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A snir:
L' u t, r rl a me nt e n que stions, MARQUES SARANA
liO. rtc I'Ocil, Paris.
=
Sumário
Prólogo 11
I. A inocência dificil l3
casuísmo
Ultrapassar o 13
As manipulaçÕes 15
.
A hipótese forte 16
Dos rigores da penúria às misérias da abundância ...... 22
Il.Oretornodo[,eviatã,,. 25
A importância do que está em jogo . . 25
Ainstaura@ohistóricadajustiça ...... 27
Areflexáo filosófica 28
Direitos humanos e legislação positiva 30
Aseparaçáodospoderes ......32
O Estado hipostasiado 34
Descriminalizar? Liberalizar? . 35
Rumo à "servidão voluntária" 36
Ill.Ahonradamedicina... 39
Novosmercenários?... 39
Um médico de luxo 4l
O dedo preso na engrenagem 43
ll
A inocência difícil
Ultrapassar o casuísmo
l3
I
l-
O ABOR'l'O: ASPE(:'J'Os t,Ot-Í't't(.OS
A INO(:ÊNCIA DIFÍ(:IL
14
15
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() AI]()R'l'(): ASl,la(.,1,()s
l,()1,Í,1.1(.()s
n rN«rc:ÊNCltA DtF'Íctt t-
It
I
ii
(3) ('iérirrcl Ir()tll{L1z (.5 ) Não ó inútil inclicar aqui itlgumas publicar;Ões nruil.o ucessíveis, dc grande
I
clcclic.r-r a l-n scient'a porÍi.;nna. r:.s..yai.yrr.re.y.s,igniJít.otion.s, intpacto, bent clocurrentadas e cientiliulntente consistenles. Ijsscs lrabalhtls
rle'ç déntarclrcs^'rt'icntiJírJrte's',Gcnrnt.ux
1riergi.,,j, ijrcrlor, 197,1. s;hr; a fr.sic,, serão particr.rlarntentc preciost'rs ptrrrt os qLrc participarrt clos clebates sobrc o
Mnirri've cla la,ic' dominr,ion,trít,n,i),n,r.r,
I,aris, I-erhieilerix, r98(,, lbrtrtcl. I,rinteiro, há o clossrê claburado por Lrnta comissãttl cle juristats, médiccls,
[:;j',tit: políticos e intelectuais solrre l-e pcnnis légnl tlc ttrcr ou l'Qv'orlement dev'anl Le
(4) os processosp-olítictls e legais qLre lcvam
por especiitlistas n..ssuntir z) liberarizaqão cro tibrrtc-l são
cxp.sr.s I'arlcment, Petris, SIDIIFT, s. ct. I l97l l; clcpois, Dr. c Sra. .1.O" Wtl-LKE, Le livre
cnr.l.ni r,ovrrNiiii.iiir rougc de l'at'orte,nenÍ,1'aris, lrrancc-[]mpirc. 1974. Ilsta tlt'rra é uma tradução
T'hc New'poritit:s of Abortion e.r.yccogl.st Ioor{N,
t-ànor.r, sage pubri.ationr, r9B(r. do célel"rre Ilandbctok o.f Abortion, publicadtl pela prinreirtt vez em 1971, que
htltt ftlnte cle inlcrrnlaçoes o livr. ó unr:r
seguintes paÍses: I lolancla'
sol'rre ,r, nr"cnnism.s p*i.abort, inrplenrcnracl.s
,.s teve mais cle vinte ecliçÕes e foi traduziclo em cerca cle dez idiomas.
cirâ-Ilretarha. I.rUA, Irrancra, Oonsultarentos o livro que o sucede. clos mcsmt)s autores, cuitt títuloé Abc»tion.
N.rurega c ourros' r3érengàrc Irranç.. Itiiri,, l3élgica,
úatrot.,rrs prrHriiirA, quc c.r.hur.u ncssa Qtrc,stion,t ancl Answ'er.r, Cincinnati (Ohio), Flayes Publishing
(1o., 1988-
olrra c.retiva, pubric.u ,r.,r,i,
cle
rarcre
S.ci.l.gia, l/niversiclacle Livrc
I
evorÍenlent ,n iirtgq,rc, 3ruxer.s,
Institr-rt. (6) (iraças à lci clc dezenrhro dc l9tl2, prontr,rlga«la soh o regime socialista, a IVG
c]c llrLrxelas, 19,S9. e reentbolsacla pela seguriclacle social. Esse cktssiê Íirt reabertcl em 1986; cí. La
Monda cie 23 de novenrl'lrtt. 4 e 9 de dezenrbrtl de l9|l(r.
l6
t'7
() AII()lt'lI): ASl,lr(..1 ()S
l,()l.l,l,l(,()S
A lN(x'l:N('lA l)llrl('ll
l8
l9
r- O AIIOR'l-O: ASPECTOS POLITICOS A lN(XlllN(:lA Dll:l(lll '
f ';: o m a r ir to t a Ii-
::: ;"'"T: n'lr s cr e r c t cm
* I{esurltados pnrvisórios. ** 'I'otal para residentes.
, -'.. *:ft T :i :l,,x;t':,'ff
tomar alguma clistância
relaçít. às
dadc dt-r clebate. É pret'erlugi salicn-
no intuit,, ã.-r.r.,íizá-las, quer clizer,-cle
i-. cliscussíres em estado da sociecladc'
E interessantc analisar com mais detalhes a situação na Inglater- "urr,i n u* determinado
r"r^iJn*
tur que ra"
ra e no País de Gales, onde cl abortcl foi legalizado cm 1967.Is Em 11
anos foram registrados 1.325.146 abortos legais. Eis os dados para o
100 nascimentos vivos só valem parii a (irã-Bretanha, pois a lei dc l9(r7 sotlre Occrtpntktwi, t' 25, 5 cle jllciro clc i990' sotrre a
r" i"i-tr['Belgqtrc (tiiuxetas;, rlella
o ahorto não é aplictivcl à lrlanda do Nortc.
'l't.l- I-LIWIS, "l-egtrl at'rclrti«:n in llngland ancl Wales l96t{-l97ll",in British
cle l,hisroire,,, iÍ1
,j. pEiriCO, ";;;;iJ't'ni dall'entrata in vigore
(l-5) cxperiênciii itatiana, ãi. pp' 571-586'
n Aggiornamenlo sociali't' 36' 1985'
Mcdical .lournol,2 de Í'everciro de 19ti0. pp.295 ss. legge sutl'aborto,
zl
l0
A IN(X]ÊN('IA DII' íC]IL
O ABORTO: ASPE,CTOS POLITICOS
( lt{) Vcr, cla Dra. I-agroua Wtlll-L-l{AI-l-tj, I-'ot'ortetnent dc popo. I',.t.çtti t-r'itiqt«:
pott unc vraic réfonnc, Paris, lrayarcl. 1971. Nesse pcqueno livro- nãtt cstan]tls
de acordo cont toclas as sLras c«rnclusÕes risra. Wcill-llalté frtsa us
-,
responsabilidades cnvolvidas ntt decisíto de ttbtlrtar.
(l()) (lf. nosso Cap. XV: Ásíntlrorna de I'onrrgo.
23
22
II
O retorno do Leviatá
(l) MONTESQtIIIitI, Matériau: pour "1,'[isprit tle,s l-ois" exfi'ttils de: "Mes
pc n,§ée,r ", Paris, Ciallinrard (col. La Pléiade), l9-51. t. tl, n." 414, p. 1112.
25
() r\li( )lt'l'(): ASI'lr( "1'()S l)()l.l'l'l('()S () l{lr'l'()l{N() IX) t'l:VlA'l'A
Z'7
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() AI]()l{'l'O: ASI,tj(t-I.()S
l,Ot_ÍT-l(.OS () lil..'t'()ltN() I)o t,tivtA't'A
28
29
( ) Ali( )lt'l'(): ASl,lr( "l'()S l,()l_l.l.l(.()S
() ltl:'l'()l{N() IX) l.lrVlA'l'A
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() ttLil'()R.N() DO LIIVtA'l'A
t ) Al]( )l{'l'(): ASI'l:( "1'()S l'()l,l'l'l('()S
de moins'La
de M. FAVRL. enUncritna
( l4) A clistinçáro cntrc lustiçtr c lcgaliclaclc parccc tcr srckr allrnracla por Hippitrs. í l5 ) Aptlntam ncste senticlo as propostas
1á
(lÀaux-de-Ftlncls, 197 l '
(ll. XITNOIT()N-l'l;. lvIérnoroblr:r. II. l. 12.
33
32
() AB()t{'l'(): ASl,ti(.,l.OS Ir()LÍ.t.!(,()S
() l{li'l'()RN() l)o t-EVIA1'A
O Estado hipostasiado
Descri mi naliza r? Li beralizar?
Assim somos levacltls a considerar uma
última implicação cons-
titucional e porítica da riberalização Aqui uparece a precariccladc cla clistinção propostu por alguns
cro ot urr,r. A. cresr.nchar um
processo que desemb.cit cla ctlntcstaçãur cntrc de:;cri.minu li.zaçito c liheralizaçrio do ahorto. Descriminalizar
cla scparaçãr. entrc jucliciír-
rio e legislativo e m benctício do legisrativ. signil'icaria aqui quc o aborto esulpil àt sanção penal, o que não
dc, um processo-que leva a contestor -, inicia-sc, na vcrc,a_
signil'ica ncccssariumcntc que seja pcrmitido. Casos anítlogos, de
r, ,"pnraçrr. cntre legislativo e
exccutivo em orclcm menor, ó vcrcladc, são hcm conhccickrs: não se aplica pena cm
- que beneÍÍcitt
isto signit'ica
clct executivo. Em termos
sc rançam as bases cre um Estado
mais explícitos,
caso dc roubo clc um pão comctido por um miscrávcllaminto. Prlrém,
do que conhecemos, crrlum Estadcl muito diÍ'erentc
que transcende os cidacrãos, cre numa sociedaclc clc traclição clcmocrátiur c liberal, dcscriminalizar o
um Estado hip.stasiad..l6 o cclnsenso abrlrto significaria clcclarar que não ó passível de punição, t'r quc na
Íuntrad.r tica, assim, rompid..
Na verdade, a partir cro instante em prática equivalcria tr autorizír-lo, libcralí'zá-lo,fa'zer dele um direito
que renuncia a revar em
crnta sujeit.s de direit.s anteriorcs à vinculado irs libercladcs indivirluais. Dcscriminalizar o aborto signifi-
rei positiua, em que se reserva
a prerrogativa de, em úrtima instância, ca aceitár-lo, rect-rnheccr scu direito de cxistír:élegulizá-lo, quer dizer,
deÍinir o crimc, o legisrativ.
l-az de sua força a Íonte clo clireito, cobri-lo com a autoridtrclc da lei; é privar a criançtr não-nascida de
da tegitimictaclc c da m.ral" F.i ,
que viram perÍ'eitamente diversos tilósoÍIls tocla prctcção lcgal a sua existência mcsma.l"
políticos, clc Maquiavel .
f{egel, pitssando por Hobbes para citar s(l csses clássic.s. o Alguns vãul até mais klngc: pedem ao Estado quc desculpabilize
-
legislador cleixa então de ser representativo
dos cidadãos e repuclia o aborto. O pr(rprio vocábukr que empregam revela que percebem
seu mandato; ncl momentr) em que.solapa contusamente quc, se liberalizasse o abrlrto, o Estadtt, tal como é
a si mcsmo, instaura um e
um sri sujeito de clireito: o Levi atã.t7 ' concebiclo cm nosszr civilização, estariu cxtrapolando os limites da
(1(r) Encontramos uma boa ilustração de rudo isro enr IlollBlls. ()f . Léviatltryn,I:, e-lhe confericlcl o entprego de tal poder c tal [orça, que o horror que inspirant
parte, cap. 14 (sobre ctsconÍrato.r. especiarnrente permire-lhe nrolclar áls vontacles de toclos com vistas à paz interna e à ajuda
pp. r30_r3.5); [I.a parte, cap.
l7 (sobre a Relnibrica, especiarmente pp. nrútua contril os inimigtls externos" (I,éviathnn, p. 17ti). Ver tanrbém p. 178, e
r77ss) r.op. lg (sobre o soberano,
pp. t 7e_ le l ). o texto cle S. Vcil"
(17) o l-evi,tã é um m.nstr. bibrico que ( ltt) {)s clcÍensores cla criança nilr-nascicla em breve talvez tenham cle lançar mão
aparece principarmente em.rb 40,
Es 27 , r; Anr 9, 3; I'}s 74, 14; r04,26. 25;3,8;
Hobbes atritrur o nome cresse monsrro dzt Dccloroç'oo Uni,ersol dos I)ireitos do Ánimol., solenenrente prclclamacla nu
ao
"delts morÍnl", a quem crevemos.
sob ol)crr.r imortal,nossa paz e nossa IINES(IO em l-5 cle outuhro de 1978. l'ara a França. remetenros il lei
Ptlis' cnl virlude da autoridacle que proteçâo.
recebeu de cacla indivÍduo cla República, J'home-Patenôtre ( I 97(r).
( l9) Iletrlrnarcnlos il este prohlentA nos Oaps. V e XIII, hem cclnto nas pp. lli2s"
35
() At]OR'I'O: O RI1]'ORNO DO l-L'VlA'l'A
ASP I]CI"|OS PO LÍT'I('(-)S
missão que lhe cabe. Então, não hesitam em pedir ao Estado umil ()(luoóajustiça.EmSuma,oEstadcléchamado.afinaldccclntas,a
intervenção tal que implique não apenas uma ampliação de suas atri- "hlmaniz"àt", ie quiser' os seus súditos' rec()r-
nosso j.rnal habitual para
Basta ,*,, lãficla .lhacla em
buições, como também uma profunda mudança em sua prclpria nature- nesse§ princípi.s não pertencem
rl^r-nr-rs que os'r;;'i*"t inspiradtls
I
lza. Só o Estado-Leviatã quer dizer, tendendo ao totalitarismo hoje são muitr-r mais num()rosos
-
pode accder a seu descjo,-e eles o instituem no clia cm quc transt'crem ao museu .ro* in*tlituiç0". políticas;
e libeial. Nos países onde o ttborttr
para suas mãos uma de suas pr(lprias rcsponsabilidudes inalienáveis. quc os ,r" ,rnoiia,, ã"ã.r"iatica inu.'tndtls nas det'esas
I.i liberalizado, sã. esses prrncípios mesmos 1*
cjulgamentcl.sclecasosdgaborttr.Peranteostribunais.osarrazoados
nt.l pl1no. do positivismc'r
Rumo à 'oservidáo voluntária" cada vez mals c.locam-sc cxclusivamente
juríclict-1, a"xnnJu dc lado t,roo "
qunlquer rcterência a uma ordem
que' *:" considerandos' os
A instauraçãur
mctajurídica. à;" manitesta óàs'clispt-lsiçóes
"T legais estritamente
mesmo e sobretudo indolor desse tipo de
- vida política e, " peso croscente
trihunais atribuem
Estado transtrlrna tle- alto a baixo nossa conccpçãur clc "cláusula de consciência" que visa a
p.sitivas, effi àetrimenttt da
em particular, de democracia. E eliminada a tcnsão cntc Nação c a liberdaclc clas prol'issíres méclicas'
Estado, pois o Estado identitica-sc à Naçãro c se apresenta como ;;;;*.r vimos que a liberali-
Vam.s resumir. Num primeiro momento,
porta-voz autêntico e exclusivo de seus intcresscs. Portanto, a Naçã«r *'i1"tivjd11: tonttitui t-r eu' Num
zação clo aborto recorrin àr ::.: i'1ç1t]..recorre
nãro tem mais controlc sobre as instituiçocs quc o Estatlo conl'isca em
scgu ntltl mtlmc n tt), q ue
exami n a mos aqui' ess a libernl
benctício pr(rprio. Do mesmo modo, a pessoa ó idcntillcada Ao
à ..subjctiviclacle" que constitui
tl Estadtl' Ptlrtant0' preclsaremos
dr-r
cidadão e rcduzida à condição de luncionário. Assim também, o implicaçoes da riberariztrçã.
analisirr em deralhe as *,irtiii.r entre o papel
legítimo é identilicaclo tur legal. examinar tl víncultl
abrtrt.. Tamhóm scrá necessíirio
Por conseguinte, será justo o que emanar de uma clecisão clo públicos, ou mesm() de grupt.ls
ctlnstituinte cltl cu c .1..,, p.,.l"res i
eluclir a pergunta: quem sc
Levitrtã; será injusto o que ele definir como injusto. Vocês serão bons escondc
privados. Pois nãro podercmos 23
ou maus cidadãos se o Estaclo e seu aparelho os ct-lnsiderarem bons
por trás dtts estruturas clitas anônimas'l
ou maus cidadãros. A Razão de Estado torna-sc a rcÍcrência absoluta
e "inqucstionítvel", cle tal lorma que já não pr-lde rír subsistir o Estadt'l
de Direito.2o É o Estacio-Leviatã que determina o que é ccrto ou
erradt-l; é ainda ele quc define quem merece ser cidatlão t'ru quem, ao
contrário, não mercce. O indivíduo se torna sujeito de clireittt desde ffitlresponsávaleo{*n|,-i:1:'T:*ttltnod.ttemlodaSaSSll0S
mas também histórictrs"
clue satisflaça às nonnu,, estabelecidas pekr Estaclo, ao sabrlr tto julga- apenas soclirs, cuiturais e regionais,
dimcnsõas. nã*l
menttt, «la vonLacle e do arbítri«r dos senhores drl rcgime em questão. Rrco'rr{, "scienoe et idéotogie"' irr
(r) g.,ti'r:'Í* l?íiJÍ.,:]?ii:::l}"j) ver p.
De recur) em recuo. de abdicação em abdicaçãro, os homens podem tle l-rlru'a.in,,i.r1'
pl32ti-355' especialmente pp'
Ilcv'ue philosoltltiqrrc 9" l'11; cAsl'ELLI (ed')'
ató nem sequer perceber que estão numa escalada rumo à "servidão "L',icléologic et lesujet"' in B'
34lss.: c n. ui,t wAI]LHIINS, pp. 325-333. A sra.
vclluntárria".2l Já pedem ao Estado a segurança, o ctlnl'orto e a nut,ier"-Montaigne, 1973,
Déml,tltisori,,n ,t itléoklgie ,t,rrris, ptllític. clentr'rgráfica' só
Í'elicidad e.2'2 Em breve lhe perguntarão o que é a t'elicidade para eles, Simor.rc Veil otrserva, com
,ora.r.'iu., "1! :" lalãr-ctc si' Daí uma
unr fim em
se cstii cvocanclo um olljctivn
úiàr*.,fiário, e nao
o
qu" 'E'staclo tenha preocupaçÔes
primeira pergunta: será f"gí'i't'" tinalidades quc estã. por trás de um
(20) (:{. Cap. V. euais sáo as r.rán,l.iro,
denrrlgrírficas'l
(21) (.'.f . Etienne cle I-Â tloE'II11.
I-c di.ycour,ç tl.e l« ser",,ifitrle v,olonÍoit'c, Paris, Payot, conluntocleohletivosclenrográficos?Aqueourrá'trnalidadessáoestas
43'sclbre as relaqÓes entre
1976. Yer, por exemplo, tls textos surpreendentes das pp. l79ss. sr-rborclinaclas'I" (E'rpo'§i'
pp' S9;*"t-Vtr tambem p'
(22) A sra. Sinrone Veil refere-se a until concepção auclaciosa do [istado tru afirnrar veterinária'
meclicina humana C medioina
77
3(r
m
A honrl da medicina
Novos mercenários?
Pclr razões tibvias, o médico está sempre na primeira linha
quando se trata de liberalizar o aborto. E como poderia ele, confron-
tadcl tcldos os dias com a traqueza e a miséria humanas, permAnecer
insensível a tal drama? Contudo, effi nossa sociedade. o médiccl é
submetido, como os demais, às "mensagens-massagens" da publici-
dade e da propaganda. Deixar-se induzir a preconizar a liberalização
do aborto é uma tentação tanto mais envolvente pelo fato de que
parece justiticada pela vontade de aliviar a atlição de alguém.
No intuito de conquistar os médicos para sua causa, os partidá-
rios dcl aborto recorrem A umA lisonja que não deixa de ser sutil.
Quem ousaria pretender que, numa sociedade laicizadA, os médicos
não se deixem envolver pela idéia de que têm de assumir o lugar dos
magos de outrora? Aliás, já não desfrutam de um status privilegiado
nesta sociedade? Não são, até certo ponto, seres "separados" prote-
gidos por uma Aura de mistério? Por que seria abusivo da parte deles
proceder a uma transferência de competência, se a qualiticaçâo na
/area da moral encontra "justiticaçãt'1"
na qualiticaçãro médica'/
O médico precisa de muita disciplina cientítica e moralpara nãcr
ceder aos sortilégicls de um cientitjcismo ultrapassado que associa
abusivamente cclmpetência protissional e autoridade moral.l Nc-r
( l) Por que há entre os psiquiatras uma proporgcl relativamente elevacla cle méclicos
que preconizam o aborto? A este respeito. leia-se as conclusÕes cheias de humor
propostas por um psiquiatra norte-ameri{ânu, o Dr. Samuel A. NIGI{O, que as
apresenta em "News bd:hange" of Íhe World Fetlerotion of Doctors Wn Respect
Htunanl,fe (Ostende, Bélgica), vol. 6, 4." ano (março cle 1978), p. -51, com o título
"Docteur, vclus ête,s en détresse!". TexÍo tirado de lhunanily, publicaçiio mensal
neozelandesa pela vida, vcll. l, n." 2 ldezembro de 19771.
39
O AI]OR'I'O: ASI'ECTOS POt,Í.I.I(]OS
A IIONI{A DA MI-'DI('INA
('5) Le I-c mn.ç:;ncre dc:; uliéné:;: I.e.s médectns ollemnnd,s et Le. Nationol-Socialisme,
;ft#i:;'.ã,1?,*Eltr, mértecin eÍ tes rtroir,ç de t,tKttntne, r,aris, -fclurnai-Paris, Castcrman, 1971-1973. Ver tumt'rém o trilllalho de tt. J.
I-tFIl)N. 'l'he Nazi l)<tuors.
40
4l
() Alt()R.'l'(): ASI)11( -t.OS l,()t,í.1.1( .()S
A ll()Nl<A I)A M[:l)l('lNA
43
() AB( )R'l-( ): ASl,l :(
.'l'()S
I,( ) l,Í.1'l(,( )S
cr.srrirsir,s human.s, pocreria cr,r uma c.ntril"ruiçrr. n." 109 (agosto-oul.ubro ,Je 1912), pp. 45-56; (1. ROBITRT, "l-e légal et le
I?:i:^r.
pclo respeito i) criança ni.io_nascicla.
elitctrzptllít a lutir moral", in Docrtmenlolion c'otholique, n." 1(162 (20 dc outtubrtl de 1974), pp.
nrJ3-890.
45
( ) Altr)lt'f '( ASI'li( "l'()s l,()l.t'l.l(.( )s
I1M N()Mti l)l1Qt III l,l:l'/
47
() All()lt'l'(): ASI'11('l'()S l'()l.l'l'l('( )S t1M NOMIa DU Qt.rE, Ltsl'l
4í)
4.S
O AIIOR'l'O: AS[,[:( "1'()S l,Ol_l'l'l('()S
[" IiM NoMIi Dlr OL.lti LEI'l
scr humilno comt)ça a partir ckt t.rvo Í'ecundldo." Essc ovo l.ecuncluclr "lx)r intcrmútlio clc uma ['icção", nãrt-r há clúvidit. Pt-lrém, lemos cle
prccisa cle uma ccrtrt proteção quc dcvc ser objeto cle uma clccisãg
concordur quancl(), ao comcntar o Prcâmbukl clet Convcnção sttbre
ptllítica c jurídiur. Nãtt havcnclo legislação nacional aprclpriacla, nã11
os Dircitos cla Criançu, A. Rostennc diz quc "a evoluçittt mcsma clo
é lírcil trabalhar em làvtlr cla prote
ção dos indivícluos antes ds nascimcn- tlircito cm toclas as írreas eviclcncia clc maneira convergente o carátcr
t0- No entantt-1, convém citar a recomenclação g74 da Assembléia irrcaico, insuficicntc e arbitrário das I'icçoes atuAis". Com o mesmo
Parlamentar cltl Gtnsclho cla Europa, rclativa a uma carta ckls clireitgs
irutt)r, pode-se perguntzlr sc "nã(, (...) chegou a hclra de ir até o fim
da criança- E.sta recomcnclaçãu;, clatacla rJe l979,estipula quc "1l clireil.g
nil protcção da criança, não mais protegondo seus interesses por
dc cada criança à vicla, clesde o momento cle sua concepção, dcveria scr
intcrmódio dc uma Íicção jurídica, mAS tomanclo qtnhecimento da
rectlnhecidtl, c os g()vcrntts nacionais cleveriam aceiLar a obrigaçãs cle
rcalidadc c reconhccendo a criança, tantcl antes como depois de seu
tucltl implcmcntar pitra pcrmitir quc lirssc integralmentc aplicirclg".
nascimento. como sujeito dc direito no sentido pleno das palavrAs".
