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JILLIAN MICHAELS

com MARISKA VAN AALST

DOMINE O SEU
METABOLISMO
Prefácio de Christine Darwin, M. D.

Master Your Metabolism


The 3 diet secrets to naturally balancing
your hormones for a hot and healthy body!

Traduzido do inglês por

Inês Rodrigues
CONTEÚDOS

PREFÁCIO 9

INTRODUÇÃO: RECUPERE O SEU METABOLISMO


Porque é que as hormonas são importantes – para todos nós 13

PARTE 1 > COMO AS HORMONAS CONDICIONAM O SEU METABOLISMO

CAPÍTULO 1 > DEIXE-ME ADIVINHAR – É ISTO QUE ESTÁ


A ACONTECER CONSIGO? Como cheguei à conclusão de que
o meu sistema hormonal estava totalmente descontrolado 23

CAPÍTULO 2 > CONHEÇA OS FACTORES-CHAVE


Como as hormonas determinam o seu metabolismo 53

CAPÍTULO 3 > COMO CHEGOU A ESTE PONTO


Por que razão a fartura não é boa – em mais do que um aspecto 95

CAPÍTULO 4 > COMO FUNCIONA A DIETA


Como o plano remover/repor/reequilibrar corrige o seu metabolismo 123

PARTE 2 > O PLANO-MESTRE

CAPÍTULO 5 > PASSO 1 – REMOVER


Elimine os antinutrientes que estimulam as hormonas armazenadoras de gordura 131

CAPÍTULO 6 > PASSO 2 – REPOR


Descubra os nutrientes que estimulam as hormonas queimadoras de gordura 167

CAPÍTULO 7 > PASSO 3 – REEQUILIBRAR Escolha o momento, quantidades


e combinações de alimentos para o máximo impacto metabólico 213
PARTE 3 > AS FERRAMENTAS PODEROSAS

CAPÍTULO 8 > PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS DE ESTILO DE VIDA


Expulse as toxinas da sua casa, reponha na sua alimentação os nutrientes perdidos
e reequilibre a sua energia para neutralizar o stress esmagador 233

CAPÍTULO 9 > O PLANO GERAL DE REFEIÇÕES


Mais 15 receitas rápidas e fáceis para não perder tempo na cozinha 269

CAPÍTULO 10 > GRANDES REMÉDIOS PARA O SEU METABOLISMO


Programas para as seis desordens hormonais mais comuns 295

CAPÍTULO 11 > BEM-VINDO AO SEU NOVO METABOLISMO


Como manter, para o resto da sua vida, o programa remover/repor/reequilibrar 313

CAPÍTULO 12 > A LISTA DE COMPRAS DA DIETA DO METABOLISMO


Os seus guias rápidos para o mercado e supermercado 315

AGRADECIMENTOS 327
PARTE 1
COMO AS HORMONAS
CONDICIONAM
O SEU METABOLISMO
}
CAPÍTULO 1

DEIXE-ME ADIVINHAR – É ISTO QUE


ESTÁ A ACONTECER CONSIGO?
COMO CHEGUEI À CONCLUSÃO DE QUE O MEU SISTEMA HORMONAL
ESTAVA TOTALMENTE DESCONTROLADO

Eu tentava juntar as peças de todas as maneiras possíveis, mas o


resultado era sempre o mesmo.
Médico após médico, estudo após estudo, teste após teste, cheguei
a esta assustadora conclusão: Na minha cruzada para ser “magra”, eu
tinha abusado do meu corpo durante anos. Em vez de ficar mais
magra, tinha conseguido estimular o meu próprio envelhecimento,
arruinado os meus níveis hormonais e educado o meu corpo a ser
mais gordo.
Mas antes de dizer: “Jillian, deixe-se de coisas – olhe para o corpo
que tem”, espere um pouco. Se já me viu na televisão, sabe que não
sou preguiçosa. (Suponho que não me apelidariam de “treinadora
mais dura da TV” se fosse inativa.) É verdade, passei muitas horas no
ginásio. Trabalhei muito para ter o corpo que tenho.
Mas ai é que está: Apesar de todo esse esforço, o meu corpo conti-
nuava a não responder como seria de esperar, e foi então que percebi
que faltava uma peça do puzzle. Agora fico arrasada quando penso
que, se soubesse o que sei hoje, podia ter feito metade do esforço para
ter o corpo que tenho agora
Agora eu sei que a solução para viver feliz e saudável é alcançar
o equilíbrio hormonal – não um regime impossível que tira a ale-
gria de viver. Quando aprendi a comer e a viver de uma maneira que

