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Ilhéus – Bahia
2021
ANA CLARA PEREIRA DE MARCO FERNANDES
ANTONIO FERNANDES
CLÁUDIA BORGES
MÁRCIA DE JESUS
MAYANA OLIVEIRA
VIVIANA VASCONCEL
Ilhéus – Bahia
2021
Identificação do campo de Estágio
O campo de estágio é o Hospital Dia Vida Nova, este hospital está localizado
no município de Ilhéus, onde são oferecidos atendimentos a pacientes com
Transtornos por uso de Substâncias (TUS). A equipe é formada por Psiquiatras,
Psicólogos, Nutricionista, equipe de Enfermagem, Farmácia, Serviço Social,
Conselheiro Terapeuta, Profissional de Educação Física, Terapeuta Ocupacional. O
atendimento ao público é realizado por meio de internação voluntária e involuntária.
Os pacientes ficam internados até nove meses, de acordo com a adesão ao
tratamento.
Os pacientes ficam todo o tempo recluso no hospital, saindo apenas quando
necessário, em casos específicos como: realização de exames, comparecimento a
fórum, entre outras demandas, devidamente acompanhados de um funcionário da
instituição. Os internos tem direito a visita familiar, geralmente realizada aos
domingos, dia conhecido com “dia da família”. Os mesmos passam por consultas
com psiquiatras e quando necessário são submetidos a tratamento medicamentoso,
e sempre são acompanhados pelas psicólogas. Participam de oficinas, palestras,
atividades de lazer.
b) Identificação do Estágio
1 INTRODUÇÃO.......................................................................................................5
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................15
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................22
REFERÊNCIAS..........................................................................................................24
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1 INTRODUÇÃO
inquietações e/ou aflições, além do apoio a família que é essencial para o sucesso
do tratamento.
No dia 06/09/ 2021 foi iniciado o estágio Supervisionado Básico II tendo como
supervisor o professor mestre Paulo Teixeira. Este encontro acontece de forma
remota pela plataforma digital Microsoft Teams, todas segundas às nove horas da
manhã. Nesta data o professor fez uma breve apresentação do campo de estágio
que é o Hospital Dia Vida Nova e sobre o Transtorno por uso de substância (TUS).
Ainda nesta manhã recebemos o psicólogo Edgar Felipe que é especialista
em saúde mental e dependência química, pela UFBA e tem 14 anos de atuação na
psicologia. Edgar contou sua vasta experiência como psicólogo, demonstrando sua
paixão pela área de saúde mental. Ele relata que seu primeiro contato com saúde
mental foi em 2004 ainda como estagiário, no extinto Hospital São Judas, que ficava
localizado na cidade de Itabuna, nesse estágio ele cita que 60% a 70% dos
pacientes eram usuários de substâncias psicoativas e não pessoas com doença
mental.
Em 2009, assumiu o CAPS da cidade de Uruçuca, onde percebeu que ainda
se usava o modelo manicomial. Em seis meses de trabalho tornou-se coordenador.
Seu diferencial era o trabalho realizado em conjunto com a família em grupos
terapêuticos e multidisciplinar. Entre 2010/2011 trabalhou em uma comunidade
terapêutica, onde realizou um trabalho diferenciado com atividades motivacionais,
onde os terapeutas eram ex- residentes.
Essa comunidade era localizada em uma fazenda próxima a Uruçuca, com o
aumento da demanda, mudou-se para o atual endereço localizado em Ilhéus, onde
se transformou no Hospital Dia Vida Nova. Em 2014 o hospital fez parceria com a
Unimed, ampliando a possibilidade de internações. Edgar assume a coordenação da
parte administrativa 2019 e também a coordenação da ala feminina do hospital DIA,
que devido à demanda tornou-se referência em todo o país, porém devido à
pandemia de COVID-19 essa ala teve sua atividade encerrada em novembro de
2020. Hoje Edgar Felipe é coordenador do CAPS Ad3 em Vitória da Conquista, onde
continua levando seu trabalho de excelência àqueles que necessitam.
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Na segunda feira seguinte, dia 13/09 do ano corrente a supervisão teve início
com a correção do esboço do projeto que seria enviado para a instituição do estágio.
Neste projeto consta a introdução, objetivo geral e específico do estágio, um breve
referencial teórico, cronograma de apresentação com os temas que seriam
abordados por cada grupo e a conclusão.
