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“Argumentar é expressar uma convicção e uma explicação para persuadir o interlocutor a

modificar o seu comportamento para tomar o nosso ponto de vista”.

“Daí que se pode afirmar que o objectivo primordial é interferir ou transformar o ponto de
vista do leitor/interlocutor relativamente ao mundo que o rodeia”.

Debruçando o trecho acima, podemos dizer que a argumentação busca convencer, influenciar,
persuadir alguém, defender ou repudiar uma tese ou ponto de vista. E sendo a argumentatividade
fundamental para a interação social por intermédio da língua, tem-se a importância de fazer um
trabalho efectivo na escola que leve o aluno a desenvolver essa habilidade tão necessária para
torná-lo um cidadão capaz de atuar plenamente na sociedade.

KOCH (2006) defende que o acto lingüístico fundamental é a argumentação “isto é, de orientar o
discurso no sentido de determinadas conclusões, constitui o ato lingüístico fundamental, pois a
todo e qualquer discurso subjaz uma ideologia, na acepção mais ampla do termo”. (KOCH, 2006,
p. 17).
Os alunos devem desenvolver a sua capacidade argumentativa, desde cedo, não só para saberem
defender seus pontos de vista, mas também para conseguirem reconhecer a validade dos
argumentos que lhe são apresentados diariamente por outras pessoas e não aceitarem simplesmente
porque a fala do outro é atraente e envolvente.
Argumentar é apresentar argumentos, razões no sentido de suportar uma determinada tese
subjacente a um determinado discurso. A argumentação tem um carácter dialético (diferente da
demonstração lógica) pois implica uma resposta da parte do receptor, um confronto de pontos de
vista.
O professor de Português deve desenvolver a capacidade argumentativa de seus alunos, se
pautando em um ensino-aprendizagem que leve em conta os textos, que se concretizam na forma
de gêneros textuais (falados e escritos), para que aprimorem o domínio discursivo na oralidade,
leitura e escrita e assim possam desenvolver técnicas para realizar a argumentação e também
desenvolver o senso crítico para reconhecer argumentações vazias de conteúdo, credibilidade,
quando se depararem com elas e não se deixarem envolver por um discurso eloqüente, envolvente,
mas sem grande significação.
Segundo MARCUSCHI (2005), o estudo da língua que se detém quase exclusivamente na análise
das palavras e, no máximo, da frase precisa ser abandonado em favor de um ensino-aprendizagem
que leve em conta as realizações empíricas da língua, que são os textos (falados e escritos), textos
estes que se concretizam na forma de gêneros textuais.

A linguagem, numa nova concepção, é vista como ação entre os sujeitos histórica e socialmente
situados que se constituem uns aos outros em suas relações dialógicas.
Como afirma Geraldi: “a linguagem é uma forma de interação.” (1997, p.41).
Ao ressaltar o caráter social da linguagem, Bakhtin e seus teóricos formulam conceitos de
dialogismo e dos gêneros discursivos,cujos novos caminhos para o trabalho pedagógico com a
linguagem verbal, demandam uma nova abordagem para o ensino da língua: “a utilização de uma
língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos que emanam dos
integrantes duma ou de outra esfera da atividade humana” (BAKHTIN,1997, p.279).

Esses enunciados são chamados de gêneros textuais, sem os quais não é possível estabelecer
comunicação verbal. Nesta concepção de língua, o texto é visto como lugar onde os participantes
da interação dialógica se constroem e são construídos, a língua é tratada em seus aspectos
discursivos e enunciativos e não em suas peculiaridades formais.

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