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DAS NULIDADES

 Art. 563.  Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para
a acusação ou para a defesa.

O artigo 564 do CPP, lista uma série de situações jurídicas ensejadoras de


nulidade, mas precisa ser analisado também o artigo 572 do CPP, para
concluir se a nulidade é absoluta ou relativa.

O rol apresentado não é taxativo, porque outras situações podem ocorrer que não
estão nesse rol. Ex. desatendimento dos princípios constitucionais vigentes
( contraditório, ampla defesa, devido processo legal, etc.)

HIPÓTESES DE NULIDADE ABSOLUTA

Combinadas as regras, é possível afirmar que haverá nulidade absoluta.

1) Por incompetência, suspeição ou suborno do juiz (art. 564, I);a incompetência


territorial gera nulidade relativa, as demais ABSOLUTA

2) Por ilegitimidade de parte (art. 564, II);”ad causam”- absoluta

3) Por falta de denúncia ou queixa e representação (art. 564, III, a);

4) Por falta de exame do corpo de delito nos crimes que deixam vestígios,
ressalvado o disposto no art. 167 (art. 564, III, b);

5) Por falta de nomeação de defensor ao réu presente, que não tiver, ou ao


ausente (art. 546, III, c), cumprindo aqui relembrar que desde a vigência do
atual Código Civil, já não se nomeia Curador ao acusado menor de 21 anos;

6) Por falta de citação do réu para ver-se processar (art. 564, III, e), desde que a
omissão não seja suprida nos moldes do art. 570 do CPP;

7) Por falta de interrogatório do réu, (39) quando presente (art. 564, III, e);

39. “ É causa de nulidade processual absoluta ter sido o réu qualificado e


interrogado sem a presença de defensor, sobretudo quando sobrevém
sentença que, para condenar, se vale do teor desse interrogatório” (STF, RHC
87.172/GO, 1º T., rel. Min. Cezar Peluso, j. 15-12-2005, DJ de 3-2-2006, p. 32,
RT 847/504).

8) Por falta de decisão de pronúncia (art.546, III, f), nos processos de


competência do Tribunal do Júri, sendo caso de anotar que a referência ao
libelo contida no art.564, decorre de sua desatualização, visto que a
necessidade de apresentação de libelo-crime acusado deixou de existir
desde a reforma introduzida no procedimento do júri pela Lei nº
11.689/2008;

9) Pela ausência de quórum mínimo, que é de 15 jurados, para a instalação dos


trabalhos no tribunal do Júri (art. 564, III, i), (40)

40. “Na Instalação do Conselho de Sentença, não havendo o quórum mínimo


exigido pela lei, de 15 jurados, deve o magistrado proceder na forma do que
estabelece o artigo 445 do Código de Processo Penal. Prejuízo presumido”
(STF, HC 87.723/AP, 2º T., rel. Min. Joaquim Barbosa, j. 5-6-2007, Dje 131, de
20-10-2007).

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10) Pela falta de sorteio dos jurados do Conselho de Sentença em número legal
(7 jurados) e a incomunicabilidade (41) de todos (art. 564, III, j), cumprindo
aqui ressaltar que, para a validade do julgamento, a incomunicabilidade de ser
certificada nos autos (CPP, paragrafo 2º do art.466);

41. “Não se constitui em quebra da incomunicabilidade dos jurados o fato de


que, logo após terem sido escolhidos para o Conselho de Sentença, eles
puderem usar telefone celular, na presença de todos, para fim de comunicar a
terceiros que haviam sido sorteados, sem qualquer alusão a dados do
processo. Certidão de incomunicabilidade de jurados firmada por oficial de
justiça, que goza de presunção de veracidade. Desnecessidade da
incomunicabilidade absoluta” (STF, AO 1.047/RR, Tribunal Pleno, j.28-11-
2007, Dje 065, de 11-4-2008, RTJ 205/576).

