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Economia Da Educação IV
Economia Da Educação IV
Material Teórico
Gestão da Educação: a administração financeira da escola
Revisão Técnica:
Prof.ª Dr.ª Jane Garcia de Carvalho
Revisão Textual:
Prof.a Me. Cláudio Brites
Gestão da Educação: a administração
financeira da escola
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Unidade: Gestão da Educação: a administração financeira da escola
Contextualização
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Para darmos início à unidade IV, convido você a refletir sobre o tema assistindo a uma produção
do Fantastico, sob o título: O abandono em escolas públicas de estados com menores médias no
Pisa. Esse trabalho permite conhecimento, reflexão e análise sobre o que pode o gestor encontrar ao
desenvolver seu trabalho. Click no link:
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Gestão da Educação: a administração financeira da escola
No que diz respeito ao financiamento da educação em nosso país, temos instrumentos legais
que regem essa dimensão da gestão, no que se refere à distribuição de recursos previstos pela
Constituição Federal e LDB:
O objetivo foi o de garantir uma base legal no estatuto da educação brasileira para obrigar as
unidades da federação a destinarem recursos financeiros diretamente às suas escolas.
A LDB nº 9. 394/96, em seu Art. 15, estabelece que “os sistemas de ensino assegurarão
às unidades escolares públicas de educação básica que os integram progressivos graus de
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira, observadas as normas gerais de
direito financeiro público”. Ao afirmar que à escola devem ser atribuídos progressivos graus de
autonomia, reconheceu que não se trata de autonomia absoluta, mas que, mesmo parcial, deve
progredir até um ponto que lhe garanta seu pleno funcionamento, nas suas múltiplas dimensões.
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Ideias Chave
A destinação de recursos às escolas deve sujeitar-se a um dos dois regimes de realização da despesa
previstos na legislação: o regime normal e o regime de adiantamento.
O regime normal, que consiste na realização da despesa de acordo com os estágios de empenho
prévio, liquidação e pagamento, é possível se for adotada a destinação pela administração municipal
e descentralizada da execução.
O regime de adiantamento é o mecanismo mais adequado para permitir as escolas municipais
exercerem a autonomia financeira de que trata a LDB. Para se por em pratica esse regime é necessária
a existência de uma lei municipal que o regulamente. Dessa forma, propõe-se a criação de uma
lei de adiantamento exclusiva para as escolas municipais, caracterizada como o instrumento legal
garantidor da autonomia.
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Unidade: Gestão da Educação: a administração financeira da escola
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Nos discursos e documentos oficiais, os representantes da comunidade escolar passam então
a ter papel central, a partir do PDDE, na gestão dos recursos transferidos às escolas, sendo agora
os responsáveis primeiros pelo seu recebimento, administração e prestação de contas perante às
suas Secretarias da Educação e ao FNDE.
Trata-se, portanto, de uma política de gestão e financiamento que se propõe dar garantia de
autonomia às escolas e à construção de espaços participativos em seu interior.
Trocando Ideias
Os sujeitos da escola, nesse contexto, deixam de ser vistos pelos centros de decisão como meros
espectadores da política educacional local e passam a atuar com responsabilidade e compromisso
pelo bem comum ou pelo interesse público na gestão dos recursos da escola (PEREIRA apud
BRASIL, 2003b).
Segundo Pereira (1998a), trata-se de uma nova compreensão que passa a ter o cidadão nas
políticas públicas sociais. Em consonância com a concepção de cidadão definida na Gestão
Gerencial, o cidadão mais participativo e menos espectador, no PDDE, é aquele que toma a
iniciativa de apontar problemas e sugerir soluções, sem aguardar as decisões centrais, participando,
de forma coletiva e solidária, da execução dos recursos do programa em favor do interesse público.
Trata-se de uma política operacionalizada a partir da participação de diferentes atores na
administração dos recursos públicos, envolvendo as três instâncias de governo e as escolas.
Neste sistema de parceria, há uma nítida divisão de responsabilidades e competências na
implementação do programa.
Os critérios para a distribuição dos recursos do programa são dois: o número de matrículas
registrado no Censo Escolar do ano anterior à transferência, realizado anualmente pelo
INEP; e as condições socioeconômicas das regiões nas quais as escolas beneficiárias do
programa estão localizadas.
No âmbito da escola, a administração do programa está sob a responsabilidade das Unidades
Executoras que, de acordo com a legislação, pode ser qualquer entidade representativa da escola,
como a Caixa Escolar, a APM, ou outro órgão similar a esses, desde que representem, juridicamente,
os estabelecimentos públicos de ensino beneficiários do Programa (BRASIL, 2004a).
