTMAN, D., 132,203. 205.
LABOU, R., 50. 147 s.,158, lft7. NOTESTEIN, W., I 37, 2113. ROCKEFELLER, J. D., 137,203.
LACORDAIRE, H.. I11. MARCELLIN, R., 83. ROCKEFELLER, N., 154, 15J,
LACOSTE, J., 9(r. MARCUSE, H., 22.31. OCKHAM, G. tl',9(r. 1 5e.
LADRIÊRE, P., 14, 76, 2OI. MARIENTRAS, 8., I3O, 202. OMINDE,, S. H., 132,204. ROSTENNE, A., 5I, 205.
LADRIÊRE,, J.,26. MARQUES-PEREIRA. 8.. 16. oNoRlo, J.-8, d"204.
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LALOU, R., 20I. McGRADE, A. S., 96. PAVIIT, K., I30, 197. SANDERS, P., FiO, [J4, 20ó.
I LALOY, J., 79. McLUHAN, M., 22. PAZ,O., 15(r. SARTRE, J.-P., 92. 103, 123, 165.
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LARGEAULT,.I., 9(r. 45,55, 1 lg, 199,202. PINGAI.JD, B., 57,204. sAuvY, A., 130, 146,206.
LARRY, K. Y., 732,201. MILANESI, M. L..202. PLATAO, 90. 91, 96. SCHEPENS, P., 2(Xr.
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LEGRAND, J., [i3, I96. MILOSZ, C..96,2O2. 204. SCHMI'm, C., 62 s.,2116.
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LILEY, A. W., 4Í1. MUSSOLINI, 8., l(16. RAU. W.,74,205" SILVA SOARES , . A., ZOi . J

LINZELL, D., 127,201. MLJTHIAH, A.. I I5. 203. RAY, J.-J.. 2()5. SIMON, J L., 130, 132, 73i " 147,
LOCKE. J.. 104. MYRDAL, J.G., I50. REAGAN, R., 144. 207.
LOTSTRA, H., 75,201. REICH, W., 65 s., 205. slMoN, lll2,2ll7
P., lJ I , "

LOVENDUSKI, J., 16, ,32,21i1. NATHANSON, B., I 8. 43,82, 203. RENARD. R.. 103,205. slNGER, P." I 4'7.207.
LUKACS, 15. NAU, J.-Y, 135. 203. REVON. C., 120. 2()5. SINGH, F., I47. I93

