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Seja bem-vindo!

Você tem sido atormentado por comportamentos


repetitivos ou por pensamentos intrusivos?

Saiba, então, que você não está sozinho. Pesquisas


apontam que 2% a 3% das pessoas sofrem com essas
questões.

Esses sintomas fazem parte de um transtorno que há


cerca de duas décadas era considerado raro, o Transtorno
Obsessivo Compulsivo, também conhecido como TOC.

Nesse e-book, falaremos sobre o TOC, o seu


tratamento por meio da Terapia Cognitivo Comportamental
e apresentaremos técnicas que podem auxiliar você a
controlar esses sintomas tão indesejáveis. Ressaltamos,
porém, que este e-book não substitui a terapia.

1
Título original: Primeiros Passos Para Vencer O TOC
Autoria: Psicólogas Kelliny Dório e Lilian Félix.
Ano: 2018
Cidade: Ipatinga, MG
Revisão ortográfica: Gesilda Maria Benevenuto das Chagas
Projeto gráfico e diagramação: Lara Lopes
Capa: Lara Lopes
Adaptação para e-book: Brafil Sites para Internet
Endereço eletrônico:
www.comvocepsicologiashop.com.br

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte


deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob
quaisquer meios existentes sem autorização por
escrito das autoras.

2
Sobre as autoras

Kelliny Dório é psicóloga clínica com formação em


Terapia Cognitivo Comportamental e Especialista
em Psicologia Hospitalar.

Lilian Félix é psicóloga clínica com formação em


Terapia Cognitivo Comportamental e Coach de
Inteligência Emocional

Atendimentos

Skype: por meio do site www.comvocepsicologia.com.br


Presencial em Ipatinga - Minas Gerais
Kelliny Dório (31) 9 8722.0610
Lilian Félix (31) 9 8506.1117

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Dedicatória

Dedicamos esse livro aos nossos pacientes que nos desafiam


a buscar conhecimento e técnicas, desenvolvendo
competências e habilidades que irão aprimorar o nosso
trabalho.

3
Ícones Usados

Com a intenção de chamar a sua atenção


para pontos importantes, colocamos alguns
ícones ao longo do texto.

Dicas são algumas ideias práticas que


podem auxiliar você durante as suas
atividades.

Esse ícone do cuidado destaca algumas


armadilhas comuns ao TOC que
consideramos importantes apontá-las.

Quando você encontrar esse ícone, pare e


anote a informação, pois certamente é
algo que você irá necessitar.

Quando você encontrar esse ícone,


coloque em prática aquilo que estamos
falando.

Quando você encontrar este ícone, tem


material para imprimir. Basta clicar nele
que será encaminhado para o arquivo.

Esse ícone indica que tem vídeo


complementar sobre o assunto em nosso
canal do YouTube.

4
Apresentação
Depoimento de pacientes atendidos por meio do Skype

Bruno B. - Pernambuco
Jornalista

"O que eu tenho?". Por um bom tempo, frequentei consultórios de psicólogos


e psiquiatras. Eu buscava tratamento, mas queria, sobretudo, uma resposta.
Meu receio de contaminação - se for possível definir assim uma sensação de
pânico com potencial de paralisar minha rotina - recebeu muitas respostas
erradas: "Depressão". A maioria dos profissionais de saúde que me atendeu
emitiu uma resposta padrão, quase como se fosse um atendente de call
center, seguindo um protocolo sem estudar as variáveis de cada paciente,
diagnosticando-me como depressivo.

Tomei os remédios receitados, falei bastante da minha relação familiar, fiz


exercícios físicos. Por que motivo eu não ficava livre do meu medo de
contaminação? Antes de apertos de mão, tocar em maçanetas ou caixas
eletrônicos, entrar em provadores de roupas, banheiros públicos ou até
mesmo usar os talheres de restaurante, eu empacava. Simplesmente, não
fazia o que seria o "normal". E, se fizesse, a angústia por acreditar que ali
tinha ocorrido a temida contaminação era algo insuportável.

Um dia, sem conseguir subir no ônibus que me levaria até minha casa,
evitando tocar nas partes metálicas que todos os outros passageiros
encostaram antes de mim, decidi pedir uma ajuda ao Google: "O que eu
tenho?". Descrevi os sintomas e fui levado até O Homem que não Conseguia
Parar: TOC é uma história real de uma vida perdida em pensamentos, livro do
britânico David Adam.

Ele descrevia em detalhes de sua biografia e na história de pacientes de


vários períodos na história do tratamento mental, o que eu tinha: TOC. Levei
anos para ter uma resposta convincente. Mas como sair do ciclo? A resposta
anterior era apenas um acesso de entrada. O que fazer, como fazer, foi a
grande aventura da minha vida.
5
De novo, remédios incapacitantes, terapeutas mal treinados e médicos
soberbos. O TOC, pelo que vi, não é um transtorno de pacientes. É uma
doença, ainda maior, no sistema de saúde. Decidi dar um tempo nas
consultas do mundo "real". Na esperança de uma resposta mágica, vi todos
os vídeos que podiam. A maioria começa assim: "Eu sou doutora Maria do
Carmo. Meu nome é doutor Mário José". Essa maneira de colocar o título
antes do nome, a forma de tratar minha dificuldade de apertar uma mão sem
pirar como se fosse um evento da medicina, me fizeram ficar com pena de
mim e da maioria dos psiquiatras que frequentam o YouTube.

O mecanismo de busca no site de compartilhamento de vídeos já estava tão


viciado que me apresentava todas as possibilidades: "Você não consegue
parar de pensar? Os pensamentos são catastróficos?". Com isso, a psicóloga
com sotaque mineiro colocava o TOC na perspectiva de quem enfrenta o
problema. Era a primeira vez que um profissional de saúde falava sobre o TOC
como o inglês David Adam escreve. Sem querer se mostrar maior que a
doença e acima do paciente. Não acreditei quando li em seu material:
"Atendimento por Skype". A conexão foi imediata. Kelliny Dório nunca exigiu
avanços bruscos ou zombou de uma situação relatada. Isso aconteceu em
quase todos os consultórios, acredite.

Em três meses de atendimentos semanais, voltei a viver quase como se o TOC


não existisse, por ter a sorte de ter encontrado, também, um psiquiatra que
achou minha combinação ideal de drogas. Ao contrário do que pedem
familiares e amigos, na intenção de ajudar, o TOC não é vencido por força de
vontade apenas, visto que necessita de um diagnóstico, de acompanhamento
psicológico e de remédios. Desejo que todo mundo que passar por isso tenha
a sorte de encontrar a tríade bem montada. Todos os dias agradeço muito por
isso.

6
Anderson V. - São Paulo
Vendedor autônomo e músico

Acho que tenho TOC desde criança, só não sabia. Os rituais acerca do
perfeccionismo sempre me incomodaram, mas acreditava que fossem
apenas manias que adquiri. O meu maior incômodo foi quando me peguei
pensando em como as pessoas me enxergavam, se elas me viam como um
fracassado…

Lembro que, ao ter esses pensamentos, era tomado por uma sensação de
querer fugir, como se estivesse diante de um animal selvagem, prestes a ter
minha vida ameaçada. Os dias se passavam e outros pensamentos foram
surgindo: “E se tudo der errado?”, “E se lutei tanto para não chegar a lugar
nenhum?”. Eu estava refém dos pensamentos e o que mais me incomodava
era não saber o que era aquilo, porque não conseguia controlar aqueles
pensamentos. Pensei que estivesse ficando louco e tinha pensamentos do
tipo: “E se eu matar alguém?”, “E se eu me matar?”. Vinham imagens em
flashes na minha mente de uma suposta perda de controle, frio na barriga o
dia todo e, além disso, achava que estava com algum problema mental.

Então comecei a procurar respostas em sites de busca quando os sintomas


de indicaram TOC, vi que algumas coisas batiam e então comecei a assistir a
vídeos com conteúdos relacionados e encontrei o canal Com Você Psicologia
e já dei início à técnica PARE apresentada em um dos vídeos, o que já me
causou alívio. Mas, então, fui tomado por um pensamento: “E se não for
TOC”?

Fui ao site e agendei minha primeira consulta por meio do whatsapp, ainda
nessa primeira sessão, a psicóloga Lilian Félix me esclareceu muita coisa.
Senti-me livre, agora tinha certeza do que acontecia comigo. Ao longo das
sessões seguintes, a psicóloga me orientou a cerca de não alimentar as
compulsões, a necessidade de enfrentar a ansiedade e eliminar os rituais,
apresentou-me formas de contestar meus pensamentos do TOC para não
ficar paralisado no medo e, com apenas três sessões, posso dizer que o TOC
já não me controlava mais. Os rituais de perfeccionismo já não me dominam
e faço questão de rompê-los. Antes eu duvidava da terapia e acreditava que
sozinho pudesse resolver meus problemas. Nunca imaginei que pudesse ser
algo tão transformador e rápido. Os sintomas do TOC eram assustadores e
aquele parecia ser o fim, mas por intermédio da terapia pude me
reencontrar.

Atualmente, retomei minha carreira e muitos projetos que estavam parados,


devido aos rituais de perfeccionismo, estão sendo colocados em prática, o
que só aumenta minha motivação.

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Sumário
Capítulo 1 O que é TOC......................................................... 10
Obsessões............................................................................ 11
Compulsões.......................................................................... 13

Capítulo 2 Informações adicionais........................................ 15


Medicação............................................................................. 17
Transtornos relacionados........................................................ 21

Capítulo 3 Orientação aos familiares 28

Capítulo 4 Terapia Cognitivo Comportamental...................... 31


no tratamento do TOC
Modelo Cognitivo................................................................... 32
Distorção Cognitiva................................................................ 33
Pensamentos automáticos e involuntários................................. 37
Crenças disfuncionais............................................................. 37

Capítulo 5 Questionários....................................................... 40
Lista de Sintomas Obsessivos – Compulsivos............................. 41
Inventário de Obsessões e Compulsões OCI – R......................... 52
Escala Y – BOCS.................................................................... 53

Capítulo 6 Técnicas............................................................... 57
Trabalhando as crenças distorcidas........................................... 58
Exposição e Prevenção da Resposta ou Ritual............................ 60
Questionamento Socrático...................................................... 67
Teoria A x Teoria B................................................................. 68

Capítulo 7 Atividades............................................................ 70
Lista de sintomas e grau de ansiedade...................................... 71
Diário de sintomas................................................................. 71
Técnica ABC ou RPD............................................................... 73
Reestruturação Cognitiva........................................................ 75
Registro dos Pensamentos Disfuncionais................................... 76
STOP.................................................................................... 77
Experiências anteriores e modelagem....................................... 78
Meditação, Mindfullness e Aceitação......................................... 78
Atividade física...................................................................... 80

Capítulo 8 Considerações finais............................................ 83


8
Introdução

Estamos felizes por você ter se interessado por essa leitura.

A princípio, vale ressaltar que o Transtorno Obsessivo


Compulsivo (TOC) traz um sofrimento muitas vezes solitário e
amordaçado, seja por medo, por falta de conhecimento ou por
vergonha.

Por meio desse e-book, você terá a possibilidade de mergulhar


no universo da Terapia Cognitivo Comportamental e usufruir das
técnicas que ela possui para combater o TOC. Nós o escrevemos
para que você tenha mais um recurso no seu tratamento do TOC.
Ressaltamos que ele, em hipótese alguma, substitui a terapia
convencional.

Acreditamos que entender o TOC seja o primeiro passo para


criar as mudanças necessárias. Por isso, iniciamos com a
Psicoeducação do transtorno e apresentamos, também, de forma
clara e objetiva, os pressupostos da Terapia Cognitivo-
Comportamental que têm tido resultados eficazmente
comprovados no tratamento do TOC.

Você terá acesso a Escalas e Inventários que facilitarão a


compreensão do grau de suas compulsões e obsessões. Por
intermédio dessas Escalas e Inventários, traçará, com as
orientações deste e-book, o plano de execução das tarefas a serem
realizadas para que tenha a possibilidade de vencer o TOC.

Este e-book poderá ajudá-lo (a) a reconhecer o quanto está


perdendo por conta das suas obsessões e compulsões e,
consequentemente, estimulá-lo (a) na mudança de
comportamento.

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o que é o toc?
CAPÍTULO 1
O que é Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)

O TOC é um transtorno mental incluído no Manual Diagnóstico e


Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), da Associação Psiquiátrica
Americana.
No TOC, estão presentes alterações no pensamento (obsessões), no
comportamento (compulsões ou rituais e evitações) e emocionais (medo e
ansiedade).
Existe uma crença popular de que o TOC esteja relacionado
exclusivamente à lavagem de mãos ou organização de objetos. É comum
ouvirmos pessoas dizendo “tenho toc” por gostar de organização e de limpeza.
Nesses casos, a pessoa gosta desse seu jeito e até se beneficia disso.
No entanto, no TOC, os sintomas tomam muito tempo, tornando as
atividades mais lentas, ou causam sofrimento significativo e prejuízo no seu
funcionamento social ou profissional. É um transtorno complexo e debilitante.
De forma alguma a pessoa que sofre do TOC acha útil ou agradável os
sintomas e tendem a ter elevados níveis de desconforto por sentirem
ansiedade, medo e culpa.
O TOC pode aparecer relacionado a coisas que você valoriza, suas
crenças e valores, por isso os temores são tão diversificados e singulares.
Assim, uma pessoa pode apresentar medo de contaminação, outra pode
apresentar pensamentos de blasfêmia contra Deus, por exemplo. Logo, o
pensamento intrusivo vai desestabilizar você naquilo que você mais teme e
mesmo você sabendo que suas obsessões e comportamentos são sem
sentido, descabidos, não consegue interrompê-los.

Obsessões - O que são?


Sabe aqueles pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes,
intrusivos, indesejáveis e persistentes?
Eles são as obsessões.
Não se trata apenas de preocupação excessiva sobre alguma situação
real e tendem a ser o oposto aos tipos de pensamentos que você quer ter.
Mesmo que você não queira ter esses pensamentos, impulsos ou imagens, ou
até mesmo os considere absurdos e ilógicos, por mais que você se esforce, não
consegue ignorá-los.
As obsessões tendem a ser desagradáveis e perturbadoras, causando
ansiedade, medo, desconforto, nojo ou desprazer.
11
Obsessões mais comuns:

1. Medo de contaminação e preocupação com


germes e sujeiras.
A pessoa com TOC tem medo de contrair uma doença
ou se sujar ao tocar em objetos como maçanetas,
interruptores, botões de elevador. Também
apresenta um medo de levar doenças ao entrar em
casa com sapatos ou com a roupa usada na rua.

2. Dúvidas sobre a possibilidade de falhas e


necessidade de ter certeza.
Surgem incertezas se trancou a porta direto, se
fechou o gás, desligou o ferro, etc. Surgem também
dúvidas se escreveu ou falou algo inconveniente.
Situações que levam à necessidade de verificações
repetidas.

3. Pensamentos, impulsos ou imagens


indesejáveis e perturbadores de conteúdo
violento, sexual ou blasfemo.
Tem a mente invadida por imagens violentas sendo
cometidas por ele próprio, inclusive contra pessoas
queridas. Surgem também imagens sexuais
indesejáveis, impróprias e inaceitáveis com crianças,
animais, pessoas do mesmo sexo, familiares ou até
mesmo com figuras religiosas.

4. Pensamentos supersticiosos
Acredita que algo de ruim possa acontecer caso
realize uma determinada ação certo número de vezes
(3,5 ,7…) ou por ter no pensamento uma palavra
ruim, visto uma cor indesejada, etc. Necessidade de
repetir um determinado comportamento como
garantia de que nada de ruim irá acontecer.

5. Preocupação em manter os objetos


alinhados, ordenados, simétricos ou no “lugar
certo”.
Desconforto exagerado com objetos desalinhados ou
por não estarem no lugar certo, tendo a percepção de
que algo ruim pode acontecer.
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6 . Preocupação em armazenar, poupar ou
guardar objetos sem utilidade e dificuldade em
descartá-los.
Acumular papéis, revistas, jornais, objetos estragados
ou inúteis. Obs.: Quando esse é o principal sintoma ou
é muito marcante, podemos estar diante de um
diagnóstico diferencial de Transtorno de acumulação.

Uma das principais consequências das obsessões são os


medos!

São eles que levam o portador do TOC a fazer algo para afastá-los ou
neutralizá-los. Geralmente por meio das compulsões.

Compulsões – O que são?