A maitlria dtls cócligos ociclcntais, ou clc inspiração ociclcntal, E, o jurista acrescenta: "Um novo cntirque devcria portanto consistir
lraduz cssc rcspe ittl pcla criunça concchiclil t:m tlisp«rsiçocs tlc clpitll
numir afirmtrçãro mtris clara, nãro-equívt'lca, do conccittt juríclico de
importância para nr'ls.') Em circunstâncias que clclincm, eles tratam a 'pcssr)Ír'. prccisando quc tt criança quc vtti nasccr ó, destle a conccp-
criança quc vai nitsccr como sujcito clc clircitos: e lc podc rcccber uma
çãro, uma realidaclc cm si, um sujcittt de clircitt), c que sua cxistência
dtlaçãtl tlu hcrdar. Esttt clistrlosiçãrl rcmonta ao Direil.rl romano:
nãur está mais subme tida à rcalização clc uma condição suspensiva".ll
InJ'un,s cttn'ccpltt.s pro nato hobelu.r, quories elc aius r:otn.tngrjis ggitur.ttl
Foi u partir clc premissas iclênticas àquelas em quc se baseia csta
Observcmos que sc trata aqui nãur clc simplcs tlircitos da criançtr argumcntaçãur quc sc clcsenvolveu ii luta por liberdade, igualclacle,
não-nascida, mas clc scus intcrcsses. Da mcsma lilrma, clecrctos participtrção clc toclos na vida política, cconômicit, cultural ctc. Eli-
promulgatltls cm váritls países, notadamentc na Austrírlia c nil minanclo estc Í'unclamcnto constantc, ou apcnas o colocando entrc
Alemtrnhtt, rcctlnhcccm à mcsmu criunça nho-nascicla o clircito clc parêntcse s. a traclição juríclica do Ocidcnte pcrcle pura c simplesmen-
rcccbcr indcnizaç:rtt ptlr porclas c danos cÍlso sol'ra prcjuízo dec6r- tc totlo scu scntido. c o dircito prttmulgadtl, sutt razÁt.t clc scr.
rentc cle um ttcidentc clc quc sua mirc lirr vítima rlurantc a gravitlez. Assim, clc ccrto modo, o tlircit«r positivo transce nde os membros
A rigor, a dispttsiçãtt cltt clireito romilno sti privilcgial crilnç1 tltr comunitlacle política cxistcntc. E o quc pcrmitc à lci tcr um papcl
importantc uo nívcl cle parlugctl4io polític'o trir-ri-trt,r os ciclaclãtos vivt'rs.
(9) A esle rcspcittl, vcr l'. -11. 1'ROLlSStr, "l-a plroposition cle 1li r.t.,,2á.ig,,, ir.t Mas u "transccndôncia" do clireito nhtt pírril aí: elc contribui ampla-
Annolcs de I)roit. n.' 4 ( l97l ), pp. 4l 2-417 " A lihcralização clo ilborto ÍlcurrotÍl mcnte para garantir tt continuiclade dtt ctlmuniclacle pttlítica.
Llnla cstrállllla contradição no cJircito. Por um lackt, a criança não-nuscicla
pt:clc Desta mancira, lcgislar ó claborar um projeto c reconhecer,
recehcr heneÍÍcios, indenizerçÕes. p«rcic hcrdar. I)or outro larclo, é passível cle ser
climinacla. [tstc cstaclo cltl clireito ctii lLrgar a siluaç(res surrcalistas. IJnta criupça mesmo no cus() clos cidtrclrios do futuro, que sãto plenamente sujeittts
que ntlsceu con'l unta clcliciôncia ttcasionitcla por un'tii tentativa cle abrlrtg dc clircitos c clcvcrcs.l2Em suma, por ser ttbra de razãtl, a lei tem uma
tlbtcve, conl sLlil mâc. untit intportanto inclenização. O.julgan'lento ckl Oonsclhg funçãro educativa insubstituívcl e visn. cntre outrcs objetivos, a pro-
dc [.,stacltl (da Irrârtça) l'laseava-se nun] "erro grave'; cr»rctic6 peli nréclic6"
tcger os tracos contra os poderosos.
Assinr, este Íili ctlnclonackl. l'lenr conto o hosprtal envolviclo. C.l'. I.n l-ihra
Bcl§qrc,l3ruxelas, _5 clc outurhro clt: l()u9.
( l0) "A criançtt cclncebicla é consiclcracla con'ro nascicla c;rcla vcz qLlc sc trálrárr clc scr.rs (I l) (lf. A. I{OS'l'liNNl:. "l-'enlant i) naitre, suiet cle tlroits", in Lo l-ibrc Bclgiqrc
intcrcsscs-" (lÍ'.. por cxcntplo, (iAItlS.ln,;tittues,3..,Orimenlárig, (llruxclrrs), 2l cle clcze nrbro clc l9ti9. A respeito cla Oonvençãto sobre cts direittls
- l9(r-5, 4, I)1ris.
Bellcs-l-ettrcs. t)l-l)IANo, ('ctrrunentoit.a :;rtr t'lidit, D, 37, 9. (]f. .1. da criança. ver p. 29 s
GAtlDb.Ml;.-l',Le droit prir,é romain. paris. l()74,p"301. ver tarntrém IIAI IL, (12) Ir. I.EVINAS clesenvolve este tema repetidas vezes. (lf. notaclanrente ljn
I), l, -5,7" Stll'lre tl prtttrlema itborclackl:rqur. uer, À, BibtioÍtt.olia,9s trabulh6s décottyt'nrtt l'c.x:isÍcncc at,ec I ltt:;serl et I'leitlegl4cr'. Parts, l9(t1 ,p. 19l,l lumani.stne
de o. lII.:NNAU-llUIil_I1't'. It. I_ABO{t, I_. SriBA(; e D.VI(iNL,AU. de l'oun'e hontnte, Montplellier, lrata Mttrgana (l:ssars). l()72, pp.10-44"
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50
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I
O AIX)R'l'O: ASI'lr(Il'()s l'j()t-í'l'l('()S Il,M N()Mt1 DE Qt-,8, LEI'l
52 53
O AIIOR'|O: ASI'>E('l'OS Í'}()l.l'l'l('()S l1M N()MI1 l)t: QtJIl t-lil'l
contra tudcl
tipos tle compt-lrtamentos: assim, a proporçãtl cle clivtircios diÍ'crc rrrtlubitirvclmcntc o dircito c ató o clevcr cle se prtlteger
contra tudo
segundo as variaçoes da lcgislaEão na matéria. Uma lci quc libcraliza o (luc poclc introduzir em scu seio fatores dc dissrlluçãtl'
da agres-
o aborto induz necessariamente «tmportamentos que desembtlcam ., ,1r. it l'azcorrcr tl risctl dc scr levacla a um desctlntrole
no aborto eÍ.etivo.lí' É uma das razÕcs por que merecom pouco sivitluclc.l8
que
crédito os que, por um ladcl, proclamam sua repulsa ao abctrtt) e, por Ela dcvc, de mocltl algum. esperar que Ocorram abus0s
nãro
r-lutro lado, preconizam sua liberalização. tr tilrcem a intcrvençtles repressivas. A curto prazo, intervenções
a impressão de
prcvcntivas e rcgulamentações restritivas poclem dar
e longo prazo'
i-cduzir o âmhitõclas libcrcl.des inclividutris. A móclit-r
altrtmentc benóticas tanto para os
O legislad«rr preso na armadilha? cntrctanttt, tttis meditlas revelam-sc
dcrivas pervcrsas'
indivítluos como para :l sgcicdacle' ptlis previncm
que rcgu-
FOi 0 oAS(), por exemplo, da cólebre lei vantlcrvclde
Todo o problema aqui é saber se c'l legislador tolera deixar-se na Bélgica' A
prender numil armadilha e dedicar-se intciramentc a um ccrto am- lamcntou cstritamcnte a vencla cle bebitlas alctlólicas
suas
bientc dominante, e se consente cm ccder às prcssÕes de quc é alvt-t. lci prevenia abuscls cujas vítimas cram tls operáritls e sobretuclo
t'amílitrs. Col.cavar"ri,r*.bstírcultts à "libertlade" dos ct-lnsumiclores
Nessa circunstância pode provar suu pusilanimidade ou mostrar sua e a socicdade contra
o vcndedores de álstltll. Mas protcgia as famílias
coragem. O legislador aquienf re nta um verdadeiro desalio: cleixar-se
o tlagel1'1 clg alc6tllismtl; alertava os consumidores 1; vendedores
condicicrnar ou acreditar que a lei deve l'azer prevaleccr uma certa contc.r' É t*
ct-lntra ubust'rs que tt atmoslera stlcial stlzinha não poclia
racicrnalidade sohre as paixões e os instintos, quer dizer, positivamen- que
virtucle clos m"smtls princípitls que tls psictlpatas sãtl internacltls'
te, detlnir um rair-r de açãro para a liberdade. o comércio de armtts tlc logtl
tr vcl.ciclaclc ó limitaclu nas ostradas, que
Que ncl primeircl cast'1, contudo, o legislador esteia alerta para
é regulamentadtl-..
o precedentc que abrc: cstá rcnuncittndo à Íunção pedagógica insubs-
tituível da lei. Está avtrlizando com sua autclridade o direito que
alguns querem arrogar-se de disp«tr de uma vida humana em seu
começo. Sobrctudo, ao dar-lhcs a ilusão Ialaciosa, dc uma liberdade
integral, está aumentando o pt-lder dos condicionamcntos dos quais
os cidadãos já são vítimas. Torna-os mais vulncráveis àrs icleologias
totalitárias nazis, tascistas e outras que só cstão cspcranckt a mclrte
-
da libcrdade para deixar cair a máscara.
Assim também, a lei nãro tem como únicas Ítnçtlcs reprimir e
e«Iucar. Tem também uma ÍunEáo preventiva.tT A sociedade tem
(16) Cf. .1. II. SOIITOUL, Con,séqtunces d'una loi, p.4(r e pp. 2l4ss.; R. BEI-, Un
rapport malfait, passirn. Para a lnglaterra, cf. ],'ovortatnent dev'ont le parlement,
p. 5, e sclL'rretuclo R. BEL, Qrrclqrcs é\.ément,ç de la sinmtion an Angleteffe deptis
la libéralisation de I'ev,ortetnent (1967\ (estudo mimeografado), 10p., s.l. ( 1976).
Ver também as palavras da sra. Simone Veilcitadas na p. 178.
(17) Ver, neste sentido, André BESSON e Marc ANCF.Z, La prévention dcs
infroctions conÍre luunrtine et l.'intégrité de la personne, Paris (Publications
l.a v,ic
du Centre d'études cle défense sociale, Institut de Droit comparé de l'[Jniversite
(ltt) L,oobjetohatritualdas"letscleclefesasoclal".cf"M.-T'MEL'jLDERS-KLEIN'
"(lonsidération-..", pp. 439-441 e pp' 489ss'
de Paris), Paris. Cujas, 195(r.
55
54
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ll
I
V
I
I
Yazto furídico? Yazto judicLal?
I
i
í
No capítulo anterior, mencionamos rapidamente um dos argu-
i
mentos invocados com mais freqüência para modificar as legislações
I no que se refere ao abortcl.
57
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( ) A lt( ) l{'l ( ): .'l'( ,(
AS l,l :( )S l,( )l .l.l 'l( )S
v A7.l().lt I11II)I('O'/ V A'Ll() JLlt)I('IAI-'1
I
-
motivos- Ele pode arterar tr imagcm - malsãosempre
crc uma mtrgistratura
por divers.s
ci,rrn, concebida. Os que recligiram as lcis hojc atacadas irÍ sabiam o que
e com razáo, tant. dc sua indepcndência
.,rr,r?. sua integridade. h.j. alguns se recu,\om o lcvar etn c:onto: o Í'ato de que se trata de um
Na verdacre, esse "vazio judiciárit-r" ó
revcrad,rr, ,,rrr?o l, qurnr., ser humancl. Essas leis simplesmente zrplicam o princípio geral carac-
I cls magistradtls sãttl sensívcis às pressÕcs
I c como estão expostos a.s terístico de toda st-lciedade democrática: a igualclzrdc cle direito dc
ucasses que às vezes lhes são destilad.s
I
s'b Í.rma de «lnselho. todos ()s seres humancls cm relação à vicla. Assim sendo, o caráter
sabc-.;e rl result.do clisto. Na hora de
n.mcar para tunções imp.r_ penal da lei nãro é senão it conseqiiência de um direito anterior,
tantcs' tl exccutivo [àz a distinçãro entrc
os canclidAtr)s .,confláveis,,e inalienável, da criança não-nascida; c é a violoção desse direito rque
os que não aceitam. uma "indcpendência
limit.da,,. Entãr, a absten_ suscita e justifica uma sanção penal.
çãtr do iudici'áio é invtlcadÍt para prcssionir o lagislrrrltr.
Estctcndc
a'substituir tt iuiz na apreciaçào da.s circunstâncias
particularcs; aliás,
diantc dos obstáculos qu"
^tú.g.T ,o prripria Assembréia Naci.nar, A criança e a mulher: desprotegidas
actrntece dc determinacltts legtsladorzs
não hesitarcm s6licitar que
. exec.uri,o sugira aos magi,vtrados.quc suspcnclam as em
cliligências. Em
suma, se nã. ltrsse tipicamente triangular, ,/-
a tigur, seria chamada de Sob o pretexto de promover um "novo direito" da mulher, os
círculo vici.s.! Esse v.azict pretensamcnte \,_
judiciári., ncaba reverancro como é precária. luiídico. mas na verdade ._/gue propírem a descriminação do abclrto ameaçam o princípio [un-
mesmo nos países de damental segundo o qual todos os seres humanos são iguais perante
tradição democrática, a separação entrc.s a vida. Os autores de tais propostas, ou projet()s, querem ver triunfar
p.deres.
58
5e
L-
() Al]@)lt'l'( ): ASI,li( "t'()S l,( )l.l'l't( ,()S
v A'/.lo .r t rl{ lt)l('()'t v A'1,1o .ll.JDl('lAL'l
Assim, vê-se que umár rei que regariza e liberar (1) ()Í'. p. 2.1s.
iza ct aborto (tt) A lirnte csscncrirl il cste rcsport() e Nrrrambarg meditnlcn.çc. Nurenthcrg Military
necessariamente vai além do objeliun qi" -l'rit"rurnals.
pretende atingir" Na ver_ Unitcd StnÍcs ol'Antaricn vs. Kurl l)rnndt pnedit'o pt:ssool de ÍIitlerl.
ct. al.,2vol.. National Archtves. Waslrington, l()47.
(5) A-situação cle--clesproteção cla mãe é benr evocacra (9) Al'lorclantt)s cslc problcnta enr "l)c I'aparthcid au clialoguc. I-it position clc
MALINC()NI, Ilôpiml
n«r pungente livro de Nicole
sil.encc. Ver rambónr o te.srenrunho
l'l:glisc cutholique", in Nottvclle llct'ttc théol.ogiqua, t. 109, n." -5
vllzlNA. .rournar ir',r* ovorÍée,Montrear, I-a presse. 1974. de Marie-oclile (setcnrl'rro-outu[]ro clc l9ti7), pp. (r9l-71 l.
((,) Of. p. "50s. ( l0'y 4,, positivisnro iuríclico cstãro ligac.los. por cxcntpltt, os n«rmcs de I-Óttn
I)Ll(iUI'l'e t Ians Kl:l-Sl,N.
60
6l
() Al]()l{'l'(): ASI'l:( "l'()S l'( )l.l'l'l('( vA7.l().lt Iltll)l('()'! v A'/.1( ) 'lt Íl)l('lAt"l
)S
lcgalizar o tlcspotismo. Numa socictlaclc clcmocrírtica, o Estarlo rlc Esqucccm quc um clcbutc sobrc tr lihcralizilçíro dtl abtlrto nil()
direito não sc caracLcriza apcnas pcla cxistôncia da le i c o respcito a ó umir ptllôrnictt; ó umit Lutct't'(t. Uma gucrrtt tlc mão única tlncle tl
ela.rl Caractcrizu-sc pcla promoçãur, por loclos, cla justiç Lt poro lotlo,s. ,,gr"r.,rr, dccidiclamcntt: scm c()ragcm. ncm prccisa medir-se com sua
qucr dizer, cla vicla poro íodos, cla libcrclatlc puru lodos. da igualcladc ,itima. Umu gucrril cm quc os mais [ilrtcs, t-rculttls atrás cla máscttrtt.
poro ktdo,ç. rcivindicilm íJ ptiori o llvrll tlo Estaclo partt tlcutlr impunemcntc o
in11centc. Ptlis il trbtlrttl ó. scm tirar ncm pôr, umtt gucrril tlndc
rtllam
O Estado clcmocráticrl cm que «r aborto ó legalizado é um com vcrdtrclcirtls l'cricltls
Estaclo quc consentc cm clcixirr-sc cxtraviar: dc lato. ele inicia um
sa,guc c lágrimils. Umil vcrclaclcira gucrr?I,
c vcrclaclcirtts mtlrttls-
proccss() pcrvcrso quc altera sua nutureza democrática c induz-lhc
umà tnuÍoçao totalitáritr. E o processo quc prccipitam aqueles que,
de cmenclu cm cmcncla, I'ingcm protcgcr a criança não-nascida,
enquantt) quercm libcraliztrr o aborto.
Na vercluclc, o cstudo dos totalitarismos contemporâncos mos-
tra que cstcs são provcnicntcs da omissiro, clu irresponsabiliclade ou
clo cinismo clc minorias intclcctuuis clc uma arrogância quc nacla
conscguia dobrtrr. O nazism(), por cxcmplo, quc tcve scus módicos,
tambóm lcve scus juristas, c Íilram iclc(lklgos dcmentt:s que levaram
o pov() a cncleusar Hitlcr.
Os juristas quc ltrnçam nriro dc todos ()s rccursos dc uma tócnica
abstratu parir csmcrar-sc cm suus "clisposicllcs lcgais" regulame nt.an-
clo o uborLo cstão clcstinaclos u dirr à luz um monstro. O dircito
comctcrá suicíclio sc homokrgar () crimc. Esses juristas nãro sãro
alhcios a umir lúgubrc trtrrliçiro intclcctuirl, scniro política, na qual
bcbcu Karl Binclin-q. I 2
(l l) Ver a eslc respcilo Xuvicr I)l.lON. "l-'lltat dc clroit contrc I'avortenlent", iÍ'l
Jotrnol dasl'roc'à,ç.n."ufi(2Tdejr,rnhoclc lgttó),pp. lfi-2l.Sohre ol:stacloclc
clircito. l"loclc-sc consultar "l'rinre iras.lornadas llrasilciras clc Dircito NÍrturÍr1",
cLriíls ittas foram reLrnictas num v<llume porJosó I'edro (iAI VÃO DIr. SOtIZA
c ahrrrclan't O [i:;tado dc I)ireito. São Paulo, I{evista dos 'l-ribunais. 19á10. 0
nresmo celebre iurista hrasileiro puhlicr-ru en't 1977. pela mcsnra editrtra: l)ircito
nulrtrol, I)iraito 1to,tiÍivo c I:..ttudo de l)ircitrt. Outro rcprcscnt:rntc cla l..scola
I)ar"rhsta dc l)ircito lanrl'rénr cleclicou Lu'r'l cstLrd() valioso à nrcsnta qucstlur;
tratir-sc cle Aloysio Flr.l{l{AZ PIll{lllltA.l:stado da [)ireito no parspcctiv,a do
libertnç'ao. (Urnu crítico seEtndo Mortin llckleggar), nir n')esmir cditrlrit, l9li0.
( l2) Sobrc lJrnchng. ct'" p. l-5, n." 2. Seria intcrçssantc tr:lçitr unr paralclo entre a t'rhra
jurÍclica clc l]incling e a ohra política de (larl Schntitt ( I t'itit'i- l9ti5 ). Ahandonandtr
a reÍ'crência ao l:tstackr dc clireito. Schnrrtt tradição qr"re
remontÍl a [iicl'ttc. [[ohl-rcs e Maquiavcl
- retonlando uma
chega ao riecisrr>nt:;tno'. o direito se
-
cnraíz-ir na clecislu'r políticit. (lf . ( )arl S(:l-l MI't-I'. [,o notion dc politiquc. 'l'lrcoric
dtt porÍisan, I'aris, (lalnrann-l .twi. l()12.
ír3
62
Moral "àlA carte"
(r5
I () AI]()R'l'(): ASI'lr( "1'()S I'()l.l'l'l('()S
66
67
O AII()R'l'(): ASI'ti( "1'()S l'()l,l'l'l('()S M()l{Al- A l,A CAI<'l'ti
gia dualista. Aqui, o princípio dcl reconhecimento e da rcciprociduclc tlcsscs clois tipos dc atirmaçãcl desembocaria na justaposição de duas
é deixado em snrsis. proposiçõcs que atinal não têm sentido.í'
Sem dúvida, é difícil contestar o tato de que a relação com o
clutro e o reconhecimento que dele advém sejam decisivos na cons-
tituição da personalidade: o processo de humanização é contínuo. Prrcira nos olhos
Mas a "justificaçãc-r" aqui examinada apresenta a distinção huma-
no-humanizado de maneira tão radical e abrupta que insinua que, É notável que as premissas das quais procedem essas duas
em seu devir, a existência humana é marcada por uma divisão atitudes e essas duas argumentações são não apenas muito diferentes
essencial. como rigorosamente inconciliáveis.
Ora, essa passagem sub-reptícia de uma distinção em nível de Na primeira argumentação, relativa ao filho desejado, éo adulto
razáo a uma distinção real é pura e simplesmente indevida. Se um ser que se coloca como parâmetro de valor, como ponto de referência
cc-rncebido se humaniza, é porque, já de início,já é humano; porque único e exclusivo. Assim, a importância das consideraçoes sobre o
a ccrndição humana é vivida na duraçao; pctrque, já de início, ele é dcsenvolvimento físict-l t'lu psicológico da criança não-nascida é só
capaz de ter relações humanas. Isto merece uma breve explicação. sccundária, senãc-r negligenciável. A qualidade da existência da crian-
Antônio e Bernardo sãrt realmente seres distintos: a distinção entre ça não é questionada, mas a opclrtunidade de deixá-la prosseguir é
eles é real; ela é física e independente de minha mente. Mas posso cntregue à apreciação de um sujeito ou instância dif-ercntes da
considerar determinadas características de Bernardo: ele foi estudan- criança.
te e depois soldado; tornou-se agricultor, paide família, contribuinte; A segunda justificação, onde se explora a distinção humano-hu-
por uma intervenção de minha razã,o, distingo lógica ou concei- manizado, questiona a qualidade da existência da criança, motivo
tualmente -
dif-erentes traços característicos de Bernardo. A dis- pelo qual o adultcl sente-se autorizado a intervir. Baseia-se no desen-
tinção que -opero por intermédio de minha razrao tem, sem dúvida, vcllvimento "imperfeitcl", inacabado, dcl ser humano em devir.
um fundamento na realidade concreta de Bernardo; mas não existe, Aprimeirz justitlcação está na linha das conveniências do mais
em Bernardo, distinção física entre a criança, o agricultor, o contri- lbrte. Assim, a criança pclde eventualmente ser reconhecida, e cabe
buinte etc. ao adulto consentir em que a criança continue a ser. Ntl segando caso,
a criança é reduzida à condição de ser pré-pessoal, visto que é incapaz
É a esta última ordem lógica conceitual que pertence a
-
distinção entre o ser humano e o ser humanizado. - Tal distinção de reciprocidade e reconhecimento. Não é passível de ser verdadei-
ramente reconhecida antes de ter chegado à "humanízaçrao".
resulta da análise, pela razáo, de um processo único, integrado,
Em suma, estamos diante de duas argumentações: a primeira é
durártel. Mas a distinção física que se quer'fazer corresponder a essa
subjetiva; a segunda, objetiva. A primeira justificação concede ao
distinção lógica é desprovida de fundamentos biológicos e antropo-
adulto uma liberdade de decisão total e incondicional que a segunda
lógicr-rs. A humanizaçao é um processo único, integrado, contínuo,
contesta e limita, cc-lnsiderando-se a etapa atual do desenvolvimento
que dura do início ao fim da existência. De qualquer maneira, o alvo
da criança. Mas a segunda justificação não aceita que a criança em
do aborto é o embrião ou o feto no qual é lesado, hoje, o homem cujo
formação tenha um status que a primeira em princípio lhe reconhece.
devir nãcl é interrompidcl, mas cortado. Se os partidários da primeira justiticação atribuíssem ao adulto o
Em suma, essa argumentação repousa numa ambigüidade astu-
ciosa: o deslizamento da distinção à divisão. Na realidade concreta,
não há patamar nem limiar algum que marque a passagem de um ((r) Ver E. POUSSET, "Être humain déjà", inEtutles,n"" 333 (novembro de 1970),
pp. -502-51e.
modc-l de ser humano a um modo de ser humanizado. A disjunção
69
6fr
( ) AIt( )lt'l( ): ASl,l i( .'t'().S l,( )1 .í,1't(,( )S
(l) A cegueira de que são capazes certos teólogos e/ou eclesiásticos (e certos
filósofos) aparece no estudo de Louis SALAMOI-INS, Le code Noir ou le
calv,aire de Canaan Paris, PUF, 1987, passirn e especialmente pp.3-5-41 e
92-105. tr indispensável completar a visão desse autor com o estudo cle Henri
WAI-LON, publicado em 1847 com o título de Histoire de I'esclavnge dans
I'Antiquité. Esse célebre livro foi reeditado em 1988 em Paris, Laffont. Wallon
estuditvit a escravidão na Antigüidade mas tinha em vistzt "a escravidão nas
colônias" francesas de seu tempo. ver a importante Introúrction, do próprio
wallon, pp. 7-84; .lean-christian Dumont, que reeditou o texto, foimuito f'eliz
ao âcrescentar-lhe uma lmportante bibliografia. pp. 1009-l0lát.
