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Lembramos que o IVA é um imposto de base comunitária que tem sido ao longo dos tempos
regulado por várias diretivas do Conselho da União Europeia, pelo que se aplica em todos
os estados membros de forma semelhante. É um imposto que incide sobre a despesa ou
consumo e tributa o "valor acrescentado" das transações efetuadas pelos contribuintes.
Na atual Diretiva IVA, o regime comum forfetário dos produtores agrícolas encontra-se
previsto nos artigos 295.º a 305.º da Diretiva 2006/112/CE do Conselho de 28 de Novembro
de 2006, encontrando-se revogada a Sexta Diretiva.
Portugal até 2015 nunca transpôs para o direito interno o regime forfetário dos produtores
agrícolas.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Esta alteração que originou a revogação do n.º 33 do art. 9.º (onde se encontrava prevista a
isenção para as atividades agrícolas), teve como origem o Acórdão do Tribunal de Justiça
(Quarta Secção) de 8 de março de 2012 no âmbito do processo C-524/10 que tem por
objeto uma ação por incumprimento de Portugal nos termos do artigo n.º 258.º TFUE,
entrada em 11 de novembro de 2010, a pedido da Comissão Europeia. No referido Acórdão
o Tribunal de Justiça declara-se que “ao aplicar aos produtores agrícolas um regime
especial que não respeita o regime instituído pela Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28
de Novembro de 2006, relativa ao sistema comum do imposto sobre o valor acrescentado e
prever a aplicação de uma percentagem forfetária de compensação de nível zero, a
República Portuguesa não cumpriu as obrigações que lhe incumbem por força dos artigos
296.º a 298.º da referida diretiva”.
Esta alteração estabeleceu novas regras para os contribuintes que, até 31 de dezembro de
2012, estavam dispensados da obrigação da liquidação do IVA nas transmissões de bens e
prestações de serviços no âmbito das atividades agrícolas, silvícolas ou pecuárias.
Para além desta alteração significativa que entrou em vigor em 1 de janeiro de 2013,
também o orçamento do Estado para 2015 (aprovado pela Lei n.º 82-B/2014 de 31 de
Dezembro) introduziu finalmente no código do IVA o regime forfetário dos produtores
agrícolas.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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• Não tenham nem sejam obrigados a ter contabilidade organizada para efeitos do
IRS;
• Não pratiquem importações, exportações ou atividades conexas com alguma destas
operações;
• Não exerçam atividades que consistam em transmissões de bens ou prestações de
serviços do setor de desperdícios, resíduos e sucatas recicláveis, mencionados
no anexo E do Código do IVA;
• Não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume de negócios superior a
€12.500147.
O conceito de volume de negócios está definido no artigo 42.º do Código do IVA, sendo
constituído pelo valor, com exclusão do imposto, das transmissões de bens e prestações de
serviços efetuadas pelo sujeito passivo. Os subsídios ou subvenções não fazem parte do
volume de negócios.
Esta isenção do artigo 53.º é uma isenção simples ou incompleta, caracterizada pela não
liquidação do imposto a jusante, mas também pela não dedução do IVA suportando nas
aquisições de bens e serviços a montante.
Os sujeitos passivos que iniciem a sua atividade devem declarar, na respetiva declaração de
início de atividade, a previsão do volume de negócios relativo ao ano civil corrente, a qual,
depois de confirmada pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT), é tida em consideração
no enquadramento desse mesmo ano.
147
A Lei do OE2020 alterou o limite de €10.000 para €12.500.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No entanto, quando o período em referência for inferior ao ano civil, deve converter-se o
volume de negócios relativo a esse período num volume de negócios anual correspondente.
O artigo 54.º do Código IVA determina que, uma vez verificados os condicionalismos
previstos no artigo 53.º do Código do IVA para poder beneficiar da isenção do IVA, se os
sujeitos passivos não isentos pretenderem a aplicação do regime especial nele
estabelecido, devem apresentar uma declaração de alterações. Esta declaração só pode ser
apresentada durante o mês de janeiro do ano seguinte àquele em que se verifiquem os
pressupostos estabelecidos no artigo 53.º e produz efeitos a partir de 1 de janeiro do ano da
sua apresentação.
Por outro lado, o artigo 58.º do Código do IVA determina que os sujeitos passivos
enquadrados no regime especial de isenção estabelecido no artigo 53.º do Código do IVA,
quando deixem de reunir as condições para aplicação do citado regime, estão obrigados a
apresentar uma declaração de alterações de atividade no prazo de 15 dias, tendo em vista o
enquadramento no regime de tributação.
O artigo 53.º do Código do IVA exige a verificação cumulativa dos requisitos nele previstos,
para que os sujeitos passivos possam beneficiar da isenção aí consagrada.
Contudo, o n.º 2 do artigo 56.º do Código impõe duas limitações à aplicação do regime
especial de isenção, quando os sujeitos passivos reiniciem a atividade após cessação, não
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obstante preencherem as condições exigidas nesta norma legal. Não podem beneficiar do
regime de isenção:
No ano seguinte ao da cessação, os sujeitos passivos que reiniciem essa ou outra atividade
e que, se não tivessem declarado a cessação, seriam enquadrados, por força da alínea a)
do n.º 2 do artigo 58.º, no regime normal."
