Você está na página 1de 14

CARROS

MEU CARRO

Câmbio automático: como usar cada função e o que faz


você 'pagar mico'

'Sopa de letrinhas' do câmbio automático pode confundir usuário; saiba como tirar o máximo dele e prolongar
sua vida útil
Imagem: Murilo Góes/UOL

Alessandro Reis
Do UOL, em São Paulo (SP)
22/03/2020 04h00

R E S U M O DA N OT Í C I A
Muitos clientes estão comprando carro automático pela primeira vez e têm
dúvidas

Transmissão automática está se popularizando cada vez mais

Entenda como evitar danos ao câmbio e se precisa fazer manutenção

Função 'P' deve ser ativada sempre quando o automóvel estiver


estacionado

Cada vez mais popular, muito por conta da explosão das vendas de
automóveis para clientes PCD (pessoas com deficiência), o câmbio
automático já está disponível para a grande maioria dos modelos
comercializados no Brasil.

A tecnologia, que dispensa o pedal de embreagem e troca as marchas por


você no trânsito pesado, de fato está mais acessível. Inclusive nos carros de
entrada, que praticamente abandonaram a opção de transmissão
automatizada de embreagem única para adotar o câmbio automático com
conversor de torque, que entrega muito mais conforto e suavidade em seu
funcionamento.

RELACIONADAS

Por que fazer carro "pegar no tranco" pode acabar com motor de seu veículo
Coronavírus faz Contran liberar CNH vencida e prazo para recorrer de
multas

Tabela Fipe: Veja valores para negociar carros, motos e caminhões

Sobretudo marcas japonesas hoje investem na transmissão CVT


(continuamente variável), que também dispensa a troca de marchas por não
ter marcha: as relações são infinitas, utilizando um sistema de polias - muitas
marcas oferecem a opção de trocas virtuais para quem faz questão de ter
maior controle do veículo. Essa caixa prioriza a economia de combustível e
também será adotada em modelos da FCA (Fiat Chrysler) a partir do ano que
vem.

Hoje cerca de 50% dos emplacamentos de veículos novos já são de modelos


sem pedal esquerdo e muita gente está comprando seu carro automático
pela primeira vez. Portanto, é natural surgirem dúvidas quanto à sua
operação. Sabendo disso, consultamos especialistas para apontar o que
você deve e o que não é aconselhável fazer ao dirigir um automóvel
automático.

É natural surgirem dúvidas quanto à verdadeira "sopa de letrinhas" que esse


tipo de câmbio traz: por padrão, conta com as opções "D" (drive, termo inglês
para dirigir), "P" (park, estacionar), "R" (reverse, ré) e "N" (neutral, neutro). Sem
contar os modos "L" (low, marcha reduzida), "S" (modo esportivo) e outras
opções.

Confira as dicas:

Para que serve a função 'P'?


Na semana passada, Carlos Zarlenga, presidente da General Motors na
América do Sul, passou por uma "saia justa" durante a apresentação ao vivo
do novo Chevrolet Tracker pela internet. Na ocasião, o executivo não
conseguiu abrir a tampa do porta-malas do utilitário esportivo.

Em seguida, a GM explicou que a gafe aconteceu porque um mecanismo de


segurança do carro impediu que o porta-malas se abrisse, já que o veículo
estava com a alavanca do câmbio automático em ponto-morto (N) e não na
posição de estacionamento (P), necessária para o destravamento. Essa
condição varia de acordo com a marca e o modelo de veículo.

Mas, afinal de contas, quando a função "P" deve ser acionada?

Essa opção deve ser utilizada ao deixar o veículo em uma vaga. Porém, não
se esqueça que ela deve ser combinada sempre com o "freio de mão".
Acione-o e depois selecione "P".

"Ao desligar o motor, cessa a pressão do sistema hidráulico, o câmbio é


desacoplado e uma espécie de pino trava as rodas motrizes", explica Edson
Orikassa, vice-presidente da AEA (Associação Brasileira de Engenharia
Automotiva).

O freio de estacionamento protege essa trava de possíveis danos causados


por uma eventual "encostada" ou até batida de outro veículo no seu carro
enquanto ele está parado na vaga.

É diferente de quando você deixa um carro manual engatado com o motor


desligado. Nesse caso, é o próprio câmbio que trava as rodas e não usar o
freio de estacionamento pode resultar prejuízo com eventuais reparos.

Quando devo colocar o câmbio em 'N'?


Câmbio automático pode ser operado por alavanca que percorre um trilho ou trazer comandos no estilo
"joystick"
Imagem: Divulgação

Em carros equipados com câmbio manual, o indicado é colocá-lo em ponto-


morto ao parar em um semáforo, por exemplo, para evitar o desgaste
prematuro da embreagem, que deve ser acionada somente em arrancadas e
na troca de marchas.

Porém, com os veículos automáticos, o procedimento deve ser diferente. De


acordo com Camilo Adas, presidente do Conselho Executivo da SAE Brasil, a
função "N", correspondente ao "ponto-morto", foi criada para situações de
manutenção, quando é preciso rebocar o veículo ou movimentá-lo com o
motor desligado, liberando as rodas que tracionam o veículo.