(2) (lonsultar Xavier de MoNTCLos. Les chretiens
face au nazisrne et au
stalinisme. I-'épreuvt: totalitaire. 1939-1945, Paris, Plon, 1983.
7t
rr
I
( ) Al)()lt'l'(): ASI'11( "l'()S l,()l-l'l'l('()S (:()M() I) t ISAI)A A'l'li()t-O(ilA'l
démurc:ha tecllcigica, transformando-a em ideologia legitimacklra, rriro sc tritta do salvar princípios pelo mero prazü de fazê-lcls valer-
continua igualmente seclutora: o próprio Cristo, no descrto, co- Os princípios não são um fim em si mesmos. Não são de forma alguma
nheceu essa tentação.3 "abstrAtt-1s", como alguns apregoam: implicam a vida de seres huma-
o fato da degradação ser fêita para proveitt-r de um príncipe, n()s.6 Assim sendo, haveria hipocrisia e má fé sc os cristãos em
dos burgueses da sclciedade bem-pensante, de cclnsumidores cle fato particular os moralistas mudassem os princípios que orientam sua
-
ou rlo desejo, ou mesmcl de alguma potência imperial, não muda nada -
conduta para acomodá-los um comportamento que se quer justificar.
a
na questão. Da mesma fbrma, assim como o Estado não pode mudar a
sem dúvida, é preciso felicitar o teólogo atento às perguntas definição do crime c-lu do delito a seu bel-prazer, a Igreja não podc
l
que a sociedade contemporânea se faz.4 Mas esta atenção não o mudar a definição de pecado ao sabor do magistério ttu dt-rs moralis-
I
autoriza nem a renunciar à sua démarche própria nem a deixar-se tas. Se ela tivesse a pretensão de erigir-se em árbitra soberana do bem
I vergar de modo pré-crítico. Como resultado de uma abdicação assim, c do mal, deixaria de ser testemunho e presença contínua do Deus
o p,vangelho, com toda sua intransigência, ficaria estéril. o que Salvador. Ficaria reduzida a umA realidtrde intramundana, puramen-
I
distingue o tetilogo moralista do mero moralista é precisamente o te histórica; sua moral se tornaria uma mc-lral positiva imposta por
n
entoque particular que o primeiro deve dar aos problemas morais de uma instância secular entre outras. A tunção da Igreja não é decidir
seu tempo. Cacla época e cada cultura insta o moralista a reativar o o que é ou não pecadcl; ela nãc-l é autora da criação nem/on,te última
de perdãcl e salvação. Se agisse assim, cairia no sacrilégio e no
l
1Z 73
( ) Alt()l<'l'(): ASl,lr( "l'()S l,()t.t'l'l('( )S ('()M() Ir t,SAl)A A 'l'11()t.(XilA'l
suÍl idcnticladc. A me nsagcm cristã c t-l compromisso corrcspondcntc Essas trcusações merecem ser examinadas, ainda mais por nãtl
a cla nãtl são artigos de liquidação que se poclc protanar camuÍlanclg
scrcm dcstituídas de tundamentcl. De fato, muitos movimentos de
suas cxigências- A stlciedade que liberaliza o aborto tem scus idc(rkr-
inspiraçãcl abcrtamente cristã tustigam a liberaliztrçát-t do aborto em
gos. Tem também st: us l-eólogos, mais retr(rgrados clo que se imagina.,,
nome, sobretudo, de princípios religiosos. Seria difícil contestar-lhes
Numa épclca em que tant. se fara sobre o respeitd ac-ls pobres, é
o direito de proceder assim, mas com essa argumentação correm o
constrangeclclr o espetáculo oferecido por ccrtos teiilogos qr" i" deixam
riscr-l de sri ter eficácia "internA", própria ao mundo cristão, na medida
cooptar por ideologias cu19 quilate não avaliaram, qr" manipulam o
em que pressupõe, parA merecer créditcl, que a pessoa tenha aderido
Evangelho a seu serviçr-1. E o profetismo clc cabeça "paia baixo!
a determinadas verdades reveladas, qur: pertença à Igreja, respeite
seu magistério etc. Sem dúvida, a lgreja tem algo a dizer sobre o
Uma querela vá aborto, e diz.l2 Entretanto, não se pode esperar que o não-cristão dê
a tais declaraçõ-les o assentimentcl que deve vir dc-l cristão.
Em vez de pôr em dúvida a honestidade dos cristãos, ó preciscr
Niro obstante, a cleriva que cstigmatizumos está longe de ser desejar que tenham mairtr clareza quanto ao método usadcl para
generalizacla na Igreja. Para pe rcebê-kr bzrsta lembrerr qu", nã* cliscus-
abcrrdar a questão. De fato, a liberalizaçár-t do aborto não pode ser
sões sobre a liberalizaçÁt-t do aborto, nãur ó raro que os crisr.ãos,
considerada um problem a em primeiro lugar religir-lso. Cclmo vimos,
católic.s em particular, sejam acusados cle querer impor a toclos os
trata-se, antes de mais nada, de um prc-rblema filosótico, biológictl,
htlmens seus ptlntos clc vista sobre a qucstãro. À u"r.s insinua-se ató
político, jurídiccl, mclral.13 É tclrncl destes aspectos do problema
que os cristãos estão agindo dc má Íé c quc dissimulam suas verda- "m
que giram as discussões, Antes e indepen«lentemente de qualquer
deiras motivaçÕes na luta contra o ab.rtô.t0 Em última instância, a
Igreja apareceria como o único obstáculo dc pcso à liberalização cle referência religiosa. Neste sentido, tica patente quc, como aponta-
tal prática; uma vez mais, ela estaria senckr obscurantista.l r mos, as posições divergentes, a favor clu cctntra, não são paralelas à
divisão das pessr)as em não-cristãos c cristãcls. As posiçoes dos cris-
tãc-ls nesta matéria caracterizam-se por um certo pluralismo cujas
(9) Ver Alfrecl FIATISSI 'ItÍ\,T-he BcÍrayol oJ'the T'lrcoktgians (Íirlheto tracluziclo
raízes,como vimos, são pré-religiosas; não é diferente, evidentemen-
do alenlãtl ptlr I Iurman l-iÍ'e Intcrnational, 4lfi C Streci, N.Ii., Washington
I).C.
20002). te, o caso das posições dos não-cristãcls.la
( l0) cf. p. 177. Dito isto, é precisrl reconhecer aos cristãros cl direito de perceber
( Il) Seria difícil afirntar que certos autorcs cvitam arnalganrar ss clcÍ"ensores cla vicla nc-r abcrrto uma dimensãcl que o torna tamhém um problema religiosc-r.
(notadantente.cristâos) ao espíritct "conservaclor". "rsitcionário,,. ,,integrista,'.
"Ílntifeminista", "antiprogressista" etc. Ver. a tÍtukt cle llustração: W.
RAg.
"Konservativer Widerstancl und soziale Bewegung. Prcltllemverstândnis
und (12) Muito boa exposição a este respeittt de autoria de Mgr L. A. VAN
Welta uslegu n gvon Lcbcnsrechtsgru ppen ", in E7 u'o pri is c h e Il o c ltsc hu l.s c l vifte n, PIITEC}I'IEM, in rRespect potff l'enfant à naíÍre, s.1., s.d., (Ciand, 1973). Sobre it
Reihe xxII, soziologie I I I, Irrankfirrt-sobre-Main, [_ang, l9g-5; .I.-.1. RAy, posição da Igreja católica em matéria de procriação em geral, ver o estitdo da
"Attitude to abortion. Attitude to life and conservatisnt in Australia,,, in questão segundcl G. MATIION, artigo "Procréation", in Clatltolici:;rne, ltier,
'soc'iologt ond social Re,search, Los Angeles, t. 68. 19t34, pp. 23(t-246; (-,.H. ru{ow'tl'luti, demain, t. 2, Paris, l-etouzey & Ané, 1988, col. lll7- 1214. Sobre
DEITCII, "Ideology and opposition to abortion. Trends in public opinion, o aborto, cf. col. ll29-1137, esse estudo baseia-se numa bibliogratia
1972-19ti0", in Alternative Lifestyle. A Journal o.f changing'panerns)Nova principalmente de língua Íiancesa.
Irrrquc, r. (r, 1983, pp.(t-z(t; R. pol-l-ocK-pET'CHllvsKV, iiL'antiféminisme (13) Cf. Oaps. II, III, IX.
et la montée dc la Nouvelle f)roite aux États_t.lnis,,, in Notnelles qtrcstion.s (14) Cabe até perguntar-se se alguns não caem no cisma. de tão divergente que é
Jéministes, n." (t7 (1984), pp. -55-104; M. H. BIININ, ,,Determinant of opposition sua posição nestát matéria em relaçáo ao ensino constante da lgrela. Ver, por
to abortioll- An analysis of thc hard ancl sofl scÍrlcs",in Sociological peis'pectiv,as, exemplo, o dossiê de H. I-OT'S'IRA, Abortion. The Catholic Debate inAmerica,
l3everly Hills ((h"), r. 2[i, l9u-5, pp.l99-zl(t ver ranrbém p. l(r4, n."
13. Nova Iorque, lrvington Publishers. l9{J-5"
74 75
( ) AIX )R'l'( ): ASI'l :( "l'()S l'( )t.l'l'l('()S ('()M() ti t JSAI)A A ]'t1()t-O(ilA'l
()s cristiros I'azem muito bem em ressaltar a especificidadc dc scu Em sum1, lcvancltt em ctlnta eSSeS problemas de método, evitar-
em pé
cnloquc, baseadcl na antropologia cristã: o reconhecimento do outrtl sc-á a confusãtl dos problemas. De tato, não é possível colocar
se [undamenta, afinal de contas,, no fato de que ele e eu recebemtls de igualdade, nem suhmeter à mesma abordagem, problemas tãcl
clilercntes como 1-l aborto e a cclntracepEáo, sejam quais tilrem
as
gratuitamente a existência que partilhamos. Todos nós tomos criadtts
à imagem do Deus trinitário, e por esta razrao mesma somos capazes relações entre eles-17
de entrar em relação com Deus e com os homens; somos chamados Respeitando-se essas regras elementares de métodr-r, as discus-
à vida eterna.
l-5
sões sobie a liberalização do aborto não degenerarãcl
em conflittl
Ao proclamar essas verdades, os cristãos dão testemunho de sua entre a Igreja e . Estaão que alguns, sem dúvida alguma, desejam
reconhecer aos cristãos
fé no homem. Estariam sendo inct-lerentes, e talvez algo mais, se Se ardenteríeni".'t Também 'será possível -
membrc-ls do
refugiassem numa teoria da dupla verdade em tunção da qualseriam nem mais nem menos que aos judeus, franco-maçons ou
contra o aborto como cristãos, enquanto se declarariam dispostos a Partido o direito depronunciar-se sobre um problema com-plexo'
-
Sem usar a clcasião como pretexto para criticar-lhes
as intenções ou
admiti-lo enquanto homens com um compromisso pr:lítico. Pode-se
imaginar o clamr-lr que tal ambigüidade e acrobacia casuística susci- buscar uma querela vã.
tariam Se, "enquanto cristãos", se declarassem contra a exploraçãcl
do hclmem ou contra a tortura, mas "enquanto autoridades políticas"
estivessem dispostos a permiti-las! l6
Dito isto, três coisas devem ficar muito claras. Primeiro, que não
é in«lispensável, de forma alguma, concordar com a antropologia
cristã para se opor à liberalização do aborto. A seguir, que é perfei-
tamente legítimo, e a nosso ver até indispensável, contestar a libera-
lização dcl abc-lrto lançandcl mãcl dr-ls recursos das ciências humanas,
antes de apresentar argumentos de clrdem teológica. Por fim, que os
nrgumentos próprios acls cristãos, longe de proceder de uma atitude
arbitrária ou clbscurantista, cclntêm talvalor intrínseco que merecem
ser razoável e atentamente consideradcls pelos nãcl-cristãos.
Acrescentamos que, por sua vez, os cristãos também têm razão
ao fazer certas perguntas aos que não compartilham da visão "cristá"
das coisas. Por exemplo: Com que direits superior? poderiam
- -
eles impor Aos t-rutros uma concepção que, com base em sua cons-
ciência, cristãos e não-cristãos estimam ser nociva para todos? Pclr
que não se veria também nessa atitude uma imposição abusiva aos
outros de sua prripria opinião?
77
76
il
r
i
VIII
Aborto e desinformaçao
79
() All()lt'l'(): ASl')li("l'()S l'()l.l'l'l('()S ABORI'O E DESINFORMAÇAO
Ó
A adulteraçáo das informaçoes
dc nataliclacle e/ou como complemento da contracepção. O Dr.
Lagmua Weill-Hallé explica a este respeito, a importância do con-
gresso realizado em Dacca de 28 de janeiro a 5 de fevereiro de 1969:
Em suas formas contemporâneas, a desinformação às vezes se
"PelA primeira vez num congresso da Fédération Internationale de la
baseia em dados "cientíticos", sem hesitar em adulterar alguns deles,
Parenté Pl.anifiée (IPPF), o aborto é oticialmente apresentado como
às vezes até fabricando-os inteiramente.
u.m meio contraceptivo l. . .l como um método de controle da natali-
O aborto, assim como todos os problemas relativos à transmis-
dode." E, adiante: "Foi o fracasso maciço da contracepção imposta
são da vida humana, dá margem a muita desinformação.3 Conforme
(sic) às populações não motivadas do Terceiro Mundo que fez com
as teses para as quais se busca aceitação, são inculcadas á opinião
que o abortc-r lbsse adotado (. . .) pelo Planning Familial Internotional
pública as "infbrmaçeres" mais aberrantes, e, às vezes, as mais contra-
como meio de emergência para entientar o excesso de população".7
ditórias'a A Dra. Patricia Sande,rs flez um trabalho pioneiro dedicando
Citamos mais adiante a retlexão enunciada pelo prot'essor Sou-
sua tese de doutorado em medicina a esse problema difícil por
toul a respeito da correlação entre abortcl e natalidade.s
delrnrçao.'
Outro exemplo. E perleitamente comum ouvir dizer que a
Vejamcls alguns exemplos. Alguns levam a ousadia ao ponto de
divulgação da contracepção hclrmonalé o melhor meio para prevenir
afirmar que o abortcl não tem qualquer incidôncia sobre a taxa de
o aborto. Outros, contudo, apresentam a legalização da contracepção
natalidade. Quando do debate de 26 de novembro de 1974 na As-
hormclnal como primeira etapa do caminho que leva ao aborto.9
sembléia Nacional, a Sra. Simclne Veil declarava: "As observações
Marx e Engels toram radicalmente contra o malthusianismo;
demográÍicas não permitem demonstrar a existôncia de uma cor-
não se pclde dizer o mesmo de todos os que, hoje, reivindicam sua
relação entre uma moditicaEão da legislação sobre cl aborto e a herança.10 Os comunistas chineses atirmaram alternaclamente c'lu
evolução das taxas de natalidade, e sclbretudo de f'ecundidade." que nãrcl havia superpopulação em relação aos recursos disponíveis
Entretanto, outros apresentam o aborto como um meio de limitação na China, t.lu o contrário.
O mesmo ocorre em escala mundial. Agrônomos célebres anun-
(3) À tista cle problemas sobre os quais reina desinformação sistemática, convém ciam que estamos rumando para a tome,ll acl passo que clutros
acrescentar os nrétodos naturais de regulação dos nascimentos. Sobre estes, ver, garantem que é possível alimentar tranqüilamente o dobro da pc'tpu-
por exemplo, Dr. C. COIRIER, Michôle DANNUS-LONGOUR et al., Donner
lação mundial atual.l2
lo v,ie!, Paris, Maison de t'E,mmanuel, 198ál; Dr. Gabrielle BONOMI,I metodi
nanral.i. Per un atnore e una procreazione responsabili, nitmero especial da
revista Coppia, n." 82-83-84, Pávia,1982, Centro Studi Pavese di Sessuologia.
Consultar também os célebres trabalhos do Dr. John J. BILLINGS, The
(6) cf. p. 134.
(1) Lagroua WEII-I--I{ALI-I1, L'atorletnent de papa,ver respectivamente pp. 21,
Ot,tilation Method, Melbourne, Advocate Press Pty, 1983, e da Dra. Evelyn 23 el3 (sublinhado no texto).
BILI-INC}S e Ann WESTMORI:, The Billings Method, Hawthorn Victoria (u) J..I{. SOt/I'OtrL, Conséquences d'une loi; cf. adiante, p. 133, n. ltt.
(Austrália), Anne O'Donovan, 1986. (9) E cr que explica, por exemplo, Pierre SIMON em De la vie ovont toute chose,
(4) Circulou na Bélgica um periódico estranho, destinado ao grande público e Paris, Mazarine. 1979, pp. 9(rss. Ver também L. WEILL-HALLE,,
intitulado D. Santé. Apropriada para os salÕes de beleza, a revista parece ser
L'av,ortetnent de pepo, pp. I 19-122.
patrocinada por firmas farmacêuticas. O n3 62, de junho de 1989, pp. 15-lB,
(10) Cf. as referências p. 103, n. 3.
inclui uma rubrica "Info" intitulada "Avortement et RU 486": é um belo (l l) Cf., grr exemplo, René DLIMON'I', Nons allons à la famine, Paris, Ed. du Seuil,
exemplo de desinformação"
196(t; e Lfuopie et ln mofi,Paris, Ed. clu Seuil, 1973; Mes combaff, Paris, Plon, 1989.
(s) Cf. Dra. Patricia SANDIIRS,lnformation medicale continue dugrand public en
Também é bom recordar William YOGf ,Lafaim út monrle , Paris, Hachette, 1950.
matiêre de reprodttction humaine, tese mimeografada defendida em 3 de
(12) Cf., por exemplo, Joseph KLATZMANN, Nounir dir,milüards d'hotrunes,Paris,
novembro de 19U-5 na Faculdade de Medicina de T'ours (França). Agradecemos
à l)ra. Sanders ii ajuda que nos prestou na preparação deste capítulo e na
P[IF, 1983; Ester IIOSERUP, Popilation and technolagt, Oxford, Blackwell,
1981.
revisão de nosso texto.
81
80
O AIJOR'I'O: ASPIJ(]'I'OS POLÍ'I'I(]oS
Alx ) l<'l'( ) t1 DH,S I N F-ORMAÇAO
( 14) o livro de s. D. MIIMFORD ó um mocrelo cto gônero: cÍ. p. 164. n" i3. mimeografaclo c pode ser obtido por intermédio das Editions SPL. Ver também
(l-5) Cf. A. M. DEVI{EI.IX e M. FERI{AND-PICAI{D. "1-a loi sur l'avortemenr. o artigo clcl demógrafo J. LEGRANI), "Avortement. Impossible dialogue", in
I-a ljrance cathol.iErc. Le temps de la ftii, 1." de dezembrcl de 1989, p. 35.
82
83
O At]oR'I'O: ASI'ECII"OS POLíTI( ]OS AtsORl'O E DES INITORMAÇAO
f)a ocultaçáo à censura tlctcrminarJas coisas sobre tem o direittl de ttrlar, não
as quais nãcl se
sc tom o direito de escrever: o aborttl é uma delas." De fato, há alguns
Ainda na França, o próprio centro Nacional da Pesquisa cien- ilnos, na FrançA, a maioria clas mensagens contra o abortcl era censu-
tífica forneceu .r. prova da desintbrmação em matória de contracep- rada pela mídia. Como exemplcl, pode-se citar os pr(lprios termos dct
çãcl e abttrttt.l" É o que se deduz da análise de seis jornais tranceses Dr. Esccrftier-Lambiotte.22 A jornalista de Le Monde qualificava os
publicados de 1965 a 1975. A sondagem revela, primeiro, que os médiccts de "conseruadores, ignorantes e dramáticos ao extremo"
principais "locutores" são, em ordem decrescente, os particlos políti- quanclo eles exprimiam sua preocupação em relaçãtl atl aborto'
cos (32,5o/o), os jornalistas (17,8o/o), os eclesiásticos (14,9a/o), os Srtb àngultl, A situação atual não melhorou; ao contrário'
movimentos especializadcls a tavor ou contra cl aborto (10,'tVo) e sô "r."
ató piorou. Todos os que externam sua preocupação a respeito do
em último lugar os méclicos (l\Vo). Or jornalistas consideram que, aborto e de suas conseqüências físicas e/ou psicológicas sãt-r etique-
nesse campo,tls principais atores sãcl, primeiro, o legislador, depois,
tadOS de "pasSadiStAS", "reAgionáfit-ts", Ou incluSive "integfiStas".23
a mulher e o casal, a seguir as autoridades morais e em último lugar
De resttt, o mesmo ocorre no que se refere às doenças sexualmente
os médiccts.
transmissíveis. Seja como Íilr, t-ls que manitestam eSSas preocupilções
Ctlmpreende-se assim por que os temas abordadc)s nos debates
tornam-se suspeitos ou são acusados de atentar ctlntra a liberdade
sclbre a c«rntracepção e o aborto durante a época "quente", de 1965
clos indivíduos. Neste caso, por que seria necessário prtlcurar a
a 1975, eram antes de mais nada de natureza polític a (32,5o/o), clepois
opinião dos médicos?
mrrral (26,87o), a seguir social (20,5o/a) e s(r então técnica e cientítica
Assim tambóm, é tbrçostl reconhecer que, a partir de 1975, a
(14,7o/o) e demográfica (2,4o/o).sempresegundo a mesma sondagem,
«lesinformaçíro estencleu-se a todas as grandes questões atuais rela-
cl aspectcl cientíÍlco, já pouco discutido quanclo se trata de contracep-
tivas aos aspectos tócnicos, éticos dcls problemas relativos à reprcldu-
ção, quasc não é mencionado quando sc trata de aborto. As "inter- especialistas nãtcl podem
rupções voluntárias cle graviclez" silo encaraclas sobretuclo do ponto ção humana. Além do caso do abclrto' os
ã"p."*rnr-se I ivrcmen tc, nem sequer quando cclnsideram neccssáritl'
cle vista políticr-r e social.
Assim sendcl, será que a trustração dos médicos, e mais em *.',6r" inseminaçãtl com doador tlu tecun daçao post morlem, transt'c-
particular dos especialistas em ginccologia e obstetrícia, é motivo de rência de ovt-r càngclaclo ou manipulações genéticas, fecundaçáo in
surpresa ? Elcs praticamente não ttrram consultados pela mídia. No vitrocru contracepçãur em geral. Essa censura dissimulada estende-se
entantt-r, é um problema sobre o qualsua competôncia é indiscutível; a outros assuntos preocupantes, como as intecçC-les genitais por
além disto, é a eles que cabe aplicar os novos tcxtos legais.2O Qual é doenças sexualmente transmissíveis, a prevenção dessas doenças, as
a margem cle libcrdacle dc consciência de que ainda clispÕem ? conseqüências inteccit-lsas dcl aborto provocado. Sãcl todos temas
uma sondagem l'eita em 1985 entre especialistas em reprodu- s6bre i',s quais os ginect-llogistas-obstetras e outrt'rs especialistas são
ção humana revela o mal-estar que reina entrc eles.2l Esses especia- igualmente pcluco solicita«los e escutados. Eis t'l comentáricl de um
listas clescjam externar suas idóias e rcivinclicam a libcrcladc dc dlles, registrado pela Dra. Patrícia Sanders: "Atualmente, se
expressãttl. Um deles resume bem o pcnsamcnto gcral dizenclo: "Hír explicáss*,-,t a um jornalista que a inseminação com doador é uma
cumplicidacle com o adultério, Que é problema dc'r casal e que tl
médico não deve imiscuir-se, A matéria seria por ele redigida em tom
(19) Cf. Conrrucaptionet evoilcment. Diron:; da dêbaÍs dans lo presse, Paris, Ecl. clu
CNRS, I979.
(20) Ver M. ITBRRANf), "I-es ntéclecins lace à l'avortement", in Sociologie tlu (22) Ver "I-'avortement. 197-5-l9tt-5: dix ans pour appliquer une loi", in Le Montle
t.30, Paris, l9tj8, pp. 367-380.
T.ray,ail.,
de 11 de fevereiro de 198-5.
i
(21) C:f . Dra. P. SAND|IRS,Infonnation médit:ale,pp.l88-193. (23) Cf. pp. ttls.; 164 n. 13.
!
t'
84 Ít5
I
li;
o AtloR'l'o: ASPt-j(:'l'Os p91-l'l'l(l()s AII()R'I'() u DESIN FORMAÇAO
rr
irônico, o que defbrmaria completamente o pensamento do métlico; a sc nos lembrarmos que os jornais sãtl empresa* q.u" visam tl
impotentes
inseminação com doador é, na ótica moderna, o presente máximo que lucro, será lácil enten«le, qu" muitos médicos se sintam
uma tàmílíafelizpor ter filhos pode dar a uma f amília que não os tem."24 l)aracorrigir o rumo das opinióes divulgadas pela mídia' A preocu-
dos lornais ó dar a inÍormaçáo que lhes parecer
ao mesmo
Alega-se a incompetência dos médicos. Tudo acontece como se i,rçã.
