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PME

PowerPoint 1
Motivação
Introdução
 Classificação do construto motivação,
 Algumas crenças e mitos acerca da motivação
 Abordagem científica ao estudo da motivação
 Motivação – as múltiplas causas do comportamento,
 Distinguir as atitudes que os autores tomam face à diversidade de teorias da
motivação.
 Distinguir as conceções mecanicista e cognitivista da motivação.
 Reconhecer a mais-valia da conceção cognitivista da motivação.
Motivação é…
Algumas crenças/mitos acerca da motivação:
 A motivação constitui uma qualidade ou característica fixa dos indivíduos
impermeável às influências contextuais;
 Enquanto característica pessoal, ela pode ser descrita através de um único conceito
(e.g., interesse, objetivo, esforço, pensamento positivo, felicidade…), o qual explica o
seu impacto no comportamento dos indivíduos;
 Há uma estratégia única ou preferencial que é mais eficaz na motivação dos indivíduos
para a realização de tarefas em determinado contexto e para a promoção do
ajustamento a esse mesmo contexto;
Estudar PME, Hoje
“golden age of motivation” (Reeve, 2015)
Estudar psicologia da motivação e da emoção
 É interessante e responde a questões que são essenciais na compreensão do
desenvolvimento e comportamento humano quem somos? O que desejamos e porquê?
E as outras pessoas, o que desejam e porquê?
 É útil/prático – pode identificar os preditores da qualidade do nosso desempenho e do
nosso bem-estar. Como podemos melhorar as nossas realizações e os nossos níveis
de bem-estar?
1. Caracterização do conceito da motivação
O conceito da motivação deriva da expressão latina movere que significa movimento….
A motivação será o conjunto de forças que mobilizam e orientam a ação de um organismo em
direção a determinados objetivos.
Motivação (Reeve, 2009, 2015)
Envolve os processos que dão ao comportamento energia e direção
Intensidade, Persistência comportamental
O comportamento é dirigido para objetivos ou metas
 Tende a ser vista como um conceito unidimensional que é operacionalizado em termos
de quantidade (quanto?)
 Mas é, na verdade, um conceito multidimensional que é operacionalizado em termos
de quantidade e de qualidade (porquê?)
O que é que causa o comportamento?
1. Por que razão se inicia um determinado comportamento?
2. Uma vez iniciado, o que é que sustenta o comportamento?
3. Por que razão se orienta para determinados objetivos, ou metas, e não para outros?
4. Por que razão o comportamento muda de direção?
5. Por que razão um determinado comportamento termina?
Razões para a prática desportiva?

Reformulando!
How motivation affects behavior’s initiation, persistence, change, goal directedness, and
eventual termination.
Papel da motivação na efetivação do comportamento (Ford, 1992)
Comportamento = Motivação x Competências x Responsividade do meio
O que causa o comportamento? Por que razão o comportamento varia em intensidade?

Diferenças na intensidade de realização de uma mesma tarefa, ao longo de tempo.

 A motivação é a base de todo o comportamento porque não há comportamento sem


motivação. Entende-se por motivação o conjunto de forças que sustentam,
regulam e orientam as ações de um organismo para determinado fim.
 As variáveis: direção do comportamento, intensidade da ação e persistência do esforço
são as componentes que a pesquisa empírica mais tem procurado investigar (Neves,
2002).
Motivação
 A experiência privada, não diretamente observável.
 Inferir:
o observando o comportamento
o ou os seus antecedentes
O que confere direção e intensidade ao comportamento
Como é que a motivação se expressa?

Principais temáticas no estudo da motivação


 Motivation benefits adaptation.
 Motives direct attention and prepare action.
 Motives vary over time and influence the ongoing stream of behavior.
 Types of motivation exist.
 Motivation includes both approach and avoidance tendencies.
 Motivation study reveals what people want.
 To flourish, motivation needs supportive conditions.
 There us nothing so pratical as a good theory
 Em vez de se basear nas explicações pessoais, a investigação em psicologia da
motivação e emoção procura construir teorias explicativas dos processos
motivacionais;
 A partir destas teorias são geradas hipóteses, que posteriormente serão testadas
empiricamente (oferecem ou não suporte à teoria);
 Uma vez validada, a teoria deverá ser uma referência na organização da intervenção e
de futura investigação.
Abordagem científica ao estudo da motivação
Atitude face à diversidade de teorias
Em Psicologia têm surgido imensas teorias relativas ao conceito de motivação, o que tem
dificultado o processo de delimitação do conceito e do próprio campo de ação da psicologia da
motivação.
Ao existirem tantas teorias acerca da motivação, os autores têm adotado diferentes atitudes:
 atitude anti teórica
 atitude eclética
 atitude opção teórica
 atitude integrativa
A integração permite:
 Identificar conceitos que têm o mesmo significado (expectativa de resultado;
expectativa de controle; expectativa de contingência; expectativa “se…, então…”).
 Conjugar os contributos de várias teorias comparáveis e complementares (expectativa
de controle e expectativa de eficácia).
 Diferenciar entre conceitos que são confundidos, nomeadamente expectativa e
atribuição.
Teorias

Diferenças entre conceções mecanicista e cognitivista


Porquê opção pela conceção cognitivista?
As teorias humanista e cognitiva consideram que o princípio básico do funcionamento dos
motivos é o da persistência de tensão ou homeoquinesia.
O sujeito é agente ativo e seletivo do próprio comportamento capaz de estimular-se em função
de metas a atingir e das oportunidades fornecidas pelas situações. O sujeito é o próprio agente
da sua aprendizagem e comportamento.
O segredo da existência humana consiste não somente em viver, mas ainda encontrar um
motivo para viver (Dostoivski, sd.)

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Abordagem das necessidades
Teorias mecanicistas
Introdução
 Analisar a abordagem das necessidades no estudo da motivação.
 Estabelecer paralelismos entre as teorias de Maslow (1954) e de Herzberg (1959) da
motivação;
 Caracterizar a teoria X e Y de McGregor (1960);
 Caracterizar a teoria das necessidades aprendidas de McClelland (1961)

Motivação: Contextualização
A motivação é o processo que confere ao comportamento energia, pela intensidade e
persistência comportamental, e direção, pois o comportamento é dirigido para o objetivo
(Reeve, 2009).
 Pode ser definida como a variedade do comportamento intra e interindividual
devida a diferenças individuais e competências no controlo das exigências do
meio que a ação exige (Vroom, 1964).
 Tende a ser visto como um conceito unidimensional que é operacionalizado em termos
de quantidade (o quanto?), mas, na verdade, é um conceito multidimensional que é
operacionalizado em termos de quantidade e de qualidade (o porquê?)

Uso das teorias para desenvolver problemas práticos (Reeve, 2009)


1. Problema prático
2. A partir do conhecimento sobre motivação emoção:
 Teorias
 Evidência empírica
 Evidência prática
3. Solução
 Trará benefícios?
 Não será prejudicial?
Fontes motivacionais (Reeve, 2015)
Necessidades (Reeve, 2009)
 Condição da pessoa essencial e necessária para sobrevivência, o crescimento e
o bem-estar.

1. Hierarquia das necessidades de Maslow (1954)


Maslow dividiu ainda as 5 necessidades em 2 grupos:
1. ordem inferior: fisiológicas e segurança;
2. ordem superior.
As necessidades de ordem inferior são, predominantemente, satisfeitas extrinsecamente,
enquanto as de ordem superior são satisfeitas internamente.
Em suma, esta teoria assenta em 2 principais pressupostos:
1. As pessoas são motivadas pelo desejo de satisfazer um determinado tipo de
necessidades;
A want that is satisfied is no longer a want. The organism is dominated and it’s behavior
organized only by unsatisfied needs. (Maslow, 1954)
2. Essas necessidades são universais e apresentam-se de forma sequencial ou
hierárquica.

1. CJRHU
2. Teoria dos 2 fatores de Herzberg (1959)
 Pense em algo que tenha acontecido no seu trabalho e que o tenha feito sentir-se
especialmente satisfeito ou insatisfeito.
 Quais os fatores que fizeram sentir-se satisfeito?
 Quais os fatores que a fizeram sentir-se insatisfeito?

 A teoria dos 2 fatores de Herzberg (1959) apresenta muitos pontos comuns com a
de Maslow, existindo mesmo autores que têm procurado fazer corresponder as
necessidades de Maslow aos fatores de Herzberg (Jesus, 1996).
 O autor distingue entre fatores higiénicos (necessidades de segurança e sociais de
Maslow) e motivadores (necessidades de estima e realização de Maslow).
 O autor sugere que o oposto da satisfação é a não satisfação e que o inverso da
insatisfação é a não insatisfação. A grande novidade desta teoria reside no
postulado da independência entre fatores de satisfação e de insatisfação.

