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PROVA SUBSTITUTIVA DE HISTÓRIA MEDIEVAL

A Alta Idade Média pode ser caracterizada pelo processo de enraizamento e lenta
afirmação da Igreja cristã nas sociedades mediterrânicas. Com base na aula 5 e no
texto de Blockmans e Hoppenbrouwers (2012), discuta os fatores que contribuíram
para esse processo. (0-2,5 pontos)

Para Blackmans e Hoppenbrouwers (2012, p.67) “A antiguidade tardia


foi um período de grande efervescência religiosa”. Uma boa nova estava
surgindo, uma mensagem de salvação individual e uma ideia de ressurreição
após a morte eram apregoadas nesse primeiro período da Alta Idade Média.
Como diz Blackmans e Hoppenbrouwers (2012, p. 67) “Essa mensagem era —
e é — essencial para a religião cristã.”

Segundo os autores Blackmans e Hoppenbrouwers (2012, p. 67), “o


Cristianismo diferenciou-se muito das demais religiões devido ao seu apelo
universal e aos seus princípios éticos”. Devido ao apelo “universal” a igreja
estava aberta em especial aos “membros mais fracos da sociedade, dos quais
nada se poderia esperar em retorno” (2012, p. 67). Mas os autores falam sobre
um tempo que a igreja “deteve um exclusivismo e uma distinção” ao ponto de
não tolerar “outros cultos em relação aos escravos e mulheres” (2012, p. 67).

“Isso não altera que no final do império a opinião pública visse com
admiração o forte sentimento de solidariedade da comunidade cristã. Isso
fortalecia o sentimento de superioridade moral entre cristãos, dando-lhes força
e resolução na época das perseguições.” (Blackmans e Hoppenbrouwers,
2012, p. 67)

Aquela que fora perseguida tornou-se a perseguidora depois que o


cristianismo foi oficialmente permitido em 311 com a “conversão” do Imperador
Constantino. Como ressaltam os autores, o Imperador era um cristão
katechumen, um cristão em preparação. Em 379-395 o Cristianismo torna-se a
religião oficial do Estado no reinado de Teodósio I. Agora sendo uma religião
do Estado oficialmente, cresceu rapidamente no império romano.

E nesse processo efervescente tinha seu aspecto negativo. Como


Blackmans e Hoppenbrouwers nos dizem, esse processo a igreja tornar-se
intolerante.
“A seita antes suspeita, fechada, regularmente perseguida surgiu no século IV
como um movimento agressivo e triunfante, com um lado militante e uma
crescente intolerância em relação às outras crenças.” (2012, p. 69)

E por causa dessa intolerância no ano 400 temos a morte do filósofo


Hypatia de Alexandria que foi morto apedrejado por cristãos em razão da sua
“heresia”. Blackmans e Hoppenbrouwers falam do sucesso do Cristianismo que
se fortalece por três fatores:

O primeiro fato: O papel de liderança que o imperador e o bispo de


Roma disputavam.

“[...] No mundo cristão latino na Idade Média a ideia teocrática de


autoridade era subjacente a *três percepções diferentes* sobre a relação do
poder terreno e da autoridade espiritual.” (Blackmans e Hoppenbrouwers, 2012,
p. 70, grifo nosso).

A primeira percepção é a “cesaripapista” na qual o imperador detinha


poder político e religioso; segunda, “hierocrática” segundo a qual o papa era a
suprema autoridade espiritual na terra; a terceira e última, “conciliatória”, devido
ao dualismo a autoridade secular e espiritual eram autônomas.

Os imperadores eram líderes inquestionáveis da igreja cristã. “Eles não


pensavam serem pessoas comuns, mundanas, *e sim seres sagrados,
extensões terrenas do rei divino no céu.”* (2012, p.70, grifo nosso)

Para esses líderes não havia só o dever de cuidado com seu povo, mas
preservar a doutrina cristã. Com isso podemos ver vários conflitos entre papas
e imperadores pelo poder tanto político como religioso. Blackmans e
Hoppenbrouwers, falam sobre três questões incisivas para esses conflitos:

“Primeiro, a usurpação bizantina de um grande território da Igreja


romana no sul da Itália e na Sicília; segundo, a preferência de alguns
imperadores teimosos pelo iconoclasmo, uma heresia ultrajante (ver p. 83-85)
aos olhos dos papas; e terceiro, a ameaça aos interesses da Igreja de Roma
na região central da Itália pelos lombardos, contra os quais o imperador não
podia oferecer uma proteção suficiente. Por todos esses motivos os papas
foram procurar um novo aliado e protetor, e o encontraram em torno do ano
750 nos francos.” (2012, p. 71, grifo nosso).