São comportamentos ou atos mentais voluntários e repetitivos.
A pessoa portadora do TOC as executam em resposta a obsessões e,
além disso, as compulsões aliviam momentaneamente a ansiedade que as
acompanha. Com isso, acaba por executá-las toda vez que sua mente é
invadida por uma obsessão.
As compulsões surgem para aliviar a aflição provocada pelas obsessões.
E, como de fato causa o alívio dessa aflição, a pessoa tende a repeti-las todas
as vezes que sua mente é invadida por uma obsessão. Com isso, em vez de
enfrentar seus medos, acaba alimentando-os.

As compulsões mais comuns são:

Lavagem ou limpeza;
Verificações ou controle;
Repetições ou confirmações;
Contagens;
Ordem, arranjo, simetria, sequência ou alinhamento;
Compulsões mentais: rezar, repetir palavras, frases e números;
Diversas: tocar, olhar, bater de leve, confessar.

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Percebeu que as compulsões não são apenas a nível de comportamento
motores?
Existem também as compulsões mentais, que se realizam mentalmente
e, por isso, não são percebidas pelas demais pessoas.
Tanto a compulsão motora quanto a mental têm a finalidade de reduzir a
aflição associada a um pensamento.

Os medos é que levam o portador do TOC a fazer algo para


afastá-los ou neutralizá-los.

Com isso, o portador do TOC repete certas palavras ou frases, reza,


relembra cenas ou imagens, conta ou repete números, faz listas, marca
datas, tenta afastar pensamentos ou palavras indesejáveis, substituindo-os
por pensamentos ou palavras de sentido contrário.

Existem alguns comportamentos associados à compulsão mental tipo:

Evitação;
Lentificação;
Adoção de comportamentos protetores;
Indecisão;

Esses comportamentos associados e a compulsão mental trazem


inúmeros prejuízos a vida da pessoa portadora do TOC.

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iNFORMAÇÕES
ADICIONAIS
CAPÍTULO 2
Informações Adicionais

Após o diagnóstico é comum a pessoa se perguntar: “Por que tenho


TOC?” ou “Quais são as causas do TOC?”
Mas essa pergunta, por enquanto, vai ficar sem uma resposta
consistente, pois ainda não foi identificada uma causa definida para o TOC.
Evidências sugerem que diversos fatores podem contribuir para o
surgimento e manutenção dos sintomas:

1 - Causas cerebrais ou neurobiológicas

Inúmeros sinais apontam que o cérebro tem um papel importante no


TOC. Além da predisposição genética, fala-se também da alteração sendo
provocada por doenças cerebrais como infecção por estreptococo,
encefalites, tumor cerebral, distúrbios vasculares, traumatismo
cranioencefálico e alterações na neurofisiologia e neuroquímica cerebral.
As alterações neuroquímicas e neurofisiológicas têm sido comprovadas
em pessoas que apresentam o transtorno, por intermédio do sucesso de
medicamentos dos grupos dos inibidores da recaptação da serotonina. Esses
remédios, além de sua ação antidepressiva, tem ação antiobsessiva por
atuar reduzindo a ansiedade.

2 - Causas psicológicas

Alguns pacientes nos perguntam porque desenvolveram o TOC se não


apresentavam os sintomas até um determinado momento da vida. Duas
teorias tem tido maior confirmação na prática clínica diária: a
comportamental e a cognitiva.
A teoria comportamental propõe que os sintomas são adquiridos a partir
de experiências que causaram medo, ansiedade ou nojo. Após esse primeiro
momento, a associação se generaliza e passa a ocorrer com todos os lugares,
pessoas e objetos semelhantes.
O quadro pode se iniciar com o medo de usar um banheiro público, por
exemplo, e contrair doença. Esse medo estende-se a tudo o que for público:
maçanetas, botões de elevadores, cédulas de dinheiro, etc. Por conta do
medo, a pessoa passa a evitar locais ou tocar em certos objetos e, ao se sentir
contaminado, pode iniciar o ritual de limpeza.

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A teoria cognitiva, como será explicada no capítulo 4, parte da premissa
de que nossos pensamentos influenciam nossas emoções e nossos
comportamentos. Desse modo, percepção da vivência pode ser realista,
negativa e até catastrófica. Assim, a teoria cognitiva propõe que no TOC são
observadas formas negativas ou catastróficas de perceber e interpretar a
realidade e perceber a si mesmo e o futuro.
Ao sair de casa, por exemplo, a pessoa fica em dúvida se fechou a porta
ou se desligou o gás, por isso volta repetidas vezes para verificar se executou
a ação desejada. Esse comportamento é reforçado por um medo exagerado
de responsabilidade sobre o que pode ocorrer caso não tenha fechado a porta
ou desligado o gás.
Essas duas teorias, comportamental e cognitiva, são consideradas
complementares e foram integradas no que ficou conhecido como a Teoria
Cognitivo-Comportamental.
De acordo com essa teoria, a pessoa passa por certas experiências de
vida tendo a percepção moldada por pensamentos disfuncionais (exagerar
no risco e no poder do pensamento, não tolerar incertezas, ser
perfeccionista, etc.) em situações ativadoras como a presença de objetos,
lugares ou pessoas. Tem então a mente invadida por pensamentos
ameaçadores ou catastróficos e interpreta como sinal de ameaça, passando
a sentir grande ansiedade ou medo. Assim, para diminuir essas sensações de
desconforto, comporta-se de maneira a afastar as ameaças por meio de
rituais ou evitações. Estamos diante do Modelo Cognitivo da TCC, que será
explicado mais detalhadamente no Capítulo 4. Evento que gera um
pensamento, acarretando um sentimento e resultando no comportamento.

Evento: exposição a um objeto ou lugar temido

Pensamento: contaminação

Sentimento: ansiedade ou medo

Comportamento: evitação ou ritual

Medicação
Uma importante descoberta em relação ao tratamento do TOC foi a de
que seus sintomas poderiam ser diminuídos e até eliminados por um grupo
de medicamentos que aumenta os níveis de serotonina nas sinapses
nervosas por meio da inibição de sua recaptação para dentro do neurônio.

17
Historicamente, a clomipramina foi o primeiro medicamento com este
efeito antiobsessivo comprovado, ainda na década de 70. Nos anos 80 e 90,
comprovou-se também a eficácia dos inibidores seletivos da recaptação da
serotonina (ISRS). Estes medicamentos são até hoje, juntamente com a
Terapia Cognitivo-Comportamental, considerados os tratamentos de primeira
linha do TOC. Nos dias atuais, medicamentos que atuam em vias
dopaminérgicas e glutamatérgicas também têm sido testados e alguns deles
já utilizados como tratamento adjuvante no transtorno.
Ainda hoje, o uso de medicamentos psiquiátricos permanece carregado
de preconceitos. Acredita-se que o remédio possa causar dependência; que é
apenas um paliativo; que são pessoas mais ‘’fracas’’ que precisam deles; que
os efeitos colaterais não serão tolerados; ou que deverão necessariamente ser
utilizados por toda a vida. Por esses motivos, torna-se importante que os
pacientes estabeleçam uma boa relação com os seus médicos, para que
tenham confiança no diagnóstico feito pelos profissionais, esclareçam suas
dúvidas acerca do motivo pelo qual há a indicação, os benefícios, os efeitos
adversos, o tempo de uso, enfim esclarecer as questões técnicas que são
relevantes, facilitando a adesão do paciente ao tratamento.
Saiba que alguns pacientes beneficiam-se do tratamento isolado com a
TCC, contudo, em outros casos, a indicação de farmacoterapia associada é
indicada e necessária. São exemplos desses casos:

• Pacientes que apresentam sintomas muito graves ou incapacitantes, com


rotinas de vida e relações interpessoais muito comprometidas;

• Predomínio de obsessões não acompanhadas de compulsões;

• Presença de convicções muito intensas sobre o conteúdo das suas obsessões


e pouco insight (compreensão) sobre a natureza dos seus sintomas;

• Presença de comorbidade com outros transtornos de ansiedade, depressão


maior, transtorno da personalidade borderline ou esquizotípica e psicoses;

• Pacientes que não se adaptaram ainda à terapia cognitivo-comportamental,


que não estão motivados, que não aderem aos exercícios de exposição e de
prevenção de rituais ou que não são suficientemente disciplinados e
persistentes para fazer as tarefas de casa;

• Quando não há terapia cognitivo-comportamental disponível (Nesse caso,


sendo a única alternativa que resta, embora o ideal seja utilizá-los em
conjunto.).

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Há também alguns fatores associados à resposta pobre aos
medicamentos: doença de longa duração sem tratamento, início na infância
tardia, sintomas de colecionismo ou de simetria. Isso não significa que nesses
casos os fármacos não sejam utilizados, mas a possibilidade de resposta é
menor.
Portanto, compreenda que pode ser necessário, inicialmente, para o seu
tratamento, a associação da medicação. Avalie quais são seus receios, os
mitos que podem estar dificultando sua aceitação à farmacoterapia e saiba
que ela pode inclusive facilitar seu trabalho psicoterápico inicialmente para
que à frente, com os sintomas reduzidos, já apto a utilizar as estratégias
aprendidas na terapia você possa avaliar junto com seu médico a retirada da
medicação.
Os medicamentos considerados de primeira escolha no tratamento do
TOC são os antidepressivos ISRS (fluvoxamina, fluoxetina, paroxetina,
citalopram, sertralina e escitalopram) e a clomipramina. O efeito
antiobsessivo dos ISRS foi observado e estudado posteriormente ao seu
efeito antidepressivo e as doses utilizadas no TOC são, de modo geral,
maiores que as administradas em transtornos depressivos. Pode-se iniciar a
medicação com uma dose baixa, para que o paciente possa adaptar-se.
Havendo boa tolerância, as doses vão sendo aumentadas gradualmente no
período de 4 a 5 semanas até atingirem os níveis médios sugeridos.
Eventualmente, pode ser utilizada uma dose menor, caso os efeitos colaterais
tenham sido intensos. Os efeitos antiobsessivos podem demorar até 3 meses
para se manifestarem. Na depressão, em geral, o resultado é obtido mais
rapidamente.
A avaliação da eficácia dos medicamentos no TOC por esse motivo é
realizada após 12 semanas. O desaparecimento dos sintomas é gradual,
podendo prosseguir ao longo de vários meses. Um dos problemas mais sérios
dos medicamentos é que a melhora tende a ser incompleta, isto é, a redução
dos sintomas, na maioria das vezes, é parcial e dificilmente desaparecem por
completo. Infelizmente, ainda que sejam utilizadas as doses recomendadas
19
por tempo prolongado, muitas vezes, continuam em níveis considerados
graves. Recomenda-se que, sempre que possível, o antiobsessivo seja
associado à Terapia Cognitivo-Comportamental.
A recomendação é de que a avaliação de resposta a uma conduta
medicamentosa no TOC seja feita após 12 semanas de tratamento, contudo,
em 8 a 9 semanas, já se pode ter uma ideia. O paciente deve prestar bem
atenção à intensidade dos sintomas durante esse período – se houve ou não
diferenças. Se perceber que as obsessões estão menos intensas ou ocupam a
mente por menos tempo, se está sentindo menos aflição e consegue resistir
melhor a elas e se, em certas ocasiões, deixa de realizar algum ritual, é porque
o tratamento está dando resultado.
O fato de ainda apresentar obsessões e rituais depois desse período não
significa que o tratamento não deu certo ou que o remédio não funciona. A
mudança não é súbita, mas ocorre aos poucos e, às vezes, depois de longos
períodos de uso. A TCC contribui também nesse sentido, ajudando você a
observar, perceber e reconhecer melhoras nos sintomas, por menores que
estes sejam, contribuindo para a motivação.
Um dos maiores “inconvenientes’’ dos fármacos é o fato de que a redução
dos sintomas costuma ser em média 50% na maioria dos casos. Apenas um
grupo menor, em torno de 20% dos pacientes, atinge remissão completa com
o uso somente de medicação. O que se observa na prática é que muitos
pacientes acabam utilizando a medicação em dose adequada, por tempo
adequado, e, ainda assim, apresentam sintomas graves de TOC que
interferem em suas vidas, evidenciando a necessidade de associar à TCC.
Os antipsicóticos também podem ser utilizados como tratamento de
potencialização aos fármacos que atuam na recaptação da Serotonina. Os
principais antipsicóticos associados no tratamento do TOC são Haloperidol,
Quetiapina, Olanzapina e Risperidona. Cerca de 1/3 dos pacientes
considerados resistentes ao tratamento com ISRS responderam à
potencialização com esse tipo de fármaco. A Risperidona foi considerada a
primeira escolha nessa indicação em função do nível de evidência, relação
risco-benefício e tolerabilidade. A adição de terapia cognitivo-comportamental
é um dos primeiros recursos; talvez o mais efetivo e de maior concordância
entre diferentes estudos e protocolos, quando a resposta ao medicamento é
insatisfatória. Na verdade, a TCC deve ser adicionada à farmacoterapia,
sempre que possível, desde o início do tratamento.
Estudos mais recentes indicam que os resultados são superiores quando
os dois métodos terapêuticos são utilizados em conjunto. Assim, portadores
de TOC, com resposta parcial, também apresentam redução na intensidade
dos sintomas se for acrescentada TCC à terapia farmacológica em curso. Por
todos esses motivos, mais uma vez reforça-se a ideia da importância da TCC
no tratamento do TOC. É importante lembrar que as recaídas são bastante
comuns ao se interromper o medicamento, especialmente nos tratamentos
em que ele está sendo utilizado de forma isolada. Com base nesse fato, os
especialistas fazem algumas recomendações, a fim de preveni-las.
20
A princípio, pacientes com transtorno crônico e que apresentaram resposta
satisfatória usando apenas medicamentos devem manter o fármaco por, pelo
menos, um a dois anos após o desaparecimento dos sintomas.

Depois desses períodos, a retirada deve ser gradual, acompanhada pelo


médico que a prescreveu. Os antiobsessivos não causam dependência, o que
pode ocorrer é a síndrome de descontinuação se suspensos abruptamente.
Além disso, não há problemas maiores em utilizá-los por longos períodos. É
importante que tanto o médico clínico quanto o médico psiquiatra estejam
sempre a par de todos os demais medicamentos que estão sendo utilizados,
pois pode haver interações medicamentosas significativas.
Estudos mostram que 49% dos pacientes diagnosticados com TOC
sofrem de algum transtorno de ansiedade e 27% de transtorno depressivo
maior e que as comorbidades estão associadas a qualidade de vida mais baixa,
especialmente no caso da depressão. Ou seja, muitos pacientes não possuem
somente TOC, o que pode tornar ainda mais desafiador seu tratamento,
aumentando a quantidade e intensidade dos sintomas, bem como interferindo
na motivação para realizar as tarefas e se empenhar no tratamento. Nesses
casos, o tratamento farmacológico pode contribuir muito facilitando aos
pacientes recursos para aderir às tarefas da terapia.
O s a va n ç o s n o s t ra t a m e n t o s f a r m a c o l ó g i c o s e c o g n i t i vo -
comportamentais nas últimas décadas contribuíram para melhorar muito os
prognósticos para os pacientes com TOC, portanto não sofra sozinho, busque
ajuda.

Transtornos Relacionados
No manual diagnóstico DSM-5, o TOC está descrito em um capítulo
posterior aos Transtornos de Ansiedade, juntamente com o Transtorno
Dismórfico Corporal, Transtorno de Acumulação, Tricotilomania e Transtorno
de Escoriação. Nesse sentido, inclusão de um capítulo sobre os transtornos
obsessivo-compulsivos e transtornos relacionados refletem as crescentes
evidências da relação desses transtornos entre si.
Os médicos são encorajados a avaliar essas condições em indivíduos que
se apresentam com uma delas e a terem conhecimento das sobreposições
existentes entre elas. Ao mesmo tempo, há diferenças importantes nas
abordagens e nos tratamentos de cada uma delas. Além disso, há relação
íntima entre os Transtornos de Ansiedade e o Transtorno Obsessivo
Compulsivo, motivo pelo qual o TOC está agrupado logo a seguir ao capítulo
dos transtornos de ansiedade no DSM-5.