23
DOMINE O SEU METABOLISMO

O inferno hormonal ataca outra vez

Deixe-me adivinhar. Tem

> uma balança que não se mexe, por muito pouco que coma ou por mais
exercício que faça?
> níveis deploráveis de energia que só parecem piorar?
> uma pele que começa a ficar pálida ou cheia de rugas e ainda nem
passou dos 40?
> uma pele sempre cheia de borbulhas – e há décadas que deixou
de ser adolescente?
> níveis de humor que sobem e descem imprevisivelmente?
> um ciclo menstrual que a põe (e a toda a gente à sua volta)
completamente louca?
> um cansaço que não melhora, por mais que durma?
> uma sensação de esgotamento, um pouco irritante, da qual não
consegue libertar-se?
> perdido e recuperado os mesmos dois, quatro, oito quilos, uma vez
após outra?
> ou, mais provável ainda, perdido e recuperado mais peso de todas as
vezes, sentindo-se cada vez mais em baixo e sem esperança?

Eu também. Tudo isto e muito mais. Eu sabia que alguma coisa estava
errada, mas não conseguia perceber o quê – achei que ia dar em louca.
Foi nessa altura que comecei a explorar a área da endocrinologia – o
ramo da medicina que se dedica às hormonas – e, de forma lenta mas
segura, percebi (e fiquei horrorizada) que grande parte desta situação era
provocada por mim.

equilibrava e otimizava os níveis das hormonas-chave, a maior parte


da minha batalha para perder peso estava ganha antes sequer de eu
ter posto um pé no ginásio.
No entanto, levei muito, muito tempo a descobrir isso – e não quero
que aconteça o mesmo consigo.

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DEIXE-ME ADIVINHAR – É ISTO QUE ESTÁ A ACONTECER CONSIGO?

UMA NAÇÃO EM DESEQUILÍBRIO HORMONAL

Quando eu olho à minha volta, sei que não estou só. Há imensos sis-
temas endócrinos desequilibrados por todo o lado. As estatísticas
contam a história:

> 24 milhões de americanos têm diabetes (um em cada quatro ainda


nem sabem que a têm).
> 57 milhões de americanos têm pré-diabetes.
> Uma em cada quatro pessoas têm síndrome metabólica.
> Uma em cada dez pessoas têm a glândula tiroide hipoativa.
> Uma em cada dez mulheres tem síndrome dos ovários policísticos (SOP).
> Uma em cada 13 mulheres sofre de tensão pré-menstrual (TPM) severa.

E isto antes de começarmos a falar sobre os 33 milhões de mulheres


que estão a entrar na menopausa. Boomers*, sem dúvida, mas refiro-
-me também aos primeiros indivíduos da Geração X. Juntemos a esse
número os 33 milhões de homens que estão a entrar na andropausa,
aliás, “menopausa masculina,” que, sim, existe mesmo.
Todas estas condições se devem a desequilíbrio hormonal. Algu-
mas são o resultado previsível do envelhecimento; outras são causa-
das por predisposição genética. Mas qual é o sintoma mais comum
de um sistema endócrino totalmente desequilibrado?
Excesso de gordura corporal, pura e simples.
A obesidade – para não falar em envelhecimento prematuro e
doença – é causada por desequilíbrios hormonais que vão gradual-
mente desgastando o sistema endócrino até este começar a armaze-
nar gordura. E quando o metabolismo pensa que queremos engordar,
faz todos os possíveis para realizar os nossos desejos.
É por isso que duas em cada três pessoas têm peso a mais e uma
em cada três se tornaram obesas.
Foi por isso que escrevi este livro. Juntos, vamos reeducar o seu
metabolismo, para que o seu corpo se torne uma máquina vigorosa
de queimar gordura.