O segundo fato: O rápido enriquecimento da igreja.

O sucesso da igreja deu-se também por “imensa riqueza” posteriormente


à “conversão” de Constantino. Segundo Blackmans e Hoppenbrouwers (2012,
p. 72): “No Império Bizantino a Igreja era talvez mais rica que o Estado no início
do século VI.”

O enriquecimento da igreja deu-se por presentes acumulados dos


imperadores; por invasão dos suntuários pagãos; por pessoas ricas que
acreditavam que ao fazerem doações à igreja teriam vida eterna; e os dízimos,
que era um tipo de imposto cobrado, etc. “Ao mencionar a riqueza da Igreja é
preciso lembrar que a Igreja católica era uma espécie de associação de fiéis
que *não tinha um depositário central.”* (2012, p. 72 grifo nosso).

A igreja não tinha um banco, tudo que ela detinha estava nas “mãos de
instituições divididas que constituíam a igreja, como bispados, paróquias,
mosteiros e assim por diante.”

O terceiro fato: Sua rigorosa organização em bispos integradas nas unidades


básicas do governo.

Segundo Blackmans e Hoppenbrouwers: “Já na Antiguidade tardia a


Igreja cristã tinha uma organização excelente e assim continuaria durante a
baixa Idade Média, quando a administração pública reduziu-se de tal modo que
praticamente não fornecia pontos de referência além das referências locais.
Isso proporcionou à Igreja uma vantagem comparativa que não deve ser
subestimada.” (2012, p. 74).

A igreja prezava pela organização e essa estrutura eclesiástica


possibilitava ter domínio sobre vários grupos. Ressaltam os autores:

“Os bispos foram sem dúvida o pivô da evolução da organização da


Igreja. Sua jurisdição chamava-se "diocese" ou "paróquia". Na Antiguidade
tardia, os limites de uma diocese coincidiam com os limites dos civitas, a
unidade básica da administração civil romana, que eram um centro urbano com
um distrito (rural) ao redor.” (2012, p. 77).
“Com sua grande autoridade, os bispos exerceram um papel-chave na
transição da Antiguidade para a Idade Média em dois aspectos. *Eles
representavam a Igreja cristã* e seus valores em um nível local e regional,
assim *como prestavam uma importante contribuição para a
administração pública secular”* (2012, p. 77, grifo nosso). Com esses três
fatores a igreja enraizou-se nas sociedades mediterrânicas, tendo poder e
prestígio.
Tendo como base os textos das aulas 13 e 15, caracterize o crescimento
acentuado da Europa cristã entre os séculos XI e XIII. (0-2,5 pontos)
O crescimento acelerado da Europa cristã nos séculos XI e XIII se teu
por vários motivos, em primeiro lugar, as melhorias técnicas: podemos
observar que essas inovações para o trabalhar da terra foram de grande valia
para o avanço na produção rural, por exemplo os agricultores que cultivavam
turfa em regiões acima do mar se utilizavam de recursos hídricos “começando
com a escavação de canais e a construção de diques, eclusas e moinhos de
vento, a fim de escoar a água dos terrenos de turfa para os canais mais altos.”
(2012, P. 175).

Outra forma de inovação foi a utilização da força ou tração animal, com o


uso de cavalos em vez de bois, como afirmam os autores “as vantagens dos
cavalos eram evidentes; eles eram mais fáceis de controlar, mais rápidos que
os bois e tinham uma força de tração maior.” (2012, p. 173).

E à utilização de instrumentos de ferros (uma vez que os instrumentos


para arar a terra eram de madeira) como o arado de aiveca era mais
sofisticado que o arado de madeira “As peças de ferro mais pesadas e
ajustáveis permitiam lavrar solos pesados e instáveis em diferentes
profundidades (2012, p.172), é bom lembrar que “no período carolíngio apenas
grandes propriedades rurais possuíam alguns utensílios de ferro.” (2012, p.
174).

Temos também o uso de adubo animal, quando uma parte da terra era
usada e essa terra ficava improdutiva se tornava pasto para o gado, “a fim de
comer as ervas daninhas e produzir adubo.” (2012, p. 171).

