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Sistemas Motivacionais e a Auto-organização do Comportamento

Ricardo R. Gudwin
DCA-FEEC-UNICAMP
gudwin@unicamp.br

Arquiteturas cognitivas são uma área de pesquisa dentro da Inteligência Artificial, onde modelos de
habilidades cognitivas, como por exemplo, percepção, atenção, memória, raciocínio, aprendizagem,
comportamento e outras são usadas para a construção de sistemas de controle para agentes artificiais.
Arquiteturas cognitivas podem ser vistas, tanto como modelos teóricos sobre como processos
cognitivos interagem entre si, como ferramentas computacionais que podem ser re-utilizadas em
diferentes aplicações.

Sistemas motivacionais são módulos específicos existentes em algumas arquiteturas cognitivas,


responsáveis por determinar o comportamento de agentes artificiais, baseados em modelos de
motivações humanas. A abordagem mais tradicional em sistemas motivacionais é baseada na teoria do
comportamento de Hull, que identifica a orgiem do comportamento em um conjunto de necessidades
internas, herdadas ontogeneticamente pela criatura, que são responsáveis por prover motivação durante
a geração do comportamento. De acordo com esta teoria, o nível de insatisfação de cada necessidade é
medido por meio de drives, que avaliam o quanto cada necessidade não está sendo contemplada. A cada
drive está associado um comportamento que supostamente deve ser capaz de reduzir o valor do drive,
provendo satisfação à necessidade correspondente. Este mecanismo funciona como um processo de
homeostase, regulando drives e satisfazendo as diversas necessidades do agente. O comportamento
gerado é dito então motivado. De acordo com Maslow, necessidades podem ser organizadas
hierarquicamente, onde os níveis mais baixos dessa hierarquia estão relacionados a necessidades
fisiológicas (alimento, água, sono, abrigo, sexo, etc.), seguidos em uma segunda camada por
necessidades de segurança (manutenção, integridade física, etc.), uma terceira camada de necessidades
sociais (pertencimento social, amizade, intimidade, família), uma quarta camada de auto-estima (força,
sucesso, senso de adequação, maestria de competências, reputação, prestígio, etc.). A quinta e última
camada envolve uma necessidade de auto-atualização, a necessidade de transcender suas capacidades,
de evoluir e atingir plenamente todos seus potenciais. Estas camadas instituem uma prioridade entre as
necessidades, onde as necessidades mais baixas na hierarquia devem ser satisfeitas primeiro, e somente
depois de satisfeitas é que as necessidades das camadas mais altas começarão a efetivamente ter efeito
no comportamento geral do agente.

Teorias motivacionais mais recentes, além da motivação como a homeostase na redução de drives,
incluem a teoria dos impulsos. De acordo com essa teoria, ao contrário do mecanismo de drives, que
funciona de modo perene, provendo uma homeostase constante, na teoria dos impulsos, um impulso é
algo que tem um início, quando o impulso é gerado, e um fim, se extinguindo quando a motivação é
satisfeita.

A essas teorias se somam as diversas teorias dos mecanismos emocionais, que de alguma forma
envolvem e afetam os mecanismos motivacionais.

Nesta palestra, discutimos como essas ideias oriundas na psicologia podem ser usadas dentro do
contexto das arquiteturas cognitivas, particularmente como podem ser usadas na criação de processos
de auto-organização do comportamento.

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