O Orçamento do Estado para 2015 (Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro) aditou ao Código
do IVA o “Regime forfetário dos produtores agrícolas” e os anexos F e G.
Este regime que se encontra previsto nos artigos 59.º-A a 59.º-E, tem como objetivo
compensar os pequenos produtores agrícolas inseridos no regime de isenção de IVA
previsto no artigo 53.º, que, por serem isentos de IVA, não podem deduzir os montantes de
IVA pagos aos seus fornecedores. Aderindo a este regime, os produtores agrícolas isentos
de IVA podem obter uma compensação forfetária calculada a partir da aplicação de uma
percentagem de 6% sobre o total das vendas e serviços agrícolas por si efetuados em cada
ano a outros sujeitos passivos de IVA (empresas, cooperativas, outros produtores,
comerciantes e prestadores de serviços em geral).
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O valor das ajudas da PAC (subsídios) não faz parte do volume de negócios.
149
Previstas nos anexos F e G do Código do IVA.
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● E que não tenham atingido, no ano civil anterior, um volume de negócios superior a
€12.500 ou que, no ano do início da atividade, prevejam obter um volume de
negócios igual ou inferior àquele montante.
O regime forfetário dos produtores agrícolas aplica-se a sujeitos passivos de IRS e IRC,
desde que cumpridas as condições de enquadramento. No caso de sujeitos passivos de IRC
apenas se pode aplicar a entidades do sector não lucrativo que não disponham de
contabilidade organizada e que estejam abrangidas pelo regime especial de isenção do
artigo 53.º do CIVA.
Um produtor agrícola com o regime forfetario pode desenvolver simultaneamente outro tipo
de atividades não agrícolas, desde que, no conjunto das operações que realiza, não
ultrapasse os €12.500 de volume de negócios.
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1. Exemplo 1:
Um pequeno agricultor que optou pelo regime forfetário, efetuou durante o ano 2019 as
seguintes vendas e prestações de serviços:
Compensação
Vendas e prestações de serviços valor
6%
2. Exemplo 2:
Um pequeno silvicultor que optou pelo regime forfetário, efetuou durante o ano de 2019,
uma venda de €14.000, a uma sociedade, referente à extração de cortiça.
Este silvicultor tem direito a pedir pedir á AT uma compensação forfetária no valor de €840
(6%x€14.000), embora no ano de 2020 já não possa ficar no enquadrado no regime especial
de isenção, e consequentemente no regime forfetário, porque no ano de 2019 ultrapassou o
volume de negócios de €10.000.
São abrangidas pelo regime forfetário do IVA as vendas de bens provenientes diretamente
da exploração do produtor agrícola e que resultem do exercício das seguintes atividades:
I - Cultura propriamente dita:
1 - Agricultura em geral, incluindo a viticultura;
2 - Fruticultura (incluindo a oleicultura) e horticultura floral e ornamental, mesmo em estufas;
150
Anexo F do Código do IVA
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Anexo G do Código do IVA
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• Os agricultores que optem pelo regime forfetário estão obrigados a emitir fatura por
cada venda ou prestação de serviços.
• As faturas emitidas pelo agricultor que opte pelo regime forfetário, quer de vendas
quer de prestações de serviços relacionadas com a agricultura, devem conter a
menção «IVA – regime forfetário».
• Se o agricultor para além da atividade agrícola desenvolver outras atividades, essas
faturas devem conter “ IVA – Regime de isenção”
Para o ano 2015 foi criado um regime transitório que permite que durante o ano 2015 a
menção “IVA – regime forfetário” possa ser adicionado às faturas manualmente.
Este regime também se aplica a pequenos agricultores, cujas faturas sejam emitidas pelos
seus clientes através do sistema de autofaturação, desde que reúnam as condições e
tenham optado pelo regime forfetário.
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Não existe lugar ao pagamento da compensação quando o montante calculado seja inferior
a €10.
Como já referido, deixou de existir a partir de 1 de abril de 2013, a isenção de IVA para as
transmissões de bens efetuados no âmbito das explorações enunciadas no Anexo A do
Código do IVA (agricultura, silvicultura ou pecuária), bem como as prestações de serviços
agrícolas definidas no Anexo B, quando efetuadas com carácter acessório por um produtor
agrícola que utilize os seus próprios recursos de mão-de-obra e equipamento normal da
respetiva exploração agrícola ou silvícola, seja qual for o volume de negócios auferido, e
foram aditadas à Lista I anexa ao Código do IVA as verbas 4.2 e 5, aplicando-se a taxa
reduzida de IVA. Esta nova redação dada pela Lei do OE2013, com as alterações da Lei do
152
Altera o artigo 59.º B do Código do IVA
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OE2014, tem por base, os números 1 e 2 do artigo 98.º e alínea 11) do anexo III da Diretiva
IVA, relativos à possibilidade de aplicação de taxas reduzidas pelos Estados membros.
A alínea 11) do anexo III da Diretiva IVA, define que os Estados membros podem aplicar
taxas reduzidas à “entrega de bens e prestação de serviços, do tipo utilizado normalmente
na produção agrícola com exclusão dos bens de equipamento, tais como máquinas ou as
construções”.