11) Por falta dos quesitos (42) e as respectivas respostas (art. 564,III, K);

42. A súmula 156 do STF tem o seguinte teor: “É absoluta a nulidade do


julgamento, pelo júri, por falta de quesitos obrigatórios”. “A omissão de
quesito relativo à defesa é nulidade absoluta (Súmula 156), portanto, em
tese, não preclusa pela falta de arguição na sessão do Júri” (STF, HC
89.200/RJ, 1º T., rel. min. Sepúlveda Pertence, j. 29-8-2006, Dje de 15-9-
2006, p. 45). “O quesito absolutório genérico, previsto no artigo 483, inciso III,
do Código de Processo Penal, é obrigatório, independentemente da tese
defensiva sustentada em plenário, em razão da garantia constitucional de
plenitude de defesa, cuja ausência de formulação acarreta nulidade absoluta”
(STJ, REsp 1.245.480/DF, 5º T., rel. Marcos Aurélio Bellizze, j. 19-4-2012, Dje
de 8-6-2012).

12) Por falta de acusação e/ou de defesa, (43) na sessão de julgamento (art. 564,
III, L);

43. “A deficiência da defesa não acarreta nulidade absoluta, mas tão somente
a falta desta (Súmula 523/STF)” (STF, HC 86.711/GO, 1º T., rel. Min. Ricardo
Lewandowski, j. 4-3-2006, Dj de 16-6-2006, p.19, LEXSTF 331/503).

13) Por falta de Sentença (art.546, III, m);

14) Por falta de recurso de ofícios, nos casos em que a lei o tenha estabelecido
(art. 564,III, n);

15) Por falta de intimação, (44) nas condições estabelecidas pela lei, para ciência
de sentença e decisões de que caiba recurso (art.546, III, o)

44. “O Supremo Tribunal federal assentou o entendimento de que, ´havendo


mais de um advogado regulamentado constituído, sem nenhuma ressalva ao
recebimento de intimação, basta, para sua validade, que a publicação seja
feita em nome de um deles` (Ext 913-ED, rel Min. Carlos Velloso, Plenário, Dj
26.11.2004)” (STF, HC 102.433/PR, 2º T., tela. Mina. Ellen Gracie, rel p/ o
Acórdão Min. Joaquim Barbosa, j. 28-2-2012, Dje 234, de 29-11-2012).

45. “A ausência de intimação do advogado constituído para a sessão do


julgamento e da decisão proferida gera sua nulidade, impondo-se novo
pronunciamento judicial” (STF, HC 89.108/RS, 1º T., Min. Ricardo
Lewandowski, j.8-82006, Dj de 25-8-2006, p.54).

16) Por falta de quórum para instalação da sessão de julgamento nos tribunais
(art. 564, III, p);

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17) Por deficiência dos quesitos (46) ou das suas respostas, e contradição entre
estas (art. 564, paragrafo único).

46. “A quesitação inadequada formulada pelo juiz-presidente implica nulidade


absoluta do julgamento do Tribunal do Júri” (STF, REsp 1.170.742/BA, 6º T.,
rel. Min. Sebastião reis Júnior, j 16-5-2013, Dje de 29-5-2013). “Consolidou-se
na doutrina e jurisprudência pátrias o entendimento no sentido de que os
quesitos apresentados aos jurados não podem apresentar redação complexa,
a ponto de inviabilizar o seu entendimento e confundir a opinião a ser emitida
pelos juízes leigos” (STJ,HC 144.492/ES, 5º T., rel Min. Jorge Mussi, j 13-4-
2010, Dje de 13-9-2010).

NULIDADES RELATIVAS

Combinando os artigos 564 e 572 do CPP, podemos concluir que haverá


nulidade relativa:

1) Por ausência de intervenção do MP em todos os termos da ação por ele


intentada e nos da intentada pela parte ofendida, quando se tratar de
crime de ação penal pública ( art. 564, III, d)

2) Por ausência de concessão de prazo legal à acusação e à defesa para


que possam praticar, respectivamente, os atos que a cada um competir
( art. 564, III, e, segunda parte)

3) Por falta de intimação do réu para a sessão de julgamento, pelo Tribunal


do Júri, quando a lei não permitir o julgamento à revelia ( art. 564, III, g)

4) Por falta de intimação das testemunhas arroladas para a oitiva no plenário


do júri, nos termos estabelecidos pela lei ( art. 564,III,h), o momento para
arrolar testemunhas é aquele tratado no artigo 422 do CPP.

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