E algo inovador era o que os autores chamam sistema de três campos


“nesse sistema só um terço da fazenda não era cultivado; um cereal que
produz no inverno (centeio ou trigo) crescia em outro terço e um cereal de
verão (cevada ou aveia) ou legumes na parte restante. Com um sistema de
rotatividade anual uma terceira área diferente da terra não era cultivada todos
os anos. Depois da colheita o restolho transformava-se em pasto.” (2012, p.
171). “Este talvez tenha sido, segundo Charles Parain, “a maior inovação
agrícola da Idade Média” (Cambridge: I, 136). Realmente, ao se dividir a área
cultivável em três partes, não só se ampliava a extensão efetivamente
produtiva (66% contra 50% no bienal) como ainda se tinha a segurança de
duas colheitas anuais.” (FRANCO JR, 2001, p. 42-43). [1] 1

Em segundo lugar, o aumento da produção de alimentos;


O aumento na produção de alimentos entre os aperfeiçoamentos
técnicos da época, três exerceram uma ação direta sobre a elevação da
produtividade agrícola: a nova atrelagem dos animais, a charrua pesada e o
sistema trienal.
Como afirma Franco Jr. (2001, p. 33), [2] 2 “As inovações
tecnológicas não apenas produziram uma maior quantidade de alimentos
como, sobretudo, uma melhor qualidade. Até aquela época a dieta era mal
balanceada, porque, baseada em cereais, fornecia muitas calorias e hidrato de
carbono e poucas proteínas e vitaminas.”
Em terceiro lugar, o crescimento populacional;
Os arroteamentos foram intensificados no século X e ganharam
grande impulso no século XII, quando o ritmo de crescimento populacional se
tornou mais rápido

Em quarto lugar, e as espações das cidades;

1
[1] FRANCO JR, Hilário. A Idade Média: nascimento do ocidente. 2 ed, São Paulo, Brasiliense, 2001.
2
[2] Essa numeração da página é o que o programa de PDF mostra (pode ser que não seja 33 no livro).
1. "Um dia, estava eu, como de hábito, e com a mesma disciplina que rege o curso
da minha vida, recolhida em meu gabinete de leitura, cercada de vários volumes,
tratando dos mais diversos assuntos. Com a mente cansada por ter passado um
bom tempo estudando sentenças complexas de tantos autores, levantei a vista do
texto, decidindo deixar, por um momento, assuntos mais sutis para deleitar-me
com a leitura de alguma poesia. E, com esse intuito, procurando à minha volta
algum livrete, caiu entre minhas mãos um certo opúsculo que não me pertencia
(...). Abri-o, então, e observei no título que se tratava de Mateolo. Pus-me, então,
a rir, pois ainda não o havia lido, mas sabia que, entre outros livros, esse tinha a
reputação de falar bem das mulheres. (...) Porém, a leitura daquele livro, apesar
de não ter nenhuma autoridade, suscitou em mim uma reflexão que me atordoou
profundamente. Perguntava-se quais poderiam ser as causas e  motivos que
levavam tantos homens, clérigos e outros, a maldizer as mulheres e a condenar
suas condutas em palavras, tratados e escritos. Isso não é questão de um ou dois
homens, nem mesmo só deste Mateolo (...), mas, pelo contrário, nenhum texto
está totalmente isento disso. Filósofos, poetas e moralistas, e a lista poderia ser
bem longa, todos parecem falar com a mesma voz para chegar à conclusão de
que a mulher é profundamente má e inclinada ao vício." (A cidade das damas,
Christine de Pizan, Livro I).
Tendo como base o texto de Christine de Pizan e o conteúdo da aula 16
(MACEDO, 2002), caracterize a condição feminina na Europa medieval. (0-2,5
pontos)
2. De acordo com Marcelo Cândido da Silva “Os séculos XIV e XV, na Europa
Ocidental, foram palco de acontecimentos que aparentam marcar o colapso da
ordem medieval (...). No entanto, e paradoxalmente, os séculos XIV e XV
também foram caracterizados pela resiliência, ou seja, pela capacidade das
sociedades da Europa Ocidental de reagirem à crise econômica e à depressão
demográfica, através de inovações no âmbito da produção e do comércio”.
(História Medieval. SP: Contexto, 2019, p.115-116)
A partir do texto de Blockmans e Hoppenbrouwers (aula 19), caracterize a
crise dos séculos XIV e XV e as reações demonstradas pela Europa cristã no
período. (0-2,5 pontos)

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