21
Transtorno Dismórco Corporal

Os indivíduos acometidos por esse transtorno são excessivamente


preocupados com um ou mais defeitos ou falhas percebidas em sua aparência
física, que acreditam ser feia, sem atrativos, anormal ou deformada. As falhas
normalmente não são percebidas ou parecem leves para outras pessoas, mas
causam grande incômodo aos pacientes que se referem a elas como algo
inadequado, horrível e até monstruoso em alguns casos. Esses pacientes
podem focar em uma ou mais áreas do corpo desde a pele, com preocupações
acerca de manchas, acnes, rugas, cicatrizes, entre outros, até assimetria ou
formato de alguma parte específica do corpo como o nariz ou qualquer outra
parte do corpo.
O Transtorno Dismórfico Corporal possui uma taxa de prevalência entre 2
e 2,5%, sendo a ocorrência bem equilibrada sexos. Os sintomas normalmente
surgem entre 12 e 17 anos, contudo um terço dos casos aparece na idade
adulta e até na terceira idade.
Nesse transtorno, as pessoas experimentam preocupações intrusivas,
indesejadas, que tomam grande parte do tempo, ocorrendo em média de 3 a 8
horas por dia; geralmente são difíceis de resistir ou controlar. Assim, como no
TOC, os indivíduos podem desenvolver atos mentais ou comportamentos
repetitivos – compulsões – com a finalidade de afastar os pensamentos
intrusivos. Os comportamentos comuns são de comparar a própria aparência
com a de outros indivíduos; verificar repetidamente os defeitos percebidos em
espelhos ou em outras superfícies refletoras ou examiná-los diretamente;
arrumar-se de maneira excessiva (perdem muito tempo se penteando,
barbeando, depilando...); fazer exercícios em excesso e procurar por
procedimentos estéticos em demasia; entre outros.
Dessa maneira, a preocupação deve causar sofrimento significativo ou
prejuízos no funcionamento social, profissional ou em outras áreas
importantes da vida do paciente. Alguns indivíduos acometidos por Dismorfia
Muscular (um tipo de transtorno dismórfico corporal) possuem excessiva
preocupação com a ideia de que o corpo é muito pequeno ou insuficientemente
magro, forte ou musculoso. Os indivíduos com esse transtorno na verdade têm
aparência física normal ou musculosos. A maioria faz dieta, exercícios e/ou
procedimentos estéticos em excesso e até se colocam em risco fazendo uso de
esteróides anabolizantes ou outras substâncias. 22
Esse tipo de dismorfia era mais comum em homens, contudo, assim
como é crescente o número de mulheres adeptas à musculação, ao
halterofilismo e outros, tem crescido o número de mulheres com dismorfia
muscular.
Existe ainda o transtorno dismórfico corporal por procuração, que se
trata de preocupações excessivas com aspectos da aparência de outra pessoa.
Um terço ou mais dos indivíduos têm crenças delirantes, acreditando que
outras pessoas prestam especial atenção neles ou caçoam deles devido a sua
aparência.
Esse transtorno está associado a altos níveis de ansiedade, ansiedade
social, esquiva social, humor deprimido, neuroticismo e perfeccionismo, bem
como a baixa extroversão e baixa autoestima. Muitos têm vergonha da
aparência e relutam em revelar suas preocupações aos outros. A busca
excessiva por tratamentos estéticos a fim de corrigir uma pequena falha,
muitas vezes leva a uma resposta pobre ou piora da falha, ao deixar esses
indivíduos insatisfeitos com os resultados, gerando, inclusive, problemas com
o profissional que os atendeu.

23
Transtorno de Acumulação

A principal característica do transtorno de acumulação são as


dificuldades persistentes de descartar ou se desfazer de pertences,
independentemente, do seu valor real. Essa dificuldade para se descartar os
objetos refere-se a qualquer forma de descarte, seja jogar fora, vender, dar ou
reciclar, levando ao acúmulo excessivo. As principais razões utilizadas pelos
pacientes para justificar sua dificuldade de descartar os objetos são a utilidade
percebida, o valor estético dos itens ou um forte apego sentimental.
Alguns indivíduos se sentem responsáveis pelo destino dos objetos e
com frequência se esforçam muito para evitar desperdícios. Os itens mais
comuns acumulados são jornais, revistas, roupas velhas, bolsas, livros,
correspondência e papelada, mas praticamente qualquer coisa pode ser
acumulada. O ato de guardar os pertences é intencional, contudo os
transtornos gerados pelo acúmulo, muitas vezes, não são percebidos ou
mesmo percebendo a necessidade o indivíduo não consegue se desfazer dos
itens. Diferentemente de um colecionador, o acumulador não possui critérios
de organização para seus itens.
Logo, o ato de colecionar normal não leva a obstruções nos cômodos,
área ou móveis da casa, não gera sofrimento ou prejuízos no funcionamento
da vida do indivíduo como no transtorno de acumulação, que causa grandes
prejuízos na área social, familiar, profissional ou em outras áreas importantes
da vida do sujeito. Alguns indivíduos negam sofrimento e o prejuízo pode ser
evidente somente para aqueles que estão próximos dele. O acumulador
frequentemente tem cômodos da casa inutilizados devido à bagunça de itens
acumulados. Os itens constantemente são deixados amontoados, sem
qualquer critério, diversas vezes, impossibilitando até sua identificação e
utilização quando necessário. Em alguns casos, as áreas da casa ou do
trabalho encontram-se desobstruídas devido à intervenção de outras pessoas.
Outras características comuns do transtorno de acumulação são a
indecisão, o perfeccionismo, a esquiva, a procrastinação, a dificuldade de
planejar e organizar tarefas e a distratibilidade. Alguns desses indivíduos
vivem em condições insalubres por consequência da obstrução dos espaços o
que dificulta a limpeza, por acumular itens perecíveis e, devido ao acúmulo,
atrair insetos, ratos, entre outros. 24
Além disso, alguns indivíduos também são acumuladores de animais o
que pode gerar grandes dificuldades de convivência, incômodos e até
péssimas condições de higiene dos espaços.
Esse é um transtorno com maior prevalência em adultos mais velhos
(entre 55 a 94 anos), contudo é possível encontrar acumuladores de todas as
idades, podendo ser percebido sinais do desenvolvimento do transtorno muito
cedo, desde a infância. Os sintomas parecem surgir entre 11 e 15 anos,
começando a interferir na vida do indivíduo por volta dos 30 anos. A taxa de
prevalência é de 2 a 6% da população, sendo os homens mais acometidos
apesar das mulheres serem mais diagnosticadas e tratadas.

25
Tricotilomania

A tricotilomania é o transtorno no qual o indivíduo tem o comportamento


de arrancar o próprio cabelo de forma recorrente, seja no couro cabeludo,
sobrancelhas, cílios ou até pelos de outras regiões como axilas, face e genitais,
além disso os locais podem variar com o tempo. Esse comportamento pode
aparecer em períodos específicos do dia ou distribuídos ao longo do tempo.
Normalmente, ocasiona falhas no cabelo que levam a tentativa de disfarce,
pois o indivíduo tenta abandonar o comportamento ao perceber os prejuízos
trazidos, contudo encontra dificuldade. Com isso, o ato de arrancar os cabelos
torna-se algo que gera sofrimento ao sujeito trazendo prejuízos ao
funcionamento social, profissional ou outras áreas importantes da vida.
Os pacientes acometidos pelo transtorno referem sensação de perda do
controle, constrangimento e vergonha e, ao mesmo tempo, alívio da
ansiedade quando estão realizando o comportamento.
O ato de arrancar os cabelos pode ser acompanhado de comportamentos
ou rituais que envolvem os fios como procurar um tipo específico de fio,
anormalidades, texturas, etc. Os estados emocionais que acompanham o ato
de arrancar os fios também são de importante relevância, alguns pacientes
relatam sentimentos de ansiedade, tensão ou tédio que precipitam o início do
ato e são atenuados ou aliviados após o comportamento.
Com o passar do tempo, o indivíduo começa a procurar por situações nas
quais possa experimentar o comportamento de uma forma velada, longe de
familiares ou outras pessoas. Alguns chegam a arrancar pelos de animais de
estimação, cabelos de bonecas, casacos ou tapetes. A maioria nega para as
pessoas que arranca cabelos e possui outros comportamentos repetitivos
como beliscar a pele, roer unhas e morder os lábios. Alguns pacientes ainda
desenvolvem o comportamento de levar os cabelos arrancados à boca, o que
com o tempo pode ocasionar em problemas estomacais.
Esse transtorno ocorre entre 1 e 2% da população adolescente-adulta,
tendo seu início comumente na puberdade e prevalência maior no sexo
feminino. Além disso, existem evidências de vulnerabilidade genética e
indivíduos com TOC e seus parentes de primeiro grau parecem ser mais
suscetíveis.

26
Transtorno de Escoriação

A principal característica desse transtorno é o beliscar recorrente da


própria pele. Os indivíduos beliscam comumente o rosto, braços, mãos, ou
outras partes do corpo, podendo escolher partes saudáveis ou buscar por
imperfeições ou irregularidades na pele como espinhas, calosidades e até
cascas de lesões anteriores. A maioria das pessoas belisca com as unhas, mas
algumas pessoas podem utilizar pinças, alfinetes, alicates, entre outros.
Além do comportamento de beliscar, alguns podem desenvolver
comportamentos como esfregar, espremer ou morder. Esses indivíduos
despendem muito tempo com o comportamento de beliscar, às vezes, horas
em um dia. Embora o comportamento de beliscar tenha finalidade de provocar
lesões na pele, os indivíduos se esforçam para disfarçar as lesões e,
normalmente, fazem inúmeras tentativas de parar o ato.
Assim como na tricotilomania, muitas vezes, o paciente desenvolve um
ritual de procurar por características específicas, texturas, irregularidades na
pele, cascas, etc. Ademais, comportamento pode ser acompanhado de levar à
boca cascas ou partes arrancadas da pele e também pode ser desencadeado
por sentimentos de ansiedade ou tédio, sendo precedido de uma tensão
crescente que é aliviada após o ato. As taxas de prevalência e início do
transtorno também são as mesmas da tricotilomania.

27
Orientação aos
familiares
CAPÍTULO 3
Orientações aos familiares

Os sintomas do TOC interferem de forma acentuada tanto na vida do


paciente como, na maioria das vezes, na vida da família. Isso porque a pessoa
com TOC costuma envolver todos os membros da família obrigando-os
colaborar e a participar de seus rituais. Esse processo é conhecido como
acomodação familiar.
Essas exigências geram conflitos e tornam-se comuns as discussões,
atritos, exigências no sentido de não seguir os rituais e exigindo que os rituais
sejam interrompidos.
Dificuldades para fazer as tarefas mais simples como tomar banho,
escovar os dentes, vestir a roupa ou atrasos para sair de casa acabam
comprometendo o lazer e as rotinas de toda a família, criando, assim, um clima
de desarmonia e, frequentemente, de clara hostilidade, gerando dificuldades
de relacionamento.
A participação dos familiares é muito importante nesse processo, por isso
decidimos escrever essas orientações especificamente para os que convivem
com aqueles que possuem TOC saberem como podem ajudá-lo.

Primeiro Passo: dando apoio


1 - Dê apoio emocional ao paciente. Ele é extremamente importante, já que
permite que as pessoas se sintam conectadas, protegidas e amadas.
2 - Tenha empatia. A empatia é uma prática comum da terapia e que permite
que a pessoa sinta que está criando laços e sendo compreendido. Nos casos de
TOC, é ainda mais crucial ao conversar com o paciente, fazer o possível para
entender o que ele está passando.
3 - Use comunicação de apoio. Ao falar com ele, é sempre importante apoiá-lo
sem aprovar ou validar os comportamentos relacionados ao TOC.
4 - Não o julgue ou o critique. Independentemente do que fizer, nunca julgue
ou fale mal da pessoa com TOC. Isso apenas o forçará a esconder o transtorno,
o que dificulta a busca por tratamento adequado, além de levar a um problema
de relacionamento entre vocês. A pessoa que possui TOC poderá se sentir
melhor ao conversar se você se mostrar receptivo, aceitando o problema.
5 - Ajuste suas expectativas para evitar frustrações. Ao se sentir irritado ou
ressentido com a pessoa, será mais difícil apoiá-la da maneira certa.
6 - Lembre-se que cada paciente melhora de forma diferente. A gravidade das
manifestações do TOC varia, bem como as respostas ao tratamento.
7 - Identifique pequenas melhoras para encorajar o paciente

29
Passo Dois: reduzindo comportamentos que levem à acomodação

1 - Não confunda o apoio com acomodar a pessoa. É importante não deixar que
o paciente se acomode com a situação, fazendo com que ele se sinta melhor ao
se “acostumar” com o transtorno.
2 - Não deixe que ele se acomode e jamais reforce os comportamentos
compulsivos.
3 - A pessoa nem sempre deve ser ajudada a evitar o que a incomoda, em
especial quando as ações forem parte integral da vida.
4 - Tente não facilitar comportamentos e rituais relacionados aos sintomas do
TOC.

Passo Três: incentivando o tratamento

1 - Ajude a motivar o paciente a se tratar.


2 - Discuta opções de tratamento para abrir a porta para o auxílio profissional.
3 - Acompanhe- o ao psiquiatra ou psicólogo para que o tratamento seja eficaz.
4 - Incentive-o a consumir a medicação prescrita.

Orientação aos familiares sobre o TOC

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30
TCC
CAPÍTULO 4
Terapia Cognitivo-Comportamental no tratamento
do TOC

Modelo Cognitivo da TCC


Nossos comportamentos não se definem exclusivamente pelo o que nos
acontece.
A Terapia Cognitivo-Comportamental tem como ferramenta principal o
Modelo Cognitivo que parte do seguinte pressuposto: quando acontece algo em
nossa vida, digamos, um evento, um acontecimento, enfim algum fato, logo
temos um pensamento a respeito do que nos aconteceu. Esse pensamento irá
determinar o nosso sentimento a respeito do ocorrido e, dependendo do que
sentimos, comportamo-nos diante do acontecimento.

Isso é muito claro.


Por exemplo:

(Evento) Você vai à sorveteria. Chegando lá o atendente


entrega a você uma colher.
(Pensamento) Você pensa que essa colher foi usada
or outra pessoa e não está limpa o suficiente.
(Sentimento) Você sente nojo.
(Comportamento) E, então, se recusa a usar.

Uma outra pessoa diante desse mesmo fato poderá fazer uso
normalmente desse talher.
Percebeu? Um mesmo fato interpretado de maneira diferente acarreta
sentimentos e comportamentos diferentes.
Quando falamos aqui de comportamento, estamos nos referindo a
reações. Que pode ser uma reação de ação: você se levanta, vai embora,
discute com o atendente, etc. Pode ser uma reação emocional: você chora,
fica agitado, nervoso, etc. Ou ainda pode ser uma reação fisiológica:
apresenta taquicardia, sudorese, mal estar, diarreia e outros sintomas. Ainda,
às vezes, um Evento pode ser um pensamento ou lembrança.
32
Um outro exemplo:

(Evento) Você vai apagar a luz do quarto e nesse momento surge um


pensamento sobre algo ruim acontecer.
(Pensamento) Então você pensa que precisa substituir esse pensamento por
um outro menos desagradável.
(Sentimento) Esse fato causa ansiedade em você.
(Comportamento) E, para lidar ou fugir dessa ansiedade, você começa a
acender e apagar a luz até que o pensamento desagradável vá embora.

Esse pensamento de que precisa substituir o pensamento desagradável


acarreta em você sentimentos de insegurança, medo e ansiedade. Ou ainda
pode apresentar reações fisiológicas diversas como sudorese e taquicardia.
Mas, se uma outra pessoa diante do fato de que, ao apagar a luz surge um
pensamento desagradável, ela simplesmente ignora esse pensamento, nada
dessa repetição irá acontecer por não ter tido nenhum sentimento
desagradável.
Assim, o Modelo Cognitivo nos mostra claramente que não é o fato
exclusivamente ocorrido que irá determinar o comportamento final. Logo, o
que pensamos sobre o evento e o que esse pensamento acarreta de
sentimento é que serão os principais determinantes do comportamento final.

Porém nem tudo o que você pensa é verdadeiro.

Você não é o seu pensamento.

É preciso aprender a identificar e reconhecer se está diante de um


pensamento real ou distorcido da realidade.

Distorção Cognitiva
Vamos agora falar um pouco mais sobre as Distorções Cognitivas.
A visão distorcida da realidade é denominada Distorção Cognitiva.
As pessoas com TOC tendem a estruturar suas experiências de forma
absoluta e inflexível. O que resulta em erros de interpretação dos eventos.
Você precisa considerar seus pensamentos, que geram a ansiedade
como hipóteses, mais do que fatos.