Dúvida: Os fatores motivacionais são responsáveis pela motivação ou pela satisfação


profissionais?
 Os fatores higiénicos eliminam a insatisfação, mas não provocam motivação.
Independentemente do grau de motivação, o indivíduo poderá sentir-se satisfeito ou
não com as condições que lhe são propostas.
(Exemplos: pagamento, condições de trabalho, políticas de gestão, segurança no
emprego, etc.)
 Os fatores motivadores geram a motivação, mas não eliminam a insatisfação.
Os colaboradores estarão motivados se lhes forem atribuídas tarefas interessantes e
ricas, em termos de conteúdo.
(Exemplos: responsabilidade, sucesso, conteúdo do trabalho, reconhecimento,
oportunidades de desenvolvimento pessoal, etc.)
Comparação entre as teorias de Maslow e Herzberg

3. Teoria X e Y de McGregor (1960)


McGregor propôs 2 visões distintas relativamente à forma de pensar do homem:
 Uma visão tradicional, fundamentalmente, negativa – visão X
 Uma visão contemporânea, sobretudo, positiva – visão Y
Lista das suposições sobre a natureza humana
Visão X
1. O trabalho é intrinsecamente desagradável para a maioria das pessoas.
2. Poucas pessoas são ambiciosas, têm jeitos de responsabilidade; a maioria prefere ser
orientada pelos outros.
3. A maioria das pessoas têm pouca capacidade para criar e encontrar solução para os
problemas das organizações.
4. A motivação ocorre apenas nos níveis fisiológico e de segurança.
5. Para a realização de objetivos da organização, a maioria das pessoas precisa de ser
estritamente controlada.

Visão Y
1. O trabalho é tão natural quanto o jogo, desde que as condições sejam favoráveis.
2. O autocontrole é frequentemente indispensável para a realização dos objetivos da
organização.
3. A capacidade para criar e resolver problemas das organizações está muito distribuída
na população.
4. A motivação ocorre num nível social, de estima e autorrealização, bem como no nível
fisiológico e de segurança.
5. As pessoas podem orientar-se e ser criativas no trabalho, desde que motivadas.
Estabelecendo uma comparação com a teoria de Maslow (1954), verificamos que:
A visão X assume que as necessidades de ordem inferior regulam os comportamentos
das pessoas.
A visão Y garante que os indivíduos são determinados por necessidades de ordem
superior.
Não há evidência empírica que permita considerar como unicamente válidos os pressupostos
da teoria Y. Nem a garantia de que se alterarmos os nossos comportamentos de acordo com
esses pressupostos haverá um aumento na motivação dos indivíduos.
Em última instância a grande mais-valia desta teoria constitui a confirmação de que a
motivação dos indivíduos depende do contexto e situação particulares.
Abordagem Z de Ouchi (1980)
Organizações
 Tipo A: americanas
 Tipo J: japonesas
 Tipo Z
Fundamentos
 Confiança.
 Atenção às relações interpessoais.
 Relações sociais estreitas.
Características
1. Emprego estável para as pessoas.
2. Avaliação do desempenho constante e promoção lenta.
3. Equidade no tratamento das pessoas, não importando o seu nível hierárquico. Todas
as pessoas passam a ter igual tratamento, iguais benefícios etc.
4. Democracia e participação: nenhuma decisão é tomada sem o consenso do grupo.
5. Valorização das pessoas. O maior património das empresas japonesas são as
pessoas que nela trabalham.

Em síntese…
 A teoria Z, de William Ouchi, é uma variante da teoria Y
 Defende que os trabalhadores têm um grau de envolvimento similar ao dos gestores,
sempre que haja um sistema de recompensas e incentivos eficaz.

4. Teoria das necessidades aprendidas de McClelland (1961)


O autor considerou a existência de 3 necessidades motivacionais fundamentais, que
variam de indivíduo para indivíduo, em termos de frequência e grau:
Necessidade da realização: desejo de ser bem sucedido.
Necessidade de poder: desejo de influenciar o comportamento dos outros.
Necessidade de afiliação: desejo de estabelecer relações interpessoais.
As pessoas com elevada necessidade de realização…
 Apresentam uma orientação para a excelência.
 Gostam de assumir responsabilidade pessoal.
 Lidam mal com a rotina e a monotonia.
 Lidam bem com o desafio.
 Procuram dar e receber feedback com vista a melhorar o desempenho.
As pessoas com elevada necessidade de poder…
 Orientam-se para o prestígio e para a produção de impacto nos comportamentos e nas
emoções dos outros.
 Tentam assumir posições de liderança espontaneamente.
 Gostam de provocar impacto.
 Assumem riscos elevados.
As pessoas com elevada necessidade de afiliação…
 Procuram relações interpessoais fortes.
 Atribuem mais importância às pessoas do que às tarefas.
 Procuram a aprovação dos outros para as suas atividades e opiniões.
 Fazem esforços para conquistar amizades e restaurar relações.
Para McClelland estas necessidades são aprendidas no contexto das experiências de vida do
indivíduo, sendo sobretudo as práticas educativas na infância as que determinam a realização
do indivíduo. Assim, contempla as diferenças intra e inter-individuais.
O comportamento das pessoas é influenciado pelos motivos, os quais têm características
semelhantes aos traços de personalidade (consistentes ao longo do tempo e resistentes à
mudança). Vídeo McClelland
Robbins (1996) considera que os dados utilizados pelo autor apresentam uma generalização
limitada, uma vez que foram obtidos a partir de amostras construídas apenas por homens
americanos.
A perspetiva de uma alta realização funcionar como fator motivador intrínseco pressupõe o
desejo de aceitar tarefas de risco (exclui países com elevado grau de instabilidade e incerteza
face ao futuro), o que varia consoante as características culturais.
Para fins motivacionais extraídos de vários estudos realizados em Portugal

The only way to do great work is to love what you do. – Steve Jobs
“If people are doubting how far u can go, go so far that you can’t hear them anymore.” – Michele
Ruiz
Podemos não mudar?

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Crenças que suportam a agência individual
1) As expectativas

1. Responder a anúncios de emprego do jornal.


2. Procurar oportunidades de emprego na internet.
3. Continuar a pensar que vou encontrar emprego após várias recusas.
4. Ser paciente na procura de emprego.
5. Inscrever-me em bolsas de emprego online.
6. Conseguir orientação junto de Serviços de apoio à procura de emprego.
Our expectancies of what will happen and our expectancies of how well we can cope with what
happens have important motivational implications.
Our expectancies of what will happen (expetativas de resultado) and our expectancies of how
well we can cope with what happens (expetativas de autoeficácia) have important motivational
implications.
Motivação no exercício da agência individual
Expectativas, antecipação, objetivos, controlo, locus de causalidade, estratégias de coping,
interação
Teoria da autoeficácia de Bandura (1977)
Albert Bandura
 Psicólogo canadiano
 Nascido em 4/12/1925
 Professor de psicologia social
 Universidade de Stanford
Self-efficacy - the exercise of control – Albert Bandura (1997, citado 58307)
People will only try to do what they think they can do, and won’t try what they think they
can’t do.
“people’s level of motivation, affective states and actions are based more on what they
believe than what is objectively the case” – Albert Bandura
According to bandura (2005), social cognitive theory takes on an agent-like perspective to
change, development and adaptation. Bandura describes an agent as someone who
intentionally influences one’s functioning and life circumstances; “In this view, people are
self-organizing, proactive, self-regulating, and self-reflecting. They are contributors to their
life circumstances not just products of them” (Bandura, 2005, p. 1).
Processos cognitivos
 As expectativas de autoeficácia
 As expectativas de resultado
Um contributo central a teoria de Bandura refere-se à distinção entre:
1. Autoeficácia (self-efficacy)
 Acreditar de que sou capaz – organizo e executo um conjunto de ações necessárias
para alcançar um determinado tipo de performance (Bandura, 1986);
 Contribui para determinar as escolhas de atividades e de ambientes, o investimento do
indivíduo na estruturação dos objetivos fixados, a persistência do seu esforço e as
reações emocionais que ele pode ter quando confrontado com obstáculos;
 O sentimento de competências está fortemente associado às performances efetivas;
 Na perspetiva sócio-cognitiva, a autoeficácia não é unitária ou fixa.
 É particularmente importante quando as circunstâncias (tarefa) desafiam o nível de
<competência;
2. Expectativas de resultados (outcome expectations)
 Crenças pessoais relativas às consequências de determinados desempenhos; (if I do
this, what will happen?)
 Envolve o imaginário das consequências dos comportamentos; (+ ou – intrínsecas)
 As expectativas de resultados são adquiridas através de experiências, tal como
acontece com a autoeficácia.
Fontes da autoeficácia
 As experiências de sucesso – quando não são fortuitas ou demasiado fáceis;
 A observação do outro – quando um modelo é competente e apresenta semelhanças
com o indivíduo;
 A persuasão verbal – expressões fortes de outros credíveis, reafirmando que os
objetivos são concretizáveis;
 As emoções, boas ou más, associadas a determinada realização

Quais as fontes de informação das expectativas de eficácia?


Realizações comportamentais
Dizem respeito a experiências pessoais de competência adquiridas no conforto com as
situações, aumentando com o sucesso e diminuindo com o fracasso.
O efeito das experiências de sucesso/fracasso depende dos níveis de autoeficácia pré-
existentes,
Nos indivíduos com baixo repertório experiencial, os sucessos e os fracassos terão maior
impacto na estruturação do sentimento de competência,
Experiências vicariantes
Referem-se a experiências de observação do comportamento dos outros, podendo levar o
observador a desenvolver expectativas de que também pode ser bem sucedido se tentar e
persistir no esforço.
O impacto vai depender:
a) da semelhança entre um modelo e o observador,
b) e do nível de experiência do observador, (maior impacto nos menos experientes)
Em síntese, a experiência vicariante é uma importante fonte de autoeficácia para os indivíduos
relativamente inexperientes que observam o desempenho de modelos semelhantes
Persuasão verbal
Refere-se à informação sugerida por outra pessoa significativa, de que o próprio é capaz de
lidar de forma bem-sucedida com a situação.
O efeito depende da credibilidade, experiência e confiabilidade do persuasor.
Ativação fisiológica
Informação obtida através do estado de ativação emocional (ativação fisiológica), sendo as
expectativas de autoeficácia tanto menores quanto maior for o nível de ansiedade e de tensão
percecionadas pelo sujeito.
O efeito entre autoeficácia e ativação fisiológica é bidirecional.
Efeito da autoeficácia no comportamento

Ambas as expectativas influenciam o comportamento.


