Você está na página 1de 43

LEISHMANIOSE

VISCERAL
Jéssica de Sousa Costa
RM Infectologia 2020 - UFC
Graduação Medicina 2015- Uniceplac
DESCRIÇÃO

Kala-azar (febre negra em hindi)

Doença crônica e sistêmica

Assintomática ou grave

Qualquer faixa etária

Se não tratada evolui com óbito em 90% dos casos


Leishmania spp.

Parasita intracelular
obrigatório das células do
sistema fagocítico
mononuclear

- Leishmania
(Leishmania) chagasi
- Leishmania donovani
chagasi
O VETOR
Fêmeas de flebotomíneos (mosquito palha, tatuquira, birigui)

Lutzomyia longipalpis: Principal no Brasil; Lutzomyia cruzi


Condições precárias

O mosquito se reproduz em matéria orgânica em decomposição


RESERVATÓRIO

Silvestre >> Urbana

Cão >> Homem

TRANSMISSÃO

Homem x Homem Cão -> Cão


RESERVATÓRIOS: HÁ ALTERNATIVAS?
PERÍODO DE INCUBAÇÃO:

● No homem: 10 dias a 24 meses, com média entre 2 a 6 meses.


● No cão: bastante variável, de 3 meses a vários anos com média de 3 a 7 meses.

SUSCETIBILIDADE:

● = idade, sexo e raça


● Imunidade humoral (anticorpos) pouca importância como defesa
● Supressão reversível e específica da imunidade mediada por células, o que
permite a disseminação e multiplicação incontrolada do parasito.
● Pequena parcela da população desenvolve sinais e sintomas.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO E LABORATORIAL
Manifestações clínicas: discretas (oligossintomáticas), moderadas e graves

INFECÇÃO

● Assintomáticas
- IFI/ Elisa/ Intradermorreação de Montenegro

● Doença
- Febre e esplenomegalia associado ou não à hepatomegalia
DOENÇA
1. PERÍODO INICIAL
● “aguda”
● febre < quatro semanas
● palidez cutâneo-mucosa
● hepatoesplenomegalia (Baço< 5 cm RCE)
● estado geral preservado
● pode evoluir para cura espontânea
DOENÇA
2. PERÍODO DE ESTADO

● Febre irregular
● Emagrecimento progressivo
● Palidez cutâneo-mucosa
● Aumento da hepatoesplenomegalia.
● > dois meses de evolução + comprometimento do estado geral
DOENÇA
3. PERÍODO FINAL

● Febre contínua
● Comprometimento mais intenso do estado geral
● Desnutrição (cabelos quebradiços, cílios alongados e pele seca)
● Edema dos membros inferiores que pode evoluir para anasarca
● Hemorragias (epistaxe, gengivorragia e petéquias), icterícia e ascite
COMPLICAÇÕES

Infecciosa bacteriana: otite média aguda, piodermites, infecções dos tratos


urinário e respiratório.

Sepse com evolução fatal.

Hemorragias: secundárias à plaquetopenia.


LABORATÓRIO

Citopenias (Geralmente Pancitopenia)

"Aneosinofilia "

Inversão albumina-globulina

Elevação discreta das aminotransferases (duas a três vezes os valores normais)


DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO
Anti-rK39 (K39)

● Elevadas sensibilidade e especificidade


● Alto VPP em paciente com quadro compatível
● Detecção de anticorpos IgG anti-K39
● Limitações:
- Pode permanecer positivo por muito tempo => Não serve para controle de
cura ou investigação de recidiva
- Sensibilidade baixíssima em imunodeprimidos
DIAGNÓSTICO IMUNOLÓGICO

Imunofluorescência indireta (RIFI) - anticorpos

- Títulos > 1:80

Ensaio imunoenzimático (Elisa) – anticorpos

- importância quando há manifestações clínicas

Intradermorreação de Montenegro
DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO
Aspirado esplênico (90-95%) > Aspirado de medula óssea (70%)

> Biópsia hepática > Aspiração de linfonodos

Visualização direta do parasita


DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO

Outros:

- Cultura (in vitro)


- Isolamento em Animais Susceptíveis (in vivo)
- PCR (amplificação do DNA do parasita)
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Hepatoesplenomegalias Febris:

# Doenças Hematológicas: Linfoma, Leucemias, Mieloma múltiplo

# Doenças Infecciosas: Malária, Enterobacteriose Septicêmica Prolongada,


Febre tifóide, Endocardite Infecciosa, Chagas aguda, TB disseminada,
Histoplasmose, Esquistossomose hepatoesplênica.
LEISHMANIA E HIV

A tríade clássica da LV é também a manifestação mais comum da doença na


coinfecção: hepatoesplenomegalia, febre e pancitopenia são observadas em 75%
dos casos.

