Você está na página 1de 22

CUIDADOS PALIATIVOS

PSIC. ADRIANA SOCZEK


SAMPAIO
Voluntária HC
MITO DO CUIDAR
"Certo dia, ao atravessar um rio, Cuidado viu um pedaço de barro. Logo teve uma
ideia inspirada. Tomou um pouco do barro e começou a dar-lhe forma.
Enquanto contemplava o que havia feito, apareceu Júpiter.
Cuidado pediu-lhe que soprasse espírito nele. O que Júpiter fez de bom grado.
Quando, porém, Cuidado quis dar um nome à criatura que havia moldado,
Júpiter o proibiu. Exigiu que fosse imposto o seu nome. Enquanto Júpiter e
Cuidado discutiam, surgiu, de repente, a Terra. Quis também ela conferir o seu
nome à criatura, pois fora feita de barro, material do corpo da Terra.
Originou-se então uma discussão generalizada.
De comum acordo pediram a Saturno que funcionasse como árbitro. Este tomou a
seguinte decisão que pareceu justa: "Você, Júpiter, deu-lhe o espírito;
receberá, pois, de volta este espírito por ocasião da morte dessa criatura.
Você, Terra, deu-lhe o corpo; receberá, portanto, também de volta o seu corpo
quando essa criatura morrer. Mas como você, Cuidado, foi quem, por primeiro,
moldou a criatura, ficará sob seus cuidados enquanto ela viver.
E uma vez que entre vocês há acalorada discussão acerca do nome, decido eu: esta
criatura será chamada Homem, isto é, feita de húmus, que significa terra fértil".
CUIDADOS PALIATIVOS
• “CP é uma abordagem que aprimora a
qualidade de vida dos pacientes e famílias,
que enfrentam problemas associados com
doenças ameaçadoras de vida, através da
prevenção e alívio do sofrimento, por meio de
identificação precoce, avaliação correta e
tratamento da dor e outros problemas de
ordem física, psicossocial e espiritual.”
(OMS, 2000)
• Medicina = ofício de CUIDAR do doente
• Hipócrates = 4 princípios fundamentais
– 1. jamais prejudicar o enfermo
– 2. não buscar aquilo que não é possível oferecer
– 3. lutar contra o que está provocando a enfermidade
– 4. acreditar no poder de cura da natureza

ÉTICA MÉDICA
• Princípios da Bioética:
1. Não maleficência
2. Beneficência
3. Respeito à autonomia
4. Justiça
• Avanço da medicina novos tratamentos CURAR
novos equipamentos &
tecnologia SALVAR VIDAS

Obstinação terapêutica
1. Negação da morte e da espiritualidade
2. Racionalização
3. Isolamento das emoções
• Ações fúteis:
– Traz dano?
– Qual o benefício?
– Eficiência – muda a história da doença?

*Como dar as más notícias em medicina e CP?

• Dizer ou não dizer???