204 205
lNl)l('li I)11 NOMtiS l,l{()l,Rl()s

SMITH, A.,91, 103. VAN PETEGHEM, L. A.,75,2O8,


SOCRATES, 32, 90. VAN PRAAG, P., 1 19,208.
SÓFOCLES, 90. VAN STRAELEN, H., 208.
souTOUL, J. H., lg, 19, 54, g1, VEDRINES, C., 40,208.
133,204,207. VEIL, JS., 17 s., 30, 34, 37, 40, Indice temático
STÁLIN, 162. 42, 49, 52, 54, g0, 92, l7g,
STANFORD, S., 207. I t31, 209.
STEVENSON, C. L.,96. VERDOODT, A.,26.
STIRNER, M., 91. VERHAEGEN, J., 141, 208.
STRACHEY, A., 97. VERRIERE, J., 127, 132,208. Adoção, 121,, 177,, 190 s. Discriminação, 43,61 s., 114 s.,
STRAUSS, L., 36. VERSELE, S.C., 209. Adolescentes, 21,176. 182,191.
SUIT-|ERS, B., 127, 139. VEZINA, M.-O., (t0, 209. Ato médico, 180. Dupla verdade, 76 s., 110.
SUN-TZB,79. VIGNEAIJ, D., 50,209. Duplo e['eito, 177 s.
SUREAU, C., 40, 49,207. voGT, JW., g1
,209. Boas condiçóes, 1f10.
SUYIN, H., 145. VOLKOFF, V., 79,209. Ecologia, 160.
SYMONDS, R., 139,207 " VRANCKX, A.,209. Cientismo, 39 s., 93, 168. Estado de direito ,36,62, 779.
SZASZ, T. S., 67.
Clandestinidadc, 17 s., 49, 180 s. Esterilização, 44, 132, 189,,207 .
TALEB, s. A., 132, 195. WALLON , H., 71 . Contlito de valores, 46 s., 58 s., Estupro, 175, 180, 183.
TATU, M.,79. WALTER, J._J., 161, 209. 96 ss., 103 s., 1 18, 1 77 , 185. Eugenismo, ll7 , 127 -129, 139
TCHAKHOTINE, S., 79. WATANUKI, J., 159,197. Consumo ,,22 s., 121 s., 150 ss. ss., 189.
TERLINDEN, M.,207. WATI-S, W.F.,202. Contracepção, 76 s., 80 s., 102, Eutanásia,44,46 s., 188 s.
TERNON ,Y., 41, 207 . WEIL, 8.,28 126 s.,133 s., 140. Exagero, 17 ss., 82 ss.
THOMAS, G., 44,207. WETL, S., 191. Costumes, (Moeurs,) 53. 57 s., 86
TRASÍMACO, 90. WEILL, C., IO2. s., 107, 178, Fome, 82, 147 ss., 186 s.
TIETZE, C.,207. WEILL.HALLÉ, L., 78, 22,81, Cristãos, 7'l -77, 82, 105.
TORELLI, M., 40,207. 131, 134, 164,209. Homens, 122 s., 175.
TREMBLAY, E., 135, 180,207. WERTHAM, F., 144, l4g, 209. Declarações, 26-30, 108 s., 165. Humano, 48-51,,67 ss., 173 s.
TROISFONTAINES, R., 207. WESTMORE, A., 80, 195. Deflcientes. 185 s.
TROMBLAY, S., 208. WILLKE, J. C. e Sra., 17 , 136,, 141, Demiurgo, 34, 90-92,153, 165 s. Ideologia, 89-100, 153-171.
TROUSSE, P.-8., 50, 2OáJ.
180,2;09. Descriminação, 35,61. Igreja, 71-77, 82, 110, 164,,
TRUFFER, E., 208. wooD, c.. , 133, 1 36,,204.
127 Desculpabilizar, 35, 73, 120, 191.
WL]-BEYENS, IC., 141, 209. 182.
ULPIEN, 50. WUNSCH, G., 127, 199. Desejado, 6(r s., 183 s. Juízes, 33, 36,58, 188, 190.
XENOFONTE,32. Dificuldade, 49, 177 ,206. Justiça, 27,45 s., 89"
VALLIN, J., 1 32,208.
Direito, 32s..49 ss., 6l ss., 95. 98,
VANDELLI,48. YARD, M.,42, 103,209. 108 s.. 174 s. Legalizar. 35. 53, 182.
VANDERVELDE. É.,51" YERGTN,D.,79.
ri Direito à vída, 31-34,5tJ s". 108 s., Legislador, 31 ss", 5tl, 109, 115,
114. 179, 188.

206
207
Michel SCHSOYANS nasccu crrt l(f litl
l(1.

ordenado padre em 1955' De 1959 it l(Xr()' lttl


piof".to, na Universidade Catótica clc Sâo lritttltt'
Ao mesmo tempo, exerceu o ministóritl pitrtqttttll
Leí, 26, 32, 52, [J9, 1 14, 125, 76b, Qualidade de vida, 184. na periferia da cidade e foi capelão da 'l(X)'
l)roles'
174 s., 178 s. .oi nu Universidade Católica de Louvain' dcsrlc (lott'
1964, aíensina Filosofia Política, Ideolclgias
Liberalização, 35, 47, 54, 134, Regra de ouro, 9.3 s., 109,792.
temporâneas, Moral Social'
182,191. Regulação natural,80.

Maioria, 109, 179. Segredo, 37, 163 s.


Mtrl men«rr, 113-115. Segurança, 91, 145, 153-17'1.
Meclicintr,39-44,98, 101 s., 166 Separação dos poderes, 32 s.,
s., 1fJ0, 189 s. 118.
Mongólicos, 185 s. Solvência, 42,97, 103 s.
Moral cristã, 7 I -77 , 107 -l11,, 173. Sujcito cle dircitos, 26 ss., 32, 49
192. ss., 1 18.

Mrlrirl natural, 27,40, 45,65,75,


8(r, 98 s.,
1 10, 192- Terceiro Muntlo, 130-134, 144,
Morte, 91. 9(;, 104, 1ó9 ss., 1t18. 155 ss., lÍJ7.
Mulher, 47, 59 s., 1 17 -723, 765, Trtrnsgressão" 72,95, 17 5, 191.
174-178.
Universalidade. 29.62,95 s.. 105,
População, 127-141,, 145-152. 114s., 173s.
167 s., 1fil. 1.37 s.
Positivismo jurídico, 34, 46. Vazio juclicial, 5'l-63, 179.
Prevcnçãro,53 s., 121,775 s., 17t1, Vazi«r jurídi«1, 57-63, 179.
1 Í{1, 190. Vclhos, 97,121, l7f{.
Proteçãul, 5() s., 53, 59 s.

lmpressáo e EncadernaÇáo

"MARQUES-SARANA"
caÁncos E EotToRES s.A ('rcrttt
rets ' @2 | )273-9498 - 273-944 - As ilustrações são de dois artisttts brusiltinx:
Dias (capa) e Calasans Nelo (v'inhcttr)'

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