153
Em 2014, a verba 5 passa a ter a designação de "5 - As transmissões de bens e prestações de serviços efetuadas no
âmbito das seguintes atividades de produção agrícola:", passando a abranger, também, as prestações de serviços efetuadas
no âmbito das atividades ali elencadas.
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5.2. - Criação de animais conexa com a exploração do solo ou em que este tenha caráter
essencial:
5.2.2. - Avicultura;
5.2.3. - Cunicultura;
5.2.4. - Sericicultura;
5.2.5. - Helicicultura;
5.2.7. - Canicultura;
5.2.8. – (Revogada)
5.3. – Apicultura;
5.4. – Silvicultura;
154
No ano de 2013 não é aplicável a taxa reduzida às atividades agrícolas não conexas com a exploração da terra ou em que
esta tenha caráter meramente acessório, designadamente as culturas hidropónicas e a produção em vasos, tabuleiros e outros
meios autónomos de suporte. A Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, do OE2014 alterou a redação da verba 5.1.3 da Lista I
do Código do IVA.
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A verba 4.1 da lista I anexa ao Código do IVA prevê a aplicação da taxa reduzida de IVA
às “Prestações de serviços de limpeza e de intervenção cultural nos povoamentos e
habitats, realizadas no âmbito da agricultura, da gestão da floresta e da prevenção de
incêndios”, no âmbito das atividades de produção agrícola a que se refere categoria 4 da
lista I, em que a verba 4.1 está inserida.
Lista das prestações de serviços que se enquadram na verba 4.1 da lista I anexa ao Código
do IVA:
4.1.7. Rolagem;
4.1.8. Podas;
4.1.9. Desramação;
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4.2.3. Ripagem;
4.2.4. Subsolagem;
4.2.11. Plantação;
4.2.12. Sementeira;
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As prestações de serviços: espalhar adubo na terra, arrancar cepas, fazer poda de vinhas,
fazer vindima nas vinhas e desmatar terrenos efetuadas mediante a utilização de diferentes
equipamentos motorizados, e que contribuem para a produção agrícola, são tributados à
taxa reduzida de IVA156.
Existem casos em que o adquirente do serviço de transporte não exerce qualquer atividade
de produção agrícola, mas apenas, a de comercialização de produtos e matérias-primas
agrícolas e muitas vezes refatura o serviço de transporte aos produtores agrícolas que
155
Informação vinculativa, Processo n.º 9352, por despacho de 2015-10-20, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral
da Autoridade Tributária e Aduaneira.
156
Informação vinculativa, Processo n.º 5032, por despacho de 2013-08-19, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral
da Autoridade Tributária e Aduaneira.
157
Informação vinculativa, Processo n.º 6638, por despacho de 2014-03-28, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral
da Autoridade Tributária e Aduaneira.
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A Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) vinha entendendo que, face ao elemento literal da
norma, as operações elencadas nas verbas 4.1 e 4.2, da Lista I anexa ao CIVA, apenas
beneficiavam da taxa reduzida quando realizadas no âmbito de uma atividade de produção
agrícola ou aquícola das elencadas nas verbas 5.1 a 5.5 da mesma Lista.
As verbas 4.1 e 4.2, da Lista I anexa ao CIVA, resultam da transposição da alínea 11) do
anexo III da Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro, que define que os
Estados-Membros podem aplicar taxas reduzidas à “Entrega de bens e prestação de
serviços, do tipo utilizado normalmente na produção agrícola com exclusão dos bens de
equipamento, tais como máquinas ou as construções”, não resultando da norma
Comunitária qualquer limitação quanto à sua abrangência em função do adquirente.
Como exemplo, é referido no Ofício Circulado que os serviços de limpeza de terrenos, bem
como o abate e corte de árvores, no âmbito da gestão ativa da floresta e prevenção de
incêndios, beneficiam da taxa reduzida a que se referem, as verbas 4.1 e 4.2, alínea j).
158
Informação vinculativa, Processo n.º 5716, por despacho de 2014-03-28, do SDG do IVA, por delegação do Diretor Geral
da Autoridade Tributária e Aduaneira.
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O arrendamento de terrenos agrícolas está isento de IVA, nos termos da alínea 29) do artigo
9.º do Código do IVA, se:
- No terreno não se achar implantada qualquer obra (poços, furos, diques de rega, etc)
construída com carácter de benfeitoria ou adquirida por acessão industrial imobiliária nos
termos dos artigos 1339.º e seguintes do Código Civil”.
Na Informação vinculativa n.º 5666, disponibilizada no Portal das Finanças, é definindo que
a locação de um terreno agrícola em que o arrendatário é um produtor agrícola, que
beneficia dessa mesma locação no âmbito do exercício de uma das atividades de produção
agrícola listadas na verba 5 da Lista I anexa ao Código do IVA, está sujeita à aplicação da
taxa reduzida do IVA.
O IVA é um imposto geral sobre o consumo de bens e serviços, que abrangendo toda a
atividade económica ainda que decorrente de prática ocasional, inclui no conceito de sujeito
passivo um vasto leque de operadores económicos159.
