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XIII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS INTEGRADAS

DA UNAERP CAMPUS GUARUJÁ

Prevenção e Remediação de Catástrofes Ambientais

A dança e o desenvolvimento na Educação Infantil

Naiana Santos da Silva

Discente do Curso de Educação Física

Universidade de Ribeirão Preto - UNAERP Campus Guarujá

santosnaiana@bol.com.br

Este simpósio tem o apoio da Fundação Fernando Eduardo Lee

Resumo:

Esse trabalho teve como objetivo analisar se a dança é importante para que crianças
tenham um melhor desenvolvimento global, ou seja, se há uma relação dessa
prática com o desenvolvimento global dessas crianças. As crianças relacionam-se
com o meio em que estão inseridas, com movimentações espontâneas, sendo que
cada movimento expressa um significado e são motivadas por interesses pessoais e
objetivos específicos, por isso é importante permitir que esses indivíduos
movimentem-se sem restrições. Através da dança as crianças podem, por meio de
movimentos livres ou orientados, transmitir suas emoções e sentimentos,
demonstrar a forma que observam e entendem os acontecimentos ao seu redor. O
desenvolvimento acompanha os indivíduos durante toda a sua vida, e assim como
na fase adulta, durante a fase da infância esse desenvolvimento é individual, pois
cada criança possui o seu tempo para desenvolver suas capacidades físicas e
habilidades. Portanto, é importante para que esse desenvolvimento seja completo,
que as crianças tenham um ambiente propício a aprendizagem com diferentes
contatos sociais e atividades que proporcionem suas próprias decisões, tornando –
as mais decididas. No ensino infantil, o objetivo é trabalhar esse desenvolvim ento
com atividades prazerosas e que automatizem tarefas que fazem parte do seu
cotidiano. Com o uso da dança na educação infantil, é abordado o esquema corporal
o qual é importante para que as crianças entendam a maneira como veem o seu
corpo, além da relação consigo mesma, com outros indivíduos e com o mundo. No
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entanto para que a dança seja um trabalho efetivo, é necessário que o professor
ofereça aos alunos durante as aulas, atividades que permitam uma aprendizagem e
não apenas a imitação de passos construídos por ele, é fundamental o respeito ao
tempo que cada indivíduo precisa para descobrir suas potencialidades e o ritmo
próprio de seu desenvolvimento.
Palavras-chave: Dança; Desenvolvimento; Educação Infantil

Summary:

This study aimed to examine whether the dance is important for children to have a
better overall development, that is, if there is a relationship of this practice to the
overall development of these children. Children relate to the environment in which
they operate, with spontaneous movements, each movement expresses a meaning
and are motivated by personal interests and specific objectives, so it is important to
allow these individuals to move without restrictions. Through dance children can,
through free or guided movements convey your emotions and feelings, demonstrate
how to observe and understand the events around them. The development
accompanies individuals throughout their life, as well as in adulthood, during the
phase of childhood development that is individual as each child has their time to
develop their physical skills and abilities. Therefore, it is important for this
development is complete, the children have an environment conducive to learning
with different social contacts and activities that provide their own decisions, making -
the most decided. In kindergarten, the goal is to work this development with
pleasurable activities and to automate tasks that are part of their daily lives. With the
use of dance in early childhood education, body scheme which is important for
children to understand how they see their body is covered in addition to the
relationship with yourself, with others and with the world. However for that dance is
an effective job, it is necessary that the teacher provides students during classes,
activities that allow for learning and not just the imitation of steps built by him, respect
to time is essential that each individual needs to discover their potential and the
rhythm of its development.
Key-words: Dance; Development; Child education.

Seção 4 - Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) - Curso Educação Física.