 O indivíduo pode ter a expectativa de que um resultado será obtido através do
comportamento, mas só irá atuar para alcançar o resultado se tiver a certeza de que
irá desempenhar com eficácia o comportamento.
 Em algumas situações, é importante alteração de expectativas do indivíduo, no sentido
de melhorar a sua performance, para tal é importante que sejam criadas
oportunidades ao sujeito para que desenvolva as suas competências.
O autor distingue entre capacidades reais do sujeito (ser capaz de fazer) e expectativas
de autoeficácia (considerar que é capaz de fazer).
As expectativas, por si só, não permitem prever um desempenho adequado, sendo
necessárias as capacidades requeridas.
Nas situações em que o sujeito possui as competências requeridas, mas possui uma baixa
expectativa de autoeficácia também não se empenha.
Se o sujeito possuir as capacidades requeridas para um dado comportamento, são as
expectativas de autoeficácia que determinam a escolha, o esforço e a persistência do
comportamento.
Como podem ser potencializadas as expectativas de autoeficácia?
1. Levar o sujeito a experiênciar sucessos ou a ter experiências pessoais de
competência (realizações comportamentais);
2. Conduzir o indivíduo a observar o comportamento dos outros, com os quais se
identifica, bem sucedidos na situação aversiva (experiência vicariante);
3. Sugerir ao indivíduo que ele também é capaz de realizar o comportamento em
causa, se tentar e se persistir (persuasão verbal);
4. Diminuir a ativação emocional associada à ansiedade que a situação aversiva
provoca (ativação emocional).
Quais os resultados das investigações realizadas?
Os estudos têm procurado analisar as relações entre os processos de tratamento, a
autoeficácia percebida e o comportamento.
Estes estudos pressupõem que a intensidade e a persistência do esforço são maiores quando
o sujeito apresenta uma maior autoeficácia.
No domicílio clínico, especificamente no tratamento de adultos com fobia, os resultados
demonstram que a realização comportamental produz expectativas de eficácia mais elevadas,
generalizadas e intensas do que a experiência vicariante (Bandura, 1977)
No que respeita aos professores, a crença na sua eficácia pode a influenciar a aprendizagem
e a realização dos alunos, aumentando os seus resultados escolares (Jesus, 2000).

PowerPoint 4
Teorias cognitivistas da motivação (II)
Contrariamente às abordagens mecanicistas, as teorias cognitivistas da motivação defendem
que os indivíduos possuem uma matriz de valores e de expectativas em relação ao mundo
que as rodeia, tendo por base as suas representações internas.
O indivíduo passa a ser entendido como agente do seu comportamento, sendo, por
conseguinte, capaz de a selecionar e elaborar alternativas de ação.
Teoria da aprendizagem social de (Rotter, 1966)
Julian Rotter (1916-2014, USA)
 Nasceu em Nova Iorque
 Começou por estudar química
 Mestrado em psicologia sob a orientação de Kurt Lewin,
 Teoria da aprendizagem social
 Locus de controlo

3. Teoria da aprendizagem social de rotter (1966)


Objetivo principal da teoria de rotter: Compreender o comportamento do sujeito numa
ampla diversidade de situações, ou seja, oferecer uma teoria sistemática da personalidade
que pudesse ser útil no domicílio da psicologia clínica.
 A teoria da aprendizagem social pretende explicar e prever as escolhas que os
sujeitos fazem quando confrontados com diversas alternativas ao
comportamento, em situação de tomada de decisão (Jesus, 2000).
 É uma teoria internacionalista que considera, para a explicação do comportamento
do sujeito, a influência da sua personalidade e o significado subjetivo das
situações específicas em que o comportamento ocorre.
Rotter – comportamento depende da perceção (leitura) que fazemos de cada situação

 Construiu uma das primeiras abordagens cognitivistas do comportamento, sendo a


mesma base a maioria das teorias da aprendizagem social,
 Defendeu que as expectativas o resultado esperado de um determinado
comportamento influencia a motivação dos indivíduos para se envolverem nesse
mesmo comportamento,
 Por conseguinte, teremos sempre que considerar que o comportamento resulta da
interação com os contextos significativos, ou seja, fatores contextuais, e não apenas
dos fatores individuais,

 Social learning and clinical psychology (1954),

Quais os principais conceitos desta teoria?

 Comportamento potencial
 Expectativa
 Valor de resultado
 Situação
A probabilidade de ocorrência de um determinado comportamento, numa determinada
situação, ou seja, o comportamento potencial (C) é a função da expectativa (E) de que esse
comportamento permitirá alcançar um certo resultado e do valor do reforço (V) desse
resultado para o sujeito.
Comportamento potencial
O comportamento potencial é a probabilidade de ocorrência de um comportamento
numa determinada situação, sendo escolhido comparativamente a outras alternativas de
comportamento.
Valor de resultado
O valor do resultado é o grau em que o sujeito prefere que um determinado resultado
ocorra. Este valor depende do estado de necessidade em que o sujeito se encontra.
Expectativa
A expectativa constitui a probabilidade de o sujeito considerar a ocorrência de um
determinado resultado, em função de um comportamento numa determinada situação. É
determinada pela experiência anterior, levando o sujeito a aprender que há uma relação entre
determinados comportamentos e o alcance de certas metas.
Quais as relações possíveis entre a expectativa e valor?
Segundo o autor, existe uma relação independente entre as variáveis expectativa e valor, o
facto de se valorizar muito alguma coisa não quer dizer que se tenha grandes expectativas.
Alguns fatores que podem estar na base da discrepância entre as expectativa e valor:
1. O desconhecimento dos meios para alcançar os fins (solução: fornecer valor
instrumental aos meios).
2. A generalização inadequada de experiências fracassadas anteriormente (solução:
procurar discriminar as situações).
3. A não aprendizagem de determinadas competências (solução: treino dessas
competências, mas com um caráter comportamental).
Rotter, J. B. (1966). Generalized expectancies for internal versus external controlo f
reinforcement. Psychological Monographs, 80(1), 1-28.
Qual o conceito mais desenvolvido na teoria de Rotter?
Expectativa de controlo dos resultados ou locus de controle
Traduzem as diferenças individuais na expectativa de contingência entre o comportamento
pessoal e os resultados obtidos.
Trata-se de uma importante variável motivacional, uma vez que pode influenciar a seleção e a
adoção de estratégias de realização.
 O locus de controlo interno refere-se à perceção de controle pessoal sobre o
resultado da situação ou reforço e, por isso, tende-se a percebê-lo como resultante
das próprias ações;
 O locus e controlo externo refere-se à perceção de falta de controlo pessoal sobre a
situação ou de que o resultado não é/está dependente do próprio comportamento e,
por isso, há uma tendência a percebê-lo como resultante de fatores exteriores, como
sorte ou acaso.
Os sujeitos podem ser classificados ao longo de um continuum desde uma internalidade
extrema a uma externalidade extrema: os predominantemente internos têm tendência a
categorizar as situações em função da própria competência e, por isso, sobre o controlo
pessoal, enquanto os predominantemente externos tendem a categorizá-las em função da
sorte e, por isso, fora do próprio controlo.
Segundo Rotter, trata-se de uma expectativa generalizada, sendo que foi neste pressuposto
que construiu a sua escala.
As expectativas de controle vão influenciar as expectativas de sucesso do sujeito, no sentido
de serem maiores quanto mais o sujeito apresenta expectativas de controlo interno numa tarefa
em que tenha sido bem sucedido no passado. (Seeman & Liverant, 1962, cit. in Jesus, 2000).

