Você está na página 1de 12

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS

FACULDADE DE FÍSICA

ANDERSON DE ANDRADE MOURA

EDINAN

KELLY KAROLINE MARQUES DE SOUZA

STANLEY SANTIAGO COELHO

SEQUÊNCIA DIDÁTICA SOBRE TEORIA CORPUSCULAR DA MATÉRIA E


COEFICIENTE DE DIFUSÃO

BELÉM/PA

2018
TEMA: TEORIA CORPUSCULAR DA MATÉRIA E COEFICIENTE DE
DIFUSÃO

SUBTEMA: MOVIMENTO BROWNIANO, FENÔMENOS DE TRANSPORTE, DIFUSÃO,


CÁLCULO DO COEFICIENTE DE DIFUSÃO, DESLOCAMENTO QUADRÁTICO MÉDIO,
FATORES QUE INFLUENCIAM NO COEFICIENTE DE DIFUSÃO E NÚMERO DE
AVOGADRO.

OBJETIVOS/ CAPACIDADES:

Reconhecer e avaliar o contexto sociocultural e as ideias vigentes sobre a existência de


átomos e moléculas, desde os filósofos gregos até o artigo publicado em 1905 por Albert
Einstein sobre o movimento browniano, o significado da consolidação da teoria
corpuscular da matéria na vida humana e sua presença no cotidiano. Além disso, estar
apto a analisar tópicos suplementares resultantes de tal consolidação, como a difusão de
partículas em um meio, o cálculo do coeficiente de difusão, o deslocamento quadrático
médio e, através disso, realizar estimativas sobre o número de Avogadro.

CONCEITOS:

 TEORIA CORPUSCULAR DA MATÉRIA: Um breve resumo sobre o que são


átomos e moléculas;
 MOVIMENTO BROWNIANO: Movimento browniano de uma partícula; Fatores
que ocasionam o movimento browniano;
 FENÔMENOS DE TRANSPORTE: Os tipos de fenômenos de transporte;
 DIFUSÃO: Difusão de partículas em um meio; Cálculo do coeficiente de
difusão;
 FATORES QUE INFLUENCIAM O COEFICIENTE DE DIFUSÃO: O que
influencia e como influencia;
 DESLOCAMENTO QUADRÁTICO MÉDIO: O que é e como é representado
matematicamente;
 NÚMERO DE AVOGADRO: O que é e como calculá-lo;
APRENDIZAGENS ESPERADAS:

 Analisar e interpretar a importância do estudo do movimento browniano para o


entendimento e a consolidação sobre os entes que constituem a matéria;
 Entender o ambiente científico e sociocultural em que Einstein estava inserido
e refletir sobre como a construção do conhecimento acontece;
 Relacionar movimento browniano e difusão de partículas como dependentes
um do outro;
 Diferenciar como as variáveis temperatura, viscosidade e tamanho da partícula
influenciam no cálculo e consequentemente na difusão de partículas em um
meio;
 Entender como o deslocamento quadrático médio de uma partícula depende do
tempo e do coeficiente de difusão;
 Interpretar como os conceitos discorridos podem auxiliar em fazer estimativas
sobre o número de Avogadro;

RECURSOS DIDÁTICOS:

 Microscópio caseiro;
 Artigos;
 Pesquisas na internet;
 Quadro branco;
 Pincéis e apagador;
 Atividades práticas;

CONHECIMENTOS PRÉVIOS:

 Levantar conceitos e definições sobre átomos, moléculas e difusão;


 Instigar hipóteses, questionamentos e críticas sobre a história, definição e
aplicação dos conceitos levantados anteriormente;
 Explicação de possíveis dúvidas que deverão surgir sobre os conceitos já
apresentados;
 Explicação de possíveis dúvidas sobre a relação de Einstein-Stokes para
partículas esféricas e a equação do deslocamento quadrático médio;
PROCEDIMENTOS:

1. PROBLEMATIZAÇÃO/MOTIVAÇÃO:

●O que são átomos, moléculas, movimento browniano, difusão, coeficiente de


difusão, deslocamento quadrático médio e número de Avogadro?

●Como foram desenvolvidos esses conceitos?

●Como podemos observá-los no cotidiano?

●Como foi formulada a equação matemática da relação de Einstein-Stokes e a


equação do deslocamento quadrático médio?

2. DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES:

 1º momento (x aulas): Introdução à teoria corpuscular da matéria

Antes de iniciar a aula, orientar os(a) alunos(a) sobre a importância da participação


coletiva durantes as atividades propostas, explicando que, dessa forma, poderá ocorrer
uma maior integração e um diálogo mais amplo sobre o tema abordado.

Iniciar perguntando aos alunos: “O que é movimento browniano?”. Partindo do


pressuposto de que eles não saibam responder, irei sugerir que eles respondam o que
acham que pode ser ou que relação tem esse assunto com outras áreas. Iniciando o
marco histórico sobre o movimento browniano, observado pela primeira vez por Robert
Brown até o artigo publicado por Einstein sobre o mesmo movimento.

Volto a questioná-los: “Que relação tem o movimento browniano com a teoria


corpuscular da matéria?”. Sempre partindo do empirismo dos discentes quanto ao
assunto e aos questionamentos levantados.

Em seguida, a partir da prévia discussão, demonstrarei como a ideia de átomos e


moléculas foram desenvolvendo-se ao longo do tempo, desde os embates na Grécia
antiga sobre o “ente” compositor de “tudo”, até Einstein e seu estudo sobre o movimento
browniano. Por conseguinte, mostrarei a relação entre o movimento browniano das
partículas e a difusão destas em um meio, ratificando sobre como calcular tal difusão,
mais especificamente o coeficiente de difusão e também como, a partir dos estudos sobre
o movimento browniano, Einstein chegou a valores aproximados para a constante de
Avogadro.
Seguindo a linha de raciocínio e partindo de uma breve explicação sobre o movimento
browniano: ao movimento desordenado e imprevisível causado pelos choques entre as
moléculas e as partículas microscópicas imersas num dado fluido denominamos de
movimento browniano.

A partir dessa conclusão e após serem refutadas hipóteses de que o movimento era
ocasionado por seres vivos ou por correntes de ar, irei mostrar como ficou muito evidente
que átomos e moléculas realmente existiam.

Após isso, será feita uma simples explanação sobre os modelos atômicos, desde os
modelos dos gregos, passando por Dalton, até o momento em que Einstein publica seu
artigo sobre o movimento browniano, mostrando as dificuldades encontradas por cada
modelo e como Einstein põem um fim neste embate.

Inicialmente, os pensadores Leucipo (500 a.C.) e Demócrito (460 a.C.) formularam a


ideia de haver um limite para a pequenez das partículas. Afirmavam que elas se tornariam
tão pequenas que não poderiam ser divididas. Chamou-se a essa partícula última de
átomo – derivado de radicais gregos que, juntos, significam o que não se pode dividir. No
entanto, já nessa época não existia um consenso sobre o assunto e Aristóteles, que viveu
aproximadamente um século depois, não acreditava no modelo atômico, entendendo que
a matéria era representada por quatro elementos: água, ar, fogo e terra. Durante os
próximos séculos não houve muito avanço na discussão, porém durante a idade média as
ideias aristotélicas foram mais valorizadas, pois se ajustavam com razoável conforto aos
dogmas da igreja católica.

Com as mudanças sociais do século XVII que proporcionaram avanços em diversas


áreas do conhecimento, o modelo atômico ganhou força e passou a fazer parte dos
debates existentes na comunidade científica da época. Galileu e Newton foram dois dos
cientistas que retomaram esse conceito, cada um deles com sua interpretação do que
seria o átomo. Em contrapartida, Descartes, contemporâneo de Galileu, embora tenha
dado grandes contribuições para o desenvolvimento da ciência, negava a existência do
átomo.

Desta forma, os alunos já terão consciência das dificuldades encontradas no decorrer


dos séculos no que tange aos modelos atômicos. Prosseguirei falando sobre o modelo
atômico de Dalton, no qual, em 1808, propôs a primeira teoria do modelo atômico com
embasamento científico, onde o átomo é uma minúscula esfera maciça, impenetrável,
indestrutível, indivisível e sem cargas elétricas. Todos os átomos de um mesmo elemento
químico são idênticos. Seu modelo atômico foi chamado de modelo atômico da bola de
bilhar.

Gay-Lussac, estudando combinações entre os gases, entendeu que a água era formada
por duas partes de hidrogênio e uma de oxigênio. Observou as proporções entre os
volumes nas reações químicas estabelecendo a lei dos volumes em 1809 e Avogadro,
estudando essa lei percebeu que a união dos átomos formava as moléculas. Além disso,
em 1811 apresentou a sua hipótese de que em temperatura e pressões estáveis, volumes
iguais de gases deveriam conter o mesmo número de moléculas.