"E inútil perder tempo para saber o que tcmp6 a mals exata pclssível e a maii atraente para o público' A^ssim'
dissessem sobre eles: eles
informa.çóes cclnforme o
dizem; de qualquer maneira, não interessa." Esses médicos são víti- tls redatores-chefes tendem a selecionar as
não é a f-ecundação in viÍ.ro nem a transf'erência de embrião, que não po.qu" precisam ou poderiam p"titnt !9
.anoio
do Estado' Há
jnrnài* que desaparecem porque os publicitários sabem que não lhes
lhes importa, e com raz'ao, e sim o material que representam os
ovócitos manipuláveis e os embriões que podem modelar à vontade. Lt-,nuém'apoiar este ou aquele título'z7
O jornalista llca aterrclrizado. mas cstá impedido de escrever, sob
pena de ser demitido. Pode, no máximo, fazer alusão à ética e à
grande potência da engenharia genética cujas perspectivas sãr-r imen-
sas: vira imediatamente de cabeça para baixo o que lhe dizem."25
Censurados e ritlicularizados por determinados jornalistas mili-
tantes, c-ls médiccls sentem-se impotentes diante desses novos costu-
mes que atropelam a lei, a mrlrale a ética. Neste sentido, a sondagem
que acompanhamos nos intorma que uma nítida maioria de médicos
de hospitais, universitários e outros, bem como os clíniccls particula-
res, não são membros de um comitê de ética. Um deles declara:
"Sempre me recusarei a fazer parte de um comitê de ética, pois como
os juristas hoje admitem que as leis devem acompanhar os costumes,
os membros dcls comitês de ética adaptam sua ética aos costumes.
Ora, a lei e a mc-rral estão acima dos homens por detinição; são ['eitas
para fixar os limites, sejam quais forem os costumes. Isto não impede
as pessoas de ultrapassá-los, mas devem saber que estão ultrapas-
sando. Acompanhar a opiniáo pública e os costumes só pode levar a
uma escalada contínua."26
87
86
O retorno dos sofistas
Justiça e legalidade
Ít9
() AIX)l{'l'(): AS['l]( "1'()S l'()l,l'l'l('( )S
O ITIiI'OI{NO DOS SOT'IS1'AS
tI]
mais
tra clcs c scus exccssos, ele prclclama quc ncm tuclo ó rclutivo iul lr.clcria can.nizar a
[.rça; com Protágoras' o prazer'5 Séculc-ls
A' Smith'
htlmem. Ao contráricl, estc devc submeter-sc a realidadcs quc niur t irrdc, mas na mesma
linlra, Bentham cÃ,'nizará a utilidade;
a ciôncia e a técnica. Até me
inventa, não constitui, mas reconhccc e pode contcmplar: as idóias. tr lucrtl; W. James, a eficácia; Comte'
de um grupo' definir uma elite'
Encontramos a mesma atitude funclamental em Aristtiteles diantc scrá possívelrJecretar a superioridade
uma determinada
a
das tendências unilateralmente empiristas. A existência da naturcza privilegiar uma raça. atribuir um papelmessiânico eo
não é subordinada à percepção qu«: o homem tem dela. Não hír nação.í'Eu poderin' ,o, Nietzsthe' proclamar a morte de Deus
já áe início colocado além do bem
conhecimento que não passe por esszr submissão ao real percebido. nascimento de um super-homem
com Sartre, que Sou meu
S«icrates, é bem verdade, abrira caminho para ambos. Para ele, c dcl mal. Por fim. eu talvezdesct-lbrisse,
o homem não é nem o rellexo elêmerc de uma natureza sempre
mutável, nem a medida de todas as ct-lisas.3 A ironia aliás lhe revela a cngajamenttt,talvezdaaniquilaçãcl'Pois'medidadoser'ohomem
opacidade do mundo e a finitude daquele que se interroga. Co- também é meclida do nada' .. ^^r^
nhecer-se a si mesmo! Procurar o bem nãr'r nas coisas exteriores Esta antr.p.l.gia prometéica
naturalmente' uma coloraçãtl
clá,
- Primeiro' por seu
poder, dinheiro, ftirça mas em si mesmo! Ser sincero: procurar muit. particular às1elaç(rcs entre .s htlmens'
-
conhecer o hem e adequar seu próprio comportamento a ele.. Fazer raclical ,elattrztltl medo a característica
fatale dominante
pessimismo
prevalecer os direitos inalienáveis da pessoa proclamando, com An- narelaçã()c()motrutrtl.A'ssim,MaquiaveleHobbessãotlbcecados
tígona, que não há necessariamente harmonia perfeita entre as leis com a seguranç^. Sua .bra pc-llítica
é bascada n(') trinômio pes-
no pensament. dcsses dois
humanas e a moral, entre a legalidade e a justiça, e que as leis não simism., mcd., aut.ridade. Dtií a relação,
escritas aplicam-se tantt'r aos magistrados como aos cidadãos...4 a lõrça c a lei'7
autttres, entre a moral e o clireitc''
Será que é preciso acrescentar que a Bíblia e a tradição cristã, omeclt-l,porsuavez,geraotemtrraoexercíciodaliberdade,
mesmo consideradas como meros produtos culturais, vieram reforçar
induzoclesejtlrjeumgovernoautoritário.Emuittlmais:C(]m()Soua
consideravelmente csse reali,smo de princípio com as doutrinas da o termtl da relação amorosa' Eu
medida d() outro, cu mesmo institut'l
criação e da salvação'? segundcl minha conveniência' Ele
objetivt-l o ttutro: eu () construo
mim mesmo' Recons-
agora não passa da imagcm que eu firojet:§
dele, para encontrar
titu. t-r outr. à minha imagem para me apropriar
O homem, medida de todas as coisas?
e tl; Simonide; ibitletn' 338 c e 339
a:
(s) Ver I'I-AT ÃO,A Reptiblica,Í.332'a
t.l - +af
Ora, contorme se pense ou não que o homem é a medida de rrrrasinraq ue;Górgiís, +a: .c..!1ftf?:lP1?11:'::i',;tL'irroRINr;
em R- von .THERING'
(6) ffixlHã§;;ífi; integrar d. y. srrRNER, vimos
todas as coisas, chega-se A concepções muito dit'erentes da sociedade à expressão, pelo E,staclo, dcr egoÍsmcl
um-iurista para quem o Diieito reduz-se
e da civilizaEão. Se eu sou a medida de todas as coisas, isto pode coletivt.tdeumpovo.EsteautorpublicouDerKamp.fums.Rec/tt,Viena,lST2.
Prince"óaps' 17' 18 Capitolo "de
significar que erijo minha subjetividade em princípio e critério abso- (7) De MAQTIIAVEI,, ver notada'"n"7' 'l'exttls É'jrfl oeuv'res complàtes' E' Barincou
lutcl de todo valor. Com os sofistas Górgias, Cálicles e Trasímaco, eu l,Ambition" A Lttigi Gtricciordini. e 9l-95'
ta pléiade). 1952,-pp. 3319-343
(ed), paris, Gallimarà lnintiotneg:"i" FR.MM' Escape
27 'Yer também E'
De H.BBES, cf. iii'in'nnn, t' i:; lt'
(3) Sobre a célebre expressâo de Protágoras, ver, por exemplo, PLATÃO,Crátilo, fromFreedolrr',Novaltlrque,lg4l;traduçáofrancesacomotítulodeLapeur
"rl, 1963'
386 a, e Teeteto , 152 a; ARISTOTELES, Metafisica, A, I , 1053 a 35 e sobretudo ln liberté,Paris, Buchet-Chastel'
.,medo dentográ[ico" e a "poluiçáo humana" agora
K,6, 1062 b 12-15. c)s debates sobre o ãbnr,o, o
(4) Recorrlemos aqui SOFOCI-ES,Antígona, v. 446ss., Edipo Rei,v.863ss., e, é dispÕem de um enfoque historico
qu. in. é sugc^riclo pelo estudo de Jean
claro, Apolo§a de sócrntes, de PLATAO. É, avanÍ la lettre,a idéia de Estado DELI-IMEAII sobre La pet* O"ia'ie du flV au XWI1 siàcle' Une cité
que começa a nascer.
'n
assiégée, Paris, FaYard, 1978'
)
t
91
90
() l{li'l'()RNO t)os soFls'l'As il
a mim mesmo no tlm de um desvicr narcísico. Pt-lis o outro mc amcaçil; linunciad.s subrlrdinados a interesses particulares
a alteridade ameaça a minha itlentidade; cl outro me questiona.s
Ele me revela minha finitude humilhante. Ele é colclcado como oímpcttlatualafavtlrdalibcralizaçãtldoabortonoslevaa se
da soÍ'ística com toda ttlrça' De tato' como
limite ac-l demiurgo que eu quero ser. Então, por nãcl poder act-llhê-lo llrcsscntir um rctorno
rlccluz cle nossas análises precedentes,
é legítimo perguntar-se se a
pelo que ele ó, quero negá-lo, física ou mentalmente. Seja ele quem
linguagem dos chet'es dos partidários do
aborttl ainda está a serviçt-l
tor, ele sempre signitica para mim questionamento, perigo, ameaçâ,
a serviçt-l do interesse subjetivo' da
provocação, desafio. Assim, já que o outro é um fator de insegurança cla verdade tlu se nãto estará antes
a si mesmos as motivaçÓes
pesstral, eu preciso ou elimi.ná-lo, ou reduzi-lo ao que cu sou" cÍ'icácia 0u da torça" Porque dissimulam
fazem das tripas coração
Essa depravação essencial da relação amorosa esse sadismo, particularcs que.i instigam, ou até porque
para chamá-lo por seu nome -
encontra na liberalização integral dcr prrra 6cultar seu sUbjetiJismtl, cle si mesmos
e/t'ru rJcls t-rutrcls'lodos os
93
92
&
r O ABOR'fO: ASl'}ti( ]'l'()S l'Ot-l'l'l('()S
() l{lr'l'()ltN() I)OS SOF'lS'l'AS
não hiptltétictl da
resetva crítica severa que juízo mesmo chama em virtude dc suir
esse tloruvirrrtc nãut hír mais lugar para um fundamenttl
hipotótictl terá como
relatividade, intrínseca às subjetividades. É precisamentc aqui quc virll nu sgcictllde políticã. Essc funclamenttl Este
única cla vida política'
aparece o arbítio anunciatlor de totalitarismo. Este começa a edil'i- t:xprcssãt() concre ltr crtntt'oto sociol. base
t-»
de ret'erir vida
a
car-se a partir do momento em que ra norma do agir moral passa a bloqucia, cm scu princípitl mcsmo, ttlcla possibiliclaclc
subjetivo. Ttrdo é
basear-se apenas na adesão de todos ao juízo estritamente hipotético cm s.ciedadc a um funclamonto que não seja
encerra a vida
de um sujeito que dissimula sua própria particularidade. ttas;oci.rit,cl, porrltte trtrlo é convenç:oo"Lt-tgo' !::)ntrato
cujtl caráter hiptl-
A torma mais pert'eita dessa alienaçao do espíritcl e da vontade política na cstrittr imanência. A uertJade ptllítica'
lei, referida a cssa verdade
enctlntra sua maniÍ'estação nos abusos contra o imperativr-r categórico tóticg seçcgh.o. ó dctinida pclo cclntrato' A
uma
de Kant, esquematizaclcl no aclírgio: "Cumpre o teu dever." Cumprir rla c:,nt,ençã.,é o funclamento hipotético dcl.agir. Ela adquire
fortes ou d6s mais
o dever porquo é cl dever, como se o cclnteúdo do dcver não tivcssc .;untklafla c:ivil que ['az cla vt-lntade dos mais
pt'rrtico de todo totalitarismo presente, passado
importância... Ao invocar, em clefesa pr(rpria, t-r latt-r de ter cumpri«lcl numt3rosr,,s ,-, úni"o
a recuso do idékt
estritamcnte ordcns de scus superiorcs, os criminosos nazistas com- c futuro. Dc [ato, tl tclttrlittrrismo é essencialmente
de vi abi liclade à possibilidade
prometiam-se com essa l(rgica totalitírria da qual eram ao mesmo r l rt d c; tracluz-se na negação
a u n h, e rs o l id
cttistts singulares, inclividuais;
tempo vítimas e cúmpliccs. mcsma clc umu c.municlaclc: há nf,oint
its capttcidades de sua
os hcrmens sãut 0[)enos inclivít]utls que reduzcm
scus interesses e praze-
própria razÁct" i'nr". clcltr tl instrumcnttl de
A razáo mutilada rCS, 3 ctlntra tuclt-l O quc pOSSa'surgir comtl um obstácultl
muralhtr lria
quando tod a s
dcvido a al gu m a cli I erença,".,', nú."icl a- Et'etivamentc'
o termt-l nalurezu
O drama, nessit trs afirmaçítes sittl classilicadas como hipotéticAs,
tradiçãro sofística, ó que a própria razáo é tlutrtls termtls que
não pttde mais rcmetcr a nada, com0 tamptluctl
t-rs
mutiluda em suns capacidacles; pedem-lhe menos do que pc-lde dar. cxistcnte, ht-lmem' horiztlnte'
Embora ol'ereça ao homem a Í'aculdade de clescobrir relações neces- a cxprimem ou cletalham: t-lbjettl, ser.
sárias, notadamente de causalicladc, reluções de onalogia, prctporções, mistóritl, vttltlr ctc. ,. '
Se for relel-
eis que a razrao é reduzida à [aculdade de medir e comparar, Nãro A inciclência ética clessas pgsiç(res é considerírvel'
tacla a iclóia rlc naturcza ou qr,ilquõ'
tlutrtt itJéia quc corresptlnda a
estando mais aberta à leitura dct sentklo das coisas, cla é votada a 1;nflg se enraizarlt a
() (]m particulttr tt clc naturcza humana
tornar-se puramente insüurnantal e a inventar sentido ret-erindo-se cltr
- -,
h u m it ntls'l
u ni.t, e rs a lkl a'tl e clos rJ i rc i tt-rs
apcnas a si mesma.
Aliás, nesse exercícit'r, a razáo fará maravilhas. A eficácitr da Astl['ísticamtlclernil,C()mseuceticismotradicitlnal,coltrcou-Se'
cntãrr-r, na situaçãtg cle impossibitktucle
dc pensar afirmaçÕes quc
razáo explode nas descobertas da física moderna e em suas aplica- em virtude exatamente
cxigiriam ,-, as*entimenttl cle ttldos tls htlmens
ções. Mas, umA vez transposta às ciências humAnAS, a redução cla apenas de vontades
razrao à ltrculdade de relacionar medidas entre siserá desastrosa para rle uma r-lrdem 6hietit,tt quc nãtl ftlssc procluttl
a capaoidade de conhecer
o homem. Maquiavcl, por exemplo, encAra. antes de Hobbes, subjetiv.s. Ess, stitística trpaga ntl htlmem
Ela ct-lltlct-lu-se na
a vertlarJe c agir scguncltt ,i b"* rectlnheciclo'
c)
campo do político à maneira cle um campo fhico, onde tudo é relação
situaçãO clc impr-rssibilidadc dc pensar
qualquer relação; com a idéia
rf de lbrça e preocupação com a eficácia pura. Arazãct identitlcada ao a idéia mesma de
eu vai produzir (para si) verclade como produz (para si) bens mate- de universaliclaclc, expulstltt ck sou horizonte
rclaçãtl, e com() toda
riais. Amoralismo de princípio: como tomar o pocler, pela astúcia ou rcsponsabilidaclc. ora, como nãtl hír mais
Subsiste apenas
irfirmação é hipgtótica, noo ltú muis tr1ns{!"essdo'
l; pela Íilrça, e, uma vez o poder conquistado, como conservá-lo ?
Althusius, Hobbes e outros depois deles explicitarão as conse- umamoralnaprimeirapesstladtlsingular,egocêntica..oúnico
l, e estA seria heteronômica
qüências dessa fhica social. dessa política da eficácia pura, pois tundamentt-l dtr mclral é a minha vontacle,
95
94
H
O AIIOR't'(): ASpll("l.OS l,()t_i'l,l( .()S
() ltl:'l'ORNO DOS SOFISTAS
97
() Alt()lt'l'( ): ASI'lr( "1'()S l'()l,l'l'l('()S t I ltlr'l'()l{NO l-)OS SOtrlS'I'AS
traclutçíro clcstc
pp' t17- l5 I : "( ) intpcrtttivrl práticti
[,aris. 195(). Ncssit ccltçi-ttl. r'e r csçlcciltlnrcntc
Àgtt tit:.trtl itrido qtt(: '\ct,1!Dt'( tola'\ t
lttttttrtnidoda' lantrt cttt
( ll'i) A cstc rcspe ito, 1'lotlc-sc consr.rltar a larrrt'rsa tlialética ckl rncstrc c clo cscravo clc scrii, p.,rtan,,,.
"a,", t.na'\n1() l.am-.P()' ('()ttlO tutt l'ittt' a iotnois
I Ilcgcl. t:u.itt vcrsãt) ntals cclchrc cnconlrir-sc na I'lrcnotncnologtt: tle l'l;spru,ll. lIt(t pe,\.\()(t,',r,rn''' rut tle'tlttaltltt':r'rt"i"i' ',."
ri
lV. À. l'urts. N4onlirrgrtc-z\r-rhrcr. i()j(J: r,cr l. l, pp. l(rl-l(r«r. {tPcn(t.\ ('ott1o tÜtt rttt:itt't (pp' i'5(lss-'
grt[ttcitl rttl tlriginttl)'
I
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()()
9ti
I
I
O ABOR]'O: ASPECTOS POLÍTICOS
r;
lr
tra igualmente, sem precisar remontar a
tionado um direito dêscoberto com muita
Hitler, que ali onde é ques-
dificuldade e reconhecido
depois de grandes esforços, o processo
de regressão e de derrocada
li já começou. será rr.p."éndente a prática
do ãrbítrio, da ."f."rrao
da tortura em poÍ:": ondg pouco foi
feito p;r; a promoção de todos"
os homens, sem distinçãcl? É, inversamente,
será surpreendente que,
onde o arbítrio triunfa, haja muito pouco
emp"nho em promover Uma penrersão
todos os homens?
Liberalizar integralmente o aborto ? ou bem
amedida de todas
do socialismo e do liberalismo
as coisas está em mim, em meu grupo
de pressão, em meu partido,
no Estado- ou bem acorho o óutio pero que
ere é e deixo_me
interpelar pelo que sua existência significo
puio mim. cabe a mim, ao
grupo' ao partido, Ao Estado r"spóitá-ro Em quase todo o mundo, políticos vinculados tanto à tradição
em sua existência e seus
direitos. Não há terceira via. É uma arternativa, liberal como à tradição socialista defendem projetos ou propostas de
um juízo disjuntivo.
Se prevalecesse a primeira eventualidade, lei que visam a liberalizar o aborto. Contudo, o debate sobre o tema
isto significaria que
o ocidente consente na perda de sua identidade evidencia diferenças de sensibilidade política entre essas duas gran-
e concorda com cr
naufrágio de sua autenticidade. E comcl des famílias políticas tradicionais. De resto, essas diferenças de sen-
duvidar que arguns desejam
que seja assim? Apenas a segunda possibilidade sibilidade repercutem nos meios políticos cristãos.
corresponde ao reto
desenrolar de nossa história] Assim, em benefício daclareza do debate,é interessante anali-
sar a diferença entre os contextos doutrinários nos quais surge a
vontade de liberalízar o aborto. De fato, o contexto varia muitíssimo
conforme seja herdeiro da tradição socialista ou da tradição liberal.
Aqui enfocam os um aspecto fundamental desse contexto-
100
l0l
AIIOIt'fO: ASI'l "l'( )S l'( )l,l'l'l('( )S llMAl'llltVlilts^()l)OSOCIAt'lSMOIrl)Ol-lBIr'RAL'ISM()
flr 1(
seus serviços, scja ainda sendo diretamente associados ao cxcrcício () liberalismo e o triunfo do indivídutl
do poder. Esta maneira de ver é bem explicada por Pierrc Simon.l UmatrarJiçãroliberal-quedevemuittlàint]uênciadeAdam
tcndc a [azcr prcvtrlccer umil
A histriria contcmporânea mostra que cssc vcio da traclição Srrrirh c tle B"nÀ.* (sécul. XVm) -
socialista leva direto a uma deriva totalitária que se chama nucionnl- rrroritlrJt'tindh'ídlto,desuautilidade'dcscusintcrcsscs'Oindivíclutl
socfulisnto.2 humancl é totalmcnte senhor de
sua cxistônciii: não dopcndc dc
Com a cooperação ativa de médico.s. o nacional-socialismcr lrirlguém,nãtlóresponsávelporninguómccletcrminasttzinhooque
conduta em normtl
dcdiccru-sc entronizar <> Uhennensch e a eliminar os "inúteis". Tuckl
a
"parA o bem cla sociedade": questão de saneamento.
t:. bcm ., o quc ó ti mul. Transflorma sua prtipria
rttrlrttl. sua mor?rl ó scnhtlritrl'
Essa deriva ó uma pen,arsão pura e simples do espíritcl do aincla tili rcativitdtl em nossos
Esse clima de libcralismtl absoluttl
sociolismo originol. Este, de fatcl, qucria precisamente reagir con-
tliasptlrcertastcscsclcsartrc:..Minhttliherclaclclliá]]:.1:::lu*n
tl tcciclo de
tra os despotismos. Em su?ls exprcssÕcs e manil'estaçÕcs mais naturcztt; cla ó muittl exatamcntc
notáveis, essc socialismo cledicclu-se à detesa tkls mais l'racos os llrtlpriccl.«lc clc minha
proletírrios contra os extremos clos mais tbrtes. Sem dúvida, - mcuscr[...1.Nãtlseriaptlssívelcnctlntrartlutrtllimitcaminha
- lihcrclaclc alóm dcla mcsma"'4"' cxaçer-
cabe perguntar-se sobrc clctcrminuclos métoclos que às vezes Íirram libcralismtl ttrmbém estít nas vorsílcs
Essu hipcrtrtllitt clo
a uma
empregadr-ls ou recomcndackrs. No entanto, nãro sc pclde cluvidzrr Ela leva cm linha rcttl
lrirclirs tl<tna6li.lterulismrtctlntcmporânco'
da vr"lntacle p«tl'unda de permanecer fiel ao objetivo constantc- Astlcicdade ttnttrquista
dcriva tOtalitírriil quc se chama' a no rquismo'
mentc buscado. ctlntcstacl. trtó cm Suil
ó cm (luc it .uttlriclitclc g.vcinante.ó
À lu, dcssa pervcrsão da traclição socialista origintrl, a Iiberali- ^qucl^ ftrla c ninguóm escúili ttldtl
cxistônciu. Ncssu stlcicdacl., t,r,[ ffiuncltl
cstír dispos'ttl a tlbcclccer' Babcl-
zaçát-'t do abclrto aparece como um dcls piclres avatares da luta de
classes, clncle os mais [brtes c mais saudáveis atacam sem piedadc t'ts mund0 quer comancltrr c ninguém
Aqui iír nao sc trrtta miris clc
mais lracos.3 c consagraqa0 da vitt'lriit cltl mais ltlrtc.
ds livrc c«tnctlrrência' stllvôncia'
luta dc classcs, mas clc clcixrtr c()rrcr.
mcrcat1o. Dc um mcrcitcltl tlnclc
a cxistência humttntt acabc sencltl
cntrc tls inclivícluos sãcl
aquiltaradu inrutr0s bens. Ttxlas as rclaçítes e
(l) Of . l'}ierre SIMON, I)e lo vic o\,ont tr»tte chct:;e, l9l9.ltenretemos itqui, it tÍtulo que se rcfletc (]m contratos -
dc ilustraçãcl, a nlgunras passárgens signiÍicittivas desse livro. Sobre a vida con'lo
rcgulaclas tul strbOr dtr utiliclatle -
quais tt mtlccla ó tl signtl's
"nratcriÍrl a ser gericlo": 1'tp. 1(r, ái4ss., 2l(), 232; st:hrc il transcendência cltt seguncl. c.rrclaçílcs clc tilrça, clas
sociedacle: pp.ft7, 233,210;sobrc a sociecladc conro rtrganisntttvivo: p. 84;sttbre
",srh«rr
O papelrla Íianco-maçonaria nessas questí)cs também é cxplicaclo na srlnclagen't
ffilllj' á:''*' ; #,
"I -*'"i^"
c'id^ck)s prc c 1x.rs-naras' .t'
ll de Claude WE,ll-l- sobrc "O poder clos [ranct)-mitç{)ns", in I-e Nour.'el
()bsen ate ur de 30 de jtrnciro a -5 de fevereiro de l9ti7, pp. (t4-7 l: ver em especial :il'.TH:" ,_;fi';;;;;;;ii^
.lmencanos ilttlttls'
:.,
Lrrrr (r,t'rr, wLrrr'r' 200
:'.11, Y3
-" clórares. os
::::1,
t;^'"-í'rrslitnl
t[1l1:'J:'
t:'*'11'i:?,1";,,
"'Jli:fl:I:
..,,.- I íVl \rÍ\?Í's. nf ltiS
2l() nlcn()s l(xlvczgs ntais'"
parto. a criitqâ«r e a eclurcit<;âo cle uma
I
I
103
rctz
I
I
I
lr
I
AtsOR'l'( ): ASI'l:.('l'OS l'( )1 .Í'l'l( :OS t,MAl'liRVt:RSAODOSOCIALISMOTiDOLIIJI:RALISMO
A honra do parlamentrr
107
O AI]OR'I'O: ASI'I i(].I'OS POI.Í'TICOS .I{
A (:AI. Iq.ÀtI DIi ( IS.I.AOS AO HOLO(]AUSTO PRE-NA1.AI.
