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Pragmática Jurídica

Created @March 29, 2023 3:09 PM

Type aula

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Reviewed

Estudo que relaciona discussões teóricas a respeito da comunicação interativa


postas na linguagem natural que foram associadas a linguagem normativa do
direito pelo Tercio Sampaio Ferraz Junior

Nos permite entender a questão zetética jurídica que visa apontar situações em
que a legitimidade política da norma se enfraquece → crise de autoridade no
direito

Norma como meio de comunicação - Tercio


Sampaio Ferraz Junior
Chico Buarque - Homenagem ao malandro

Indica de momento de percepção de crise de legitimidade/ de autoridade do


direito

Separação dos estudos do Tercio: que compõem a estrutura do desenvolvimento


de seu livro

Modelo analítico: Norma

Modelo hermenêutico: Interpretação

Modelo decisório: Decisão

Kelsen - Norma como proposição


Se A é, dever ser B

Sentido subjetivo → ato de vontade

Pragmática Jurídica 1
Sentido objetivo → significação jurídica dada pela norma superior

Se propõe a realizar uma análise lógica do direito → princípio da pureza

Na sua visão o objeto da ciência do direito é a norma

A validade traduz - se na existência jurídica da norma em termos sintáticos

A separação acontece apenas de forma teórica, as três dimensões estão


presentes nos momentos comunicativos:

Sintático: relação símbolo/símbolo → ESTRUTURA

Ao conectar os sentidos das normas ao sentido objetivo da norma jurídica,


Kelsen privilegia a dimensão sintática → privilegia a relação estrutural que os
enunciados tem entre si

Semântico: relação símbolo/objeto → SIGNIFICADO

Diz respeito ao significado dos símbolos e palavras → interpretação

Pragmático: relação símbolo/usuário → INTERAÇÃO

Estudo dos processos interativos a partir das palavras e dos símbolos → como
ao serem comunicados provocam a alteração de comportamento das pessoas
presentes no momento comunicativo

Qual é o objetivo da pragmática jurídica?


Ela estuda a interação pragmática existente em toda relação autoridade/sujeito,
imposta pelo Estado

Estado (autoridade) → normas jurídicas → sociedade (sujeito)

Comunicação humana se dá através da transmissão de mensagens que


provoca uma reação no outro, que implica em uma nova comunicação que
tende ao infinito

Normas jurídicas compõe a interação entre autoridade estatal e sujeito


(sociedade)

Como conseguimos manter a relação de autoridade e sujeito como


sustentada? (em termos comunicativos) → a dogmática exclui essa
discussão pois parte da validade da norma a partir do momento que é
positivada

Pragmática Jurídica 2
Quais são as propriedades básicas da comunicação?
Não existe a possibilidade da não - comunicação

O silêncio comunica o próprio silêncio

A comunicação se desenvolve de forma verbal e não verbal

Verbal → língua escrita e falado e não verbal → todo o resto (cores, imagens,
objetos, gestos)

Toda mensagem implica na comunicação de um relato (conteúdo) e de um


cometimento (relação complementar ou simétrica entre os comunicadores)

Relação de diferença → complementar

Relação de igualdade → simétrica

A comunicação é reflexiva. O receptor pode confirmar, rejeitar ou desconfirmar


(estrategicamente ignorar) a mensagem normativa

Comunicação humana se dá através da transmissão de mensagens que


provoca uma reação no outro, que implica em uma nova comunicação que
tende ao infinito

A comunicação humana é:
Complexa … seletiva … e contingente…

Complexidade: existem mais possibilidades de ação do que se pode realizar. A


troca de mensagens é orientada pelas expectativas que temos do comportamento
dos outros

Seletividade: como não podemos atualizar todas as possibilidades, sempre


teremos que selecionar, que escolher algumas em detrimento de outras

Contingência: a seletividade não impede que as expectativas selecionadas não


sejam confirmadas pelo outro. Aqui aparece o problema da desilusão de
expectativas

Nem sempre o ambiente confirma as expectativas selecionadas

Não conseguimos nos livrar do fenômeno da contingência

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A desilusão (contingência) leva o homem a quais atitudes
básicas?
Atitudes cognitivas: as que se adaptam à realidade decepcionante → SER

Atitudes normativas: as que não se adaptam à realidade decepcionante →


DEVER SER

Quando surge a situação comunicativa normativa?


Quando temos duas ou mais expectativas normativas em conflito, estamos diante
de um conflito social que precisa ser controlado, através da identificação de um
terceiro comunicador, que identificará qual destas “normas” deve prevalecer e ser
institucionalizada juridicamente

Terceiro comunicador → responsável pela institucionalização do conflito, qual


das normas tem o sentido jurídico

Quem é o terceiro comunicador?


Este terceiro comunicador, que, nas sociedades ocidentais, pode ser representado
pelo Estado, irá emitir mensagens normativas (normas jurídicas) que irão
institucionalizar o conflito social existente entre os receptores sociais

Relação entre os receptores em conflito e esse terceiro comunicador

Instaura a relação autoridade/ sujeito → inserindo a linguagem na realidade e


percebendo os comunicadores presentes na relação comunicativa

Como se dá esta institucionalização?