Porém, para muitos químicos da primeira metade do século XIX, esses átomos usados
por Dalton e Avogadro nada mais eram que um artifıcio matemático para explicar as leis
de proporção entre equivalentes, e que, portanto, não seriam uma representação real da
natureza. Em particular, eles argumentavam que as leis de proporção não eram
suficientes para identificar os diferentes elementos que compunham os compostos
químicos e com quais razões esses elementos apareciam. Os estudos iniciados por Euler
e Bernoulli implicavam na teoria atomística e durante o século XIX foram aprimorados por
Maxwell. Medidas experimentais do tamanho de moléculas eram feitas e já existia uma
estimativa do número de Avogadro, que estaria entre e .

A descoberta do elétron por Thomson em 1897 colocava mais um elemento na


discussão. Nem bem o átomo estava conceitualmente aceito, partículas subatômicas
surgiam, dificultando a sua aceitação. A confusão entre átomo e molécula só era mais um
ingrediente a contribuir com o debate, que se arrastou durante quase todo o século XIX.
Por fim, a polêmica sobre a realidade física dos átomos só encontrou o seu final com os
estudos de Einstein e outros cientistas sobre o movimento browniano.

As aplicações do movimento browniano são amplas, desde a biologia até a física.


Principalmente quando se trata de estudos que envolvem probabilidade. Alguns exemplos
podem ser citados em variadas áreas: na física é associado aos processos de difusão de
um par soluto-solvente, ou seja, a dissipação aleatória em um solvente; Além disso, esse
movimento pode ser visto no choque entre as macromoléculas de fluidos, como o ar, AP
ser incidida uma luz através dele, o que popularmente é chamado de poeira.
Biologicamente, é simbolizado pelo movimento de Lévy-Flight - vôo de Lévy (matemático
francês) - que trabalha com cálculos probabilísticos dos vôos de pássaros que buscam
comida e bebida no meio ambiente, além de servir para o estudo de vários padrões
aleatórios presentes na natureza. O movimento browniano também está presente em
setores financeiros, como bolsas de valores, flutuações de preços, ações, por envolver
muitas probabilidades e estatísticas a fim de ser feito o investimento correto. Socialmente
falando, é utilizado para fins de cálculo de opinião pública a cerca do governo de um país,
por exemplo.

Com todos esses tópicos apresentados, encerrarei o primeiro momento desta sequência
didática.

● 2° momento (y aulas): Difusão e o cálculo do coeficiente de difusão


Irei iniciar com uma abordagem sobre o conceito de difusão e posteriormente sobre
como calcular o coeficiente de difusão, fazendo uma relação entre movimento browniano
e difusão de partículas em um meio.

 Difusão

Certamente, no dia-a-dia, você já deve ter observado que geralmente determinadas


substância quando misturadas a outras “procuram” sempre alocar-se em um lugar onde
haja uma baixa concentração delas mesmas. Por exemplo, ao adicionarmos uma colher
de leite em pó em um copo de água de 200ml, as pequenas partículas de leite se
dissipam de tal maneira que não ficam concentrados em um único ponto da água no
copo. Por que isso acontece? Primeiramente, vamos dizer que o fenômeno de transporte
dos grãos de leite em água é chamado de difusão. O pó de leite (em menor concentração)
é chamado de soluto, enquanto que a água (em maior concentração) é chamada de
solvente.

Então, todas as vezes que misturamos duas substâncias (com diferentes concentrações
ou não), elas tendem a difundir-se entre si, buscando um equilíbrio de maneira que não
haja mais diferença de concentração. A esse fenômeno damos o nome de difusão. Agora
voltando ao exemplo anterior, quando adicionamos uma colher de leite (soluto) em 200ml
de água (solvente), as partículas de leite espalham-se para locais da água onde tenha
concentração baixa, ao mesmo tempo em que, a água caminha no sentido inverso, ou
seja, para regiões de alta concentração de leite.

Após a abordagem sobre difusão, falarei como calcular o coeficiente de difusão.

 Coeficiente de difusão

Também chamado de difusidade de massa, ele é definido como um número que mede a
“facilidade” com que determinado soluto percorre um solvente. Seu cálculo se dá através
da relação de Einstein-Stokes para partículas esféricas. Irei trabalhar com partículas
esféricas por conta da maior facilidade.