A função básica da Unidade Executora consiste em receber e administrar os recursos
provenientes do PDDE, ou seja, empregá-los em ações que incidam no bom funcionamento
da escola e na melhoria da qualidade do ensino, em consonância com as normas e critérios
para execução do programa, definidas previamente e regulamentadas em lei específica pelo
governo central através do FNDE. É através das Unidades Executoras, portanto, que a política
de descentralização de recursos públicos se efetiva no âmbito das unidades de ensino.
É oportuno ressaltar que as Unidades Executoras, além de receberem e administrarem os recursos
oriundos do programa, cuja origem são os cofres públicos, podem exercer a função de captar e
administrar recursos provenientes de outras fontes (não-públicas), sem nenhum impedimento
jurídico – já que esta função está regulamentada nos documentos que normatizam o programa –,
como de doações ou mesmo recursos advindos da própria comunidade escolar que representa.
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Unidade: Gestão da Educação: a administração financeira da escola
Para Pensar
É importante destacar que definir prioridades é fundamental. Uma visão panorâmica é conseguida
com a reunião de representantes de professores, funcionários, equipe gestora, estudantes, pais e
comunidade para definir prioridades, com a participação ativa da APM e do Conselho Escolar. Para
garantir a aprendizagem, vale se perguntar o que é imprescindível para atingi-la: materiais? Obras de
reparo? Formação de professores? As respostas virão de uma lista, cada item ganha uma ordem de
urgência antes da distribuição dos recursos.
Quanto mais detalhado for o planejamento, melhores serão os resultados. Para calcular
certo os gastos do orçamento e compreender como melhorar a receita da escola, é preciso ter
referência. Uma boa maneira de adquirir parâmetros é levantar, nos documentos da instituição,
o histórico de gastos de três ou quatro meses do ano anterior e fazer uma média de quanto cada
área demandou (informática, recursos humanos, material, etc.). Não custa lembrar que a escola
pública deve seguir as normas da Lei de Licitações. De acordo com os valores e o tipo de gasto,
essa legislação estabelece a obrigatoriedade de haver uma ação que permita a comparação de
preços (concorrência, tomada de preços ou carta-convite), antes da contratação do serviço ou
da compra de material. Por menor que seja esse gasto, o processo referente a ele deve conter,
no mínimo, três orçamentos registrados.
No planejamento, devem constar os valores definidos para cada uma das prioridades, assim
separados: estimativa de entrada de recursos e de arrecadação (receitas) e previsão de despesas.
De acordo com a terminologia do orçamento público, essas últimas devem ser classificadas
em dois grupos: as “correntes”, se referem aos gastos diários com a manutenção da escola,
como compra de material e contratação de serviços; as “de capital”, são as despesas com
equipamentos, materiais permanentes e execução de obras.
Para que o planejamento não desande é preciso estar sempre atento ao fluxo de caixa,
ou seja, ao dinheiro que entra e sai diariamente. Como os imprevistos sempre acontecem, é
recomendável prever uma reserva como margem de segurança. Outra medida que garante um
bom controle da execução orçamentária é cuidar para que sejam emitidos sempre cheques
nominais. Esse procedimento facilita o acompanhamento do extrato bancário, o que deve ser
feito com frequência.
É sempre importante ressaltar que a escola tem de prestar contas de seus gastos à Secretaria
de Educação à qual é vinculada, aos executores dos programas de financiamento com os quais
estabelece parceria – em períodos estabelecidos previamente por lei ou pelo regulamento da
entidade financiadora – e à comunidade.
Os balanços financeiro e orçamentário são obrigatórios, conforme determina o artigo 70
da Constituição Federal. Acompanhado por documentos fiscais e justificativas, o relatório de
prestação de contas precisa ser aprovado pelo conselho fiscal da escola antes de ser divulgado.
Os formulários para essa finalidade mudam de acordo com o órgão de onde saem os recursos.
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Com relação aos recursos financeiros privados, é essencial atender aos critérios da instituição
que repassou a verba. Numa gestão democrática, a comunidade precisa ser informada de
todas as aplicações feitas em benefício da escola. Mas isso pode ser divulgado de maneira mais
informal, publicando as informações no jornal interno, no mural ou em assembleias com a
presença de pais e alunos.
Destaca-se também que, para a comprovação dos gastos, todos os originais de documentos
fiscais precisam ser encaminhados ao órgão responsável pela contabilidade. Lá ficam
disponíveis para a fiscalização do Tribunal de Contas. Para garantir o controle interno, porém, é
recomendável manter cópias de tudo. A boa organização dos documentos e dos papéis é meio
caminho andado na hora de justificar as despesas. Fica mais fácil encontrar os documentos e
manipulá-los se estiverem separados por contrato.