OFERECER A SOROLOGIA PARA HIV PARA TODOS OS PACIENTES


COM LV.
TRATAMENTO

GLUCANTIME (ANTIMONIAL PENTAVALENTE)

Droga de escolha para a maioria dos pacientes

Pode ser feito a nível ambulatorial


TRATAMENTO
GLUCANTIME

> 20 mg/Kg 1x/dia EV ou IM x 20-40 dias (prefere-se 30 dias)

● Principais efeitos adversos:


- Cardiotoxicidade (principal!!!): Alargamento de QT
- Pancreatite
- Mialgia, artralgia
● Contra-indicações:
- Doença cardíaca de base
- Insuficiência renal
- Gestação

ECG pré-tratamento e semanal durante o tratamento


TRATAMENTO
ANFOTERICINA B, DESOXICOLATO

Cerca de 20 vezes mais potente que o antimonial

● Nefrotoxicidade
● Hipocalemia
● Reações durante a infusão
TRATAMENTO
ANFOTERICINA B LIPOSSOMAL

● Droga mais potente anti-leishmania


● Indicações:
- Calazar grave
- Idade < 1 ou > 50 anos
- Insuficiência renal, cardíaca ou hepática
- Imunodeprimidos (HIV, Tx, drogas, etc)
- Contra-indicação ou intolerância ao Glucantime
- Gestação
SEGUIMENTO
CRITÉRIOS DE CURA

- São essencialmente clínicos


- Febre: 5º dia de medicação
- Baço: redução de 40% ou mais ao final do tratamento
- Parâmetros hematológicos (hemoglobina e leucócitos): 2a semana

ACOMPANHAMENTO AMBULATORIAL: 6 M - 1 A

- Acompanhar melhora clínica e laboratorial


- Detectar recidivas precocemente
- Visceromegalias podem demorar meses para regredir
- Não há necessidade de mielograma de controle
Contato: jessicasousac@gmail.com

Obrigada
REFERÊNCIAS

- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_controle_leishmani
ose_visceral_1edicao.pdf
- https://portalarquivos2.saude.gov.br/images/pdf/2016/novembro/18/Guia-LV-
2016.pdf
- http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/leishmaniose_visceral_reducao_letalid
ade.pdf
- https://www.hc.ufu.br/sites/default/files/tmp//volume_3_guia_de_vigilancia_em_sa
ude_2017.pdf
- http://conitec.gov.br/images/Protocolos/Escopo_PCDT_LeishmanioseVisceral_En
quete.pdf
CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 2.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2
CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 2.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2

Mielograma: ausência de parasitas

K-39: reagente
CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 2.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2

Mielograma: ausência de parasitas

K-39: reagente

TRATAMENTO: Glucantime
CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno, tosse produtiva, com expectoração
amarelada, séptica

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 2.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 18.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 4,0 BD = 3,8 BI = 0,2

Mielograma positivo para Leishmania


CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno, tosse produtiva, com expectoração
amarelada, séptico

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 2.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 18.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 4,0 BD = 3,8 BI = 0,2

Mielograma: positivo para Leishmania

TRATAMENTO: Anfotericina B Lipossomal + ATB terapia p/ Pneumonia


CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, gestante, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 2.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2

Mielograma: positivo para Leishmania


CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, gestante, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 2.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2

Mielograma: positivo para Leishmania

TRATAMENTO: Anfotericina B lipossomal


CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, gestante, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 1.000 (35% neu, 55% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2

Mielograma: positivo para Leishmania


CASO CLÍNICO
Paciente 28 anos, gestante, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 1.000 (35% neu, 55% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 0,9
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2

Mielograma: positivo para Leishmania

TRATAMENTO: Anfotericina b lipossomal + ATB para neutropenia febril


CASO CLÍNICO
Paciente 60 anos, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 6.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 3,5 UR:160
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2

Mielograma: ausência de Leishmania

k-39: reagente
CASO CLÍNICO
Paciente 60 anos, proveniente de Teresina, c/ febre há 2 meses, hepatoespleno

Exames iniciais:

- Hb = 8,5
- Leu = 6.000 (55% neu, 35% linf, 10% mono)
- Plq = 88.000
- TGO = 56 TGP = 70 Cr = 3,5 UR:160
- PT = 9,0 Alb = 3,5 Glob = 5,5
- BT = 0,8 BD = 0,6 BI = 0,2

Mielograma: ausência de Leishmania

k-39: reagente

TRATAMENTO: Anfotericina B lipossomal

Você também pode gostar