São sujeitos passivos de IVA “as pessoas singulares ou coletivas que, de um modo
independente e com carácter de habitualidade, exerçam atividades de produção, comércio
ou prestação de serviços, (…) e, bem assim, as que, do mesmo modo independente,
159
Os seus princípios encontram-se vinculados na Diretiva 2006/112/CE do Conselho, de 28 de novembro.
160
Alínea a) do n.º 1 do artigo 1.º do Código do IVA (CIVA)
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
pratiquem uma só operação tributável, desde que essa operação seja conexa com o
exercício das referidas atividades, onde quer que este ocorra, ou quando,
independentemente dessa conexão, tal operação preencha os pressupostos de incidência
real do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS) ou do imposto sobre o
rendimento das pessoas coletivas (IRC)”161.
No âmbito do IVA, um ato isolado resulta da realização de uma única operação e não a
prática, ainda que irregular ou esporádica de várias operações sujeitas a tributação,
surgindo, desta forma, como algo contingente ou imprevisível. No caso de verificar-se a
prática reiterada de operações torna-se obrigatório o registo da atividade em sede de IVA.
Regra geral o “ato isolado” está sempre sujeito a IVA a não ser que a operação subjacente
seja isenta ao abrigo do artigo 9.º do Código do IVA. Estando a operação sujeita a IVA o
respetivo pagamento do imposto deverá ser efetuado pelo sujeito passivo, em qualquer
Serviço de Finanças até ao último dia do mês seguinte ao da conclusão da operação162,
através do impresso de pagamento modelo P2 ou através do Portal das Finanças,
procedendo da seguinte forma:
Início ►Cidadãos ► Pagar ► Documentos ►Documentos de Pagamento ► IVA ► Guia de
Pagamento P2, devendo indicar o número de identificação fiscal e ter em seu poder a senha
de acesso ao Portal das Finanças.
Exemplo 1:
Qual o valor do IVA a pagar derivado de uma venda ocasional, efetuada por um particular,
de madeira (árvores em pé) no montante de €6.000?
Resposta: A transmissão de madeira é uma operação sujeita a IVA e dele não isenta que,
no caso de ato isolado não beneficia do regime de isenção de IVA previsto no artigo 53.º do
Código do IVA. Desta forma a venda ocasional de madeira dever ser tributada à taxa
reduzida de 6% (verba 5.4 da Lista I anexa ao Código do IVA). O valor a pagar de IVA será
€360.
161
Alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA.
162
Conforme n.º 2 do artigo 27.º do Código do IVA
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A Lei n.º 82-E/2014165, de 31 de dezembro, alterou o n.º 1 do artigo 115.º do Código do IRS,
passando a existir a possibilidade a partir de 1 de Janeiro de 2015, de emissão de fatura-
recibo para venda de bens, no Portal das Finanças, à semelhança da fatura-recibo dos
prestadores de serviços.
Num ato isolado referente a vendas de bens pode ser utilizado o mecanismo da
autofacturação, em que o requerente, na qualidade de sujeito passivo adquirente, emite a
respetiva fatura por conta do transmitente, desde que observadas as condições previstas no
n.º 11 do artigo 36.º do Código do IVA166. Assim, o requerente deve entregar ao transmitente
dos bens, o duplicado da fatura para que o transmitente efetue o pagamento do imposto
liquidado.
163
Para efeitos do disposto no artigo 115.º do Código do IRS
164
Artigo 36.º do Código do IVA
165
Reforma do IRS
166
Código do IVA, artigo 36.º n.º 11 - A elaboração de faturas por parte do adquirente dos bens ou dos serviços fica sujeita às
seguintes condições:
a) A existência de um acordo prévio, na forma escrita, entre o sujeito passivo transmitente dos bens ou prestador dos serviços
e o adquirente ou destinatário dos mesmos;;
b) O adquirente provar que o transmitente dos bens ou prestador dos serviços tomou conhecimento da emissão da fatura e
aceitou o seu conteúdo.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O Decreto-Lei n.º 165/2019, publicado no Diário da República, 1.ª Série, n.º 209, em 30 de
outubro, altera o Código do IVA, estabelecendo um mecanismo de autoliquidação do IVA
relativamente a certas transmissões de bens de produção silvícola.
A inversão do sujeito passivo prevista na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA
aplica-se aos sujeitos passivos que disponham de sede, estabelecimento estável ou
domicílio em território nacional e pratiquem operações com direito a dedução total ou parcial
do imposto, quando efetuem aquisições de cortiça, madeira, pinhas e pinhões com casca
localizadas no território nacional.
Tal significa que o adquirente, sujeito passivo do imposto, deve proceder à liquidação do IVA
que se mostre devido naquelas operações.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
A informação vinculativa n.º 17105, de 27/02/2020, DSIVA, define que “Nas transmissões de
determinados bens de produção silvícola (cortiça, madeira, pinhas e pinhões com casca)
que não tenham sido objeto de qualquer transformação (ou seja, resultantes da mera
extração, colheita ou corte), o IVA é devido e entregue ao Estado pelos sujeitos passivos
adquirentes que disponham de sede, estabelecimento estável ou domicílio em território
português e que pratiquem operações que confiram o direito à dedução total ou parcial do
imposto, em conformidade com o disposto na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA.