• Médico e equipe de saúde: treino para CURAR
• Não cura = fracasso
• Sem treino para o cuidar do paciente sem prognóstico
• Omitir – proteger quem???
• A dificuldade está em lidar com os limites da medicina
e os próprios limites
• Medicina hoje: questões de valor e não só científicos.
Pontos de vista: ético, médico e legal
• MEDICINA seria...
promoção da saúde, prevenção de doenças, alívio da
dor e do sofrimento, cura do paciente com doença
curável e cuidado do paciente com doença incurável
Cuidados Paliativos
• PALLIARE: proteger, amparar, cobrir, abrigar
• ALIVIAR expectativas físicas, psicológicas, sociais
e espirituais, INTEGRANDO valores culturais,
religiosos – crenças e práticas
• Movimento HOSPICE – Cicely Saunders: controle
efetivo dos sintomas decorrentes da fase
avançada das doenças e cuidado abrangendo
dimensões psicológicas, sociais e espirituais de
pacientes e familiares
• Novo conceito = CUIDAR e NÃO SÓ CURAR!!!
Cuidados paliativos
• Preocupação com QV e não tempo
–6 domínios: físico, psicológico, nível de
independência, relações sociais, meio ambiente e
espiritualidade
• Cuidados INTEGRAIS e CONTÍNUOS
• “A detecção precoce do diagnóstico de uma
doença crônico-evolutiva já é o momento de se
instalar esse acompanhamento do paciente,
como do familiar e/ou cuidador”. (Caponero e
Melo, p. 258)
Princípios em Cuidados Paliativos
1. Afirmar a vida
2. Encarar a morte como processo normal
3. Não adiar nem prolongar a morte
4. Prover alívio da dor e outros sintomas:
. Integrando cuidados
. Oferecendo suporte para o paciente possa viver o
mais ativamente possível
. Ajudando a família e cuidadores no processo de
luto
QV: perspectiva do paciente
Spiegel et al. (1999)
1. Receber adequado controle da dor e manejo de
sintomas
2. Evitar prolongamento inapropriado do morrer
3. Alcançar senso de controle
4. Evitar ou aliviar o sofrimento
5. Fortalecer o relacionamento com os entes queridos
“Quer ser compreendido como um ser humano que sofre
porque, além da dor física, possui conflitos
existenciais e necessidades que os fármacos ou os
aparelhos de alta tecnologia não podem suprir:
precisam de relacionamento humano baseado na
empatia”. (Araújo, 2006, p.126)
Princípios básicos em CP
1. Escutar o paciente
2. Fazer o diagnóstico antes de tratar
3. Conhecer muito bem as drogas a serem utilizadas
4. Empregar drogas que tenham mais de um objetivo de
alívio
5. Manter tratamento o mais simples possível
6. Nem tudo o que dói deve ser tratado com medicamento e
analgésico
7. CP são intensivos
8. Aprender a reconhecer desfrutar pequenas realizações
9. Ter consciência de que SEMPRE há alguma coisa que pode
ser feita
CP: componentes
1. Equipe disponível 24h/dia
2. Clínica dia
3. Assistência domiciliar
4. Internação
5. Consultoria
6. Suporte para o luto
"A morte não é a maior perda da vida. A maior
perda da vida é o que morre dentro de nós
enquanto vivemos."

(Pablo Picasso)
Experiência no Uruguai
Equipe ADULTOS Equipe PEDIÁTRICA
Hospital Maciel Hospital P. Roussell
7 anos 3 anos
Médico, téc. enfermagem, Médico, Assistente social,
Psicologia médica e Psicóloga
secretária
Várias modalidades de Atendimento em internamento
atendimento Não atende pacientes da onco-
Atende todas as especialidades hematologia
Discussões diárias Discussões semanais
DOR TOTAL
1. Física
2. Psicológica
3. Social
4. Espiritual: qual o sentido da minha vida?
por que sofro?
a dor tem significado e propósito?
Aforismo de autoria desconhecida:
“Medicus Quandoque Sanat, Saepe Lenit et
Semper Solatium Est”
OU...
“curar ALGUMAS vezes, aliviar o sofrimento
sempre QUE POSSÍVEL, confortar SEMPRE”.
“Boa morte” – Pré-requisitos
visão do paciente
1. Controle da dor e dos sintomas
2. Evitar o prolongamento inapropriado do
morrer quando a vida não é confortável e
agradável
3. Aliviar o sofrimento da família
4. Obter um senso de controle
5. Fortalecer os relacionamentos com as
pessoas amadas
“Seja quando for que a vossa vida se acabe, fica
inteira. A utilidade da vida não está no prazo,
mas no uso. Tal houve que durou muito e viveu
pouco...”
(Montaigne)
Estágios de evolução dos CP no mundo
Dr. Eduardo Bruera
1. Negação
2. Palifobia
3. Palilalia
4. Paliativo

NADA MUITO
Abandono
pode ser pode ser Tratamentos
desnecessários
feito feito
Referência
Conselho Regional de Medicina do Estado de SP.
Cuidados Paliativos. São Paulo: CREMESP, 2008.
Ministerio de Salud Publica. Manual de Cuidados
Paliativos en Oncología para el Primer Nivel de
Atención. Uruguay, 2008.
SANCHO, Marcos Gómez. Cómo dar las malas
noticias en medicina. Madrid, Arán, 2006.
SANTOS, Franklin Santana (editor). Cuidados
Paliativos – discutindo a vida, a morte e o morrer.
São Paulo: Atheneu, 2009.

Você também pode gostar