A supremacia do editor normativo é garantida pela institucionalização do controle
da seletividade dos endereçados sociais, que passam a identificar as normas
estatais como sendo juridicamente válidas em detrimento das demais. Neste
sentido, a relação torna - se “meta - complementar”

Comunicação que esse terceiro vai estabelecer com os receptores sociais em


conflito depende dessa institucionalização

Tudo o que é comunicado está sujeito a fundamentação

Se coloca como autoridade e espera ser reconhecido como sujeito da


comunicação → caráter dogmático da norma (continuo podendo discutir o

Pragmática Jurídica 4
conteúdo da norma, mas não permite o questionamento da autoridade do
terceiro comunicador que emitem as normas jurídicas)

As normas proferidas pelo terceiro comunicador terão sua validade


dogmatizada, não questionada através do discurso monológico e o relato
continuará tendo na sua base um elemento ideológico (permissão de discordar
do seu sentido)

Cometimento (relação complementar ou simétrica entre os comunicadores):


monológico

Relato (conteúdo): dialógico

O Surgimento da Situação Comunicativa


Normativa Jurídica Segundo Tercio Sampaio
Ferraz Jr
O estudo que relaciona discussões teóricas a respeito da comunicação interativa
postas na linguagem natural que foram associadas à linguagem normativa do direito
pelo Tercio Sampaio Ferraz Junior nos permite entender a questão zetética jurídica que
visa apontar situações em que a legitimidade política da norma se enfraquece, gerando
uma crise de autoridade no direito.

Tercio Sampaio Ferraz Jr separou os estudos em três modelos que compõem a


estrutura do desenvolvimento de seu livro: o modelo analítico, o modelo hermenêutico
e o modelo decisório.
O modelo analítico tem como foco a norma e o estudo feito por Kelsen sobre a norma
como proposição. Kelsen propõe realizar uma análise lógica do direito, tendo como
princípio a pureza. Na visão de Kelsen, o objeto da ciência do direito é a norma. A
validade traduz-se na existência jurídica da norma em termos sintáticos. A separação
acontece apenas de forma teórica, as três dimensões estão presentes nos momentos
comunicativos.

As três dimensões da comunicação, sintático, semântico e pragmático, são estudadas


pela pragmática jurídica. Ela estuda a interação pragmática existente em toda relação
autoridade/sujeito, imposta pelo Estado. As normas jurídicas compõem a interação
entre autoridade estatal e sujeito (sociedade). Como conseguimos manter a relação de

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autoridade e sujeito como sustentada? A dogmática exclui essa discussão, pois parte
da validade da norma a partir do momento que é positivada.

As propriedades básicas da comunicação são que não existe a possibilidade da não-


comunicação, o silêncio comunica o próprio silêncio. A comunicação se desenvolve de
forma verbal e não verbal, sendo verbal a língua escrita e falada, e não verbal todo o
resto, como cores, imagens, objetos e gestos. Toda mensagem implica na
comunicação de um relato (conteúdo) e de um cometimento (relação complementar ou
simétrica entre os comunicadores). A comunicação é reflexiva. O receptor pode
confirmar, rejeitar ou desconfirmar (estrategicamente ignorar) a mensagem normativa.

A comunicação humana é complexa, seletiva e contingente. Existem mais


possibilidades de ação do que se pode realizar. A troca de mensagens é orientada
pelas expectativas que temos do comportamento dos outros. Como não podemos
atualizar todas as possibilidades, sempre teremos que selecionar, que escolher
algumas em detrimento de outras. A seletividade não impede que as expectativas
selecionadas não sejam confirmadas pelo outro. Aqui aparece o problema da desilusão
de expectativas. Nem sempre o ambiente confirma as expectativas selecionadas. Não
conseguimos nos livrar do fenômeno da contingência.
A desilusão (contingência) leva o homem a atitudes cognitivas, que se adaptam à
realidade decepcionante, e atitudes normativas, que não se adaptam à realidade
decepcionante.
A situação comunicativa normativa surge quando temos duas ou mais expectativas
normativas em conflito, estamos diante de um conflito social que precisa ser
controlado, através da identificação de um terceiro comunicador, que identificará qual
destas “normas” deve prevalecer e ser institucionalizada juridicamente.

Este terceiro comunicador, que, nas sociedades ocidentais, pode ser representado pelo
Estado, irá emitir mensagens normativas (normas jurídicas) que irão institucionalizar o
conflito social existente entre os receptores sociais. A supremacia do editor normativo é
garantida pela institucionalização do controle da seletividade dos endereçados sociais,
que passam a identificar as normas estatais como sendo juridicamente válidas em
detrimento das demais. Neste sentido, a relação torna-se “meta-complementar”. A
comunicação que esse terceiro vai estabelecer com os receptores sociais em conflito
depende dessa institucionalização.

As normas proferidas pelo terceiro comunicador terão sua validade dogmatizada, não
questionada através do discurso monológico, e o relato continuará tendo na sua base

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um elemento ideológico (permissão de discordar do seu sentido). O cometimento
(relação complementar ou simétrica entre os comunicadores) é monológico, e o relato
(conteúdo) é dialógico.

Portanto, a situação comunicativa normativa jurídica é um resultado complexo da


interação entre as dimensões da comunicação, das propriedades básicas da
comunicação e da institucionalização do controle da seletividade dos endereçados
sociais pelo terceiro comunicador através de mensagens normativas (normas jurídicas).

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