Ocorreu também a apresentação dos grupos que haviam sido estabelecidos
anteriormente. O grupo I composto por Ana Clara Fernandes, Danielle Souza,
Guilherme Rocha, Marília Ramos e Marilene Souza; grupo II composto por Diovana
Gracielly de Deus Souza, Gabrielle Pereira da Silva, Kelly Miranda Mançano,
Mariana Santos dos Reis, Thaís Feitosa Salles da Silva, Vanessa Gomes de Aquino.
Os textos de apresentação foram grupo I Reforma psiquiátrica no Brasil: uma (re)
visão escrito por Alice Hirdes em 2008, este artigo faz uma contextualização sobre a
reforma psiquiátrica brasileira, através da revisão dos marcos políticos, teóricos e
práticos, a partir da análise dissertações, teses, artigos, livros sobre a temática e
documentos oficiais. Os resultados apontaram que houve avanços na reforma
psiquiátrica, porém ainda existem inúmeros desafios, principalmente, no que tange a
capacitação dos gestores.
O outro artigo, para o grupo II tem como título Vínculos e Redes Sociais de
Indivíduos Dependentes de Substâncias Psicoativas Sob Tratamento em CAPS AD
escrito por Jacqueline de Souza, Luciane Prado Kantorski, Fernanda Barreto Mielke
publicado em 2006, onde as autoras fazem um estudo qualitativo com indivíduos
com TUS para saber quais as redes sociais e quais são os vínculos dessas pessoas.
Com os resultados as autoras perceberam um grande desfalque na rede de suporte
desses indivíduos, dificultando a reabilitação psicossocial dos mesmos.
Após as discussões dos textos, fomos apresentados à psicóloga Renata, que
ficou responsável por nos apresentar o hospital e a logística do local. Em sua
apresentação Renata contou que é uma ex- aluna da Faculdade de Ilhéus e relatou
como depois de realizar um estágio no hospital Dia se apaixonou pela área e por
competência se tornou uma das psicólogas da instituição.
Depois dessa apresentação, foi aberto um momento para perguntas, onde
nós estagiários tivemos a oportunidade de tirarmos dúvidas sobre o trabalho do
psicólogo com pacientes com TUS, o fluxo de atendimento, faixa etária dos
pacientes, duração do tratamento, visita familiar, regime de trabalho, equipe
multidisciplinar, como prossegue o tratamento após a alta. Após ter sanado às
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físicas e tirar um tempo para você. Isto é, são todas as ações que te causam
satisfação e que, ao mesmo tempo, cuidam de você: do corpo à mente.
Logo após foram apresentadas dicas de como eles poderiam elevar a
autoestima e de como promover o autocuidado como as duas temáticas estão
interligadas, quando a pessoa pratica o autocuidado consequentemente eleva a
autoestima. Então algumas formas de praticar o autocuidado é primeiramente
obsevar suas necessidades, como manter-se bem cuidado, praticar atividade física,
respeitar os sentimentos, praticar a espiritualidade, exercitar o amor próprio, etc.
Elaboramos uma caixa com frases motivacionais, para que eles tivessem
acesso sempre que se percebessem com baixa autoestima. Os internos tiveram a
oportunidade também colocar suas frases na caixa e cada um pôde ler a sua, caso
quisessem. Ao final foi declamada uma poesia para a reflexão do tema. Mais uma
vez, após a despedida dos pacientes o professor solicitou que fizéssemos uma
análise das apresentações e nos deu um feedback de como havia sido.
No dia 11/10 deste ano não houve encontro remoto, mas foi realizado um
fichamento do capítulo 8 do livro Psicologia da Saúde, escrito por Richard O. Straub
que tem como nome do capitulo “Abuso de Substâncias” que trata sobre o uso de
substâncias que alteram o humor, pensamento e comportamento, porém o uso
abusivo das mesmas trazem efeitos negativos para o organismo. Além disso,
relatam as causas e efeitos desse uso, e também maneiras de como prevenir o
vicio. Um ponto muito importante deste capítulo é que o autor demonstra os
mecanismos de ação das drogas e porque as pessoas se tornam dependentes.
Ainda no capítulo o autor trata dos modelos de dependência, o uso abusivo
de álcool e o perfil dos alcoolistas. A pesquisa realizada demonstrou que o consumo
de álcool se inicia ainda na adolescência, outros parâmetros também foram
analisados como, por exemplo, a etnia, cultura e gênero. Por fim, o autor traz tipos
de tratamento e maneiras de prevenção. No dia 13/10 o grupo II realizou a prática
presencialmente abordando o tema Estresse, ansiedade e outras patologias.