* Geração nascida durante o período de 1946-1964 (após a Segunda Guerra Mundial). (N. da T.)

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DOMINE O SEU METABOLISMO

O GRANDE ENGANO HORMONAL

Toda e qualquer função corporal que possa imaginar é controlada


pelas suas hormonas. De minuto a minuto, a sua bioquímica corpo-
ral tenta manter a homeostase – sentido de equilíbrio – no seu corpo.
Além de ajudarem todos os sistemas do seu corpo – os seus rins,
intestinos, fígado, gordura, sistema nervoso, sistema reprodutor – a
comunicarem uns com os outros, as suas hormonas têm outra impor-
tante tarefa. Sempre que o seu corpo interage com milhões de variá-
veis externas – os alimentos que ingere, as horas do dia, a intensi-
dade do exercício físico –, o seu sistema endócrino responde,
produzindo hormonas que o ajudam a equilibrar o nível de açúcar no
sangue, a dormir, queimar gordura ou criar músculo.
O único problema é que, por vezes, essas variáveis externas ficam
fora de controlo e as suas hormonas deixam de saber que direcção
seguir. Tentam ajudar o seu corpo a recuperar o equilíbrio, mas, face
a uma alimentação pouco saudável, toxinas ambientais ou stress em
excesso, começam a reagir exageradamente e a sobrecompensar. E é
aí que começam os problemas.
O stress excessivo faz disparar o cortisol responsável pela produção
de gordura abdominal. Os estrogénios sintéticos presentes no
ambiente assaltam o nosso corpo de todos os lados e enganam a tes-
tosterona. Demasiadas noites sem dormir reduzem significativa-
mente a produção das hormonas do crescimento, as quais ajudam a
queimar gordura. Saltar refeições provoca o descontrolo da grelina, a
hormona que regula o apetite. Consumir regularmente refrigerantes
açucarados faz com que as hormonas da saciedade, como a leptina,
deixem de funcionar eficazmente.
Estas alterações hormonais dramáticas não faziam parte do plano
original do seu corpo. Por conseguinte, essas oscilações imprevistas
começam a desgastar os processos naturais de regulação do mesmo.
O seu sistema endócrino deixa de reconhecer o equilíbrio. Deixa de
responder de forma adequada. Os seus órgãos são afetados; as suas
glândulas ficam esgotadas. Começa a sofrer de hipotiroidismo, a ser
resistente à leptina e à insulina.
E começa a ganhar peso.

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DEIXE-ME ADIVINHAR – É ISTO QUE ESTÁ A ACONTECER CONSIGO?

Essa é a razão pela qual tem de devolver o equilíbrio ao seu corpo.


E é isso que este livro lhe permitirá fazer. Vou fornecer-lhe todas as
ferramentas de que necessita para recuperar o controlo da bioquí-
mica do seu corpo. Vamos juntos pressionar o botão de reinício do
seu metabolismo e reeducar as suas hormonas para que, em vez de
ganhar peso, possa começar a perdê-lo – em grande quantidade.

O QUE ESTÁ EM JOGO

Por todo o lado surgem evidências de um colapso endócrino nacio-


nal. Há mais americanos obesos do que nunca – são 72 milhões. A
obesidade é a segunda principal causa de morte evitável. Só o facto de
acender carcinogénicos e de, constantemente, os inalar para os seus
pulmões – ou seja, fumar – supera todas as outras principais causas
de morte.
As pessoas obesas têm uma probabilidade de morte prematura 50
a 100 vezes maior do que as pessoas com peso normal. Têm também
um maior índice de doenças incapacitantes e/ou mortais:

> Artrite
> Aterosclerose (endurecimento das artérias)
> Cancro (sobretudo do pâncreas, fígado, rins, endométrio, mama, útero
e cólon e, possivelmente, leucemia e linfoma)
> Insuficiência cardíaca congestiva
> Doença cardíaca coronária
> Depressão grave
> Estigma social devastador
> Doenças da vesícula biliar
> Gota
> Ataques cardíacos
> Tensão arterial elevada
> Colesterol elevado
> Triglicerídeos elevados
> Problemas respiratórios
> Apneia do sono