Assim, a transmissão de biomassa florestal (restos do aproveitamento da madeira - cepos
de arvores, ramos, e de diferentes resíduos florestais) resultante de limpezas florestais e
arranques de árvores, que não foi objeto de qualquer transformação para além do corte,
encontra-se abrangida no âmbito do citado mecanismo de autoliquidação, desde que o
sujeito passivo adquirente disponha de sede, estabelecimento estável ou domicílio em
território português e que pratique operações que confiram o direito à dedução total ou
parcial do imposto.
Contudo, na transmissão de biomassa triturada ou processada, não é de aplicar a citada
regra de inversão, dado que já não se está perante um produto resultante do mero abate,
poda ou limpeza e que não tenha sido objeto de qualquer transformação além do corte (no
caso, os sobrantes são objeto de uma transformação para além do corte, a trituração),
devendo, por conseguinte, o transmitente (a Requerente), proceder à liquidação do imposto
nos termos gerais do CIVA”.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Quando o transmitente é um sujeito passivo que exerce uma atividade com carácter
de habitualidade
De acordo com a regra de inversão do sujeito passivo, o vendedor dos bens emite uma
fatura sem liquidação de IVA, a qual deve conter a expressão “IVA – Autoliquidação”. Por
sua vez, o adquirente liquida o imposto devido pela aquisição, aplicando a taxa em vigor,
podendo a liquidação ser efetuada na fatura emitida pelo fornecedor ou em documento
interno emitido para esse efeito.
O imposto assim liquidado confere direito à dedução nos termos previstos na alínea c) do n.º
1 do artigo 19.º do Código do IVA, sem prejuízo do disposto no artigo 23° do mesmo Código,
quando se trate de sujeito passivo com limitações no direito à dedução.
Quando o transmitente se torna sujeito passivo pela realização de uma das operações
referidas na alínea m) do n.º 1 do artigo 2.º do Código do IVA
Nestes casos, compete ao adquirente elaborar a fatura que titula a operação, devendo
liquidar na mesma o correspondente imposto, o qual confere direito à dedução de acordo
com o referido no parágrafo anterior.
Não sendo aplicáveis os condicionalismos previstos no n.º 11 do artigo 36.º do Código do
IVA, não é exigido qualquer acordo prévio ou prova de que o transmitente dos bens tomou
conhecimento da emissão da fatura e aceitou o seu conteúdo.
Tendo em atenção o disposto no n.º 1 do artigo 5.º e no n.º 4 do artigo 7.º do Decreto-Lei n.º
28/2019, de 15 de fevereiro, estas faturas são emitidas em nome e por conta do
transmitente, em série convenientemente referenciada, devendo ser datadas e numeradas
de forma progressiva e contínua por um período não inferior a um ano fiscal.
OBRIGAÇÕES DECLARATIVAS
Quanto ao transmitente
– Quando o transmitente é um sujeito passivo do regime normal que exerce uma atividade
com carácter de habitualidade, deve inscrever estas operações no campo 8 do quadro 06 da
declaração periódica do IVA.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
– Quando o transmitente se torna sujeito passivo pela realização de uma destas operações
e o respetivo valor for igual ou inferior a € 25.000, não existe qualquer obrigação declarativa
em sede de IVA.
Quando aquele valor for superior a € 25.000, o transmitente deve proceder à entrega de
uma declaração de início de atividade (nos termos dos artigos 31.º e 35.º do Código do IVA)
antes de realizar a operação, assinalando para o efeito o campo 7 do respetivo Quadro 08.
Nestes casos não existe obrigação de entrega da declaração periódica do IVA.
Quanto ao adquirente
ENTRADA EM VIGOR
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ainda que o pagamento dos referidos serviços seja efetuado através da “maquia”
(quantidade de azeite que o lagareiro recebe em paga dos seus serviços), continuamos
perante uma prestação de serviços, sujeita a IVA à taxa de 6%, por enquadramento nas
disposições atrás referidas.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Quanto à entrega da “maquia” por parte do agricultor, é uma transmissão de bens sujeita a
imposto à taxa de 6%, devendo o agricultor emitir fatura que cumpra os requisitos do art.
36.º do CIVA167.
Os olivicultores regra geral procedem à transformação das azeitonas em azeite, para venda
ou consumo. Em regra recorrem ao serviço de terceiros (lagares) para proceder a essa
transformação.
Por outro lado as empresas produtoras de azeite (lagares) transformam a azeitona de
terceiros, podendo para o efeito cobrar uma percentagem sobre a produção a pagar em
espécie pelos olivicultores com uma porção de azeite ou serem pagos por meios
monetários.Com já referimos essa porção de azeite é designada por “maquia”.
Vamos então analisar as várias hipóteses existentes e que procedimentos devem ser
efetuados a nível do tratamento do IVA e dos vários formalismos e obrigações a cumprir.
• 1.º Cenário
O Agricultor colhe a azeitona e entrega ao lagar para transformar em azeite e paga o serviço
do lagar com dinheiro e recolhe o seu azeite
Neste cenário estamos perante uma prestação de serviços de transformação das azeitonas
do olivicultor em azeite, efetuada pelo lagar de azeite. Esta operação será enquadrada como
uma prestação de serviços em termos de IVA, ficando enquadrada nos termos da alínea c)
do n.º 2 do artigo 4.º do Código do IVA (CIVA).