Onde:

D é o coeficiente de difusão ( );

Kb é a constante de Boltzmann (1,38064852 × 10-23 m2 kg s-2 K-1);

T é a temperatura absoluta (Kelvin);


n é a viscosidade (kg/(m.s);

r é o raio da partícula esférica (m);

 Fatores que influenciam no coeficiente de difusão e as relações entre


movimento browniano e difusão

Nesta parte farei uma análise sobre como as variáveis presentes na relação de Einstein-
Stokes influenciam diretamente ou inversamente no coeficiente de difusão e mostrarei aos
alunos.

TEMPERATURA: De acordo com a previsão feita pela relação de Einstein-Stokes para


partículas esféricas, quanto maior a temperatura da solução, maior o coeficiente de
difusão das partículas inseridas na solução. Olhando um pouco mais a fundo, definimos
temperatura como o grau de agitação médio das moléculas. Ora, quanto maior a
temperatura, maior será o grau de agitação das moléculas. Seguindo esse raciocínio,
como tais moléculas executam um movimento totalmente aleatório e desordenado, logo o
movimento browniano dessas partículas será maior se a temperatura for maior e vice-
versa.

VISCOSIDADE: Tendo como base, ainda, a relação de Einstein-Stokes para partículas


esféricas, quanto maior for a viscosidade do fluído, menor será o coeficiente de difusão e
vice-versa. A viscosidade se caracteriza como a resistência de um fluído ao escoamento,
sendo assim, esta faz com que o movimento browniano das partículas torne-se mais lento
a medida que a viscosidade aumenta e mais acelerado a medida que a viscosidade
diminui.

TAMANHO/FORMA DA PARTÍCULA: Mais uma vez baseando-se pela relação de


Einstein-Stokes para partículas esféricas, o resultado esperado é de que, quanto maior for
o tamanho da partícula, menor será o coeficiente de difusão e vice-versa. Apesar da
relação de Einstein-Stokes considerar apenas o raio da partícula, levando em conta que o
volume dela como um todo seja ( ), a relação de proporcionalidade não se altera.
Isso se dá devido à força que se opõem ao movimento da partícula, haja vista que, quanto
maior for a partícula, maior será a força de resistência ao movimento que o fluído
oferecerá a ela, pois, pela terceira lei de Newton, essas forças serão iguais em módulo
mas seus sentidos serão contrários.

Diante disso, seguiremos para o terceiro momento.

● 3° momento (z aulas): Deslocamento quadrático médio e número de


Avogadro
Iniciarei esta parte abordando a relação entre o deslocamento quadrático médio e o
coeficiente de difusão, além de uma das conclusões de Einstein no seu artigo sobre o
movimento browniano, onde o mesmo fez estimativas para o número de Avogadro.

 Deslocamento quadrático médio

Como o movimento browniano é totalmente aleatório e irregular, não é possível calcular


a posição exata da partícula num determinado intervalo de tempo. No entanto, é possível
calcular a média das distâncias. Esse cálculo se dá através da relação:

Onde:

X é a distância percorrida pela partícula;

D é o coeficiente de difusão;

t é o tempo percorrido pela partícula;

 Número de Avogadro

Com a forma de obter o deslocamento quadrático médio em mãos, Einstein procedeu da


seguinte maneira para determinar a constante de Avogadro: utilizando a fórmula que
relaciona o deslocamento quadrático médio com o número de Avogadro, dada por:

Onde:

R = 8, 31J/(mol K) é a constante dos gases;

T e r são respectivamente a temperatura e o raio da partícula browniana;

N é o número de Avogadro, a ser obtido do experimento;

t é o tempo de observação do movimento;

n é a viscosidade do fluido;
● 4° momento (1 aula): Observação do movimento browniano num microscópio
caseiro

Para finalizar, através do microscópio feito com materiais de baixo custo, mostrarei o
movimento browniano para os alunos.

Primeiramente, explicarei como funciona o microscópio caseiro. O funcionamento do


microscópio caseiro consiste, basicamente, no posicionamento do laser
perpendicularmente à gotícula de água, de forma que o raio do laser saia horizontalmente
e passe o mais próximo possível do centro da circunferência (considerando o formato da
gota o mais circular possível), garantindo uma ampliação máxima da imagem. Em
segundo plano, isto só é possível pelo fato da gota d´água funcionar como uma lente
côncava ou convergente, fazendo com o que os raios de luz aproximem-se, dando um
“zoom” considerável na imagem.

Você também pode gostar