109
( ) AII( )tt'l'( ): ASI'l r( "1'( )S I')( )t,l'l'l('( )S A(.Atlq.A()l)11(.1<lS.|.4()SA()ll()L()(.AI.IS'1.()PRtl-NA.I.AL
[['
quc strcrit'ica tl htlmcm
[)olíticit, p()r mais plurtrlista c clcmt)crátioa quc sc prctct)dit, llotlc r.rruçirtl às tlcrivtts clcmcntcs tlc um stlcittlismtl
indivitluttlista, tlndc a vida dtls
dcsprezar esta rcgra dc cluro scm mcrgulhtrr, milis ccdo ou muis turdc, ir stlcictliulc, t)u tlc um ncolibcrtrlismtl
dtls mais lilrtcs'?
na harbárie. Inais l'racos ó sacril'icacla ir lihcrclaclc irrcsptlnsávcl
,.tctilogo tla libcrtuçittl"quc () clissc. Qucm'l Lactlrclairc: "QUe
lr()i um
striham tls inimigtls dc Dcus
suihrrm, ,rlrtant.. ()s quc,iign,rin*,quc
quc entrc o.ft-rrtc e tl
Uma manipulaçáo perversa do Evangelho c rl., gôncr, hurnân,.,, seiir {ual lrtr scu nomc.
é a libcrdadc
l'raco. cntrc o rictl. ,, p,rÉr., cntrc o mestrc c tl scrvidtlr'
A luz clessas obscrvucÕcs, pcrccbc-sc c()m() ó inaclmissívcl ir cluc tlprimc c tr lci que libcrttt!"('
rel'erônciu tu'r cristitrnism() rcsumitltr no ponto tlois trcima.
Dc [ato, o uhorto, quc ó cm primciro lugar um problcma dc
moral humana nal.urul c()mo acirbamos clc vcr tambóm atingc,
prlr motivos particularcs, - u consc:iôncia crisl.ã. -,
Ora, cssa rct'crôncia ao cristitrnismo ó aí invoctrclu dc mancira
pcrvcrs?l: ó um cas() cxcnrplar dc mtrnipulação.
RcgisLrcmtls primciro quc aquclcs quc aÍ'irmam scr contru o
ahtlrttl mAS ito mcsmo tcmpo trabalham por suit liberalizaçiro se
cxpírcm à ttcusaciur clc rluplir:idudr. A tcoritr cla dupla vercladc. tão
cartt it ccrttls ambicntcs. não tcm vcz na Igrcja. Em Mon.si.ctl"Ouinc.
Bcrnan«ls clissc quttsc Lutkl a cssc rcspcito. Corno nos clizia um siibio.
"a Igrciir pcrckrtr os peurd()s. mils nem por isto os autorizrr".
Ctrntuclo, hít algo muis gruvc. Pois ó um sot:rilégitt manipular a
rcÍ'crôncitt iul cristianismo pura Íilrncccr um aval aos quc atucam ir
vitla tltls inttccntcs.r E um cscândalo invocar o Evangclho parir
justil'ictrr cluc l'ilhrls c t'ilhas scjirm strcril'icackls, hojc como ontcm, aos
ícltlltls scclcntos do strnguc clos justos.a E blasl'cmaLtirio rccorrcr il
Dcus parit cohrir o único pccatlo pilrâ o c;ual niul há pcrdiul: o pccado
contra o Espírito."\
Em sumil. () quc cstir ['untltrmcntalmcntc cm .jogo no tlchaLc:
strhrc ir libcrtrliztrçiut tltt aborto ó. por um larlo. a quulidurla dcmrx:rú-
ti.t:rt tlc n()ssil stlcicdtrtlc c. por outro, a crcrlihilidurlc cltls políticos cluc
sc dizcm liguclos i\ trurliçiro cristã. Serri quc. dianlc du histtiriu, urrr
parlamcntttr tlu um lltrrtido (luc ostcntir a mitrcil crisLã ousarír scr Lill
dcsprovickr dc c()ragcm polítictr a ponto dc t()rnur-sc cúntplicc dc uma
l trtriçirtl c clc tlm n()v() holocrrusto. prú-nirral'.' Scni c;uc vni cltrr suu
lll
Il0
)ilI
O "mAl meÍlor"
e o naufrâgto do essencial
lr3
() NAt.Ílrl{A(;l() lX) l:SSllN(llAl'
() AIt( )l{'l'(): ASI'11("1'()S l'()l.l'l'l('( )S t I "MAl ' Ml lN( )l{" l1
positivo, que o legislador visava: o respeito u todo ser humano, ..ttrlerantcs,,,.,abJrt{.)s,,,,.d" *"nte ampla", "pluralistAs"
1
I 115
tl
114
I
Irl
)ilII
As mulheres e
a suieiçáo consentida
O ópio do sécukr
n7
I () AllOl{'l'(): ASl,lrt:'1'1;5 l,Ol,Í.1'l(.()S
i
AS Mt Il,l llrl{lrS l1A SL,.ll1lq'AO (l()NSUN'l'll)A
l18 I l()
( ) A I] ( ) lt'l'( ): AS I,l r( .'l '( )S l,( .(
) L l.l'l( )S AS Mt ll,l ll'l<l'S l1A StI.llll(,'A() ('()NSI'.N'l'll)A
lr
(e) oÍ. p. e0.
I (10) (lf' (1" R'rlv()N, "I-a loiet scs injustices", rn lichrtnge, (12) Sotrre as nlães solteiras, consullar (lharltttte I-l:. MII-LOtrR, I'a molernité
.'^' ' n.., l()4 (1anei1r r)e
r
pp. 2âi-3(). l()72), singtliàrc. Récit.s tle v,itt tlc rnàre célibatoira.l)ttris. I-arl'ftttlt, 11)f92; ver tanrbérl
(I 1) (lf. pp" 36 c 1ti2. .loirane (lAI{()N, I)cs merc,v c'elibataire.\; cnlra lo:;ctrut'ri,ssion et ln';trltv'er.sion"
l Parts. I{aray. l9ti2.
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genocídio intra-uterino
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rânctls rcc()rrcm tt mót.oclt)s novos, tanto mais cl'iurzcs lx)r sct'cnt tl...l ()s ;lrimciros movimcntos malthusittncls cle alguma impclrtância
discrettls,que afctam proÍ'undamente as relaçÕcs cntrc as naçCrcs. sr() ()rganizrrclos na Inglaterra no linal clo sécultl XIX. Suas tescs sãtl
A ambiçãttl das potências imperiais ó limitar não apcnas a sobc- tlivtrlgirtlas c tcsttrclas cm diversas regiões do Impéritl britâniccl, na
rania clos países do Tcrceiro Munckr, mas a de todas as naçõcs. Essc íntliir cntrc outrus.2 Sem dúvida, em suas expressões extremas, cssAs
objetivo pode ser atingido por diversas vias. It:scs malthusiilnas por muito tempo loram consideradas assuntc-r
Pocle-sc, por exemplo, apoiar um regime tbrtalecendo a máqui-
trrl'ru. Qucm, hár cinqüenta AnOS, ttusaria preconizar abertamente a
na esLatal e/ou rccorrendo aos militares. Cômodos no Terceiro Mun-
libcralizaçãut ckt aborto, quando já cra malvisto falar de contracep-
do, esses mótodos atualmente são pouco recomendáveis na Europir
ocidcntal, onde a dominação imperial lança mão de novas Í'cr- çiro'? Mcsmo sc se'u objetivct declarado era cl bem-cstar familiar,
ramentas. Ptlr um lado, as clisciplinas científicas tornam-se instru- comunitário e intcrnacional, mesmo so eram da tlrclem da eugenia,
mentos de combatc; estamos pensando, por exemplo, nas ciências scus clcÍ'cnsorcs cxpunham-se a serem taxadtls de racistas.
bioméc1icits, na clemogratia, na economia. Por outro laclo, recorre-sc Ora, nãro ó casual que um dos precursorcs tJo racismo cttntem-
àt coltlnização ideológica, por meio da qual as socieclades domináveis lrrrrânco scja um inglôs, Houstttn Stewart Chamberlain (1t'i35- 1926).3
tlu dtlminadas [ornam-se hcterônomAs, inl.erir-lrizando os projetos
que as sociedacles dominantes traçam para elas. (l) Os particlários cla liberalizaçãtl do abtlrttl dispÕenl de uma espécie de
A sociedadc dominantc quc mais nos interessa aqui é a norte- v,atle-meaun editacltl por M. POT'|S e C. WOOD: New Conc'epts in
americana. Cclntudo, seria injusto cair num unilateralismo tácil. Por Contr"ac'a1ttion. A Cluitle to Develol)menl:; in Family Plnnning, Oxftlrd e
I-ancaster, 1972. O I)r. Potts era então diretor médico clo International Planncd
um lado, politicamente Ialando, os EUA são cle Íato herdeiros cliretos parcnthoocl lreclcration, orgirniz-açâo i) qual nos referirenlos mais adiantc.
dc umtt longa traclição anglo-snxônica c inclusive e uropéia. Pclr c-lutro Sobre a histriria, iis motivzrçr1cs e os mótoclos dos ntovtntentos de plitneiamcnttl
lado, se movimentos militantes contra a vida humana têm sólidas familiar,ver tr introclução cle M. l'}Ol-l'S: "ProblemS and Stráitegy", pp. l-l-5.
raízes nos EUA, também é ncste país que se atlrmam com maior Sclbre Íl mcsma qucstátt, ctlnsultttr igualnlcnte, ntl nlesnlo volume, ll.
SLJI'l-l'EI{S, "The 'lnternatic'lnal lramily I'lanning Movemcnt': Aspects of its
clareza, c vigtlr i nquebra ntável, organizaçoes eticazes, determinadas (irowth ancl I)evclopment (l8ul-1971)", pp. l7--5-5. Nesse livro aparece
a clbter t-r respcito integrul à vida humana, da concepção à morte.l clariinrcnte a ligação entrc contracepqão e aborto.
açao rlesto tiltinto froçrio du opiniao ptiblico norte-ornericano justifica (z) Sobre as qLtestÕcs clc política demográlica, consultar nãtl apenas as publicações
g'ondíssimo,\ esperonços em escrtIo mundiol. Sua ação certamente não clo l'}opulation l{eference llureaur (Washingtcln), mas também tr revisttt
é alheia it sentença clitacla em 3 clc júÍho cte 19,39 pela Corte Suprema bimestral Bihtiogroplry of' Iromily Planning and I'opulation, Canrbridge, I).
I-INZIrI-I. (ed.). Ver, sobretuclo, .lacqures VL,RI{IEI{II, Les. politiques tlc
dtls EUA, itutorizanckr os Estados cla Fecleração a limitar as pos- poltrlation, Paris, I)tJIr, 1978. Ilibliografia básica enl II. (iLll{AIID e G.
sibilidades de rect)rrer ao aborto. WIINS(ll l,Cotnprcndrc lo démog'opltie, Verviers (tsélgica), Marabout, 1973,
Mcsmo assim, contudo, os círculos norte-americanos que se pp. 174-178.
(3) ()s aspcctt)s iltuais clos problcmas que abordamos aqui sãtt aprtll'undadtls nunt
prcocupztm com a segurança demogrírfica da metrópole e estãO
clossiê inrpressionanÍç: "Mctrituri". Cutx qui doivent mourir. I"a délivranca par
cclnvcncidtls da necessidade cle pcrmitir o aborto não podem dispen- la morÍ, l'lutmani:;rnc biolol4iqtte, ct le "racisrne ,scienti.líquc" (mimeografaclo),
sar o concurso da Europa ocidental. B.lr.2O2, 1.92205 Ncurilly-sLrr-Sernc (lédex. l97rl. Para contpletá-lo, Bernard
SOHIIEIlll.,l\,'l'he Mon. lk:hind Ilitlu" Á Gennan Worning ro the World.
"(ielrcime Reic'lts,tac'hr:", I;7lt 139 l-es Mureaux. l']ublications [-a
tlaye-Mureaux, s.c1^ Os at'lclrtomaníacos não plarccem nada crtnstrangidos por
Malthus eo império se encontrilrem na contpanhia de Ilitler, quc prcconizou e tnrplenlentou teses
funclamentalntentc scntelhantes às deles. Ver, por cxcrnpltl. ent Mein Kantpl,
Parrs, Nouvclles Í..ctitions [-alines, s.d., pp. 133- 138. Todos csses prohlemas Sãtr
Hír cerca de um sóculo as potências anglo-saxônicas preocu- estuclaclos por (ieorgcs NAtl(illl-ON, rn I-e cltctc' du passé! Av'orlemenÍ,
p?lm-se em elabt)rar programas clc controle ou limitaçrio da natalida- néo-nozisrnc, norn,elle morole , F 78 I 70 l-,r Celle Saint-Cloucl, (i:rrah, 1974.
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t26 127
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livrtlparapr()varocontrário.lTEmlugardeutilizarataxadecresci-
dos nascimentos e na esterilização.13 Ora, na opiniãrl dc scus promo-
rnonro global da população -9,:
i* p;ít' está ante: **:n:: nnt
que os
tores, essas campanhas estão longe de ter dado cls resultados prcvis-
clensiooá" demográfica do país. Demonstra, assim'
cifras de taxas de
tos; a cxperiência, mesmcl a chinesA, mostra, ademais, como siro o"*.gta[ica muitas vezes têm
países com elevada densioãoe
aleatórias todas as políticas demclgráficas.la Por conseguinte, é prc- rrãng-rong é um notável exemplo
ciso sensibilizar a opinião pública mundial, induzir nela o "medo orcscimenro ec;;ômico "t"uoaur. ricoso::fY
cle superpopuro[ào t'"ner'u ";p;;teã ""onomi3'
à
demográfico".l5 Nc, Terceiro Mundo, será explicado que uma eleva-
da taxa de crescimento demográfictl é um clbstáculo decisivo à deco- tcnta-seexplicarque,sequlseremmanteremelhorarseunívelde
sua população' dando assim
lagem econômica.1ó vida, clevem estabiiizar voluntariamente
O economista norte-americano Julian L. Simon dedicou um () exemPlo acls Países Pobres'
Contudo,nãobastaumacampanhadeinformação.Comoos objetivos desejados'
agora não.ievar.T
mérodos empregados até i?t há pouco temp.'
ãe métodos aos quais' até
ó preciso obteráceitação
( l3) Popilation Reports putrticou principalmente, a partir de l9tJl, um clossiê
dedicado a "l-a stérilisation volontaire: tendances et problônres juridiques". tinha-seaversão.Entreeles,()abortoOcupaoprimeirolugar.De
Após o exame da "situnção atual" (li 6), são abordadas as "modalidades cla fattr,pareceque..nenhumpaísdesenvolvidclreduziusuataxade seja legal' seja
reforma do direito" (ti l(r) e áls "questÕes jurÍdicas" (E l7). Trata-se de uma grande meclida ao aborto'
natalidade sem recorrer em o objetivt'rvisado
purblicação bilíngLie dcl Populotion InÍortnotion Progyam da Johns Hopkins não J"r"nu.,tvido atingirá
tlniversity, Baltimore (ed. em inglês: março-abril de l98l; ed. em liancês: maio ilegar; e que nenhum país recorrer maciçamente acl
matéria oe(jon,,.,t" da tertilitlade Sem
de 1982; série E, n." ó). Este dossiê explica tlem por que e como proceder para em
nrodificar as legislaçÕes. Cl. também, aqui, p. 83s. aborto seja legal, seja ilegal"'18
(14) Balanço e perspectivas cnr .1. VtrRItlEItlr, I-es politiqtrcs de popilation. -
Oonsu ltar, igualme nte, K.Y. I-Al{lt Y (ed.), T'he P op il a t io n C ris i.v. I mplic' a r io ns M art in Rotrert son'
N, rhe y
and Plan,; .for Áction, Bklomington, Indiana [Jnivcrsity I'ress, 1970; E.D.
DttlVE,R, Worl.d Popilation Policies: on Annoíared Bibliograplry, I-exington
ffi o ii,li;oxrorcr'
_u,,:::i :::',iL'lorntne' notre tlerniàre chance'
lggt. citrlremos a traduçãn"ion."rrr: Paris' PUF'
nnnuulles et niveatt 4e vie'
rírrnr-rriu,
Books, 1972 (instrunrento de tratralho indispensável). Estado da questão de Croissance clémograplriqur,
autoria de Il. IIEIIELSON (ed.), Pctpilation Policy in Devcloped CounÍrie,s, 1985. ?O'ftS e C' WOOD' New
strate8y'l
Novnlorque,Al'}opulation(iruncilliook, l9T4.Panoramaclasituaçã«lmundial (18) M. POTTS, "Problems and ii-y'
elaborado por f)orothy NOR'I-MAN e l-illlen HOl.-S'fATTIiR, "Population and concepts...,,pp.llss.Determinados-autores,ébemverdacle,atenuama
e queda da taxa de fecundidade'
family planning programs. A Factbook", D.o 2,in Reports on I'opttlationfi'amily importanciu''da ,.loçao entie'^iãr"
Planning, Nova lorque, Population Council, r'lutubro de 1976. Entretanto,acitaçãodoDr.Pottsmostrabemqueoabortoocupaumlugarde
( ls) A limitação cla natalidaclc, cnfocada em suas relaçÕes conr as políticas clc destaque(porassimdizer)"n.,"aSpráticaspreconizadaspelosmovimentos
desenvolvimento, é . estudada por P. PI{ADEI{VAND, "Lil peur pelo Dr' Potts'
antinatalistas'oqueimprrca.lreconhecimentodeumarelaçár:diretaentre
É:i"_línculo, observado
démographique", in Ec'onomie et l'lumanismc, n.'' 21-5 (janeircl-fevereiro tle aborto e queda cta raxa o" r".unoià;à;i Cf'' por exemplo' Emily
1974), pp.6l-71. Este estudo, benr document:rdo, suscita o <lesejo de ver pela maioy do:::p,::1?tt"us'
é ahrmaclo com clareza inventor!"'' P' 640:
atuirlizada e publicada na íntegra a tese de doutorado do autor: Les politiques CAMPBELL MooRE-cÁv-AR' ':':::il?*' must tre considered as
"Conceptually, abortion and
de popl.ation enAf iqrc ft'ancophonc dc l.'Ouast: obs.tocl.es at possibil.ités,2vt-t\., contraception
tlniversité de Paris (Ecole Prertique des Flautes Etudes;, 1972-73. Sohre a the most widely
complementaryelemtnt'"'ploy;ài;try1-wti"mofbirthplanningand
is ofteídescribed as
Africa, mas enr outro espírito, ver S.H. OMINDts et al., L'occrois,çement de la fertitity controi". E ela precirá|"ÁUo"ion also the means by which the greatest
and possiury
population eÍ l'avenir économiqtrc dc l'AfriErc estudos patrocinados pelo practiced form of birtn contÃi prominent
-
Population Oouncil (Nova Iorque), Paris, 1974. Ainda sobre a frica,ver o artigo t'reen u*'i"0"' tnO""à ahortion played a
numtrers of births have devetoped world' ohanges tn
de.lzicques VAI-[-lN, "f)émographie. Maitriser la croissance" ,inleune A.frique, role in the declines in rertiriti;;;;:"g some lllt cases uy clramatic cleclines in
n." 1457 (7 de dezenrbro de 1988), p. -571. foito*ect in
abortion laws (...) rrave treeá "Ern qrrc
1ó) J. BOURGEOIS-PICHAT e S.A. TALEB, "I.Jn taux d'accroissement nul pour pi"tt:sor SOIJTOIJL pergunta:
(
fertility" (p' 6al)' l'or sua"ve'l " clo francês métlio pafa
ousar
les pays en voie de développentent en l'itn 2000. llêve ou Íealité?" in Popilation,
panmar'i sinmdo o ,ír,d- ,t',e- iirctigoncia
n"" 5 (1970), pp.957-974.
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ASI»li(.,1.()s I,()1.Í,1.1(.(
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Itt IM«) A() ( ;l1N(X'll)lO lN'l'RA-L,'l't1RlN()
em cm 1.96e,scgunct,
é um â:fTJpresentatla P:,::l a c;u.t«r,h,rr, l'iz.cram, há muitos anos jír, investimentos que só se comparam aos
;:*ffi *l: t t #ü,n',.1 ffi ill:,,ll ?* i:Ii ;l iJili t:l'ctuadcls, com apoio dos governos da França e da Alemanha, para
ir criação do funesto RU 4fl6 pelas firmas Roussel-UclaÍ-Hoechst.23
:8:[ffi :::iffi
:T1*:,:,.:,=;,1Jffi ,::]:[i::,:,il::;;*::
[Jm avançcl decisivo na pesquisa garantiu-lhes uma pronta amortiza-
çãro do capital, a[ém de lucros substanciais. Mas as legislações permis-
porra n r«r deve ser o iei to r., 1,,',",
ibera,,r, J#lff:ifr ';
r q ue
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sivas ainda precisam se generalizat.
:'aT
a I eg is I a ã o q
gem à ignorância
ç u e tit,e r at i a,i n r,,,.,,,
cientíú, ;;, vez que não :'il Xffi fill'.,*:..iTl
;; ffi Pclrém, o interesse que despertam as pcsquistrs e campanhas
antinatalistas vai muito além dcls labrlratóricls com fins comerciais:
e i m in a e u p r
ro cl r r., i,rg' ri,",
q o * q r;; ;
I s
importantes grupcls tlnanceinrs dos EUA dãro-lhes apoio direto ou
rem fivos à contra
cep.çrÍ o,Z p."",r,r
;;,; ;" :: ;,:r;i:;:r:^;, #:; indireto. A Fundação Ford, a Fundação Rockefeller, para citar só
dispõe de mei.s .iiror", reconhecer
praricar í;; ü;;#ffi1ffi:ffl*: estas duas, apóiam generosamente clrganismos que se dedicam a
divulgar a contracepção em tclclas AS suAS formas.24
;:'5 ::lil,i[: :::il:i:i]: ,.|,t c o n, r,,, a r, n a, a, d a .
3,ç*;ú. i
Naturalmente, é impossível enumerar tt-rdos os organismos que
llntrnciam as campanhas antinatalistas no mundo.2-5 Contudo, JAc-.
O papel dos laboratórios
e das fundações
an(ífrascs. A primeira citada é do Dr. Karnran. 'lambént se fala dc
"intcrccpçã{)", "inclução das regras", "mini-sucçãlr)", "interrr.rpção de un't
projeto de vida", etc.
r:::*.,'J[ii'i*in','::'J':ffi
níver internaci.'r,1r: #x:i3.,-EuA,masrambém,
do', pont.], o" vista está em jogo, em (22) A firma L-lpiohn teve o cuidado de justificar seu programa de pcsquisas sobre
a pt ica d a u rn econôque o assunto num panflcto cJestinado a seus empregados. C) títukl do panfleto era:
a po ríti"n, i, i r, rrin,
o * r.i;;;;.T:i ;Jiixlru;:n:: Medical Abortion: Upjohn I'rcsents View Ío Employers. Ábortion Stand. Áired.
[,,l
"qü*[*.,friiix,J:*,#.,,í",.Í#
esrãr: sea rre- ort h.
r.l oi nron .[ ;
nrrn rnn j. il;"-;r
(21) A rirerarura p«i-aooit.;;;;;
ffi;:]:*il
ãr euremril;;,;";r.a.ses,:fimerárorás
jihi:,
i ila
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EmmanuelTttEMBI-AY, em "L'a.ffaira Rocke.fell.er'". L'Europe oc'cidentale en
danger. s.1., s.d. (ltueil-Malmziison. 1978), estudo publicado em 1977.
I{ecentemente, tomamos conhecimento do folhettr de ltandy ENGE,L, I
Pro-Lifc lteport on PopúationGrowth nndthe American F\ilurc,s.l., s.d., (1972);
e-ortro. fornece grande núnrero de informaçÕes que confirmam e ilustram nossas
palavras.