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DOMINE O SEU METABOLISMO

> Acidente vascular cerebral


> Espessamento das paredes musculares do coração
> Diabetes do tipo 2

Gostaria que tudo isto fosse invenção minha apenas para o assustar,
mas não é. Todos nós já lemos as estatísticas publicadas. Sabemos
que, supostamente, há muitas razões para isto estar a acontecer: vinte
mil canais de televisão por cabo, gigantescos cheeseburgers, alimentos
processados, deslocações de 80 quilómetros de casa para o trabalho,
e vice-versa, semanas de trabalho de 70 horas.
Mas existem outras razões das quais ninguém parece falar. E quanto
aos químicos que existem no ar que respiramos, na água que consu-
mimos, nos cosméticos, nas roupas? E quanto ao herbicida que o vizi-
nho do lado usa para tratar o jardim? E o plástico que invadiu cada
canto do nosso planeta?
Durante muito tempo, limitámo-nos a culpar o hábito de comer de
mais. Mas muitos outros fatores ambientais, alimentares e sociais
entraram em jogo nos últimos 30 anos, e grande parte deles perturba
o funcionamento das nossas hormonas e desliga o nosso metabo-
lismo.
Tenho visto pessoas de quem gosto percorrerem o caminho até à
morte prematura devido às hormonas. Conhece aquele homem – tal-
vez seja você esse homem – com uma faixa de gordura à volta da
cintura chamada “ataque cardíaco”? Ou aquela mulher que deteta
um nódulo na mama aos 28 anos de idade? Ou a criança a quem é
diagnosticada uma diabetes do tipo 2, típica dos adultos, antes de ter
sequer idade para ver filmes para maiores de 12?
Este último caso parte-me o coração. O índice de diagnóstico de
diabetes disparou 40 por cento na última década. Que raio se estará
a passar? Porque estão as nossas hormonas tão descontroladas e como
podemos detê-las?
É evidente que só há uma maneira. Temos de acordar e perceber
que cada garfada que levamos à boca e cada escolha que fazemos em
relação ao nosso estilo de vida são importantes. Não só por causa das
calorias, da gordura ou hidratos de carbono, mas porque essas garfa-
das e escolhas são instruções que damos ao nosso corpo. Sempre que

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DEIXE-ME ADIVINHAR – É ISTO QUE ESTÁ A ACONTECER CONSIGO?

comemos, bebemos e respiramos… sempre que escolhemos os ali-


mentos errados ou nos rodeamos de substâncias químicas tóxicas,
em cada um desses momentos de consumo, damos instruções às
nossas hormonas para que façam coisas que nós, conscientemente,
jamais desejaríamos que elas fizessem.
Temos de saber como a produção alimentar moderna e o mundo
tóxico em que vivemos interage com as nossas hormonas. Temos de
compreender exatamente como é que nos fazem engordar e adoecer.
É a única forma de corrigirmos as coisas. É disso que trata Domine o
Seu Metabolismo.

CONFISSÕES DE UMA ANTIGA ADOLESCENTE GORDA

Até que ponto nos afastámos do caminho do equilíbrio natural das


hormonas?
Na verdade, afastámo-nos muito. E eu sei o que estou a dizer por-
que, durante muitos anos da minha vida, eu própria estive muito,
muito longe dele.
Vou contar-lhe o que me aconteceu, como os meus níveis hormo-
nais ficaram totalmente descontrolados, não só porque é bastante
incomum mas também porque grande parte desses problemas tal-
vez já lhe tenham acontecido a si ou a todas as pessoas que conhece.
Sem saber, até uma “guru” do fitness pode ver todo o seu esforço
comprometido por causa de hormonas desvairadas – o que dizer
então de um professor ou de um vendedor ou de uma dona de
casa?
Tudo começou quando eu era uma miúda gordinha.
Agora posso ter um corpo definido e em forma, mas durante a
minha infância debati-me constantemente com o excesso de peso.
Uma das razões que deu origem a isso foi viver com o meu pai.
O meu pai era um viciado. E a comida era apenas um dos seus vícios.
Muito provavelmente, também sofria de hipotiroidismo, embora,
nessa altura, nenhum de nós o soubesse. Mas o seu vício da comida
e a sua predisposição genética para ter excesso de peso foram, sem
dúvida, transferidos para mim.