"Não coloque o câmbio automático em neutro enquanto você aguarda o sinal


abrir. Mantenha na posição "D" com o pé no freio, pois isso mantém o sistema
hidráulico pressurizado e permite arrancar com mais rapidez", ensina o
especialista.

Vale destacar que alguns carros trazem tecnologia que desacopla


automaticamente o câmbio, inclusive com o veículo em movimento, para
poupar combustível. Nesse caso, o projeto prevê o recurso e a segurança
não é prejudicada.

Rodar na 'banguela', nem pensar

Um hábito prejudicial é andar na "banguela" com a expectativa de poupar


combustível. A prática não faz o carro beber menos e ainda compromete a
segurança, bem como traz risco de danos à transmissão.

"Colocar o câmbio em neutro na verdade faz o carro gastar mais combustível


do que se estivesse engrenado. O sistema de injeção é calibrado na fábrica
para entrar em modo de baixo consumo assim que você tira o pé do
acelerador, com a transmissão em "D". Isso faz com que o motor receba
apenas a quantidade necessária de combustível para mantê-lo girando",
explica Orikassa.

Especialmente em uma descida de serra, colocar o câmbio em "N" ainda traz


risco de acidentes. "Com as rodas de tração livres, você acaba
sobrecarregando os freios, que podem superaquecer, perdendo a eficiência",
esclarece o especialista.

Adas complementa: "Deixar o carro rodar em neutro e voltar para a posição


"D" com o veículo ainda em movimento pode até danificar uma ou mais
engrenagens do câmbio", alerta o engenheiro.

Para que servem as funções 'N', '2', e '3'?

Alguns tipos de transmissão automática permitem fazer trocas manuais, concedendo mais controle ao
motorista
Imagem: Marcos Camargo/UOL

Em declives, como já dissemos, o correto é manter a transmissão na função


"D". Além disso, em veículos que permitem fazer trocas manuais, é possível
reduzir a marcha. Também há carros com as opções "2" ou "3" no seletor.
Adas ensina que esses números correspondem, respectivamente, à segunda
e à terceira marchas.
"Ao deixar o câmbio na posição '2' ou '3', ele não passa dessas marchas,
mantendo o motor 'cheio' e reforçando o efeito do freio-motor, ajudando a
controlar o veículo na descida".

Alguns veículos trazem, ainda, a função "L". "A marcha reduzida também é útil
para manter marchas mais curtas e os giros mais altos. É uma função
importante para atravessar um lamaçal, para rebocar outro veículo e até
quando é preciso transpor uma área alagada, na qual é necessário rodar em
baixa velocidade e com rotações elevadas para não deixar o motor 'morrer'",
recomenda Orikassa.

Alguns modelos também trazem a função "S" para deixar o comportamento


do carro mais esportivo. Nessa posição, as trocas de marchas acontecem um
pouco mais tarde, com os giros mais altos. Isso melhora a aceleração, porém
gasta mais combustível.

Transmissão requer troca de óleo?

Muitos acreditam que o câmbio automático não requer manutenção regular e


essa crença pode gerar prejuízos pesados se a transmissão quebrar.
Especialmente na configuração dotada de conversor de torque e
engrenagens, o câmbio, da mesma forma que outros componentes
mecânicos, requer lubrificação.

As especificações e os prazos para troca do fluido são indicados no manual


do veículo e devem ser respeitados. A troca do óleo, inclusive, pode ser
antecipada dependendo das condições de uso do automóvel.

"O lubrificante tem a função de reduzir o atrito e o calor gerado nas


engrenagens e outros componentes internos. Com o uso e o passar do
tempo, o óleo vai perdendo as propriedades originais e deve ser trocado", diz
Adas.

De acordo com o engenheiro, nos carros atuais os prazos para substituição


do fluido são bastante longos, mas não dá para descuidar.

"Dependendo do caso, você pode rodar três, quatro anos sem perceber que
o câmbio está com falta de lubrificação. Com isso, há desgaste de
engrenagens. Qualquer resíduo metálico resultante desse desgaste
prematuro, mesmo que de ordem microscópica, traz características
abrasivas capazes de afetar borrachas de vedação e retentores, causando
vazamento e agravando o problema".

Viu um carro camuflado ou em fase de testes? Mande para o nosso Instagram


e veja sua foto ou vídeo publicados por UOL Carros! Você também pode ler
mais sobre o mundo automotivo e conversar com a gente a respeito
participando do nosso grupo no Facebook! Um lugar para discussão,
informação e troca de experiências entre os amantes de carros.

COMUNICAR ERRO

AS MAIS LIDAS AGORA

Honda PCX surge com motor de 160 cc no Japão e deve vir ao Brasil;
conheça

Por que corte de 2ª fatia de navio tombado com 4.000 carros não começou

Youtuber constrói Lamborghini único sem para-brisa que é proibido no Brasil


Carros Meu carro

MEU CARRO
Siga UOL Carros

COMUNICAR ERRO

© 1996 - 2020 - Todos os direitos reservados

Segurança e privacidade

Você também pode gostar