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A síndrome de Panurgo
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(2) A relação entre violência e clominaçâo é investiga«la em I'-. WElt'IH ANI,A sign Neoc.lonialism. a'r.ontrole rlrt natttlitlarlc,
.fctr Coin. An fixpktration o.l'Htunan Viole,nce, Nova Iorque. Warner Paperback
(iAI,I-r),filnlitotlclaexpltlsk.lntlemtlg.ti|ica.I-oautor,cgtluciónrutfitaldelos cle l''
Oonsurltar tamtlém ils trat'lttlhtls
Library, 1973 (ver, em particular. o cap. VI: "-l'he Malthus Myth", pp.99-113). poltlacutru:.r, IJuentts nires. 1961ç
145
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dadc' Para o govcrntl brasilciro
c para muifas,utrus crlrrcntcs rrrirr, cprc lcvirriir às rclirrmas iniciaclas cm l]89: sua tesc lttictlnfirma-
nais que rclle tcm a. tlpini,o nirci,-
pública inclusivc corrc,tc.s ,riunrlirs 1l;1 s: prccisu(a pclos trabalhos clc Simon Kuznets. Essc cctlntlmisttt
cla .prsiçãul -
o ritm. ,tuai dc crescimcnt. l)r()v()u quc ao contrário clo quc aflrmava Malthus, tt crescimenttl
de ntlcivcl' é -,
cra p,puraçãul, cnl vcz
bcnél)ctl para . dcsenv.lviment. rlt'nrr)Sriit'ico acarrcta aumenttl clc riquczas.S
junto com .,utrn,, .,rnricreraçõcs c dcve scr unalisrrckr
pararcras. Em tcrmos gc.poríticos, Dit mesma maneira, Julian L. Simtln, economista norte-ameri-
se a mera existôncia clc uma ('ilt'lo já citaclo.') cxplica por quc as teses de Malthus sti ptldiam scr
populaçã. 2(x) milhcres dc habit.ntc.s
(q" o Brasil dcvcrá atingir n,, iirini cloclesócukr lrrls:rs c mostra, ao contrírrio, os eteitos benól'ictls a lttngo praztl dcl
um p.ís numa grantre p,riênci,, XXI) não IransÍirrmrr
nã. existc, e m compcnsaç.., grundc ('t'cscimcnto clemogrírtico sohre nossos rccurs()s c nosso modo de
potêncitr sem população numcrosil.,,í,
virlir, ttrnto nos paíscs dcsenvtllvidcls como ntls chamados cm vias dc
uma razÁo particular clcvcri, impclir rlescnvolvimcnto. "A situncao alimcnLar pttr habitttntc mclhtlrtlu
a Eur,pa a rcc.nsicler,r.
sua p.siçã. s.bre cssÍls qucstõc.s.
.cidcnt.l é, crc r.r.., Í.v,ríivcr a.s
o cnvcrhccimcnt. cra Eur.pir tlurunte trs trôs décaclas subscqüentes à Segunda Guerra Mundial,
invcstimcnt.s a l.ng. prazo quc rinict-l pcríodo para o qual dispomos dc dados ctlnliávcis. Também
*tram leit.s pcl.s EUA; nada
mcrhrlr clue tratar com um dcvctrrlr sirbcmos quc a frcqüôncia das ópocas de Íbmc diminuiu progres-
senil c lácil clc manipular"T
sivamcntc, uo menos clurante tl último sécultl" (p. 11). Também nãtl
o p*"lpri. p,ss.cr,
cr, Eurrpa rcva a pcns.r qu.,
, sc,s prrbrcmas sc clcvc tcr mcdo dc quc o cstoquc cle terrtrs agrícttlas so csgtltc, como
dcmrlgrárÍlctls ittuais losscm colourckls
visãtl cltl l'utur«l tltl Tcrccirtt
numil pcrspcctiv. histriric., tr te mia Malthus: "Ao contrírrio, a supcrfícic agrícctlit aumcnttlu consi-
Munckr seria .timisttr. N. clcc.rrcr rlcravclmentc, cttntinutt aumentandtl, c tudtl leva a crer quc assim
dtr
"(ls rccurs(ls
l)rosscguirilr sc litr nccessário" (p.12). Do mcsmtt mtldtl,
PI{AI)lrltvz\NI),rc.tr)rr.\nrtnri.v...crttl.teurtrénuryt.rtphirlrrc.r;.r.u
IIirn sUyrN. cércbrc csi"ciarisrr,'"n., r97r.ar)r.. nrrturais trtrnar-se-ittl cada vcz mcnos raros. mcnos cAros, e repre-
c;rrin,r, cscrcuirí. ,..r.hc expr,itecr scntaruo uma [)roltrtrçãro mais rccluzidtr dc nttssas clcspcsas ntl luturt)"
worlcl Ílrc vcly conscitltts ,it'rh" in rhc
genOciclal policics ,rt'r,,.i.r,r. .l'hat
nrany .Í'trrc p.pur.ri.ns arc
À.stire ro ramiry pra,ning. .r.rrcy
is why in AÍiica
(11. l2). Alóm disttt, cxclttmtt tl Auttlr, "quanttt mais gcntc htluve r, mais
p'pularion expr.si,n rhcory is, kn.w thar rhc
r,cisr invcnrcd ry,ir. :iir.y kn.w
rrr.t rhey are mcntcs huvcrár para dcscobrir novas jazidas c aumcntar a produtivi-
uncler not over p.Puratec] ancr th.r ,r.,"i,. ',,
- -
nlilny pc.plc, [rut thtrt t. be a ntinrtritl, fl*"rf
,.,,r, bcc,r-rsc o[ t..
'I'hird wt)rcl"'"' is r.l.rc wcak..(,.|{ircc rcluti.ns ancl the
lrti:'::-l:" 13(l't7l)l,p (.).0iracloerrr
l{oberr lllrNIlwlCK,lt.N. (ft) Vcr, entrc seus numcros()s trabalhos, "l)«tpulÍtttt'ln, revenu ct cilpital", in
lllll{KI, lthiku PAIUTKIT 1cis.; Bulletin internatirtruil tle,y Scicnc'e,s srtc'iules, I 9-5.1, pp. lt3 I - lfiu:
,Kn),,r,tr,tg, anrt t)crie/.in poriric.s,.r.rre ,robrent
o'l' Ideolog, I-orrcrrcq_(ieorgc "tJnclcrclcvcktpccl (ltuntries ancl thc Prc-inclustrial l)hascs in thc Advancecl
(6)
Ái.n & Unwin.
rt)71. p.2r).
J' (1" ltt{ANI)r ALu.IXo"Á"p,tiiii, (lor-rntrics. An Attcnlpt itt Otlnlparisotr ( 19.54)", cnl r\. A(;AI{WAI-A c Ir.
ii,,r.g.rt.ficrt rr. rirrtyir" (,.nsidu.a'Õ.s'obrt:
,\ttil noltÍczo, trnplicuç.(.)(,.\ ( (.()n.\,(,qiiantttli,lJrtrsrliir.
f;rn.irça,, I lnivcrsrcjaclc clc SIN(;l l."l'lte 1..<'orutmic:; o.l' Llndertlo'cloprncnt, I-tlndres, ()xÍilrcl Ilnivcrsity
IJrasr'h;r. r973, p. 30. su.,metrla
. ftr.cs pr.rrcr.. *xrern.s. . porítrcu l'rcss. l1)5ti. p1-r. l-53 ss.: cl'. Sinttln KI.lZNl'-'l-S,l:,t-onomic (irow'th o.l'Nrttions,
dcnltlgrál)ca brasrlciril tornoLr-se
antimlahsta a parrrr clc 1g73. I{rrrvrrrcl IJnivcrsitt, l'rcss. Oamhriclge (Mass.), l()71:, ('rois.\once el ,\lt'ttclures
prol'rlcntrr ent I )ériv,e totalitrtirc Aburdamos esrc
dtt libentli,çntt:. écongntiqttas, Pitris, Otrlmann-l-Órry l()72. (]onsultllr tamhórn I'. SINGEI{,
(7) N ent I ( )clos os clc nr ogrit Ii ls ociclcni,,;; ;; ,ii;J.x I)inâmicu ltoltttlut'ionul t: I)csenvrtlv'imenlo. O prtpe! do crc.scime nÍo
populot'ionol no rlcscntttlyimcnto etonôtnico Sãttl):tultl. ('L'llll{Al'. 1971. vcr
:; ti,::'l;
: ti; "'r'' ;;;; :1i:í : ü:i1 i,:fi :1ffi i.'
n
; i:1 I,' 1 i ffi : :: igualnrente unt clossiÔ clc clivulgaçãtl Oarlo M. (llPOl-1.4. I,'explosion
",,-, * u,,,)!,"1'lí,r}];1:1' rl ;,
vi c, rr e ssc
I il-i..i'l: ;:]ffi ; l : ;;Í ; lj:Í;,
(e)
démog'opltiquc, l)itris, t-allilnt, I975.
(lf..l.-l-. SIMON. L'homma, ruttre dunit)re chancc.
t47
A SlNl)l{()Mll t)l: l'ANt Il{(;( )
( ) Alt( )l{'l'( ): ASI'lr( "l'( )S l'( )l ,l'l'l( '( )S
clirclc!" (p. 242). A.ssim tambóm. "irs criirnçirs arlici«rrriris irtuirnr sobrt' St:(ll.lcrintlltlrl)ilrrlctlntô-ltlclovcmscrrevistosdemaneiraradical.
suburirizacla'
r )cc.rrc tambóm
quc o homcm;;; ;. p.ssibirittacre. tlutras e
a cc()nomia ckls paíscs mcnos dcscnvolvickrs lcvtrntkl ils l)clis()ils .r mcio tla agrtlntlmia, cntre -
trabalharcm c invcstircnt mais, provocando u mclhoria cla inll'a-cs- tlc intcrvir na naturczzr - por
truturu socitrl, notadumcnLe das cstraclas c du rcclc dc comunicução" tritstlcictltttle:ótlpapelclapolítica.PtlrtrcasiátlclacstadadeM.
19ti9' um cle scus c0nselhcircls'
(iOrt.ruchcv cm Pttris, ntl verltt) de comel:í::l:'-' "'
(p. 310). Por ['im. "umtr lirrtc clcnsidaclo populacional ntur prcjurlicir dois tatos quc disp.cnsam
N ikolai Shmolcv. a agricultural
a saúde nem () bcm-csLar psicol(rgico c social" (p.21l), c "o crcsci- '"'*ottuu q,i" trahalham com
mento clcmográl'ico niul ó rcsponshvcl pcla variaçiul tlo nívcl dc tJRss há 3 milhcrcs cte [uncioná;i,; uma gestã. melh.r dtr
poluição" (p. l2). Aliás. "a cs[)crança dc vicltr, mclhor índicc global
n.s EuA, t,e .i.ri, milhóes d.';;;i;:it,',."r!
massas pt-lbres as meclidas
rraturczu cla socicclad. p,rupãria. às
c nenhum
cla poluição, aumcntou scnsivclmcntc à mccliclir quc u populaçiut
rlcsastrosas quc lhes úo
i*portl, pelos ricos c náo resolvem
munrlitrl crcsccu" (p. 13). Umtr tzrbcla aprcsentada prlr Julian t-.
Simon l0 mostrrr aincla quc il supcrtícic módia das Lcrras agrícolas p()r frtrt',t"ma dcfuncltl'17 .-..*^.,^hq munclial liberal'
nela liberalização
rn.nr{iâl pe]a
Afinal dc c.ntas, a atual campanha misiificação' Dc Iato'
pcss()a utiva no sctor rural aumcntou cm todos os paíscs inclustriali- tl() u*"
rlo abort,r..t,'""-nos clitrnt" $igit":::::r sc ft-rssc bem-suce-
zados dc 1950 a l960.ll Scu livro Lumbénr aprcscnta numcrosils clestc tiptl
()s bcncficiírritls tlc uma camptrnha -
curvas muito persuasivas sobrc as mtrtórias-primas, scm csqucccr irs
clida-seriam'trmóclitlpraZ(),tlsrictlsdcntlssaópt-lctt'cnãtt.ltrsnaçCles
tr Eurtlptr tlcitlcnttrl sc
cstaria ilu-
klntcs dc e ncrgia" l2 Ji:r cm 1969, Estcr Boscrup cscrcvitr no final dc
cltt Tcrcciro Muncltl. E,ntretitnttl.
scu cstuck): "Uma socictladc primitiva tcm mais chanccs clc clcslan- ti*,r hcnclícitt. it longtl praztl, cltl
dincltl SC pcnStISsc quc ,ui ^rg"*
char um processo dc dcscnvolvimcnto econômico sc suÍr população À,'"tt''*encltrç(lcs ttntinattrlistas
c()nours. prcstad. àr c^mpanhtt. algtr
sc encontrar cm cxpansiro tlcmogrti['ica tlo quc sc cstivcr cstagnada, .os pov()s cltl Tcr."i'u Muncl. its vczcs 1ôm inclusivc
clirigiclas vczcs sãtt'r
desdc quc, ó claro, scjam Ícitos os invcstimcntos ncccssários nu aos paíscs rict'rs' muittrs
clc cômic,r, ,ljli:-ü ";';;iáo polucm me-
agricultura. Poclc acontcccr que csta condiçãur niul scja satisÍ'cita nas subpttvtlacltls' cons()mc*
*tni"' dcsperdiçam monos' cle vicla' o
socicclaclcs com populaçãro clcnsa, sc a taxa dc crcscimcnto [irr clcva- ctcladãtls tôm menor cspcrança
nos. c()mcm menos c scus
dA."l3 humtlrrrtóliciramilrgoquandtlscsahcqucassubvençóespara(-)quc de plancjamcntt-r
A Sra. Boserup corroboru, ltrnçanckr miro cla gcogralia e cla ó chrrmtrcl() t'rcqüent.*.;;; por cut'cmism. - cla ajucltr sanitária'
etnografia, as críticas cle F. Wertham àrs tcscs clc Mtrlthus.l4 - sitem cltl tlrçamenttl
lamiliar muitíssimils vczcs g;r. hipoirisiir osstr tlc ser mesquinhcl
Da rcflcxiul clcsses autorcs, Íros quais poclcríamos acrcsccntar módica, alimcntar, eductrtir.. ctc" cnquanttl sc linancia
J. Klatzmannl-5 c J.M" Ctrsus Torrcs,lí'cntrc outros. dcduz-sc que o com . .iudtr *ó.1i.n, trlirncnta', "du'àtivtt
crescimento clcmográfico niro ó Í'atirlmentc um obstácuk) p()r cxcc- cstcriliztrçãrtl e trbtlrttls!
lência ao dcscnvolvimcnto, c quc, prlrtunto, os mótodos clrásticos quc
Of. .1"M. (IASAS 1'()l{l{l:S.l'oblucit)n v cnlidrttl. da viúu Ma{.1n" (l7) Discutirlrls estc problenla
í l(r) l{lAI-l}. l()u2
149
148
( ) Al]( )l<'l'( ): ASI'l:( ''l'( )S l'( )l.l'l'l('( )S A SlNl)l{( )Mll l)lr I'ANt ll'L(i()
ptlr um
dC intcrvcnçirtl' dcctlrrcntcs'
o rcspcito pclo sofrimenLo humano que animam clctcrmirtirrlos llirr'- cnr Icnll()s tlc llrcvcnctl() c()lTl()
rr:ltttivit' e' por tlutrtl' cle desigualdades
ticlários da liberalizaçao do abr-rrto. Mas nãur ó mcnos vcrtlatlc que lirrkr. tlu situuçiur tlc pcnúritt
causa cstremecimento a idéia de quc poderiam cair, scm cstar claru- irl'rcrritntcs. 'clade
mentc conscientes, nA cilada temívcl da colt-rnizaçãul iclcolírgica das I-illcrirlizrtrtrahtlrttlscmqucsti()nar,n()plantldact-lmunt
superpotências. humrtnit.tlshiillittlsr.lcC()nsum(),cscmumaptllítictr[iscalmcntls aos dircitos c ncccs-
com ()s suPCr-ricos *:t]:.
Serír que cles avaliam as implicações, o prcço c as conseqüências Prcoctrpttcla " i:::::
l.rtttttr tls c()nscqüôncitrs dtl
mal' c não suas
políticas dc suas reivindicaçt1es/ Será que tiram todas as liçõcs das sitl^dcs cle t.cl,s. signil'ictt covarcle-
() rcs,()nsrtvcl C()m il vítima' É "''ns"ntir
expcriências rcalizadas há alguns an()s por diversas nações, entrc as cirusits; c.nl'untlir dc umtt stlcie-
vítimas.intlccnlcs
quais a China? Scrá quc rctletiram sohrc os motivos quc levam os tncntc cn] quc SCrCs humittrtls..1..,'" ilos pitlrcs
r.tr,rrcclcr, cm sumtl'
Estackrs Unidos a reconsicle rarem a atitude dccidida e m 1973 pcla cludc quc sc ,rctcndc r.lirrm,,r.'É
Corte Suprema?18 clcsm tr ncltls ckr cg()ísmo
lihcrirl'
De qualquer mancira. impílc-sc uma tarcÍa urgcntc: nos clebu- Maisparticulirrmcntc.irsitutrçir«lmuncliirlincitaaEurtlpaa ctlnsigtl
tlttr mtlstt'as tlc miris sinccriclitclc
tes sobrc o crcsciment(') c o dcscnvolvimcnto, é prcciso purar clc prirtictrr Llmrl í11l/( tcríÍit'rr. it uma
tl Tcrce irtr Muncltl' Na mttitlria dtls lliríscs ptlbrcs'
privilcgiar a variávcl rlemográrl'ica.l". Alguns a privilcgiam a ponto de mt:sma c com
tlc ooll:umo c ostcnti::nu Ut'
ot-erccer uma cxplicaçãro tnono('ou.sul: a úniur vcrdadcira causa do min.riu ntrci.nal uckrtou os htibitos
§/ílltí§' csstls mintlrias rtcccssttriamcntc
subdesenvolvimento scria a taxu dc natalicladc elcvada do Terceiro ocielcntc. Pura mttntCr sctl
Mundo! Ora, a variírvcl clcmográl'iur dcve scr sil.uada num contexto tômtlccxpltlritrtlrcsttrtlalltlllulttçixlltlcirl.muitttsVcZCscom()
cuja complexidadc scria clcsoncsto ocultur. Scria nccessário notada- ttsscntimcntoclc gruptlscstrrtngcirtls'll ! ircustlr.........r,rasirsrTr
CSSIIS mlnorltls
ó côm.tltl
mentc rcafirmar, com Galtung, quc sc cxistc umir violôncia do nolu- E,ntrctunttt. cttm t'rcquÔricia' dc vidtr
rezo, existc tamhém uma violônciir r/n.r astttríuru.§, c quc o homem tem c()m .spc'czu. Ja qr. ct'e tivurncntc . cstiltl
c ccnsurii-l^s
poclcr sohre ambas.20. cur()peu cxcrcc stlbrc
u*n gl.nn.l" sctluçittl, a Eurtrpa"tlciclcn-
"1.,*
Rcsta, portunto, sabcr sc, cm lugar c'lc instar os clcmais a não talincitttriaCssasmintlritrsarepcnsarscush..bitn*soredcfinissc
procriarem, ()s ricos tlcstc mundo cstirriam clispt-lstos a consumir scus,rr,j"ti,r,r*t'un.lamcntaiscscprcparasscparaactllhcrtlsócultl
mcnos, a clcspcrdiçar mcnt)s c ?l partilhar mais. Assim, o prohlcma clo **''r"ntr. comparar
p.clcriam cntão
aborto cvidcncia a nt:cessicladc dc umu socializaçho bcm entcndida. dc pouco tcrnp. tais min.rias
impclc atl hiperconsumo'
Não a quc hipostasia o Estado: tumpouco a quc restitui a um cktis mOclckls clc'tlcscnvtllvimcnttl: um quc
partickr, umil classc ou umrl raça privilógios ultrapassados. Mas a m^is c.nvinccnt; que ,ircita umtt ccrta ^ustcridadc
. .utr. - -
quc atribui tros podcrcs públicos clircitos c dcvcres novos, tanl.o
seur país
ffi,].-::.l::lclcrcpuraçãtonluncliit1ctlnloOctiivitlPAZestá
(ltJ) (.11. p. l4-5, n.4 inruniz.,cl. conrra a rcntaçiro,;;;;;;i"]]l:Yn'^:l"tl:lill|':.:::t
li' tl qLle se pcrCcbe atl lcr
cltlnriÚttntcs'
( 19) Ir o que fat. l'. l'l{AI)lil{VANI). apris (iunntrr Myrdal, cm l,n petr stt5 titlCa cnlprcstaclrt cltts naçC'les
r-rt"ttit
y (3 ntltas stltrrc clcnrtlgraÍia)"" in El ow'o 'filantroltic'o'
rlémoprtplticlttc. p (r(r. Vcr ranrbém [;" Bl-..'/-Y. I)emogaphic eI ""11tanuÍos stts lronlpa'r"
I]iblitltecii {1reve, 1979. pp. 1(lti-l|í(),
Méxrct;.
sotts-dév'eloppctncnt. Os zcladrlrcs clcl "nrcdo domográl'ico" Í'ingem ignorar os Ilisnria t,,I,olítit'u. l()7t-197á1. trr,o n:::':t trcrt morulíi' mostrou
bcnt ''r
progressos cspetaculart:s que podcm ser razoavelnrente esperados cm matória .lairc lll{lSSl,r'l', cnr scLr trít,., i,
de produção alimentar (sobretudo <le ccreais) c de energia (notadamente risctlclcqLlc()ttrttltlrttstitttlstll()l.l(lrtg-anlcricitltt)sc]tlrel()mar|l.ltlr,viiriospttÍscs
.l.crccir. Mr.rnd.. np,i. ,, ri-,nferôncia clc Ilurcareste ( 1974).
clcterminacios
nuclear) num [ut uro prtiximo. z\ssint, e xinrcnr-se un]Íl vcz mais cle pensar numil do
ação plositiva enl nível clas clecisÕcs polÍtrcas salvo, é clar«:, a quc consiste cn'i pirÍscsilcl()taran]tln()valcsoscgLlncltlaqural..()ctlntrt)lccltlcrcscinlcnttl
ptlra () dcsonvtlivtn]cnt() ectlnÔmictl"
prontovcr scus lntcrcsscs.
- clcnlo-urá[ic() 1()rn()Ll-sc
Lll]la [crritntcnlri
(20) Analisamos estc protrlema em Lo dériv,e totalitaire du libérnlisme, 1990. (P'5e)'
l5l
150
porquc c.stáabcrto à partilha. Em
rccrtrdam à Eururpa suma, a.s cliscussric.s
ocidental duas Larelas sobrc o ahrlrltr
u rgen tc.s c incl
sua i,r"n,ionJ",'.à,. i.ssociávc is :
ü,#5::rdar rrar s ua crcclibilidaclc
no Tcrccirr r
Pan-americanismo
153
Ê
)( il<Alil('z\
u\ Sl;( it ll{r\N(, A I )llNl(
( ) r\ll( )l<'l'( ): i\sl,l1( "1'( )s l'( )l.l'l'l('( )s
quntqucr
lilrças ptllíticirs, cconômicus. "psicossociais" 61sgr dizer, todus irs "satólitc privilcuitrtltl"'. P".
litrças ligaclas aos mcios clc comunicação dc - mussa, ao cnsino, ir lugirr dcntro tltr tlcllcntlcnctit'
pesquisa. Essa idcoloqitr cÍnana tlc umtr "clitc" minoritÍrria quc sc
arroga ir cxclusividrrtlc dc tlcÍ-inir o quc ó ou não compatívcl com o
impcrirtivo clu sellironçT r da nact-ro no contexto tla Stterru lolul. Rumo a() glohalismtt
Ttris rcgimcs buscitm, portanto. um?r apilrôncia cle lcliititttirlorla
numa cstrttnhu contrircliciro: ir "clitc" minorittiria no poclcr dcfinc quc bltlctls"' quc
Dcsclctl[imcltrguorritclclg3g-45,atliplomttciant-lrte.trmcrictt-
pelo tema clcls "cltlis
dominatta
it ltitc;ttl cncontril-se e m cstuclo clc {ucrrir total; mas ó ncstir clcÍ'iniçiro na tem ri.t,., n*fin*át" dc ôn[asc'
;;;i;.r" v.ii^.-,., i.,,* .s dcslocamcntos
quc sc birscia a missito clc salvaçiro nircional quc cla mcsnril sc ;rrrogil. ó anrerit.r, e .,,'.,'lt gucrru fri^' c.nlrrnt.
Assirn scttclo. cssrr "clitc" niu) vircilu cm idcntil'icar Estudo c Nação. cssc tcma runcramcntal
,...r," ió,,u,,', dc pací[ica' dcgcltl' dis-
clc innrenlia. c,''cxistôn'ü
citlrttli-ro c 1)cssort, cstratógia c política, c suborclinir o clcscnvolvimcn- Lcstc-Ocste, zr-l,us pctrólctl dc 1973. Ccrl,()S
to à scgurirnçit. Dcssrt ckrutrina tlccorrc ttrmbóm quc toclos os paíscs ctc. ortr. po, .,.,,*,n.., tltr crisc.l..,
tensitt-r
tkl ntunclo oc:itlcntul dcvcm Íirrmur umu única lrcntc para protegcr círcultlsntlrl'c-trmcricantlsC()mcçam-up",,.bcraimptlrtâncitrdc já tinhir tr
clivisir,, Nnri"-dul. B"ntlt)cng' cnr 1955'
scus "vitltlrcs comuns". .utra cliv^gcm: a
d.s
Esta vertcntc cla doutrina rlcvc muito aos Lcóricos da gue rra lria; aspectodeummani[cst:]'::'u't'apoutro'pt'''J*'osCNUCE'DcttsimpÕcm sc à trl'cnçãr.