O autor construiu a escala de internalidade – externalidade de Rotter para avaliar a tendência


dos sujeitos para perceberem os acontecimentos como sendo controlados mais internamente
ou mais externamente.
A escala apresenta 29 itens que representam uma amostragem de crenças relativas a seis
categorias: reconhecimento académico; amor e afeto; reconhecimento social; gestões
sociopolíticas; filosofia de vida.
Rotter’s locus of control scale
For each question select the statement that you agree with the most:
3. a. One of the major reasons why we have wars is because people don’t take enough
interest in politics.
b. There will always be wars, no matter how hard people try to prevent them.
7. a. No Matter how hard you try some people dont like you.
b. People who can’t get others to like them don’t understand how to get along with
others.
Findley e Cooper (1983) analisaram 98 estudos e concluíram que, em geral os alunos com
expectativas de controlo interno obtêm melhores resultados escolares, comparativamente com
aqueles que apresentam expectativas de controle externo.
No caso dos professores, aqueles que apresentam maior internalidade têm menor nível de
stresse profissional e maior satisfação profissional; enquanto os professores com maior
externalidade têm maior tendência para o mal-estar docente (Jesus, 2000).
Teoria da atribuição causal de Weiner (1972)
Bernard Weiner (1935 – , USA)
 Nasceu em Chicago,
 Psicólogo social
 Teoria da atribuição causal
 Baseia-se na necessidade humana de explicar os acontecimentos
Theories of motivation: From Mechanism to cognition – Bernard Weiner
O comportamento resulta de um conjunto de interações que estabelecem entre fatores
pessoais (capacidade ou esforço) e fatores ambientais (dificuldade da tarefa, sorte).
Teoria de Weiner baseia-se na necessidade humana de produzir explicações para os
acontecimentos, sobretudo em tarefas que podem ser entendidas pelo sujeito como sucessos
ou fracassos.
As diferentes formas que os indivíduos adotam para interpretar os acontecimentos,
independentemente de corresponderem ou não à realidade, têm importantes consequências
emocionais e comportamentais
An attributional theory of motivation and emotion (1986)
Social motivation, justice, and the moral emoticons – Na attributional approach (2005)
4. Teoria da atribuição causal de Weiner (1972)
Centra-se no estudo de explicações (para o sucesso ou para o fracasso) apresentadas pelos
sujeitos para os resultados obtidos em tarefas de realização.
Esta teoria constitui o suporte teórico de grande parte das investigações realizadas no âmbito
da psicologia da motivação.
Distingue 3 dimensões das atribuições, sendo que cada uma deve ser entendida num
contínuo bipolar.
Locus: refere-se à localização da causa relativamente ao ator, ou seja, se é interna ou externa.
Estabilidade: diz respeito à permanência ou não da causa ao longo do tempo, isto é, se é
estável ou instável.
Controlabilidade: refere-se à capacidade que o sujeito julga possuir para atuar sobre a causa,
modificando-a ou não.
Qual a sequência motivacional?
Quais os resultados das investigações realizadas?
As investigações têm verificado que quanto mais internas, estáveis e globais forem as
atribuições para os fracassos obtidos, maior expectativa de fracasso e, consequentemente,
maior o desânimo. (Jesus, 2000)
Domínio educativo
Os estudos têm demonstrado que os alunos que atribuíam o seus insucesso numa avaliação a
causa estáveis obtinham notas mais baixas na avaliação seguinte, em comparação com
aqueles que atribuíam o seu insucesso a causas instáveis.
As expectativas de sucesso e o grau de esforço dos alunos constituem variáveis mediadoras
da influência das atribuições sobre os resultados posteriores. (Jesus, 2000)
Domínio sociocultural
Verificou que a maioria dos desempregados atribuem a situação de desemprego a fatores
externos (i.e. governo), mas 6 meses depois aqueles que entretanto tinham encontrado
emprego haviam mudado de opinião. (Jesus, 2000)
Domínio clínico
Um estudo de Eiser, Raw e Sutton (1985), constatou que os fumadores que atribuem o
insucesso a deixar de fumar a causas instáveis apresentam maiores expectativas de sucesso,
relativamente ao comportamento de deixar de fumar, o qual influencia a respetiva intenção.
O modelo do desânimo aprendido decorrente da teoria da atribuição causal
Os indivíduos expostos ao caso incontrolável sucessivo aprendem que não têm qualquer
influência nos resultados obtidos, desenvolvendo uma postura de desânimo, próxima dos
estados depressivos. (Sallingman, 1976)
Podemos distinguir 3 estádios neste processo:
1. Após uma experiência de fracasso, na qual um indivíduo se empenhou, começa a
percecionar que não há uma relação positiva entre o seu comportamento e os
resultados obtidos;
2. Desenvolve a expectativa que o comportamento e os resultados continuarão
independentes no futuro;
3. O sujeito apresenta deficiências na aprendizagem futura e distúrbios emocionais.

Qual é a intervenção adequada para a mudança de atribuições?


A intervenção para mudança de atribuições baseia-se no princípio de que as atribuições
influenciam os esforços de realização, então uma mudança de atribuições pode modificar o
comportamento, pelo que se deve procurar alterar as atribuições, para situações de fracasso,
de estáveis para instáveis, de forma realista.

PowerPoint 5
Teoria da Autodeterminação (self-determination theory of motivation) (Ryan & Deci, 2000)
2 abordagens motivacionais dominantes
Sdt self-determination theory http://selfdeterminationtheory.org/

Self-determination theory (SDT) represents a broad framework for the study of a human
motivation and personality. SDT articulates a meta-theory for framing motivational studies, a
formal theory that defines intrinsic and varied extrinsic sources of motivation, and a descriptor of
the respective roles of intrinsic and types of extrinsic motivation in cognitive and social
development and in individual differences.

Cognitive evaluation theory


1. Temos a necessidade de nos sentirmos competentes (somos bons em alguma coisa);
2. Temos a necessidade de autonomia (podemos escolher e controlar as nossas ações);
3. Temos necessidade de relacionamento (de nos sentirmos ligados aos outros, sentir
suporte em relações positivas)
Vídeo de Richard Ryan: NPB e Bem-estar https://www.coursera.org/lecture/self-determination-
theory/12-universal-impact-of-basic-psychological-needs-on-well-being-bWLrd
Cognitive evaluation theory
CET highlights the critical roles played by competence and autonomy supports in fostering
intrinsic motivation, which is critical in education, arts, sport, and many other domains.

Cognitive evaluation theory


Motivação intrínseca – o envolvimento na tarefa decorre da própria tarefa, como o interesse
e o prazer de fazê-lo;
Motivação extrínseca – o envolvimento na tarefa decorre de razões externas à tarefa em si,
como conseguir uma boa classificação, receber um prémio;
As necessidades psicológicas e o seu impacto no funcionamento da motivação humana – a
teoria da autodeterminação (SDT)
Organismic integration theory
1. Amotivação – o indivíduo não está nem intrinsecamente nem extrinsecamente
motivado (non-regulation); (não valoriza a tarefa, não se sente competente, não
valoriza os resultados esperados) – Ex. um estudante que abandona o curso.
2. Regulação externa – motivação é satisfazer uma exigência externa ou obter uma
recompensa. A presença ou ausência de motivadores extrínsecos é que regula o nível
da motivação. Ex – estudante que estuda para evitar o confronto dos pais.
3. Regulação introjetada – consiste em considerar, mas não como suas, as exigências
dos outros para sentir ao agir de determinada maneira. Procura assim evitar a culpa ou
a ansiedade ou ainda favorecer a valorização do ego (orgulho). Ex. estudante que
chega horas a aula de PME para evitar sentir-se uma má pessoa.
4. Regulação identificada – valoriza a meta ou objetivo, a tarefa é aceite ou considerada
pessoalmente importante. Ex. um estudante de psicologia que faz um curso extra de
estatística (instrumental ou extrínseco) porque quer entender melhor esta matéria (e
como a mesma se relaciona com o curso).
5. Regulação integrada – trata-se do tipo mais autónomo de motivação extrínseca.
Identifica-se com a importância do comportamento, mas também integra essas
identificações com outros aspetos do self. Ex. estudar PME porque isso faz parte de
um plano global se vir a ser um excelente psicólogo,
6. Regulação intrínseca – realizar a atividade pelo prazer inerente à mesma. Uma criança
que joga demoradamente um jogo na PlayStation.
Segundo a teoria da autodeterminação (SDT) a motivação autónoma produz sempre melhores
resultados do que as formas controladas de motivação.
A motivação extrínseca pode diminuir a já presente motivação intrínseca na realização das
tarefas.
Como promover a motivação intrínseca nos diferentes contextos da realização?

De que forma as recompensas afetam a motivação intrínseca?


a) Informativas – relativas à qualidade e quantidade do desempenho (aumentam a
motivação intrínseca, porque suportam a competência)
b) Controlo – são a razão para realização da tarefa, diminuem motivação intrínseca e
favorecem a passagem de um locus de causalidade interna para externa.
PowerPoint 6
Emoção I
Introdução
1. Caracterizar o conceito de emoção.
2. Descrever a perspetiva filosófica das emoções.
3. Caracterizar a perspetiva científica das emoções.
Não parece que a razão tenha qualquer vantagem funcionar sem a ajuda de emoção. Pelo
contrário, é provável que a emoção ajude a razão sobretudo no que diz respeito aos assuntos
pessoais que envolvem risco e conflito… (Damásio, 2000)
1. Conceito de emoção
Variação psíquica e física, desencadeada por um estímulo. Depois de reconhecido o
estímulo, o organismo desencadeia de um modo automático e subjetivo um estado de
resposta.
Damásio (2003) refere ainda que as emoções são um meio natural de avaliar o ambiente que
nos rodeia reagir de forma adaptativa.
Sentimento
Surge quando tomamos consciência das “emoções” corporais, quando estas são
transferidas para certas zonas do cérebro onde são codificadas sobre a forma de atividade
neuronal.
Cada um de nós possui um mapa pessoal de sentimentos: quando se experimenta o medo,
memoriza-se inconscientemente uma combinação de modificações dos parâmetros fisiológicos,
combinação gravada num conjunto de neurónios do córtex somatossensorial; sempre que este
conjunto de neurónios é ativado, experimenta-se de novo um sentimento de medo. Os
sentimentos emergem, assim, da leitura de mapas onde se relacionam alterações emocionais:
são uma espécie de imagens instantâneas do nosso estado corporal. (Damásio, 2003)
Conceito de emoção: Síntese
1. Emoção é um movimento;
2. Emoção compreende fenómenos físicos – componente fisiológica;
3. Emoção agita o espírito – componente cognitiva;
4. Emoção é uma reação a um acontecimento (Furtière, 1690);
5. Emoção prepara-nos ou leva-nos para a ação – componente comportamental.