Apresentação: pôster;

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1. Introdução

Desde as primeiras civilizações a manifestação cultural da dança esteve


presente na vida das pessoas, com o intuito de expressar sentimentos e emoções
ou para celebrar momentos importantes durante o decorrer de suas vidas. Com a
evolução histórica a dança foi tornando - se parte da sociedade, as classes mais
pobres com danças populares e as classes mais ricas com danças mais
sofisticadas, como exemplo, o ballet clássico. Por isso, é possível observar que a
dança faz parte da história dessa civilização, como uma alternativa para demonstrar
suas emoções que não possuíam ainda nem nomes para identificá-las.
Na fase da infância, as crianças estão procurando suas próprias soluções
para as situações problemas que lhes são apresentadas, e identificar à si mesmas
em relação ao mundo, e com a dança elas podem se descobrir, e identificar os
movimentos de sua preferência, além de adquirir auto - confiança nas experiências
corporais.
Durante a infância as crianças estão sempre movimentando-se, para
descobrir o espaço em que estão situadas, as outras crianças ou objetos. Utiliza - se
a dança com esses indivíduos, por ser uma estratégia diferente para trabalhar com
os movimentos naturais que cada um deles possuem de acordo com suas
personalidades e auxiliar na formação individual de cada um.
O desenvolvimento é um processo que vai acompanhar a criança desde a sua
concepção até a morte, e a dança trabalha com o objetivo de melhorar o
desenvolvimento mental, motor e social durante todo esse período. Porém, deve ser
respeitado o tempo de desenvolvimento de cada indivíduo que é variável e
influenciado pelo meio, experiências e a maneira como é apresentada a atividade ou
modalidade proposta. Todas as crianças possuem potencialidades específicas de
desempenho, que dependem da valorização de cada uma delas e a forma que são
trabalhadas durante a infância.
De acordo com a progressão do desenvolvimento, é através do esquema
corporal vivenciado nas aulas de dança, que as crianças entendem a relação do seu
corpo no espaço em que estão inseridas e a construção da sua imagem corporal,
com isso é obtida a compreensão da sua existência e que elas pertencem à esse
mundo.
Além disso, a dança no ensino infantil tem por finalidade demonstrar o
conhecimento que essas crianças estão adquirindo nesta fase, por meio de gestos,
expressões e movimentos. Nenhum movimento é desacompanhado de significados,
sentimentos e finalidades específicos, a cada gesto é demonstrado o conhecimento
e a intenção de demonstrar a sua maneira de observar o mundo.
Durante a educação infantil busca-se uma aprendizagem completa desses
indivíduos, e para que isso possa ser efetivo é necessário que os professores
realizem atividades interdisciplinares, ampliando a área de atuação da dança nas
diferentes formas de linguagens, sempre de maneira criativa e espontânea para que
as crianças possam exercer a sua autonomia e personalidade.