ó clescnvolvida pclos tctiricos latino-amcricunos. mas pcdia uma reuniócs rlc cúpul.
rl.s."a,r*ii"hutlt"'t ( 1e*e) t.i
.1" õ;;;;;; (1er''ai " Bclgrtrtl.
vcrsão homt'tkrga que clcvia cmirnar da potôncia-lídcr do mundo países in,rrrtiioiirnau*,
países cl. T'cr-
i;t;i'''cio.naliza-soi .s
ocidcntal. Tal cxplicitaçiur liri lornecic]a jár cm 19(t9 no célcbrc Relu- pcrctlrritl.,u*"nminhtlaprcciável.Durantcttrclo(]ssctemp().()
tririo ,sohre u.t Amérir:«.r. cle Nclson Rockcl-cllcr.2 Trata-sc cla atuali- cliáI.g. N.rtc-sul sc.rga"i;;'
u,ll Noun ordcm intcrntrcionttl' chitmara
ztrção c tltl tlcscnvrtlvimcnto da doutrina Monroe, Íirrmulacla cm ceiKr Muncl0 rcivinclicu* M. Zbignicv Brzczinskijá
1,323, c quc dcsclc cnttur rcgc us reltrcõcs cntrc os E,UA c a Amórictr Em livr0 publicacl,, "*iô20,
Ltrtinit. Orit, pitra N. RockcÍ'cllcr, o rlcscnvolvimcnto do continente pctrtilctl poclcm orgtlnt-
ttatençitt)partttlprtlhlcm:...Acrisc.l.',petrí.,lctldcl().T3tevctlpapcl
paíscs'p")ti"tt)ro
ttmcricitntl clcvc sct' inÍcgrudrx as cc()n()mias dcvcm scr comple me n- sc os 1:
de catalisaclora:
paíscs pt-lbrcs, p:}::,
tarcsi os csÍorços políticos. conscrtacfurs: a inlirrmaçiut clcvc circular Zar-seeameaçar()sfundirmentosmcsmostlttccontlmiaclospatscs p.rtldu-
() Cluc actlntcccrlr sc tls c lmpor
industrittlizacltrs' j;;irem c(x)rdcntir suas aqõcs
tttrcs r,c matóritrs-prrmr,.,
co nd iç.c: tir a nd.' cls res r'.'
(l) I)ccltcitnttrs viiritls tritl'ltllhtts it c§lc ptplriç61i1. Vcr sttl'rrctucl<t I)cstin du Brtisil.
:::,li:;?ff::' g,,. n,,,,i.r R.ckc rcl
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l)crsllectivcs hrcsihcnncs et sud-iintiric..rincs", tn ilnrutttit'a dtt'l'iers-Morule"
(3)'l'rattt-sedeBeween'[w'o-Aga.s'Ama'nca"'!'':::'1"'i''tlrcT't:chncÍxtnu'tr'-ro"
l],oo}ts' i.i;s. Na cxposiqán tiu'u' S.t'lre tls "cltlis
tlarn.,un.t,,u.,iin, l,cngutn clc pcrto tt'J
l97l]. Pitris. 1971), pl1't. ()0-101. Irssas or-rblicaqrlcs clesenvttlvcnt Í.)s pontos clc M. Ilrz-czinski. actinlp.r'rhun',,'''
mul(o
ahorcluclos aqui c contônr hi['lliogral'ia al'runclanlc 79s
(-.1.'l'ha llocka.faller llcport on the Amcricn.t , Ohicirgo. Quaclrangle l]ooks, l9(r9. hlocos". cf' aqui PP'
(2)
155
154
Él
( ) AIJ« )lt.l (): ASI)11( .,1,()S l,()l.l l,l(,()S
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ora,
;:::" rc|crc . m.tóri.s_pri_
r"..áir<, Muncr, csrá
"\^;:,:i:,'ili":,*\;;:::«rs " pr"n,,
", 11
Assirn. voltamos a Miliardários de trdos os países, uni-vos!
"rrirarcr;1f ". cnc(l
. icróí, ,t" ,rin','ii,';i::^;o',:r,::J.,,il::,.u. pcr. mund, crir
scgurilnÇil c itDrcscntirrla'c()m() quc piririt sohrc ir iri
rambóm esrii prcscnrc p.rlcntt. ,.,,.,tÇ" Obscrua-sc irqui quc () l)irn-Írmcricirnisrrto dc Ne lson R«rckclc-
. icréi. uJ li
llcr ó diltrtado. cxtrtrpolirdo. tottrlizarlo, c ccdc lugrrr a() quc M.
l,roi,;;::'I':j;Lili:T:"1i*?
ric.s,, i, Brzczinski chamir clc "globulist'tl()". Há pouco tcmpo, tt tcrnto st:
:ffi
.suas
,'il TlJfi' [:,i,'.?;
v,ntagcns.
*:*s p,,.r. m cr cv. ra r _s c
--\'rY('r-ru' Lr('VCm prc'scrvar
c mcsmo acentuar rt.s
u n,s a os
rclcria a uma n()vir socicclarlc pan-amcricarttr. Dorirvutttc trrtl"tt-sc clc
As cmprcsas nttrltinacionru,r
construir uma novit ordcm mttnrliul, clc tipo crtrprrut.ivi.sltt. que sc
apareccm trlrnou urgcntc asscgurirm dcvitlo à intcrclcpcndôncia clas
il
naçõcs. Poróm, o - quc jii octlrritr - cm csctrla piln-amcricuna agora
r ;:H :r
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i.s, r,,ir,,._ i niiiin
m*i [liTlI,:rffir::r:",J;:,ff ,
ffi : :,T,: acontccc cm cscalu mundirrl: passa-se rtrpidamcnte tla intardapcndên-
cio à depcndêncitr. Dc ['ato. os paíscs niro siro toclos igualmcntc
r., ;,;iil:...,i:
m ãr-dc -r b r,' ^
Ar i m c n ti;r :;;;;.
Íiíbríc,s , outr..s paíscr. r,-qcm p,,r r
cr. cres r.c.rn cn r.
:: clcscnvolvidos. Por sua prcscnça c scus compromissos no munclo
.,,r,, r,,nri.r"r", .;;;;itrrntes
"i,, dc intciro, p()r st:u p«ltcncial cconômico, político c cientíl'ico, os E,UA
çircs cr.s tr,balh.d.rcs i;;,;..organizr,r',,"r,,nc.rrênci., as reivincrica_
pcnsam cluc tôm motivos para arrogur-se a missãro clc ussumir u
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, .r"r"nr,rrvintcnt. .. lrru,a. rrcvc.ii hii lirnitcs potcncilrlrncntc rlcsc.jiivcis pura a cxtcnsiur indc['inidu cla
A austcr-irlitclc não ó clrr gcl.irr. tlcnrocrrrciir llolít icil. "7
mais uma virÍuclc; ó
um dcver. Tornur o Assirn, cstirmos cliantc tlc umtr versirrt mundiuli'zatla clo vclho
t:': I'rca r a rrct u r iui.r,,,r., crcsci_
ffi: #j:l' .str«r [unto maís ncccssriríos,
.1:: .p f, .u t irn, . m, r rh us
i, n isnrt r rrrcssiirrrisrno n«rrtc-rrmcricano. Entrctanto, ó inclispe ttsávcl obscrvar
prccis. pr,tcgcr . .jirã,,, pclo lato tlc cluc () quc a lormulaqrlo tcm dc substancialmcntc novo c origintrl. Essc
mci. umhicnt" ,,m"nçarr, ó
rnessianisnro clc I'irto prctcndc rrssociar a suil açiro nao irpcnas o
mcsmil mitncirit' a.jr'rstil'ictrcã«r llcrtr p.ruiçã.. D;r
tcririr,, ,i;; ':;rcscimcnt,l c()ncurs() das naç'r)cs mais riurs, como tirmbóm rt das c/n.r,rc.r ricas clas
cm r972 no R.rrttório zcr,l,,.surgiu
Ma«rr.w,,v, c í.i .riuurgad, socicditclcs pobrcs. Aos ricos do mundo intciro, ilccnam com quc os
i m c n t,,,
pcr, crubc dc
.q" n c ros, m c n r c l'i n a n c í, lrobrcs constitucm Lrma ot't'tcfiç'o prúanc:irtl r.ru inclusivc uíuul o suu
§:]I:,,:ilJ]J: " "l tt.s pe r, gr u po
.taÍ{trença. Scm tlúr.,idir. () quc estii cm clucstiro cm primciro lugur ó it
os puí'sc't' r'.ntr,ti,r/a,ç
nã- c,cvcriirm ric.r dc scgurançu clos EuA, ou mrris cxuttrmcntc ckls ricos ckrs EUA. Mas
gl.bal dc 'scgur.nçÍr' e Íirra crcsse pr..;ct.
cxccllcittnirl. Assim,
. ,rripriri chin,;';;."r" um. não cstii mcn()s cm qLrcstiro rr scgurirncir dos ricos clc torlos os paíscs.
con.sicrcr,çii.
c.stri dcmonstrirdo _ Os ricos tlo mundo inte iro srlo convirlatlos u constituir, sob zt liclcrançir
impicrr«r's' p,rític,.crcm,-n,.li1i.,, como vim.sí, --
clos Estarlos IJniclos. r.rma uniiro sirgritdir cu.ju rtrzão rlc scr c objctivo
illltliitclit c mcsnlo inccnti'',,,1,, imgrremcntirtrrr nir chin:r ,,,,rr,Lxr,ií é crmlcr ir cxpansirtl rlir pollulirçi1o globrc: "Miliirrtliirios rle trttkls os
prlr cíl'cur.s nrlrtc-amcricrn.s
clcnl,is [)l'c()cupitcltls c .ci- piríses, uni-vos!"
c.m () ,sccnsa crc unt
prrrt.ntr. ,.s n()vo ..pet.ig. ,nl.rcr,,,.
P.ísc.s tr<t Tarcei,.,, hí;;r;;;,crcvcrã. Rcintcrprctacla. a doul.rinrr clo coníuinntt:ttl, tla contcnção, tlir
,crcrir , ur.r "rctcncãtr)", rcssurgc c()mo a Fônix rcnascc rlirs cinztrs. São sutts tcscs
illilfil' Ji :iTilif,;,i*ll,s,rt ís cs ric.s n cccs.s
i Í a m dt,s rcc u rs(,s I'unclamcntais tluc inspiram o Jlro.icto mundialistu atuul clos EtiA. A
rev. r.crt,s pcr a m, Europir ocidcntal c o Jirpão suo miris cstrcitirmcntc associados it l"itl
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,lii;i;,il:l'[:"'hcs incrcsc jiiveis O mandarinato internacional
,,rganizc,"'.,,,;,iJ;"",;,;ü"J:,:iT:1rilxi,,,,,,r"".,,:;J,i,l"x,r
lrcntc, ;roclcriio ser_lhcs
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mcdid. Ii; ;;p,,, cre dar ckls clircitos
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lizantc. Essa gkrbalização ó cxtrupolirda pclos consclhciros tlc Duvicl
ass im c(, m (, h ii Rockcl'cllcr. A scgurilnçrr, cujo campo dctalhava-sc cm divcrsos
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irtttot'ditcirclit, c suir I'urtção críticir corroídu. Surrs subvcnçilcs scnjtr mais ou mcno. ",rnt ""ia,r* 1",rm",,
contliciot'titdits Jtclrt cotnplircônciir conr ir cluul irccitrrrcnr subnrcLct'-sc ()u()ClubcdeRtlma)9u-menos-tacilmenteidentificírveis.Uma vassalo'
minoria que sc arr()ga a missão
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a programirs dc pcscluisrrs tlcl'inidos ltclrr minoriir dominantc.s inteínacional,,llu cúmplice
Scrír cltrcla gruntlc importâncitr rro cstudo tlos llroblcmtrs cctllti- com e§tc fim, um manclarinato
gicos pois por csttr via ó possívcl convcnccr os satólitcs a conscntircnr ..,* in',ituiçoes complexas, lutar
perado,masdequalqucrmaneiracompoucavisáo'Nãoénecessário'
na ausl.cridrrdc()u nu Jlobrcztr: "Strtttlli,s bauutilitl".') Amesma minrlriir cle mt-ldtl algum, s0brecar,"gn,-,"
porumCarg()eletivtl()uocuparumafunçáocxerJutiva.Umaveztendo
I'inanciará trs pcsquisas sobrc a rcprodução, a I'ccundiclacle e u clcmo- il,, r.gurançtr .demográfica' esses .novose
grat'ia para tcntrtr clcstrrmur tr "bomba P". As univcrsiclades-intermc-
intcri.rizn.tn n iJ"nt.,gi,, à tática indigente do
entrlsmo
mandarins ?lpressam-se.* ,"r,rícr
cliírrias c a míclia sc encarrcgarão dc dil-undir no mundo inteirrl,
d a in ril t r aitii], exi ge
drttmirtizttndo-as, as teses multhusiilnas quc ocultum os intercsscs clus t ão gl tü, I e t á.
t'l:'..*:i..""''"1:l:ffi
".,,, .tu Sob este :Xf
ângulo' os
dispositivos jurídica e pt-rlitito*"n-* ^p::t::idos'
classcs ricas.l') O .liscurso-programa clc ação scrri conciso. Scrá tlcs-
tucitcltt ir rirriclirdc clrts tntrtórirrs-primrrs c ir I'ragiliditdc ckr mcio irmbicn- precetlenteslatintl-americitn0sSã()Sugestivos.Merecemaatençãtl
e.habitantes ão Terceiro
Mundo' umA vez
tc. Ttris tlitclos scriro ilprcscntirdos como ncccssidirdcs rlatanninurlu.s rj0s europcus, japoneses
pclir Naturezir. A populuchtt clcvc na<'e,;suri.omcnla scr cirlibradu cm
o':t*:::"..'"i,f J'líi1;.;'":l'*'33il';i'J't['ij'{':'ffi':
proprlrcão rr csscs cluclos ç1111cluirão. pr.nta
Assim cstito rcunitlas- us condicClcs l'unclirmcntais quc oaractcri-
"elite" se separa do pt'rv. e está
mesma
;ilrfi:J,11.^r:';ta
nn.ri.,rções. Está Jisponível
para deiempenhar. papel
zam ohjeli.ttumente um reginre dc tiptl Í'uscista. Parir Juan Br>sch, o para t.das n* «le tipo trilalmenlg n91;11, QÜe
pcntitgonismo cra a cxpkrritciro tlo p()vo nrlrtc-umcricuno p()r uma de intennerliáritltle um.
ccntrtl tle ptlcler
rninrrriir nortc-irrncriurna.ll Hrric o penl.ngon.i.smo csl.a munrliuli.zudo evoc?lrem()s Pâra tcrmtnar'
c ir nlinorz.o dornintrntt: , internucirmulimdu.
Esl.tr minoritr scrá composta p()r "pcssoas clc pt)sscs"" quc sc
(fi) Batwean 'l »rt Ága,r, ppr. 9- 12,2(l lss. (lontcntunckr as idóras clc M. llrzcz.inski
('.1.
Do Estado arl Impérirl totalitários
a cstc rcsl'rcito, Antl'tonv r\l{tll-z\S'l'l:l{ cscrcvc: "ll is clcprcssing enough thut
intcllcctuals sl'roukl hc rvilling to álcccpt (hc r()los rvl'rich llrz-cz-inski litrcsccs Íitr oimpéritlqueseestáconstruincloé,defatcl,semprecedentes soviétictl
thcnt spcciitlisls [...] involvecl t..l in sovcrnnrent unclcrtakings irncl housc o faicismo, () nazismo e mesm() () c0munismo
- na história. três cast'rs'
iclcologucs lirr tl'tosc in prrrver llul thc sulrorclinution ol'intcllectr,rals to the p.rr"ii,r* ,l* ,o,nlitarismtls' Nos
statc itncl its rcquircmonls clocs-.no occLrr only at the inclivicluirl lcve [. 'l'hcrc is a pr.p.rcionam """*pr,r,
strcngthcning tcnclcncy lirr the institutionsu'ithin u'hich [...] nrost intcllcctuals d.s indiví-
oEstacltltranscenclcoscielaclãrtls;fa.tttguerractlntraoeuemtodas
now rvork, illso lo hc shirped according to thc purtrcular politicirl priorities as su,s .imcns(rcs: física,
prir;i;ig*,, e"spiritual-rz Exige
se m f'ilhi";;ü;q."'
*" bem lhe aprouver' a vidtt
ol' pitrttcr-rlar governmcnts'' (ldaolon' orul Intallactttels j contrit'ruiçãro ir du.s uma submi*'itt' a procriação'
llllNlrWI(lK e al., Knon,ladge ond llalrc.!'in l'alirit'r,pp" ll-5-129; <t trccho Estaclo suhmete o casttmenttl'
lhe scia *nrririr,,Jn. Ér*.
crtuclo (rsla nil p. 123s.).
(9) Iclcntilicti-sc-' arluri a alr.rsão ti l'..1:. S(llltlMA('tlllt{. Srn«ll i.r I}cutuilitl.
[,conotnic,s ns i.Í'l'eoltlc MoÍtcrcti. Nova Iorquc, l'ercnnial i.ihrary l!)75. Paris'
L'-p'lrcno'nine socnliste'
ffismt1ver.Iean-.Iacquelw1\.!1,r]R,I-csmat,lincsto.tal.ilait,as,
(l()) (ll. I)anicl Illrl.l-. l'ltclirul o.l'ldcolog'.OnÍhe|-.rhausrir;nr;l'l'oliticol ldcn:;in l9tt2; lgor CI{AI;AIif'Vt'fCg'
Pitris, [)enr-rêl' 'l'onlitnrt'srn' N.rvtt
oiigtns of
tlrc I;i.f'tias. Nova Iorque-l-itnclrcs, I'irr:e l'ress l'apcrtrack. 1965. Ilcl. clu ser.ril, 1977;
(II ) Vcr.luut't l'l( )S('.ll,lil ltantrt&tniçrno, stt,tlitruo dal intparittli:;nto. Maclri, ( )rtinicir 'an"g.AiüNil7t'rn'
ii',rqu*. Mericlian []ooks' I95e'
dc un Si-glo. 19óli. esltccialntcntc pp. lfi-21.
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Salvt-l umer fltlrça maittr, ntrda mais pode nem cleve scr obstáculg a
do muntltt.
minha Íbrça. E ainda mais grave: entre as ÍunçÕes tla ideologia figura
Assim, esse tipo cle império imperceptível é um prtllclngamenttl
a de dissimular cssa violência itimitorto e subtraí-la ao dúínio cla
clo Leviatã que mencionamos no início do livrtt, embtlra haja dilcren-
razãl-t.
ças ncrt(lrias. Por mais que o Estado totalitáric» cliÍssico cxerça a
Assim, a liheralizaç'|aodo aborto assinala iminência do retgrng
a
itnipotência clcntrt-l tlc suas tronteiras, seu ptlder não deixa de ser
galc-lpante de um dclírio irracional, dissimulaclo sob a camul1agem
limitaclo pelo cltts tlutros Estadtls. Elc se cncarna num príncipc (tlu
mentinlsa dc uma idcologia da segurança.
num govcrntt) ic-lcntificárvcl, visível, portanttl atingível, cxptlsto, ptlr-
Pclrtanto, a ideokrgia neo-imperial da segurança demogrática
tant6 clestrutível. Arluia rcvclluçãto parece imptlssível, pois tl príncipe
está bem prtixima da icieologia nazista, cla qual cclnstitúi inclusive, sob
cleste mund6 tem u cuiclaclo cle não revelar tt prtipritl rosto (Ct- Jtl
mais cle um aspecto, uma extrapolação. Enquanl.o o nazismo apre- (t,44). O impório metapolítico visa a uma supremacia incondicitl-
sentava-se como um nacionol-socioli,smo, agindo no interesse tla
nal e inconclicionercla, não quer conhecer ou reconhccer iguais nem
naçãr-r alemã, ou, antes, da raça ariana, a icreorogia neo-imperial agc
rivais.
no inl.eresse da classe rica espalhacla em escala munclial. Os princípiós
Aliás, a mídia, que tem a [unçãcl de intormar, também tem, ntl
que inspiram ess?ts cluas icleologias estãrcl, no essencial, em Feuerbàch:
c6ntextg desse projeto tt"ltalizante, umA funçãt'l de tlcultação indis-
mas dtr nocional'sociolistno ao neo-imperialismo atualos métodos se
pensável. Tolera-se os vaticínit'ls de Cassandra, desde que se tenha a
sofisticaram. Nãttl se trata mais cJe um imperialismo preclominantc-
certeza de que nãro serão levados a séritt. A intilrmação deve ser
mente militar, como no c?rso dos romanos, ou econômico, como no
tratada cclntitrmc os intercsses claquelcs que a prtlcluzem e segundtl
cla Inglaterra vitoriana. Trata-se de um imperialismo com nítida
6 gsstt-l clos que a consomem. A colonizaçittl cltt opiniiro pública deve
natureztr totalitária. Os manipultrdrlres flzeram um esfbrço real para
melhor se dissimuletr. O papel da idcologia tornou-se maii importan-
tci et'citos securizantes para tls primeirtls c angustiantes para tls
últimos. A única ctlisa quc realmente importa é a segurança dtls
te: a cr-rnquista e o contrclle dos corpos agora passa pekl dominio das
abasLaclgs; gs fracr-ls nãro tôm valor algum: ltlgt-r. os rict-rs ptldem disptlr
inteligências e «Jas vontades, e vice-versa. Estamos diantc de um
deles c continá-los à tlrla da humaniclade.
l'enômeno novo: o pun-inqtcriulismo, no qual a engenharia das almas
Assim, tts prtljetos de liberalização do abtlrto não passam da
trlrna-se tão imprlrtante quanto a dcls corpos.
parte visível cle um it:eberS4 que encerra muittls perigtls.
170 171
U
.},
)§/II
o aborto: perguntas e respostas
(l) A respeito da dcnrocracia c cla "regra dc ouro ver pp. 99s., n. 19; I l0: 192 e çt
cap. IV
(2) Of. P. -§9, n.4"
t73
() All()l{'l'(): ASl'»l:( "1'( )S l'()l.l'l'l('( )S () Alt( )lt'l'( ): l'lrl{( it lN'l'AS l'. l{l:Sl'()S'l'AS
da criança nãtl-nas-
descle o começo da vida. Este princípio síl potlcrii scr violirtlo L:nl cirso t.0nse:9uônciir clc um dircittl ttntcritlr, intrlicnável,
dessa dit'cito que suscita e justifica uma sançãtl
de necessidade conÍbrmc as condiçíres tlct'inidus llclrr prcscntc lci." I
Í: it vittlrtçrio
citlir.
É justamente porque tr criança conccbida ú um scr humano (pr(' ;lctritl' I
l., srr.i.rlarle- as pessoas
b) Em ttltla stlcieclade, prectsan n saber o que favorece
o seu nascimento não é desejado. Sabc-se quc () scr quc sc irnunr:irr
é um obstáculo à
em breve será um bebê, depois um adolesccnte e mais turclc utrr c () quc ohsttrculizA a convivência. A desonestidade
mesm.-, deve ser
adulto. E porclrrt está clestinaclo a ser um bebê, um atlolcsccntc c unl vid. sgciul pgsitiva: também é tl caso do estuprtl' O
não ptlde se tletender'
adult«r que o eliminam. tlito rlo ttssitssinattl, sobretudo quandcl a vítima
,,-,nr.grr" impedir o ttnn*gtessãtl; ela a sanciclna' Numa
A lci ni,,-,
atenuantes dcl
3»A mulher nfut é tlona de seu corpo? s.ciccltrd" .t"m,r""rática, ptldc haver circunstâncias
-J irssrrssinut1.1 eu do estupro, mas ninguóm
tem tl dit'cito de estuprar,
Salvo nas regi(res onde ainda existe a escravidãro, nenhunt scr pode ser considerado um
pcm tlc matar um intlcente. O abt'rrtt-r nãcl
,humano pode tornar-se propriedade de outro. Ora, a criança não-nrrs- rlirei.tt»da mulher. Nãtl é porque a leitliz
q'ó u estupro e o assassinattl
cicla não é um órgão cle sutr mãrc; ó um ser único, distinto, com suir crimes .u
individualiclatle gõnética pr(rpria. Essc ser úni«r scguirá/uma cvolu-
sii. crimes ou delitos que essas ações tlcli.sas se lornutrz
.i"ít-rr. ã p.r.qu" essas ações srTo õdi.sas que a lei
as pune.-s
ção original, sem soluçiro de conl.inuidacle. A mulher não poc'lc clispor
da existência tlessc scr como. numa deLcrminacla épocit, o potu' -)
não deve ser considerada uma etapa
familiu^t romano dispunha clc scus lilhos.a Dondc decorre um aspcc- |' »)A liberalização do aborto rumo a suü liberta'
tt-l que devc scr previamente: csclarecido: é prcciso strbe r rumo a quc iláportante naiorrgo caminhada das mulheres
sooieclade queremos caminhar, que sociedade queremos promovcr. ção?