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DOMINE O SEU METABOLISMO

A minha mãe estava a fazer o curso de Psicologia à noite e eu


ficava com o meu pai em casa. A comida era a única coisa que ele
sabia usar para mostrar o seu afeto por mim ou para se relacionar
comigo. Fazia enormes quantidades de pipo-
}
As batatas fritas são
cas e ficávamos a ver o Buck Rogers juntos. Ou
íamos os dois para a cozinha fazer pizzas. Che-
gámos inclusivamente a fazer gelado caseiro.
um dos três vegetais
Quando saíamos de casa, íamos a um dos nos-
mais consumidos por
sos fast-foods preferidos comer frango shoarma
crianças dos 9 aos ou burritos. A comida tornou-se a única ligação
11 meses de idade. que eu tinha com o meu pai.
}
Mas nem todos os meus problemas com a
comida surgiram por causa do meu pai. A
minha mãe, que sempre foi magra, por vezes também usava a comida
como recompensa. Eu era filha única e, quando os meus pais saíam,
deixavam-me com uma baby-sitter. Eu detestava que ficassem a tomar
conta de mim. Por isso, antes de a baby-sitter chegar, eles levavam-me
à pastelaria e diziam: “Escolhe o que quiseres.” Ou então o meu pai
comprava-me um mil-folhas, porque era o seu preferido. E, quando
saíamos da pastelaria, ainda me davam um doce extra. Até hoje tenho
uma estranha ligação emocional com estas coisas, o que é assustador.
A minha mãe sabia que eu sentia a falta dela quando ia para o tra-
balho, por isso, antes de sair de casa, dizia: “O que queres que te traga
da máquina de snacks?” Assim que chegava a casa, dava-me a minha
barra de Twix. Eu tinha um ritual elaborado para comer o Twix: Pri-
meiro, comia cuidadosamente toda a camada de caramelo que cobria
a bolacha. Depois mergulhava a bolacha num copo de leite. Estes
rituais com os alimentos eram reconfortantes para mim. Eram segu-
ros, consistentes, confiáveis – e, com o passar do tempo, muito des-
trutivos.
Foi sempre assim na minha família, tanto quanto me lembro. Certa
vez, quando eu tinha três anos, os meus pais estavam a conversar
sobre separarem-se. Deram-me um pacote de Cheetos e puseram-me
na cozinha enquanto discutiam na sala ao lado. Lembro-me de estar
sentada à mesa da cozinha, sozinha, em frente de um enorme pacote
de Cheetos, a pensar, “O que significa isto para mim?” Não tinha

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DEIXE-ME ADIVINHAR – É ISTO QUE ESTÁ A ACONTECER CONSIGO?