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2. Objetivo
Esse trabalho tem como objetivo analisar se a dança é importante para que
crianças tenham um melhor desenvolvimento global.
3. Justificativa
Desde a antiguidade, a humanidade utilizava - se da dança como maneira de
expressão corporal em suas manifestações pessoais, mesmo sem ter esse nome na
época. Apesar de não haver relatos de quando exatamente surgiram as danças, é
observado por meio das pinturas rupestres, evidências que mostram a sua
existência desde o início da nossa civilização.
Portanto em pleno século XXI, onde cada vez mais as crianças estão agitadas
e diretamente influenciadas pelas tecnologias, é importante ressaltar os benefícios e
a importância do significado pessoal de cada movimento através da dança para o
seu desenvolvimento global.
4. Revisão Bibliográfica
4.1 História da Dança
A dança é a arte mais antiga que se tem relato, a partir dela apareceram as
conhecidas apresentações teatrais, as formas de distrações coletivas, e não se
possui conhecimento de um povo, que por mais antigo que seja, que não soubesse
dançar. Por meio de relatos de vários autores, a dança, entre as pessoas, esteve
sempre presente durante toda a história. Ela era de grande utilidade nas
comunidades, sendo sempre acompanhada a religiosidade, pois as pessoas
utilizavam a dança em nascimentos, adolescência, matrimônios, confrontos,
fecundidade, ceifa e em rituais mágicos. (AMARAL, 2009).
Segundo CAVASIN (2003), a dança entre a sociedade foi mudando e,
devagar, foi se tornando aberta as classes sociais mais pobres, sendo que estas já
realizavam de uma outra maneira a dança, conhecidas como danças populares.
Independente do período, a dança sempre tornou possível ao indivíduo expressar
seus desejos à procura da alegria, do autoconhecimento e da progressão das
expressões por meio dos gestos.
Durante o surgimento do cristianismo, no século XIII, a dança foi considerada
como uma demonstração pagã e por isso seguiu outros caminhos, deixando de ter
um sentido religioso e passou a ser utilizada em comemorações de festas.
(AMARAL, 2009).
Na Grécia, a dança estava introduzida no projeto de educação organizado por
Platão, sendo essencial para a formação dos jovens. Os gregos usavam a dança
para educar os guerreiros como um meio de preparação para os combates. Tinham
certeza que os dançarinos mais habilidosos seriam os melhores guerreiros.
(CAVASIN, 2003).
Portanto, a dança pode ser vista como a primeira demonstração das emoções
humanas, pois antes da comunicação verbal, da música o ser humano sentiu a
necessidade de compartilhar suas emoções e isso o fez dançar. Dançou para
demonstrar sua alegria e tristeza, ou no término de um combate e no decorrer de
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sua descoberta percebeu que a dança também poderia ser por puro prazer ou para
afirmação do seu poder. (ACHCAR, citado por SHIMIZU e Col., 2004, p.2)
4.2 Aspectos da dança
Para AMARAL (2009), a dança é uma demonstração corporal que transmite
os anseios de cada pessoa que dança. É uma das linguagens corporais, que por
meio de movimentações, elementos gestuais e ideias, permitem transmitir
sentimentos e emoções a partir de um contexto abstrato. Por isso, ela é uma
manifestação artística criativa e dramática, que tem como finalidade, o movimento e,
como instrumento, o corpo, sendo assim irrealizável desunir a dança do corpo.
Ao utilizar - se várias partes do corpo, na ocasião em que se desejar,
buscando um ritmo pessoal, é obtida a fluência, que é outro componente encontrado
na dança. Ela possibilita a execução de movimentos inicialmente do centro do corpo
para os extremos ou ao contrário. Dessa forma, podem ser realizadas
movimentações contidas ou expandidas em um período, surgindo assim, o
entendimento do acompanhamento rítmico no movimento. (GODOY, 2011)
Professores que não possuem nível superior seriam dispensáveis, se a dança
fosse apenas uma junção de passos prontos como os divulgados nos meios sociais
ou nas danças conhecidas. Porém, o estudo, o entendimento da dança – físico e
psíquico – ultrapassam o ato de dançar. (MARQUES, 2005).
A dança pode aparecer como uma forma de experiência que possibilita as
crianças distinguir-se uma das outras; não classificando -as como habilidosas ou
não, igualando-as em um grupo, onde a movimentação é a mesma e nos mesmos
momentos. É necessário que essas crianças possam determinar seus movimentos