167
Esta obrigação poderá ser substituída pela denominada auto-facturação. A auto-facturação consiste na adopção de um
sistema de facturação segundo o qual o cliente se substitui aos seus fornecedores na emissão das respectivas facturas, pelo
que o lagar pode substituir o agricultor na emissão da factura.
As condições para esta premissa encontram-se definidas no n.º 11 do artigo 36.º. Isto é, a elaboração de facturas por parte do
adquirente fica sujeita à existência de um acordo prévio, por escrito, e o adquirente terá que provar que o transmitente dos
bens ou prestador dos serviços tomou conhecimento da emissão da factura e aceitou o seu conteúdo. Actualmente, o CIVA
prevê no n.º 5 do artigo 19.º a aceitação da autofacturação sem necessidade de autorização prévia dos Serviços do IVA.
342
Setor Agrícola - Aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O prestador de serviços (lagar de azeite) tem ainda a obrigação nos termos do artigo 29.º do
CIVA de emitir a respetiva fatura ao agricultor olivicultor pelos serviços prestados.
Circuito documental:
Fatura:
ü O lagar emite fatura ao agricultor dos serviços de transformação à taxa de 6%.
Documentos de transporte:
ü Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
ü Transporte do azeite após transformação – Tem que ser acompanhado com
documento de transporte
• 2.º Cenário
O Agricultor colhe a azeitona, entrega ao lagar para transformar em azeite e paga com uma
porção de azeite correspondente ao valor da prestação de serviço (pagamento em espécie)
e recolhe o restante azeite para vender ou consumir.
1.ª Hipótese
Agricultor que transforma a azeitona num lagar apenas para consumo do azeite.
Nesta hipótese é onde se tem levantado mais problemas decorrentes da revogação da
isenção anteriormente prevista no n.º 33 do art. 9.º do CIVA.
343
Setor Agrícola - Aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Na prática, esta operação traduz-se em duas operações distintas uma efetuada pelo lagar e
outro pelo agricultor olivicultor.
Vejamos então o terá que se assegurar em cada um dos intervenientes.
O enquadramento descrito não se altera, ainda que o referido serviço do lagar seja efetuado
através de um pagamento em espécie: a “maquia” (quantidade de azeite que o lagareiro
recebe em paga dos seus serviços).
Este IVA liquidado pelo lagar de azeite e repercutido ao olivicultor na fatura da prestação de
serviços será “pago”, conjuntamente com o valor bruto da prestação de serviço, pela entrega
da referida maquia, sendo este um pagamento em espécie.
A entrega da “maquia” por parte do olivicultor será a segunda operação.
344
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Na verdade, esta entrega da “maquia”, como pagamento pela prestação de serviços, será
considerada uma transmissão de bens efetuado pelo agricultor independentemente de ser
para seu consumo, nos termos do artigo 3º do CIVA.
Nesta operação, o olivicultor terá que efetuar a respetiva liquidação de IVA (à taxa de 6%
pelo mesmo enquadramento atrás descrito) na fatura de venda do azeite ao lagar referente
à maquia entregue.
De referir, ainda, que o valor que servirá de base para a liquidação do imposto será o valor
normal dos bens dados em troca, conforme o disposto no nº 3 do artigo 16º do CIVA.
O valor normal dos bens ou serviços deverá entender-se como o preço que um adquirente
ou destinatário teria de pagar, no estádio de comercialização onde é efetuada a operação e
em condições normais de concorrência a um fornecedor ou prestador independente, no
tempo e lugar em que é efetuada a operação ou no tempo e lugar mais próximos, para obter
os bens ou serviços, conforme o disposto no nº 4 do artigo 16º do CIVA.
Por último, de referir, também que nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 29º do CIVA,
ambos os intervenientes nas duas operações (prestação de serviços e a entrega da
maquia), sendo sujeitos passivos referidos na alínea a) do nº 1 do artigo 2º do mesmo
Código, estarão obrigados a emitir fatura por cada transmissão de bens (pela entrega da
maquia) ou prestação de serviços (pela transformação das azeitonas em azeite).
Só não existirá liquidação de IVA nesta operação se o lagar for uma cooperativa se a
mesma se enquadrar no nº 6 do artº 3º do CIVA onde se refere que não são consideradas
transmissões de bens as cedências devidamente documentadas feitas por cooperativas aos
seus sócios, de bens, não embalados para fins comerciais, resultantes da primeira
transformação de matérias-primas por eles entregues, na medida em que não excedam as
necessidades do seu consumo familiar, tendo sempre presente as regres e limites
especificados na portaria 1158/2000 (20 litros X (n+2), sendo que n corresponde ao numero
de pessoas de maioridade, ligadas por laços de parentescos, afinidade ou uma união de
facto, vivendo sobre o mesmo teto, em comunhão de mesa e habitação, e 2 constitui um
acréscimo para considerar o pessoal doméstico e hóspedes)
Circuito documental:
Fatura:
ü O lagar emite fatura ao agricultor dos serviços de transformação à taxa de 6%.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
ü O agricultor emite fatura ao lagar do azeite que lhe vende para pagamento dos
serviços de transformação
Neste caso não há pagamento em dinheiro existe apenas encontro de contas entre as
partes.