Lembra-se do Modelo Cognitivo?

Evento que gera um pensamento, que acarreta um sentimento e então


determina o comportamento. Então constatamos, por meio do modelo
Cognitivo, a importância que os pensamentos têm na nossa vida.
33
Nossos pensamentos determinam como vamos nos sentir, como vamos
nos comportar. Sendo assim, é melhor que você tenha sempre
pensamentos que condizem com a realidade ou seus comportamentos
podem ser exagerados e inadequados, causando situações indesejadas e
que trazem transtornos para o seu dia a dia.
Abaixo vamos apresentar as Distorções Cognitivas mais comuns e que
podem ocorrer até mesmo em quem não tem TOC.

CATASTROFIZAÇÃO: aquele pensamento que só te leva para um futuro


horrível

“Não vai dar certo.”


“Vou me contaminar.”
“Algo ruim vai acontecer.”
“Vou errar.”

É assim... nada aconteceu , mas você já se vê em uma vivência catastrófica.


Total previsão negativa do futuro. Muito comum em pessoas que tem TOC.

LEITURA DA MENTE: você sabe exatamente o que as pessoas pensam, mesmo


sem ter evidências suficientes dos pensamentos dela. E é claro que esses
pensamentos não são favoráveis a você. São assim:

“Estão falando de mim.”


“Não gostou de mim.”
“Me acha uma idiota.”
“Não quer me falar a verdade.”

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RÓTULOS: quando você determina traços, características para si mesmo e


para os outros. Esses traços são inquestionáveis de acordo com a sua ótica.

“Eu sou um fracasso em tudo.”


“Fulano é ignorante, não tem jeito de conversar.”
“Não adianta... não consigo obter êxito em nada que faço.”
“Serei sempre essa pessoa desajeitada.”

34
Se você é daquele tipo de pessoa que foca quase exclusivamente no
negativo e raramente observa o positivo, você está praticando a distorção
FILTRO NEGATIVO.

Nossa vida é como um palco de teatro todo escuro. Temos em nossas


mãos um potente holofote.
Posso direcioná-lo para onde eu quiser.
Posso fazer iluminar momentos agradáveis de sucesso. Mas também
posso iluminar meus momentos desagradáveis e de fracasso. Esse tipo de
pessoa vai jogar o holofote somente nas situações desagradáveis e de
fracasso. Com isso, esquece que na vida também tem momentos agradáveis e
generalizam suas vivências como péssimas.

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O filtro negativo acaba nos direcionado para outra distorção a


GENERALIZAÇÃO. É quando você percebe um modelo global negativo com
base em um único incidente.

De repente você não executou bem um determinado trabalho, ou não se


saiu bem em uma prova, daí você pensa:

“Viu? Eu sou um fracasso. Nada do que faço dá certo.”

Seu cônjuge não quis sair com você ou não quis fazer o que você pediu:
“Você nunca faz o que eu quero”.

E, por sua vez, a generalização nos leva ao PENSAMENTO


DICOTÔMICO, quando você considera eventos ou pessoas em termos de tudo
ou nada.

“Eu sou um fracasso em tudo.”


“Tudo o que faço dá errado”.

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Há pessoas que ainda vivem como se elas fossem o centro do universo.


Um grande imã em que atrai para ela toda a responsabilidade e culpa para si
do que acontece.

Se você é alguém assim, está cometendo o erro cognitivo da


PERSONALIZAÇÃO. Quando atribui desproporcionalmente para si toda a
responsabilidade, não percebendo a responsabilidade dos outros.

35
Mas, há também aquela pessoa que age de forma inversa. Pratica a
CULPABILIZAÇÃO , culpando os outros e recusando a tomar a
responsabilidade por mudar.

“Eu não consigo evoluir porque meu pai não me ajuda.”


“Você é quem me faz agir dessa maneira.”

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Você pode ainda ser aquele tipo de pessoa que tende a ficar presa no
passado e acaba cometendo outra distorção cognitiva conhecida como
ORIENTAÇÃO REGRESSIVA. É quando focamos apenas no que poderia ter
feito melhor no passado, esquecendo que podemos fazer melhor no presente.

“Ahhh, eu perdi a oportunidade lá trás quando tinha 18 anos e escolhi não fazer
faculdade.”
“Se eu tivesse feito isso de outra maneira não estaria agora nessa situação.”

Quando ficamos presos no passado, perdemos a oportunidade de


transformarmos o nosso futuro.
E SE? Ai ai ai... essa perguntinha sobre “E SE?” algo acontecesse e
nenhuma resposta é satisfatória, é um grande impedidor de olharmos para o
presente e construirmos nosso futuro.

“E se eu tivesse feito outra escolha?”

Essa é uma pergunta sem resposta. Porque quando, no meu passado, que
era o meu presente, eu fiz uma determinada escolha, eu abri mão de inúmeras
possibilidades, não de realidades. Assim, nunca saberemos se as possibilidades
se concretizariam.

Vamos focar no presente? Vamos fazer escolhas no presente, usando


nosso passado como experiência ao invés de ficarmos presos nele?

Uma outra Distorção Cognitiva muito presente em quem tem TOC é a


INABILIDADE PARA DESCONFIRMAR. É quando rejeitamos as evidências ou
argumentos que podem contradizer meus pensamentos. E mesmo diante de
tudo que desconfirma o meu pensamento distorcido eu continuo acreditando
nele.

Começou a entender o que são as Distorções Cognitivas e como elas


podem interferir em seu dia a dia?
36
Pensamentos automáticos e involuntários
Por meio do Modelo Cognitivo, você entendeu que após um evento surge
um pensamento.

Esse pensamento que aparece involuntariamente em sua mente é


chamado de Pensamento Automático.

Uma pessoa que não tem TOC ou algum outro transtorno de ansiedade,
muitas vezes, simplesmente vai deixar esse pensamento ir embora da mesma
forma que veio. Irá perceber que esse é um pensamento involuntário, sem
sentido, um “lixo mental”. Mas, quem tem TOC vai através desse primeiro
pensamento criar uma cadeia de outros pensamentos. Essa cadeia se forma
com pensamentos voluntários e geralmente catastróficos.
O primeiro pensamento que leva a um segundo pensamento, a um
terceiro, quarto, e assim por diante. Quanto mais você evolui com os
pensamentos nessa cadeia maior vai ficando o grau de ansiedade gerado por
eles.
Na maioria das vezes, esse primeiro pensamento, que surgiu de forma
involuntária, gera um grau de ansiedade menor que os pensamentos que o
seguem.
Mais a frente, no capítulo sobre as Técnicas você vai aprender a parar,
interromper essa cadeia de pensamentos que gera tanta ansiedade e que
consequentemente acentua o TOC.

Assista ao vídeo: “Entenda sua mente”

Clique aqui

Crenças disfuncionais no TOC

• Exagerar o risco de contrair doenças, de se contaminar ou que ocorram


desastres:

“Se eu tocar no dinheiro e não lavar as mãos depois, posso contrair doenças
ou ficar sujo.”
“Se eu usar o sabonete ou a toalha usados pelos meus familiares, posso
contrair doenças.”

37
• Exagerar a responsabilidade que os pacientes acreditam ter no sentido de
provocar e impedir desastres:

“Meu carro foi roubado, e a responsabilidade foi toda minha porque eu não
verifiquei se a porta estava fechada.”
“Se eu não verificar a porta, ela pode não ter ficado bem fechada, e se houver
um roubo a responsabilidade será toda minha.”

• Valorizar de forma excessiva os pensamentos e a necessidade de


controlá-los:

“Se passa pela minha cabeça um pensamento impróprio, existe um risco de


que eu venha praticá-lo.”
“Passou pela minha cabeça a cena de um desastre de carro e estou com medo
de que isso possa fazer com que meu filho se acidente.”

• Valorizar a necessidade de ter certeza (intolerância à incerteza) para


não cometer falhas:

“Se eu falhar, não irão me perdoar”


“Se tiver certeza não cometo falhas!”

• Perfeccionismo:

“Não posso falhar”


“É imperdoável cometer erros.”
“As coisas têm que estar no seu lugar”.

Esses pensamentos e crenças usualmente não são questionados,


envolvem erros de lógica e se expressam sob a forma de conjuntos de regras
que norteiam a sua vida.
Com isso, podem levar você a executar rituais ou a evitar situações ou
objetos considerados perigosos, mesmo que tais pensamentos e crenças não
tenham qualquer comprovação.

38
Modelo Cognitivo no TOC

39
Questionários
CAPÍTULO 5
Questionários

Vamos apresentar alguns instrumentos utilizados para avaliar o grau do


seu TOC. Esses instrumentos serão usados para direcionar você em algumas
técnicas que apresentaremos mais adiante.

Clique aqui e imprima

Questionário 1
Lista de Sintomas Obsessivo–Compulsivos
Instruções para o preenchimento:
O questionário a seguir irá auxiliá-lo a identificar suas obsessões,
compulsões ou rituais e evitações e avaliar a gravidade.
No caso das obsessões, assinale com um “X” o grau de 0 a 4 para o
quanto elas lhe perturbam, quando invadem a sua mente.
No caso das compulsões ou rituais, dê uma nota de 0 a 4 para o quanto
se sente compelido a executá-las ou para o grau de aflição ou desconforto que
sentiria se fosse impedido de realizá-las.
No caso das evitações assinale o grau de desconforto ou aflição que
sente quando entra em contato, toca ou se expõe a objetos, lugares, pessoas
ou situações que costuma evitar. Caso não apresente o sintoma descrito
marque “0”.

A. OBSESSÕES E COMPULSÕES RELACIONADAS COM SUJEIRA, GERMES,


CONTAMINAÇÃO, MEDO DE CONTRAIR DOENÇAS, NOJO

OBSESSÕES

Perturbo-me demasiadamente com pensamentos ou preocupações:

0 1 2 3 4 Com limpeza, sujeira, germes, contaminação ou em contrair


doenças.
0 1 2 3 4 Em contaminar as pessoas da minha família com germes ou
com sujeira, trazidos da rua.
0 1 2 3 4 Com o uso de venenos domésticos, produtos de limpeza,
solventes, lubrificantes.
0 1 2 3 4 Quando necessito ir a uma clínica, hospital ou cemitério.
0 1 2 3 4 Se cumprimentar passar por perto ou tocar em certas pessoas.
0 1 2 3 4 Nojo ou repugnância de certas substâncias (urina, saliva,
esperma, carne, geleias, colas). 41
COMPULSÕES

Assinale o quanto se sente compelido a fazer o ritual ou o grau de


dificuldade ou de aflição para evitar fazê-lo:

0 1 2 3 4 Limpo demasiadamente a casa ou os objetos (móveis, chão,


louças, talheres, chaves do carro, carteira, bolsa, etc.).
0 1 2 3 4 Lavo minhas mãos por mais tempo e com maior frequência do
que o necessário.
0 1 2 3 4 Lavo demais as minhas roupas ou as da minha família.
0 1 2 3 4 Uso excessivamente a máquina de lavar, sabão, sabonetes,
detergentes ou álcool.
0 1 2 3 4 Desinfeto ou lavo as coisas que trago da rua antes de pô-las em
uso.
0 1 2 3 4 Demoro muito no banho, esfrego-me demais, uso
demasiadamente sabonete ou xampu.
0 1 2 3 4 Necessito, com muita frequência, desinfetar-me usando álcool,
bactericidas ou água sanitária (Qboa).
0 1 2 3 4 Obrigo os demais membros da família a fazer as coisas acima
descritas.
0 1 2 3 4 Escovo os dentes de forma excessiva (com muita força, ou
demorando muito tempo).
0 1 2 3 4 Jogo fora bolsas, carteiras, roupas, sapatos por considerá-los
contaminados ou sujos.
0 1 2 3 4 Lavo as louças ou os talheres novamente, antes de usá-los.
0 1 2 3 4 Verifico seguidamente se não há sinais de sujeira ou manchas,
marcas dos dedos ou pó em móveis e objetos.
0 1 2 3 4 Quando vou a um restaurante verifico se a louça, os copos ou os
talheres estão limpos ou necessito passar o guardanapo.
0 1 2 3 4 Tenho toalha de mão ou sabonete só para mim e não permito
que ninguém da minha família os use.

Outros medos ou lavações excessivas, situações que não estão no questionário:

______________________________________________________________
______________________________________________________________

42
EVITAÇÕES

Perturbo-me demasiadamente e, por isso, evito tocar em:

0 1 2 3 4 Torneiras, maçanetas, torneiras, portas ou tampas de vaso de


banheiros públicos.
0 1 2 3 4 Teclados, mouse de computador, pegador do ônibus, telefones
públicos, corrimãos.
0 1 2 3 4 Interruptores de luz ou do elevador.
0 1 2 3 4 Manchas (na mesa, sofá, cadeiras) ou pisar em manchas
suspeitas na rua.
0 1 2 3 4 Resíduos ou secreções corporais de meu corpo (urina, fezes,
saliva, sangue, esperma).
0 1 2 3 4 Substâncias viscosas (colas, gelatinas, geleias ou carne).
0 1 2 3 4 Caixas ou tubos de venenos domésticos (inseticidas, raticidas).
0 1 2 3 4 Em certas pessoas ou chegar perto (mendigos, pessoas com
câncer, homossexuais) por medo de contrair doenças.
0 1 2 3 4 Em certas pessoas ou passar perto para que não me passem
algo ruim (má sorte, energia negativa) ou porque tenho medo praticar
certos pensamentos que me perturbam (agressão/sexual)
0 1 2 3 4 Em animais domésticos (cães, gatos).

Evito:

0 1 2 3 4 Sentar em coletivos, bancos de praças ou outros lugares


públicos.
0 1 2 3 4 Entrar em casa com os sapatos usados na rua.
0 1 2 3 4 Sentar-me em sofás, camas ou cadeiras ao chegar da rua sem
antes trocar de roupa.
0 1 2 3 4 Usar banheiros públicos, mesmo que estejam perfeitamente
limpos.
0 1 2 3 4 Frequentar hospitais e clínicas ir ao cemitério ou andar em
certos lugares com medo de contrair doenças.
0 1 2 3 4 Entrar em casa sem trocar as roupas imediatamente.
0 1 2 3 4 Encostar roupas ou objetos que considero “sujos” com roupas ou
objetos que considero “limpos”.
0 1 2 3 4 Usar certas roupas ou objetos pessoais “contaminados” (bolsas,
carteiras, chaves, celular).
0 1 2 3 4 Uso luvas ou papel para evitar o contato direto com objetos
(torneiras, tampa do vaso sanitário) ou até mesmo para cumprimentar
pessoas.

43
B. OBSESSÕES DE DÚVIDAS E COMPULSÕES DE VERIFICAÇÃO OU CONTROLE
(CHECAGENS)

OBSESSÕES

Perturbo-me com a dúvida e necessito verificar ou me certificar se:

0 1 2 3 4 Fechei as portas, janelas, gás, fogão, geladeira, torneiras,


0 1 2 3 4 Desliguei os eletrodomésticos (antes de sair de casa, antes de deitar).
0 1 2 3 4 Fechei bem as portas e os vidros do carro, se puxei bem o freio de
mão.
0 1 2 3 4 Compreendi completamente o parágrafo ou a página que li, a aula ou
o filme que assisti.
0 1 2 3 4 Fiz ou não a coisa certa (por exemplo: Assinei corretamente o meu
nome em um documento).
0 1 2 3 4 Disse ou escrevi algo errado ou impróprio.
0 1 2 3 4 Os outros entenderam perfeitamente o que eu disse.
0 1 2 3 4 Compreendi exatamente o que a pessoa disse.
0 1 2 3 4 Não fiz algo errado (atropelei alguém, disse algo inconveniente).
0 1 2 3 4 Meu trabalho ou o que escrevi está sem falhas.
0 1 2 3 4 O que pensei não é moralmente condenável.
0 1 2 3 4 Minha aparência está perfeita.
0 1 2 3 4 As minhas roupas (cinto, cadarço dos sapatos) estão perfeitamente
ajustadas ou simétricas.

COMPULSÕES

Verifico demasiadamente:

0 1 2 3 4 Portas e janelas, gás, torneiras, fogão.