2. Perspetiva filosófica das emoções


 Platão (428-347 a. C.): a emoção era considerada algo desconcertante, que
interferia com a razão.
(excesso de dor ou prazer diminuíam a capacidade de raciocínio).
 Aristóteles (384-322 a. C.): dividiu a mente em 3 funções: cognição, emoção e
vontade (Lane, Nadel, Allen, & Kaszniak, 2000). A emoção é um produto de
julgamentos cognitivos: a raiva pode ser causada pela crença de que alguém foi
insultado.
 Estoicismo: a emoção era a responsável pela miséria e pelas frustrações
humanas.
 Idade média: as emoções integravam se nas paixões, apetites e desejos, pelo que
deveriam ser controladas. (Teocentrismo).
 Renascimento: Antropocentrismo. Torna as emoções independentes das conceções
teológicas e éticas.
Juan Luis Vivez (1492-1540): defende o favor motivacional das emoções.
 Descartes: situou as emoções na alma, tornando-as exclusivamente humanas.
Alguns autores sugeriam que tinham uma Visão confusa da emoção.
Solomon (1993) salienta que para Descartes a emoção era um tipo de paixão.
3. Perspetiva científica das emoções
 Há emoções que se manifestam em todos os seres humanos?
 As emoções dependem de uma componente biológica e/ou cultural?
 Qual o papel das emoções no processo de adaptação dos seres humanos?
 As emoções são positivas ou negativas?
 As emoções são controláveis?

1. Teoria evolucionista
1.1. Darwin (1872 O estudo das expressões faciais como prova da evolução da espécie
humana, a continuidade do comportamento humano com os outros animais e as bases
físicas da mente).
“The expression of emoticons in Man and Animals”
Vídeo 1: luta de evolução da origem das espécies
 Sugere que há esquemas de comportamento congénitos para as emoções mais
importantes.
 O que interessava não eram as emoções em si, mas as expressões emocionais
como prova da evolução da espécie humana, a continuidade do comportamento
humano com os outros animais e as bases físicas da mente. (Oatley & Jenkins, 2000)
Estas constituem padrões de ação que derivam de um passado evolucionário, nem sempre
com uma utilidade funcional (atual)
Contributos:
 Consideram a origem e o desenvolvimento das emoções;
 Distinguiram a emoção de não emoção;
 Procuraram a localização fisiológica;
 Reconheceram uma dimensão comportamental e expressiva;

2. Teoria fenomenológica
2.1. Sartre (1945)
Importância da natureza experimental da emoção
O filósofo existencialista chegou ao estudo da emoção, através de uma super-generalização,
considerando a emoção com um estado de espírito.
 A emoção é um súbito mergulho da consciência no mágico, proporcionando uma forma
de existência diferente, uma maneira existencial de estar no mundo.
 A consciência não é consciente de si mesma nem emoção – uma coisa é estar furioso,
outra coisa é estar consciente de que estou furioso, não se trata de verdadeira fúria.
Contributos:
 Abordagem muito específica de emoção, preocupação apenas com a natureza da
experiência emocional.
 Avançam com casas possíveis, mas não chegam a definir em emoção.
3. Teoria comportamentalista
A emoção é uma resposta importante para a vida e para a sobrevivência.
 A teoria comportamentalista considera a emoção uma resposta importante para a
vida e para a sobrevivência, mais do que um estado de espírito.
 Emotion makes us ready to behave (Strongman, 2003, p. 40).
 Por vezes e me integram a emoção com a motivação.
3.1. Watson (1929-1930)
Elaborou a primeira teoria comportamentalista das emoções, muito embora salientasse
aspetos fisiológicos (sistemas vicerais e glandulares).
 Defendeu que a emoção é um padrão hereditário que envolve profundas mudanças
dos mecanismos do corpo como um todo..
 Defendeu a existência de 3 tipos de reações emocionais:
1) Medo (súbita retirada de apoio);
2) Raiva (movimentos constrangedores, como choro);
3) Amor (manipulação carinhosa).
Watson analisou o desenvolvimento das reações dos recém-nascidos e catalogou as respostas
não aprendidas das crianças durante os primeiros meses (em alguns casos, anos) de vida:
1. Atividades reflexas (espirrar, chorar, fechar os punhos, pescar, etc.): aparecem em
sequência bem definida durante os primeiros dias de infância;
2. Emoções fundamentais da natureza humana através de estudos genéticos e
experimentais:
Medo: chorar, movimentos intermitentes, fechar apertadamente as pálpebras
Raiva: enrijecimento do corpo, agitação de mãos e braços, suster a respiração.
Amor: sorrir, palrar, estender os braços.
As respostas emocionais mais complicadas do comportamento humano, como a vergonha, o
ódio, o ciúme ou o orgulho são combinações e permutações dos 3 padrões anteriores.
3.2. Harlow e Stagner (1933)
 Os autores sugerem que as emoções se baseiam em respostas afetivas não
condicionadas das quais surgem respostas condicionadas.
 Argumentam que as emoções não são inatas, mas que existem respostas
condicionadas a partir das quais as emoções se desenvolvem.
 As emoções são caracterizadas como experiências complexas, derivadas de
componentes mais simples.
 As respostas não condicionadas são controladas pelo tálamo e as sensações pelo
córtex.
Harlow desenvolveu estudos sobre a separação materna e a importância do conforto e
contactos iniciais no desenvolvimento.
Vídeo: Harlow
Harlow concluiu que, após estabelecido o vínculo com a mãe, esta funcionava como
símbolo de proteção, capaz de evitar o sentimento de medo face a situações estranhas.
 Os autores sugerem que as emoções se baseiam em respostas afetivas não
condicionadas, das quais surgem respostas condicionadas.
 Harlow e Stanger expandem a sua teoria baseada nos postulados:
1. As emoções podem refletir estados conscientes e não apenas sensações;
2. Os sentidos são controlados pelo tálamo e as sensações pelo córtex;
3. Argumentam que as emoções não são inatas, mas que existem respostas não
condicionadas a partir das quais as emoções se desenvolvem.
As emoções ocorrem quando estes estados de consciência afetiva são combinados com a
representação consciente de uma situação ou de estímulo.
 Como Watson, argumentam os processos de condicionamento pelos quais todas as
emoções são adquiridas, modifica o padrão de comportamento afetivo, não
condicionados por alargar o leque de estímulos que a provocam. (Gendron e Barrett,
2009)
Embora seja uma teoria comportamentalista (condicionamento e aprendizagem social)
evidenciaram a importância de mecanismos fisiológicos (sensação) e para a cognição
(condicionamento).
Contributos:
 Proporcionam definições lineares e conduzem a previsões testáveis.
 Conferem uma estrutura motivacional às emoções.
 Tratam o desenvolvimento emocional

4. Teoria fisiológica
Estamos emocionados porque o nosso corpo está emocionado. (William James, sd.)
O principal objetivo tem sido o de encontrar o substrato da emoção no sistema nervoso
central, no sistema periférico e no sistema endócrino.
 As emoções têm uma base biológica, atendendo à complexidade do ser humano
também podem ter aspetos sociais.
 Emoção = ativação neuro fisiológica.
 A energia motivacional é uma ativação que se materializa em mecanismos fisiológicos.

4.1. James-Lange (1884), Carl Lange (1834-1900)


 Os autores sugeriam que um estímulo que resulte numa emoção poderia induzir
mudanças no sistema nervoso autónomo e visceral, seria esta auto-perceção das
mudanças viscerais que preduziria a experiência emocional (Oatley e Jenkins, 1998).
 Um aspeto positivo da teoria de James foi ter considerado que a emoção é um estado
subjetivo e ter mostrado o interesse do estudo psicofisiológico as emoções.
Porque fugimos quando temos medo?
A experiência emocional deve-se às mudanças corporais. A emoção é a perceção das
alterações corporais que ocorrem face a um estímulo
4.2. Cannon (1900)
 Afirma que o sistema visceral não constitui uma explicação suficiente para
desencadear uma experiência emocional cerebral.
 As investigações iniciadas na década de 20 do século XX, pretenderam explorar,
sobretudo, as bases neurofisiológicas dos processos emocionais, nomeadamente a
relação entre o sistema autonómico e endócrino e os estados emocionais.