para encontrar os que mais lhe agradam. (ALMEIDA, 2011)
A interdisciplinaridade da dança deve possibilitar a junção da mesma. As
etapas de aprendizagem como um todo, ao combinar os propósitos gerais da dança
permitem que o indivíduo mova-se; aprenda através dos movimentos; torne-se
criativo por meio dos movimentos; entenda os modelos e ritmos dos movimentos;
condução do corpo de acordo com a dimensão espaço-tempo, saber relacionar-se
com outros e a sociedade. (NANNI, 2003).
4.3 A importância do movimento
Algumas pessoas acreditam que, para se obter a aprendizagem, é necessário
que o educando se mantenha sempre imóvel em sua cadeira. Dar ênfase a mente e
rejeitar o corpo pode contribuir para o empobrecimento do aprendizado. É
necessário olhar para o indivíduo como um todo e de uma forma única, procurando
que ele aprenda com movimentos, de maneira atrativa e prazerosa. (SCARPATO,
2001).
Independentemente do tipo de movimento realizado o sistema nervoso é
fundamental. Pois, o movimento é resultante de vários impulsos nervosos
localizados em todo o corpo, por meio das fibras musculares, tornando possível
observar a posição no espaço, o movimento e o esforço muscular. (GODOY e
ANTUNES, 2010).
Segundo o Referencial Curricular Nacional para a educação infantil para
trabalhar com o movimento é necessário uma organização dos conteúdos,
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respeitando as diversas capacidades de cada criança e de acordo com a faixa
etária, assim como as diferentes culturas corporais nas mais diferentes regiões do
país. (BRASIL, 1998).
O esquema corporal vivenciado na dança além de contribuir na sensibilidade
corporal, é importante na vivência do movimento. Já que o movimento faz parte da
criança e no decorrer do seu desenvolvimento vai se aprimorando sua precisão e
coesão nos gestos. É de grande valia para a criança, se auto conhecer, perceber
suas possibilidades, seus limites, sensações e predileções, tomando posse do seu
corpo e de suas ações. Através do movimento as crianças compreendem o mundo
que as rodeiam, contribuindo para entender a sociedade que fazem parte.
(ALMEIDA, 2011).
4.4 Definição de desenvolvimento.
O desenvolvimento acontece com mudanças contínuas que iniciam na
concepção e terminam na morte. Todas as características do comportamento
humano fazem parte dele e, por isso é dividido em domínios, estágios ou faixas
etárias de maneira artificial. (GALLAHUE e Col., 2013).
Segundo a Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura (UNESCO, 2013), o desenvolvimento humano é um processo de
crescimento e de alterações físicas, comportamentais, intelectuais e emocionais, no
decorrer da vida de um indivíduo. Sendo assim, cada etapa do desenvolvimento
possui aspectos específicos. Por isso, cada criança mostra características pessoais
e exclusivas, podendo apresentar fases de desenvolvimento antecipado ou mais
tardio comparado à outras crianças na mesma faixa etária, sendo que isso não
constata uma anormalidade.
GALLAHUE e Col. (2013, p.203) “a atividade física estimula a mineralização
óssea e o desenvolvimento muscular e ajuda a retardar a formação de depósitos de
gordura. A maioria dos programas de atividades físicas e esportes para crianças tem
efeitos benéficos.”
O conceito antigo de que o indivíduo possui ou não capacidade em
determinadas ações de movimento, foi substituído pelo entendimento de que cada
pessoa tem uma potencialidade específica de acordo com as diversas áreas de
desempenho. Diversos aspectos que fazem parte das capacidades de movimento e
performance física relacionam-se com o desenvolvimento cognitivo e afetivo. Cada
um desses aspectos, é influenciado por uma variedade de demandas em relação
com a biologia, ao meio e a atividade específica. (GALLAHUE e Col., 2013).
4.5 A dança e o desenvolvimento infantil
A educação infantil exerce uma importante tarefa no desenvolvimento integral
da criança, através de suas tarefas diárias. Essas tarefas trazem consigo desafios,
que possibilitam às crianças procurar suas próprias soluções para resolvê-los, por
isso umas das atividades introduzidas é a dança, sendo um dos meios pedagógicos
de relevância. (OLIVEIRA e Col., 2014).
Quando o desenvolvimento progride, a criança tem mais facilidade para
relacionar-se com o meio e saber a melhor maneira de se comunicar com ele, sendo
que, através da fala e do andar que esse desenvolvimento se amplia nessa parte da