Embora dia 18/10/2021 tenha sido uma segunda feira não houve encontro
digital, a prática ocorreu de forma presencial na quarta feira dia 20/10 por ser mais
viável para o estabelecimento. O tema proposto para esse encontro foi Perspectiva
de futuro. Na chegada ao campo podemos conhecer Renata, que nos recebeu de
forma acolhedora, relatou um pouco do funcionamento do hospital, tirou dúvidas e
mostrou as dependências do local. Conhecemos a enfermeira, a recepcionista que
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vivem ou viveram na mesma casa. Em seguida eles escreveram o que para eles era
a família e cada um teve a oportunidade de falar um pouco do que havia escrito ou
desenhado.
Daí foi abordado à importância da família para o tratamento do TUS, onde se
percebe que a família é um suporte e apoio muito importante em seu
restabelecimento e recuperação, pois é nela que eles conseguem encontrar
conforto, confiança e motivação para seguir em frente no seu tratamento. A família
nesse processo é o caminho para o equilíbrio e sustentação do adicto em seu
processo de recuperação.
Percebemos que todos se amparam muito em suas famílias e tem apreensão
de decepcioná-las, porém pretendem progredir no tratamento para que ao fim
retornem ao seio familiar. Ao fim, houve mais uma vez os comentários do professor
e as impressões das discentes que realizaram a apresentação.
Já que dia 15/11/2021 é feriado, a prática foi realizada no dia 17/11/2021 de
forma presencial com a temática Rede de Apoio. Mais uma vez, ao chegarmos nos
reunimos com Renata, que neste dia estava recebendo uma nova psicóloga diarista
Katiane, que irá trabalhar diariamente fazendo acolhimento com os pacientes que
necessitarem. Então, podemos mais uma vez presenciar a dinâmica da instituição
dessa vez com a contratação de uma nova funcionária. Após esse encontro, os
pacientes foram convidados ao salão, neste dia compareceram aproximadamente
15.
Iniciamos a apresentação falando um pouco sobre o que é rede de apoio que
são um conjunto de organizações ou entidades que trabalham de maneira
sincronizada para colaborar com alguma causa. Rede de apoio é constituída por
laços e vínculos de segurança e confiança, seja com pessoas ou com instituições.
Montamos então um grande cartaz, onde colamos alguns exemplos de redes de
apoio como CAPS ad, Centro de Recuperação, Hospital Dia, UPA, Ambulatório, A.A
(Alcoólicos Anônimos), N.A (Narcóticos Anônimos), Amor Exigente, família, amigos,
líderes religiosos, entre outros.
Ao fim da explanação, solicitamos que eles escrevessem ou desenhassem
sua própria rede de apoio, todos realizaram a tarefa e quem desejou pôde falar um
pouco sobre sua rede e o porquê daquela escolha. Após, foi declamado um poema
baseado no tema. Foi distribuído no fim, um caderninho com todos os poemas que
já haviam sido declamados e um espaço para que eles escrevessem suas ideias,
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regimental de estágio, que foi realizada no dia 06/12/2021. Assim, foi encerrada a
reunião.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Desde que foi inaugurado o Hospício Pedro II, em 1852, no Rio de Janeiro,
até a década de 1960, a assistência psiquiátrica no Brasil se constituía por sua
oferta exclusiva e compulsória de internação em hospitais psiquiátricos públicos. Em
1964 com o golpe militar, a psiquiatria alcançou um modelo assistencial de massa,
com o início da mercantilização da loucura, criado em 1967, através da celebração
dos convênios com o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). A psiquiatria
tornou-se um negócio lucrativo e, para defendê-lo, criou-se um grupo poderoso que
até hoje atua, impedindo qualquer tentativa de mudança (YASUI, 2010).
No ano de 1978, foi dado o primeiro passo para movimento social pelos
direitos dos pacientes psiquiátricos no Brasil. Neste mesmo ano surgiu o Movimento
dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), composto por trabalhadores
integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas,
membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de
internações psiquiátricas. Este movimento contribuiu para o estabelecimento da
Reforma Psiquiátrica no Brasil por meio da inserção da estratégia de
desinstitucionalização no âmbito das políticas públicas nacionais, proposta de
influência da democracia italiana de Franco Basaglia (MARINHO, 2011).