 Neste contexto foi observado que estruturas como, por exemplo as estruturas do
hipotálamo, bem como outras estruturas cerebrais, estariam também envolvidas no
processamento das emoções (Kolb & Taylor, 2000).
4.6. Cacciopo (1993) neurociência social
 Dado que o sistema nervoso autónomo está envolvido na emoção e que a
experiência individual permite a distinção entre as várias emoções.
 É mais importante olhar para as condições e emoções nas quais existe uma atividade
fisiológica, do que para padrões invariáveis.
 Padrões diferentes de aferência somatovisceral podem conduzir à mesma
experiência emocional (através do reconhecimento de padrões ou facilitação
precetiva). o mesmo padrão somatovisceral pode conduzir a emoções discretas e
diferenciadas.
À medida que o envolvimento dos processos neurofisiológicos no processamento das
emoções se foi tornando incontestável, as neurociências cognitivas, contribuíram
fortemente para o estudo da relação entre cérebro e processamento de emoções. (Ortony
& Colbs, 1988, citado por Lane, Nadel, Allen & Kaszniak, 2000)
Estudo de sujeitos que sofreram lesões cerebrais e pelo recurso a métodos de imagem
funcional (alterações metabólicas perante um estímulo ou situação).
Contributos:
 A emoção tem uma base neurofisiológica; as teorias atuais apresentam uma grande
amplitude.
 São claros os contributos, no que se refere às funções das emoções (biológicas e
evolutivas).
5. Teoria cognitiva
Estamos emocionados porque pensamos.
 A emoção constitui a experiência subjetiva do sujeito, centralizando-a ao nível
do processamento de informação e das cognições (Carlson & Hattfield, 1992)
 A mesma só pode ser desencadeada após a perceção e a avaliação cognitiva, daí a
associação entre emoção e motivação. Só após a avaliação da emoção é que vai
saber se quero ou não despender esforço.
 Assim, é fundamental a avaliação, implícita ou explícita, que é feita ao fenómeno que
desencadeia a emoção.
5.1. Schacheter (1959, 1964, 1970)
Visão cognitivo-fisiológica da emoção. Estados emocionais caracterizam-se pela ativação do
sistema nervoso simpático, cujo padrão pode variar de estado para estado
 Interpretamos e classificamos a partir do que pensamos ter dado origem. As
nossas cognições do motivo que originou dão a direção.
 As emoções são controladas pela inter-relação entre a ativação fisiológica e a
avaliação cognitiva – teoria da emoção dos 2 fatores
5.2. Frijda (1993)
 A emoção resulta de um processo de avaliação automático, simples e básico, o qual é
posteriormente elaborado de forma cognitiva (Strongman, 1996)
 Frijda (1986) preconiza que a cognição é determinante na resposta emocional e parte
integrante da experiência emocional. (Eysenck, 1990).
As emoções envolvem 2 tipos de avaliação:
 Avaliação primária:
Preocupada em encontrar o significado emocional de um acontecimento ou estímulo.
 Avaliação secundária:
Preocupada com a avaliação da emoção resultante.
Lazarus (1966; 1991)
 Defende que abordarem emoção biologicamente é insuficiente. Defende que a cultura
pode afetar em emoção:

 Avaliação automática e, muitas vezes não consciente do que está a acontecer e o seu
impacto.

 Emoção = síndrome de resposta.


 A possível existência de uma ligação do sistema emocional ao sistema cognitivo,
parece continuar a reunir como sentes entre os vários investigadores (Gainotti e
Colbs. 1989, citado por Gainotti, 1999).
 Para Gainotti (1999), os sistemas lidam com informação vinda do ambiente,
selecionam o estímulo mais relevante, atribuindo uma resposta adequada ao estímulo
e, memorizam o todo constituído pelo estímulo, a resposta e o resultado.
 Nas primeiras teorias cognitivas assume relevância o conceito de 2 fatores que
considera a emoção como uma interação entre a fisiologia e a cognição. As teorias
mais recentes, ao mesmo tempo que aumentam a ênfase colocada na avaliação,
entram na discussão do seu significado.

6. Teoria desenvolvimentista
 A emoção é tratada do ponto de vista da mudança, a qual ocorre durante a vida inteira.
Procura as relações entre a base biológica e a importância social – mais do que
considerações tudo ou nada.
Importância do desenvolvimento emocional.
6.1. Bowlby (1969)
 É o exponente mais conhecido da teoria da vinculação, a qual preocupa-se com a
influência da emoção no desenvolvimento das relações sociais e da
personalidade.
 As emoções podem existir, sem serem experimentadas conscientemente. A
discussão das emoções centra-se no processo de avaliação, sendo as avaliações
afetivas experimentadas conscientemente, ou não.
 Constitui uma teoria do desenvolvimento social que se baseia muito nos aspetos
emocionais da interação entre a criança e os seus prestadores de cuidados.

 A ligação da criança a um indivíduo é o resultado da ativação de um sistema


comportamental, que tem como objetivo a manutenção da proximidade.
 Comportamentos vinculativos.
o Sinalizadores: chorar, sorrir, palrar e chamar.
o De aproximação: aproximar, seguir, trepar e chuchar.
 Bowlby sugere que a principal função dos comportamentos de vinculação é biológica
(sobrevivência e proteção) – deve ser compreendida à luz de uma perspetiva evolutiva.
7. Teoria social
A emoção é um constructo social mediado por normas sociais (Ekman, 1992).
 A emoção é considerada um fenómeno social. Na sua maior parte os estímulos
das reações emocionais vêm das outras pessoas e a emoção ocorre na
companhia de outros.
 Sempre que interagimos com alguém estamos a experimentar e a expressar
emoções, simultaneamente estamos a investigar e a interpretar a expressão
emocional da outra pessoa - O outro faz o mesmo.
 É este processo complexo, subtil e, muitas vezes, inconsciente que dá a interação
social alguma da sua profundidade.
7.1. Ekman
 Ekman acredita que há 3 sistemas diferenciados de emoção: cognição, expressão
emocional, atividade do sistema nervoso.
 A simples mudança da expressão emocional muda a forma como nos sentimos. A
linguagem é limitada para descrever os limites da emoção.
Estudo: Mostrou fotos de rostos que retratavam essas expressões emocionais a pessoas de
diferentes culturas desde a nova Guiné até uma tribo de montanheses que vive na idade da
pedra. Verificou que as pessoas reconheciam as emoções básicas.
EKMAN CONSIDERA QUE A EMOÇÃO TEM DEZ CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS:
 Existe um sinal distintivo pancultural para cada emoção;
 Existem expressões faciais distintivas universais da emoção cujo rasto pode ser
determinado filogeneticamente;
 A expressão emocional envolve múltiplos sinais;
 A duração da emoção é limitada;
 O momento da expressão emocional reflete os pormenores de uma certa experiência
emocional;
 As expressões emocionais podem ser divididas em graus de intensidade que refletem
variações do vigor da experiência subjetiva;
 As expressões emocionais podem ser totalmente inibidas;
 As expressões emocionais podem ser convincentemente simuladas;
 Cada emoção dispõe de fatores comuns pan-humanos nos seus desencadeantes;
 Cada emoção dispõe de um padrão pan-humano de modificação do SNA e do SNC.
Segundo Ekman & Friesen (2003), o método utilizado, para determinar quais as emoções que
podem ser verificadas na face humana, tem sido apresentar fotografias e solicitar que
observadores nomeiem as emoções verificadas nas fotos.
 Nos últimos anos, pesquisadores que analisaram o comportamento facial conseguiram
rotular como precisão 6 configurações faciais associadas às emoções: alegria,
tristeza, raiva, medo, surpresa e nojo (Ekman & Friesen, 1971).
 Estudos subsequentes (Ekman e Friesen, 1986) apontaram para a classificação de
uma sétima expressão facial da emoção: o desprezo. Esta ainda não foi inserida no
hall das expressões básicas devido a algumas particularidades que não a discriminam
plenamente do nojo e da raiva.
 Para a construção destes paradigmas experimentais tornou-se cada vez mais
importante limitar a definição emoção, circunscrevendo, distinguindo e
categorizando, os diferentes e passíveis de serem avaliados, os diferentes estados
emocionais.
Emoções básicas
 Envolvem todas as emoções que podem ser universalmente reconhecidas Ekman,
& Fiesen, 1971; Harris, 1991; Walker, 1982).
Emoções sociais
 Envolvem todos os estados emocionais que se aprendem a reconhecer em
sociedade e que envolvem a atribuição de crenças e intenções a outros (Cohen,
Wheelwright, Raste, & Pumb, 2001).
Emoções básicas
Para Ekman e Friesen (1971), podemos considerar como emoções básicas: a alegria, a
tristeza, a surpresa, a raiva, o medo e o nojo.
Estas emoções são geralmente conhecidas como emoções puras, onde não é necessário
atribuir uma crença ao sujeito para que sejam processadas, podendo mesmo serem
identificadas por crianças muito jovens (Cohen, Wheelwright, Hill, Raste & Plumb, 2001).
Emoções sociais
Damásio (2003) refere como exemplos de emoções sociais: a simpatia, a compaixão, o
embaraço, a vergonha, a culpa, o orgulho, o ciúme, a inveja, a gratidão, o desprezo.
As emoções sociais partem de uma combinação de várias emoções básicas.
Temos como exemplo a emoção social de simpatia, que ao envolver a emoção básica de
alegria, demonstra alguma intencionalidade e particularidade cultural.
8. Teoria Clínica
Uma das formas tradicionais de considerar a psicopatologia consiste em assumir que ela
constitui uma disfunção emocional.
A emoção está implicada em todas as perturbações afetivas. A esquizofrenia envolve
frequentemente uma modificação emocional. As neuroses dependem da ansiedade. A
psicopatologia apoia-se, de acordo com Strongman (1998), numa aparente falta de emoção.
O cérebro racional e o cérebro emocional formam um todo inseparável.