0 1 2 3 4 Interruptores de luz, eletrodomésticos, mesmo após tê-los desligado.
0 1 2 3 4 As coisas que escrevi, para verificar se não cometi nenhum erro ou se
escrevi algo errado.
0 1 2 3 4 Documentos, carteira, bolsa, chaves e listas antes de sair de casa.
0 1 2 3 4 Meus e-mails ou mensagens no meu celular.
0 1 2 3 4 Portas, vidros, freio de mão do carro.
0 1 2 3 4 No espelho, se estou bem arrumado(a), se os cabelos estão bem
penteados
0 1 2 3 4 No espelho, se estou mais gordo(a) ou mais magro(a).
0 1 2 3 4 Pulso, pressão ou temperatura.
0 1 2 3 4 De forma repetida se o celular está desligado.
0 1 2 3 4 Extratos bancários, balancetes ou outras somas.
0 1 2 3 4 Repasso diálogos que tive em redes sociais para ver se não escrevi
nada de errado ou impróprio.
0 1 2 3 4 O espelho retrovisor ou dou voltas na quadra para ter certeza de que
não atropelei alguma pessoa.
0 1 2 3 4 Tenho a necessidade de perguntar a mesma coisa várias vezes para 44
ter certeza.
C. OBSESSÕES DE CONTEÚDO REPUGNANTE
AGRESSIVO/SEXUAL/BLASFEMO) INDESEJÁVEIS; ESCRÚPULOSIDADE

OBSESSÕES DE CONTEÚDOS AGRESSIVOS

Sou atormentado por pensamentos impulsos ou imagens violentas


de:

0 1 2 3 4 Ferir outras pessoas (dar um soco, esfaquear, arranhar, machucar,


empurrar alguém na escadaria ou na parada do trem ou ônibus, jogar pela
janela, etc.).
0 1 2 3 4 De atropelar pedestres ou animais.
0 1 2 3 4 Ferir a mim mesmo(a).
0 1 2 3 4 Engolir agulhas ou outros objetos metálicos como clipes,
parafusos, prendedores.
0 1 2 3 4 Falar obscenidades, dizer palavrões ou insultar outras pessoas.
0 1 2 3 4 Fazer coisas que causem embaraço ou que prejudiquem outras
pessoas.

Evitações

0 1 2 3 4 Necessito esconder facas, objetos pontudos, colocar telas nas


janelas para não machucar outras pessoas.
0 1 2 3 4 Evito passar perto de pedestres (para não dar um soco) ou de me
aproximar de familiares por medo de agredi-los.
0 1 2 3 4 Fico perturbado ao assistir filmes ou trechos de filmes ou
programas de TV que contenham imagens ou cenas violentas e, por isso,
evito.

D - OBSESSÕES REPUGNANTES DE CONTEÚDO SEXUAL

Sou perturbado por pensamentos ou cenas que me repugnam de:

0 1 2 3 4 Praticar sexo com pessoas de minha família ou com pessoas


desconhecidas.
0 1 2 3 4 Molestar sexualmente meus filhos, irmãos/irmãs ou crianças.
0 1 2 3 4 Praticar sexo violento com outras pessoas, introduzir objetos em
seus (ou nos meus) órgãos genitais ou ânus.
0 1 2 3 4 Olhar fixamente os genitais, os seios ou as nádegas de outras
pessoas.
0 1 2 3 4 Tirar a roupa (abaixar as calças, levantar as saias, rasgar a blusa)
de outras pessoas.
0 1 2 3 4 Imaginar as pessoas nuas.
0 1 2 3 4 Dúvidas se sou ou não ou se um dia posso me tornar
homossexual.
0 1 2 3 4 Evito certos lugares como bancas de revistas, filmes, fotos, para
não ter pensamentos ou impulsos de conteúdo sexual que me repugnam. 45
Outros pensamentos ou impulsos inaceitáveis de conteúdo sexual:
______________________________________________________________
______________________________________________________________

E - CONTEÚDO RELIGIOSO OU BLASFEMO

OBSESSÕES

Sou perturbado por pensamentos ou cenas que me repugnam de:

0 1 2 3 4 Praticar sexo com a Virgem Maria, Jesus Cristo, os santos, o


Espírito Santo ou com Deus.
0 1 2 3 4 Sobre o demônio ou sobre outras entidades malignas.
0 1 2 3 4 Cometer sacrilégios (cuspir na hóstia, na cruz, quebrar uma
imagem de um santo).
0 1 2 3 4 Dizer palavrões, obscenidades ou blasfêmias ou gritar em
momentos impróprios (durante o sermão, no momento mais solene de
uma cerimônia).
0 1 2 3 4 De ser punido por pensamentos blasfemos.

F . ESCRUPULOSIDADE

Perturbo-me por dúvidas:

0 1 2 3 4 De ter feito ou pensado algo certo ou errado, moral ou imoral.


0 1 2 3 4 De ter feito ou pensado algo que pode ser pecado e se Deus irá
me perdoar.
0 1 2 3 4 De não ter dito a verdade de forma absolutamente certa e ou de
não ser perfeitamente honesto.
0 1 2 3 4 Se disse uma mentira, trapaceei e/ou prejudiquei alguém.
0 1 2 3 4 Se o que eu fiz (transar ou masturbar-se na sexta-feira santa,
tomar um refrigerante em dia de jejum, etc.) foi ou não pecado.
0 1 2 3 4 Por não ter certeza de ter sido absolutamente correto.
0 1 2 3 4 Tenho que falar, confessar ou perguntar de forma repetida sobre
as coisas que fiz para certificar-me de que não fiz nada de errado ou de
que não magoei outra pessoa.

46
G. OBSESSÕES E RITUAIS DE CARÁTER SUPERSTICIOSO

0 1 2 3 4 Tenho medos supersticiosos e pensamentos de que pode me


acontecer algo de ruim ou alguma desgraça(por exemplo: se passar
embaixo de escadas, pisar nas juntas de lajotas, olhar certas pessoas ou
locais, olhar um espelho quebrado, virar os chinelos ou não alinha-los).
0 1 2 3 4 Acredito que certos objetos, pessoas, nomes ou palavras podem
provocar azar.
0 1 2 3 4 Evito olhar ou entrar em funerárias, cemitérios, casas de santos,
ler necrológios.
0 1 2 3 4 Tenho que rezar ou fazer o sinal da cruz de forma repetida ou em
certo horário ou local.
0 1 2 3 4 Evito usar certas cores de roupa (vermelhas, pretas) ou por
algum outro motivo.
0 1 2 3 4 Necessito fazer certas coisas (tocar, ligar e desligar uma lâmpada,
rezar) um determinado número de vezes ou repetir certos atos, ou palavras
para dar sorte ou para que não aconteçam desgraças.
0 1 2 3 4 Acredito que pensar ou ouvir más notícias pode fazer com que
elas aconteçam.
0 1 2 3 4 Acredito em certos momentos que posso me transformar em
outra pessoa (tocando, olhando).
0 1 2 3 4 Acredito que existem números bons e maus, que dão sorte ou
azar.
0 1 2 3 4 Arrumo os objetos de certa maneira para que coisas ruins não
aconteçam.
0 1 2 3 4 Evito passar em certos lugares para que não aconteçam
desgraças depois.
0 1 2 3 4 Evito dizer ou escrever determinada palavra ou cantar certa
música (para não ter azar ou provocar desastres).
0 1 2 3 4 Evito encontrar certas pessoas, olhar sua fotografia ou vê-las na
TV, com medo de que dê azar.
0 1 2 3 4 Evito fazer qualquer atividade em determinados dias ou horários.

Outros medos supersticiosos:

____________________________________________________________
____________________________________________________________

47
H. ORDEM, SEQUÊNCIA, SIMETRIA, EXATIDÃO OU ALINHAMENTO

0 1 2 3 4 Perturbo-me se os objetos não estão no lugar certo (fora do lugar)


ou desarrumados.
0 1 2 3 4 Preocupo-me com a possibilidade de que aconteça algum acidente
para alguém da família a menos que as coisas estejam nos locais exatos ou
alinhados.

Necessito de forma exagerada:

0 1 2 3 4 Manter a minha casa e meus objetos perfeitamente em ordem ou


no seu lugar.
0 1 2 3 4 Alinhar papéis, objetos, livros e arrumar as roupas.
0 1 2 3 4 Fazer as coisas em determinada ordem ou da forma que considero
correta.
0 1 2 3 4 Deixar coisas simétricas: quadros na parede, laços do pacote de
presentes, laços do cadarço dos sapatos, os lados da colcha da cama, as
cadeiras ao redor da mesa, as roupas no corpo.
0 1 2 3 4 Alinhar os pratos e os talheres na mesa ou a comida no prato.
0 1 2 3 4 Repetir as coisas várias vezes até sentir (ter certeza) que está
tudo certo ou como deve.
0 1 2 3 4 Dizer as coisas de forma perfeita.
0 1 2 3 4 Fazer as coisas muito devagar ou de forma repetida (como ler e
reler documentos), para que não ocorram erros.
0 1 2 3 4 Deixar uma tarefa completa (ler todo o jornal, todo o livro, uma
página ou parágrafo por inteiro), mesmo não tendo importância ou não
sendo necessário.
0 1 2 3 4 Ler, cuidadosamente, correspondência inútil ou todo o jornal
mesmo se os assuntos não me interessam. Tenho que ler tudo ou por
completo, e não deixar nada de fora (completude).
0 1 2 3 4 Evitar olhar certas peças da casa para não perceber que as coisas
estão fora de lugar
0 1 2 3 4 Seguir sempre a mesma sequência ao vestir-me, despir-me,
escovar os dentes, ao chegar em casa, tomar banho ou deitar, etc.

Outras:

____________________________________________________________
____________________________________________________________

48
I. OBSESSÕES E COMPULSÕES POR POUPAR, ARMAZENAR OU
GUARDAR OBJETOS SEM UTILIDADE E DIFICULDADE EM DESCARTÁ-LOS
(COLECIONAMENTO)

0 1 2 3 4 Guardo coisas sem utilidade e sem valor afetivo como


embalagens vazias, revistas ou jornais velhos, sucatas, notas fiscais
antigas, anúncios ou correspondências vencidas.
0 1 2 3 4 Guardo eletrodomésticos que não têm conserto, roupas e sapatos
que não serão mais usados, etc.
0 1 2 3 4 Tenho dificuldade em desfazer-me de coisas sem utilidade que
atravancam muitos espaços na minha casa.
0 1 2 3 4 Armazeno alimentos ou outros itens muito além do que posso
consumir ou usar.
0 1 2 3 4 Evito usar coisas novas ou até mesmo guardo sem nunca usá-las.
0 1 2 3 4 Poupo excessivamente ou sofro caso tenha que gastar mesmo
tendo dinheiro disponível.
0 1 2 3 4 Tenho dificuldades em deletar e-mails, ligações ou mensagens do
celular, mesmo se a caixa postal estiver cheia.

J. OBSESSÕES E COMPULSÕES SOMÁTICAS

OBSESSÕES

Tenho medo ou preocupação excessiva:

0 1 2 3 4 De vir a ter uma doença grave (AIDS, câncer, hepatite).


0 1 2 3 4 De que certas partes do meu corpo ou algum aspecto da minha
aparência sejam feios, muito pequenos ou muito grandes, desfigurados e
assimétricas.

COMPULSÕES

0 1 2 3 4 Verifico demasiadamente minha aparência no espelho.


0 1 2 3 4 Demoro muito tempo para escolher a roupa adequada.
0 1 2 3 4 Questiono muito os outros sobre minha aparência.
0 1 2 3 4 Repito muitos exames, consultas médicas para possíveis sintomas
de doenças.
0 1 2 3 4 Reviso muito minha pele (espinhas, sinais) para ver se ela está
perfeita.

49
K. REPETIÇÕES, CONTAGENS E COMPULSÕES MENTAIS

Necessito de forma exagerada:

0 1 2 3 4 Reler ou reescrever repetidamente parágrafos ou páginas.


0 1 2 3 4 Repetir atividades rotineiras: entrar e sair de um lugar, sentar e
levantar da cadeira, passar o pente nos cabelos, amarrar e desamarrar o
cadarço dos sapatos, tirar e colocar uma peça de roupa.
0 1 2 3 4 Tocar em objetos, móveis, paredes ou fazer uma tarefa um
determinado número de vezes.
0 1 2 3 4 Contar enquanto estou fazendo algo.
0 1 2 3 4 Fazer contagens sem uma razão especial.
0 1 2 3 4 Repetir certas palavras ou frases um determinado número de
vezes.
0 1 2 3 4 Memorizar fatos e informações, filmes, nomes de artistas de
forma completa.
0 1 2 3 4 Repassar repetidamente situações passadas para lembrá-las
perfeitamente.
0 1 2 3 4 Repetir certa sequência de palavras, números e letras.
0 1 2 3 4 Fazer cálculos matemáticos (números das placas de carros,
número de letras das palavras, etc.).
0 1 2 3 4 Repetir certas palavras ou frases ao contrário.

Quais?_______________________________________________________

0 1 2 3 4 Saber ou se lembrar de nomes de pessoas, artistas, cantores, ou


conteúdo de anúncios luminosos, letreiros, placas de carro, etc.
0 1 2 3 4 Repetir uma palavra ou imagem “boa” para anular uma palavra ou
imagem “ruim”
0 1 2 3 4 Fazer algumas dessas repetições ou contagens para que com isso
possa evitar que algo de muito ruim venha a acontecer.

Quais?_______________________________________________________

50
L. OBSESSÕES DIVERSAS

OBSESSÕES

Perturbo-me demasiadamente com a possibilidade:

0 1 2 3 4 De dizer certas coisas ou palavras de forma errada ou esquecendo


detalhes.
0 1 2 3 4 De perder coisas.
0 1 2 3 4 De cometer erros.
0 1 2 3 4 Quando minha mente é invadida por certas imagens (não
violentas).

Quais?_______________________________________________________

0 1 2 3 4 Quando minha mente é invadida por sons, palavras ou músicas


sem sentido.

Quais?_______________________________________________________

0 1 2 3 4 Preocupação demasiada com certas funções corporais: respiração,


deglutição, piscar de olhos, irregularidades nos dentes.
0 1 2 3 4 Certos sons ou barulhos (relógio, buzinas, sons de carros) aos
quais não consigo deixar de prestar atenção neles.

M. COMPULSÕES DIVERSAS

Necessito:

0 1 2 3 4 Fazer listas, mesmo que de atividades rotineiras que se repetem


todos os dias da semana.
0 1 2 3 4 Tocar, bater de leve ou roçar em objetos, móveis e paredes.
0 1 2 3 4 Olhar fixamente ou para os lados, estalar os dedos ou as
articulações (juntas) dos ossos do corpo.

N. COMPORTAMENTOS RELACIONADOS AO TOC

0 1 2 3 4 Arrancar cabelos, pelos pubianos, fios das sobrancelhas, pelos das


axilas.
0 1 2 3 4 Roer unhas, morder as cutículas.
0 1 2 3 4 Beliscar e mexer nos olhos com força.
0 1 2 3 4 Coçar a cabeça, cutucar os dentes com a língua, espremer
espinhas de forma excessiva.
0 1 2 3 4 Comprar compulsivamente (por impulso, sem planejamento
prévio e, geralmente, sem necessidade).
0 1 2 3 4 Piscar os olhos, movimentar a cabeça, os ombros (tiques
motores) ou emitir um sons, pigarrear (tiques vocais).
51
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Questionário 2
Inventário de Obsessões
e Compulsões OCI – R
As afirmações a seguir referem-se a experiências que muitas pessoas
vivenciam diariamente.
Circule o número que melhor descreve O QUANTO a experiência
mencionada tem lhe incomodado ou causado aflição NESTE ÚLTIMO MÊS.
Os números referem-se às seguintes expressões verbais:

0 = Nem um pouco 3 = Muito


1 = Um pouco 4 = Extremamente
2 = Moderadamente

0 1 2 3 4 Eu tenho acumulado tantas coisas que elas já estão me


atrapalhando.
0 1 2 3 4 Eu verifico coisas mais vezes do que é necessário.
0 1 2 3 4 Eu fico chateado se os objetos não estão arrumados
corretamente.
0 1 2 3 4 Eu sinto vontade de contar enquanto estou fazendo coisas.
0 1 2 3 4 Eu sinto dificuldade em tocar um objeto se sei que este já foi
tocado por estranhos ou por certas pessoas.
0 1 2 3 4 Eu tenho dificuldades em controlar meus próprios pensamentos.
0 1 2 3 4 Eu coleciono coisas de que não preciso.
0 1 2 3 4 Eu verifico repetidamente as portas, janelas e gavetas, etc.
0 1 2 3 4 Eu fico chateado se outras pessoas mudam as coisas que
arrumei.
0 1 2 3 4 Eu sinto necessidade de repetir certos números.
0 1 2 3 4 Às vezes, tenho que me lavar simplesmente porque me sinto
contaminado.
0 1 2 3 4 Pensamentos desagradáveis que invadem minha mente contra a
minha vontade me deixam chateado.
0 1 2 3 4.Evito jogar coisas fora, pois tenho medo de precisar delas em um
outro momento.
0 1 2 3 4 Eu verifico repetidamente o gás, as torneiras e os interruptores
de luz, após desligá-los.
0 1 2 3 4 Eu necessito de que as coisas estejam arrumadas em uma
determinada ordem.
0 1 2 3 4 Eu acredito que há números bons e ruins.
0 1 2 3 4 Eu lavo as minhas mãos mais vezes que o necessário.
0 1 2 3 4 Eu tenho pensamentos impróprios com frequência e tenho
dificuldade em me livrar deles
52
Total de pontos:______
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Questionário 3
Escala Y – BOCS
Instruções para o preenchimento:
Para responder às perguntas da Y-BOCS, identifique uma ou mais de suas
obsessões (as que mais lhe incomodam) e procure responder às cinco
questões relativas a obsessões.
Depois, identifique uma ou mais das suas compulsões (as que mais lhe
prejudicam) e, da mesma forma, responda às cinco perguntas relativas a
compulsões.
Você obterá três notas: uma correspondente à soma dos escores obtidos
nas perguntas sobre obsessões, outra relativa à soma dos escores obtidos nas
perguntas sobre compulsões e o escore total.