Documentos de transporte:
ü Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
ü Transporte do azeite após transformação – Tem que ser acompanhado com
documento de transporte
2.ª Hipótese
Agricultor que transforma a azeitona em azeite paga o serviço com azeite (pagamento em
espécie) e vende o restante azeite ao lagar
É em tudo idêntico à 1.ª hipótese, mas existe no fim a venda total do azeite ao lagar.
Na prática, esta operação traduz-se em duas operações distintas uma efetuada pelo lagar e
outro pelo agricultor olivicultor.
Vejamos então o terá que se assegurar em cada um dos intervenientes.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
18º do CIVA, a taxa a aplicar será de 6%, uma vez o azeite tem enquadramento na verba
1.5.1 da Lista I anexa ao CIVA.
O enquadramento descrito não se altera, ainda que o referido serviço do lagar seja efetuado
através de um pagamento em espécie: a “maquia” (quantidade de azeite que o lagareiro
recebe em paga dos seus serviços).
A entrega da “maquia” por parte do olivicultor será a segunda operação que neste caso é
efetuada em conjunto com a venda do restante azeite ao lagar.
Nesta operação, o olivicultor terá que efetuar a respetiva liquidação de IVA (à taxa de 6%
pelo mesmo enquadramento atrás descrito) na fatura de venda do azeite ao lagar referente
à maquia e ao azeite entregue.
Por último, de referir, também que nos termos da alínea b) do nº 1 do artigo 29º do CIVA,
ambos os intervenientes nas duas operações (prestação de serviços e a entrega da
maquia), sendo sujeitos passivos referidos na alínea a) do nº 1 do artigo 2º do mesmo
Código, estarão obrigados a emitir fatura ou documento equivalente por cada transmissão
de bens (pela entrega da maquia) ou prestação de serviços (pela transformação das
azeitonas em azeite).
Circuito documental:
Fatura:
ü O lagar emite fatura ao agricultor dos serviços de transformação à taxa de 6%.
ü O agricultor emite fatura ao lagar do azeite que lhe vende (maquia + restante azeite)
Documentos de transporte:
ü Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
3.º Cenário
O Agricultor colhe a azeitona e transforma em azeite no seu próprio lagar e depois vende o
azeite.
A operação de transformação é uma operação interna de incorporação de matérias-primas
(azeitona) no processo de transformação.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Circuito documental:
Fatura:
ü O lagar emite fatura da venda do azeite aos seus clientes
Documentos de transporte:
ü Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
ü Transporte do azeite após a venda – Tem que ser acompanhado com documento de
transporte
- Apanhadores de azeitona
Os olivicultores regra geral contratam, na altura da campanha, apanhadores para a apanha
da azeitona.
Esses serviços podem ser pagos como trabalho independente ou como trabalho
dependente.
Dentro do trabalho independente ou dependente o trabalho pode ser pago em espécie (litros
de azeite) ou em dinheiro.
O caso mais sensível é o do pagamento em espécie (litros de azeite) por essa apanha,
vejamos então neste caso que procedimentos devem ser efetuados a nível fiscal e
documental.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Circuito documental:
Fatura:
ü Os apanhadores emitem fatura ao agricultor dos serviços da apanha à taxa de 6% ou
isento de IVA ao abrigo do art. 53.º se for esse o enquadramento do sujeito passivo.
ü O agricultor passa fatura ao apanhador da venda do azeite.
Documentos de transporte:
ü Transporte da azeitona pelo produtor, ou por sua conta, para o lagar – dispensado de
emissão de documento de transporte (art. 3.º do decreto-Lei 147/2003 – RBC
Regime dos bens em circulação)
ü Transporte do azeite após transformação – Tem que ser acompanhado com
documento de transporte
Auto-facturação:
Neste caso a empresa adquirente deve dispor no seu sistema informático de serie próprias
para esse efeito.
Estes mesmos documentos, que podemos designar como faturas próprias em aquisições a
terceiros devem conter todos os requisitos exigidos pelo artigo 36.º, n.º 5 e devem ser
comunicadas pelos prestadores de serviços ou adquirente.
A elaboração de faturas por parte do adquirente dos bens ou dos serviços em substituição
do fornecedor fica sujeita a:
ü Existência de um acordo prévio, por escrito, entre o sujeito passivo transmitente dos
bens ou prestador dos serviços e o adquirente ou destinatário dos mesmos;
ü E o adquirente terá que provar que o transmitente dos bens ou prestador dos
serviços tomou conhecimento da emissão da fatura e aceitou o seu conteúdo(esta
prova faz-se, por exemplo pela assinatura do fornecedor ou prestador de serviços na
fatura ou documento equivalente emitida pelo adquirente).
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Ø Subsídio ao investimento
Vejamos então o tratamento em sede de IVA dos subsídios recebidos pelas entidades que
desenvolvam atividades agrícolas atendendo aos vários enquadramentos possíveis
(exclusivamente isento, exclusivamente sujeito ou misto)
No âmbito da atividade agrícola a partir de 2013 esta situação de isenção prevalece para os
sujeitos passivos enquadrados no regime especial de isenção previsto no artigo 53.º do
Código do IVA.