PowerPoint 7
Emoção II
Introdução
1. Análise do conceito de emoção.
2. Análise de diferentes contributos para a experiência emocional.
3. Caracterização das funções das emoções

I. Conceito de emoção
Defining “emotion” is a notorious problema (Scherer, 2005)
A emoção é o processo transitório, brusco ou agudo, desencadeado por uma percepção
(externa ou interna), ou representação (real ou imaginária), acompanhado por alterações
somáticas (glandulares, musculares, respiratórias, etc.).
A emoção é uma variação psíquica e física, desencadeada por um estímulo. Depois de
reconhecido o estímulo, o organismo desencadeia de um modo automático e subjectivo um
estado de resposta ao mesmo.
O autor refere ainda que as emoções são um meio natural de avaliar o ambiente que nos
rodeia e reagir de forma adaptativa. (Damásio, 2000, 2003)
 A emoção é definida como um episódio de mudanças inter-relacionadas e
sincronizadas na maioria dos 5 subsistemas organísmicos, em resposta à
avaliação de um evento de estímulo relevante (Scherer, 1987, 2001).
I.1. Componentes do conceito de emoção (Scherer, 2005)
 Cognitiva: avaliação de objetos e eventos.
 Avaliação neurofisiológica: circuitos neuronais.
 Motivacional: preparação e direção da ação.
 Expressiva: expressões faciais, comunicação da reação e intenção
comportamental.
 Experiência subjetiva: monitorização do estado interno.
 As emoções estão relacionadas com o tempo. A emoção tem um princípio e um
fim.
 As emoções variam de intensidade.
 As emoções refletem-se em alterações corporais através de gestos, movimentos,

 As emoções têm causas e objetos a que se dirigem. Surgem a propósito de um
acontecimento, pessoa, situação ou ideia.
 As emoções caracterizam-se pela sua versatilidade, aparecendo e
desaparecendo com rapidez.
 As emoções caracterizam-se pela sua polaridade: são positivas (alegria) ou
negativas (medo). A qualidade varia de intensidade.
 As emoções não são hábitos, no sentido de que não se exprimem como parte de
algum ciclo regular. São reações a experiências específicas.
 A emoção não é determinada pelos factos, mas pela interpretação dos factos.
II. Caracterização emoções
Emoções básicas:
 Emoções evolutivas, partilhadas por indivíduos de todas as culturas e associadas a
processos neuronais e fisiológicos específicos (alegria, tristeza, raiva, nojo, medo,
surpresa).
 Envolvem todas as emoções que podem ser universalmente reconhecidas (Ekman, &
Friesen, 1971; Harris, 1991; Walker, 1982).
Emoções sociais:
 Emoções associadas às relações sociais e em que os aspetos socioculturais
aprendidos são significativas (vergonha, simpatia, culpa, empatia, compaixão…).
 Envolvem todos os estados emocionais que se aprendem a reconhecer em sociedade
e que envolvem a atribuição de crenças e intenções a outros (Cohen, Wheelwright,
Raste, & Plumb, 2001).
III. Distensão conceptual
 A imprecisão em torno do conceito de emoção é só o início (Buck, 1990)… do
caos.
 Há vários tipos de estados afetivos, incluindo:
o Dimensão afetiva das atitudes;
o Humores: não têm objetos específicos, são menos estáveis do que as
atitudes.
o Emoções: são as que têm mais curta duração, são respostas a situações
relevantes e dão origem a mudanças mais ou menos coordenadas, em
termos experimentais, comportamentais e fisiológicos
Afeto e afetividade
 O afeto conduz à relação. É empregue para fazer referência à vida afetiva em geral.
 A afetividade designa o conjunto da vida dos sentimentos da pessoa, de acordo
com as suas caraterísticas mais evidentes, com a intensidade, expressividade e
duração (Scharfetter, 1999).
 Estado psicológico que pode ou não ser modificado a partir das situações. Fazse
presente em sentimentos, desejos, etc.
Humores
 Os humores caraterizam-se por flutuação livre (Frijda, 1993).
 Os humores são estados emocionais podem ser alterados de formas que não
envolvem apreciações de eventos externos (Oatley & Jenkins, 2002).
Reflexo
 Reação física a um estímulo exterior.
 Resposta imediata e involuntária como resposta a um estímulo.
 Reação simples que ocorre em resposta a algum estímulo (ex: a flexão de um membro
evitando a dor)
Estímulo
 Indutores para determinadas classes de emoções.
 Tudo o que no ambiente pode ser detetado pelo organismo e a que este pode
responder.
Sentimentos
 Experiência subjetiva dos afetos e das emoções. Distingue-se da emoção pelo seu
carácter subjetivo e cognitivo.
 Estados mais ou menos duradouros, resultantes da intelectualização das
emoções
 Experiência mental e privada de uma emoção, virado para o interior. Não podemos
observar um sentimento noutra pessoa, mas pode observar um sentimento em si
próprio quando tem a perceção dos estados emocionais.
Os sentimentos desencadeiam se no teatro da mente as emoções no teatro do corpo.
IV. Contributos importantes
De acordo com Paul McLean (1991; 1993), o modelo da especialização vertical do cérebro
humano (Modelo Triúnico), divide-o em três partes, cada uma delas desenvolvida em alturas
diferentes da sua evolução histórica em várias centenas de milhões de anos: Cérebro
Reptiliano ou Arcaico; Cérebro Mamífero ou Sistema Límbico; Cérebro Humano ou
Neocórtex
Elementos fundamentais do sistema límbico
Amígdala
 A amígdala foi uma das primeiras regiões a ser identificada como estando ativamente
envolvida no processamento das emoções (Aggleton & Young, 2000).
 Regista a carga emocional das situações que vivemos, comparando-as com
anteriores.
 O papel crucial da amígdala ficou demonstrado em meados dos anos 90, a partir dos
trabalhos do neurocientista Joseph LeDoux (1993).
 Para LeDoux (1993),é um computador emocional central para o cérebro, avaliando
as entradas sensoriais pela importância emocional – função de apreciação primária.
Perante um sinal de alarme são provocados os seguintes resultados:
 Segregação Hormonal;
 Aceleração do ritmo cardíaco, etc.;
 Imobilização de músculos pouco pertinentes para a situação de perigo;
 Atenção a este processo sobre qualquer outro em pensamento;
 Alteração dos sistemas de memória.
Hipocampo
 Trabalha conjuntamente com a amígdala.
 Regista os factos em si, as informações.
Estrutura fulcral para as emoções.
“Sentinela” que examina muito rapidamente os estímulos.

 Para compreender os diferentes comportamentos emocionais é importante


compreender os distintos circuitos neurais envolvidos (Kolb & Taylor, 2000).
 O hemisfério direito parece estar envolvido em tarefas de comunicação emocionais
(Gainotti, 1999).
o Pizzagalli e colbs. (1999) verificaram que o processamento da expressão facial
é mais rápido no hemisfério direito, no que no esquerdo (80-106 ms; 104-106
ms).
o Alguns autores referem que as funções de controlo emocional parecem estar
relacionadas com o hemisfério esquerdo (episódios repentinos, imprevisíveis e
incontroláveis, como o choro) (Gainotti, 1999).
o Alguns estudos (sujeitos normais e com lesões cerebrais) mostram que os dois
hemisférios se complementam (Gainotti, 1999).
 As mudanças nos processos emocionais, decorrentes de lesões em macacos e em
humanos, podem predizer alterações semelhantes (Kolb & Whishaw, 2000).
 A sintomatologia das disfunções pré-frontais nos humanos depende da extensão e da
localização da lesão (Fuster, 1997).
o Decorrente da lesão pré-frontal podem ser desenvolvidas disfunções cognitivas
relacionadas com processos executivos (memória, atenção, planeamento,
perceção, integração temporal, linguagem) (Fuster, 2000).
o Dois tipos de manifestações consistentes nestes casos: apatia; euforia (Fuster,
2000). o Nauta (1971) considerou o lobo frontal como a estrutura neo-cortical
representativa do sistema límbico e mostra que a função de modulação e
controlo de mecanismos emocionais.
 Tal como a região frontal, também a amígdala foi uma das primeiras regiões a ser
identificada como estando ativamente envolvida no processamento das emoções
(Aggleton & Young, 2000).
 O córtex pré-frontal e a amígdala são amplamente associados as comportamento
emocional (Wright, 2000).
 Algumas investigações têm enfatizado a multiplicidade de funções que a amígdala
pode representar, por exemplo para Wright (2000):
o Região direita: importante na detecção de estímulos emocionais;
o Região esquerda: importante na avaliação dos eventos.
o Adolphs (2003) refere que a amígdala se especializou no processamento de
informação social
Resultados de investigações
 Weelwright e colegas (2001) estudaram o autismo e as implicações desta patologia no
reconhecimento de informação emocional social.
o Observaram um grupo de autistas, um grupo com síndroma de Asperger e um
grupo dito normal.
o Os dois primeiros grupos apresentavam uma capacidade reduzida no
reconhecimento de expressões faciais, sobretudo as representativas de
emoções sociais.
Adolphs e Damásio (1996) estudaram 37 sujeitos com lesão no córtex pré-frontal direito e
15 sujeitos sem lesão (grupo de controlo).
Objetivo: Avaliar o reconhecimento de emoções básicas, através da apresentação de
diapositivos com expressões representativas de emoções básicas.
 Hemisfério direito desempenha papel muito importante no processamento de algumas
emoções básicas.
 Outros estudos mostram que a vivência da emoção medo está dissociada do
reconhecimento das restantes emoções e que a região direita da amígdala
desempenha um papel importante no reconhecimento desta emoção (Wang & colbs,
2002)
V. Funções e efeitos
 As emoções ajudaram os humanos a adaptar-se ao mundo físico e social (Tooby
& Cosmides, 1990).
 As funções das emoções são importantes, em termos evolucionários, mas também
durante o desenvolvimento individual.
 Para Levenson (1994), as emoções são fenómenos fisiológicos e psicológicos:
o Psicologicamente: alteram a atenção, mudam determinados comportamentos
na hierarquia de resposta. Ativam redes associativas na memória.
o Fisiologicamente: organizam as respostas dos diferentes sistemas biológicos,
incluindo a expressão facial, tónus muscular, tom de voz, a atividade do
sistema nervoso autónomo e endócrino necessário para o organismo produzir
uma resposta eficaz.
Funções:
1. Reagir com rapidez perante um acontecimento inesperado:
 Uma teoria cognitiva que teve origem nesta ideia é a de Oatley e Johnson-Laird (1987,
1995) que propuseram a teoria comunicativa das emoções, baseada em dois tipos
de sinalização no SN: (1) informacional; (2) Preparação do indivíduo para responder.
2. Tomar decisões com prontidão e segurança:
 Tomkins (1995), temos diversas motivações, as emoções estabelecem prioridades
entre elas.
 Importância dos indicadores somáticos: Constituem sinais emitidos pelo cérebro
emocional, que avisam do pior ou indicam uma oportunidade única
3. Comunicar de forma não-verbal com outras pessoas: função comunicativa das
emoções
Emoções que podem ser de flutuação livre: não intencionais