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infância, proporcionando às crianças uma autonomia mais ampla e independência
na exploração de objetos e do espaço em que estão inseridas. (GARANHANI, 2005).
Para MARQUES (2005), na escola a dança possibilita o desenvolvimento
infantil, o entendimento de sua capacidade de movimentação, de possibilidades e
limitação corporal, fazendo assim que tenham uma compreensão melhor do seu
corpo, com o objetivo de utilizá-lo expressando-se com inteligência, autonomia,
responsabilidade e sensibilidade.
Por meio das experiências com o esquema corporal, são obtidas a
atualização e apropriação da imagem corporal, que é definida pela abstração e
representação mental do corpo. Ou seja, é a maneira como o indivíduo se vê, é a
percepção do próprio corpo em relação ao espaço que ele ocupa. Por isso uma das
características da dança na educação infantil, é incentivar a consciência e estrutura
corporal, as diferentes movimentações e a criação e ampliação do repertório motor.
(ALMEIDA, 2011).
A consciência corporal nas crianças é iniciada na faixa etária de um a três
anos, por meio do reconhecimento de imagens do seu próprio corpo, através de
contatos sociais e brincadeiras que realizam em frente ao espelho. Diante dessas
experiências, a criança aprende a perceber suas próprias características físicas,
sendo isso extremamente necessário para a formação de sua identidade. (BRASIL,
1998).
Como a dança envolve movimentos na sua execução, a inteligência pode ser
muito incitada por meio dela, já que a dança é tátil por permitir sentir o movimento e
os aspectos positivos que realizam no corpo. É afetiva pois nas coreografias são
expressados sentimentos e sensações. É auditiva, pois se escuta a música e rege-
se o ritmo. É visual, pois os movimentos observados, se tornam ações. É cognitiva,
pois é necessário pensar para coordenar os passos em determinado ritmo. E por
fim, é motor por determinar um esquema corporal. (MALLMANN e BARRETO,
2012).
Segundo recentes pesquisas sobre as funções do cérebro, a teoria das
inteligências múltiplas, os diferentes hemisférios do cérebro, as diferentes formas de
incentivar e acelerar a aprendizagem, estão mostrando resultados motivadores. O
desenvolvimento global, é obtido por meio de uma visão do homem como um todo e,
através da arte é excitada a parte inter-hemisférica, especificamente na dança, além
de evidências de ajudar como uma forma de terapia, em algumas deficiências
psicológicas ou físicas e problemas na aprendizagem. No decorrer de mais de 20
anos as pesquisas realizadas, com grupos de artes e oficinas de dança, evidência
benefícios por meio da expressão corporal e movimentação livre. A dança livre e
motivada têm diversos benefícios para um desenvolvimento completo, não só de
crianças, como também de adultos. (MALLMANN e BARRETO, 2012).
4.6 A dança na Educação Infantil
Para NANNI (2003), a dança é uma forma de educar as crianças nas
primeiras civilizações e também nos dias atuais, pois têm o intuito de oferecer
situações que lhes permitam melhorar suas diversas habilidades de movimento,
possibilitar o autoconhecimento e ser a forma efetiva do equilíbrio entre a razão e o
coração.