Queremos Llma sociedade quc trccllha todo ser humano, nssim que suir vítímas dtl
a) Junto com us crianças nãtl-nasciclas, as grandes
presença puder ser cliscernida. ou uma sociedadc quc rcstaure o e nat alma; os grandcs
aborto são as mulheres, maúucadas no corpo
privilégio ckrs mestres e até sua prerrogativa dc dispor da vida ckr c os que tiram. prgvcittl
bcne[iciárrios dtls abtlrttls sãtt"l t'ls htlmcns
u
outro? Este último tipo de socieclade teria bases muito clit'erentes das
t'inanceir() ou rtutro clesstts tlperaçõcs.6
A rcivinc'licaçirtl dcl abtlrttl
que inspiram as socieclades democrírticas, pois admitiria que todos os oviclencia de maneira
liheralizado, ou mesmo simpiesmónt" livre,
sercs humanos não são igualmentc respeitírveis. nossa st-lcieclade'
clramírtica as tenclências talclcráticas cle
b)Essareivindicaçãomostra,umavezmais,quetrlgumasmu-
4) A lei que pune o ahorto é odiosa para a mulher e ignora r§ezs dos htlmens que usam de
lheres p.dem tornar-seiúmplices objetivas
clireitos. tcldas as manhas para as expltlrar. De
fattl, é ptlr um espantoscl
a essa reivindicação'
a) As leis que reprimem o aborto não cclntcstam, de moclo paradoxt, qr* nigu*n, mulheros se asstlciam
sexo é aprescntada pt-lr htlmens
algum, os clireitr'rs cla mulher, mas ressaltam o clircito cla criança p.is a pretensa ínnrng"* cle seu
concebida à vicla, direito hq" escamotcaclo. O que essas leis afirmam zelosr-rs em manter iÃiclitlsamente su?l própria e clesprctlcupada
é que ninguém podc dispor cJa vida cle um inocente. Essas leis dttminaçáo nas rclaçCles sexuais'
uma regressoo
simplesmentc aplicam o princípio geral caracl"erístico clcr toda socie- c) A liberaliza(ãro clo abtlrttl assinala, ptlrtanttl'
pclo recr-lnhecimenttl cle sutt
clade democrírtica: igualdadc tle clireitcls rJe todos os scrcs humanos grave na pacientc pàcura clas mulhercs
quanLo à vicla" Assim scndo. o carátcr penal clcssas lcis não é scniur a dignidade.
(3) {lf. pp.4tt: 53, (5) Of. pp. 34ss; 45s.; ti(r'
(4) (lf. p. -52. (6) (lt. p. 42,n.8.
t75
t74
() AI]()lt'l'(): ÂSl'l:( "l'()S l')()l.l'l'l('()S ()Alt()tt'l'():l'l:lt(itlN'l'ASl:RIrSl'!()S'l'AS
t'7'7
176
( ) AIt( )lt'l'( ): ASI)l:( 'l'( )S l'}( )l ,l'l'l( '( )S ( ) AI]()l{'l'(): l'lil{(itlN'l'AS ll lttlSl'()S'l'AS
9) Portanto, promover a mulher na xtcietlode implica prevenir (, I I ) Na rlemtrcracia, é a maioria que decide; portanto, o parlamenttt
ahorto? yxle mutlar a lei"
É a mulhcr a primciru u rcc«lnhecsr cm suil carnc a prcscnçir tlc N16 ó cxatg quc it democracia seja tJetinida essencialmente pelet
um n()vo scr humuno. E a primcira a scr chamacla a trcolhô-lo livrc- irlllicuçíur mccânicà. t"gn da rcgra da maioria. De [attl, há outra coisa
mentc. É a primciru a propor que out«rs tambóm o acolham." ttnteri.or a() uso clessa regra; é que a democracia define-se primeiro
rJe ttldo tl corPo social a respeitcl dcr
Logo, promover a dignicladc clu mulher também é rcvakrrizar Ix)r um t:onselln fundomental
o papcl insubstituível da mirc na socicdaclc. Em vcz clc culpabiliza r ils rtireitrt rla rodo ltomcm o vit,er utm dignidode. E este o rlireito que tem
quc tôm filhos, ou pcrdcr-sc cm cliscuss(les bizantinas sobre a exis- dc ser pr6m6vidr-l e pr6tegiclo. Ptlr ct-lnseguinte, é a necessidade de
do legislador das ações
tência ou niur clo instinl.o mtrtcrno, ó preciso criar contliçõcs nas quais llrotegô-lo que justitica a re prcssão por parte
as mulhcrcs tcnhum re almcntc a possibilidaclc dc scrcm mães, mcsmo aus iÀaluítlucls que se arrogam () "dircito" cle dispor da vida, da
II
se nãto quiscrem ou niro puclercm rcnunciar Íl suas prolissõcs. liberclade ttu dos bens de tlutrtl.
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17()
178
( ) All( )l{'l'(): ASI'11( "1'()S l,()l.l'l'l('()S ( ) All( )lt'l'(): l'lrl{( it lN'l'AS lr ltllSl'()S'l'AS
--\
141 t16 que os ahortos existem, não seria melhor legaliz.eí-kx, - Pclir constirtuçãro do cl-cito du lci sobre its taxas clc natalidatle. quc
'transÍormantkt-os cuíram alltis a legalizttçãttl.
em ato métlico, para que se.jam,fbitos ,rem hoas
condições"? b) A expcriôncia l'runccsa aro laclo cla clos outros paíscs tlndc
o ahorto liri libcrtrlizado -
m(xtra quc a lei Veil-Pelletier nao pôs
Um ato médictl não sc clcfine pclo uso clc instrumentos, mccli- -
tcrmo aos abortos pudicamcnte chamudos dc "não-rccenscadt)s".
camenttls, insttrlaçõcs hospitalurcs, ncm pela aplicaçao clc co-
Scgunclo algumas cstimativas, estcs scriam inclusivc aprttximacla-
nhccimcntos ttu técnicas. ncm sequcr ncccssariamcntc pclo diploma
mcntc titct numerosos quanttt tts aborttls computadcls. Qucr dizcr, t-l
univcrsitáritl cltrquclc quc o realiza. O ato móclico clctinc-sc por uma númcro nãur climinuiu. A instalação dc umA mcntalidade abortivtr
finalicladc: salvar a vida. mclhorar a saúdc. o transeuntc quc lirz incita incvitavelmcntc as mulhcres a rcoorrercm ao abtlrttt por mo-
rcspiraçãro trrtiÍlcirtl num trlilgaclo realiza um ato móclicg. O móclic6 tivt'rs c cm momcntos não prcvistos pcla lei. Portanttl, clandestina-
quc ctlltrbtlra com a tttrturu não cxccuta um ato módico. O lzrto clo mcntc t: "cm más cttndiçt1es".lí'
ctlrrasc() scr suhstituídtt pckt méclico não basta para clar a um suplícict
a qualidzrclc clc ato médico. 16)) Mas o que tliz.em os partidários tkt ahorto a respeito das
Da mesma mancira, tt l'ato dc o ahorto scr rcalizaclo por I .. ^
unr cuíseqüências de mográlicas dessa prática?
médictl, c com técnictrs apcrÍ-ciçr'raclas, não basta para lazcr clo ahorLo 4
Fazem dois cliscursos ctlntraclitílritts:
um attl módictt.14 D,t maça h bomha clc nôutrons, os homcns I'izcram
tr) Anta,t cla legalizuçao do uborto. clizcm quc cstc ó ncccssáritl
I
"progrcss()s" contínutls na rtrtc dc maLar os semclhantcs "cm boAs
"para controltrr a expkrsho dcmográl'ica", ptlis acrcscen[is111 i1
ctrndiç(lcs". Em 1941, os módicos SS dc Auschwitz Í'clicitavam-sc por
conlraccpçãro ó insuliciente"
- -
lcr "humanizadtt" tt cxtermínio cm scus campos dc conccntraçiro: b) Após a lcgalizacão, dizcm quc cstu nãto tcm cteito demtlgrír-
haviam substituído o montixiclo dc carhono por um gás àr basc dc fico notávcl, c quc não se sabe a quc atribuir a qucda da nataliclitcle.
ciancl.tl. Os cstupros c ttssassinutos são scmprc Í'citos cm más concli-
çtlcs (atl mcnos pilra as vítimas). Acaso serão organizaclos centros 17) Será que os .juíz.es não terão poder para .fazer com que seia
tlnclc cstuprtls c itssttssinatos possam scr pratictrclt)s cm "hoas" con- respeitatla uma lei que liberaliz,e o ahorto?
clicocs (para scus uut.rcs), s.b supcrvisã. mótlica'?ls
i Como a cxperiência mostra, tr aplicaçãro clc loi é praticttmente
i
inconÍrolár,el;17 doncle a ncccssicladc dc mantcr uma legislaçiro pre-
I5) O,fato é que exisÍem ahortos clantlestittos. Então não serri
ventiva, dissuasiva c mcsmtt rcprcssivit.
melhor legaliz.ar o ahortut para reduz,ir seu número?
- Prevenllya, pois ó prcciso prevenir uma agressãttt irrcparávcl
a) E inclubitável quc o númcro clc abortos clandestinos loi contra umu vitla humana cxposta ir ser climinacla peltts mais lortcs.
aumentadtl para susciLar o mcdo c conseguir a mudança da lei. Como - Dissuasiva, pois é preciso dissuadir a mãe cle tttmar a decisão
sabemos'/ cle abortur, c oIercccr-lhe soluçrics altcrnativits, cficttzcs c caltlrostls"
- Pt-lr declaraçõcs dc módicos quc praticrlram abortos. B. Nathanson, - Repressiua, pois, numa socicc-laclc democráticu, tudtt quc aten-
por cxcmpltl, csLima que o númcro de abortos clanclestinos nos Lc contra a lihcrdadc do outro, e com mais razÁo cttntra sua vida.
EUA toi multiplicado por 10! clcvc scr coibiclo, levanckr cm contA, cvcntualmcntc. circunstâncitts
atcnuantcs.
(14) of. 11.1'l{l:MI}l.AY, "Narure cr crcfinition cle I'acrc mcclical,' in Lais"saz-les
l,iure. ['aris, LethicllcLrx. 197-5, pp. 333-33(r. (16) (ll'. pp" l7s.
( 1.5) ()bservaçãro sr.rgcrida 1"rclo I)r. .1.C. WII_l,KI:. (t7) lbidem.
ltto It{l
( ) Ali( )l{'l'( ): ASl,la( "1( )S l,( )l ,l.l,l( ,(
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il tilnil s()luçã() tlcscsllcrarla, lazcncl()-as crlrrcgaI sozir]hitti () l)cri(), ()u, rnlrlthusi.los 1t'irmtrm que há clisplridtrdc cntrc il progrcs-
1) Os
ck-rs rccursos
it() c()ntrárrio, clL:vc procurar trjuclá-Ias'/22 srrtr gc,rrtétrít:rt d. p.pultrçãr. c a pr()grcssir. oritntétit:n
cltl clircittl
b) O quc ó trágico ó t1uc. cm dctcrminaclos ambie ntcs. u criarlçir trlinrcnt.rcs. Os neimult.lutsíonos combinam csttt tesc com tl
tcscs siro dil'uncliclas
é rcbuixtrda àr concliçiur clc objcto dc consumo: quercm um l-ilho parlr .r() prilzcr scxual scm risco clc procriuçãro. Ambas tts
tcr prazct. É atrmr') um vidct'rursscte ou um carro: sc "aquikr" agrada, n6 muntltt it'ttcirtl pcltls intercssticltls nclas, tlu sciit.6s rictls'
c()mpra-sc; st: não, abrlrtu-sc. b) A pobrcza nãtl é uma fatalidlclc, tt ftlmc tamlltluctl' Os
No cntitnto, Ír criança porLackrrtr tlc mallilrmtrção ó mcmbro cxccdcntcs alimentitrcs, por cxcmllltl, nunctr lilrtrm tittl vtllumosos'
pleno dir espócic humanal mcrccc vivcr como quulqucr sr: r humano. mas são mal clistribuícltls. com() mal clistribuícltls sãttl'
ptlr cxcmpltl' tls
à hiqicnc' à regulaçãtl
Se tirr climintrdo por cilusa clc sutr mallirrmação. serão tamhém climina- conhccimenttls rclativt'rs t) agricultura. à saúclc,
clos os que nao tôm a crlr cle pclc ou o scxo cspcructls. Em sumir, niul ó clt-ls nttscimenttls ctc.2a O quc tls pobres cspcram
é aiuda partl
natural
sair da misória, c nã() a possibiliclaclc clc permilncccr nclit.
a criunça clcl'icicntc quc niul ó dcscjada: é a suu dcllciência. acompa-
c) Tomcmt)s o cxcmplo clos tntmgilóirles. Com que clircito nhacla cltt "ot'crccimcntt)" dc itbtlrttls c cstcrilizaçílcs'
alguórn vai dcciclir quc scrão inlclizcsJ Sc pcrguntásscmr)s aos ptris, c) Os rict-rs p()ssucm uma misteritlsa engcnhtlca chamada eude'
a csmaguckrra maioria clclcs cliria quc scus filhos satl crianças Í'clizcs; mômcfrrt, trparelho cluc mccliria tr t'clicidade; esttr -apreciaçãto
ó' ntt
passam a() ltrrgo clo quc constitui um problema pura as pcssoas vcrcladc, buscadtr nrrs cstutísticas rclativas a rcncla.25 A partir clztí' tls
têm baixtr
"normuis"! E mais: u mirittria clcsscs piris sc cliz l'cliz com cssc I'ilho. ricos cstimtrm quc a vidtt cltls ptlbrcs nãttl tcm scntitltl, lltlis
do quul quilsc scmprc os irmhos c irmãs cuidum. Hár inclusive casos renda; pttrtanttl. ó prccistl impeclir tls ptlbrcs de te rcm l'ilhtls'
A vidtr
prazcr' Assim'
cm quc cssc Í'ilht) rcrrpr()ximou casuis abalackrs. clos pohres vulcria a penll sc cstcs tivcsscm acesso ?lo
dc
d) Esta qucstiur tambóm ó convcrgcntc com as unteriorcs, pois são-lhcs rccomcntlatlos tl abtlrttl c a cs1crilizttçãttl, stlb tl prctexttl
coloctr ir scguintc porgunttr: o quc trlrna uma cxistôncia di1inu rlo quc seriam mcnos pttbrcs c teriam itCcSSo lto prilzer.
ltotttcttt'J Scm clúvicla, há cusos trágicos c viclas cujrl significado ó dilícil
clc clisccrnir, ckl ponto dc vista humano. Mas niro ó muito prcsunçoso 25) Serít que não paira unta terrível arneaça sohre a lrumanitlade
cleclarar quc. pckr l'irto dc niur o vcrmos, cssc signiÍ'icirclo ó incxistcn- rt a explosão demogrQfica fut Terceiro Mundo?
te'/ Não se tr:rtirria clc umir opção intclectual e moral que nãul podc -
justificar-se racit'rnulmcntc ató o l'im'] Além clisLt-r, ondc scrÍr situackl A pessotrs niul são pobres p()r sercm numcrosas demais; sãtl
a na-
numcr()sas tlemaiS p()rquc sãtl pttt'rres. Ctlntcr cncrgicamcntc
o limiar a partir do qual uma cxistência é incligna ckr homcm? Na
talidacle ng intuito cle pôr tcrmtl à ptlbrcza é trbtlt'tar tl prtlhlcmtr atl
França, uma mulhcr loi aconsclhadu tr abortar p()rquc tr criança cluc que
tinhir no vcntrc corriu o risco clc scr cstóril!23 contrário. A ptlbrcza sempre é avaliacla a partir cla capitcidaclc
tem . h.mem «lc l'azer t'rcnte a scu ambiontc: uma naçirtl é ptlbrc
porque nãt'r ctlnscgue alimcntttr sua ptlpultrçãtl' ly'sslc' sentitlo'
ó' tr
24) Ao menos unt quinto dos homens vive nunta situação tle
pohrez,a ahsoluta, etn atndições infta-humanas, intlignas clo ho- pobicza quc ó causa clc superpopulaçãro, c nit() o invcrso; a superpo-
situaçãtl
pulação é somprc rclttlit;u-a uma situaçãtl clada'Z(' Ora' csta
ment. Nao seria melhor impedir e.rsÍzs pessoas tle terem.filhos, ent
seu próprio intere,ss'e e no tle suas.lanúlias /
(21) .,por excmplo, os trahulhos cle lx)slll{l.lP. llll-l.lN(is etc'
(:.f
j rt'r.'ltc Hrttnan
iZS Sfrni.n I-. (IAMI' nã. hesirou cnl cclitilr unl Joltter quc cxp(re
(22) Ycrohelolivroclc.lórôntcl-l:.lltl.lNIrc(icncvicvcl'()t,l-l-()'l'.Matarnite,çuns '- ' Stlffering tnrtr^. purblictrclo cnr Wtrshington pclo Popr'rltttitln
Orisis Conlnlittcc,
gli(r.
.fiontiàrcs, l'uris. ll.d. V.,,\.1-., I l9tt7.
(23) Vcr oLrtro cxcnrpltl pp. .5()s., n. 9. (2(r) (lf. Oap. XIV.
t87
186
( ) z\lt( )l{'l'( ): ASI»lr( ' l'( )S ,(
l»( )l .l'l'l( )S ( ) Alt()l<'l'(): l'lllt(;t IN'l'AS Il I{llSl'()S'l'AS
lx)dc sct' t'tlodiJ'it:urlu pcla intcrucnçtlo clo homcm. tlcsrlc quc hljir cla cutrrnrisia ó l'unclirmcntulmcntc a mcsma quc a dos particlários clo
vontadc moral c política.
aborto. Ambos considcram quc minhu vidu c u clos outros s(t tôm
Isttl nãtl signilica quc os problcmtrs clcmográ[icos scjlm incxis-
scnticlo no pritzcr. Sc o outro c()nstitui um obstácukl u mcu gozo, sc
tentcs: aqui há cleclínio, llt há crescimento. As autoriclaúcs clcvcm.
ptlrtanttl. prcocupelr-se com o problema, mAS sua intcrvcnção tcm clc clc mc ó inútil, p()sso climiná-lo; sc o outro nao potlc vivcr umu viclu
respcitar «ls dircittts ['undamcntais clo homem, nãrt-r podcndo scr Í'cit. clc pmzcr, suzr vicla poclc scr climinacla. Esta últimu ohscruacão
por querlclucr mcir) ncm a qualclucr prcço. mostra quc há uma ligaciul rctrl cntrc u e ugcnia hojc chamitclit dc
ortol4eni.st't1o
-
c u cutunírsia: qucr sc trtttc dc uma critrnçu ou clc um
26) o au.tor qlirma que se -
clrrcntc, suu cxistônciu sti é aclmissívcl sc clcr prazcr.
passa com .facilidade do ahorto à
eutantísia. Mas, apesar de tudo, não se trata de prohlemas muito Vô-sc, ussim, quc umu sociccluclc hcclttnistit, quer clizcr, que
diferentes? maximizrr a procura clo prazer, Iatalmcntc clcgcncrit numa sttcicdadc
cle violôncia c mortc.
tl) É prccistl constatrtr um l'ato: nos paíscs em quc o abrlrtg Íili
-lcgaliztrcltl, rapidamcntc surgcm prcljctos ou propostas tle leivisancll 2S) A prática tlo ahorto não vai motlilicar a imagem da medicina?
a auttlrizar a cutttntisia. Alóm disto, ntrc os quc militam a Íavor cla
e
cutanásia cncontrilm-st: pcsso?rs quc militÍlram pclo abgrtg.27 A logtrlizaçiro c a "me(licalização" clo ahorto cliro início a umir
2')
b) Sabc-sc r.ambém quc, paril lcgalizur o a'borro, quasc scm[)rc mucltrnçtr rtrclical na c()nccpçãtl cltt móclictt c cla mcclicintt.
sc comcçtt vitlltrncltl a lci c clcsalitrndo os juízes no intuiio r/c O méclico que clcrivu parÍr a libcralizucão do uborto prtdc tcr u
muclar ir
lci- Esta tírtictr dtl tirttt consumactl sc rcpetc no urso clu cutanírsia: imprcssirrt tlc cstur scruinclo il sua pacicntc. No cntttnto, cahc intcr-
primcirtl ó práticada para clcpois scr lcgaliztrtla. O proccsso c-lc lcga- rogar-nos sobrc sua itLituclc.
liztrçao scguc um csqucmtt tcstaclo. PriÃciro timidrimcntc cxprcss2s, - Será quc cssc módico ainclir cstá inconclicionalmcnte u se ruiçtl clit
combtrticlits, pcrtliclits clc vistrt. cssÍls proposLas dcpois voltam à rup"r- vicla dcsclc suir origcm'? Nãro csttrrá cxcrccnclo sutr artc a scrviço clits
t.í9ie com implacávcl insistôncia. Acahirm clomesticanclo a spinião convcniônciirs rlos rnrti..; J'rtrÍa,r? Não cstarti sitcril'icancltl a titis
púhlica na cspcrança cle vcnccr as rcticôncias do lcgislackrr.zs intercsscs a cxistôncia tltt mtris [ractt'/ 30
c) A histtiritr ctlntcmporânca tambóm nos mostra quc 9s parti- - O móclico niro corrc o risco clc cxcrccr sua itrtc uo sabor rlits
cliiritls cltt eutanírsia às vt:zcs utilizaram outrr-l pcrcurso para aiingir convcniôncius do Estad() ou dc grullos clominttntcs'/ Nito sc ltlrntt
seus ohjetivos- A Alcmanhtr nazista, por cxempkr, rcgulamentaru um nlcr('anririo prc()cupaclo niro cm protcgcr a vitlir c at saúclc. ntits
tl
abtlrttl: cla tl Iacilitavil para as raças clitas impuras c o dificultava para cm scrvir a um prttrtto, nittl it um cltte ntc'l3l
a raça ttriana. O que prcpitrou os espíritos para admitir a euLlnásia
- Subc-sc quc hojc cxistcm módicos quc pnrticam a cstcrilizttçiur, o
liri s.brctudo a cstcrilizaçã. cm grancl" abrtrto, a tortura c ?l cutanásiit ativit. Nito cstarcmos assistindtl tt
"r.iln. umtr muclançÍt quoli.trtti.r,í1 csscncial na reluçuo ntédico-1trtc:ienÍ.a'!32
27) Mesmo tentlo de reatnlrccer que a legaliz,açao da aborto ahre
caminho para a tla eutaná,sia, não se trata, apesar de tuclo, de
- Muito mais, cstuclos puhlicirdos rcccntcmcntc mostram quc detcr-
minrrdos móclicos tôm o pro.icto clc associrlr-sc rro ltotlcr, particiltar
pruhlentas muito tlifbràntes ? clele c inclusivc assegurirr umil "gcstito cstatizaclu cltt vitlir". Quctn
A ctlnccpçãtl cla vicla humanu na quul sc inspiram os del'ensores
(2e) (ll. oap. III.
(3()) (lÍ. p. -t2.
{27) Of'. pp.43; ()6; l6t).
(2u) Of" pp. 16s.: .57; Oap. VIIt"
(31) (ll. pp.3ess
(32) oÍ. p" "l l.
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( ) AIt( )l<'l'( ): ASI'l:( "l'( )S l'}( )l .l'l'l('( )S
il[)cllils sc rccustl a vcr c rcconhcccr o mal quc litz. com() dcclirrir rltrc
o mttl ó bcm pitra clc. O pcrdão quc Dcus olcrccc tro homcrn I'ica.
ttssim, scm objcttt. Destc moclo, ccganckr tr si mcsmo sohrc scu crr(), Bibliografia
tl htlme m sc I'ccha ir salvaçu() quc Dcus lhe ol'crccc. Talvcz scja isto
o pccaclo contra o Espírito.
Ptlr suit vittlôncia, as campanhas pckl aborto e a e utanÍrsizr visam I
c irtingcm o homcm. mits visum igualmcnLc Dcus.
Generalidades
34) Além tlas raz.ões que acaham tle ser enunciadas, há motivrts
particulares que levam os cristãos o se oporem ao ahorto?
A presente bibliografía relativa ao aborto retoma e completa a citada
A mttrtrl cristã aclcrc scm rescruas ir "rcgrA clc ouro" cla moral ao longo do livro.
univcrsirl: "Não I'az aos outnrs () quc nãro clucrcs quc tc facam."
Alóm clisto. o cristão nao sc pcr[unta qut:m ó cligno clc scr scu AneULo, L., Les trois menaces à la societé contemporairze, Hull
prtiximo; pcrgunta-sc como clc mcsmo podc lornor-.\e o próximo clc
(Quebéc),Ed.Mouvement Vivere, 1986 (sobre o aborto, cf. pp.
rrutrrr (cÍ'. Lc 10,25-37).
3s-62).
Ptlr fim, tt cristiut crô que as lilrças do mtrl cstiur trgindo no
muncltl, c quc [iti purtr c-lclas salvar toclos os homcns quc Jesus veit'r ir
BeL, R. Quetques élements de la situation en Angletete depuis la
tcrra. Essas litrçits, importanLcs paru clcstruir Dcus, qut:rcm clcstruir
tibéralisation de l'avortement (1967), (estudo mimeografado), 10
tl htlmcm, quc ó Suir imagcm vivir do c()meço uo fim cla vicla. Para o p., s. 1.,119761.
crisLãtl, ttlcltts tls httmcns rccchcram il cxistênciir clo mcsmo Dcus, c
ó ptlr isttl tluc sirtt irmãos. Por conscguintc, toclo homcm clcvc scr nãro
BERcrn, H. Rapport d'information fait au nom de la Commission des
apcnas rcsl;citaclo como tambóm amaclo. p()rque cxprimc algo da
Affaires culturelles, familiales et sociales, sur le problàme de l'
htrnclaclc c cla hclcza tlc Dcus, c porquc cstá clestinarlo à vicla cterna.
intemtption volontaire de la grossesse, Document n" 930 de I'As-
semblée Nationale, Annexe au procês-verbal de la séance du 25
janvier 1974, Paris, 1,974.
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rets ' @2 | )273-9498 - 273-944 - As ilustrações são de dois artisttts brusiltinx:
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