Trocando Ideias
Uma boa prática organizativa é criar uma pasta (ou processo) para cada um. Por exemplo,
se a escola recebeu da Secretaria uma verba para executar uma obra na cozinha, o ideal é
documentar esses reparos, organizando a papelada por ordem cronológica: comprovantes,
extratos bancários, notas fiscais e recibos, plano de aplicação dos recursos e prestação de contas.
São válidos somente os recibos e documentos emitidos em nome da escola, aqueles em nome de
pessoa física ou de terceiros ficam de fora.
Ideias Chave
É importante que o próprio gestor realize a gestão financeira numa atitude consciente
e comprometida com a realidade escolar, e perceba a gestão financeira como uma de suas
competências. Para isso, deve seguir as etapas fundamentais da gestão financeira que são:
planejamento, execução e prestação de contas.
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Unidade: Gestão da Educação: a administração financeira da escola
Trocando Ideias
Vale ressaltar que seja exigida em todas as compras a nota fiscal de venda ao consumidor
(quando mercadoria for retirada do estabelecimento pelo próprio comprador) ou a nota fiscal
de serviços (quando se tratar de empresas que prestam serviços), mas nunca receber apenas o
cupom fiscal. Na nota fiscal deve conter o nome da pessoa que atesta o recebimento, RG, CPF
e assinatura do mesmo. Assim como, no pagamento com cheque, deve se tomar o cuidado de
fazê-lo nominal e cruzado.
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A comunidade escolar também deve ter conhecimento de todas as despesas realizadas pela
escola e estar consciente de todas as aplicações feitas em beneficio do serviço público prestado
pela escola, bem como do seu direito de exigir um ensino de qualidade.
O Conselho Deliberativo da Comunidade Escolar – CDCE deve verificar atentamente a
prestação de contas e apresentá-la à comunidade escolar, cabendo ao gestor ser o mediador
deste processo, numa linguagem simples, apresentando o valor dos recursos recebidos e
com o que foram gastos. O importante é manter sempre a organização e o compromisso nos
procedimentos a serem tomados.
Se os recursos financeiros recebidos pelo poder público não foram suficientes, cabe ao gestor
buscar fontes adicionais de recursos para manter o bom funcionamento das escolas, num
processo de descentralização administrativa que enfatize a autonomia de gestão das escolas.
Para isso, faz-se necessário que o gestor tenha em mãos um quadro geral da situação da
escola, bem como da comunidade na qual está inserida. Primeiro, para saber de quanto a escola
dispõe em recursos financeiros e de quanto necessita; em segundo, para conhecer melhor os
principais setores econômicos da comunidade e identificar as possíveis fontes alternativas de
recursos financeiros, sejam elas ligadas aos pais de alunos, ao comércio local, às indústrias e
empresas locais ou a agentes comunitários. Isso é o que se chama de parceiras.
Com a associação do diagnóstico financeiro da escola e o contexto em que ela se insere, fica
fácil ao gestor criar estratégias de captação de recursos privados. Que somados aos recursos
públicos, melhorias nas condições de realização do trabalho educativo serão proporcionadas.
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Unidade: Gestão da Educação: a administração financeira da escola
Para realização competente de seu trabalho é necessário que o gestor amplie seus
conhecimentos, adquira algumas habilidades relacionadas à gestão de recursos financeiros,
como elaborar planos de aplicação, quadros demonstrativos de despesas, planilhas e
prestação de contas.
Em Síntese
Os conteúdos tratados não esgotam o assunto. Porém, são fundamentais para uma gestão financeira
organizada, comprometida e conhecedora de procedimentos eficazes, como: o posicionamento da
escola no sistema de ensino; os princípios da administração pública; as fontes de financiamento da
educação básica; as etapas da gestão financeira (planejamento) e, também, outras possibilidades de
arrecadar recursos financeiros por meio das parcerias que a escola pode estabelecer.
Assim, o gestor, estará atuando como multiplicador de competências em gestão de recursos financeiros,
além de proporcionar um ensino de qualidade com transparência e compromisso.
Vale lembrar que toda capacidade e competência do gestor deve estar voltada para as três principais
preocupações inerentes ao seu cargo, que são a sua responsabilidade em: dirigir a relação entre
ensino e aprendizagem; orientar para o saber e; gerenciar o conhecimento.
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Material Complementar
Vídeo 2 – PDDE
https://youtu.be/lnv8AkDLO2o
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Referências
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Anotações
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São Paulo SP Brasil
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