OBSESSÕES

1. Tempo ocupado pelos pensamentos obsessivos (ou obsessões)

Quanto de seu tempo é ocupado por pensamentos obsessivos?

0. Nenhum
1. Leve: menos de uma hora por dia ou intrusões (invasões de sua mente)
ocasionais
2. Moderado: uma a três horas por dia ou intrusões frequentes
3. Grave: mais de três horas até oito horas por dia ou intrusões muito
frequentes
4. Muito grave: mais de oito horas por dia ou intrusões quase constantes

2. Interferência gerada pelos pensamentos obsessivos

Até que ponto seus pensamentos obsessivos interferem em sua vida social ou
profissional?

0. Nenhuma interferência
1. Leve: leve interferência nas atividades sociais ou ocupacionais, mas o
desempenho global não está comprometido.
2. Moderada: clara interferência no desempenho social ou ocupacional, mas
conseguindo ainda desempenhar.
3. Grave: provoca comprometimento considerável no desempenho social ou
ocupacional.
4. Muito grave: incapacitante.
53
3.Sofrimento relacionado aos pensamentos obsessivos

Até que ponto os seus pensamentos obsessivos o perturbam ou provocam mal-


estar?

0. Nenhuma perturbação.
1. Leve: pouca perturbação.
2. Moderada: perturbador, mas ainda controlável
3. Grave: muito perturbador.
4. Muito grave: mal-estar quase constante e incapacitante.

4.Resistência às obsessões

Até que ponto você se esforça para resistir aos pensamentos obsessivos?
Com que frequência tenta não ligar ou distrair a atenção desses pensamentos
quando invadem sua mente?

0. Sempre faz esforço para resistir ou tem sintomas mínimos que não
necessitam de resistência ativa.
1. Tenta resistir, na maior parte das vezes.
2. Faz algum esforço para resistir.
3. Cede a todas as obsessões sem tentar controlá-las, ainda que faça algum
esforço para afastá-las.
4. Cede completamente a todas as obsessões de modo voluntário.

5. Grau de controle sobre os pensamentos obsessivos

Até que ponto você consegue controlar seus pensamentos obsessivos? É


habitualmente bem-sucedido quando tenta afastar a atenção dos
pensamentos obsessivos ou interrompê-los? Consegue afastá-los?

0. Controle total
1. Bom controle: habitualmente capaz de interromper ou afastar as
obsessões.
3. Controle leve: raramente bem-sucedido; quando tenta interromper ou
afastar as obsessões, consegue somente desviar a atenção com dificuldade.
4. Nenhum controle: as obsessões são experimentadas como
completamente involuntárias; raras vezes capaz, mesmo que de forma
momentânea, de modificar seus pensamentos obsessivos.

54
COMPULSÕES (RITUAIS)

6. Tempo gasto com comportamentos compulsivos (compulsões ou


rituais)

Quanto tempo você gasta executando rituais? Se compararmos com o tempo


habitual que a maioria das pessoas necessita, quanto tempo a mais você usa
para executar suas atividades rotineiras devido aos seus rituais?

0. Nenhum
1. Leve: passa menos de uma hora por dia realizando compulsões ou
ocorrência ocasional de comportamentos compulsivos.
2. Moderado: passa uma a três horas por dia realizando compulsões, ou
execução frequente de comportamentos compulsivos.
3. Grave: passa de três a oito horas por dia realizando compulsões, ou
execução muito frequente de comportamentos compulsivos.
4. Muito grave: passa mais de oito horas por dia realizando compulsões, ou
execução quase constante de comportamentos compulsivos muito
numerosos para contar.

7. Interferência provocada pelos comportamentos compulsivos

Até que ponto suas compulsões interferem em sua vida social ou em suas
atividades profissionais? Existe alguma atividade que você deixa de fazer em
razão das compulsões?

0. Nenhuma interferência
1. Leve: leve interferência nas atividades sociais ou ocupacionais, mas o
desempenho global não está comprometido.
2. Moderada: clara interferência no desempenho social ou ocupacional, mas
conseguindo ainda desempenhar.
3. Grave: comprometimento considerável do desempenho social ou
ocupacional.
4. Muito grave: incapacitante

8. Desconforto relacionado ao comportamento compulsivo

Pergunta: Como você se sentiria se fosse impedido de realizar suas


compulsões? Até que ponto ficaria ansioso?

0. Nenhum desconforto.
1. Leve: ligeiramente ansioso se as compulsões fossem interrompidas ou
ligeiramente ansioso durante a sua execução.

55
2. Moderado: a ansiedade subiria para um nível controlável se as
compulsões fossem interrompidas ou ficasse ligeiramente ansioso durante a
sua execução.
3. Grave: aumento acentuado e muito perturbador da ansiedade se as
compulsões fossem interrompidas ou aumento acentuado e muito
perturbador durante a sua execução.
4. Muito grave: ansiedade incapacitante com qualquer intervenção que
possa modificar as compulsões ou ansiedade incapacitante durante a
execução das compulsões.

9. Resistência às compulsões

Até que ponto você se esforça para resistir às compulsões?

0. Sempre faz esforço para resistir ou tem sintomas mínimos que não
necessitam de resistência ativa.
1. Tenta resistir na maioria das vezes.
2. Faz algum esforço para resistir.
3. Cede a quase todas as compulsões sem tentar controlá-las, ainda que as
faça com alguma relutância.
4. Cede completamente a todas as compulsões de modo voluntário

0. Grau de controle sobre as compulsões

Pergunta: Com que pressão você se sente obrigado a executar as compulsões?


Até que ponto consegue controlá-las?

0. Controle total
1. Bom controle: sente-se pressionado a executar as compulsões, mas tem
algum controle voluntário.
2. Controle moderado: sente-se fortemente pressionado a executar as
compulsões e somente consegue controlá-las com dificuldade
3. Controle leve: pressão forte para executar as compulsões; o
comportamento compulsivo tem de ser executado até o fim, e somente com
dificuldade consegue retardar a realização das compulsões.
4. Nenhum controle: sente-se completamente dominado pela pressão para
executar as compulsões; tal pressão é sentida como fora do controle
voluntário. Raramente se sente capaz de retardar a execução de
compulsões.

Faça a somatória utilizando as respostas dadas e registre:

Escores: _____ Obsessões: _____ Compulsões: ____


Escore total: _____

56
TÉCNICAS
CAPÍTULO 6
Técnicas

Trabalhando as crenças distorcidas


A pessoa que tem TOC possui uma maneira singular de se relacionar com
o pensamento. O engano mais comum é acreditar que precisa e que consegue
controlar seus pensamentos.
Já falamos nesse e-book que ninguém tem o domínio sobre os
pensamentos e imagens que surgem espontaneamente. Eles são automáticos
e involuntários. Assim, a pessoa com TOC tem a tendência de interpretar de
maneira errônea seus pensamentos e imagens que experiência, e criam
crenças negativas sobre ter esses pensamentos.
Anteriormente (Capítulo 4), explicamos as principais crenças
disfuncionais do TOC e nesse capítulo vamos examinar alguns significados que
normalmente são dados aos pensamentos invasivos que se transformam em
obsessões. Muitas pessoas são instruídas no decorrer da vida que não podem
dizer coisas ruins e nem mesmo pensar algo impróprio. Desse modo,
acreditamos que devemos ser capazes de controlar os pensamentos e imagens
aleatórios que surgem.
Ressalta-se que existem alguns pensamentos mágicos que trazem a ideia
de que os pensamentos tem poder sobre o que acontece. É a ideia de que o que
se pensou vai acontecer, ou, se pensou é porque compartilha daquele
pensamento. Com isso, surgem algumas crenças inúteis que podem manter a
pessoa no ciclo do TOC.
Na verdade, não é possível controlar se tais pensamentos ou imagens
irão surgir ou não em sua cabeça. Mas, a pessoa com TOC se esforça
arduamente para rejeitar tais pensamentos automáticos por acreditar que se
teve o pensamento é porque compartilha da sua ideia.

58
Na verdade, esses pensamentos não significam nada e são percebidos
por aqueles que não têm TOC como sem importância, “lixo mental”, ou seja,
todos podemos ter pensamentos com conteúdos estranhos, bizarros,
agressivos, etc. A diferença está em como nos relacionamos com esses
pensamentos, se os entendemos como um “pensamento falho” ou se
acreditamos e nos preocupamos com receio de que realizamos os conteúdos
desses pensamentos.
Mais adiante no Capítulo 7 (Atividades), iremos mostrar por meio da
Técnica Pare como reagir diante do surgimento desses pensamentos e
imagens.

Eu deveria controlar meus pensamentos. Diante da ideia de que não


deveria ter tais pensamentos surge a necessidade de controlá-los.
Mas, se a tentativa de controlá-los for como se espanta uma mosca,
certamente será fracassada, pois ele voltará. Algumas pessoas tendem a criar
pensamentos inversos na tentativa de esquecer ou controlar, entretanto isso
faz com que entre em um ciclo cansativo de obsessões ou compulsões mentais.

59
A verdade é que não é possível controlar os pensamentos automáticos,
pois eles são involuntários. Porém, os pensamentos que surgem, a partir
deles, podem ser controlados por serem voluntários.

Assista ao vídeo:
“Acalme sua mente - entendendo sua mente”
Clique aqui

Exposição e Prevenção da Resposta ou Ritual

Como temos falado o tempo todo nesse e-book, o Transtorno Obsessivo


Compulsivo são obsessões e/ou compulsões que geram prejuízo e sofrimento à
pessoa tanto na área social como profissional.
As obsessões causam um enorme desconforto e a pessoa tende a suprimir
ou neutralizar as obsessões realizando comportamentos repetidos ou atos
mentais.
Com isso, surgem as compulsões que podem ser comportamentos
repetitivos (como lavar as mãos, organizar ou verificar) ou atos mentais (como
repetir palavras em silêncio, contar, orar).
Existe uma relação funcional entre os rituais e as obsessões.
A pessoa realiza os rituais para aliviar a ansiedade que acompanham as
obsessões, porém o impulso de executar as compulsões tende a desaparecer
em um período entre 15 e 180 minutos, quando a pessoa deixa de realizar os
rituais ou permanece em contato com as situações, ou objetos evitados.
Observa-se também que, a cada repetição do exercício, tanto a aflição
quanto a necessidade de executar os rituais desaparecem. Essa situação
chama-se habituação e é a base da Exposição e Prevenção de Respostas (EPR).
A Terapia Cognitivo-Comportamental complementa a EPR com suas
técnicas cognitivas que valorizam os pensamentos e as crenças disfuncionais
no surgimento e na manutenção dos sintomas.
Estudos mostraram que a maioria das pessoas tem pensamentos
indesejáveis de caráter agressivo, obsceno ou sexual semelhante ao TOC. No
entanto, tais pensamentos são percebidos por quem não tem TOC, como
intrusões banais ou lixo mental. Essa é a diferença dos que possuem ou não
TOC.
As obsessões e compulsões surgem das crenças disfuncionais e as
interpretações errôneas.
Uma pessoa com TOC tende a atribuir um significado catastrófico a esses
pensamentos e passa a acreditar que “Se eu penso, é porque eu desejo
cometê-los” ou “Revelam meu lado ruim de ser”.
Já uma pessoa sem o TOC, quando tem um pensamento intrusivo,
percebe que ele é banal e sem relevância. No entanto, uma pessoa com TOC
transforma aquele pensamento intrusivo em imagens mentais. Assim, passa a
acreditar que deseja e que pode ser capaz de executar o que está pensando.
Para se livrar então dessa angústia gerada pelos pensamentos, iniciam-se as
compulsões de substituição do pensamento ou verificação.
60
Como isso, alivia a ansiedade, afasta temporariamente o pensamento
indesejado e acaba reforçando a compulsão, porém as compulsões podem
fortalecer a crença disfuncional de responsabilidade exagerada. Isso porque a
ausência da consequência temida após a compulsão reforça a crença de que a
pessoa necessita fazer o ritual para eliminar a ameaça e acredita que foi o ritual
que impediu o desfecho temido.

Entenda como você persegue seu pensamento involuntário por meio


desse vídeo:

“Acalme sua mente - mudando a perspectiva”


Clique e assista

A habituação

A ideia nesse momento é que você deixe seu pensamento involuntário ir


embora do mesmo jeito que ele veio. Jamais se prenda a ele, visto que isso
pode lhe causar ansiedade. Mas, certamente, será menor que a ansiedade
gerada pelos pensamentos catastróficos que surgem a partir desse primeiro
pensamento.
Esse é o momento da habituação. Mas, o que é a habituação?
Diariamente somos expostos a estímulos incômodos, tais como o calor, o
frio, o barulho do ar-condicionado, do ventilador ou da geladeira (caso sejam
barulhentos), com os quais depois de certo tempo geralmente acabamos por
nos acostumar.

Fenômeno da habituação no TOC

Habituação no TOC é diminuição espontânea e progressiva das respostas


a situações ou a estímulos não nocivos (som, ruído, cheiro, nojo, repugnância,
dor, aflição, medo), quando se permanece em contato direto o tempo
necessário ou de forma repetida.
A cada nova exposição, a intensidade do medo ou do desconforto é
menor, podendo, com as repetições, desaparecer por completo. Esse
fenômeno ocorre em portadores do TOC, quando tocam nos objetos que
evitam ou deixam de fazer os rituais.

Exposição

A exposição (enfrentamento) é o principal recurso de que dispomos para


perdermos os medos.
No TOC, existem medos excessivos e, muitas vezes, sem motivo, dos
quais a pessoa se livra utilizando um recurso errado: evitando frequentar
certos lugares (hospitais, banheiros públicos, cemitérios) ou tocar em
determinados objetos (maçanetas de porta, interruptores de luz ou do
elevador, corrimãos, bancos de ônibus).
61
A Exposição é o contato direto ou na imaginação com objetos, lugares ou
situações que não são perigosos, mas dos quais a pessoa tem medo ou os
quais evita porque geram desconforto, nojo ou repugnância.
A exposição pode ser feita in vivo, quando há o contato físico direto com
objetos, móveis, roupas, partes do corpo, locais evitados, entre outros, ou na
imaginação, provocando intencionalmente a lembrança de situações, frases,
palavras, números, imagens ou cenas considerados horríveis e, por isso,
normalmente afastados da mente.
Tempo de duração dos exercícios: em média, entre uma e duas horas
diárias (no mínimo, 45 minutos) ou até a ansiedade desaparecer por
completo, o que, às vezes, ocorre em minutos. Os exercícios não devem ser
interrompidos, enquanto os níveis de ansiedade estiverem elevados.
A Exposição e Prevenção de Resposta ou Ritual começa com os
exercícios considerados mais fáceis. Os mais difíceis ficam para mais tarde.
Na escolha das tarefas vale, sobretudo, a sua própria avaliação: do quanto
acredita ser capaz de realizá-las efetivamente.
Você irá utilizar o questionário 1 do Capítulo 5 (Lista de Sintomas do
Transtorno Obsessivo Compulsivo) para auxiliá-lo a escolher os
comportamentos a serem enfrentados

1) Comece pelos rituais e evitações

Tanto os rituais como as evitações são comportamentos voluntários e


conscientes. Estão mais ao seu alcance do que as obsessões que são
pensamentos, imagens ou impulsos intrusivos e involuntários, e por isso é
mais difícil você controlá-los.
O primeiro passo, portanto, consiste em localizar, no questionário, esse
tipo de sintoma. Observe as notas ou o grau de dificuldade que atribuiu a cada
uma delas. As obsessões devem ser deixadas para mais adiante.