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De acordo com BRASIL (2010), um dos eixos que faz parte do currículo, é o
de promover o autoconhecimento e do mundo que está ao seu redor, através das
diferentes experiências corporais, sensoriais, expressivas que permitam movimentos
amplos, expressões individuais e considerações por desejos e ritmos da criança.
No ensino infantil, a dança deve ter o objetivo de fazer parte da construção do
conhecimento, seja ele humano, emotivo, intelectual ou sociável, permitindo que a
demonstração corporal seja uma das maneiras de mostrar o seu conhecimento.
(OLIVEIRA e Col., 2014).
De acordo com algumas considerações pode-se afirmar que, em pleno século
XXI, o Ensino Infantil ainda não superou a forma de olhar para o corpo, o movimento
e a criança como partes isoladas, apesar das informações que comprovam a
importância do desenvolvimento da motricidade e do corpo das crianças,
principalmente em áreas acadêmicas e científicas. (OLIVEIRA, 2008).
Em um movimento que a criança faz, é demonstrada a sua importância, pois
através dele a criança pode perceber o seu corpo e suas relações, expressar
sentimentos e comunicar-se. Quando acontece a integração de um indivíduo em
determinado grupo, ela tem seu início na aceitação dessa pessoa, geralmente inicia
- se pelo conhecimento do seu nome e dos outros colegas. Conhecer o nome de
uma pessoa, é diferenciá-lo dos demais e consequentemente ter uma maior
aproximação. (MALLMANN e BARRETO, 2012).
OLIVEIRA (2008, p.9) afirma que “nesse sentido, não basta apenas abordar o
movimento na educação infantil, mas pensar concretamente em uma prática
pedagógica que o estimule de forma criativa e não reprodutiva.”
No ambiente escolar, a dança é uma forma de facilitar a aprendizagem e fugir
das maneiras tradicionais de ensinar, em que as habilidades técnicas para a
construção de bailarinos é o objetivo principal; neste contexto a dança aparece como
experiência expressiva, incentivando a originalidade e criatividade, através do corpo
em movimento. (VERAS e Col., 2015).
Durante o ensino a preocupação não deve ser com a quantidade de tarefas
disponíveis para as crianças, mas com a qualidade dessas tarefas, e a participação
dos mesmos com atividades que proporcionem prazer. Esse ensino deve enfatizar
os movimentos conscientes das crianças, para que elas criem e recriem suas
próprias movimentações, através do estímulo proporcionado por este ensino.
(NEVES, 2014).
Para FERNANDES (2009), a educação deve ser ampla. A utilização da dança
na sala de aula, não tem a meta apenas de oferecer uma vivência corporal e reduzir
tensões ocasionadas por grandes esforços intelectuais, mas principalmente auxiliar
diretamente na criatividade, interagir com outras disciplinas e na aprendizagem.
A dança na escola não busca a execução de sequências limpas e
tecnicamente perfeitas, o que ocasiona conflito entre os alunos. Deve ter como foco
que o movimento é uma maneira de expressão e comunicação do aluno, com o
intuito de construir um cidadão crítico, participativo e responsável, sendo possível a
expressão em várias linguagens, desenvolvendo a sua própria expressão e
ensinando a refletir sobre os movimentos. (FERNANDES, 2009).