168
Os subsídios directamente conexos com o preço de cada operação acompanham em termos de sujeição ou isenção a
operação em função da qual são concedidos.
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Setor Agrícola - Aspetos contabilísticos e fiscais
ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Se a entidade for exclusivamente sujeito a IVA em todas as operações que pratica, vejamos
os como deve proceder no tratamento dos subsídios em sede de IVA.
Subsídios à exploração não diretamente ligados aos preços - Se o sujeito passivo estiver no
regime geral e praticar exclusivamente atividades sujeitas, o facto de receber subsídios não
tributados em IVA (fora do campo de imposto como é o caso dos subsídios à exploração)
169
não influencia o direito à dedução conforme previsto no art. 23.º do CIVA com as
alterações introduzidas pela Lei do Orçamento do estado para 2008.
169
Anteriormente a 2008, antes da alteração introduzida pelo OE para 2008 - Lei n.º 67-A/2007, de 31 de Dezembro, os
subsídios à exploração embora não sujeitos a IVA (fora do campo do imposto) quando fossem recebidos por sujeitos passivos
de IVA “exclusivamente” sujeitos, influenciavam o direito à dedução do imposto, levando na prática a que as entidades que
recebessem esses subsídios ficassem enquadradas num regime misto no que respeitava ao direito à dedução. No entanto se
os subsídios à exploração estivessem directamente relacionados com a actividade agrícola, ficavam excluídos dessa limitação
do direito à dedução conforme o teor da informação n.º 130, de 15/10/91 do Gabinete do Subdirector-Geral do IVA averbada de
despacho concordante do Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais da mesma data, pelo que, tais subvenções comunitárias
à agricultura não eram de incluir no numerador nem no denominador da fracção a que se refere o artigo 23.º do Código do IVA.
351
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
“6. No que respeita às subvenções não tributadas, porque não conexas com o preço das
operações tributáveis, deve atender-se ao seguinte:
a) Caso a subvenção vise financiar operações decorrentes de uma atividade económica
sujeitas a IVA, o respetivo montante deve integrar o denominador do pró-rata previsto no n.º
4 do artigo 23.º do CIVA no caso dos sujeitos passivos mistos, não tendo qualquer influência
no montante do imposto dedutível no caso dos sujeitos passivos integrais.”
Vejamos então como proceder no tratamento dos subsídios em sede de IVA quando o
enquadramento da atividade agrícola, é mista.
352
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
Subsídios à exploração não diretamente ligados aos preços - Se o sujeito passivo pratica
simultaneamente operações sujeitas e isentas, o facto de receber subsídios não tributados
em IVA (fora do campo de imposto como é o caso dos subsídios à exploração) pode limitar
o direito à dedução conforme previsto no artigo 23.º do CIVA.
Casos os subsídios respeitam a outras atividades desenvolvidas pela entidade, como por
exemplo atividade hoteleira de turismo rural, já vão limitar o direito à dedução.
Esta limitação verifica-se na prática pela influência negativa no direito à dedução, já que os
valores dos subsídios devem ser considerados no denominador da fração para cálculo do
valor do pró-rata.
1. A alínea c) do n.º 5 do art.º 16.º do Código do IVA (CIVA), aditada pelo Decreto-Lei n.º
195/88 de 12 de Junho, determina a inclusão no valor tributável das transmissões de bens
e das prestações de serviços, das subvenções diretamente conexas com o preço de cada
operação, considerando como tais as que são estabelecidas em função do número de
unidades transmitidas ou do volume dos serviços prestados e sejam fixadas anteriormente
à realização das operações.
2. Vem esta regra inspirar-se na 6.ª Diretiva do Conselho das Comunidades de 17 de Maio
de 1977 (77/388/CEE), mais precisamente no art.º 11.º-A, n.º1, alínea a), a qual inclui no
valor tributável, asa subvenções diretamente relacionadas com o preço de tais operações.
3. Importa pois saber qual o âmbito e limite deste preceito e verificar se as subvenções a
que se refere o oficio n.º 742/92/DA-P de 24.11.92 da CAP, se enquadram ou não no
espirito do mesmo.
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
No entanto, no caso da primeira atribuição dos direitos que é feita pelo Estado a título
gratuito aos agricultores, tal operação não é considerada uma operação sujeita a IVA170,
constituindo uma operação fora do campo do imposto.
170
Nos termos do artigo 2.º da Diretiva de IVA
171
Nos termos do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 2.º do CIVA
172
Alínea a) do artigo 25.º da Diretiva de IVA
173
N.º 30 do artigo 9.º do Código do IVA
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ORDEM DOS CONTABILISTAS CERTIFICADOS
O arrendamento de terrenos agrícolas está isento de IVA, nos termos da alínea 29) do artigo
9.º do Código do IVA, se:
- No terreno não se achar implantada qualquer obra (poços, furos, diques de rega, etc)
construída com carácter de benfeitoria ou adquirida por acessão industrial imobiliária nos
termos dos artigos 1339.º e seguintes do Código Civil”.
174
Por despacho de 18/08/2014, do SDG do IVA
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