2) Comece pelos exercícios mais fáceis

A segunda regra é começar pelos exercícios que você avaliou como os


mais fáceis de realizar ou de dificuldade menor. Isso é medido pelo grau de
ansiedade que você percebe sentir quando é exposto ou se abstém de
executar um ritual. Começando pelos que geram menor ansiedade, há mais
chances de sucesso.

3) Escolha 4 a 6 tarefas por semana, pelo menos

A maioria dos pacientes apresenta muitos sintomas, mas não é possível


combater todos ao mesmo tempo. É importante selecionar quatro a seis
sintomas por semana ou mais, se a lista for muito grande, nos quais você
concentrará os exercícios.

62
4) Faça os exercícios até a aflição desaparecer

Na prática, o objetivo dos exercícios de exposição e de prevenção de


rituais é provocar a habituação e a extinção do impulso de fazer rituais. Assim,
o ideal é executar o exercício até o desaparecimento completo do desconforto,
que, como vimos, pode ser rápido (5 a 10 minutos) ou relativamente
demorado (3 horas). Se isso for inviável, você deve ficar em contato com o que
lhe provoca aflição ou abster-se de fazer o ritual pelo maior tempo que puder.

5) Entregue-se totalmente aos exercícios de EPR e evite manobras


disfarçadas para anulá-los ou neutralizá-los

Ao fazer os exercícios de EPR, evite manobras mentais disfarçadas que


neutralizam o efeito da exposição ou da abstenção do ritual, como marcar um
tempo para lavar as mãos depois de ter tocado em objetos contaminados.
Por exemplo: decidir que irá tomar um banho e trocar as roupas depois de
chegar de uma visita ao hospital ou depois de ter ido a um funeral; dar uma
olhada discreta ou passar a mão depois de fechar a porta da geladeira; não
lavar as mãos ao chegar em casa, mas evitar tocar em qualquer objeto até
tomar banho, etc. Essas são manobras disfarçadas.

6) Repita os exercícios o maior número de vezes possível

Você deve repetir os exercícios de exposição várias vezes ao longo do dia


e da semana e ficar o maior tempo possível sem executar o ritual a que está
acostumado (prevenção de ritual) ou em contato com o objeto, a situação ou o
local que evita. Isso leva à habituação.

7) Identifique a situação-gatilho para suas obsessões e compulsões


e programe os exercícios com antecedência

Por meio do seu diário (veja no capítulo 7), você consegue identificar as
situações gatilho, horários e locais nos quais é compelido a realizar seus rituais
ou evitações.
Fique atento para essas ocasiões e programe com antecedência os
exercícios que deverá fazer e seu tempo de duração.
Exemplos: “Vou sentar na cama com a roupa da rua durante 10 minutos
quando chegar em casa hoje” ou “Hoje à noite vou ficar sem verificar o fogão
antes de deitar”.

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8) Lembre que a aflição é passageira

Os exercícios provocam aumento da aflição e da ansiedade que pode ser


muito intenso, mas é passageiro.
Os portadores do TOC têm muito medo da aflição e imaginam-se
incapazes de suportá-la, temem sofrer descontrole completo, imaginam que
ela possa não acabar nunca ou até mesmo que possam ter um ataque
cardíaco.
No entanto, surpreendem-se ao descobrir que são capazes de suportar o
referido aumento.

9) Use lembretes

Você pode escrever alguns lembretes em cartões e mantê-los ao seu


alcance a fim de relê-los várias vezes ao longo da semana. Esses lembretes
servem para tranquilizá-lo e auxiliam a controlar seus medos e imaginações
catastróficas.

Exemplos de lembretes

Minha aflição não vai durar para sempre! Vai chegar um momento em
que ela vai passar!

A aflição não é um foguete que sobe sempre. Ela vai até certo ponto e
depois desce!

Tudo o que sobe, desce!

Basta não fazer nada, e a aflição e a ansiedade desaparecem por si!

Se eu ficar prestando atenção ao que estou sentindo, o medo ficará


ainda maior!

Quanto mais me preocupo com um pensamento, mais tempo ele


permanece na minha mente!

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Preencha o Cartão SOS do TOC para auxiliar você no momento da
habituação.

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65
10) Seja generoso consigo mesmo

Às vezes, é difícil cumprir 100% dos objetivos estabelecidos como


exercícios para casa. Caso você não tenha conseguido realizar todos os
exercícios da forma planejada, deve entender que isso não é um fracasso.
Falhar em parte não significa falhar no todo, pois “Perder a batalha não é
perder a guerra.”. Sugiro que sempre que você conseguir completar uma
tarefa com sucesso, você faça algo que gosta.

11) Na escolha dos exercícios observe a regra dos 80%

A regra dos 80% é um critério para a escolha ou o adiamento das tarefas.


Para aplicá-lo, você pode fazer uma das seguintes perguntas diante dos
sintomas do questionário e que considerou os menos difíceis de serem
enfrentados:

“Qual é a probabilidade (em percentual) de que eu consiga de fato


realizar a exposição ou a prevenção de ritual para nessa situação ou para esse
sintoma?” ou “Considerando 10 tentativas, em quantas imagino de fato
conseguir realizar os exercícios?”

Escolha como tarefas de casa aqueles exercícios que você acredita ter, ao
menos, 80% de chance de realizar.
Em outras palavras: não inclua na lista tarefas que não acredita ter
chances de cumprir.
Caso as chances estejam abaixo de 80%, você pode reduzir o tempo de
duração do exercício e, então, verificar se as probabilidades de realizá-lo
aumentam.
Por exemplo, se não consegue se expor durante meia hora, talvez o
consiga durante 10, 5, ou até mesmo durante um minuto apenas.

66
As quatro regras de ouro da terapia de exposição e prevenção de
rituais:

1. Enfrente as coisas de que você tem medo tão frequentemente quanto


possível.

2. Se você perceber que está evitando algum objeto ou situação, enfrente-


o.

3. Se você sentir necessidade de fazer algum ritual para sentir-se melhor,


faça esforço para não realizá-lo.

4. Repita os passos 1, 2 e 3 o maior número de vezes e pelo maior tempo


possível.

“As pessoas se perturbam mais com o que pensam sobre as coisas do que
com as coisas em si”

Questionamento Socrático

O questionamento socrático é uma das técnicas mais utilizadas para


auxiliar os pacientes a realizarem descobertas sobre a estrutura do seu
pensamento, para flexibilizá-los e mudar crenças rígidas sobre si mesmo, os
outros e o ambiente. Por meio de questionamentos, você terá a possibilidade
de descobrir que seus pensamentos estão incorretos, rígidos ou não estão o
ajudando. Isto é, feito buscando explorar os conceitos por intermédio dos
quais a situação é interpretada bem como as evidências que apoiam e não
confirmam mais os conteúdos dos pensamentos.
Por meio de simples questionamentos – perguntas com respostas
abertas, como era o método do filósofo Sócrates – você terá a possibilidade de
flexibilização dos pensamentos e das crenças. Nesse método, você deve
analisar a situação buscando uma perspectiva de expectador, fazendo-se, de
certa forma, de ignorante sobre o assunto e investigando seu próprio
pensamento, como um cientista que testa e refuta hipóteses, que pensa sobre
o pensar. Nessa técnica, o pensamento é considerado uma hipótese a ser
testada. No seu processo de explicação e de investigação, você acabará
transmitindo pontos de vista específicos, crenças, distorções cognitivas,
pensamentos automáticos disfuncionais, podendo identificá-los e avaliá-los
de maneira mais pragmática.
Um exemplo desse tipo de questionamento:
Você poderia dizer: “Sinto que não sou uma boa pessoa, pois tenho esses
pensamentos ruins”.
Por meio da técnica do Questionamento Socrático, você é convidado a
refletir sobre o que disse, sem julgamentos, apenas se questionando sobre as
diversas crenças que integram esse pensamento. Por exemplo:
67
O que é ser uma boa pessoa? Destas características enumeradas por
você, quais você possui? Quem você considera uma boa pessoa e porquê?
Você acha que uma boa pessoa tem controle de TODOS os seus pensamentos?
Boa pessoas só pensam coisas boas à respeito de si, do mundo e das pessoas?
O que você acha que faz uma pessoa ter pensamentos ruins? O fato de uma
pessoa pensar algo ruim, ainda que não realize este ato faz dela uma pessoa
ruim? São as atitudes ou os pensamentos das pessoas que demonstram que
ela é uma boa pessoa? As habilidades que alguém necessita ter para ser uma
boa pessoa já nascem com ela ou podem ser aprendidas? Como você pode ter
certeza disto? Há alguma outra explicação? Quando você fala isto, o que
parece estar por trás desta afirmação? O que levou você a dizer isto?

Muitas vezes, pelo questionamento socrático, você perceberá que


precisa compreender melhor a situação/acontecimento para formar crenças
mais ajustadas, mais adaptativas. Entenderá que as crenças que você possui,
que foram formadas anteriormente muitas vezes, a partir de conceitos pré-
estabelecidos, sem conhecimento suficiente sobre o assunto ou com
julgamentos que não colaboram para uma pensamento funcional, estão
gerando os sintomas.
Nessa técnica, diferentes tipos de perguntas podem ser utilizadas nos
questionamentos, de acordo com o tipo de necessidade. Dessa forma, crie um
diário de pensamentos no qual você registra o que pensou e relacione a
questionamentos a respeito do seu pensamento que o possibilite investigar e
analisar suas crenças sobre esse assunto ou situação, percebendo se há
necessidade de adaptação desse modo de pensar.

Teoria A x Teoria B

Você já entendeu sobre os pensamentos e as distorções exageradas do


TOC e, mesmo assim, ainda permanece com dificuldade de abandonar os
antigos pensamentos que atrapalham o seu dia a dia e a contestá-los?
Esta técnica vai auxiliar você a construir e a testar uma explicação
alternativa coerente, menos ansiogênica e aflitiva para suas obsessões,
levando você a uma visão mais realista da situação, facilitando a contestação
dos seus pensamentos.
Diante de uma situação que lhe cause ansiedade quanto aos seus
pensamentos, existem duas alternativas para explicar o que ocorre com você:

A
Teoria A: você está pensando isso porque de fato é real, faz
todo sentido e a maioria das pessoas pensariam assim nessa
situação:

Está mesmo visivelmente muito sujo.


De fato se eu não fizer isso algo ruim vai acontecer.
Corro mesmo o risco de me contaminar ou adoecer.
Precisa mesmo conferir porque erra com muita facilidade.
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B
Teoria B: você é uma pessoa muito sensível a medos de ser
contaminado e errar, reagindo a esses medos de uma forma
que compromete sua vida se preocupando muito com limpeza,
organização ou certeza.

Apesar do meu medo, consigo perceber que é exagerado o


meu medo.

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Situação Teoria A Teoria B Atitude

69
Atividades
CAPÍTULO 7
Atividades

Lista de sintomas e grau de ansiedade

Nesta primeira atividade, você vai pegar um papel e registrar os


comportamentos que tem referentes ao TOC.

- Registre todos os que vierem a sua mente. Não importa se os


comportamentos são muito limitadores para você ou nem tanto. O importante
é registrar o máximo de comportamentos ou pensamentos que você
apresenta relacionado ao TOC.
- Feito isso, que pode demandar uma observação mais aprofundada durante
alguns dias, coloque na frente de cada item registrado o grau de ansiedade (0
a 10) que sentirá caso deixe de executar o ritual.
- Olhe atentamente para a sua lista.
- Você vai começar por aqueles que colocou o grau de ansiedade menor que 5.
- Os comportamentos que geram uma ansiedade menor que 5 você vai parar
de executar.
- Lembre-se que a ansiedade ainda virá. Então procure suportá-la através da
habituação e utilize os cartões SOS caso seja necessário.
- Precisará fazer uso das Técnicas EPR, Questionamento Socrático e Teoria A x
Teoria B.
- Caso não tenha ficado claro para você as técnicas volte ao Capítulo 6 e as
releia.

Diário de Sintomas

Instruções para o preenchimento:

- Escolha um dia ou mais dias da semana que você considera os piores, nos
quais você apresenta o maior número de sintomas e preencha o seu diário.
- Identifique os horários, locais ou situações nas quais sua mente é invadida
por obsessões e é compelido a executar rituais nessas situações ou a evitar o
contato.
- Anote na planilha a data, o horário, a situação ou local que desencadeou a
obsessão, o ritual que realizou ou o que evitou, o tempo gasto ou número de
vezes que realizou o ritual e o grau de desconforto sentido.
- Se for uma obsessão, anote o tempo que ela permaneceu na sua cabeça e o
grau de desconforto que sentiu usando os seguintes critérios:

71
0. Nenhuma perturbação;
1. Leve: pouca perturbação;
2. Moderada: perturbador, mas ainda tolerável;
3. Grave: muito perturbador;
4. Muito grave.

Se for um ritual anote o número de vezes que executou ou o tempo


que perdeu na execução.

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Dia Hora Situação Sintoma Grau Nº de vezes


ou tempo

72
Técnica ABC ou RPD (Registro dos Pensamentos Disfuncionais)

A Técnica ABC é utilizada para auxiliar você no registro dos seus


pensamentos. Ela é a base da Terapia Cognitiva Comportamental.
Você já entendeu o Modelo Cognitivo, conheceu as principais distorções
cognitivas, agora vai aprender a identificar seus pensamentos.
Quando você observar que está fazendo um ritual pare e se pergunte o
que estava fazendo.

Exemplo:

Evento: sentar em um banco público.


O simples fato de sentar em um banco público pode acarretar um
pensamento causador de ansiedade.

Pensamento: Esse banco está sujo. Vou me contaminar.


Este pensamento acarreta ansiedade e como consequência um
comportamento evitativo de não sentar-se no banco.

Outro exemplo:

Evento: Vesti uma camisa e tive um pensamento ruim neste momento.


Ter o pensamento ruim pode acarretar um pensamento causador de
ansiedade.

Pensamento: Se eu não tirar e vestir essa camisa 5 vezes, isso que pensei
irá acontecer.

Este pensamento acarreta ansiedade e, como consequência, um


comportamento repetitivo de tirar e colocar a camisa para ter certeza de
que o que pensou não irá acontecer.

Seguindo esses exemplos preencha a tabela a seguir na próxima página.

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Técnica ABC

Evento ativador refere-se a um evento que precede a seus


pensamentos ou crenças.

Por exemplo, reconhecer que “a prova é amanhã” é o evento ativador


que precede o pensamento “Eu não estou preparado”, o qual pode levar a
consequência como sentir a ansiedade e preocupação e ao
comportamento de estudar muito para o exame ou desistir de fazer a
prova.

A= Evento B= C= Sentimentos C=
Ativador Pensamentos Consequentes Comportamentos
Consequentes

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Reestruturação Cognitiva

Chegou o momento de ressignificar seus pensamentos.


Você conseguiu observar os pensamentos que surgem diante de alguns
eventos, agora:

- Transcreva esses pensamentos para a tabela a seguir.


- Olhe para o que registrou e se pergunte qual a probabilidade racional do que
você pensou estar correto.
- Procure identificar o erro cognitivo por meio do tópico Distorções Cognitivas
no Capítulo 4.
- Feito isso, pense em uma resolução mais racional para a situação.

A TCC visa corrigir tais distorções cognitivas, mas é preciso:

1º Treinar a identificação dos pensamentos automáticos e/ou imagens


2º Testar a validade dos pensamentos pressupostos no passado e presente
3º Identificar os erros cognitivos e as imagens provocadoras de ansiedade
4º Desenvolver formas para resolução de problemas

PENSAMENTOS VALIDADE (%) ERRO COGNITIVO RESOLUÇÃO

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Registro dos Pensamentos Disfuncionais

Você já consegue identificar seus pensamentos, avaliá-los, reconhecer a


distorção cognitiva presente, agora está pronto para criar um pensamento
alternativo que levará você a ter comportamentos mais adequados, podendo se
livrar das repetições ou evitações.