irmãos nem irmãs na altura. Não havia ninguém para me apoiar,


mas os Cheetos estavam lá para me consolar. A comida fazia-me
companhia. Dava-me algo por que ansiar, algo que eu sabia ser seguro
e que não me dececionaria.
Triste, não é?
Os meus pais divorciaram-se mais tarde, quando eu tinha 12 anos.
Não por coincidência, esse acabou por ser o auge do meu aumento de
peso. Na minha vida, tudo se desmoronava. Eu faltava às aulas, tinha
más notas, provava as bebidas alcóolicas das garrafas que estavam no
armário lá em casa; em suma, fazia toda a espécie de coisas más e
perigosas.
Comecei a roubar o carro da minha mãe depois das aulas – veja bem,
eu tinha 12 anos. Chegava a casa durante a tarde, enquanto ela ainda
estava no trabalho, e ia buscar as chaves sobressalentes. Metia-me no
jipe Cherokee e acelerava que nem uma louca pelas ruas do bairro. Foi
uma sorte nunca ter matado ninguém, incluindo eu própria.
Durante esses “passeios”, parava nos habituais pontos de fast-food.
Começava por uma série de tacos Bell: dois burritos de feijão e queijo,
sem cebola e com queijo extra. Depois, dois burritos de feijão e queijo
sem cebola e com queijo extra e um taco. Depois, três burritos de fei-
jão e queijo sem cebola e com queijo extra e um taco “Supremo” – e
já agora, claro, palitos de canela e uma Coca-Cola.
Ou então, quando chegava a casa depois da escola, encomendava
uma pizza Domino’s, sentava-me no telhado e comia aquilo tudo. Ou
devorava um pacote de Cheetos enquanto via na televisão o Punky
Brewster ou The Facts of Life – limitava-me a ficar ali sentada no sofá
a ganhar peso e a ser infeliz.
Mais ou menos nessa época, tive uns sonhos nos quais eu era pri-
sioneira de guerra numa zona em conflito. Fiquei obcecada com os
filmes sobre a guerra no Vietname e comecei literalmente a acreditar
que tinha sido prisioneira de guerra numa vida passada. No dia em
que o divórcio dos meus pais se tornou oficial, abri um buraco na
parede com um pontapé.
Tinha 12 anos, 1.52 m e pesava cerca de 80 quilos. (Por outras pala-
vras, eu era cinco centímetros mais baixa e 25 quilos mais pesada do
que sou hoje.)

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DOMINE O SEU METABOLISMO

As causas da gordura, parte 1: estão (parcialmente) na família

Preste atenção a estes elementos do ambiente familiar que estão


associados a um maior risco de desenvolver obesidade:

> Peso da mãe: Por volta dos seis anos, as crianças nascidas de mães
obesas têm 15 vezes mais probabilidades de serem obesas do que as
crianças nascidas de mães com peso normal.
> Amamentação: Diversos estudos associam a amamentação a um
menor risco de obesidade infantil. Alguns especialistas calculam que
os bebés alimentados a biberão têm 15 por cento a 20 por cento mais
de probabilidades de virem a ser obesos do que bebés que foram
amamentados.
> Televisão: Cada hora que um adolescente passa em frente da televisão
aumenta em dois por cento o risco de desenvolver obesidade. Limitar a
uma hora por semana o tempo para ver televisão pode reduzir cerca de um
terço o número de adolescentes obesos.
> Refeições familiares: Um inquérito feito a oito mil crianças demonstrou
que as que não comiam muitas refeições em família mas viam muita
televisão tinham maior probabilidade de virem a sofrer de excesso de peso
quando chegassem ao terceiro ano de escolaridade.
> Não brincar ao ar livre: Se, além disso, essas crianças também viverem
num bairro inseguro que não lhes permita brincarem na rua, serão gordas
quando chegarem à pré-primária.
> Controlo parental: Se os pais controlam muito o que os filhos comem,
estes nunca desenvolverão a capacidade de autorregularem a ingestão
de alimentos e, provavelmente, tornar-se-ão gordos.
> Fazer dietas prematuramente: Jovens de ambos os sexos que sejam
encorajados a fazer dieta têm o triplo de probabilidades de terem
excesso de peso cinco anos mais tarde, devido a maior compulsão
alimentar, saltar o pequeno-almoço ou outras tentativas não saudáveis
de perder peso.
> Pobreza: Rendimento financeiro baixo combinado com qualquer um
destes fatores aumenta drasticamente o risco de obesidade. Acredito que
as toxinas existentes no ambiente em que vivemos atingem as pessoas
mais vulneráveis: crianças pobres cujos pais só conseguem comprar
comida processada mais comum, à base de milho e de soja, geneticamente
modificada e com pesticidas.

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A minha mãe olhou bem para mim e percebeu que tinha de fazer
qualquer coisa – e depressa. Levou-me a um terapeuta, mas, feliz-
mente, também reconheceu que eu precisava de um escape físico
para libertar a minha raiva e frustração.
Foi então que as artes marciais salvaram a minha vida.