Emoções que possuem sempre um objeto: intencionais

 A correta interpretação destes sinais pressupõe um cérebro emocional intacto. Os


doentes com determinada lesão cerebral já não estão em condições de conseguir
decifrar as diferentes emoções / expressões faciais e o significado emocional.
 Durante décadas a opinião generalizada pelos especialistas, principalmente pelo
neurólogo Paul MacLean, era de que os 3 sistemas tinham vidas autónomas, sem
que existisse contacto entre eles. Esta afirmação já não é defensável, face às
observações actuais e aos resultados obtidos pela investigação.
PowerPoint 8
Emoção III
Emoções e(m) Relações sociais: Inteligência emocional (IE)
Introdução
1. Identificação do contexto em que emergiu o conceito de inteligência emocional.
2. Caracterização do conceito de inteligência emocional.
3. Caracterização dos elementos fundamentais da inteligência emocional.
Para Goleman (1995), o quociente intelectual só influencia 20% dos factores que determinam o
sucesso na vida , o que deixa 80% para outros factores.
Assemelham-se às inteligências múltiplas de Gardner (1983), mas também incluem o
raciocínio sobre as emoções e as próprias emoções.
Contributos para a emergência do conceito de inteligência emocional
 Diminuição da importância do conceito de inteligência geral (QI).
 Emergência do conceito de Inteligências Múltiplas de Gardner (1983), o qual integra
competências intra e interpessoal.
 Desenvolvimento da perspetiva de competências, como indicador mais relevante, do
que apenas o QI, para a determinação do desempenho profissional.

1. caracterização do conceito de IE e elementos fundamentais


1.A: Salovey e Mayer (1990)
 Redefiniram as inteligências pessoais de Gardner e concretizaram as competências
que definem a I.E.
 Uma vertente da inteligência social, envolve a competência para percepcionar e
expressar emoções, compreendê-las e usá-las, bem como geri-las em si próprio e nas
outras pessoas.
 A I.E. refere-se a uma capacidade para reconhecer o significado dos padrões
emocionais, para raciocinar e resolver problemas.
Mayer e Salovey (1997): modelo das competências
1. Capacidade de perceção, avaliação e expressão da emoção.
2. Capacidade para aceder e gerar sentimentos que facilitem as atividades cognitivas.
3. Capacidade de compreender e analisar informação emocional e usar o
conhecimento emocional.
4. Capacidade para regular emoções e promover o desenvolvimento e o bem-estar
emocional e intelectual (gestão das emoções).
Para estes autores:
 A emoção torna o pensamento mais inteligente.
 A inteligência cognitiva auxilia o indivíduo a pensar as suas emoções e as dos outros.
 A ausência desta relação binomial torna o indivíduo emocional e socialmente incapaz.
(Pina e Cunha, Rego, Campos e Cunha, Cabral-Cardoso & Neves, 2016)
Os indivíduos variam nas suas competências de processamento de informação de natureza
afetiva e no modo como se relacionam com formas de cognição psicologicamente complexas –
Estas capacidades manifestam-se sob a forma de comportamento adaptativos.
1.B: Goleman (1995)
Despertou a atenção mundial para o assunto. Traduziu uma teoria científica numa linguagem
acessível e capaz de cativar o pequeno público.
 A aptidão emocional é uma meta-habilidade que determina o modo como seremos
capazes de usar outras capacidades que possamos ter, incluindo o intelecto.
 Inclui quase tudo o que se relaciona com o sucesso e não é medido pelo QI
Que fatores estão em jogo quando, por exemplo, pessoas com um QI elevado falham onde
outras com um QI mais modesto se portam surpreendentemente bem?
Eu diria que a diferença reside, frequentemente, nas capacidades a que aqui chamamos
inteligência emocional, que inclui o autocontrolo, o zelo e a persistência, bem como a
capacidade para nos motivarmos a nós mesmos. Goleman (2004, p. 12)
Elementos fundamentos, para Goleman
1. Reconhecer as próprias emoções: reconhecimento das emoções enquanto estão a
decorrer.
Autoconsciência
2. Saber controlar as próprias emoções: não podemos escolher as nossas emoções, mas
podemos orientar as nossas reações emocionais.
Gestão das emoções
Gestão das emoções – estratégias:
a) atribuição de um pequeno trunfo por um sucesso previamente auto-objetivado.
b) reforço da auto-imagem;
c) reconfiguração cognitiva;
d) comparação por baixo;
e) inter-relação com o poder transcendente.
3. Utilizar o potencial existente: os verdadeiros resultados requerem qualidades como
perseverança, adiamento da gratificação, controlo da impulsividade ter confiança em si
mesmo.
Automotivação
4. Saber pôr-se no lugar dos outros: para de posição para admitir as emoções; ouvir com
atenção; reconhecer as emoções dos outros, mas mantendo a objetividade.
Empatia
5. Criar relações sociais: todos os contactos com os outros envolvem as competências
sociais: relacionar-se, mediar, liderar, analisar o estado de espírito do outro, etc
Gestão de relacionamentos
Em suma…

1.C: Davies e colegas (1998), Locke (2005);


Perspetivas críticas ao constructo
 Há pouco que possa ser considerado único e psicometricamente sólido na inteligência
emocional:
o Os instrumentos de medida relacionam-se fortemente com traços de
personalidade;
o As medidas objetivas denotam fraca fidelidade;
o Alertam para a validade de constructo de uma dimensão da IE – Percepção de
emoções. (Davies e colegas, 1998)
 Uma espécie de repescagem da inteligência social, com os mesmos problemas
psicométricos, logo, é um conceito inválido (Locke, 2005).
Argumentação pertinente…
 A IE focaliza-se mais na resolução emocional de problemas, do que em aspetos
sociais, verbais e visuais tão conexos, como o conceito de Inteligência Social
(subcategoria da Inteligência Social) (Salovey & Mayer, 1990);
 A IE, relativamente à Inteligência geral, denota maior validade discriminante do que
a inteligência social – envolve a análise das emoções, que é um campo mais
específico do que a inteligência social (por vezes dificilmente destrinçável das
inteligências visual-espacial ou verbal) (Mayer & Salovey, 1993);
O desenvolvimento de um constructo com caraterísticas autonómicas requer ainda
inúmeros anos de investigação e desenvolvimento. (Pinha e Cunha e colegas, 2016)
Outros modelos:
Bar-On EQ1 (Bar-On, 1997)
 Conjunto de competências que influenciam a capacidade de ser bem-sucedido e lidar
com as pressões e exigências do meio.
 Integra 5 áreas de competências:
2. Relações da IE
 Alguns estudos mostram a relação da IE com o bem-estar subjetivo (Augusto-
Landa, 2005)
 Ciarrochi e colegas (2000) verificaram que se relaciona com a satisfação com a
vida.
o No mesmo sentido, Palmer e colegas (2002) mostraram que a IE explica
5,5% da satisfação com a vida.
A relação entre a IE e a saúde das pessoas também tem sido alvo de inúmeras investigações,
numa revisão de 35 estudos, com mais de 7500 participantes, observou-se uma relação
significativa entre IE e indicadores de saúde psicológica (e.g. ansiedade, depressão), física
(e.g. dor, limitações físicas) e psicossomática (e.g. fadiga crónica) (Shutte et al., 2007)
 Estudos recentes mostram que a IE se relaciona com o desempenho académico
dos estudantes (Shahzada, et al., 2011).
 No que respeita ao contexto de trabalho, estudos têm reiterado a relação com:
o Comportamentos de cidadania organizacional (Yaghoubi et al., 2011);
o Qualidade de serviço prestado ao cliente (Beigi & Shirmohammadi, 2011);
o Desempenho dos indivíduos (Downey, et al., 2011).

A emoção torna o pensamento mais inteligente e a inteligência permite pensar e usar de


modo mais apurado as emoções. (Cunha, Rego, Cunha & Cabral-Cardoso, 2004)
Mesmo quando pensamos que a nossa razão comanda a situação, ela dança ao ritmo das
emoções. (Marques, 1995)

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