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Sendo assim, o professor não precisa ensinar ao aluno como se dança, e sim
possibilitar a aprendizagem. Não criar movimentações específicas, mas criar
estratégias para que o aluno se movimente, sem limites, sem errado ou certo. O que
interessa é a expressão no movimento, a busca da harmonia. A dança como
brincadeira, com satisfação e liberdade, sem fixar-se a códigos formais, é uma
demonstração das experiências e sentimentos dos indivíduos. Por meio da dança, é
realizada uma redescoberta dos movimentos importantes da vida e um reajuste ou
construção da auto - estima. (MALLMANN e BARRETO, 2012)
CAVASIN (2003, p. 4) afirma que “a prática da dança proporciona ao aluno
uma ampla consciência corporal em relação ao mundo e às coisas que evoluem com
a prática da dança, desenvolvendo a criatividade, a liderança e a exteriorização dos
seus sentimentos.”
A utilização da dança educativa demonstra a alegria de se reconhecer por
meio da utilização do próprio corpo e das qualidades do movimento. É esperado
alcançar as qualidades físicas e psíquicas dessa fase, através de uma metodologia
específica. (FERNANDES, 2009).
Segundo MARQUES (2005), a dança na educação não é apenas por prazer,
mas é por meio dela que se procura um empenho criativo para obter uma forma
estética com significados à experiência, esperando que os educandos melhorem sua
força criativa e consequentemente se tornem pessoas melhores.
Nas instituições escolares, o ensinamento da dança tem o objetivo de criar
um processo criativo, onde aluno e professor estejam empenhados para as aulas. É
de grande importância ter um planejamento aprofundado e ciente das metas a
serem alcançadas assim como a aplicação de estratégias pluridimensionais que
criem relações com as outras disciplinas e possibilitem a criança o desenvolvimento
de sua personalidade por meio de suas habilidades, de seus comportamentos, seus
conhecimentos e de sua consciência corporal particular de acordo com suas
limitações e individualidades. (CAVASIN, 2003).
Sendo assim, o professor precisa saber como vai atuar para auxiliar no
potencial do aluno, de forma que possa beneficiar seu desenvolvimento natural e na
construção da criatividade. (FERNANDES, 2009).
5. Considerações finais
De acordo com a revisão de literatura apresentada neste trabalho, foi possível
observar que a dança esteve presente desde as primeiras civilizações como uma
maneira de demonstrar emoções e sentimentos, assim como para realizar
comemorações e conquistas. A princípio não tinham-se objetivos para o uso da
dança, mas com a evolução humana foi-se observando que o ato de dançar,
ultrapassa o dançar apenas para apresentar beleza e arte, mas é uma alternativa
para apesar de toda a agitação desse século, as pessoas poderem fazer uma pausa
e esvaziarem seu interior de tudo o que as desagradam.
A arte deve ser trabalhada no ensino infantil, segundo o Referencial curricular
nacional para educação infantil, e ela pode ser introduzida no ensino infantil por
meio da dança, como uma alternativa diferente para auxiliar no desenvolvimento
individual de cada criança, contribuindo para uma formação completa desses
indivíduos.
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Durante as aulas o objetivo é que as crianças participem das atividades
propostas cada uma com sua individualidade, preferências e limitações corporais.
Diferentemente de outras aulas de dança, essas aulas não buscam técnicas
perfeitas, mas sim a construção pessoal de cada indivíduo por meio de movimentos
que o torne parte da sociedade, e o permita identificar o seu papel social.
O desenvolvimento adquirido por meio da dança é cognitivo e também motor,
pois durante as aulas as crianças são incentivadas a pensarem nas possibilidades
de movimentos de suas preferências e na coordenação motora por meio da
utilização de braços juntamente com as pernas, ou outras partes do corpo. Além
disso, são trabalhadas diferentes capacidades como: força, flexibilidade,
coordenação motora, entre outras. Por meio do esquema corporal as crianças
entendem o seu corpo em relação ao espaço que ocupam, e através das vivências
com a prática da dança, percebem as suas próprias estruturas corporais. Com esse
desenvolvimento as crianças sentem-se mais confiantes para realizarem tarefas
diárias, e aumenta a auto - estima perante colegas ou ao realizar novas atividades.
A dança auxilia na aprendizagem de forma geral, já que através dos estímulos
realizados durante as aulas, faz com que as crianças tenham autonomia sobre seus
corpos, permitindo que em suas ações expressem sentimentos e significados
próprios, além de contribuir para a memória e pela necessidade de recordar
sequências de coreografias.
Os profissionais que desenvolvem essas aulas devem ter uma sensibilidade
maior para serem os condutores de atividades prazerosas e diversificadas em que a
dança esteja inserida, estabelecendo objetivos de acordo com a sua realidade, e
sempre que possível realizar a interação da dança com outras disciplinas e com o
cotidiano desses indivíduos, para que ela tenha uma relação evidente nessas vidas.
Enfim, a dança é de grande valia para o desenvolvimento global de crianças
na Educação Infantil, porém, se for lecionada de forma consciente, com objetivos
bem estabelecidos e profissionais conscientes da importância dessas aulas e não
apenas com o objetivo de apresentações de festas juninas ou fim de ano. O
professor não deve ter como objetivo nessas aulas a formação de bailarinos e nem
da aprendizagem de estilos de danças, principalmente pela pouca idade desses
indivíduos, mas objetivar a contribuição no processo de desenvolvimento social,
afetivo e motor por meio dessas aulas. As aulas de dança devem ser dinâmicas,
sem a necessidade de apenas imitar os movimentos propostos pelo professor, com
movimentações tecnicamente atraentes, mas sim permitir que as crianças sintam-se
livres para explorarem o espaço e experimentarem as formas de dançar que mais
lhe são prazerosas, contribuindo para o pleno desenvolvimento de suas
potencialidades.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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