Registre todo esse processo na tabela a seguir.

RPD - Registro de Pensamentos Disfuncionais


1) SITUAÇÃO 2) PENSAMENTO (S) 3) SENTIMENTO 4) PENSAMENTO 5) RESULTADO
AUTOMÁTICO (S) (S) (S) ALTERNATIVO
(S)

O que você Escreva o pensamento Especifique em Escreva os Copie o sentimento


estava fazendo? e classifique o quanto uma palavra e pensamentos da coluna 2 e
Onde estava? você acredita nele (0
- avalie a alternativos a classifique-o.
Quando? Com 100). intensidade (0
- este e classifique
quem? 100). o quanto voc ê
acredita nele (0-
100).
76
STOP

Falamos anteriormente dos Pensamentos Automáticos que são


involuntários (capítulo 4). Lembra-se?
Este Pensamento Automático desencadeia uma sequência de
pensamentos voluntários geralmente catastróficos.
O primeiro pensamento que leva a um segundo pensamento, a um
terceiro, quarto e assim por diante. Quanto mais você evolui com os
pensamentos nessa cadeia, maior vai ficando o grau de ansiedade gerado por
eles e fica mais difícil interromper o ritual ou a evitação.
Chegou o momento de você aprender a interromper essa cadeia de
pensamentos.
Quando você se observar fazendo essa cadeia catastrófica STOP, pare
tudo o que está pensando. Interrompa essa cadeia de pensamentos e volte ao
primeiro pensamento. “Isso está contaminado”, “Se eu não fizer o ritual algo
de ruim vai acontecer”, etc.
Identifique o pensamento causador de todo o seu medo. Então olhe para
ele. Perceba que ele é só um pensamento, que não é realidade, que nem tudo o
que você pensa é verdadeiro. É apenas um medo de que possa vir acontecer
algo ruim e que na verdade nada do que você está pensando nessa cadeia
aconteceu. Interrompa a cadeia de pensamentos.
Como todo esse processo geralmente causa uma aceleração na
respiração, passaremos agora para a segunda letra da Técnica. A letra T, que
em inglês significa Take a Breath, ou seja, respire. Regularize sua respiração.
Inspire calmamente, contando até 5. Expire também calmamente contando
até 5. Isso irá ajudar você a passar pela habituação.
Faça isso por poucos minutos e passe para a terceira letra, que é a O de
observe. Isso mesmo, observe a realidade. Lembre-se das experiências
anteriores e veja como a maioria das pessoas se comportam nessa situação.
Esse passo será detalhado no tópico a seguir. Observe que toda essa cadeia
catastrófica foi apenas historinha que sua mente criou e nada disso é verdade.
Observe também o ambiente a sua volta para que você saia de dentro da sua
cabeça que está envolta em todos esses pensamentos catastróficos levando
você para uma vivência distante do aqui e agora.
É importante essa análise, porque o cérebro não diferencia a imagem
mental da realidade. E, como você pensou tudo isso, seu cérebro pode
acreditar que toda essa vivência seja real. Assim, interrompa o pensamento,
respire e observe a sua realidade.
Distraia focando no aqui e agora. Essa é uma técnica que vamos
explicar mais adiante, conhecida como Mindfulness ou Atenção plena.
E, finalmente, a última letra P de se parabenize por ter conseguido
reconhecer essa cadeia catastrófica e a ter interrompido.
Faça isso sempre que estiver vivenciando essa cadeia catastrófica que
sua mente ansiosa cria.

77
Experiências anteriores e Modelagem

Para auxiliar na contestação dos pensamentos disfuncionais e nas


demais técnicas, você pode fazer uso das experiências anteriores e
modelagem.
Novamente nos reportamos ao Modelo Cognitivo para exemplificarmos.
Diante de um evento, você apresenta um pensamento que será o precursor
do seu ritual ou evitação.
Observe esse seu pensamento, se questione quantas outras vezes você
o teve e identifique as situações em que não pode executar o ritual ou
evitação. Naquele momento inicial, você deve ter ficado ansioso, mas, como
não podia fazer nada, suportou a ansiedade e um tempo depois a
necessidade de fazer o ritual havia desaparecido. Esse foi o momento da
habituação.
Quanto mais você se lembrar dessas vivências anteriores bem
sucedidas mais forças terá para vivenciar a habituação. Da mesma forma,
use as pessoas do seu convívio como modelos. Se questione como elas se
comportam diante de situações que sente a necessidade de executar o ritual
ou evitar a situação. Você vai perceber que essas pessoas não temem a
vivência e que você não tem motivo algum para temer.

Meditação, Mindfulness e Aceitação

Em nossa atuação na clínica, temos constantemente comprovado os


resultados da prática da meditação e/ou de exercícios de mindfulness e
aceitação pelos pacientes.
Para que você entenda melhor a meditação a que nos referimos não se
trata de uma prática com finalidade religiosa e sim um momento de acalmar-
se, aquietar a mente para que você observe seus pensamentos e
sentimentos sem críticas ou julgamentos, um instante para interromper a
correria do dia-a-dia e conectar-se com você mesmo, contemplar o momento
presente, a natureza, o que está sendo experimentado naquele instante com
aceitação.
Mindfulness é o nome dado a uma prática na qual se busca focar a
atenção totalmente no momento presente, aceitando os próprios
sentimentos, pensamentos ou sensações corporais. Em nosso canal,
disponibilizamos vários vídeos por meio dos quais você pode buscar um
maior conhecimento sobre o assunto e praticar, deixaremos os links abaixo
para facilitar seu acesso. Aqui queremos ressaltar que vários estudos
comprovam a eficácia da prática da meditação, do mindfulness e da
aceitação na redução da ansiedade, na compreensão dos estados mentais,
dos sentimentos, na memória, entre outros, eliminando sintomas e
promovendo mais qualidade de vida.
O cérebro humano é dividido em dois lados que desempenham funções
opostas, ou seja, o lado direito do corpo é controlado pelo lado esquerdo do
cérebro e vice-versa. A atividade cerebral possui ritmos conforme o que está
78
sendo executado pelo indivíduo, para cada atividade uma frequência cerebral.
O lado esquerdo do cérebro, responsável pela capacidade de raciocínio lógico
trabalha em frequências mais altas, mais rápidas na tentativa de resolver
problemas.
Contudo, resolver problemas, muitas vezes, exige criatividade, buscar
novas formas, encontrar novos caminhos e essa atividade é feita pelo lado
direito do cérebro, o lado criativo, intuitivo, que trabalha em frequência mais
baixa, exigindo que o cérebro esteja calmo, trabalhando mais lentamente.
A prática da meditação induz a estados mentais com uma menor
frequência, trabalhando as áreas criativas e nos deixando menos reativos às
situações, por isso beneficiam muito pacientes com Transtorno de Ansiedade,
TOC, Depressão e outros transtornos.
Ao longo dos últimos 10 anos, tem sido crescente a evidência de que a
prática da meditação pode levar a mudanças significativas nas estruturas
cerebrais, ela está associada ao aumento da espessura cortical, área do
cérebro associada com atenção, introspecção e processamento sensorial. A
meditação, a longo prazo, está associada também ao aumento da densidade
de matéria cinzenta no tronco cerebral, área conhecida por se ocupar dos
mecanismos de controle cardiorrespiratório, assim os indivíduos que meditam
têm menos sintomas de taquicardia em função de quadros de ansiedade por
exemplo. Meditadores têm volumes de matéria cinzenta maiores do que os
não praticantes de meditação em áreas do cérebro que são associadas à
regulação emocional e controle de resposta (o córtex órbito-frontal direito e o
hipocampo direito), por esse motivo os praticantes de meditação são pessoas
consideradas mais calmas, centradas, equilibradas.
A prática de Mindfulness (estar focado no momento presente) leva a um
aumento no cérebro da densidade de matéria cinzenta regional, no hipocampo
esquerdo, uma área do cérebro fortemente envolvida na aprendizagem e na
memória. E, entre as mudanças no cérebro, está também o córtex cingulado
anterior, uma parte do cérebro que contribui para a autorregulação, um
aspecto importante quando as pessoas começam a se envolverem com a
prática da meditação.
Assim, a meditação é uma atividade que ajuda a liberar a mente do
pensamento. Por meio dela, você conseguirá diferenciar melhor seu
pensamento da realidade (aquilo que de fato está acontecendo no momento).
A prática da meditação auxiliará você a usar melhor cada área do cérebro,
tendo maior domínio das emoções e, assim, realizar uma contestação mais
racional dos pensamentos que você sabe que não fazem sentido, mas que a
emoção exacerbada impossibilita você de interromper o ritual ou a evitação.
Essa atividade irá auxiliá-lo nas contestações. Pela meditação e pela
mindfulness, você entrará em contato com seus pensamentos e seus
sentimentos sem tentar reprimi- los, apenas observando-os e aceitando-os
incondicionalmente como pensamentos, distinguindo-os da realidade.
Sabe-se que a evitação contribui para a manutenção dos pensamentos e
dos sentimentos causadores de incômodos, dessa forma a meditação
contribuirá para o enfrentamento daqueles pensamentos, imagens mentais e
sentimentos que tememos possibilitando superá-los. Além disso, como nosso 79
cérebro não diferencia realidade de pensamento no sentido da experiência, ou
seja, se você começar a imaginar uma situação ruim logo experimentará
sensações e sentimentos ruins, da mesma forma, você pode usar essa
capacidade do cérebro e através da meditação conduzir-se a imaginação de
lugares e situações que lhe transmitam tranquilidade, calma, segurança.
Enfim, os benefícios são muitos, comece o quanto antes a praticar e note a
mudança em sua vida. Indivíduos cuja religião proíbe a prática da meditação
podem se beneficiar de mindfulness e meditação que utilizam trechos bíblicos,
hinos, entre outros. Faça as adaptações conforme sua necessidade e crença,
mas busque praticar esses momentos de aquietar-se para ouvir o que você
vem calando dentro de você.

Vídeos Meditação:

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Atividade Física

Temos utilizado em nossa clínica o estímulo e incentivo à prática de


atividade física, em especial a aeróbica.
Pessoas que praticam atividade aeróbica tendem a apresentar melhor
resultado ao tratamento, reduzindo a ansiedade e diminuindo os níveis de
tensão cognitiva e somática. Isso porque os exercícios físicos aeróbios
proporcionam a redução da ansiedade com resultados similares às estratégias
de meditação e relaxamento. Desse modo, ao final de uma atividade física, há o
alívio do estresse e uma sensação de cansaço que faz, naturalmente, o corpo
precisar de descanso e recuperação. Essa sensação reduz consideravelmente o
sentimento da ansiedade.
Além disso, o exercício físico estimula a produção de endorfina, hormônio
ligado à sensação de bem-estar, felicidade e de prazer, sensações estas que se
contrapõem a ansiedade.
Outro ponto interessante, a respeito da atividade física, em relação aos
transtornos mentais, entre eles os transtornos de ansiedade, TOC e depressão,
é o fato de que, durante a atividade física, o cérebro fica voltado para a
realização dessa tarefa, ocupa-se com as contagens necessárias, marcação de
tempos, observação e atenção aos exercícios que estão sendo executados, o
que tira o foco de atenção dos pensamentos intrusivos e das sensações de
desconforto, contribuindo para a melhoria, pois promove ao paciente um
período de descanso, permite afastar-se dos sintomas ainda que
momentaneamente e isso, por sua vez, contribui para aumentar os níveis de
esperança e motivação.
Pacientes com TOC encontram muitos benefícios em atividades que
exijam atenção concentrada como Pilates, Yoga, musculação, dança, entre
outros, devido a essa necessidade de focar nas contagens e desviar a 80
atenção dos pensamentos incômodos. Além disso, pacientes com quadros de
ansiedade, de fobia e de depressão, constantemente, ficam monitorando as
sensações corporais e as relacionando a algum mal-estar ou doença, com a
atividade física, o indivíduo é levado a experimentar uma série de sensações
(aumento da frequência cardíaca, respiratória e da temperatura corporal,
sudorese, boca seca, entre outros), que nesse momento estão ligados à saúde.
Assim, o paciente é levado a desvincular essas sensações a crenças de
doenças, passando a ter uma melhor tolerância nessas mudanças das
sensações corporais e diminuindo suas crises.
Diante de tantos benefícios mentais, porque nem chegamos a mencionar
os benefícios físicos de aumento da disposição, redução no risco de
desenvolver doenças como diabetes, pressão alta, entre tantos outros, busque
por uma atividade. Comece devagar, mas comece. Busque entender como
você funciona. Gosta de atividades individuais, de grupo, competitivas ou não?
Muitas pessoas desanimam quanto à atividade física por achar
entediante a academia, mas é importante considerar que academia não é a
única forma de atividade física. Existem inúmeras outras possibilidades.
Comece entendendo qual atividade física é mais interessante para você e
então
Você consegue e perceberá claramente os benefícios.

Vídeos sobre a importância da atividade física, no canal:

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81
Considerações
finais
CAPÍTULO 8
Considerações Finais

Você chegou ao final do nosso e-book.


Estivemos todo o tempo apresentando o trabalho do Psicólogo realizado
através da Terapia Cognitiva Comportamental.
Esperamos que tenha compreendido o Modelo Cognitivo que é a base do
nosso trabalho e esteja preparado para refletir sobre ele em todos os
momentos do seu dia a dia.
Como ressaltamos no início esse e-book não substitui a terapia.
Apresentamos técnicas das quais você pode beneficiar-se. Porém, para
um resultado efetivo, pode ser necessário um tratamento com profissionais
especializados.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem que
entende a forma como o ser humano interpreta os acontecimentos e como
aquilo que nos afeta. Ela deixa claro que não os acontecimentos em si que nos
afetam e sim a forma como cada pessoa vê, sente e pensa com relação a uma
situação que causa medo, desconforto, incômodo, tristeza ou qualquer outra
sensação negativa.
Faça terapia caso perceba que não esteja conseguindo mudar suas
emoções e comportamentos. O primeiro passo da terapia é auxiliar você a
entender seu funcionamento.
Durante os atendimentos podemos auxiliar você a identificar os
pensamentos, sentimentos e comportamentos correspondentes, bem como
seus padrões de crenças e percepções para cada experiência vivida.
Identificando seus padrões mal adaptativos ou disfuncionais de
pensamentos, podemos auxiliar você a encontrar novas possibilidades de
pensamentos alternativos e mais funcionais.
Também pode ser necessário o uso de medicamentos para auxiliar na
terapia. Isso pode ser avaliado durante a terapia e ser feito o encaminhamento
ao Psiquiatra.
Podemos atender você, onde estiver, por meio do Skype.

Acesse www.comvocepsicologia.com.br

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Referências bibliográcas

ARAÚJO, S.R.T et al. Transtorno de Ansiedade e Exercícios Físicos. Revista


Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 29, n.2, p.164-171. 2009. Disponível
em: <http://www.scielo.br/pdf/rbp/v29n2/a15v29n2.pdf>. Acesso em: 15
ago.2018.

BARLOW, David H. Manual Clínico dos Transtornos Psicológicos. Porto Alegre:


Artmed, 2016.

BECK, Aaron.T. Terapia Cognitiva da Depressão. Porto Alegre: Artmed, 1997.

BECK, Judith.S. Terapia Cognitivo Comportamental Teoria e Prática. Porto


Alegre: Artmed, 2013.

BRAGA, D. T., & Vivian, A. (2015). Terapia cognitivo-comportamental do


transtorno obsessivo-compulsivo. In Federação Brasileira de Terapias
Cognitivas, Neufeld, C. B. Falcone, E. M. O. & Rangé, B. (Orgs.).
PROCOGNITIVA Programa de Atualização em Terapia Cognitivo-
comportamental: Ciclo 2. (pp 61-95). Porto Alegre: Artmed Panamericana.
(Sistema de Educação Continuada à Distância, v.2).

CORDIOLI, Aristides.V. Vencendo o Transtorno Obsessivo Compulsivo. Porto


Alegre: Artmed, 2017.

D’ATH, Katie, et al. Controlando o TOC com a TCC. Rio de Janeiro: Alta Books,
2016.

KNAPP, Paulo. Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática Psiquiátrica. Porto


Alegre: Artmed, 2004.

ROEMER, Lizabeth. A prática da terapia cognitivo-comportamental baseada em


mindfullness e aceitação. Porto Alegre: Artmed, 2010

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