Em 1979, o precursor do movimento de Psiquiatria Democrática na Itália, o
psiquiatra italiano Franco Basaglia desembarcou no Brasil. Ele era um grande crítico
do poder dominador que a psiquiatria pode exercer sobre a população, Basaglia
visitava o país pela terceira vez para um ciclo de conferências. A passagem do
psiquiatra pelo Brasil teve forte repercussão e foi noticiada em grandes meios de
comunicação, estimulando obras marcantes como: Nos porões da loucura de Hiram
Firmino, e o premiado curta Em nome da Razão de Helvécio Ratton. Mesmo sem
apoio financeiro ainda em 1979, o MTSM organizou o I Congresso de Saúde Mental
em São Paulo. Aproximou-se da Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde
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A saúde mental deve ser compreendida como uma questão complexa, que
precisa de trabalho em rede para que se atenda às recomendações da Declaração
de Caracas de 1990. A Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB) é o grande marco da
reorientação teórico-prática da loucura no Brasil. A RPB nasceu no interior do
processo de conscientização sanitária que vem, desde os primeiros anos do
movimento de Luta Antimanicomial até os dias atuais (LIMA, 2019).
Para fortalecer um modelo de atenção aberto, que garantisse a livre circulação
dos pacientes em saúde mental entre serviços e a comunidade, o Ministério da
Saúde criou a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) através da Portaria nº 3.088,
de 23 de dezembro de 2011. A RAPS determina os pontos de atenção para o
atendimento de pessoas com problemas mentais e com necessidades decorrentes
do uso de crack, álcool e outras drogas, e integra o Sistema Único de Saúde (SUS),
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4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar das dificuldades impostas pelo ambiente virtual, o estágio nos agrega
conhecimento e uma visão ampliada da importância do psicólogo dentro de Unidade
de Saúde Mental. O psicólogo dentro dos estabelecimentos de saúde tem papel
fundamental na realização da educação, promoção e prevenção em saúde,
principalmente, quando se trata de saúde mental, onde muitos se sentem
estigmatizados e culturalmente são excluídos da sociedade.
Em nosso município, encontramos psicólogos em unidades especializadas
em saúde mental, por exemplo, os CAPS, hospitais, porém ainda não encontramos
psicólogos em Unidades Básicas de Saúde. Durante o estágio, as leituras dos textos
e as práticas, compreendemos que é de fundamental importância a atuação direta
do psicólogo, juntamente com a equipe multiprofissional, no dia-a-dia dos
estabelecimentos de Saúde para a promoção e prevenção em saúde.
Estagiar em uma instituição de saúde mental e interagir com adictos, nos traz
um grande aproveitamento e aprendizado, já que processo de recuperação e
reinserção na sociedade é bastante complexo. As dificuldades encontradas muitas
vezes foi o ambiente virtual, como por exemplo, as dificuldades de internet e
interação com os pacientes, problemas que estão fora do nosso alcance, mas nos
adequamos a é essa realidade e demos continuidade de maneira satisfatória.
Como o estágio foi realizado de forma híbrida, os encontros feitos pela
plataforma Teams e Google Meet, foram bastante proveitosos e agregaram
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REFERÊNCIAS
MARINHO, Angélica Mota; MARTINS, Álissan Karine Lima; LIMA, Helder de Pádua;
SOUZA, Ângela Maria Alves e; BRAGA, Violante Augusta Batista. Reflexões
acercada Reforma Psiquiátrica e a (RE)Construção dez políticas públicas. Rev. Min.
Enferm.;15(1): 141-147, jan./mar., 2011
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SCHEFFER, Morgana; PASA, Graciela Gema; ALMEIDA, Rosa Maria Martins de.
Dependência de álcool, cocaína e crack e transtornos psiquiátricos. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, Brasilia, v. 26, n. 3, set. 2010.
SILVA, Daniela Alves Santana; OLIVEIRA, Natanna Roma de; GRAÇA, Marta
Souza. A relação entre transtornos mentais e o uso de substâncias psicoativas.
Revista Ciência (In) Cena. Vol. 1 No. 6 Salvador. Bahia. 2018. Disponível em:
http://periodicos.estacio.br/index.php/cienciaincenabahia/article/viewFile/5264/
pdf5264 Acesso em: 11 out. 2021.