DESCOBRIR O EXERCÍCIO – E O PODER

Na época, a minha mãe tinha um namorado cujos sobrinhos tinham


aulas de artes marciais com um instrutor que era, no mínimo, pouco
convencional. Eu estava curiosa. De alguma forma, a minha mãe
sentiu que, apesar de ser o mais certo para mim, mandar uma filha
ter aulas com este instrutor era um pouco como mandá-la para o
colégio militar. Ele não brincava em serviço.
O seu nome era Robert David Margolin e dava aulas num dojo *
montado na garagem da sua casa em Calabasas Hills. Robert criara
um estilo híbrido, uma mistura de aikido e muay thai chamado
akarui-do. Foi um dos pioneiros em artes mar-
ciais combinadas. Tornou-se uma espécie de
figura paterna para mim – mas era, definitiva-
mente, um renegado.
Ele era bastante radical, e eu adorava isso.
Parecia-me algo mais real do que uma aborda-
As crianças que
praticam desporto têm
80 por cento menos
}
gem calma e convencional. Acho que gostar de probabilidades de ter
extremos faz parte da minha natureza. (Prova- excesso de peso do
velmente, o leitor já percebeu isso.) que as crianças que
Os homens desse pequeno dojo tornaram-se nunca praticaram
uma espécie de irmãos para mim. Todos se
qualquer desporto.
empenhavam em ser saudáveis e eram pessoas
}

motivadas, espirituais e com um objetivo. Por


serem uma referência tão importante para
mim, comecei a perceber que todas as minhas outras atividades
– beber, faltar às aulas e, basicamente, estragar a minha vida – não

* Local destinado ao treino de artes marciais, como o judo ou o Karate.

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DOMINE O SEU METABOLISMO

correspondiam a uma atitude “fixe”. Isto é que era fixe para mim. Eu
queria ser como estas pessoas. Queria impressioná-las.
Portanto, o que me terá dito Rob que fez com que eu entrasse final-
mente nos eixos? Eis como tudo se passou. Acredito que é algo que
acontece a qualquer pessoa que queira verdadeiramente mudar a sua
vida – eu chamo-lhe o “momento limite”. É a epifania que nos impele
para a mudança – dê por onde der.
Um dia, enquanto esperava pela minha aula, permaneci ali de pé,
devorando o meu pacote de Cheetos. Robert veio ter comigo, olhou
para o pacote e expulsou-me da sala de treinos. “Estou a perder tempo
contigo”, disse-me. “E, até estares disposta a aprender e a aproveitar os
meus conhecimentos, estás a desperdiçar o teu próprio tempo, mas
isso é contigo. Eu dou valor ao meu próprio tempo. Por isso sai.” Senti-
-me ficar sem pinga de sangue. Ele viu como fiquei aturdida. “Quando
quiseres levar isto a sério, e levares-te a ti própria a sério, então volta e
nessa altura poderei ajudar-te.” E fechou a porta na minha cara.
A mensagem que Robert me passou e que, a partir desse momento,
passou a ser a minha filosofia de vida, foi: A jornada para conseguir
ser saudável é, definitivamente, uma jornada de poder. A definição de
poder, na minha opinião, é cada um aprender a tornar o seu sonho
realidade.
Deixe-me contar-lhe um pequeno segredo: não adoro fazer exercí-
cio físico. Às vezes gosto, mas é raro. Não me interessa se alguém
tem abdominais perfeitos ou glúteos de aço. Não me interprete mal,
se é o seu caso, ótimo para si. Mas, para mim, fitness é muito mais do
que isso.
Eu uso o exercício fisico como forma de as pessoas recuperarem o
seu poder. Torna as pessoas mais fortes, confiantes e poderosas, e
essa força transborda para outras áreas das suas vidas.
E agora sei que o mesmo acontece em relação à sua alimentação e a
outros aspetos do seu estilo de vida. Ao tomar a decisão de assumir o
controlo daquilo que ocorre dentro do seu corpo, está a usar esse
poder. Ao reconhecer que forças exteriores ao seu corpo têm pertur-
bado a sua bioquímica interna e ao tomar medidas para otimizar as
suas hormonas, está a aproveitar esse mesmo poder, assumindo-o
como seu.

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